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SAÚDE MENTAL

Saúde Mental

A saúde mental (ou sanidade mental) é um termo usado para descrever um nível de qualidade de
vida cognitiva ou emocional ou a ausência de uma doença mental. Na perspectiva da psicologia posi-
tiva ou do holismo, a saúde mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e
procurar um equilíbrio entre as actividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica.

A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição "oficial" de saúde mental. Diferen-
ças culturais, julgamentos subjectivos, e teorias relacionadas concorrentes afectam o modo como a
"saúde mental" é definida.

História

No Dicionário Aurélio encontram-se dois sentidos para a expressão “paradigma” que permite aferir o
modelo de saúde mental. A primeira diz: “Modelo, padrão” e a segunda, “Termo com o qual Thomas
Kuhn designou as realizações científicas (p. ex., a dinâmica de Newton ou a química de Lavoisier)
que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos explícito, orien-
tam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os proble-
mas por elas suscitados”.

Desde o século XVIII, o “modelo ou padrão” de abordagem a respeito dos fenômenos mentais que se
diferenciam da vivência da maioria das pessoas foi o isolamento, a segregação, a exclusão, quando
não o emprego de meios próximos à tortura, como formas de impedir a expressão de sentimentos e
verdades de que essa maioria não quer se dar conta. Utilizando-se de um discurso que se pretendia
“científico”, a medicina organizou, valendo-se de seu modelo de “isolar para conhecer e tratar”, espa-
ços de exclusão que se mostraram, de meados do século XX para cá, ineficazes como meio de tra-
tamento e desumanos.De lá para cá a psiquiatria evoluiu muito,existem os tratamentos ambulatoriais
que são comprovadamente eficazes para muitos distúrbios como esquizofrenia,depressão,transtorno
bipolar,entre outros;nos quais é ministrado medicamento e é acompanhado muitas vezes de psicote-
rapia. Casos sérios precisam de acompanhamento mais amplo.

Histórico da Psiquiatria Infantil no Brasil

Até o final do século XX não existia no Brasil uma Política de Saúde Mental para Crianças e Adoles-
centes. O que se tinha, quando existiam, eram ações voltadas para a assistência social e educação,
com propostas reparadoras e disciplinares, onde as crianças e adolescentes com necessidades de
cuidados em saúde mental ficavam desassistidas ou submetidas à institucionalização em sistemas
psiquiátricos asilares.

Até as primeiras oito décadas da República, o Estado brasileiro manteve uma ação tutelar, disciplinar,
tendo como suporte a institucionalização para tratar de questões relacionadas à criança e ao adoles-
cente. Não haviam políticas públicas específicas criadas pelo Estado para cuidar da saúde mental na
infância e na adolescência, sendo frequentemente considerados como consequências da pobreza e
do abandono. Com isso, as políticas de assistência tinham o caráter reparador, aliadas ao desenvol-
vimento de práticas corretivas e disciplinares, onde se acreditava ser possível recuperar as crianças e
adolescentes pobres, compensar os danos por esses causados, tendo como objetivo desenvolver
cidadãos civilizados e produtivos, que dessem conta do projeto civilizatório no Brasil.

No século XIX, as crianças consideradas "insanas", geralmente as pertencentes às classes sociais


desfavorecidas, compartilhavam o mesmo espaço dos adultos nos manicômios criados em meados
desse século, pois não havia ainda estudos específicos sobre as doenças mentais infantis nem uma
classificação que diferenciasse as formas e manifestações da morbidade no adulto e na criança.

Tal fato ocorreu no âmbito Jurídico, com a instituição do Código de Menores em 1927, que foi o su-
porte legal necessário para recuperar o “menor” considerado em “situação irregular”. Ocorreu de
grande quantidade de crianças e adolescentes ser retirados da tutela familiar, ficando sob a guarda
do Estado e abrigados em instituições de internação e recolhimento. Alguns exemplos dessas institui-
ções são os internatos, educandários, asilos e reformatórios. As justificativas para essas ações esta-
vam voltadas para a ideia de que as crianças em situação de risco tinham um ambiente familiar que
as prejudicavam.

Conforme afirma Ribeiro (2006), o que se percebe durante todo o período antes da promulgação do

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primeiro Código de Menores do país, em 1927, era que a preocupação com a criança, e os cuidados
assistenciais a ela destinados, eram oriundos principalmente de iniciativas particulares, com caracte-
rísticas filantrópicas e assistencialistas. Existe pouca iniciativa e intervenção do governo e do poder
publico. Após a promulgação do primeiro Código de Menores, especificamente no campo da saúde
mental, ocorrerão várias iniciativas, mas “privadas”, onde a medicina criou o movimento da higiene
mental, um dos marcos iniciais que haveria de transformar o século XX no “século da criança”, que
tinha por base a prevenção e o método educativo, com propostas de intervenção que resultavam no
isolamento e na institucionalização dos sujeitos, principalmente quando a prevenção não alcançava
os resultados esperados, encaminhando crianças para instituições fechadas e especiais ou de reedu-
cação.

A institucionalização das crianças no Brasil, no caso dos “menores”, foi realizada por meio das insti-
tuições do campo da assistência social e filantropia, como educandários, reformatórios, etc. Contudo,
o mecanismo de institucionalização dos das crianças também resultou em processos de exclusão e
segregação, assim como ocorreu com aqueles considerados “loucos”. Além disso, tanto no caso dos
“menores”, quanto no caso dos “loucos” institucionalizados, existia o problema de não conhecer as
diferentes especificidades de cada situação trazidas por esses sujeitos, não considerando sua singu-
laridade.

Algumas instituições destacam-se como os principais marcos da história da psiquiatria infantil brasilei-
ra, dentre elas estão o Pavilhão Bourneville, criado em 1904, na era Juliano Moreira nas dependên-
cias do Hospício Nacional de Alienados e o Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, Inaugurado em
1942, por Getúlio Vargas, no Engenho de Dentro (RJ).

A partir dos anos 80, século XX, houve o movimento de redemocratização e começou-se a ser pen-
sado na renovação das funções do Estado, levando a refletir de maneira diferente sobre os proble-
mas de saúde mental da criança e do adolescente. Havia uma necessidade de pensar na definição
de seus lugares, nas suas funções sociais e direitos, assim como em uma nova concepção e função
do Estado. A Constituição Brasileira de 1988 e a doutrina de proteção integral foram às bases para
que essas ideias começassem a ser difundidas e, principalmente, para que no início do século XXI
fossem criadas condições possíveis para criar a Saúde Mental da Criança e do Adolescente (SMCA),
pautada na atenção psicossocial, em oposição à perspectiva apenas assistencialista que durou por
quase 80 anos na República Brasileira.

Em 1990, as ações e os princípios propostos pela Reforma Psiquiátrica brasileira são reforçados pela
promulgação da Lei da Saúde Mental (Lei 10.126), pela realização da III Conferência Nacional de
Saúde Mental (CNSM) em 2001 e com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). Esses foram importantes acontecimentos para emergir a Política de Saúde Mental para Crian-
ças e Adolescentes no início do século XXI.

Diante desses acontecimentos, os direitos humanos defendidos nesses encontros, possibilitaram que
houvesse uma nova concepção de criança, fazendo com que passem a fazer parte das políticas pú-
blicas, sendo reconhecidos como sujeitos de direitos, colocando o Estado brasileiro como o principal
responsável pelo cuidado da infância. Cuidado esse que deve ser em liberdade, de base comunitária,
em rede, considerando a lógica do território, fundamentado no reconhecimento das crianças como
sujeitos psíquicos e de direitos, tendo por objetivo a inclusão social e não a segregação.

Esses movimentos sociais fizeram emergir no Brasil no início do século XXI um conjunto de ações
voltadas para a formulação e desenvolvimento da Política de Saúde Mental para Crianças e Adoles-
centes (SMCA) (COUTO & DELGADO, 2015). Essa Política tem como objetivo construir redes ampli-
adas e intersetoriais de atenção, visando promover a articulação de serviços com distintos níveis de
complexidades a partir da oferta dos Centros de Atenção Psicossocial Infantis e Juvenis (CAPS i) e
da articulação intersetoriais.

Reforma Psiquiátrica

O Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira iniciou na década de 70, durante o período militar,
esse movimento questionou o modelo biomédico, que se configura no modelo hospitalocêntrico, cen-
trado na prática curativa e individual. Os militantes consideravam esse modelo ineficiente, pois priva-
va o indivíduo do convívio social. Além das críticas voltadas para o modelo até então vigente, solicita-
vam melhores condições de assistência às pessoas com transtorno mental. O Movimento da Reforma

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Psiquiátrica contribuiu com relevantes avanços para o cuidado em saúde mental. As conferências
nacionais de Saúde Mental também contribuíram no que diz respeito ao cuidado e tratamento da
população infanto-juvenil, apontando a necessidade de definir ações político-assistenciais para esse
público.

VIII Conferência Nacional de Saúde

Na década de 80 com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde ficou perceptível que as


mudanças necessárias ao setor da saúde não se limitavam ao financiamento e reforma administrati-
va, transcendem esses aspectos, exigindo reformas mais profunda, ampliando o conceito de saúde e
ampliação das intervenções relacionadas a ela: promoção, proteção e recuperação da saúde.

Nesse contexto, surgiram condições favoráveis para transformações na saúde, fazendo-se necessá-
rio a criação de novas formas de cuidado. Sinibaldi (2013) sinaliza que somente após a 8ª Conferên-
cia começou-se a desenvolver ações intersetoriais de assistência e promoção à saúde mental nos
três níveis de atenção (primária, unidade de saúde da família; secundária, atendimento especializado;
terciária, atendimento hospitalar). Fazendo-se necessário a construção de redes, que não se restrin-
gissem aos grandes municípios, abarcando todos os outros. Dessa forma, foi proposto o modelo
substitutivo de saúde mental que até os dias atuais é vigente, direcionada pelos pressupostos de
inclusão social e autonomia das pessoas com transtornos mentais. Fazendo-se imprescindível que
esse atendimento seja pautado em uma rede intersetorial, não se limitando a um tipo de atendimento
e/ou serviço, pois o Sistema Único de Saúde (SUS) é composto por uma rede interligada com todos
os níveis de atenção.

Posto isso, a atenção básica é responsável por verificar todas as queixas relativas à saúde mental
infantil. Sendo assim, se faz necessário que esses profissionais tenham conhecimentos direcionados
para a saúde mental e escuta cuidadosa, o que possibilita intervenções eficazes, fazendo com que
não haja demandas excessivas e sem necessidade para os Centros de Atenção Psicossocial.

A elaboração e execução de ações no campo da Saúde Mental infanto-juvenil devem estar alinhadas,
obrigatoriamente, as políticas de saúde mental, respeitando as diretrizes da Reforma Psiquiátrica
Brasileira e os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Estas políticas devem ser
inclusivas, de acordo com a realidade social e cultural de cada Município. Sendo assim, é importante
a criação de redes voltadas para a criança e o adolescente, assim como, o fortalecimento da rede e
frequentemente haver a reavaliação dos serviços existentes.

O que são as Redes de Saúde Mental

A rede de atenção à saúde mental brasileira, foi instituída no Brasil na década de 90, como parte
integrante do Sistema Único de Saúde (SUS). Compartilhando dos mesmos princípios do SUS, é uma
rede pública, com base municipal, comunitária e articulada, voltadas para os cuidados da saúde men-
tal. Essas redes são compostas por Centros de atenção Psicossocial (CAPS); Centros de Convivên-
cia; Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais. Os
Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de saúde e as Conferências de Saúde Mental, garantem
que haja a participação e o protagonismo dos usuários de saúde mental e de seus familiares na ges-
tão do SUS, assim como na construção da rede de atenção à Saúde Mental.

A Redes de Saúde Mental é uma rede ampla, não se restringindo apenas aos serviços de saúde
mental do município. Para a construção dessa rede estão articuladas, de forma permanente, outras
associações, instituições, cooperativas, e vários espaços da cidade, com o objetivo de promover a
emancipação das pessoas em sofrimento mental. A rede de Saúde mental também busca incluir es-
sas pessoas, que foram estigmatizadas ao longo do tempo, promovendo autonomia e a cidadania
dessas pessoas.

A articulação e os serviços promovidos pelas redes de atenção à saúde mental substituem o hospital
psiquiátrico, a partir da construção de uma rede comunitária de cuidados, que visa acolher a pessoa
em sofrimento mental ao invés de institucionalizá-la, consolidando assim, o que é proposto pela Re-
forma Psiquiátrica.

No processo de implantação e organização dessa Rede nos municípios, deve-se levar em conside-
ração o território. Porém, não se deve pensar território apenas como a área geográfica que se preten-
de organizar a Rede, mas olhar para as pessoas, as instituições, e o cenário daquela comunidade

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como um todo. É necessário conhecer esses componentes do território, trabalhando com os saberes
ali presentes, com as questões e demandas trazidas pela comunidade, a fim construir objetivos que
são comuns a esse território. Fundamentado no resgate dos recursos da comunidade, assim como
dos seus saberes, potencialidades e riquezas emergentes nesse contexto, as propostas devem ser
construídas de forma coletiva, priorizando as trocas entre as pessoas e os cuidados á saúde mental.

Saúde Mental Infantil

Os pontos de apoio voltado para o atendimento infantil em saúde mental são: CAPS I; CAPS II; CAPS
III; CAPS AD; CAPS AD III; CAPS i.

O primeiro é voltado para todas as idades, ele é indicado para pessoas com transtornos mentais gra-
ves e persistentes e também com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas,
é indicado para Municípios com população acima de 20 mil habitantes; os CAPS II atendem ao mes-
mo público e demandas, sendo indicado para Municípios com população acima de 70 mil habitantes;
os CAPS III têm serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas, todos os dias da sema-
na, são indicados para Municípios ou regiões com população acima de 200 mil habitantes; os CAPS
AD são voltados para adultos, crianças e adolescentes, com necessidades decorrentes do uso de
álcool e outras drogas, são indicados para municípios ou regiões com população acima de 70 mil
habitantes; os CAPS AD III atendem adultos, crianças e adolescentes com necessidades de cuidados
clínicos continuados, contendo no máximo 12 leitos para observação e monitoramento, com funcio-
namento de 24 horas, todos os dias da semana, sendo indicado para municípios ou regiões com po-
pulação acima de 200 mil habitantes; os CAPS i são destinados para crianças e adolescentes com
transtornos mentais graves e persistentes e uso de álcool e outras drogas, serviço voltado para muni-
cípios ou regiões com população acima de 150 mil habitantes.

Os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde em relação ao número de CAPS habilitados no
Brasil foram em 2014. Havia 2209 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nesse ano tinham im-
plantado 201 CAPS i. É importante ressaltar que em locais que não existam recursos voltado para o
público infantil, os demais centros de atendimento recebem orientação para cobrir toda a população
quando necessário. Contudo, o atendimento infantil é prioritariamente os CAPS i.

CAPS

A lei 10.216, de 06 de abril de 2001, redireciona e regulamenta o atendimento em saúde mental. O


artigo 1º estabelece que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) poderão se constituir nas moda-
lidades: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidas nessa ordem pela abrangência populacional e comple-
xidade, o atendimento pode ser não intensivo, semi-intensivo e intensivo respectivamente.

O artigo 3º dessa mesma lei responsabiliza o Estado no planejamento e desenvolvimento de políticas


de saúde mental, assim como a assistência e promoção a pessoas com transtornos mentais. Sendo
assim, no artigo 4º fica afirma que o internamento hospitalar não será priorizado, sendo indicado ape-
nas em situações extremas, onde o atendimento prestado se mostre ineficaz.

CAPS I

Os CAPS i foram propostos a partir de 2002, com a publicação da Portaria 336/ 2002 em fevereiro de
2002, dois meses depois da III Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM) realizada em Portaria
336/ 2002 contém um capítulo destinado especificamente à criação de Centros de Atenção Psicosso-
cial para crianças e adolescentes, os CAPS i, sendo proposta uma política de saúde mental voltada
para crianças e adolescentes, por meio de ações estratégicas para o cuidado psicossocial (COUTO &
DELGADO, 2015). Regido da mesma forma que os demais CAPS: serviço territorial, de natureza
pública, financiados integralmente com recursos do SUS. Os atendimentos oferecidos aos pacientes,
são: atendimento individual; e em grupos; visitas domiciliares; atendimento à família; atividades co-
munitárias com o intuito de promover a ressocialização e desinstitucionalização.

Composta por equipe multiprofissional, tendo equipe mínima: um médico com formação em saúde
mental; um enfermeiro; três profissionais de nível superior, podendo ser: psicólogo, assistente social,
terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; quatro pro-
fissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educa-
cional e artesão.

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A rede de atenção integral para esse público, deve garantir a acessibilidade e a priorização de casos
mais graves, com a perspectiva multiprofissional. Esse ponto de atenção deve se responsabilizar pelo
atendimento máximo de 30 usuários por dia, podendo ser em regime intensivo, semi-intensivo e não
intensivo.

Define-se como atendimento intensivo quando o usuário em decorrência do caso clinica, está neces-
sitando de atendimento diário, ou seja, quando a pessoa se encontra em situação de crise ou com
grande dificuldade no convívio social e/ou familiar, precisando de atenção contínua. No atendimento
semi-intensivo, o usuário precisa de atendimento freqüente, para que a equipe auxilie na sua estrutu-
ração e no desenvolvimento da autonomia, podendo ser atendido até 12 dias no mês. Nesse caso, o
sofrimento psíquico da pessoa está diminuído e suas relações sociais estão melhores. O atendimento
não intensivo é voltado para pessoas que não estão precisando de suporte contínuo, decorrente do
seu caso clínico atual, nesse caso, o usuário pode ser atendido até três dias no mês. Todos esses
tipos de atendimento podem acontecer na casa do usuário.

Um ponto importante é que se deve manter referência e contra-referência efetivas nas redes de saú-
de, para que haja atenção integral e articulada entre os pontos da rede, o que favorecerá uma melho-
ra no quadro clínico.

Dificuldades e Desafios

Pensando nas dificuldades e desafios, entendemos que a quantidade de CAPS i implantada é insufi-
ciente para a demanda da comunidade. Existiam apenas 183 serviços em 2013, ao contrário do nú-
mero de CAPS implantados para adultos, onde cerca de 2000 Centros estavam presentes em todas
as regiões do Brasil no mesmo período. Para além de quantidade, o CAPS i já implantados no Brasil
apresentam problemas estruturais, necessitando de investimentos para que esses problemas sejam
superados de forma efetiva e não se tornem obstáculos para a consolidação da Política de Saúde
Mental de Crianças e Adolescentes (SMCA) ( COUTO e DELGADO, 2015).

Além dessas dificuldades, nos CAPS i as estratégias de formação para as pessoas que trabalham
nessa rede são escassas, havendo o comprometimento da proposta inovadora do CAPS i que de-
manda por ações de formação de caráter permanente. Outra dificuldade enfrentada é a grande fragi-
lidade nos vínculos de trabalho dos profissionais que trabalham nessa rede.

É constante a terceirização das contratações, os salários são baixos e não há garantias de perma-
nência desses profissionais no sistema de saúde. Ocorre também de grande parte dos gestores de
saúde, principalmente da saúde mental, ainda não conhecem sobre as atribuições e a importância do
CAPS i no território e na construção das redes locais, fazendo com que o CAPS i tenha uma pequena
expansão no território nacional.

Na grande maioria do CAPS i há falta da supervisão clínico-institucional o que tende a desqualificar e


despotencializar o trabalho das equipes. Além desses desafios, em certas localidades do país há uma
baixa institucionalidade das redes de atenção atuando de maneira desarticulada ou com poucos ser-
viços que estejam também a carência de acompanhamento e estratégias de avaliação que procurem
avaliar e sistematizar o conhecimento psicossocial produzido e indicar questões a serem melhores
desenvolvidas, o que resulta em práticas de cuidado muitas vezes ineficientes, que não contribuem
de forma efetiva para uma prática em atenção pissicossicial.

Discutimos que historicamente, as ações relacionadas à saúde mental da infância e adolescência


foram, no país, delegadas aos setores educacionais e de assistência social, com quase ausência dos
conhecimentos sobre saúde mental. Um sistema que se entrelaçava entre assistencialismo e ação
tutelar, disciplinar, tendo como suporte a institucionalização, para aqueles que eram motivos de pena
e repulsa.

Com o objetivo de superar os problemas assistenciais, o desejo de silenciar, excluir e segregar, exis-
tem hoje ações em direção à implantação de uma política de saúde mental para essa população,
como um plano específico que está integrado à política geral de saúde mental do SUS. O objetivo
deve ser responder com as necessidades de crianças e adolescentes, vendo-as como sujeitos de
direitos, considerando a integralidade do cuidado.

Mas, isso tem acontecido na prática? Ainda existem dificuldades e desafios, porém, muito foi conquis-
tado. O olhar deve está voltado para que mais conquistas sejam alcançadas, e termos um sistema de

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saúde que proporcione ao sujeito o que lhe é de direito, um cuidado em sua integralidade, que pro-
mova a expressão de subjetividade, e não o seu silêncio.

A maior parte das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental” pensam em “Doença Mental”.
Mas, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais.

Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que todos possuem limites e
que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como ale-
gria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudan-
ças da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com
conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.

A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e ao
modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, idéias e emoções.

Ter saúde mental é...

- Estar bem consigo mesmo e com os outros;


- Aceitar as exigências da vida;
- Saber lidar com as boas emoções e também com aquelas desagradáveis, mas que fazem parte da
vida;
- Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário;

Lembre-Se

Todas as pessoas podem apresentar sinais de sofrimento psíquico em alguma fase da vida.

Para Manter Sua Saúde Mental Em Dia...

- Mantenha sentimentos positivos consigo, com os outros e com a vida;


- Aceite-se e às outras pessoas com suas qualidades e limitações;
- Evite consumo de álcool, cigarro e medicamentos sem prescrição médica
- Não use drogas;
- Pratique sexo seguro;
- Reserve tempo em sua vida para o lazer, a convivência com os amigos e com a família;
- Mantenha bons hábitos alimentares, durma bem e pratique atividades físicas regularmente.

Rede de Atenção Psicossocial em Saúde Mental

Cumprindo as ações previstas no “Plano Crack, é possível vencer”, nos meses de dezembro de 2011
e janeiro de 2012, o Ministério da Saúde publicou uma série de Portarias que instituem a Rede de
Atenção Psicossocial em Saúde Mental, propondo a criação, ampliação e articulação de diversos
pontos de atenção a Saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso/ abuso/dependência de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Úni-
co de Saúde (SUS).

Embora a Organização Mundial de Saúde alegue que não há como definir convencionalmente
a saúde mental, há várias afirmações significativas sobre este conceito que podem contribuir para
uma melhor compreensão de sua amplitude. A World Health Organization afirma que ela é uma con-
dição na qual o ser humano alcança o que se denomina de bem-estar integral, o qual engloba as
esferas orgânica, psíquica, social e espiritual; portanto, não diz respeito apenas à carência de enfer-
midades e fraquezas.

Na verdade, trata-se de atingir um padrão de vida mais elevado, no sentido afetivo e na maneira co-
mo se busca o conhecimento, ou seja, é a capacidade de apresentar um equilíbrio estável entre as
aquisições interiores e as experiências ou pressões exercidas pelo mundo exterior.

Neste estágio de bem-estar os indivíduos concretizam e atualizam suas aptidões, conseguem enfren-
tar as dificuldades existenciais do cotidiano, trabalham produtivamente e ajudam a desenvolver o
grupo social no qual estão inseridos, ainda de acordo com a World Health Organization.

Do ponto de vista da psicologia positiva, corrente moderna que centra seu foco mais na questão

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da sanidade mental do que nas doenças psíquicas, a saúde da mente pode aliar o dom de um ser
para avaliar a existência e a busca da harmonia entre as ações e as diligências necessárias a fim de
se alcançar o que se entende por resiliência psicológica – a capacidade de transcender traumas e
restituir as boas condições emocionais.

Se o Homem se revela hábil na gestão da própria existência e conduz positivamente suas diferentes
emoções no interior de um vasto prisma de instabilidades, sem se deixar dominar por desvarios e
fantasias, ele pode ser considerado mentalmente saudável. Mas o principal fator de determinação da
sanidade mental é o nível de bem-estar, não só com o eu interior, mas também com os outros seres.

O bem-estar implica em admitir as adversidades da existência, aprender a trabalhar as emoções posi-


tivas e igualmente as negativas – alegrias, tristezas, tranquilidade, raiva, frustrações, entre outras -,
bem como em conhecer as próprias limitações e, quando julgar necessário, pedir socorro a outrem.

Alguns elementos são fundamentais para que se possa identificar a presença da saúde mental em
um determinado ser ou em uma dada comunidade. Dentre eles estão as ações positivas que o Ho-
mem pode direcionar para si mesmo; a evolução, o aprimoramento e a realização pessoal; a adapta-
ção ao meio e as reações emocionais; independência e autodeterminação; recepção mais seletiva do
real; conhecimento do contexto em que se vive e aptidão para uma melhor convivência na sociedade.

Até o século XVIII as pessoas mentalmente marginalizadas eram apartadas do convívio social, exclu-
ídas e separadas do todo, quando não submetidas a terríveis suplícios, visando a repressão de suas
emoções e dos seus pensamentos, rejeitados pela maioria considerada sã. Desta forma, a medicina
utilizou um discurso científico para justificar a construção de hospitais, hospícios e outras instituições
que tinham como objetivo explícito retirar do meio social os enfermos mentais.

Desde então a ciência psiquiátrica se desenvolveu o suficiente para gerar terapêuticas em ambulató-
rios, muito mais eficientes no tratamento de esquizofrênicos, depressivos, pacientes bipolares, e de
outros tantos distúrbios psíquicos. Eles são medicados e algumas vezes encaminhados para sessões
com psicoterapeutas.

A saúde mental e a saúde física são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde

É sentirmo-nos bem connosco próprios e na relação com os outros.


É sermos capazes de lidar de forma positiva com as adversidades.
É termos confiança e não temermos o futuro.

Mente sã em corpo são!


A saúde mental e a saúde física são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde.

Problemas de Saúde Mental mais Frequentes

Ansiedade

Mal-estar psicológico ou stress continuado

Depressão

Dependência de álcool e outras drogas

Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia

Atraso mental

Demências

Estima-se que em cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, num ou noutro momento da
vida, de problemas de saúde mental e que cerca de 12 tenham uma doença mental grave.

A depressão é a doença mental mais frequente, sendo uma causa importante de incapacidade.

Em cada 100 pessoas, aproximadamente, 1 sofre de esquizofrenia.

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Quem pode ser afectado?

Ao longo da vida, todos nós podemos ser afectados por problemas de saúde mental, de maior ou
menor gravidade.

Algumas fases, como a entrada na escola, a adolescência, a menopausa e o envelhecimento, ou


acontecimentos e dificuldades, tais como a perda de familiar próximo, o divórcio, o desemprego, a
reforma e a pobreza podem ser causa de perturbações da saúde mental.

Factores genéticos, infecciosos ou traumáticos podem também estar na origem de doenças mentais
graves.

Falsos Conceitos sobre a Doença Mental

As pessoas afectadas por problemas de saúde mental são muitas vezes incompreendidas, estigmati-
zadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa esclarecer e desmistificar,
tais como:

As doenças mentais são fruto da imaginação;

As doenças mentais não têm cura;

As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

Estes mitos, a par do estigma e da discriminação associados à doença mental, fazem com que muitas
pessoas tenham

O tratamento deverá ser sempre procurado, uma vez que a recuperação é tanto mais eficaz quanto
precoce for o tratamento.

Mesmo nas doenças mais graves é possível controlar e reduzir os sintomas e, através de medidas de
reabilitação,

Todos nós podemos ajudar

Não estigmatizando;

Apoiando;

Reabilitando;

Integrando

Integração das pessoas com doença mental

Os indivíduos afectados por problemas de saúde mental são cidadãos de pleno direito. Não deverão
ser excluídos do resto da sociedade, mas antes apoiados no sentido da sua plena integração na famí-
lia, na escola, nos locais de trabalho e na comunidade. A escola deverá promover a integração das
crianças com este tipo de perturbações no ensino regular. Deverão ser criadas mais oportunidades no
mundo do trabalho para as pessoas portadoras de doença mental. O envolvimento das famílias nos
cuidados e na reabilitação destas pessoas é reconhecido como factor chave no sucesso do tratamen-
to.

Para manter uma boa saúde mental

Não se isole

Reforce os laços familiares e de amizade

Diversifique os seus interesses

Mantenha-se intelectual e fisicamente activo

Consulte o seu médico, perante sinais ou sintomas de perturbação emocional.

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