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Eliézer Sousa
OAB/PA 21.835
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MANDADO DE SEGURANÇA
1. DA PRELIMINAR
Reza o art. 1º da Lei n.º 12.016, de 09 de agosto de 2009, que conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio
de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
Com isso, direito líquido será o direito que se apresenta com alto grau, pelo menos em tese, de
plausibilidade e admissibilidade de seu reconhecimento; e certo aquele que se oferece configurado
preferencialmente de plano, documentalmente, sem recurso a dilações probatórias. Ou seja, afigura-se líquido
e certo o direito quando a regra jurídica pertinente incide sobre fatos reais, de regra, documentalmente
comprovados com a impetração.
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2. Lesão à direito líquido e certo: Os documentos anexados à presente são hábeis a comprovar
que o ato administrativo que removeu o Impetrante fora praticado ao arrepio e dos princípios constitucionais da
motivação e finalidade pública dos atos administrativos.
3. Por autoridade pública: O ato lesivo ao direito líquido e certo do Impetrante foi praticado pela
autoridade pública, in casu, pela SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO
PARÁ (SEAP/PA).
2. DOS FATOS
Assim sendo, o Impetrante, desde 2008 desempenha suas atividades como servidor estadual no
Centro de Recuperação do Coqueiro-CRC, conforme declaração anexa.
Vale ressaltar que o Impetrante, desde seu treinamento na SUSIPE, em 2008, até os dias de hoje,
tem trabalhado no mesmo local de forma eficiente, somando-se mais de 10 (DEZ)anos de trabalho ininterrupto,
sendo que o Impetrante sempre buscou desempenhar seu exercício laboral de forma eficiente e harmônica,
não havendo nada que o desabone no local de trabalho onde exerce suas atividades funcionais.
Este ato encontra-se anexado, entretanto verifica-se a ilegalidade do ato, haja vista que não
indica a justificativa da decisão, ou seja, os motivos para a remoção, portanto sem motivação o ato.
3. DA ILEGALIDADE DO ATO
O autor sentiu-se totalmente frustrado e desrespeitado por ato ilícito perpetrado pela
administração, quando em 04/02/2022, sem qualquer justificativa, o autor que estava lotado no CRC, no
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município de Belém – PA, foi arbitrariamente removido dos quadros da unidade em que se encontrava estando
ainda sem destinação.
“A moderna doutrina, sem exceção, tem consagrado a limitação ao Poder Discricionário, possibilitando
maior controle do Judiciário sobre os atos que dele derivem.(...)
O que se veda ao Judiciário é a aferição dos critérios administrativos (conveniência e oportunidade)
firmados em conformidade com os parâmetros legais, e isso porque o Juiz não é administrador, não
exerce basicamente a função administrativa, mas sim a jurisprudencial (...)”
É verdade que o ato de organizar o seu quadro de pessoal de acordo com as especificidades
verificadas é discricionário e deverá atender à necessidade e conveniência da administração. Entretanto, o ato
impugnado (memorando nº 155/2022-SEAP), não atende ao princípio da motivação dos atos administrativos e
ao da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, cuja obrigatoriedade se justifica em qualquer
modalidade de ato, eis que se trata de formalidade necessária para permitir o controle da legalidade dos atos
administrativos, inclusive pelo Poder Judiciário.
Nesse sentido, a Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Dra. Eliana Rita
Daher Abufaiad, ao decidir Agravo de Instrumento n. 2007.3.004.093-4, interposto pelo Município de
Marapanim, registrou:
Essa tendência de permitir que o judiciário realize o controle do mérito dos atos administrativos
para aferir-lhe a observância dos princípios constitucionais é posição dominante no Supremo Tribunal Federal,
consoante se extrai de alguns tópicos do voto do Ministro Eros Grau, proferido no julgamento do Mandado de
Segurança n. 24699/DF, pela Primeira Turma, em 1º de julho de 2005, manifestando-se da seguinte forma:
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“(...)
4. A doutrina moderna tem convergido no entendimento de que é necessária e salutar a ampliação da
área de atuação do Judiciário, tanto para coibir arbitrariedades em regra praticadas sob o escudo da
assim chamada discricionariedade quanto para conferir-se plena ampliação ao preceito constitucional
segundo o qual ‘a lei não excluirá da apreciação da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito (art. 5º, XXXV, CF/88)
(...)
7. (...) sempre que a administração formule juízos de legalidade, interpreta/aplica o direito e, pois,
seus atos hão de ser objeto de controle judicial. Este controle, por obvio, há de ser empreendido à luz
dos princípios, em especial, embora não exclusivamente, os afirmados pelo art. 37 da Constituição.
(...)
14. Nesse sentido, o Poder Judiciário vai a analise do mérito administrativo, inclusive fazendo atuar as
pautas da proporcionalidade e da razoabilidade, que não são princípios, mas sim critérios de
aplicação do direito, ponderados no momento das normas de decisão.
(...)
O fato, porém é que, nesse exame de mérito do ato, entre outros parâmetros de análise de que para
tanto se vale, o Judiciário não apenas examina a proporção que marca a relação entre os meios e fins
do ato, mas também aquele que se manifesta na relação entre o ato e seus motivos, tal e qual
declarados na motivação.”
A ilegalidade de tal ato, deve-se ressaltar, é premente, pois numa simples análise do ato
administrativo firmado em desfavor do Impetrante, tem-se que o mesmo se fundamenta, genericamente, na
insubordinação. Contudo, que insubordinação seria essa?
Como se observa, o ato impugnado está totalmente desprovido de qualquer motivação hábil a
possibilitar que este Douto Juízo afira, minimamente, quais motivos levaram a autoridade impetrada a remover
o Impetrante para outra unidade, diversa da que esteve lotado ao longo dos últimos 10 (dez) anos.
A respeito do princípio constitucional da motivação dos atos administrativo, Maria Sylvia Zanella
Di Pietro ensina que:
“Entendemos que a motivação é, em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja para os
atos discricionários, pois constitui garantia de legalidade, que tanto diz respeito ao interessado como à
própria Administração Pública; a motivação é que permite a verificação, a qualquer momento, da
legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes do Estado.”
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Consoante à lição extraída de trechos dos julgados aqui transcritos, não há como se dissociar o
ato administrativo discricionário do princípio da motivação dos atos administrativos, motivo pelo qual é
imprescindível a existência de um ato motivado que justificasse, em consonância com o interesse público, a
necessidade de a Administração remover um servidor público para outro local.
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II - No caso em apreço, a remoção se deu exofficio, o que conferiria ao Poder Pública a possibilidade
de agir com discricionariedade. Contudo, há muito já se superou o entendimento equivocado de que o
poder discricionário outorgaria ao administrador a possibilidade de atuar livremente, desconhecendo
limites. Em verdade, a discricionariedade trata-se de uma liberdade condicionada, vinculada aos
ditames dos princípios administrativos, especialmente os axiomas da legalidade, da impessoalidade,
da motivação e da supremacia do interesse público ao privado.
III - O ato que ordenou a remoção do apelado encontra-se desacompanhado do seu motivo
justificador. Consequentemente, trata-se de ato eivado de nulidade por ausência de motivação.
(Reexame de sentença e Apelação Cível nº 2005.3005263-4, 4ª Câmara Cível Isolada, Rel. Eliana
Rita DaherAbufaiad, J. 06.03.2008, DJe 12.03.2008).
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Além do mais, nenhuma destas perguntas foi explicada pela administração penitenciária em seu
ato administrativo, que, genericamente, se pautou na “insubordinação”. Por todas estas razões, revela-se,
desde logo, absolutamente nulo o ato de remoção. Primeiramente, falta um dos requisitos de existência e
validade do ato administrativo, pelo que o mesmo se encontra eivado de nulidade inafastável.
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Para a concessão da medida liminar prevista no inciso III, do art. 7º, da Lei n.º 12.016/09 é
necessário que estejam presentes os pressupostos autorizadores – o fundamento relevante e o perigo da
demora.
Para Cássio Scarpinella Bueno “O fundamento relevante deve ser entendido como a alta
possibilidade de ganho do mandado de segurança pelo Impetrante”.
Ainda que assim não fosse, a Constituição Federal de 1998, em seu artigo 37, XVI, versa sobre as
hipóteses excepcionais de cumulação de cargos públicos, devido a necessidade de aproveitamento da
capacidade técnica de alguns profissionais, como por exemplo, a possibilidade da cumulação de dois cargos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, desde que, haja compatibilidade de horários.
Ocorre Excelência, que com a remoção arbitrária, o paciente sofreu lesão a direito líquido e
certo Constitucional, não podendo ser justificável sua “insubordinação”, quando esta não ocorreu, o
que trouxe sérios problemas para o autor, “por se tratar de um assédio moral”, devido a ocorrência do
ato coator.
Nesse sentido, está demonstrada a ilegalidade do ato aqui impugnado. Resta ao Impetrante, por
outro lado, tão somente demonstrar a necessidade da imediata concessão da medida liminar tendo em vista o
outro pressuposto autorizador - o perigo da demora.
No caso em análise, o perigo da demora reside no fato de que o Impetrante sofreu lesão
que tem lhe trazido sérios impactos, psicológicos e profissionais, pois não houve justificativa clara
acerca destas alegada “insubordinação”.
Tais impactos foram imputados ao paciente pela remoção arbitrária sofrida, que o removeu
desnecessariamente. Já o paciente, com a manutenção do ato, ficará irremediavelmente prejudicado, pois
habitualmente exerceu há muitos anos sua profissão no mesmo local com muita dedicação, entusiasmo e
excelente desempenho.
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6. DOS PEDIDOS
2. A concessão de medida liminar, inaudita altera pars, para suspender os efeitos do Memorando nº 155/2022-
CSP-SEAP, determinando a manutenção do Impetrante junto ao Centro de Recuperação do Coqueiro-CRC,
sob pena de aplicação de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 137, IV do novo CPC;
3. No mérito e, uma vez cumpridas as formalidades legais e processuais, a confirmação da medida liminar com a
concessão da segurança, determinando a anulação do ato impugnado, condenando a Autoridade Coatora ao
pagamento das custas processuais, honorários advocatícios, além das demais cominações legais;
4. A notificação da autoridade coatora para que preste suas informações no prazo legal consoante o que dispõe o
inciso I, do art. 7º, da Lei n.º 12.016/09;
5. A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da Lei, conforme artigo
176 e seguintes do NCPC;
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Dr. Eliézer Silva de Souza
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