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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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Os benefícios da psicomotricidade em crianças de dois a
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quatro anos com diagnóstico do Transtorno de Espectro do
Autismo (TEA)
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Por: Juliana Barbosa Argento


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ORIENTADOR:
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Profa. Me. Fátima Alves


EN
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Rio de Janeiro,
DO

2016
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Os benefícios da psicomotricidade em crianças de dois a


quatro anos com diagnóstico do Transtorno de Espectro do
Autismo (TEA)

Apresentação de monografia à AVM como requisito


parcial para obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade.
Por: Juliana Barbosa Argento.

Rio de Janeiro,
2016
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que sempre me deu força


e garra para lutar por todos os meus sonhos, e a
conquista-los. A minha família, que sempre
acreditou em mim, me apoiando. Aos meus
amigos que fazem parte de cada conquista, pois
vibram com cada vitória. E aos autistas, que me
fizeram enxergar um mundo com outros olhos,
tornando-o cada dia mais azul.
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos os autistas com que


já trabalhei, que trabalho e os que futuramente
trabalharei, com vocês aprendi e ainda continuo
aprendendo muita coisa. Cada momento é único e
muito especial, também dedico aos pais desses
anjos azuis por confiarem no meu trabalho.
RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é transtorno de


neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na interação social,
comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restrito, muitas vezes
podendo apresentar também sensibilidades sensoriais. As causas do Transtorno do
Espectro Autista (TEA) ainda são desconhecidas. Não existe um padrão fixo e o
comportamento vai variar de acordo com cada sujeito, porém podemos dizer que
serão manifestados nos seus primeiros anos de vida, afetando o social,
comprometendo a comunicação e apresentando dificuldades motoras. De acordo
com as dificuldades observadas para realizar determinadas atividades do dia- a –dia,
ficamos com o questionamento de como a psicomotricidade poderia ajudar os
autistas. Realizar trabalhos com o esquema corporal do sujeito com Transtorno do
Espectro Autista (TEA) é de extrema importâncias, através disso seus corpos vão
poder responder de forma adequada aos movimentos desejados. Muitas vezes os
autistas não têm noção de seus corpos, sendo assim a necessidade esses corpos
precisam ser estimulados através de diversos jogos psicomotores, onde pode ser
trabalhado a consciência do seu corpo dentro do espaço desejado, tendo como
consequência o domínio do mesmo. O objetivo desse trabalho é ajudar os autistas a
trabalharem suas dificuldades motoras através dos jogos psicomotoras, para que
com o tempo possam realizar suas atividades do cotidiano com a melhor qualidade
possível.
METODOLOGIA

O trabalho realizado vai envolver um estudo a partir do ambiente


terapêutico tendo como destaque a contribuição dos jogos psicomotores adaptação
e aprendizagem da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA), agregando
dinamicamente o pensamento ao movimento.

A metodologia utilizada será uma pesquisa bibliográfica com o embasamento


teórico: ALVES, Fátima. Como aplicar a psicomotricidade. Rio de Janeiro:
Wak,2007- ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, ação e emoção. Rio de
Janeiro: Wak,2012 – CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão. Rio de Janeiro:
Wak,2014- CHIOTE, Fernanda. Autismo, o que os pais devem sabe. Rio de Janeiro:
Wak,2013 - MACHADO e NUNES, José Ricardo M. e Marcus Vinícius S. 100 Jogos
Psicomotores. Rio de Janeiro: Wak,2011 - RODRIGUES e Spencer, Janine Marta
Coelho. e Eric. A Criança Autista, um estudo pedagógico. Rio de Janeiro: Wak2010 -
TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos Transtornos Escolares. Rio de Janeiro:
BestSeller2014. Junto com as observações realizadas no psicológico às crianças
com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Autismo: conhecendo e identificando a patologia 10

CAPÍTULO II

Psicomotricidade 25

CAPÍTULO III

A contribuição dos jogos psicomotores nas crianças com

Transtorno do Espectro Autista (TEA) 30

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42
INTRODUÇÃO

Segundo Cunha (2014), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) vai se


manifestar nos primeiros anos de vida do sujeito, até agora suas causas ainda são
desconhecidas, sendo uma síndrome complexa podendo haver diagnósticos
médicos cercados de quadros com comportamentos diferentes.

Sendo assim é de extrema importância uma observação atenta dos pais e


profissionais que forem trabalhar com a criança na primeira infância. No primeiro
capítulo iremos abordar a forma de se observar o primeiro a história do Transtorno
do Espectro Autista (TEA), sendo preciso deve-se procurar um médico para que seja
diagnosticado. Tendo como sintomas: não atender quando é chamado (no início
pode haver confusão com surdez dependendo da idade), isolamento, falta do
contato visual, ecolalia (forma de afasia em que o paciente repete mecanicamente
palavras ou frases que ouve), estereotipias (movimentos repetitivos), agitação
desordenada, entre outros tipos variados de comportamentos.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda não tem cura, entretanto


com terapias e tratamento multidisciplinar suas dificuldades do cotidiano vão
diminuir, com isso vão ter uma qualidade de vida melhor.

A psicomotricidade é uma ciência no qual o objetivo é estudar o homem


através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.
No segundo capítulo falaremos sobre como a psicomotricidade pode vir a contribuir
na adaptação do sujeito com a aprendizagem e na adaptação ao meio, organizando-
se de forma com que as atividades propostas possibilitem atitudes comportamentais
a partir de estímulos e interpretações. Com isso podemos dizer que a
psicomotricidade é extremamente importante no trabalho realizado com os na vida
dos autistas, pois trabalharemos a motricidade, hipersensibilidade e os aspectos
sensoriais.

Para finalizar no terceiro capítulo, mostraremos a importância dos jogos


psicomotores, o brincar é fundamental, leva o sujeito a aprendizagem através do
brincar. Sendo assim os autistas vão ter noção de espaço, descobrir seu corpo,
aprender a esperar, a socializar, a interagir com o outro e muito mais de uma forma
totalmente lúdica.

Com amor, dedicação e muito trabalho as pessoas portadoras do


Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem melhorar muito a sua qualidade de
vida, os jogos psicomotores é uma das muitas possibilidades para a realização das
conquistadas de cada um dos sujeitos envolvidos.
CAPÍTULO I

O AUTISMO

O TEA (Transtorno de Espectro Autista) é uma síndrome que ainda desconhecemos


sua origem, porém sabe-se que os fatores genéticos possuem uma grande
contribuição para sua existência, essa síndrome se encontra mais presente no sexo
masculino do que no feminino, o TEA é possui uma grande complexidade que
existem diversos fatores que muitas vezes dificultam o diagnóstico precoce.

1.1. História do autismo

O autismo, sem sombra de dúvidas é o TID (Transtorno Invasivo do

Comportamento) mais conhecido mundialmente. Tem como principais condições, um

prejuízo permanente na parte da interação social, na habilidade de comunicação e

padrões de comportamento de caráter limitado e estereotipado. Essas

anormalidades no funcionamento em cada uma dessas áreas começam a ter

evidência por dos 3 anos de idade aproximadamente. Segundo pesquisas, em torno

de 60 a 70% dos indivíduos que possuem autismo funcionam na categoria de

retardo mental, ainda que esse percentual esteja diminuindo de acordo com estudos

mais atuais.

Segundo Lira (2004), autismo é resultado da junção de duas palavras gregas:

“autos” que significa “em si mesmo” e “ismo” que significa “voltado para”, sendo

assim o termo autismo originalmente significava “voltado para si mesmo".

Segundo Gauderer (1993) o termo autista foi usado pela primeira vez na

Psiquiatria, por Plouller no ano de 1906, que na época estudava como se dava o

processo de pensamentos em pacientes com quadro de esquizofrenia. De acordo


com Gomes (2007), no ano de 1911, Bleuler usou o termo autismo para descrever

um dos sintomas da esquizofrenia que era a perda de contato com a realidade e o

isolamento social por parte dos indivíduos.

Até o momento, todas as citações sobre autismo estavam sempre


relacionadas com a esquizofrenia. Somente no ano de 1943 que os primeiros
trabalhos expressivos sobre o autismo ganharam destaque graças as pesquisas de
Leo Kanner, um psiquiatra austríaco que classificou o autismo inicialmente como
uma síndrome e recebeu a denominação de "autismo infantil precoce" (Kanner, 1997
[1943]). Kanner descreveu 11 casos dos quais foram denominados "distúrbios
autísticos do contato afetivo". Em 7 desses 11 primeiros casos, as crianças
recusavam a se alimentar e em alguns casos extremos era necessário a utilização
de uma sonda nos primeiros meses de vida e todas apresentavam graves distúrbios
de alimentação. Segundo Kanner (1943) a alimentação é a primeira intrusão vinda
do exterior para a criança. Em 5 casos ele identificou uma incapacidade de se
relacionar de forma usual com outras pessoas desde o início da vida. No estudo dos
casos, Kanner também observou que os indivíduos apresentavam certas respostas
incomuns ao ambiente em que estavam inseridos, além da incidência de
movimentos motores estereotipados. Foi observado resistência à mudança de
rotinas ou insistência na monotonia. Nos aspectos de comunicação, verificou que
essas crianças faziam inversão dos pronomes e tinham tendência ao eco na
linguagem (ecolalia). Kanner (1943) chegou a um denominador comum para todos
os casos estudados, e em suas palavras afirmou que todas apresentavam uma
inaptidão para estabelecer relações normais com as pessoas e as situações desde o
início da vida.
De acordo com Gauderer (1993), nos anos que se seguiram, o autismo
ganhou diversas denominações de acordo com a área que os autores exploravam.
Bender em 1947 usou o termo "Esquizofrenia Infantil", pois segundo seus estudos o
autismo era a forma mais precoce de esquizofrenia. Rank em 1949 baseado na
visão psicanalítica denominou como "Desenvolvimento Atípico do Ego". Mahler no
ano de 1952 associou a causa do autismo ao relacionamento entre mãe e filho e
empregou o termo "Psicose Simbiótica". Bender novamente em 1956 na tentativa de
diferenciar retardo mental e autismo utilizou os termos "Pseudo-Retardo" ou
"Pseudo-Deficiente".
Sempre houveram controvérsias sobre qual seria a natureza e etiologia do
autismo. A crença mais comum no passado era a de que o autismo era causado por
pais pouco responsivos emocionalmente aos seus filhos (hipótese da "mãe
geladeira"). Atualmente essa noção foi abandonada na maior parte do mundo, e tem
pouca presença em algumas partes da Europa e América Latina. Em meados dos
anos 60, surgiram estudos sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral
presente desde a infância e que podia ser encontrado em todos os países e grupos
socioeconómicos e étnico-raciais que foram investigados.
Segundo Cohen (apud Sousa e Santos, 1990) foi somente no início da
década de 60 que surgiram resultados relevantes para uma melhor compreensão
sobre o autismo, a partir de importantes estudos do "Medical Research Council’s
Developmental Psychology Unit".
Michael Rutter (1978) propôs um a definição do autismo que foi um marco na
classificação desse transtorno. Ele utilizou como base, quatro critérios: 1) atraso e
desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) problemas de
comunicação, novamente, não só em função de retardo mental associado; 3)
comportamentos incomuns, tais com o movimentos estereotipados e maneirismos; e
4) início antes dos 30 meses de idade.
Para Gauderer (1993) as definições de autismo da "National Society for
Autistic Children" (Sociedade Nacional para Crianças Autistas), da OMS
(Organização Mundial da Saúde) e a da "Associação Americana de Psiquiatria" são
as três principais e mais relevantes nos dias atuais.
O mesmo autor cita que a definição de autismo para a "National Society for
Autistic Children" é:

"uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de


maneira grave durante toda a vida. É incapacitante e aparece
tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de cinco
entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre
meninos que meninas. É encontrada em todo mundo e em família de
qualquer configuração racial, étnica e social.[...]. Os sintomas [...]
incluem: 1. Distúrbio no ritmo de aparecimento de habilidades físicas,
sociais e linguísticas; 2. Reações anormais às sensações. As funções
ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio,
olfato, gustação e maneira de manter o corpo; 3. Fala e linguagem
ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar presentes
ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideais. Uso de
palavras sem associação com o significado. 4. Relacionamento
anormal com objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas
a adultos ou crianças. Objetos e brinquedos não usados de maneira
devida. [...] A pessoa portadora de autismo tem uma expectativa de
vida normal. Uma reavaliação periódica é necessária para que
possam ocorrer ajustes necessários quanto às suas necessidades,
pois os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a
idade." (GAUDERER, 1993, pág. 3)

As outras duas definições citadas por Gauderer (1993) da OMS (Organização


Mundial da Saúde) e da "Associação Americana de Psiquiatria" utilizam as mesmas
definições elaboradas pelos principais manuais de diagnóstico de patologias
mentais, que são o CID-10 e o DSM-V respectivamente. Iremos abordar mais
profundamente essas definições quando citarmos os critérios para o diagnóstico do
autismo mais à frente.
No ano de 1966, Victor Lotter realizou o primeiro estudo epidemiológico sobre
autismo. Foi apontado um índice de prevalência de 4,5 em uma amostra de 10.00 0
crianças de 8 a 10 anos residentes em um condado ao noroeste de Londres. Desde
os primeiros trabalhos de Lotter, milhões de crianças foram pesquisadas pelo mundo
todo e diversos estudos epidemiológicos foram relatados na literatura.
Em estudos mais recentes, segundo a ABP (Associação Brasileira de
Psiquiatria), os índices de prevalência resultantes, apontam para um índice
conservador de 1 indivíduo com autismo a cada 1.000 nascimentos. Indica cerca de
mais 4 indivíduos a cada 1.000 nascimentos com transtorno de espectros do autismo
(síndrome de Asperger, TID-SOE).

1.2. Critérios para diagnóstico (CID-10 e DSM-V)

Segundo Suplino (2007), descreve o CID-10 e o DSM-V, como os principais


manuais de diagnósticos que fazem referência ao autismo. Em ambos o autismo é
caracterizado como um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD).
O CID-10 é o manual de classificação Internacional de doenças e problemas
relacionados à saúde. Sua publicação é feita pela OMS (Organização Mundial de
Saúde) e tem o intuito de padronizar a codificação de doenças e outros problemas
relacionados à saúde e nele é fornecido códigos que fazem relação com a
classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos
anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para doenças. Como
dito anteriormente o CID-10, considera o autismo como um TGD (Transtorno Global
do Desenvolvimento) e o classifica como:
“a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da
idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica
do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes:
interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e
repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de
numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo, fobias,
perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou
agressividade (auto-agressividade)." (OMS, 1993, p. 367 apud
SUPLINO, 2007, p.28)

Portanto o autismo é colocado como uma perturbação que afeta a interação


social, comportamento e comunicação do indivíduo. Os critérios para diagnóstico do
autismo segundo o CID-10 são:

Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos:


A) Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos três
dos próximos cinco itens:

1. Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial,


gestos e postura corporal para lidar com a interação social;
2. Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo;
3. Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de
tensão ou ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que
apresentem ansiedade ou infelicidade;
4. Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a
felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar
suas próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas.
5. Falta de reciprocidade social e emocional.

B) Marcante lesão na comunicação:


1. Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes;
2. Diminuição de ações imaginativas e de imitação social;
3. Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos;
4. Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade
e imaginação em processos mentais;
5. Ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras
pessoas.
6. Pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a
modulação comunicativa.
7. Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação
oral.

C) Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e


atividades, manifestados por pelo menos dois dos próximos seis itens:
1. Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse;
2. Apego específico a objetos incomuns;
3. Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais
específicos;
4. Hábitos motores estereotipados e repetitivos;
5. Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de
recreação;
6. Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do
ambiente.

D) Anormalidades de desenvolvimento devem ter sido notadas nos primeiros três


anos para que o diagnóstico seja feito.
O DSM-V é o manual mais utilizado por profissionais da área de saúde
mental. Sua publicação é feita pela APA (American Psychiatric Association -
Associação Americana de Psiquiatria) e nele é listado diferentes categorias de
transtornos mentais e seus critérios para diagnóstico. O DSM-V já passou por 5
grandes revisões desde sua edição desde sua primeira publicação em 1952 e a
versão atual foi publicada em maio de 2013. Sua nova versão traz mudanças
significativas para o diagnóstico do autismo e uma nova estrutura de sintomas. A
tríade de sintomas que modela déficits de comunicação separadamente de prejuízos
sociais, que foi substituída por um modelo de dois domínios, sendo um relativo a
déficit de comunicação social e outro segundo relativo a comportamentos/interesses
restritos e repetitivos. Além disso, o critério de atraso ou ausência total de
desenvolvimento de linguagem expressiva foi eliminado, uma vez que pesquisas
recentes mostram que esta característica não é universal, nem específica de
indivíduos com TEA.
As características e diagnóstico apresentados a seguir se baseiam ainda nas
determinações do DSM-IV e de acordo com o mesmo, o autismo está caracterizado
com um TID (Transtorno Invasivo do Comportamento) e é apresentado com as
seguintes características:

"[...] a presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou prejudicado na


interação social e comunicação e um repertório marcantemente restrito de atividades
e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do
nível de desenvolvimento e idade cronológica do indivíduo. [...]. O prejuízo na
interação social recíproca é amplo e persistente [...] Uma falta de reciprocidade social
ou emocional pode estar presente (por ex., não participa ativamente de jogos ou
brincadeiras sociais simples, preferindo atividades solitárias, ou envolve os outros em
atividades apenas como instrumentos ou auxílios "mecânicos"). Frequentemente, a
conscientização da existência dos outros pelo indivíduo encontra-se bastante
prejudicada. Os indivíduos com este transtorno podem ignorar as outras crianças
(incluindo os irmãos), podem não ter ideia das necessidades dos outros, ou não
perceber o sofrimento de outra pessoa. O prejuízo na comunicação também é
marcante e persistente, afetando as habilidades tanto verbais quanto não-verbais.
Pode haver atraso ou falta total de desenvolvimento da linguagem falada. Em
indivíduos que chegam a falar, pode existir um acentuado prejuízo na capacidade de
iniciar ou manter uma conversação, um uso estereotipado e repetitivo da linguagem
ou uma linguagem idiossincrática. Além disso, podem estar ausentes os jogos
variados e espontâneos de faz-de-conta ou de imitação social apropriados ao nível de
desenvolvimento [...] têm padrões restritos, repetitivos e estereotipados de
comportamento, interesses e atividades." (APA8, 1996, apud SUPLINO, 2007, p.28)
Os critérios para diagnóstico do autismo segundo a quarta versão do DMS-IV
são um pouco diferentes do CID-10 e são descritos como:
A) Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois de (1), e
um de cada de (2) e (3).

(1) Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois dos
seguintes itens:
a. Destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais
como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar
com a interação social;
b. Dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o
nível de comportamento;
c. Falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações
com outras pessoas, por exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar
objetos de interesse;
d. Ausência de reciprocidade social ou emocional.

(2) Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes
itens:
a. Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem
ocorrência de tentativas de compensação através de modos alternativos de
comunicação, tais como gestos ou mímicas;
b. Em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de iniciar
ou manter uma conversa com outras pessoas;
c. Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação
social apropriadas para o nível de desenvolvimento.

(3) Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e


atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens:
a. Obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que
seja anormal tanto em intensidade quanto em foco;
b. Fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais não funcionais
específicos;
c. Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção
das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos;
d. Obsessão por partes de objetos.

B) Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com
início antes dos 3 anos de idade:
1. Interação social.
2. Linguagem usada na comunicação social.
3. Ação simbólica ou imaginária.

C) O transtorno não é melhor classificado como transtorno de Rett ou doença


degenerativa infantil.
Percebemos que ambos os manuais tratam o autismo como uma alteração
nas características de interação social, comunicação e comportamentos que se
repetem e que as alterações se manifestam nas crianças já no início da vida, por
volta dos 3 anos de idade. O CID-10 e o DSM-IV consideram, de uma forma geral, o
autismo como uma alteração no desenvolvimento global da criança. As informações
deste trabalho sobre os critérios de diagnóstico de autismo servem apenas como
referência bibliográfica. Um diagnóstico preciso só deve ser feito por profissionais
qualificados em saúde mental.

1.3. Principais sintomas e características

Assim como existem diversas formas de se diagnosticar o autismo, existem


também várias definições e critérios sobre suas características e sintomas. Não é
fácil a tarefa de delimitar um nível de incidência confiável em virtude das diversas
possibilidades de diagnósticos. Conforme variam as definições sobre autismo,
variam também a quantidade de indivíduos diagnosticados.
Uma grande importância é integrar a criança autista desde o início na escola
regular de ensino e que o profissional educador tenha conhecimento dos sintomas
característicos desse distúrbio.
A maioria dos sintomas está presente desde os primeiros anos de vida da
criança, e suas intensidades variam de acordo com o grau de autismo da criança.
Segundo Coelho (2010), as características da criança autista são caracterizadas da
seguinte forma:

• Solidão em grau extremo e evidente na mais tenra idade;


• Fascinação por objetos (aspiradores de pó, enceradeira, liquidificador),
em contraste com o desinteresse por pessoas;
• Ausência de sorriso social; parece não reconhecer os membros de sua
família e não se empenha em atividades lúdicas sociais;
• Não desenvolve linguagem apropriada, repete frases (anúncios de TV);
• Preocupação e afeição com certo número de objetos inanimados;
• Arruma seus brinquedos sempre da mesma forma e, mesmo que fique
sem vê-los durante um tempo, lembra-se da sua posição;
• Não liga para barulhos à sua volta;
• Demonstra pouca sensibilidade sensorial, falta de consciência de sua
identidade e agressão autodirigida;
• Possui excelente memória: decora facilmente poesias, canções, aprende
sempre palavras novas;
• Permanece muda ou fala, mas não usa a linguagem como meio de
comunicação;
• É inteligente e bonita de aparência;
• Não mantém contato visual com as pessoas;
• Demonstra ansiedade frequente, aguda, excessiva e aparentemente
ilógica;
• Possui hiperatividade e movimentos repetitivos, com entorpecimento nos
movimentos que requerem habilidades;
• É retraída, apática e desinteressada, numa total indiferença ao ambiente
que a rodeia;
• Demonstra incapacidade para julgar.

Sobre a identificação do autismo, Coelho (2010) afirma que, quanto mais cedo
se identificar o autismo, mais eficaz será o tratamento e, em alguns casos a sua
relativa recuperação. […] não existe uma cura completa porque a personalidade está
distorcida e a maturidade mal estruturada. O que pode ser feito é um tratamento
especializado, que prepara a criança para um convívio social.
Autistas possuem sérios problemas para expressar a fala e sua comunicação
é realizada com o uso de mímicas na maioria das vezes. Apresentam respostas
restritas para gestos como um sorriso por exemplo e em atividades lúdicas tendem a
se dispersar e tomar configurações diferentes das propostas. Tendem a apresentar
expressões automática de sons e palavras sem uma finalidade específica, repetição
de palavras ou frases que escutam e ficarem inquietos, sempre movimentando o
corpo.
"As pessoas autistas podem ser tão diferentes umas das outras, tão
heterogêneas em suas necessidades e competências, que cada caso
exige uma adequação específica e muito concreta das estratégias e
objetivos de tratamento. Os objetivos e procedimentos terapêuticos e
educacionais são muito variáveis, dependendo do comprometimento
da pessoa, nas suas diferentes dimensões. (Camargo Jr., 2005,
p.128)."

Segundo Baptista e Bosa afirmam (2002) as modalidades de tratamento para


uma criança autista envolvem abordagens educacionais, terapias comportamentais,
psicoterapia e psicofarmacoterapia, a intervenção deve ser a mais intensa e precoce
possível, realizada por uma equipe multidisciplinar, que inclui psiquiatra da infância e
adolescência, psicólogo, neurologista, pediatra, professor, psicopedagogo,
fonoaudiólogo e fisioterapeuta, dentre outros.
Crianças autistas que apresentam baixo funcionamento são mudas quase que
por completo e em grande parte, se isolam do convívio e interação social.
Futuramente existe a possibilidade dessas crianças aceitarem a interação social de
forma passiva mas sem interesse em procurarem e apresentarem alguma linguagem
espontânea. As crianças mais velhas que apresentam um grau mais elevado de
funcionamento mostram um estilo de vida social diferente, podendo haver certo
interesse pela interação social, só que sem iniciarem essa interação de forma típica
e exibindo dificuldades de regulação e manutenção da relação.

• Idade de inicio

O autismo já pode ser identificado antes dos 3 primeiros anos de vida. A


preocupação dos pais normalmente começa quando a criança atinge os primeiros 18
meses de vida e percebem que a linguagem não se desenvolve. Ainda que os pais
possam estar preocupados pelo fato da criança não responderem abordagens
verbais, é normal eles observarem que a criança responde de forma dramática aos
sons de objetos inanimados. Os pais também relatam retrospectivamente que a
criança, tinha poucas exigências e tinha pouco interesse na interação social. Isso
contrasta claramente com as crianças com desenvolvimento normal, para as quais a
voz e a face humanas e a interação social estão entre as características mais
interessantes e evidentes. Ocasionalmente em cerca de 20 a 25 % dos casos, os
pais relatam que a criança parecia desenvolver alguma linguagem e que a fala
permaneceu no mesmo patamar ou se perdeu. Com a maior conscientização sobre
o autismo e seus sinais precoces, os pais tem cada vez mais se preocupado quando
se aproxima o primeiro ano de vida da criança. Percebemos uma maior sensibilidade
aos atrasos e desvios no desenvolvimento social em famílias em que um irmão mais
velho já tenha sido diagnosticado com autismo.

• A falta de interação social e seus efeitos

Diferente de crianças com desenvolvimento normal, que possuem um


marcado interesse na interação social e no ambiente social a partir do nascimento,
bebês e crianças com autismo, possuem pouco interesse na face humana e na
socialização. São observados distúrbios no desenvolvimento da atenção conjunta,
no apego e em outros aspectos da interação social. A criança pode por exemplo não
se dedicar nos jogos habituais de imitação da infância, e acaba gastando tempo
demais explorando o ambiente inanimado quando estimulada pela fala proposital por
pessoas à sua volta. É provável uma total ausência das habilidades lúdicas. É
característica do autismo a presença desses déficits que não se devem somente ao
atraso do desenvolvimento. Com o passar do tempo e do desenvolvimento da
criança, o interesse social pode aumentar. De forma geral, existe uma certa
progressão no desenvolvimento. Indivíduos mais jovens podem ser distantes ou
arredios à interação, enquanto indivíduos um pouco mais velhos ou mais avançados
podem mostrar maior disposição em aceitar de forma passiva a interação, mas
ocorre uma busca ativa por ela. Pessoas com autismo, que apresentam uma
funcionalidade mais elaborada, demonstram mais interesse social e também
mostram dificuldade em administrar as complexidades da interação social, o que
frequentemente leva ao surgimento de um estilo social excêntrico.
• Comunicação e atividades lúdicas (brincadeiras)

Alguns autistas nunca chegam a falar. Nos dias atuais, graças ao fato de se
identificar o autismo desde cedo e adotar medidas interventivas, muitas crianças
conseguem ser estimuladas para a comunicação. O retardamento no
desenvolvimento da fala é uma das reclamações mais frequentes dos pais. É
comum que os padrões usuais de aquisição da linguagem estejam ausentes.
Diferente de crianças com transtorno de desenvolvimento da linguagem, os autistas,
aparentemente não mostram motivação em estabelecer comunicação ou tentar
comunicar-se por meios não-verbais. Quando o autista consegue falar, sua
linguagem é notável de várias formas. Eles repetem as coisas que são ditas por
outros (ecolalia imediata) ou o que escutam em seu ambiente, como a TV (ecolalia
tardia). A linguagem tende a ser menos flexível de forma que eles não percebem que
algumas falas necessitam de uma mudança de pronome, o que leva à inversão
pronominal. A linguagem em sua natureza pode não ser recíproca e a criança pode
produzir uma linguagem sem intenção de se comunicar. Mesmo que a sintaxe e a
morfologia da linguagem estejam relativamente preservadas. O vocabulário e
habilidades semânticas podem ter um desenvolvimento lento e aspectos sociais da
linguagem são de difícil entendimento para os indivíduos com autismo, mesmo que a
sintaxe e a morfologia da linguagem estejam relativamente preservadas. Portanto
humor e sarcasmo podem ser uma fonte de confusão, na medida em que a pessoa
com autismo pode não conseguir identificar a intenção do falante, o que resulta em
um a interpretação completamente literal. Normalmente a entonação de voz é
apagada ou monótona e os demais aspectos da voz são pobremente modulados. Os
déficits no brincar podem incluir a falha no desenvolvimento de padrões de
desempenho de papéis, ou brincadeiras de faz-de-conta, simbólicas ou imaginativas.
• Repertório restrito de atividades e interesses

Crianças com autismo possuem dificuldade em aceitar alterações na rotina.


Uma tentativa de alterar a sequência de alguma atividade pode causar terrível
sofrimento na criança. Os pais podem relatar que a criança insiste em que eles
participem das atividades de formas muito específicas. As alterações na rotina ou no
ambiente podem gerar oposição ou contrariedade e a criança pode desenvolver um
interesse em uma atividade repetitiva. Quando a criança estabelece vínculo com
objetos, geralmente escolhem objetos rígidos e não fofos e é a classe do objeto,
mais do que o objeto específico, que é importante. Andar na ponta dos pés, estalar
os dedos, balançar o corpo e outros maneirismos, são movimentos estereotipados e
maneirismos comuns na criança autista e esses movimentos são realizados como
uma fonte de prazer e podem, às vezes, ser exacerbados por situações de estresse.

1.4. O autismo segundo alguns autores

Como vimos anteriormente na parte histórica, muitos autores da psicologia e


da psiquiatria estudaram de forma direta e indireta o autismo e todos buscavam
entender os mecanismos da síndrome e como ela se estruturava. Vimos que Leo
Kanner foi o principal autor a formular estudos concretos sobre o autismo e que são
referência até hoje. Iremos abordar alguns outros autores que ao longo da história
postularam suas próprias perspectivas sobre o autismo.
Melanie Klein (1930) utilizou pela primeira vez o termo autismo para se referir
ao quadro de psicose na infância.
Segundo Maud Mannoni (1984) a criança autista é vista como um objeto de
angústia familiar, submetendo-se a “reeducação das mais variadas e colocada em
diversos lugares como “retardada” “doente”, “doente mental”, sempre presa à
palavra do outro.
Para B.Bettenlheim (1967), o autismo é um bloqueio no desenvolvimento, um
potencial da criança que não pôde ser realizado, tendo uma terrível realidade
externa como forma de consequência, que a leva a uma rejeição do meio ambiente,
não acreditando numa base orgânica que atendesse o autismo infantil. Ele entende
que a gravidade dos distúrbios autistas está relacionada com a precocidade dos
fatos e com seu grau de duração. O “mundo-mãe” que o autista vive pode gerar
indiferença ou raiva e traz como consequência o enfraquecimento do impulso para
observar e reagir sobre o meio ambiente. Com o impulso de agir reprimido, a
personalidade não se desenvolve plenamente, portanto nenhuma energia é
direcionada para a construção da sua personalidade.
Outro aspecto importante que deve ser destacado, como uma das etiologias
do autismo, seria o que se refere aos sentimentos inconscientes da mãe que carrega
um desejo de que a criança não existisse. Mães que não falam e olham o bebê, ou
seja, que não fazem um investimento no bebê, acabam gerando um retraimento,
especialmente em relação à mãe e ao meio-ambiente, tendo como consequência,
um ego não constituído.
Para Freud (1914) uma fase autista primitiva antecedia o narcisismo primário.
Esta fase seria a insistência e permanência em um modo de viver voltado para si
mesmo.

Para Piaget (1954), o autismo é utilizado para referir-se a uma parte do


desenvolvimento normal da criança nos estágios mais primitivos da sua existência
CAPÍTULO II

PSICOMOTRICIDADE

Segundo Alves (2007, p.16), a Psicomotricidade torna-se científica no


início do século XIX, pelo método sueco de Ling e outros métodos, integrando
conhecimentos anatômicos, fisiológicos, psicológicos e sociológicos, aperfeiçoando-
se nos séculos XIX e XX.

Conforme as pessoas iam em busca do equilíbrio através da sua mente e


seu corpo, construindo hábitos sadios, buscando a prática de exercícios ao ar livre,
através disso a psicomotricidade foi criando força e mostrando a sua importância e o
quanto ela deve ser trabalhada.

O objetivo da Psicomotricidade é trabalhar o sujeito como um todo, ou


seja, sua vida social, política e econômica.

A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2004) afirma que:

"Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu


corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo e
de suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os
objetos e consigo mesmo.
Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem
das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Psicomotricidade,
portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo
sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e
sua socialização.”

Podemos dizer que existe uma conexão entre nossa mente, nossas
emoções, através da Psicomotricidade podemos estudar o corpo, mente e emoção,
de acordo com a nossa forma de agir e pensar, de maneira ordenada e organizada
tornando melhor sua interação no espaço social.

A Psicomotricidade inclui:

• Esquema Corporal: É ter consciência do seu próprio corpo, expressando


as diversas maneiras de movimentos que o seu corpo permite.
• Lateralidade: É quando o sujeito tem o domínio de um lado do corpo
sobre o outro, tendo uma habilidade através de uma simetria funcional, para isso
acontecer é preciso possuir um conhecimento interno da sua noção espacial para
que possa ser realizada a atividade com um melhor desempenho.

• Equilíbrio: É a capacidade de se manter sobre uma base reduzida de


sustentação corporal usando uma adequada combinação de ações musculares, em
movimento ou parado, sendo a base de toda a coordenação dinâmica global
podendo ser estático (utilizando controle e dedicação) e dinâmico (esquema corporal
e da integração dos mecanismos neuropsicomotores), sendo fundamental a relação
física e psíquica.

• Coordenação Motora: É instintiva e podemos dizer que ela está


conectada ao desenvolvimento físico do sujeito. Podendo ser dividida em:

- Coordenação motora fina: Capacidade de realizar movimentos


coordenados, controlando os pequenos músculos para executar atividades mais
refinadas. Podemos usar como exemplo: dobraduras, recortar ou rasgar papéis,
entre outros.

- Coordenação motora grossa: Utiliza grupo de músculos maiores e o


desenvolvimento de habilidades como chutar, correr, pular, descer ou subir escadas.

• Organização Espaço-Temporal: É relacionada com capacidade que o


sujeito possui de se estruturar partindo de si em relação ao outro e aos outros
objetos, conseguindo se orientar adequadamente no tempo e espaço.

• Equilíbrio: É a base da coordenação dinâmica global do corpo parado ou


em movimento. Exemplo de equilíbrio dinâmico: andar com as mãos na cabeça,
andar na ponta dos pés, caminhar sobre uma corda. Exemplo de equilíbrio estático:
sentar-se corretamente, se equilibrar em apenas um pé só.

• Tônus: Tensão muscular existente em movimento ou em repouso. O tônus


pode ser afetivo (estado de espírito apresentado), mental (capacidade de atenção no
momento da ação) e muscular (quando é executado algum movimento).
• Percepção: Trata-se da capacidade de percepção, reconhecimento e
distinguir estímulos.

A Psicomotricidade pode atuar na educação, na reeducação e na terapia do


sujeito, com a proposta de um melhor desenvolvimento corporal e mental cada vez
mais equilibrado e sadio.

É fundamental o trabalho psicomotor desde a primeira infância, sendo assim


iremos fazer um estudo de desenvolvimento psicomotor na infância.

2.1. Psicomotricidade e o desenvolvimento na infância

A base do desenvolvimento (físico, emocional, intelectual e do


movimento) se inicia na infância. A partir do movimento a criança pode conhecer,
explorar o mundo exterior através de experiências concretas, também é de extrema
importância que ela possa viver o mundo da fantasia.

No mundo abstrato as coisas tomam forma, vão tornando-se caminho


para o movimento, conforme ela vai explorando esse mundo da fantasia e se
conhecendo a criança consegue se desenvolver, e de maneira contínua. Existem
fases do desenvolvimento psicomotor infantil, vamos conhecer um pouco sobre elas

Fase Oral (zero a dezoito meses).

A criança ainda é totalmente dependente da mãe ou do cuidador, esse


sujeito se torna responsável por atender suas necessidades, como por exemplo, se
beber, alimentar, trocar a falda e outros. A estimulação psicomotora nessa fase vai
vir através do toque, é importante que o cuidador abrace, faça cainho, beije, permita
que ele explore o espaço, o desenvolvimento psicomotor do bebe precisa dessas
experiências.

Fase Anal (dezoito meses a três anos).


Nessa fase a criança descobre que pode fazer movimentos sozinha,
então passa a observar o mundo de outro ângulo (de pé), permite-se a experimentar
suas vontades tendo autonomia de seus pensamentos e movimentos. Os grandes
músculos a cada dia vão se desenvolver mais, sua percepção vai aumentando e seu
equilíbrio se estabilizando. Sua coordenação motora grossa e fina vão se aprimorar
de acordo com seus estímulos, nessa fase a criança precisa correr, pular, dançar.

Fase Fálica (quatro a seis anos).

Chegamos na fase lúdica, o imaginário da criança está muito ativo e eles


estão com muita energia. Essa energia pode ser liberada através de atividades
motoras. A criança brinca sozinha ou com o outro, questiona tudo, precisa viver esse
mundo de faz de conta que lhe chama atenção e encanta.

Nessa fase ela reconhece seu corpo e o corpo do outro, podendo


perceber que as outras pessoas também fazem parte da sua vida, aprendem a
dividir, ter convívio social e a entender que faz parte de um mundo com diversas
possibilidades e espaços que despertam seu interesse por explora-lo.

Esse processo de maturação do sistema psicomotor infantil é muito


importante para a vida do sujeito, se durante esse processo algo for interrompido, ou
algum mecanismo ficou débil, pode dificultar ou atrapalhar a execução de atividades
básicas do cotidiano. E quando falamos de autismo, essa dificuldade é maior ainda,
por isso, é fundamental desenvolver um trabalho psicomotor com os autistas.

2.2. Psicomotricidade e o autismo

Os autistas possuem diversas estereotipias, dificuldades sensoriais,


comportamentos inusitados, ecolalia e outros. Segundo Cunha (2014, p.32), as
estereotipias causam atraso no desenvolvimento motor, principalmente nos
movimentos finos.
Como estereotipia é um movimento único repetido, dependendo do tipo
de movimento pode causar lesões nos músculos e vícios motores. Podemos dizer
que seu desenvolvimento psicomotor é prejudicado, pois contribui no não
desenvolvimento natural sensório-motor do autista.

Segundo Fonseca (2014, p.45), a interação sensório-motora tem como


principal finalidade propiciar melhor qualidade de vida por meio de atividades
sensoriais que favoreçam respostas mais adequadas ao ambiente.

Por esse motivo, existe a necessidade de trabalhar a parte psicomotora


do autista, é muito importante o desenvolvimento de suas habilidades sociais e
autonomia, é fundamental que ele possua noção do seu corpo, de seus movimentos,
para que possa aprender a dar função aos membros do seu corpo de forma
adequada, organizada, rítmica para que possa executar funções básicas do dia-a-
dia, dar funcionalidade correta para coisas ou objetos é um grande desafio para
autistas.

Atividades que podemos considerar simples como tomar banho, vestir-se,


escovar os dentes, calçar os sapatos são habilidades que muitas das vezes, os
autistas não possuem, ou tem dificuldade para executar, devido sua motricidade fina,
coordenação visório-motora, na fala, na manutenção do equilíbrio do corpo, na
lateralidade são prejudicadas.

O trabalho do desenvolvimento motor do autista é preciso trabalhar com


ludicidade, materiais pedagógicos que possam estimular o raciocínio e movimentos,
objetos que ele se identifique, atividades lúdicas de educação física para que possa
dar movimento ao corpo e movimentá-lo, com objetivo que ele possa ser educado
dentro do espaço com o ritmo correto.

No próximo capitulo vamos entender a importância que tem os jogos


psicomotores podem ter na vida diária dos autistas, no desenvolvimento psicomotor
através do lúdico.
CAPÍTULO III

A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PSICOMOTORES NAS CRIANÇAS


COM TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA (TEA)

De acordo com o capítulo anterior, podemos observar que a


Psicomotricidade abrange muitos temas, no olhar de uma criança isso pode ser
tornar desafiador, quando falamos de autismo esse desafio pode se tornar maior
ainda, onde suas dificuldade vão se acentuar mais por conta da sua patologia.

Quando falamos de sentimentos e interagir o autista encontra muitas


dificuldades, em razão disso é ser muito sutil para trabalhar o esquema corporal e as
habilidades sociais. A Psicomotricidade é muito mais do que apenas a percepção
sensorial, uma vez que precisamos entender o nosso corpo todo, para que possa ser
trabalhado as habilidade e limites.

Segundo Machado e Nunes (2011, p.57):

"O ser humano é um complexo de emoções e ações, propiciadas por


meio do contato corporal nas atividades psicomotoras, que também
favorecem o desenvolvimento afetivo entre pessoas, o contato físico,
as emoções e as ações. A psicomotricidade contribuiu de maneira
expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal, o
que facilitará a orientação espacial.’’

Para o autismo o lidar com as emoções, o desenvolvimento afetivo, o contato


físico é realmente difícil dentro de acordo com seu distúrbio. Diante do processo de
desenvolvimento do sujeito os seus comportamentos e manifestações podem acabar
dificultando.

Com isso, os jogos psicomotores podem ter uma atribuição fundamental para
fazer a ponte com esse desenvolvimento psicomotor, com a função de auxiliar o
autista entender o verdadeiro sentido do movimento realizado e da sua função no
cotidiano, como escovar os dentes, tomar banho, pentear o cabelo, calçar o sapato,
se vestir, abrir um pote, entre outros.
O jogo tem como finalidade assessorar na adaptação e organização do corpo
com o objetivo de trocar com o meio. Com o passar do tempo do desenvolvimento
humano, os jogos possuem três meios de estruturação que são os, símbolos,
exercícios e regras, segundo Piaget.

Jogos simbólicos são definidos pela assimilação deformante (Piaget 1945).


Isto é, a criança executa o exercício de repetição com um significado próprio
construído e sente as individualidades dos jogos da vida (o pai, a mãe, o irmão, a
avó).

Jogos com exercícios vão ter como característica a assimilação por meio de
repetição, fundamental na assimilação funcional dos esquemas de ação,
apresentando como relevância fatores importantes para o desenvolvimento da
criança: a construção de hábitos.

Jogos de regras possuem aspectos essenciais dos jogos anteriores,


acordando de forma democrática de intercâmbio social. As regras modificam-se,
cobrando mais competência em se adaptar e se organizar perante no jogo, sendo
grave ao sentido do jogo o descumprimento de alguma regra acordada. Regras
estabelecidas com um caráter coletivo, em função da jogada do outro participante. A
correlação com o outro, a disputa de suas habilidades e competências, e a felicidade
independente de perder ou ganhar são aliados importantíssimos no desenvolvimento
humano. É essa faculdade de jogo mental que vão nos diferenciar dos outros
animais ao decorrer da história, damos entendimento ao outro e nosso entorno,
criamos regras e símbolos aumentarmos nosso convívio social, modificamos ao
nosso redor para que possamos interagir melhor e jogarmos com o mundo.

O jogo se faz presente em toda história da humanidade, auxiliando o


desenvolvimento das habilidades pedagógicas, e para o autismo, o processo de
educação dos mesmos se dá de maneiras diferentes, tornando o lúdico e os jogos
fundamentais para este processo, necessitando serem trabalhadas inúmeras
características psicomotoras, tais como: afeto, linguagem, cognição, capacidade
sensorial e espacial, subjetividade. Essas características estão internamente ligadas
às áreas de aprendizagem humana, precisando serem trabalhadas nos autistas.
A comunicação que nossos corpos fazem com o espaço e entre si
resultam nas expressões corporais, expressões de afetividade e agressividade (ao
encontrar com algo que não é desejável) e ao encontrar seu limite ele vai se adequar
nesse espaço. Desta forma, construiremos nossa personalidade de como iremos nos
comportar perante as situações. A criança tende a se expressar através do lúdico,
das brincadeiras, o que pode parecer apenas uma brincadeira, é uma atividade para
trabalhar o corpo diante da necessidade presente.

Sendo assim, apresentaremos jogos psicomotores citados ou


desenvolvidos, com o objetivo de serem trabalhados com autistas para que possam
melhorar principalmente seu desenvolvimento psicomotor.

3.1. Jogos psicomotores

1° Jogo: Amarelinha

Objetivo: Trabalhar a lateralidade, percepção, equilíbrio, conhecimento


corporal e coordenação motora ampla.

O terapeuta fará uma grande tabela no chão, em quadrados coloridos


contendo o alfabeto, em seguida o terapeuta vai passar os comandos para o jogador
executar o que foi pedido, como por exemplo: pule com a perna esquerda na letra D
depois pule com a perna direita para a letra F. Assim por diante.

2° Jogo: Espelho

Objetivo: Trabalhar a percepção, lateralidade, ritmo e imagem corporal.

O terapeuta deverá ficar na frente do paciente e realizara os movimentos


com o corpo para que em seguida ele possa repetir. Se o terapeuta levantar o pé
direito o paciente deverá levantar o pé esquerdo (devemos levar em consideração
que estarão com os membros cruzados tendo em vista um ficar de frente para o
outro). E assim sucessivamente. Esse jogo vai exigir concentração e atenção para
obedecer aos comandos solicitados.
Dentro desse jogo também podemos trabalhar questões do cotidiano,
como por exemplo o tomar banho, fazendo todos os movimentos que simulem as
situações de forma sequencial, mostrando para o autista que a ordem de como
funciona, como o entrar no box, ligar o chuveiro, molhar o corpo, passar o sabão e
assim em diante.

3° Jogo: Dança com partes do corpo.

Objetivo: Ritmo, afetividade, esquema corporal, cooperação e


socialização.

Segundo Machado e Nunes (2011, p.101), deverão formar duplas


espalhadas pelo espaço do jogo e, de fundo, o professor deverá soltar uma música
bem animada. Solicitar aos participantes que dancem segurando apenas a mão
direita. Toda vez que o professor gritar um número, este deverá ser o número de
participantes que deverão se juntar, como por exemplo: ao gritar o número três, os
participantes deverão se juntar e formar trios, lembrando que eles deverão continuar
unidos pela mão direita, não sendo permitido se soltarem durante a dinâmica. Em
um determinado momento, o professor poderá solicitar que dancem com outra (s)
parte (s) do corpo (mão direita e pé esquerdo). Durante a movimentação, o professor
poderá pedir aos participantes que formem grupos maiores e dificultar a forma de
dançar.

Esse jogo poderá ser realizado com autistas de grau leve, e em grupo
para alcançar o objetivo.

4° Jogo: Bolinha de papel

Objetivo: Trabalhar a coordenação motora fina.

Com uma folha de papel (revista, jornal, A4), solicite para que o autista
pique em partes pequenas, e amasse fazendo bolinhas. Com essas bolinhas
pequenas podemos realizar dois tipos de trabalho: Podemos fazer um trabalho de
colagem, usando as bolinhas para formar figuras ou deixar livre para que o autista
crie o que quiser, podendo trabalhar a imaginação. A outra opção é solicitar que ele
assopre espalhando as bolinhas, trabalhando também a respiração.
5° Jogo: Boliche

Objetivo: Atenção, coordenação motora e força.

Podemos utilizar materiais recicláveis nesse jogo, como garrafa pet,


enchê-las com água ou areia e customiza-las com purpurinas e papéis coloridos.

O terapeuta deverá arrumar as garrafas de modo que uma fique próxima


da outra, e dar uma bola para o jogador, com uma distância considerável, o mesmo
deverá jogar a bola com o objetivo de derrubá-las. É fundamental que o terapeuta
use palavras de reforço positivo toda vez que o autista acertar, pois vai estimular a
jogar e se concentrar mais para ganhar o jogo.

6° Jogo: Meu vizinho é...

Objetivo: Afetividade, criatividade, comunicação, socialização, linguagem


e criatividade.

Para Machado e Nunes (2011, p.90), o terapeuta começa o jogo dizendo:


“O meu vizinho é...” (Aqui diz uma qualidade). Conforme a letra que inicia a palavra
dita, todos os jogadores, um de cada vez, devem dizer palavras que se iniciem com
a mesma letra. Como por exemplo, se o professor disser: “Meu vizinho é corajoso”,
todos os demais jogadores dirão palavras com a letra “C”. Não podendo repetir as
palavras. Terminada a primeira rodada, o animador escolhe outra letra, e o jogo
prossegue assim por diante.

Esse jogo é necessário ser realizado em grupo, e com autistas


alfabetizados e de grau leve, devido à complexidade do mesmo.

7° Jogo: Musical

Objetivo: Esquema corporal, equilíbrio estático e ritmo.

O terapeuta colocará uma música calma, com o nível do som baixo e vai
colocar o jogador deitado no tatame, também pode ser em um tapete, uma maca, ou
em um colchonete e deixa-lo relaxar, após o relaxamento do autista dar pequenos
comandos aa ele, com o tom de voz baixo e calmo, por exemplo: coloque de vagar a
mão no nariz, levante a mão direita de vagar. Isso vai fazer com que ele fique
relaxado, a se controlar e colocar-se em um espaço de forma mais organizada.

8° Jogo: Bola

Objetivo: Ritmo, equilíbrio e esquema corporal

O autista deverá colocar a bola em algumas partes do corpo, como na


barriga, na cabeça, no joelho, dançando com a bola sem deixa-la cair.

O terapeuta pode ficar jogando a bola para o autista, porém ele não pode
deixar a bola cair, caso aconteça ele perderá o jogo.

Se acontecer do autista perder o jogo poderemos trabalhar situações de


frustações, por muitas vezes, não aceita bem a perda, o terapeuta responsável
deverá saber conduzir a situação para que ele possa compreender que a perda é
necessária, nem sempre ganharemos tudo na nossa vida, iremos trabalhar para que
através dos jogos ele possa aprender que algumas lições para saber leva-las a vida
real.

9° Jogo: Tabuleiro

Objetivo: Coordenação motora fina, raciocínio e concentração.

Elaborar um grande tabuleiro com as bordas em quadrados medianos


bem coloridos, pregadores coloridos (utilizar as mesmas cores que possuam nas
bordas do tabuleiro). O autista precisará relacionar os pregadores coloridos e
prender os pregadores nas suas respectivas cores no tabuleiro. Esse jogo ajudará a
trabalhar a aprendizagem das cores, o seu raciocínio logico e sua coordenação
motora fina.

10° Jogo: Espião.

Objetivo: Trabalhar a percepção, concentração e atenção.

O terapeuta deve organizar duas filas paralelas, ou em caso de apenas


dois participantes posicionar ou de frente para o outro. Os participantes devem virar-
se para a fila oposta e observar o participante que está a sua frente de cima a baixo.
Em seguida um deverá ficar de costas para o outro e o participante que foi
observado deverá fazer uma pequena mudança, como por exemplo, tirar um brinco,
colocar um cordão, desamarrar os sapatos e outros. Quando se virarem novamente
ao comando do terapeuta o autista observador deverá encontrar o “erro”.

11° Jogo: Faz de conta

Objetivo: Emoção, afeto, imaginação e corporeidade

Nesse jogo vamos trabalhar uma ludicidade através do teatro, inicialmente


o terapeuta pode identificar um personagem que o autista goste muito e permitir ele
possa se fantasiar desse personagem com a condição dele usar a sua imaginação e
criação na brincadeira. Após, o terapeuta qual será o próximo personagem que o
jogador será, nesse momento deve-se observar como ele irá se comportar, se
desenvolver este personagem, levando em consideração as emoções, dificuldades e
facilidades encontradas no autista, para serem trabalhadas, sendo assim o autista
vai saber lidar com tais situações e emoções.

Segundo Machado e Nunes (2011, p.19), a ludicidade é importante para


a saúde mental do ser humano, é um espaço que merece a atenção dos pais e dos
educadores. É um espaço de expressão mais genuína do ser. É o espaço e o direito
de toda criança para o exercício da relação com o mundo, com as pessoas e os
objetos.

Os jogos apresentados nesse capítulo para serem trabalhados com


crianças com Transtorno do Espectro Autista, poderão precisar serem feitas
modificações, pelo fato que cada sujeito é um ser único, e apresenta suas
singularidades, ainda mais o autista, levando em conta que cada um tem sua
especificidade e seu tempo, as atividades deverão se adequar também com a faixa
etária de cada criança. A ludicidade é algo muito rico de ser trabalhado com o
autista, pois é o lúdico, o mundo colorido, de fantasia, de vida que vão despertar a
curiosidade, que os levam a desejar trocar, experimentar esse algo novo, diferente
que se movimenta

A partir do jogo a criança irá desenvolver conceitos, desenvolver


capacidades físicas, se integrar na sociedade, compreender o esquema corporal,
promover o desenvolvimento de capacidades físicas, motoras e afetivas, aprende a
interagir com o outro, representar papéis sociais, se expressar, cooperar, obedecer
às regras, construir valores, desenvolver a criatividade e estrutura sua capacidade
de julgamento. O jogo torna a aprendizagem mais agradável, a criança descobre a si
e o outro, descobre também o mundo que a cerca, o jogo contribui para seu
desenvolvimento psicomotor, e não é de outra forma com o autista, os jogos
possibilitam que eles se desenvolvam, para que seus movimentos sejam
trabalhados, educados tonando possível que sua mente e corpo aprendam a se
relacionar dentro de um espaço, da sociedade e auxiliá-los na sua anatomia
tornando-os mais independentes, vencendo seus próprios desafios. Quando o
autista recebe estímulos todos os estímulos necessários para que tenha uma melhor
qualidade de vida poderá ir além.
CONCLUSÃO

O Transtorno de Espectro Autista (TEA) é uma síndrome ampla e ainda


muito complexa, onde não se sabe a proveniência ou a causa da mesma, e ainda
não existe cura, porém se faz necessário tratamento contínuo para que as
debilidades do autista seja minimizada, trabalhando suas dificuldades na relação de
tarefas diárias e simples, e que o autista possa aprender a se colocar em um
espaço, na sociedade e no mundo.

Cada sujeito possui sua habilidade particular, sua inteligência, e os


autistas não fogem à regra, cada um possui sua particularidade, sua potencialidade,
só precisa ser descoberta e trabalhada para que seja desenvolvida. Por causa da
sua patologia alguns fatores cognitivos podem atrapalhar o desenvolvimento dessas
habilidades. Sendo necessário um tratamento terapêutico em diversas
especialidades, incluindo a Psicomotricidade.

A Psicomotricidade tende a auxiliá-los no desenvolvimento das suas


dificuldades psicomotoras apresentadas, por meio de jogos lúdicos, que vão
despertar a atenção dos autistas, pois o diferente, o objeto lúdico, o novo chama a
atenção deles, ao encontrar um objeto do seu agrado, esse torna-se o fio condutor
do terapeuta, que a partir daí o terapeuta conseguirá iniciar seu trabalho, dando
funcionalidade a esse fio condutor, apresentando ao autista diversas formas de se
relacionar com esse objeto, auxiliando no desenvolvimento psicomotor e na
educação desse indivíduo.

Torna-se fundamental desenvolver o sistema cognitivo-motor, trabalhar a


lateralidade, o esquema corporal, o equilíbrio, o afeto, a coordenação fina e grossa,
emoção, tônus dentre outras coisas que vão envolver a Psicomotricidade do autista,
tendo em vista que eles apresentam dificuldades com esses mecanismos, e isso vai
dificultar seu reconhecimento dentro de um espaço, de um lugar, do mundo, já que a
síndrome atinge a área de socialização do sujeito.

Os jogos conseguem despertar o interesse no jogador, desperta


sentimentos, de entusiasmo, alegria, frustação ou a falta de interesse, cria também o
desejo de vencer, pelo jogo ser dinâmico vai despertar a curiosidade do indivíduo,
inclusive do autista, essa é uma das formas de trabalhar esse indivíduo, de ajudar no
desenvolvimento do seu esquema corporal físico e mental. Trabalhar o perder e o
ganhar também são muito importantes, pois nem sempre ganhamos tudo na vida. O
perder se encontra presente, e precisamos aprender a lidar.

Na vida estamos constantemente em processo de aprendizagem, de


desenvolvimento, nosso corpo e mente devem estar preparados para percorrer por
esses processos, que muitas vezes nos causam dor, porém se fazem necessários
para a evolução humana. Cabe a cada um aprender a lidar com as emoções nessas
transformações da evolução humana. Os autistas também possuem esse processo
de transformações, porem são de forma mais intensa e dolorosa, sendo assim é
dever do terapeuta, educadores e pais auxiliá-los, para que ocorra uma minimização
nesse difícil desenvolvimento humano, nessa difícil descoberta de se localizar no
mundo.
BIBLIOGRAFIA

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ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro:


Wak,2012.

CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão. Rio de Janeiro: Wak,2014

CHIOTE, Fernanda. Autismo, o que os pais devem sabe. Rio de Janeiro:


Wak,2013.

MACHADO e NUNES, José Ricardo M. e Marcus Vinícius S. 100 Jogos


Psicomotores. Rio de Janeiro: Wak,2011.

RODRIGUES e Spencer, Janine Marta Coelho. e Eric. A Criança Autista, um


estudo pedagógico. Rio de Janeiro: Wak,2010.

TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos Transtornos Escolares. Rio de Janeiro:


BestSeller,2014.
ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I
Autismo: conhecendo e identificando a patologia 10
1.1. História do Autismo
1.2. Critérios para diagnóstico (CID-10 e DSM-V) 14
1.3. Principais sintomas e características 18
1.4. O Autismo segundo alguns autores 23

CAPÍTULO II
Psicomotricidade 25
2.1. Psicomotricidade e o desenvolvimento na infância 27
2.2. Psicomotricidade e o Autismo 28

CAPÍTULO III
A contribuição dos jogos psicomotores nas crianças com Transtorno do 30
Espectro Autista (TEA)
3.1. Jogos Psicomotores 32

CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 41

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