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Dr.

Eliézer Sousa
OAB/PA 21.835
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____VARA DE FAZENDA PUBLICA DE


COMARCA DE BELÉM DO PARÁ.

MARCOS PAULO GONÇALVES NORONHA, brasileiro, casado, terapeuta ocupacional, portador


da cédula de identidade nº 2558627 PC/PA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas nº 584.047.402-91,
residente e domiciliado na Rodovia BR 316, km 13, Condomínio Cittá Mariz, 2.184-A, BL 21, Apto. 101 Bairro
São João, Marituba-PA, CEP: 67203-612, telefone: 91-988801-5509, e-mail: marcospgm@gmail.com, por seu
advogado legalmente habilitado (instrumento de mandato anexo), que solicita receber intimações, vem, com o
devido respeito e acatamento, perante V. Exa., com fulcro no Inciso LXIX do art. 5º da Constituição Federal c/c
a Lei nº 12.016/2009, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA

com pedido de LIMINAR contra ATO DA DIRETORA em DA SECRETARIA DE ESTADO DE


ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA (SEAP/PA), pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ
05.929.042/0001, localizada à rua dos Tamoios, 1592, Bairro Batista Campos, CEP: 66.033-172, Belém-Pa,
fone: (91)3239-4210, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

1. DA PRELIMINAR

1.2 CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Reza o art. 1º da Lei n.º 12.016, de 09 de agosto de 2009, que conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio
de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Com isso, direito líquido será o direito que se apresenta com alto grau, pelo menos em tese, de
plausibilidade e admissibilidade de seu reconhecimento; e certo aquele que se oferece configurado
preferencialmente de plano, documentalmente, sem recurso a dilações probatórias. Ou seja, afigura-se líquido
e certo o direito quando a regra jurídica pertinente incide sobre fatos reais, de regra, documentalmente
comprovados com a impetração.
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1. Tempestividade: A impetração do mandamus é tempestiva, pois o Impetrante tomou ciência do


ato coator em 04/02/2022.

2. Lesão à direito líquido e certo: Os documentos anexados à presente são hábeis a comprovar
que o ato administrativo que removeu o Impetrante fora praticado ao arrepio e dos princípios constitucionais da
motivação e finalidade pública dos atos administrativos.

3. Por autoridade pública: O ato lesivo ao direito líquido e certo do Impetrante foi praticado pela
autoridade pública, in casu, pela SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA DO
PARÁ (SEAP/PA).

2. DOS FATOS

O Impetrante é servidor público estadual, aprovado em Concurso Público: na época


SEAD/SUSIPE. Desta forma, está vinculado à SEAP/PA, sendo titular de cargo de provimento efetivo de
TÉCNICO EM GESTÃO PENITENCIÁRIA-TERAPIA OCUPACIONAL, com nomeação publicada em Diário
Oficial do Município de Belém, pelo decreto de junho de 2008, respectivamente, conforme documentos anexos.

Assim sendo, o Impetrante, desde 2008 desempenha suas atividades como servidor estadual no
Centro de Recuperação do Coqueiro-CRC, conforme declaração anexa.

Vale ressaltar que o Impetrante, desde seu treinamento na SUSIPE, em 2008, até os dias de hoje,
tem trabalhado no mesmo local de forma eficiente, somando-se mais de 10 (DEZ)anos de trabalho ininterrupto,
sendo que o Impetrante sempre buscou desempenhar seu exercício laboral de forma eficiente e harmônica,
não havendo nada que o desabone no local de trabalho onde exerce suas atividades funcionais.

Ocorre que, em 04 de FEVEREIRO de 2022, o Impetrante foi surpreendido pelo Ofício nº


155/2022- CSP-SEAP, assinado pela Autoridade Coatora, RITA DE CASSIA CANTO DA COSTA, a qual
resolveu remover o Impetrante do Centro de Recuperação do Coqueiro-CRC, ausente de motivação que
justificaria a remoção dessa unidade prisional.

Este ato encontra-se anexado, entretanto verifica-se a ilegalidade do ato, haja vista que não
indica a justificativa da decisão, ou seja, os motivos para a remoção, portanto sem motivação o ato.

3. DA ILEGALIDADE DO ATO

O autor sentiu-se totalmente frustrado e desrespeitado por ato ilícito perpetrado pela
administração, quando em 04/02/2022, sem qualquer justificativa, o autor que estava lotado no CRC, no
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município de Belém – PA, foi arbitrariamente removido dos quadros da unidade em que se encontrava estando
ainda sem destinação.

Importante ressaltar, que a faculdade que possui a Administração em movimentar seus


servidores, de acordo com os critérios da conveniência e oportunidade, no exercício de seu poder
discricionário, ocorre desde que o atendimento do interesse público seja incontestável.

Neste sentido também, a melhor doutrina administrativa consagrou que a conveniência e


oportunidade do ato discricionário, considerados o mérito administrativo, não podem ser revistos pelo
Judiciário, entretanto é possível que este analise se o ato administrativo é revestido ou não de legalidade, ou
se há nele manifesto abuso de poder. Sobre a questão o professor José dos Santos Carvalho Filho ensina:

“A moderna doutrina, sem exceção, tem consagrado a limitação ao Poder Discricionário, possibilitando
maior controle do Judiciário sobre os atos que dele derivem.(...)
O que se veda ao Judiciário é a aferição dos critérios administrativos (conveniência e oportunidade)
firmados em conformidade com os parâmetros legais, e isso porque o Juiz não é administrador, não
exerce basicamente a função administrativa, mas sim a jurisprudencial (...)”
É verdade que o ato de organizar o seu quadro de pessoal de acordo com as especificidades
verificadas é discricionário e deverá atender à necessidade e conveniência da administração. Entretanto, o ato
impugnado (memorando nº 155/2022-SEAP), não atende ao princípio da motivação dos atos administrativos e
ao da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, cuja obrigatoriedade se justifica em qualquer
modalidade de ato, eis que se trata de formalidade necessária para permitir o controle da legalidade dos atos
administrativos, inclusive pelo Poder Judiciário.

Nesse sentido, a Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Dra. Eliana Rita
Daher Abufaiad, ao decidir Agravo de Instrumento n. 2007.3.004.093-4, interposto pelo Município de
Marapanim, registrou:

“...Contudo, há muito se superou o entendimento equivocado de que o poder discricionário outorgaria


ao administrador a possibilidade de atuar livremente, desconhecendo limites. Em verdade, a
discricionariedade trata-se de uma liberdade condicionada, vinculada aos ditames dos princípios
administrativos, expressamente os axiomas da legalidade, impessoalidade, da motivação e da
supremacia do interesse público ao privado.”

Essa tendência de permitir que o judiciário realize o controle do mérito dos atos administrativos
para aferir-lhe a observância dos princípios constitucionais é posição dominante no Supremo Tribunal Federal,
consoante se extrai de alguns tópicos do voto do Ministro Eros Grau, proferido no julgamento do Mandado de
Segurança n. 24699/DF, pela Primeira Turma, em 1º de julho de 2005, manifestando-se da seguinte forma:
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“(...)
4. A doutrina moderna tem convergido no entendimento de que é necessária e salutar a ampliação da
área de atuação do Judiciário, tanto para coibir arbitrariedades em regra praticadas sob o escudo da
assim chamada discricionariedade quanto para conferir-se plena ampliação ao preceito constitucional
segundo o qual ‘a lei não excluirá da apreciação da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito (art. 5º, XXXV, CF/88)
(...)
7. (...) sempre que a administração formule juízos de legalidade, interpreta/aplica o direito e, pois,
seus atos hão de ser objeto de controle judicial. Este controle, por obvio, há de ser empreendido à luz
dos princípios, em especial, embora não exclusivamente, os afirmados pelo art. 37 da Constituição.
(...)
14. Nesse sentido, o Poder Judiciário vai a analise do mérito administrativo, inclusive fazendo atuar as
pautas da proporcionalidade e da razoabilidade, que não são princípios, mas sim critérios de
aplicação do direito, ponderados no momento das normas de decisão.
(...)
O fato, porém é que, nesse exame de mérito do ato, entre outros parâmetros de análise de que para
tanto se vale, o Judiciário não apenas examina a proporção que marca a relação entre os meios e fins
do ato, mas também aquele que se manifesta na relação entre o ato e seus motivos, tal e qual
declarados na motivação.”

A ilegalidade de tal ato, deve-se ressaltar, é premente, pois numa simples análise do ato
administrativo firmado em desfavor do Impetrante, tem-se que o mesmo se fundamenta, genericamente, na
insubordinação. Contudo, que insubordinação seria essa?

O memorando n.º 155/2022, que removeu a Impetrante do Centro de Recuperação do Coqueiro-


CRC, determinou que o servidor seja disponibilizado dessa unidade prisional para ser lotado em outra unidade
prisional até então destinado, onde o Impetrante passará a desempenhar suas atividades funcionais, fato este
totalmente absurdo e movido por interesses políticos e pessoais e revestido de assédio moral.

Como se observa, o ato impugnado está totalmente desprovido de qualquer motivação hábil a
possibilitar que este Douto Juízo afira, minimamente, quais motivos levaram a autoridade impetrada a remover
o Impetrante para outra unidade, diversa da que esteve lotado ao longo dos últimos 10 (dez) anos.

A respeito do princípio constitucional da motivação dos atos administrativo, Maria Sylvia Zanella
Di Pietro ensina que:

“Entendemos que a motivação é, em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja para os
atos discricionários, pois constitui garantia de legalidade, que tanto diz respeito ao interessado como à
própria Administração Pública; a motivação é que permite a verificação, a qualquer momento, da
legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes do Estado.”

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Diógenes Gasparini segue a mesma linha de entendimento:


“A motivação (...) é necessária para todo e qualquer ato administrativo, e a discussão motiva/não
motiva parece resolvida pelo advento da Lei Federal no 9.784/99, que regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Federal. Pelo art. 50 dessa lei todos os atos
administrativos, sem qualquer distinção, deverão ser motivados, com a indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos. Assim, tanto os atos administrativos vinculados como os discricionários devem
ser motivados. (...) A motivação deve ser explícita.”
Além disso, observa-se que houve uma “vingança” pelo fato de o servidor ser testemunha
no processo de Queixa Crime ajuizado por outra servidora (Proc. nº 0819429-79.2021.8.14.0401,
tramitando na 2ª Vara do Juizado Especial Criminal da Comarca de Belém-PA), em face da mesma
Autoridade Coatora, a Sra. RITA DE CÁSSIA CANTO DA COSTA. Portanto, questiona-se; haveria realmente
insubordinação? Levando-se em consideração que os atos administrativos devem atender interesse público,
neste sentido, o interesse atendido teria sido realmente o público? Por que então o servidor foi removido,
sendo que trabalha há mais de 10 anos no mesmo local e nunca teve problemas com ninguém?

Consoante à lição extraída de trechos dos julgados aqui transcritos, não há como se dissociar o
ato administrativo discricionário do princípio da motivação dos atos administrativos, motivo pelo qual é
imprescindível a existência de um ato motivado que justificasse, em consonância com o interesse público, a
necessidade de a Administração remover um servidor público para outro local.

A jurisprudência pátria corrobora o entendimento de que há necessidade de motivação do ato


administrativo, inclusive aqueles tidos como discricionários, veja-se:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA ATO ADMINISTRATIVO


REMOÇÃO EX-OFÍCIO DE SERVIDOR PÚBLICO CONCURSADO E AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO
PARA NULIDADE DO ATO MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. UNANIMIDADE.
1. Ato administrativo ex-ofício de remoção de servidor público deve ser motivado.
2. Manutenção integral da sentença reexaminada.
3. Decisão unânime.
(Reexame de acórdão e Apelação Cível nº 2010.3.014830-3, 5ª Câmara Cível Isolada TJPA, Rel.
Desa. Luzia Nadja Guimarães Nascimento. j. 24.03.2011, DJe 29.03.2011).

REEXAME DE SENTENÇA E APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. PRELIMINAR DE


AUSÊNCIA DESAPROVADA PRÉ-CONSTITUÍDA. REJEITADA. SERVIDOR PÚBLICO
MUNICIPAL. REMOÇÃO EX OFFICIO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. ATO ILEGAL E ARBITRÁRIO.
SEGURANÇA CONCEDIDA. SENTENÇA MANTIDA.
I - Observando os autos, percebe-se que tanto na peça de ingresso, como em cumprimento à
determinação contida no despacho exarado à fl. 17, há a apresentação de documentos necessários à
aferição da legitimidade e legalidade do ato administrativo em comento. Logo, afastada a preliminar de
ausência de prova pré-constituída.

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II - No caso em apreço, a remoção se deu exofficio, o que conferiria ao Poder Pública a possibilidade
de agir com discricionariedade. Contudo, há muito já se superou o entendimento equivocado de que o
poder discricionário outorgaria ao administrador a possibilidade de atuar livremente, desconhecendo
limites. Em verdade, a discricionariedade trata-se de uma liberdade condicionada, vinculada aos
ditames dos princípios administrativos, especialmente os axiomas da legalidade, da impessoalidade,
da motivação e da supremacia do interesse público ao privado.
III - O ato que ordenou a remoção do apelado encontra-se desacompanhado do seu motivo
justificador. Consequentemente, trata-se de ato eivado de nulidade por ausência de motivação.
(Reexame de sentença e Apelação Cível nº 2005.3005263-4, 4ª Câmara Cível Isolada, Rel. Eliana
Rita DaherAbufaiad, J. 06.03.2008, DJe 12.03.2008).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE


SEGURANÇA. REMOÇÃO DE SERVIDOR DE OFÍCIO. INEXISTÊNCIA DE MOTIVAÇÃO NO ATO
ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E IMPROVIDO.
DECISÃO UNÂNIME.
I - A administração pública tem a prerrogativa de, através de ato discricionário, realizar a remoção de
seus servidores, para melhor atender aos seus escopos.
II - Todavia, a decisão que promove a remoção de ofício deve vir acompanhada da necessária
motivação, para que o servidor e a sociedade possam controlar a legalidade do ato administrativo. In
casu, como não houve a fundamentação do ato do recorrente, agiu bem o julgador singular ao
declarar a nulidade da remoção realizada.
III - Apelação cível conhecida e improvida. IV Decisão unânime. (Reexame de sentença e Apelação
Cível nº Nº 2010.3.017.040-5, 4ª Câmara Cível Isolada TJPA, Rel. Eliana Rita DaherAbufaiad. j.
18.04.2011, DJe 28.04.2011).
REMESSA NECESSÁRIA. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMOÇÃO DE
SERVIDOR PÚBLICO. ATO DISCRICIONÁRIO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO
ADMINISTRATIVO CONTROLE JURISDICIONAL.
O controle dos atos administrativos é um dever, de cujo cumprimento não pode se abster o Judiciário,
sob pena de denegação da prestação jurisdicional devida ao jurisdicionado. É indiscutível a ausência
de direito dos Impetrantes a permanecerem em determinada lotação, quando o interesse público exige
a sua remoção. Entretanto, o que não se pode aceitar é a remoção sem motivação e sem qualquer
demonstração de finalidade pública do ato. Sentença integrada em reexame necessário.
(Reexame Necessário nº 10781-1/2009, 3ª Câmara Cível do TJBA, Rel. Rosita Falcão de Almeida
Maia. j. 02.06.2009).

PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OBRIGATÓRIA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO EX OFFICIO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL PARA OUTRA.
MOTIVAÇÃO. AUSÊNCIA. NULIDADE.
I. Cabe à Administração Pública o poder de organizar e modificar os serviços públicos, obedecendo,
sempre, aos princípios previstos no artigo 37 da Constituição Cidadã.
II. Pode o servidor público ser removido do seu local de lotação quando não detiver a garantia da
inamovibilidade, todavia, o interesse público, no qual se ampara a discricionariedade da Administração
Pública, deve, sob pena de nulidade, ser dotado de motivação, característica esta que elide o arbítrio
do administrador e torna legítima a verificação da conveniência e da oportunidade que caracterizam o
ato.
III. A constatação da ausência de motivação para a prática do ato administrativo permite a
configuração dos requisitos necessários à concessão da segurança: direito líquido e certo da

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servidora Impetrante objetivando a nulidade de ato administrativo ilegal e abusivo de autoridade


pública. Recurso ex officio conhecido e improvido. Sentença confirmada.
(Apelação Cível nº 408-93.2005.8.06.0059/1, 2ª Câmara Cível do TJCE, Rel. Ademar Mendes
Bezerra. unânime, DJ 07.05.2010).

APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO-


CONSTITUCIONAL - SERVIDOR PÚBLICO.
Ação ajuizada por professora municipal removida da escola em que laborava. Remoção ilegal.
Inexistência de motivação. Recurso de apelação desprovido. Sentença confirmada em reexame. O ato
de remoção de servidor público deve ser motivado a fim de evitar possíveis arbitrariedades. Recurso
conhecido e improvido. Sentença confirmada em reexame.
Precedentes da Corte. Decisão unânime.
(Reexame de Sentença e Apelação Cível nº 20053005261-8 (81315), 3ª Câmara Cível Isolada do
TJPA, Rel. Maria Rita Lima Xavier. j. 08.10.2009, DJe 21.10.2009).
Considerando que o autor não detém nenhum fato que desabone sua conduta laboral, estando
apto para trabalhar no local onde se encontrava lotado, questiona-se em que atenderia ao interesse público
retirá-lo de sua lotação e, simplesmente, removê-lo, visto o seu largo histórico de bom desempenho
institucional?

Além do mais, nenhuma destas perguntas foi explicada pela administração penitenciária em seu
ato administrativo, que, genericamente, se pautou na “insubordinação”. Por todas estas razões, revela-se,
desde logo, absolutamente nulo o ato de remoção. Primeiramente, falta um dos requisitos de existência e
validade do ato administrativo, pelo que o mesmo se encontra eivado de nulidade inafastável.

Em segundo lugar, o mesmo fere frontalmente a Constituição Federal quanto ao dever de


motivação declarado, em seu respectivo art. 93, IX; por conseguinte, pelos mesmos motivos acima expostos,
têm-se que o ato administrativo em questão, ao fundar-se em pressuposto de fato que, em verdade, não
existe, conforme se demonstrou claramente, importa em nítida violação à finalidade do ato administrativo,
caracterizando inegável desvio de finalidade. Enfim, é cristalina a nulidade do ato de remoção, devendo ser
declarado nulo o ato administrativo em questão.

Diante do exposto, ausentes os elementos motivadores e observando-se o desvio da finalidade do


ato, o que afronta os princípios constitucionais dos atos administrativos, pugna o Impetrante para que este MM.
Juízo, liminarmente, suspenda seus efeitos e, no mérito, declare sua nulidade.

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5. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

Para a concessão da medida liminar prevista no inciso III, do art. 7º, da Lei n.º 12.016/09 é
necessário que estejam presentes os pressupostos autorizadores – o fundamento relevante e o perigo da
demora.

Para Cássio Scarpinella Bueno “O fundamento relevante deve ser entendido como a alta
possibilidade de ganho do mandado de segurança pelo Impetrante”.

Ainda que assim não fosse, a Constituição Federal de 1998, em seu artigo 37, XVI, versa sobre as
hipóteses excepcionais de cumulação de cargos públicos, devido a necessidade de aproveitamento da
capacidade técnica de alguns profissionais, como por exemplo, a possibilidade da cumulação de dois cargos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, desde que, haja compatibilidade de horários.

Ora, a Impetrante é Terapeuta Ocupacional devidamente habilitado, tendo sido aprovado em


concurso público, atendeu todos os requisitos dispostos no art. 37, II e XVI, da CRFB/88.

Ocorre Excelência, que com a remoção arbitrária, o paciente sofreu lesão a direito líquido e
certo Constitucional, não podendo ser justificável sua “insubordinação”, quando esta não ocorreu, o
que trouxe sérios problemas para o autor, “por se tratar de um assédio moral”, devido a ocorrência do
ato coator.

Nesse sentido, está demonstrada a ilegalidade do ato aqui impugnado. Resta ao Impetrante, por
outro lado, tão somente demonstrar a necessidade da imediata concessão da medida liminar tendo em vista o
outro pressuposto autorizador - o perigo da demora.

No caso em análise, o perigo da demora reside no fato de que o Impetrante sofreu lesão
que tem lhe trazido sérios impactos, psicológicos e profissionais, pois não houve justificativa clara
acerca destas alegada “insubordinação”.

Tais impactos foram imputados ao paciente pela remoção arbitrária sofrida, que o removeu
desnecessariamente. Já o paciente, com a manutenção do ato, ficará irremediavelmente prejudicado, pois
habitualmente exerceu há muitos anos sua profissão no mesmo local com muita dedicação, entusiasmo e
excelente desempenho.

Por essas razões entende estarem presentes os pressupostos autorizadores da concessão da


medida liminar.

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6. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

1. A juntada dos documentos necessários a comprovação do direito líquido e certo do Impetrante;

2. A concessão de medida liminar, inaudita altera pars, para suspender os efeitos do Memorando nº 155/2022-
CSP-SEAP, determinando a manutenção do Impetrante junto ao Centro de Recuperação do Coqueiro-CRC,
sob pena de aplicação de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 137, IV do novo CPC;

3. No mérito e, uma vez cumpridas as formalidades legais e processuais, a confirmação da medida liminar com a
concessão da segurança, determinando a anulação do ato impugnado, condenando a Autoridade Coatora ao
pagamento das custas processuais, honorários advocatícios, além das demais cominações legais;

4. A notificação da autoridade coatora para que preste suas informações no prazo legal consoante o que dispõe o
inciso I, do art. 7º, da Lei n.º 12.016/09;

5. A intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da Lei, conforme artigo
176 e seguintes do NCPC;

6. A cientificação do órgão de Representação Judicial da Pessoa Jurídica de Direito Público;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito.

Valor da causa para efeitos fiscais: R$ 1.000,00 (um mil reais).

São os termos em que,

Pede e espera deferimento.

Belém, 15 de fevereiro de 2022

_________________________________
Dr. Eliézer Silva de Souza
OAB-PA 21.836

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DOCUMENTOS JUNTADOS À INICIAL:

Doc 02: Procuração;

Doc. 03: documento de Identificação;

Doc. 04: Comprovante de residência;


Doc. 05: Termo de Nomeação do concurso;
Doc. 06: Edital do resultado final do concurso SEAD/SEAP;
Doc. 07: Declaração de Tempo de Serviço na SEAP;
Doc. 08: Memorando nº 155/2022-CRC, apresentando a Impetrante para remoção em cumprimento a
determinação da autoridade coatora;
Doc. 09: Comprovante de pagamento de custas judiciais.

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