Você está na página 1de 9

Caso 8

1. O militar de atendimento, recebeu uma chamada telefónica a relatar que se estavam a realizar
“picanços” (street racing) entre automóveis na zona Industrial.
De imediato, a patrulha das ocorrências deslocou-se para o local, acionando o Destacamento de
Intervenção.
Chegados ao local, confirmaram a denúncia e verificaram que a estrada se encontrava bloqueada por
viaturas de presumíveis participantes, e que se encontravam dois carros a competir entre si, em sentido
oposto ao legalmente estabelecido e a alta velocidade.
Os militares procederam à detenção dos dois condutores que se encontravam a competir, Luis e Carlos, e
identificaram os proprietários das restantes viaturas que se encontravam a bloquear a estrada.
a) Face aos factos enunciados, Luis e Carlos, poderiam incorrer em responsabilidade criminal?

b) Estabeleça a diferença entre os pressupostos tipificados no art.º 291.º/1 CP e os pressupostos previstos


no n.º 2 do mesmo artigo?

.
2 Com o intuito de reunir o máximo de indícios da prática do crime, a patrulha determinou que várias
pessoas se não afastassem do local até serem identificadas, com vista a ser feita uma triagem do seu
eventual interesse probatório e até responsabilidades criminais relativamente aos factos.
Comente a atitude dos militares da patrulha.

3. Suponha que Armindo, depois de advertido pela patrulha, insistiu


em não permanecer no local, referindo que não tinha qualquer
ligação com as corridas ou com os condutores, pois apenas estava
a assistir.
Poderia, eventualmente, Armindo incorrer em responsabilidade
criminal por não acatar a ordem dos militares?
4. Considerando a questão anterior, e de que Armindo não havia acatado a ordem dos militares, estes
resolveram proceder à sua detenção. Porém, Luís e Pedro, filho e genro de Armindo, respetivamente,
colocaram-se entre os militares e Armindo opondo-se de forma declarada (com recurso a alguns
empurrões no peito e cara dos militares) que a detenção fosse formalizada, mostrando-se sempre hostis a
tal ação, proferindo ainda palavras ofensivas da honra, quer aos militares quer à própria Guarda (“Vocês
são sempre a mesma merda! Andam a comer na mão do Costinha, do Marcelito e da GNR! Andam
sempre à caça dos mesmos! Vocês tenham vergonha nessa cara!”
a) À luz dos Acórdãos, do Tribunal da Relação de Guimarães de 09-01-2017, Proc. 622/14.2GBBCL.G1, e
do Tribunal da Relação de Coimbra de 09-09-2015, Proc. 234/12.5PANZR.C2, analise a atitude tomada
por Luís e Pedro relativamente à oposição à detenção.

b) Suponha que a conduta de Pedro e de Luís enquadraria o crime de Resistência e Coação, previsto no
art.º 347.º CP. Partindo da análise ao Acórdão do Tribunal da Relação de Évora de 24-09-2013, Proc.
356/090GELLE.E1, faça o possível enquadramento legal relativamente às expressões ofensivas proferidas
por Pedro e Luís?

Todas as respostas devem ser legalmente fundamentadas.


3. Suponha que Armindo, depois de advertido pela patrulha, insistiu
em não permanecer no local, referindo que não tinha qualquer
ligação com as corridas ou com os condutores, pois apenas estava
a assistir.
Poderia, eventualmente, Armindo incorrer em responsabilidade
criminal por não acatar a ordem dos militares?

A desobediência as ordens da autoridade são puníveis desde que a autoridade faça a cominação prevista
no artigo 348 n.º1 do CP.

- A criminalização da desobediência tem por finalidade a tutela da autonomia intencional do


Estado, o que equivale a assegurar o acatamento pelos membros da comunidade das
determinações legítimas das autoridades públicas e dos seus agentes.

- A lei não exige forma especial para a cominação a que se refere a al. b) do n.º 1 do art. 348.º
do Código Penal, mas é indispensável que o seu conteúdo seja claro e inequívoco, sob pena de
se colidir com princípio da legalidade penal, consagrado, nomeadamente, no art. 1.º do CP e no
art. 29.º da CRP.

Artigo 348.º

Desobediência

1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandado legítimos, regularmente comunicados e


emanados de autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de
multa até 120 dias se:
a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou
b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a correspondente cominação.
2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição legal cominar a
punição da desobediência qualificada.

A jurisprudência nacional é rica nestes exemplos, para o conceito de aviso, Santos


(2008, p. 334-335)e Henriques (2000, p. 1094)fazem referência aoAcórdão(Ac.)do
Tribunal da Relação do Porto (TRP) de 7 de Março de 1984, onde se entende que
“um aviso não é uma ordem”, tendo por base uma situação onde um “agente da
autoridade limitou-se a avisar o recorrente para se retirar do local onde estava a
vender”; segundo o mesmo acórdão, o recorrente não podia ser incriminado por
desobediência, pois, o agente da autoridade não deu qualquer ordem ao recorrente.

A desobediência cominada por uma autoridade competente é muitas vezes


designada por ad hoc, porque na inexistência de uma cominação por desobediência
a uma ordem, para um caso concreto, o legislador dá a possibilidade, para aquele
acto específico e não generalizado, de a autoridade ou funcionário solucionar o
problema da falta de disposição legal que comine a punição por desobediência;
“não sendo possível ao destinatário da norma criminal cometer um crime sem o
saber”(Borges, 2011, p. 79).

O que deverá ser levado em conta para que haja crime de desobediência, perante
uma ordem legítima de identificação de um OPC, é que a cominação e a
comunicação regular da ordem deverão ser clara se inequívocas, de modo a fundar
no indivíduo a consciência da ilicitude; sem a qual não se reunirão os elementos
objectivos e subjectivos do art. 348.º do CP.

Através da cominação ou advertência da punição, o agente da prática dos factos


terá de perceber que, com a sua conduta, poderá incorrer num crime de
desobediência. Para a cominação ser correcta, deveremos referir expressamente a
norma legal que o visado está a infringir; pois este é um dos requisitos
fundamentais do crime de desobediência.

“Uma ordem legítima deverá ser clara, percetível, legal e dada no âmbito das
competências de uma autoridade ou funcionário”, Esta ordem terá de ser emanada
por uma autoridade ou funcionário no exercício das suas funções, imbuído de poder
público, e terá de ser reconhecido pelo visado como tal.
A cominação poderá vir expressa na disposição legal que se está a infringir ,art.
348.º n.º 1, al. a),ou poderá ser feita funcionalmente, ou ad hoc, pela autoridade ou
funcionário art. 348.º n.º 1, al. b), ambos do CP.

Para uma determinada acção ou conduta ser tipificada como crime de


desobediência, terá de haver um desrespeito a uma ordem ou mandado legítimos,
que consubstancie um comando positivo ou negativo, regularmente transmitido ao
agente da prática dos factos, emanado de uma autoridade ou funcionário imbuído
de poderes público e agindo dentro da suaesfera de competências; e
ganharárelevância penal,se subsumida também a uma cominação, ou advertência
da punição, efectuada por uma disposição legal, ou na sua ausência, por uma
autoridade ou funcionário competente para praticar o acto.
Requisitos desobediência:
-Ordem legitima legal
-Por autoridade competente
-Cominação da ordem ser clara e inequívoca.

Artigo 173.º CPP


(Pessoas no local do exame)
1 - A autoridade judiciária ou o órgão de polícia criminal competentes podem determinar que
alguma ou algumas pessoas se não afastem do local do exame e obrigar, com o auxílio da força
pública, se necessário, as que pretenderem afastar-se a que nele se conservem enquanto o exame
não terminar e a sua presença for indispensável.
2 - É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 171.º, n.º 4.

“ ARTIGO 171ºCPP
4 - Enquanto não estiver presente no local a autoridade judiciária ou o órgão de polícia criminal
competentes, cabe a qualquer agente da autoridade tomar provisoriamente as providências
referidas no n.º 2, se de outro modo houver perigo iminente para obtenção da prova.

2 - Logo que houver notícia da prática de crime, providencia-se para evitar, quando possível, que
os seus vestígios se apaguem ou alterem antes de serem examinados, proibindo-se, se necessário,
a entrada ou o trânsito de pessoas estranhas no local do crime ou quaisquer outros actos que
possam prejudicar a descoberta da verdade.
3. Suponha que Armindo, depois de advertido pela patrulha, insistiu
em não permanecer no local, referindo que não tinha qualquer
ligação com as corridas ou com os condutores, pois apenas estava
a assistir.
Poderia, eventualmente, Armindo incorrer em responsabilidade
criminal por não acatar a ordem dos militares?

A desobediência as ordens da autoridade pode ser punível criminalmente.

Artigo 348.º CP

Desobediência

1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandado legítimos, regularmente comunicados e


emanados de autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de
multa até 120 dias se:
a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou
b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a correspondente cominação.
2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição legal cominar a
punição da desobediência qualificada.

1.- O crime de desobediência do Artº 348º CP tem como elementos objetivos:


a) a ordem ou mandado; ( não abandonar o local)
b) a sua legalidade formal ; (artigo 173º CPP)
c) a competência da autoridade ou funcionário para a sua emissão; (militar da gnr em funções)
d) a regularidade da sua comunicação ao destinatário;
e) a cominação, a conferir à conduta transgressora, o carácter de desobediência (alínea b);
(informado qual a norma regra lei que transgride e como pode ser punido)
f) o conhecimento pelo agente dessa ordem. (perceber inequivocamente a ordem)

- A lei não exige forma especial para a cominação a que se refere a al. b) do n.º 1 do art. 348.º
do Código Penal, mas é indispensável que o seu conteúdo seja claro e inequívoco, sob pena de
se colidir com princípio da legalidade penal, consagrado, nomeadamente, no art. 1.º do CP e no
art. 29.º da CRP.

Através da cominação e advertência da punição, o agente da prática dos factos terá


de perceber que, com a sua conduta, poderá incorrer num crime de desobediência.
Para a cominação ser correta, deveremos referir expressamente a norma legal que
o visado está a infringir; pois este é um dos requisitos fundamentais do crime de
desobediência.

A diferença entre a alineas a) e b) :


condutor que
- alínea a) existe uma norma lei que explicita o crime de desobediência exemplo do
sujeito de uma ordem de autoridade de fiscalização rodoviária para se submeter às provas
de deteção de álcool, se recusa a tal, a norma que adverte para o crime é o artigo 152 n.º3
do Codigo da Estrada.
-Enquanto que na alínea b) havendo base legal para exigir a acção mas não a comina com a
desobediência tem o agente da autoridade de o fazer obrigatoriamente.

PARA ARMINDO INCORRER NO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA O ELEMENTO DA PATRULHA TERIA


DE INFORMA-LO QUE NÃO PODERIA SAIR DO LOCAL NOMEANDO A RAZÃO ( contida no artigo 173
CPP ) E INFORMANDO QUE INCORRERIA NO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA PREVISTO NO ARTIGO
348º DO CÓDIGO PENAL SE ABANDONASSE O LOCAL..

RESUMINDO:
Para uma determinada acção ou conduta ser tipificada como crime de
desobediência, terá de haver um desrespeito a uma ordem ou mandado legítimos,
que consubstancie um comando ordem, regularmente transmitido ao agente da
prática dos factos, emanado de uma autoridade ou funcionário imbuído de poderes
público e agindo dentro da sua esfera de competências.
Ganhará relevância penal, se procedida por uma cominação, ou advertência da
punição, efectuada por uma disposição legal, ou na sua ausência, por uma
autoridade ou funcionário competente para praticar o acto.
3. Suponha que Armindo, depois de advertido pela patrulha, insistiu em não
permanecer no local, referindo que não tinha qualquer ligação com as
corridas ou com os condutores, pois apenas estava a assistir.
Poderia, eventualmente, Armindo incorrer em responsabilidade criminal
por não acatar a ordem dos militares?

A desobediência as ordens da autoridade pode ser punível criminalmente.

Artigo 348.º CP

Desobediência

1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandado legítimos, regularmente


comunicados e emanados de autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de
prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias se:
a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou
b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a
correspondente cominação.
2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição
legal cominar a punição da desobediência qualificada.

Ora o crime de desobediência do Artº 348º CP tem como elementos objetivos:


a) a ordem ou mandado;
b) a sua legalidade formal ;
c) a competência da autoridade ou funcionário para a sua emissão;
d) a regularidade da sua comunicação ao destinatário;
e) a cominação, a conferir à conduta transgressora, o carácter de desobediência (apenas
na alínea b);
f) o conhecimento pelo agente dessa ordem.

- A lei não exige forma especial para a cominação a que se refere a al. b) do n.º 1 do art.
348.º do Código Penal, mas é indispensável que o seu conteúdo seja claro e inequívoco, sob
pena de se colidir com princípio da legalidade penal, consagrado, nomeadamente, no art. 1.º
do CP e no art. 29.º da CRP.

-Através da cominação e advertência da punição, o agente da prática dos factos terá de


perceber que, com a sua conduta, poderá incorrer num crime de desobediência.
Para a cominação ser correta, deveremos referir expressamente a norma legal que o visado
está a infringir; pois este é um dos requisitos fundamentais do crime de desobediência.
A diferença entre a alineas a) e b) do n.º1:
- Alínea a) existe uma norma lei que explicita o crime de desobediência, exemplo do
condutor que sujeito de uma ordem de autoridade de fiscalização rodoviária para se
submeter às provas de deteção de álcool, se recusa a tal, a norma que adverte para o crime é
o artigo 152 n.º3 do Código da Estrada.
-Enquanto que na alínea b) havendo base legal para exigir a ação mas não a comina com a
desobediência tem o agente da autoridade de o fazer obrigatoriamente.

PARA ARMINDO INCORRER NO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA O ELEMENTO DA


PATRULHA TERIA DE INFORMA-LO QUE NÃO PODERIA SAIR DO LOCAL
NOMEANDO A RAZÃO ( contida no artigo 173 CPP ) E QUE INCORRERIA NO
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA PREVISTO NO ARTIGO 348º DO CÓDIGO PENAL SE
ABANDONASSE O LOCAL..

Você também pode gostar