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DE SOCIOLOGIA E
ANTROPOLOGIA
Professor Fulano 1
Constituição no
sentido sociológico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Um dos autores mais estudados em Direito Constitucional é Ferdinand
Lassalle. A sua radical teoria demonstra um dos aspectos das normas
constitucionais: a visão sociológica da Constituição. É por meio desse
autor que vamos conhecer o que significam os fatores reais de poder e
reconhecer como estes influenciam na sociedade de forma determinante,
independentemente do que está escrito na Carta Maior de um país.
Neste capítulo, você vai ler a respeito tanto da teoria de Ferdinand
Lassalle quanto do autor cuja teoria se tornou a antítese dos denominados
fatores reais de poder: Konrad Hesse. Assim, terá elementos para decidir qual
dessas teorias se enquadra melhor nos elementos constitucionais de hoje.
Ferdinand Lassalle
Ferdinand Lassalle (Figura 1), socialista, alemão, nasceu na cidade de Bres-
lau, em 11 de abril de 1825,e morreu em 31 de agosto de 1864. Filho de
um rico comerciante judeu, completou a sua formação escolar em Berlim.
Ficou conhecido nos círculos aristocráticos por defender Sophie Hatzfeld
em um, para a época, indecoroso processo de divórcio. Destacou-se de tal
forma que acabou por ter a fama de advogado mais eloquente de Berlim.
As principais obras de Ferdinand Lassalle são Die Philosophie des Herakleitos (1858, ou
A filosofia de Heráclito), a tragédia Franz von Sickingen (1859) e a obra de Direito Das
System der erworbenen Rechte (1861, ou O sistema dos direitos adquiridos). Declaradamente
socialista, portanto.
Ferdinand Lasalle morreu de uma maneira épica aos 39 anos, em um duelo com o
marido de Helene von Dönniges, mulher por quem se apaixonara.
A consciência coletiva
Lassalle (2001) ainda vai além, dizendo que a consciência coletiva também é
parte da Constituição. Vamos supor que o governo tente propor uma lei penal
que puna na pessoa dos pais os crimes cometidos pelos filhos. Exemplo do
próprio Lassalle. Isso seria viável no século XIX? Não. Pois, segundo ele, a
consciência coletiva e a cultura geral do país são fragmentos da Constituição
que representam um limite à ação do poder estatal (LASSALLE, 2001). Outro
exemplo que ele dá, ainda mais extremo, é este: suponha que o governo alemão
tentasse reinstalar a escravidão no século XIX: O povo revoltar-se-ia e a sua
resistência seria invencível, nos casos mais extremos e desesperados, também
o povo, todos nós somos parte integrante da Constituição (LASSALLE, 2001).
Cornélius Castoriadis diz que o ponto de apoio das previsões não é formal,
mas material e social. Não porque está no papel, mas porque a sociedade é
assim.Por isso que Lassalle vai dizer que nós podemos estar seguros do nosso
direito de liberdade, porque a sociedade é constituída de determinado modo,
não porque está no papel.Quando podemos dizer que há uma mudança real e
Principal crítica
O principal crítico à teoria da Lassalle foi Konrad Hesse (1919–2005). Em
oposição à ideia de que são os fatores reais de poder que predominam sobre
o texto escrito da Constituição, Hesse, na obra A força normativa da Cons-
tituição, afirma que:
Lassalle é mais famoso pela radicalidade do que pela genialidade do seu discurso, pois
ele não percebeu que, uma vez que um fator real de poder é descrito na Constituição,
ele passa a ser reforçado.