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PRIMEIROS SOCORROS PARA

PROFESSORES NO AMBIENTE ESCOLAR

ABORDAGEM INICIAL - I

Thaise Novaes Glaser

concursos
Primeiros Socorros para Professores no ambiente
escolar
Abordagem Inicial - parte I

Apresentação
Olá aluno,

Meu nome é Thaise Novaes Glaser, sou fisioterapeuta especialista em Ergo-


nomia e socorrista especialista em urgência e emergência. Sempre segui com as duas áreas
profissionais de forma simultânea, encantada com a dinâmica da ergonomia aplicada ao
ambiente de trabalho e apaixonada pela arte de se dedicar constantemente á busca de co-
nhecimento, aprimoramento prático e eficiência objetivando salvar vidas como socorrista. Os
treinamentos e capacitações sempre gritaram alto e me direcionam há mais de uma década
no ensino, formação de profissionais e capacitação de pessoas na área de urgência e emer-
gência, seja em âmbito pessoal ou profissional.

Sumário
Abordagem inicial - Parte 1......................................................................................................... 3

Controle da coluna cervical......................................................................................................... 5

Pulso............................................................................................................................................. 6

Hemorragia................................................................................................................................... 7
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Abordagem Inicial - parte I

Abordagem inicial - Parte 1

O primeiro objetivo em uma avaliação inicial é verificar a condição atual da vítima. A abordagem
inicial ou também chamada de abordagem primária vai ajudar a definir as decisões de atendimento
e transporte da vítima. Ao fazer isso, é possível ter uma avaliação do estado geral da vítima, assim
como das condições basais do seu sistema respiratório, circulatório e neurológico. As condições
que podem ameaçar a vida da vítima são identificadas nesta abordagem, e as intervenções de
urgência podem então ser aplicadas. Para atingir meus objetivos no atendimento ao trauma, eu
preciso IDENTIFICAR o problema, TRATAR a situação econtrada e REAVALIAR o paciente para saber
se o que estou fazendo está tendo resultado. De acordo com PHTLS (2011) existem 5 etapas que
envolvem esta abordagem primária, e elas possuem uma ordem específica conforme a prioridade
de cada etapa:
a. Atendimento das vias aéreas e controle da coluna cervical
b. Ventilação
c. Circulação (hemorragia e perfusão)
d. Disfunção neurológica
e. Exposição e ambiente
Porém, é importante destacar que a versão da edição 9 do PHTLS agora tem uma atualização,
onde as etapas do atendimento passam a ser representadas por 6 letras : X - A,B,C,D,E. Esta versão
ainda não chegou ao Brasil, mas já foi traduzida para língua portuguesa e tem sido divulgada em
todo país. Portanto, conforme a edição 9 do PHTLS:
X- Controle de hemorragias graves (exsanguinante)
A – Atendimento das vias aéreas e controle da coluna cervical
B - Ventilação
C - Circulação (hemorragia e perfusão)
D – Disfunção neurológica
E - Exposição e ambiente
Após a análise da cinemática do trauma e garantida a segurança do socorrista (inclusive com
uso de EPI´S), da vítima e dos demais presentes, e ainda, após o acionamento dos serviços neces-
sários, inicia-se então cada uma das etapas da Abordagem primária ou Abordagem inicial:

Etapa X - Hemorragias exsanguinantes


Na prática de quem já atua na área e trabalha em equipe, na verdade não muda nada. Mas na
teoria, o “X” se refere ao controle de hemorragias graves (exsanguinantes) que devem ser contidas
antes de realizar o passo A. Já é comprovado que o que mais se mata no trauma é a hemorragia,
ainda que a via aérea (que corresponde ao passo A) seja o que mata mais rápido.
Outra mudança significativa da nona edição do PHTLS é a ratificação do uso do torniquete.
Quando a pressão direta, o curativo compressivo não se mostrarem formas eficazes de controle

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em lesões graves e exsanguinantes, principalmente de extremidades, a técnica de escolha para o


controle do sangramento é o uso de torniquete, considerando a forma correta de uso e tempo de
aplicação.

Etapa A - Vias aéreas e controle da coluna cervical


Inicialmente é importante que o socorrista fale com a vítima, independente do seu nível de
consciência, informando seu nome, sua função e seu objetivo para com o atendimento à vítima.
A via aérea da vítima é então checada, para garantir que esteja permeável, ou seja, aberta e
limpa, e que não exista perigo de obstrução de vias aéreas causada por qualquer tipo de objeto ou
até mesmo pelo relaxamento da língua (em vítimas inconscientes).
A via aérea é fácil de ser avaliada em vítimas conscientes. Mas em vítimas inconscientes,
quando for constatada a obstrução de via aérea, esta deve ser aberta, onde o socorrista utiliza
de manobras até fazer a aplicação de um método mecânico. Na vítima inconsciente a língua fica
flácida e relaxada, caindo para trás e obstruindo a hipofaringe. Uma vez que a língua está presa
à mandíbula, esta pode ser facilmente movimentada através de métodos manuais para remover
este tipo de obstrução.
Há duas manobras principais para desobstrução de vias aéreas: Manobra tração da mandíbula
e Manobra elevação do mento.
A manobra tração da mandíbula é escolhida quando o doente é vítima de um trauma físico e
há suspeita de traumatismo craniano, cervical ou facial. Isso porque nestes casos, a região da
coluna cervical não pode ser mobilizada. Nesta manobra, a mandíbula é empurrada anteriormente
(tracionada), e para esta movimentação a coluna se mantém em posição neutra.
A manobra elevação do mento ou chamada manobra modificada é utilizada basicamente para
vítimas de casos clínicos, ou seja, aquelas onde não há suspeita de trauma e lesão cervical. Isto
porque, durante esta manobra, o queixo e os incisivos inferiores são apreendidos e elevados para
erguer a mandíbula anteriormente. Esta manobra permite a movimentação da coluna cervical
juntamente com a elevação da mandíbula.
Ambas as técnicas permitem (através da movimentação da mandíbula), que a língua se movi-
mente também sendo puxada para frente e abram a boca, ajudando na desobstrução de via aérea
causada pelo relaxamento da língua.
Caso tenha algum objeto obstruindo vias aéreas, podem ser utilizadas técnicas de desobstrução:
movimento de gancho dos dedos para retirar o objeto, movimento de pinça dos dedos para retirar
o objeto ou até mesmo o rolamento de 90º (em caso de líquidos).
A principal causa de obstrução de vias aéreas nas vítimas inconscientes é o relaxamento da
língua. As demais causas de obstrução em vitimas conscientes ou inconscientes incluem: presença
de corpo estranho, fraturas faciais, secreções ou sangue na cavidade oral, restos de alimentos,
aparelhos odontológicos, dentaduras etc.
Para garantir a permeabilidade de vias aéreas nas inconscientes, após a realização da mano-
bra adequada para cada caso, deve-se fazer a colocação de um método mecânico, chamado de
cânula orofaríngea. No entanto este método só é utilizado em vítimas inconscientes, pois após
sua colocação, permite o posicionamento correto da língua e garante a permeabilidade das vias
aéreas. Como não é considerado um método invasivo, a cânula pode ser colocada pelo socorrista.

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Controle da coluna cervical

Sempre que tem- se uma vítima de trauma, deve ser suspeitado de lesões na região da coluna
cervical. Até que esta suspeita seja totalmente excluída, ou seja, até que se tenha certeza de que
não há lesão na coluna cervical e medula espinhal, a vítima deve ser mantida com esta região
imobilizada.
Portanto, enquanto se realiza a avaliação das vias aéreas deve-se também manter a coluna
cervical em posição neutra a fim de evitar lesões. Isso pode ser feito mantendo a mão do socorrista
posicionada na cabeça da vítima, sempre no sentido gravitacional.

Etapa B – Ventilação /Respiração


Nesta avaliação da ventilação (entrada e saída de ar dos pulmões), o objetivo é buscar saber
se a vítima está ventilando. Caso esteja ventilando, consequentemente sabemos que a respiração
(troca gasosa de CO2 por O2) também está acontecendo. O valor esperado de normalidade em um
adulto é de 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto.
É realizada então uma avaliação rápida, buscando: “ VER” a expansão e movimentação da caixa
torácica a fim de saber se esta é superficial ou profunda; “OUVIR” possíveis ruídos a fim de saber
se é ruidosa ou silenciosa e “SENTIR” a temperatura da ventilação, se é fria ou quente.
Após a realização deste método, será possível caracterizar a ventilação/ respiração quanto a:

• Frequência: apneica (ausente), eupineica (normal), bradipneica ( lenta), taquipneica (rápida);


• Caráter: superficial ou profunda;
• Rítmo: rítmica ou arrítmica;
• Ruídos: ruidosa ou silenciosa;
• Temperatura: quente ou fria.
Conforme o resultado encontrado nesta avaliação é que se administra oxigênio para a vítima
(12 a 15l/min).

ETAPA C – Circulação
Ainda fazendo parte da abordagem inicial ou abordagem primária, o outro passo após a “etapa
A” (vias aéreas e controle cervical e “etapa B” (ventilação e respiração), é a “etapa C” (circulação).
Neste momento da “etapa C”, onde a circulação sanguínea da vítima é verificada, além de
buscar a presença ou ausência de pulsação em pontos específicos, é o momento ideal para se
fazer também o controle de grandes hemorragias, que podem certamente, afetar e comprometer
o estado hemodinâmico da vítima.
Neste item da abordagem inicial é avaliada a capacidade do organismo em manter as funções
do sistema circulatório, observando as características da pulsação, o controle das grandes he-
morragias e a perfusão periférica. Porém, devido sua abrangência e complexidade, o controle das
grandes hemorragias merece um capítulo específico e detalhado para sua abordagem.

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Abordagem Inicial - parte I

Pulso

Pulsação é o ciclo de expansão e relaxamento arterial. Corresponde às variações de pressão


sanguínea na artéria durante os batimentos cardíacos.
Inicialmente é verificada a presença de pulsação na vítima e para isso existem artérias especí-
ficas superficiais para revelar quantas pulsações por minuto esta vítima possui. A palpação é um
excelente parâmetro para verificação do sistema cardiocirculatório.

O pulso é avaliado pela presença, quantidade e regularidade.


A presença do pulso periférico palpável também fornece uma
estimativa da pressão arterial. Esta pressão verificação rápida
mostra se a vítima apresenta taquicardia, bradicardia ou ritmo ir-
regular. Também pode revelar informação sobre a pressão arterial
sistólica. Na avaliação primária, não é necessária a determinação
da frequência de pulso exata. Em vez disso, uma estimativa apro-
ximada é rapidamente obtida, e o exame prossegue para outras
avaliações preliminares. Se a vítima não possui pulso carotídeo
ou femoral, então está em parada cardiorrespiratória. (PHTLS)
O correto é utilizar do pulso carotídeo (onde passa a artéria carótida) para verificar a pulsação em
vítimas que estejam inconscientes. Se o pulso carotídeo estiver presente, significa que a pressão
arterial sistólica da vítima é de no mínimo 40mmHg. Já nas vítimas conscientes, pode-se utilizar o
pulso radial (onde passa a artéria radial). Se o pulso radial (ou também pode ser usado o pulso ulnar)
estiver presente, significa que pressão arterial sistólica da vítima é de no mínimo 80mmHg. Há indícios
de que nas crianças, o melhor pulso para ser verificado é o braquial (onde passa a artéria braquial).

(aenfermagem, 2015) (szpilman, 2015)

Através da palpação do pulso, o socorrista é capaz de avaliar a frequência, o ritmo e o volume


circulatório. O valor esperado em um adulto (valor de normalidade) é uma frequência cardíaca de
60 a 100 batimentos por minuto:

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Frequência cardíaca: normocardia (circulação normal), bradicardia (abaixo do valor de norma-


lidade), taquicardia (acima do valor de normalidade) e ausente.

• Ritmo: rítmico ou arrítmico


• Volume: cheio/forte e fino/fraco

Perfusão periférica
A perfusão periférica (tempo de enchimento capilar) apresenta indícios essenciais para o acom-
panhamento da situação hemodinâmica da vítima. É definida como a oxigenação periférica dos
tecidos que deve apresentar-se normocorada em tempo menor que 2 segundos após a compressão
da extremidade. Quando o tempo de enchimento capilar é maior que 2 segundos, isso indica que
os leitos capilares não receberam perfusão adequada.
Outro fator que pode ser acompanhado é a umidade da pele. A pele seca indica boa perfusão. A
pele úmida está associada a choque e a perfusão diminuída. A temperatura também pode mostrar
perfusão diminuída quando a pele está com temperatura fria. A temperatura normal é morna ao
toque. Nem quente, nem fria. Quanto à coloração da pele, uma perfusão adequada irá produzir colo-
ração rosada na pele, já que a pele é pálida quando o sangue é desviado de alguma área. Coloração
pálida está associada a uma perfusão deficiente. Coloração azulada é indicativa de oxigenação
incompleta, causada pela falta de sangue ou oxigênio naquela região do corpo. As mudanças de
coloração acontecem inicialmente nos lábios, nas gengivas e extremidades dos dedos.

Hemorragia

É neste momento da avaliação primária que devem ser identificadas e tratadas as hemorra-
gias. O controle da hemorragia é verificado nesta “etapa C” da abordagem inicial porque, se uma
grande hemorragia não for controlada de imediato, o potencial de mortes do doente aumenta
consideravelmente.

O controle da hemorragia é prioritário, pois cada hemácia é


importante. O rápido controle da perda sanguínea é um dos
objetivos mais importantes no atendimento de um doente trau-
matizado. A avaliação primária só pode prosseguir após o con-
trole da hemorragia. (PHTLS)

Referências
FLEGEL, Melinda J. Primeiros socorros no esporte. 5ª ed. Barueri SP. Ed Manole, 2015
NAEMT. Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. 8ª ed: 2017
SOUSA, Vitor. Livre Tradução do PHTLS 9ª ed: 2018
LEI LUCAS. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm>. Acesso em:
28/07/2019.

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