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Tradução e Translaçã - Contribuições de Versões de Teoria Ator-Rede
Tradução e Translaçã - Contribuições de Versões de Teoria Ator-Rede
net/publication/336675653
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Paulo Fortes
Universidade Federal do Piauí
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All content following this page was uploaded by Paulo Fortes on 20 October 2019.
Autoria
paulo jordao de oliveira cerqueira fortes - paulojordao@ufpi.edu.br
Administração/UFPI
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Resumo
O objetivo principal deste trabalho é descrever as contribuições teóricas da Teoria Ator-Rede
(TAR) para o campo de Administração. O método de produção de dados utilizou o momento
de tradução de problematização para identificar quais as soluções oferecidas pela TAR
poderiam ajudar áreas de conhecimento relacionadas à Administração. O resultado principal
é que os conceitos “tradução” e “translação” marcam diferenças ontológicas e
epistemológicas entre versões de TAR. Outro resultado da pesquisa está no conceito de
ampliação de atores. Conceitos e teorias são ampliados ao serem descritos por suas
controvérsias.
EnEO 2019
Fortaleza/CE - 16 a 18/05/2019
Resumo
O objetivo principal deste trabalho é descrever as contribuições teóricas da Teoria Ator-Rede
(TAR) para o campo de Administração. O método de produção de dados utilizou o momento de
tradução de problematização para identificar quais as soluções oferecidas pela TAR poderiam
ajudar áreas de conhecimento relacionadas à Administração. O resultado principal é que os
conceitos “tradução” e “translação” marcam diferenças ontológicas e epistemológicas entre
versões de TAR. Outro resultado da pesquisa está no conceito de ampliação de atores. Conceitos
e teorias são ampliados ao serem descritos por suas controvérsias.
1 Introdução
O presente artigo busca responder quais as contribuições da Teoria Ator-Rede (TAR) na
produção de Estudos em Administração no Brasil. Para isso, foram selecionados vinte e quatro
artigos em periódicos de administração que utilizaram a TAR para produzir textos de Ciências da
Administração.
A análise dos textos selecionados contribui para o entendimento de que existem versões
de TAR. As versões de TAR identificadas nos textos em Administração, que foram utilizadas
para traduzir realidades, são: a Sociologia das Traduções (CALLON, 1986), a Theory of Science
and Technology Change (TSTC) (CALLON; LAW; RIP, 1986), a Associologia (LATOUR,
2005) e a After ANT (LAW, 1999).
A principal diferença entre as versões de TAR está nos conceitos de tradução e translação.
As traduções são momentos utilizados pela Sociologia das Traduções, pela TSTC e pela
Associologia, enquanto as translações são usadas pelos pesquisadores que utilizam a After ANT
(LAW, 1999).
Traduzir é algo que se faz livre de uma ontologia, (CALLON; LAW; RIP, 1986;
CALLON, 1986; LATOUR, 2005) enquanto transladar é algo que se faz por meio da ontologia
semiótica da materialidade (LAW, 1999).
As similaridades de versões de TAR identificadas é que contribuem na produção de
Ciência da Administração, ao proporcionar uma linguagem capaz de traduzir para textos
conceitos, realidades e teorias. As versões de TAR assumem a posição de uma teoria nula, ou
teoria sem um argumento central causal. Essa forma de produzir ciência busca conhecer os atores
através de suas associações. As controvérsias são as orientadoras da ontologia.
Nas versões de TAR que usam as traduções como unidades de análise, apenas as
controvérsias são o caminho para uma ontologia; a epistemologia é política, pois dá voz aos
atores (CALLON; LAW; RIP, 1986; CALLON, 1986; LATOUR, 2005).
Na After ANT, a ontologia é orientada pela semiótica da materialidade, sendo uma
ontologia de cunho político. A epistemologia não segue um caminho fixo dos momentos de
tradução. A translação é o movimento de representar a realidade usando o relativismo (LAW,
1999). Os conceitos de tradução e de translação marcam, respectivamente, as diferenças
ontológicas e epistemológicas entre versões de TAR nos periódicos de Administração no Brasil.
Existe também o que este artigo classifica como heterogenia. Essa forma de produzir
ciência utiliza os preceitos norteadores de versões de TAR como a simetria, a simplificação, as
traduções e seus momentos, o ponto de passagem obrigatório (PPO) e as caixas-pretas. Os
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autores articulam argumentos de versões de TAR e usam os conceitos centrais para essa
aproximação.
Outra conclusão deste artigo é o conceito de ampliar o objeto estudo. Os textos
selecionados são, em sua maioria, artigos com posições críticas. Autores buscam ampliar
conceitos, teorias, entre outros atores que foram silenciados por outra perspectiva de produção de
ciência. A simplificação é um movimento presente na produção de ciências (CALLON; LAW;
RIP, 1986), e é uma unidade de análise de versões de TAR como a TSTC (CALLON; LAW; RIP,
1986) e a Associologia (LATOUR, 2005). A lente teórica escolhida pelo presente artigo é a
TSTC, que apresenta a simplificação como um movimento de reduzir atores complexos. Um
exemplo de simplificação na Sociologia do Social (LATOUR, 2005), ou a forma comum de
produzir Ciências do Social, é o construto: um conjunto de variáveis que explicam outra variável.
A simplificação é uma ação necessária para o pesquisador conseguir traduzir realidades
em textos, sendo que cada forma de produzir conhecimento possui suas simplificações de
preferências. A seção a seguir detalha como se deu a produção de dados e qual o auxílio da
simplificação no processo de análise e produção de dados.
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exemplo de versão de TAR criada com o auxílio da Sociologia das Traduções. Essa versão de
TAR oferece aos pesquisadores a descrição de atores como o resultado, além de serem fonte de
ação (ANDRADE, 2011).
As políticas públicas são o resultado de estratégias de diversos atores e as práticas
organizacionais são fontes de ação (ANDRADE, 2011). As políticas públicas também são atores
mediadores da ação, que faz outros atores agirem em uma rede nessa versão de TAR (CALLON;
LAW; RIP, 1986).
Na TSCT, tanto textos técnicos quanto acadêmicos podem ser analisados de forma a
revelar o contexto em que foram criados. Esses textos são dotados de ações e fazem outros
agirem (ANDRADE, 2011). Os textos agem e possuem vida própria, são como outros atores na
rede.
Associologia
A Sociologia das Associações ou Associologia é uma versão de TAR que objetiva criar
uma disciplina que participa da Sociologia (LATOUR, 2005). A Associologia se posiciona como
Sociologia por buscar descrever o social, mas para esta versão de TAR o social significa se
associar. Para o autor, a Sociologia dos Social compreende as versões de Sociologia que buscam
utilizar o social como fonte de ação, como algo que explica (LATOUR, 2005).
A Associologia objetiva auxiliar os pesquisadores a traduzir realidades em textos (LEAL;
VARGAS, 2011). Os autores articulam a Associologia e a ST como complementares. Os
momentos de tradução, a mediação da ação por não-humanos e as controvérsias são pontos
similares em ambas as versões (LEAL; VARGAS, 2011). A contribuição da Associologia é
ampliar o campo de pesquisa (LEAL; VARGAS, 2011).
No campo de Administração, especificamente na área de Empreendedorismo, existem
grandes dificuldades de comunicação entre os artigos devido a afiliação epistemológica de cada
trabalho (TONELLI; BRITO; ZAMBALDE, 2011). A Associologia propicia ampliar o campo de
conhecimento de Administração; traduzindo diferentes conhecimentos em uma linguagem
comum (TONELLI; BRITO; ZAMBALDE, 2011).
A mediação dos não-humanos, ou formas de descrever a ação, são preocupações dos
Estudos Organizacionais (EO). A contribuição da Associologia, para os autores, é a tradução de
Teorias Organizacionais para uma linguagem em comum (AMERICO; TAKAHASH, 2014).
A Aprendizagem Organizacional (AO) é um processo que é mediado por diversos atores
não-humanos (AMERICO; TAKAHASH, 2014). O texto apresenta visão crítica da composição e
da estrutura de uma organização (AMERICO; TAKAHASH, 2014). Os autores usam Foucault
(1979) para sustentar teoricamente que uma empresa age de forma desconhecida e que pode
articular relações de poder (AMERICO; TAKAHASH, 2014).
A Associologia contribui na tradução de realidades em textos e é uma forma de criar
conhecimento na área de Administração (MATOS; IPIRANGA, 2016). Para os autores, é
necessário criar mapas para que cientistas consigam empreender ideias devido à pesquisa e o
financiamento serem atores imbricados (MATOS; IPIRANGA, 2016).
A revelação desses caminhos, ou dos rastros deixados no caminho, podem ajudar outros
pesquisadores a empreender suas ideias. Os conceitos da Associologia são utilizados para
descrever as associações da tecnologia desde sua produção até a sua inserção em um mercado
(MATOS; IPIRANGA, 2016).
Os textos são fontes de ação no campo de EOR, pois são os locais onde pesquisadores
encontram suas brechas teóricas (AMÉRICO, 2016). O campo de EOR pode utilizar das
controvérsias da Associologia para melhor delimitar brechas teóricas (AMÉRICO, 2016).
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After ANT
A After ANT é uma versão de TAR que adota as translações como unidade de análise. As
traduções são unidades de análise da Associologia, ST e TSCT. A versão de TAR de John Law
(1999) propõe abandonar duas unidades de análise: a rede e as traduções guiadas por momentos.
Essa versão, adota como ontologia a semiótica da materialidade (LAW, 1999). A visão da rede é
substituída por uma visão fractal e os atores são definidos por sua fluidez.
A After ANT inova ao responder críticas sobre a rede como unidade de análise, sobre a
sequência de traduções para uma associação e de não utilizar uma ontologia. Essa versão de TAR
erradica a rede como unidade de análise, ao invés disso utiliza do plasma. O Plasma é uma
unidade de análise da ST e da Associologia. Nessas versões de TAR o plasma é tudo aquilo que
está por trás de uma rede, aquilo que não pode ser visto. As traduções são substituídas por
translações e adota a ontologia do materialismo semiótico; entretanto mantém o uso de
controvérsias para descrever um ator.
Essa versão de TAR é apresentada como já modelada para superar as críticas impostas
sobre versões prévias de TAR (ALCADIPANI; TURETA, 2009b), como a ST e a TSTC. A After
ANT é uma versão aprimorada de TAR (CAVALCANTI; ALCADIPANI, 2013). Os autores
sugerem que usar a semiótica da materialidade como ontologia é um dos aprimoramentos
(CAVALCANTI; ALCADIPANI, 2013).
A After ANT é apresentada como uma solução para a avançar no campo da Ciência da
Administração utilizando uma ontologia que permita críticas ao próprio campo (MCLEAN;
ALCADIPANI, 2008). Os autores descrevem o campo de Critical Management Studies (CMS) e
a Escola Crítica de Administração (ECA) como fortemente mediados por ontologias explicativas
(MCLEAN; ALCADIPANI, 2008; ALCADIPANI; TURETA, 2009b).
A semiótica da materialidade é apresentada como ontologia que permite traçar a ação e a
ampliar as fronteiras organizacionais. As organizações passam a ser compreendidas como
resultados de ações e não como a origem da ação (ALCADIPANI; TURETA, 2009a). As
organizações são apresentadas como agregados (coletivos) que não possuem fronteiras claras, são
processos fluídos, e são atores não estáveis e imprevisíveis (ALCADIPANI; TURETA, 2009a).
As organizações são associações temporárias, e nem sempre duradouras (ALCADIPANI;
TURETA, 2009a).
As organizações podem ser vistas como fluídas e como não possuindo fronteiras apenas
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Heterogenia
Existem ainda autores que articulam diversos conceitos sem a escolha de uma versão de
TAR, classificada neste artigo como heterogenia. Um exemplo é o modelo de infoinclusão digital
em Piraí (TELES; JOIA, 2012). Os autores descrevem o modelo como uma rede heterogênea em
formação (TELES; JOIA, 2012). A TAR é oferecida livre de uma versão preferencial. Os autores
usam os postulados de versões de TAR como contribuições para justificar e explicar o modelo de
infoinclusão analisado (TELES; JOIA, 2012).
Outra contribuição da TAR nos periódicos de administração é a de dar flexibilidade à
criação e manutenção de processos organizacionais (ALBUQUERQUE, 2012). A área de
modelagem de processos pode traduzir a realidade de associações de atores organizacionais em
mapas.
O problema apresentado é que mapas de processos são estáticos e inflexíveis, pois são
modelos de processos (atividades, eventos e decisões). A finalidade desses mapas não é de
engessar a empresa em um processo, mas de buscar formas de flexibilizar um processo. A TAR
possibilita a compreensão multidimensional sobre a formalização e flexibilização de empresas
(ALBUQUERQUE, 2012). Os autores buscam em versões de TAR descrições sobre o processo
de associação e desassociação (ALBUQUERQUE, 2012).
A TAR é também apresentada como teoria que contribui para o campo de Redes de
Negócios (GIGLIO; HERNANDES, 2012). Os autores discutem métodos de pesquisa utilizados
nas publicações do Enanpad. O método de análise da TAR é sugerido para possibilitar utilizar
atores (humanos e não-humanos) como unidades de análise e como aporte teórico (GIGLIO;
HERNANDES, 2012).
A TAR contribui para a descrição de que os coletivos (humanos e não-humanos) agem no
processo de produzir tecnologias (ANDRADE; LORENZI, 2015). A produção de células de
combustível no Brasil é permeada por redes de atores que agem em conjunto na produção de
tecnologias. A decisão de implantar produção de células de energia não depende somente da
tecnologia de produção ou do financiamento. As políticas energéticas são fortes mediadores
também na produção de células de combustível (ANDRADE; LORENZI, 2015).
A TAR é apontada como uma teoria que possui unidades de análise quantificáveis
(MURRO; BEUREN, 2016). Os autores apresentam um modelo estatístico que relaciona os
momentos de tradução da TAR. Não há distinções de versões de TAR para os autores. A TAR
contribui para que a perícia contábil seja descrita como um coletivo de atores humanos e não-
humanos que se associam através de traduções. A interpretação dos autores, a respeito dos
cálculos estatísticos, é que são usados como mediadores para descrever a união dessa rede
contábil (MURRO; BEUREN, 2016).
Conceitos como simetria, tradução e translação são apresentados como essenciais para
análise organizacional (TONELLI, 2016). A simetria de atores e o conceito de tradução de
realidade são oferecidos a pesquisadores da área de Estudos Organizacionais (EO) para
possibilitar análises críticas (TONELLI, 2016). A sugestão do autor não faz distinção de versões
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de TAR, mas aponta as traduções de realidades como conceito a ser abraçado em pesquisas
críticas na área de conhecimento de EO (TONELLI, 2016).
A tradução de realidades é uma contribuição da TAR para pesquisadores descreverem o
processo de mudança organizacional (CERRETTO; DOMENICO, 2016). A ação dos não-
humanos deve ser considerada durante o processo de mudança organizacional (CERRETTO;
DOMENICO, 2016).
Atores não-humanos agem, influenciam outros atores, são mediadores e são imprevisíveis
em suas ações. Essa visão de instabilidade ou de imprevisibilidade da TAR contribui na descrição
da mudança organizacional como um processo que necessita de ajustes contínuos (CERRETTO;
DOMENICO, 2016).
As caixas-pretas são unidades de análise úteis para descrever situações, no caso,
problemas não resolvidos, para que uma mudança planejada siga seu curso. A contribuição da
TAR é a possibilidade de visualizar o processo de agregação de atores durante uma mudança em
curso (CERRETTO; DOMENICO, 2016).
4 Considerações Finais
As versões de TAR (Sociologia das Traduções, TSCT, Associologia e After ANT )
contribuem para que a produção de textos no campo de Ciência da Administração adote postura
crítica. Os campos de ciências são ampliados com as ontologias mais flexíveis das versões de
TAR apresentadas.
A heterogenia é uma forma de produzir conhecimento de Administração usando os
conceitos centrais de versões de TAR, como as controvérsias como fonte de ontologia, o social
ser algo explicado e não que explica, e que o foco da análise está nas associações de atores
humanos e não-humanos.
Conceitos, teorias e paradigmas, por exemplo, são ampliados com a implantação de
controvérsias. Esse movimento de ampliação é contrário ao movimento de simplificação.
Ampliar, nos periódicos de Administração, significa adicionar complexidade a um ator ao utilizar
controvérsias como fonte de orientação da ontologia, da forma de se definir um ator. O uso das
controvérsias como fonte de orientação ontologia contribui para uma epistemologia flexível, bem
utilizada para criticar o próprio campo de conhecimento, no caso deste artigo, o campo de
Ciência da Administração.
As contribuições da TAR nos periódicos Brasileiros de Administração servem para
ampliar o conceito de Teoria Institucional (DONNELLY, 2010). As controvérsias instaladas no
campo de Administração ajudam a ampliar uma definição antes estável (LEAL; VARGAS,
2011). A TAR contribui com aportes teóricos aos EOR com os conceitos de simetria (TONELLI,
2016) e mediação (CAMILLIS; BUSSULAR; ANTONELLO, 2016).
Um exemplo de ampliação é descrever a cultura como um ator da disciplina de AO
(AMÉRICO; CARNIEL; FANTINEL, 2017). Outro exemplo de ampliação é descrever os
campos de Critical Management Studies (CMS) e a Escola Crítica de Administração (ECA)
como fortemente mediados por ontologias explicativas (MCLEAN; ALCADIPANI, 2008;
ALCADIPANI; TURETA, 2009b).
A ampliação de atores oferecida por versões de TAR podem contribuir para campos de
negócios (business), como Redes de Negócios (GIGLIO; HERNANDES, 2012), ou para área de
contabilidade (MURRO; BEUREN, 2016).
A explicação é um movimento da Sociologia do Social. Nas versões da TAR presentes
nos periódicos de Administração o movimento é contrário à Sociologia do Social. O social
produzido pelas versões de TAR nos periódicos de Administração buscam descrever realidades
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utilizando as associações.
Os textos produzidos pela TAR adotam posição contrária à Sociologia do Social no que
tange à ação. A ação é algo dirigido pelo processo de associação (MATOS; IPIRANGA, 2016) e
de desassociação de atores humanos e não-humanos (ALBUQUERQUE, 2012).
Unidades de análise da TAR, como momento de tradução do interessamento, serve como
aporte teórico para a Teoria das Organizações ao fornecer mecanismos de manutenção de redes
durante uma mudança organizacional (FORNAZIN; JOIA, 2015).
A TAR apresenta flexibilidade nas descrições da realidade ao permitir um ator (humano
ou não-humano) ser fonte de ação (LATOUR, 2005), ou o resultado de ações (ANDRADE,
2011). Essa flexibilidade serve para traduzir realidades (TONELLI; BRITO; ZAMBALDE,
2011), ou mesmo teorias (AMERICO; TAKAHASH, 2014), em uma linguagem comum. A TAR
oferece um vocabulário útil para a tradução de realidades organizacionais em conhecimentos.
A TAR contribui na produção de conhecimento na área de Administração (MATOS;
IPIRANGA, 2016). Ora emprestando seus conceitos para descrever organizações com barreiras
não claras e imprevisíveis (ALCADIPANI; TURETA, 2009a), ora na tradução de novas teorias
para o campo de Administração (MONTENEGRO; BULGACOV, 2015).
A ação dos não-humanos e o princípio da agência contribuem para a descrição do
processo de inserção de tecnologias no mercado (ANDRADE; LORENZI, 2015), e para
implantações de modelos de políticas, como o exemplo de infoinclusão do Piraí (TELES; JOIA,
2012).
Tanto a inserção de tecnologias quanto a implantação de políticas públicas precisam de
incentivos para manter uma rede coesa. A TAR contribui ao visualizar o processo de agregação
de atores durante uma mudança em curso (CERRETTO; DOMENICO, 2016).
A TAR, nas versões aqui apresentadas, objetiva traduzir realidades em uma linguagem
comum. Um exemplo é a contribuição proposta para pesquisadores descreverem as caixas-pretas
dos processos de mudança organizacional (CERRETTO; DOMENICO, 2016). As caixas-pretas
escondem realidades simplificadas para manter a estabilidade de uma rede.
Traduzir e transladar não significam a mesma coisa, pois usam diferentes ontologias e
epistemologias. A After ANT contribui com a semiótica da materialidade como ontologia
(CAVALCANTI; ALCADIPANI, 2013). A substituição da rede pelo conceito de fluidez amplia
a definição de atores, como o de cultura organizacional, por exemplo (LÔBO, 2016).
Os avanços das versões de TAR aqui articuladas oferecem ao pesquisador a flexibilidade
de definir o objeto de estudo através de controvérsias. Traduzir realidades pode ser feito usando
as traduções ou as translações (CAMILLIS; ANTONELLO, 2016).
A primeira contribuição da TAR para este artigo é apresentar a unidade de análise de
simplificação de argumentos para remontar os problemas e as soluções oferecidos por autores de
Administração.
A análise de simplificação, ou do que fora simplificado em cada artigo, possibilitou
descrever o processo de ampliação de atores. Ampliar é um movimento que busca adicionar
complexidade através da implantação de controvérsias.
Outra contribuição deste artigo é diferenciar ontologias e epistemologias de versões de
TAR pela identificação de conceitos como tradução (Associologia, ST e TSTC) e translação
(After ANT). Existe ainda a produção de conhecimento em Administração sem o uso de uma
versão específica, classificada neste artigo como heterogenia.
Agradecimentos
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Referências
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