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Universidade Federal do Pará

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Faculdade de História

Alessandra Moreira Galvão

ANÁLISE SOBRE O CONCEITO DE CIDADANIA NAS NOVAS HISTÓRIAS DOS


EUA: as diferenças entre a nova história social e a nova história cultural (1970-1990)

Belém
2023
A professora Barbara Weinstein tem doutorado em História da América Latina pela
Universidade de Yale, tendo como interesses de pesquisa a abordagem em raça, gênero
trabalho e economia política. E atualmente trabalha como docente na Universidade de Nova
York como professora de História da América Latina e do Caribe. Tendo essa visão
panorâmica da área de atuação de Weinstein, podemos identificar no texto A Pesquisa sobre
Identidade e Cidadania nos EUA: da Nova História Social à Nova História Cultural, de
forma explícita, os objetos de interesse dela como pesquisadora, dentro do conceito de
cidadania.
No texto, a autora mostra a existência de um conflito teórico metodológico na
historiografia norte-americana, denominadas de Nova História Social – da década de 1970 – e
a Nova História Cultural – do período de 1990 (WEINSTEIN, 1998, p. 1-2). Dessa forma, ela
apresenta tanto na introdução, como no desenvolvimento, que essa “crise” entre os dois
segmentos historiográficos teve uma abordagem menos conflituosa se comparado com outras
áreas, como a literatura e a antropologia, citadas pela autora (WEINSTEIN, 1998, p. 3).
Assim, Weinstein trabalha com o conceito de cidadania e como ele foi abordado por cada
historiografia.
A abordagem da Nova História Social dos Estados Unidos da América (EUA) é muito
diferente da História Social no Brasil, mesmo as duas sendo desenvolvidas no mesmo
período. É importante salientar isso, pois as formas e vivências de cada sociedade interferem
na percepção e elaboração intelectual de cada território – e essa forma de pensar é algo
elaborado pela Nova História Cultural nos EUA que era criticada pela historiografia social.
A autora mostra como as duas Novas Histórias estavam interligadas e dissociadas
(WEINSTEIN, 1998, p. 8). A primeira sendo mais generalista, muito voltada para a categoria
trabalhista e, quando apresentada, trabalhando com as categorias de gênero e raça como algo
vitimista. Contudo, a segunda, utilizando-se da leitura da Nova História Social, busca
entender as nuances de cada categoria, não apresentando só o essencial, mas tentando
entender as particularidades de cada uma. No entanto, percebendo que elas não estão
segmentadas, mas precisando umas das outras para compreender cada categoria
(WEINSTEIN, 1998, p. 8-9).
Assim, o conceito de cidadania da Nova História Social era algo mais generalista,
onde valorizava o homem branco trabalhador pertencente nas classes populares. Em
contrapartida, a visão da Nova História Cultural deste mesmo conceito compreende que a
cidadania norte-americana é algo mais abrangente, que possui outras categorias como gênero,
raça e sexualidade e como a cultura delas constrói a identidade de cidadão americano. Isso
quebra com o entendimento de “real” – utilizado pela autora na forma de pensar a classe pela
Nova História Social (WEINSTEIN, 1998, p. 3). Todavia, aqui aplicarei aos conceitos de
identidade e cidadania – acerca dos conceitos. Antes de tornar-se “real”, a identidade e a
concepção de cidadania são construídas a partir das questões sociais e culturais. Então, para
serem compreendidas como algo real, essas categorias precisam ser inventadas pelas relações
sociais ao qual estão inseridas, dependendo da ausência e permanência de características dos
grupos presentes nesta sociedade.
Referências
WEINSTEIN, Barbara. A Pesquisa sobre Identidade e Cidadania nos EUA: da Nova História
Social à Nova História Cultural. Revista Brasileira de História, v. 18, n. 35, p. 227–246,
1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbh/a/9tvXk99bv8YsLdkZn67RNJv/?lang=pt#.
Acesso em: 03 de outubro de 2023

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