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Ribeiro Advogados Associados

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO

Habeas Corpus (Por Dependência): 0005695-09.2018.8.080000


(100180010553)

Processo 0000379-37.2017.8.08.004

HABEAS CORPUS

FERNANDO DOS SANTOS RIBEIRO, brasileiro, separado, Advogado, inscrito na


OAB/ES 5047 , recebendo as devidas intimações na Rua Maria Amália, nº 581,
Bairro Olaria, Vila Velha, Espírito Santo, vem, com todo acatamento e respeito a
presença de Vossa Excelência, tendo por fulcro e ancoradouro jurídico, o artigo
5º, LXVIII, da Constituição Federal, e artigos 647 e 648 inciso II, e seguintes, do
Código de Processo Penal, interpor, a presente ação penal cautelar de

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR


Onde figura como autoridade coatora, o Excelentíssimo Senhor Doutor Juíz de
Direito da Comarca de Anchieta, ordem que impetra em favor de, JHON LENON
SOARES BRAGA, brasileiro, solteiro, biscateiro, residente e domiciliado em
Logradouro Vasco da Gama, nº 205, Bairro Jaburuna, Vila Velha/ES, atualmente
constrito junto a Penitenciária Estadual de Guarapari, e CARLOS EDUARDO
CORREA PEREIRA, brasileiro, solteiro, biscateiro, residente e domiciliado na Rua
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Fernando dos Santos Ribeiro
OAB/ES 5047
Cel: 9.9757-9286
Email: fernandosr.adv@gmail.com
Endereço: Rua Maria Amália, nº 581, Olaria, Vila Velha/ES
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da Escadaria, nº 128, casa, Bairro Jaburuna, Vila Velha/ES, atualmente constrito
junto ao Presídio Estadual de Guarapari. Para tanto, inicialmente expõe os fatos,
que sedimentados pelo pedido e coloridos pelo direito, ensejarão os
requerimentos, na forma que segue:

1.) Os pacientes JHON LENNON e CARLOS EDUARDO foram denunciados no dia


28 de fevereiro de 2017, por volta das 04hs, na Praia da Areia Preta, em Iriri, na
Comarca de Anchieta, pelo operoso Doutor Promotor de Justiça da Comarca de
Anchieta/ES, da qual lhes foram atribuídas as práticas de crime tipificado no art.
121, §2º, inciso V (duas vezes), c/c os arts. 14, inciso II, e 29, todos do Código
Penal, Vide em anexo, cópia reprográfica da denúncia.

Em acatando pedido de prisão preventiva, o digno Magistrado singelo, decretou


a clausura forçada dos aqui pacientes, estratificada a decisão, sob as premissas
da "garantia da ordem pública" e para "assegurar a instrução criminal". Dito
despacho foi exarado em 06 de março de 2017. Vide em anexo cópia fotostática
do decreto da custódia provisória.

Rebelando-se contra a prisão preventiva decretada, postularam os pacientes,


num primeiro momento (por ocasião da tessitura de defesa prévia) a revogação
da ordem da prisão cautelar, eis sedimentada em premissas inverossímeis e
claudicantes, tendo o pedido de revista sido repelido pelo notável Magistrado, a
qual reeditou os argumentos perfilhados por ocasião do decreto de
confinamento forçado.

Em data de 16/11/2017, ás fls. 851/852, postularam, novamente, os pacientes,


a Revogação da ordem de suas prisões cautelar, havendo o notável Magistrado,
sedimentando sua decisão com a premissa de que “o processo envolve mais de
um réu, e assim o STF já se manifestou que em processos com mais de um réu,
não há que se falar em excesso de prazo, ainda mais no caso em testilha em
que houve necessidade de expedição de Cartas Precatórias que ainda não
foram cumpridas”(fls.854). “É oportuno registrar que, no caso em tela, o rito
processual tem sido regularmente observado, não havendo qualquer ato por
parte deste juízo ou do órgão ministerial que tenha obstaculizado o seu
processamento, haja vista a necessidade de diligências, não sendo
evidencializado excesso de prazo.(fls.855.

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2.) Entrementes, onde o processo já se encontra nas Alegações Finais, e os
pacientes não foram ainda Pronunciados, houve Excesso de Prazo em razão da
duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar, que neste caso
ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana,
consagrado tanto pela Constituição Federal brasileira, quanto na Convenção
Americana sobre Direitos Humanos.

Há toda evidência, não podem, os pacientes, permanecerem indefinidamente


segregados, aguardando a Pronúncia. Aliás, a jurisprudência, de longa data,
entende que se encontra patenteado o constrangimento ilegal.

Destarte, o constrangimento ilegal, a que submetidos os pacientes assoma e


emerge cristalino e inconcusso, derivado do excesso de prazo na formação da
culpa.

A morosidade na ultimação da instrução criminal, não encontra justificativa


razoável, devendo, por imperativo, serem alforriados os réus, do pesado grilhão
que lhe foram jungidos, mesmo porque, constitui-se em medida odiosa o
"cumprimento antecipado da pena", frente o princípio Constitucional da
inocência, consagrado no artigo 5º, LVII. Nesse sentido RT 479/298.

Explicitado todo o movimento de positivação da garantia fundamental à


razoável duração do processo, é possível notar que, confrontando-se o teor dos
vetustos enunciados sumulares acima elencados com o atual texto da
Constituição de 1988 e da Convenção Americana de Direitos Humanos, não há
mais como se sustentar a sua aplicação.

Dessa forma, as assertivas no sentido de que “encerrada a instrução


processual” (Súmula 52) ou “pronunciado o réu” (Súmula 21) ficaria superada a
alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo são visceralmente
contrárias à CADH e à toda a principiologia que informa a Constituição de 1988
no que toca ao trato da matéria relativa à razoável duração do processo.

Quando o assunto é excesso de prazo, logo se vem à mente o teor do enunciado da


Súmula 52, do Superior Tribunal de Justiça, que prescreve:

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SÚMULA 52
Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de
constrangimento por excesso de prazo.”

Ainda se pode notar o teor da Súmula 21, aplicável ao procedimento especial do


tribunal do júri, a qual reza:

SÚMULA 21
Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento
ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.

No que tange aos Pacientes, os mesmos nem Pronunciados foram ainda,


estando o Rito Processual na fase de Alegações Finais.

Outrossim, nunca despiciendo aludir que a custódia provisória é reputada


medida excepcionalíssima, devendo ser decretada e mantida, somente em
casos extremos. Nesse diapasão, é a mais lúcida jurisprudência que jorra dos
pretórios:

"A prisão provisória, como cediço, na sistemática do Direito Positivo é medida


de extrema exceção. Só se justifica em casos excepcionais, onde a segregação
preventiva, embora um mal, seja indispensável. Deve, pois, ser evitada,
porque é sempre uma punição antecipada" in, RT 531/301.

Nesta linha é digno de nota as diversas jurisprudências dos Tribunais Pátrios


Superiores a respeito do assunto:

Tribunal de Justiça do Maranhão TJ-MA - HABEAS CORPUS : HC


322032008 MA
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. PRISÃO PREVENTIVA - PRAZO PARA
ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL - ATRASO INJUSTIFICÁVEL PARA A
PROLAÇÃO DA SENTENÇA DE PRONUNCIA - EXCESSO DE PRAZO VERIFICADO -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.

1. Permanência do paciente na prisão por mais de 02 (dois) anos, aguardando a


sentença de pronuncia desde 23 de abril de 2008.2. O excesso de prazo é
inegável e extrapola qualquer juízo de proporcionalidade.

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2. Ordem Concedida.

Superior Tribunal de Justiça STJ – HABEAS CORPUS: HC 278686


PA 2013/0332662-4
Ementa

HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. EXCESSO DE PRAZO NA


INSTRUÇÃO CRIMINAL. OCORRÊNCIA. FALTA DE RAZOABILIDADE. MANIFESTO
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA.

1. Segundo entendimento consolidado nos tribunais, os prazos indicados na


legislação processual penal para a conclusão dos atos processuais não são
peremptórios, de maneira que eventual demora no término da instrução
criminal deve ser aferida dentro dos critérios da razoabilidade, levando-se em
conta as peculiaridades do caso concreto.

2. Na espécie, reputo absolutamente desarrazoado e injustificável o transcurso


de mais de 3 anos da prisão cautelar, sem a submissão do paciente ao Conselho
de Sentença, sobretudo quando considerado que tal atraso deve ser atribuído
exclusivamente à ineficiência estatal em assegurar ao acusado a devida
celeridade ao feito (ofensa ao art. 5º, LXXVIII, da CF/88).

3. Habeas corpus concedido, para relaxar a prisão cautelar do paciente, na Ação


Penal n. 043.2010.2.000257-8, em trâmite na Vara Criminal da Comarca de
Portel.

Acórdão: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, conceder a ordem de
habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros
Nefi Cordeiro, Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), Maria
Thereza de Assis Moura e Sebastião Reis Júnior (Presidente) votaram com o Sr.
Ministro Relator

HABEAS CORPUS Nº 329.922 - PE (2015/0166724-7)


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RELATOR : MINISTRO NEFI CORDEIRO-R.P
ACÓRDÃO: MINISTRO ERICSON MARANHO (DESEMBARGADORCONVOCADO DO
TJ/SP)
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
PACIENTE : JORGE EDUARDO AZEVEDO DANTAS (PRESO)
EMENTA
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE
HOMICÍDIO E TENTATIVA DE HOMICÍDIO. PACIENTE PRESO HÁ
MAIS DE TRÊS ANOS. DEMORA NO ENCERRAMENTO DA
INSTRUÇÃO CRIMINAL. ATRASO INJUSTIFICADO. EXCESSO DE
PRAZO RECONHECIDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENTE.

ORDEM CONCEDIDA

Na hipótese, embora cuidar-se de crimes graves, há constrangimento ilegal


manifesto consubstanciado no excesso de prazo da prisão preventiva sem
perspectiva sequer de decisão de pronúncia. O paciente está preso há mais de
três anos, prazo que se mostra desarrazoado e injustificado, restando evidente
a mora estatal na conclusão da instrução criminal ainda que considerada a
pluralidade de acusados.(grifo nosso)

Ordem concedida.

3.) A doutrina por seu turno, acoima de injustificável a transposição dos prazos
prescritos em lei, encontrando-se o réu privado da liberdade. Oportuna veicula-
se a transcrição de pequeno excerto de obra da lavra do ilustre processualista,
HERÁCLITO ANTÔNIO MOSSIN, in, HABEAS CORPUS, São Paulo, 1.996, Atlas, 2ª
edição, página 92. Ad litteram:

"Ora, se o legislador processual penal fixa prazos para o cumprimento dos atos
processuais, nada mais coerente que o descumprimento deles por parte do juiz
deve ter também uma conseqüência de ordem processual, a qual no âmbito da
análise é considerar configurado o constrangimento ilegal, impondo a soltura do
preso. Além disso, a liberdade física não pode se sujeitar ao capricho ou ao
desleixo do magistrado em deixar de cumprir o ato processual no prazo
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determinado em lei. Se o detido, por força da lei, deve se submeter à enxovia; o
juiz, com maior razão ainda, tem a obrigação, em virtude também da lei, de
realizar os atos da instância conforme os mandamentos por ela prescritos".

4.) Outrossim, percute inverossímil a argumentação expendida pelo Julgador


monocrático, no sentido de que estariam os pacientes presos e ou cumprindo
pena pela prática de outros delitos, revelando-se, pois inócua a revogação da
prisão preventiva pleiteada.

Em verdade, cumpre sinalar, que os pacientes são réu-primário e estão


amargando o confinamento involuntário, em razão do decreto de custódia
preventiva exarado no feito em debate. Foram presos, em virtude de prisão
preventiva decretada, pelo MMº. Julgador unocrático da Comarca de Guarapari-
ES, nos autos do processo-crime nº 0000379-37.2017.8.08.004

Outrossim, mesmo que se queira pecar pelo excesso de zelo, bastará, para
afastar-se, situações dúbias, que conste do alvará de soltura, que os pacientes
deverão ser manumitidos, salvo se por aí, estiverem presos.

5.) Entende, pois, o impetrante, que se encontra, manifesto, notório e


escancarado o excesso de prazo para a formação da culpa, - a que não deram
causa os réus -, devendo, por inexorável ser acolhido o presente pedido de
habeas corpus, restabelecendo-se o ius libertatis, aos pacientes, os quais
amargam, injustificável e indevida restrição em sua liberdade.

Anelam, pois, os réus, ora pacientes, com todas as verdades de sua alma, a
concessão da ordem de habeas corpus, calcado no princípio da incoercibilidade
individual, erigido em garantia Constitucional, por força do artigo 5º caput, da
Lei Fundamental, para, assim, poderem responder o processo em liberdade, o
que pedem e suplicam seja-lhes deferido, por essa Augusta Câmara Criminal.

6.) ANTE AO EXPOSTO, REQUER:

I.- CONCESSÃO LIMINAR DA ORDEM DE HABEAS CORPUS em favor dos


pacientes, eis evidenciado de forma clara e insofismável, o constrangimento
ilegal, derivado do EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA
encontrando-se os réus enclausurados em virtude de decreto de prisão

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imediata, expedindo-se o ALVARÁ DE SOLTURA em favor dos pacientes
preventiva, há mais de 01 (um) ano e 09 (nove) meses, ou 635 dias, com a,
aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do
processo-crime.

II – Oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe, com


posterior remessa dos autos à procuradoria Geral de Justiça como regular
prosseguimento do feito;

III – conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado


do feito, tornando definitivos os efeitos da Liminar concedida.

Vitória/ES, 30 de novembro de 2018.

Fernando dos Santos Ribeiro

Advogado OAB/ES 5.047

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