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Fundamentos

e práticas em
gestão

Autor
José Luciano Sobreira de Alencar

Indaial – 2021
1a Edição
Fundamentos
e práticas em
Gestão
Prof. José Luciano Sobreira de Alencar

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Susan Renée Klein

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:
Apresentação
Prezado (a) aluno (a)

A administração é sem dúvida uma das mais relevantes atividades


humanas pois, a partir do momento que os seres humanos deram início a
formação de uma sociedade organizada, houve a necessidade da concentração
de esforços comuns para se alcançar metas e atingir determinados
objetivos. Mas como conseguir realizar esse feito com eficiência e eficácia
com a finalidade de se alcançar determinados resultados? A resposta está
nos fundamentos e práticas administrativas! A administração vem sendo
essencial para assegurar a coordenação dos recursos organizacionais e do
desempenho individual.

Ressalta-se que o processo de administrar percorreu um longo


caminho onde, no limiar da organização humana ocorreu de forma
rudimentar e intuitiva mas, no entanto, durante os séculos sofreu diversas
influências de diversas organizações, de filósofos, pensadores e, por fim,
pesquisadores que tornaram a administração uma ciência.

A administração como ciência aplicada, teve seu início no final do


século XIX, onde por meio de diversos estudos tornou-se um objeto de estudo
onde preconizou o abandono de antigas práticas sem nenhum embasamento
cientifico. Assim, esses estudos desenvolveram novos métodos de trabalhos,
racionalizando-os com o objetivo de melhorar a utilização dos recursos das
empresas e, dessa forma, maximizar seus resultados. A partir de então,
diversos estudos que foram desenvolvidos pressupondo que as empresas
podem melhorar seu desempenho desenvolvendo as melhores práticas.

Nesse contexto, com o estudo da disciplina de fundamentos e


práticas administrativas, você conhecerá a história da administração ao
longo do tempo, desde a sua prática em eras antigas, quanto a evolução do
pensamento administrativo através dos séculos. Conhecerá quais foram as
principais organizações e personagens que contribuíram de forma efetiva
para o aprimoramento da administração.

Você compreenderá como a administração tornou-se uma ciência


aplicada; Saberá também, quais as principais escolas da administração
moderna, seus representantes, seus objetos de estudos, métodos, finalidades,
bem como, as principais contribuições para o desenvolvimento da
administração contemporânea.
Como acadêmico de administração, vai entender porque a
administração se refere ao desenvolvimento continuo das organizações, a
relevância do planejamento, da organização, da coordenação e do controle
para os processos decisórios nas empresas. Por fim, compreenderá que
a administração, por meio da gestão, implica e abrange as habilidades
gerenciais do administrador na busca constante de solução de problemas,
da liderança, da gestão eficiente dos recursos organizacionais para garantir o
sucesso empresarial.

Bons Estudos e Sucesso!


NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO.............................................9
TÓPICO 1 Os Legados Pensadores Modernos...................................................................................13
TÓPICO 2 A Revolução Industrial e suas influências sobre A Administração.............................17
TÓPICO 3 O Pensamento Administrativo – A Administração como Ciência, Arte e Técnicas...21
TÓPICO 4 Escolas Clássicas da Administração.................................................................................23
TÓPICO 5 Funções da Administração.................................................................................................41
Resumo.....................................................................................................................................................52

UNIDADE 2 ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO..................................................................................53


TÓPICO 1 Administração Financeira .................................................................................................61
TÓPICO 2 Administração de Recursos Humanos.............................................................................69
TÓPICO 3 Administração Mercadológica/Marketing.......................................................................75
TÓPICO 4 Administração Estratégica..................................................................................................81
TÓPICO 5 Papel do administrador......................................................................................................87
Resumo.....................................................................................................................................................93

UNIDADE 3 FUNDAMENTOS E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO......................................95


TÓPICO 1 Princípios da Administração............................................................................................103
TÓPICO 2 Conceitos da Administração............................................................................................113
TÓPICO 3 Processos da Administração............................................................................................121
TÓPICO 4 Tendências da Administração..........................................................................................133
Resumo...................................................................................................................................................141
UNIDADE 1

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ADMINISTRATIVO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Compreender o contexto histórico e evolutivo do pensamento


administrativo;

• Conhecer quais foram as principais influências do pensamento


administrativo;

• Identificar as principais teorias da administração;

• Reconhecer as principais funções administrativas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – Os legados pensadores modernos

TÓPICO 2 – A revolução industrial e suas influências sobre a


administração

TÓPICO 3 – O pensamento administrativo – a administração como


ciência, arte e técnicas

TÓPICO 4 – Escolas Clássicas da Administração

TÓPICO 5 – Funções da administração

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.


A habilidade de gerenciar é intrínseca ao ser humano emergindo da


necessidade de tomar decisões, coordenar e executar várias tarefas. Desde os
primórdios, quando o homem teve a necessidade de viver em comunidade,
desenvolveu uma capacidade de coordenar atividades mais complexas que lhe
permitiram alcançar um maior desenvolvimento político, econômico e social.

As civilizações antigas demonstraram suas habilidades para as atividades


administrativas, desde a engenharia aplicada para edificação de templos até o
desenvolvimento do comércio, como é caso do império romano, que aplicava
contratos entre as elites, que concediam terras ou aluguéis, e os vassalos que
deveriam restituir sua fidelidade forçada e prestar determinados serviços. De
acordo com Maximiano (2007), os povos antigos deixaram diversas contribuições,
como por exemplo:

a. Egípcios: com a burocracia administrativa;


b. Babilônios: diversos registros de transações comerciais e controle das
mesmas;
c. Assírios: possuíam armazéns de suprimentos e colunas de transportes;
d. Gregos: implantaram a democracia participativa, planos de
estratégia, conceitos de qualidade, pregação da ética e igualdade na
administração;
e. Romanos: criadores dos tributos, primeiros organizadores de
empresas em outro país e de associações artesanais;
f. Chineses: ensinamento de planejamento, comando, doutrina e
estratégia militar.

Nesse panorama, a evolução do conceito de administração se inicia com o


próprio homem pois em qualquer época histórica houve a necessidade de planejar,
coordenar, tomar decisões e executar. Ao analisar a história da humanidade,
encontraremos as mais diversas contribuições que povos antigos como os
sumérios, gregos, romanos e egípcios desenvolveram para a arte de administrar.
Além do mais, organizações como a militar e a igreja católica também influíram o
aprimoramento da administração.

Assim, Jacobsen e Neto (2015, p. 13), afirmam que ao estudar a história das
antigas civilizações “encontramos traços relacionados à organização do trabalho
e ao dimensionamento estratégico nas relações comerciais e no estabelecimento
de ordenamentos sociais e organizacionais orientados à construção do bem
comum.” O Quadro 1, elenca e descreve as principais contribuições de povos e
pensadores da administração através de suas determinadas épocas.

10
OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS

Quadro 1 - Histórico do Pensamento Administrativo

CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS EVENTOS DOS PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Anos Autores Eventos


Necessidade de Planejar, Organizar e
4.000 a.C. Egípcios
Controlar
2.600 a.C. Egípcios Descentralização da organização
Necessidade de ordens escritas. Uso de
2.000 a.C. Egípcios
consultorias
1.800 a.C. Hamurabi (Babilônia) Uso de controle escrito e documental.
1.491 a.C. Hebreus Conceito de Organização. Princípio escolar.
Nabucodonosor
600 a.C. Controle de produção. Incentivos salariais.
(Babilônia)
500 a.C. Mencius (China) Necessidade de Sistemas e padrões
Sócrates (Grécia) Universidade da administração
400 a.C.
Platão (Grécia) Enunciado do princípio da especialização.
175 a.C. Cato (Roma) Uso de descrição de funções
284 Dioclécio (Roma) Delegação da autoridade
Contabilidade de custos, inventários,
1436 Arsenal de Veneza
padronização
Niccoló Machiavelli Princípio do consenso, lideranças, táticas
1525
(Itália) políticas
Teoria da fonte de autoridade, automação,
1767 Sir James Stuart
especilização
Princípio de especialização dos operários,
1776 Adam Smith
conceito de controle
Método científico, controle de qualidade,
1799 Eli Whitney
amplitude de comando
Padronização da produção, especializações,
1800 Mathew Boulton
métodos de trabalho
Práticas de RH, Treinamento para operários,
1810 Robert Owen
casas para operários
Abordagem científica, divisão do trabalho,
1832 Charles babbage
estudo do tempo
1856 Daniel C. McCallum Organograma, administração em ferrovias
1886 Henry Matcalfe Arte e Ciência da administração
1900 Frederick W. Taylor Princípios da administração científica

Fonte: Chiavenato (2014, p 33).

Sendo assim, destaca Carvalho (2008), os principais acontecimentos que


caracterizam os primórdios da administração encontram-se nos fatos históricos,
sociais, políticos e econômicos, caracterizando o panorama no qual estão inseridas
as organizações dos ancestrais. Dessa forma, ao longo dos séculos observa-se que
as aplicações e conceitos da administração, como estrutura formal de ação, foram
sendo delineados por influências de diversas áreas do conhecimento humano
(ROSSÉS, 2014).

11


12
TÓPICO 1
UNIDADE 1

OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS

O contexto histórico da administração constitui o resultado de diversas


práticas empíricas, resultados das ações administrativas de diversas figuras
lendárias iniciadas há mais de seis mil anos. A Administração, tal como a
encontramos hoje, é o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa
de numerosos precursores, alguns filósofos, outros físicos, economistas, estadistas,
e outros até mesmo empresários que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual
no seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando as suas obras e teorias.

Nesse contexto, Ferreira (2009, p.2), corrobora ao afirmar que “ao longo
dos séculos que vão da antiguidade até o início da atividade moderna, a Filosofia
concentrou-se em preocupações distanciadas dos problemas administrativos”.
Segundo esse autor, apenas após as primeiras décadas do século XVII desponta
René Descartes (Figura 1), filósofo, matemático e físico francês, que desenvolveu
as coordenadas cartesianas impulsionando.

Figura 1 - René Descartes

Fonte: Google Imagens (2020).




Assim, a matemática e a geometria desse período em que o método


cartesiano apresenta quatro princípios:

a. Dúvida sistemática ou da Evidência: não se deve aceitar como


verdadeiro, coisa alguma, enquanto não se souber com evidência;
b. Análise ou Decomposição: dividir um problema em partes para
solucioná-lo, resolvendo as partes separadamente;
c. Síntese ou Composição: conduzir ordenadamente o raciocínio,
começando pelo mais simples e fácil, passando gradativamente para
os mais difíceis;
d. Enumeração ou Verificação: fazer verificações e revisões em tudo,
para que nada seja omitido ou deixado de lado.

Esses quatro princípios racionais, lineares e analíticos da metodologia


cartesiana, inspiraram a teoria administrativa até o final da Era
Industrial. O Método Cartesiano contribuiu para diversas teorias,
entre elas a divisão do trabalho, da ordem e do controle (FERREIRA,
2009, p. 2).

No entanto, durante os séculos, que vão desde a antiguidade até ao início


da Idade Moderna, a filosofia estudou uma grande variedade de assuntos que não
estavam relacionados com problemas administrativos. Porém, Chiavenato (2004),
elenca e descreve os principais filósofos da era moderna da humanidade, bem como
suas principais contribuições para o pensamento administrativo, sendo eles:

Figura 2 - Karl Marx e Friedrich Engels

Fonte: Google Imagens (2020).

a. Thomas Hobbes (1588-1679): filósofo político inglês, defende o


governo absoluto em função de sua visão pessimista da humanidade.
Na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra
permanente e conflito interminável para obtenção de meios de
subsistência. No livro Leviatã, assinala que o povo renuncia a seus
direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder

14
OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS

a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a


paz. O Estado representa um pacto social que, ao crescer alcança as
dimensões de um dinossauro ameaçando a liberdade dos cidadãos;
b. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): desenvolveu a teoria do Contrato
Social: o Estado surge de um acordo de vontades. Contrato social é
um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem
a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou
de um conjunto de regras. Rousseau assevera que o homem é por
natureza bom e afável e a vida em sociedade o deturpa;
c. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895): Figura 2,
propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O poder político
e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica
do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa,
imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista,
afirmam que a história da humanidade é uma história da luta de
classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos,
mestres e artesãos, em outras palavras exploradores e explorados,
sempre mantiveram uma luta, oculta ou manifesta. Marx afirma que,
os fenômenos históricos são o produto das relações econômicas entre
os homens. O marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo
das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade, em
oposição aos ideais metafísicos.

15


AUTOATIVIDADE

O contexto histórico da administração constitui o resultado de diversas


práticas empíricas resultados das ações administrativas de diversas figuras
lendárias iniciadas há mais de seis mil anos. A Administração, tal como
a encontramos hoje, é o resultado histórico e integrado da contribuição
cumulativa de numerosos precursores, alguns filósofos, outros físicos,
economistas, estadistas, e outros até mesmo empresários que, no decorrer
dos tempos, foram, cada qual no seu campo de atividades, desenvolvendo e
divulgando as suas obras e teorias.

Baseando-se nos estudos da unidade 1, elenque e descreva quais foram os


principais pensadores modernos e quais foram seus legados.

16
TÓPICO 2
UNIDADE 1

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS INFLUÊNCIAS


SOBRE A ADMINISTRAÇÃO

A revolução industrial, ocorrida na Inglaterra na segunda metade do século


XVIII, marca um novo período de desenvolvimento produtivo e econômico, no
qual transforma grande parte da sociedade, que era baseada na produção artesanal
e agrária, em uma sociedade urbana e industrializada. Produtos e mercadorias
que até então eram manufaturados e em pequenas quantidades, começaram a
serem produzidos em larga escala nas fábricas. Essa nova forma de produção só
foi possível graças ao desenvolvimento e a utilização de máquinas e técnicas da
indústria têxtil, da metalurgia, com a fabricação e ferro, e de nova força motriz.

A partir de 1776, com o invento da máquina a vapor (Figura 3) por


James Watt (1736-1819) e sua futura aplicação na produção industrial, uma nova
concepção de trabalho transformou totalmente a estrutura social e comercial da
época, originando intensas e velozes alterações econômicas, políticas e sociais
que, em um período de aproximadamente um século, foram maiores do que as
ocorridas no milênio anterior.

Figura 3 - Máquina a vapor

Fonte: Maestrovirtuale (2020a).

Para Chiavenato (2014, p. 39):

Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e que pode ser


dividida em duas épocas distintas: a) 1780 a 1860: Primeira Revolução
Industrial ou revolução do carvão e do ferro e b) 1860 a 1914: Segunda
Revolução Industrial ou revolução do aço e da eletricidade.


De acordo com o autor, esse período de industrialização nasceu como


uma bola de neve em aceleração crescente e atingiu todo seu ponto alto a partir
do século XIX. A Primeira Revolução Industrial passou por quatro fases distintas
(CHIAVENATO, 2014):

a. 1ª fase: mecanização da indústria e da agricultura, no fim do século


XVIII, com a máquina de fiar (inventada pelo inglês Hargreaves
em 1767), o tear hidráulico (Arkwright, em 1769), o tear mecânico
(Cartwright, em 1785) e o descaroçador de algodão (Whitney, em
1792), que substituíram o trabalho do homem e a sua força motriz, do
animal ou da roda de água;
b. 2ª fase: aplicação da força motriz à indústria. A força elástica do vapor,
descoberta por Denis Papin no século XVII, ficou sem aplicação até
1776, quando Watt inventou a máquina a vapor;
c. 3ª fase: desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena
oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operário e às
fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho;
d. 4ª fase: aceleramento dos transportes e das comunicações. A navegação
a vapor surgiu com Robert Fulton (1807) e logo depois as rodas
propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi
aperfeiçoada por Stephenson, surgindo a primeira estrada de ferro na
Inglaterra (1825) e logo depois nos Estados Unidos (1829) e no Japão
(1832). Esse novo meio de transporte propagou-se vertiginosamente.

Chiavenato (2014), ainda destaca que a partir de 1860, a revolução


industrial iniciou sua segunda fase, impulsionada por 03 grandes acontecimentos:
i) o aparecimento do processo de fabricação do aço (1856), ii) o aperfeiçoamento
do dínamo (1873) e iii) a invenção do motor de combustão interna (1873) por
Daimler. As principais particularidades da 2ª Revolução Industrial são as
seguintes: a) substituição do ferro pelo aço como material industrial básico; b)
substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de
energia; c) desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do
trabalhador; d) crescente domínio da indústria pela ciência e e) Transformações
radicais nos transportes e nas comunicações: as vias férreas foram ampliadas. A
partir de 1880, Daimler e Benz construíram automóveis na Alemanha; Dunlop
aperfeiçoou o pneumático em 1888 e Henry Ford iniciou a produção do seu
modelo T em 1908 – Divisão de trabalho conforme ilustrado na Figura 4. Em 1906,
Santos Dumont fez a primeira experiência com o avião;

18
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE A ADMINISTRAÇÃO

Figura 4 - Divisão de Trabalho

Uma pessoa que realiza as cinco fases necessárias na fabricação de um


produto só pode fabricar uma unidade.

Cinco pessoas, cada uma delas especializada em uma das fases de


fabricação, fabricam dez unidades ao mesmo tempo.

A divisão do trabalho é um princípio básico da industrialização. Na divisão do


trabalho, cada trabalhador é designado para uma tarefa, ou fase, diferente no
processo de fabricação, o que resulta em um aumento da produção total. Como
mostra a ilustração superior, se uma pessoa realizar as cinco fases na fabricação
de um produto, poderá produzir uma unidade ao dia. Cinco trabalhadores, cada
um especializado em uma das cinco fases, poderão produzir 10 unidades ao
mesmo tempo. Fonte: Microsoft ® Encarta ® Enciclopédia 2002. © 1993-2001
Microsoft Corporation.

Fonte: Ferreira (2009, p. 4).

Esses primeiros administradores tiveram problemas parecidos


com os dos administradores modernos, e o curso do pensamento
administrativo é a história de como buscamos resolver esses problemas
ao longo dos anos, enquanto cresciam em tamanho e em complexidade
(SILVA, 2008, p. 92).

19


AUTOATIVIDADE

A revolução industrial ocorrida na Inglaterra na segunda metade do século


XVIII marca um novo período de desenvolvimento produtivo e econômico
no qual transforma grande parte da sociedade, que era baseada na produção
artesanal e agrária, em uma sociedade urbana e industrializadas. Produtos e
mercadorias que até então eram manufaturadas e em pequenas quantidades,
começam a ser produzidas em larga escala nas fábricas. Essa nova forma de
produção só foi possível graças ao desenvolvimento e a utilização de máquinas
e técnicas da indústria têxtil, da metalurgia com a fabricação e ferro e de nova
força motriz.

De acordo com o conteúdo da unidade 1 a revolução industrial passou por


duas fases peculiares. Dessa forma, descreva as quatro fases distintas da
Primeira Revolução Industrial.

20
TÓPICO 3
UNIDADE 1

O PENSAMENTO ADMINISTRATIVO – A ADMINISTRAÇÃO


COMO CIÊNCIA, ARTE E TÉCNICAS

Arte pode ser considerada como sendo uma prática hábil e sistematizada.
Para um indivíduo corresponde a uma habilidade de uma parte de dotação
natural, isto é, nata, porém a outra parte pode ser construída pelo esforço em
aprender e dominar determinadas técnicas. Por muito tempo a administração foi
denominada como uma arte, como foi visto nos antecedentes históricos.

Existia no passado uma máxima que afirmava que os administradores


nascem e não são feitos. Essa era a razão pela qual o treinamento não tinha papel
na preparação de futuros administradores. Por definição, administração nada
mais é do que o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o trabalho
dos membros da organização e de utilizar os recursos disponíveis da organização
para atingir os objetivos estabelecidos. Porém, esta definição principal deve ser
ampliada.

De acordo com Chiavenato (2014, p. 17):

a administração é muito mais que simplesmente planejar, organizar,


dirigir e controlar, (...). A administração envolve um complexo de
decisões e ações aplicadas a uma variedade de situações, em uma
ampla diversidade de organizações.

Na concepção de Ortiz (2008), o desenvolvimento subsequente das


organizações está ligado à evolução da administração, não só na sua dimensão
científica, mas também na sua aplicação e caráter técnico. É necessário conhecer
previamente o significado dos termos ciência, técnica e arte, a fim de avaliar o
verdadeiro lugar da administração no campo acadêmico. O Quadro 2 faz essa
contextualização.

Quadro 2 - Administração como Ciência, técnica e Arte


A administração tem um conjunto de conhecimentos organizados de forma sistemática que se
COMO baseia na acumulação de conhecimentos históricos e tem os seus próprios princípios. Tem um
CIÊNCIA objeto de estudo que é a organização. Possui vários métodos e teorias de aplicação geral cujas
conclusões são viáveis e podem ser tornadas unitárias.
A administração é constituída por um conjunto de procedimentos validados por
COMO conhecimentos e experiência, e de aplicação geral ou particular. Estes procedimentos e
TÉCNICA recursos, que são moldados pela profissão de administração, requerem um exercício constante
para adquirir maior perícia e habilidade na sua utilização para resolver problemas práticos.
A administração é caracterizada pela virtude, disposição e personalidade para construir um
cenário favorável numa organização de seres humanos com atributos variados e complexos.
COMO A administração resgata a necessidade de usar a criatividade na solução de problemas com
ARTE o avanço das estratégias e objetivos propostos. O carácter da arte está também presente na
seleção de soluções simples, harmónicas e integradoras.
Fonte: Ortiz (2008).


AUTOATIVIDADE

Arte pode ser considera como sendo prática hábil e sistematizada. Para um
indivíduo corresponde a uma habilidade de uma parte de dotação natural,
isto é, é nata, porém a outra parte pode ser construída pelo esforço em
aprender e dominar determinadas técnicas. Por muito tempo a administração
foi denominada como uma arte, como foi visto nos antecedentes históricos.

É necessário conhecer previamente o significado dos termos ciência, técnica e


arte a fim de avaliar o verdadeiro lugar da administração no campo acadêmico.
Nesse contexto, complete o quadro abaixo.

COMO
CIÊNCIA

COMO
TÉCNICA

COMO
ARTE

22
UNIDADE 1 TÓPICO 4

ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

As escolas clássicas de administração, deram origem às teorias clássicas


da administração, o que ocorreu durante a revolução industrial. Essas escolas,
atualmente, são consideradas as principais teorias que buscaram a eficácia das
organizações e deram origem ao pensamento administrativo moderno. Diversos
autores relatam que se originaram quando novos problemas relacionados ao
sistema fabril começaram a surgir.

Nesse período os gerentes não tinham certeza e convicção de como


treinar funcionários ou lidar com o aumento da insatisfação no trabalho, então
começaram a avaliar soluções. Como resultado, a teoria clássica da administração
desenvolveu-se a partir de esforços para encontrar a melhor maneira de executar
e gerenciar tarefas. Essas escolas do pensamento administrativo descrevem
quatro teorias principais: a Teoria da Administração Cientifica de Taylor, a Teoria
Clássica da Administração de Fayol, a Teoria das Relações Humanas de Mayo e a
Teoria Burocrática de Weber.

O estudo do pensamento administrativo, desde o seu nascimento como


disciplina, formou diversas teorias administrativas com a qual o administrador
trabalha e analisa. No entanto, não há uma teoria definitiva em nenhuma ciência,
ou seja, não há soluções para todos os tipos de problemas, mas abordagens.
Na administração, as teorias são continuamente geradas como correntes de
pensamentos peculiares ao seu tempo, algumas são adaptações de teorias clássicas
para novos problemas. As teorias são o motor que impulsionam o crescimento do
pensamento administrativo.

As teorias, também conhecidas como correntes ideológicas, agrupam os


pensamentos mais seletos de uma determinada abordagem. Os autores principais,
já citados, possuem determinadas características que lhes permitem agrupar-se
em sua corrente de pensamento. Obviamente, não há uma abordagem igual, o
que existe é uma abordagem principal, que demonstra os métodos para aquela
escola, referindo-se a um determinado momento histórico e para determinadas
situações.

Teoria da Administração CientÍfica


A Teoria da Administração Científica, também é conhecida por sua
aplicabilidade na engenharia de produção e nos níveis mais operacionais das
organizações. O maior contribuidor dessa teoria é o engenheiro norte-americano
Fredrick Winslow Taylor (1856-1915), e é por esse motivo que a administração


científica é frequentemente chamada de “taylorismo”. Taylor, (Figura 5) era um


engenheiro mecânico que se interessava principalmente pelo tipo de trabalho
feito nas fábricas e oficinas. Ele observou que os proprietários e gerentes das
fábricas sabiam pouco sobre o que realmente acontecia. Taylor acreditava que o
sistema poderia ser melhorado e procurou um incentivo.

Figura 5 - Frederick Winslow Taylor

Fonte: Google Imagens (2020).

De acordo com Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 56):

Frederick Winslow Taylor começou conhecido como o pai da


administração cientifica, começou sua carreira na Midvale Steel
Company, na Filadélfia, no ano de 1878. Enquanto lá trabalhava
galgou postos, como líder de grupos, assistente de capataz, capataz,
mecânico-chefe e engenheiro-chefe. Foi também responsável pela
organização do gerenciamento de empresas importantes como
Bethlehem Steel Company, Cramps Shipbuilding Company e Midvale
Steel Company, no ano de 1900, Taylor recebeu uma medalha de ouro
da Exposição em Paris, por sua invenção de processo de tratamento de
ferramentas modernas de alta velocidade.

Ele decidiu, pela remuneração surgindo, na concepção de Taylor, o homo


economicus, que tinha por princípio que o indivíduo busca por trabalho não
porque gosta dele, mas como uma maneira de sobrevivência, que o salário pode
proporcionar. Taylor acreditava que um trabalhador deveria receber “um dia de
pagamento justo por um dia de trabalho justo” - nem mais, nem menos. Se o
trabalhador não conseguia trabalhar pelo objetivo, então a pessoa não deveria
estar trabalhando.

24
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

UNI

O conceito do homem econômico

É uma visão estreita da natureza humana: o homem econômico não se limitava a ver
o homem como um empregado por dinheiro; via no operário da época um indivíduo
limitado e mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas e
que deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo-padrão.

Rodriguez (2006), afirma que Frederico W. Taylor tem sido considerado


como o “pai da administração científica” por investigar sistematicamente o
trabalho humano em operações de produção em empresas utilizando o método
científico. Observou os operários (Figura 6), quando produziam peças metálicas
ou peças para a construção de edifícios (lingotes). Nas alturas das construções,
cada trabalhador fazia à sua maneira e, portanto, cada lingote era diferente
na forma e no custo. Não existiam normas, que atualmente conhecemos como
padronização das operações de qualidade, na produção de um objeto e/ou serviço
que facilitassem a sua medição.

Figura 6 - Operários do início do século XX

Fonte: Google Imagens (2020).

Assim, Taylor afirmou:

a. Não havia um sistema de trabalho eficaz;


b. Não havia incentivos econômicos para que os trabalhadores
melhorassem o seu desempenho;
c. As decisões eram tomadas militarmente e empiricamente, e não pelo
conhecimento científico. Ou os trabalhadores foram contratados sem
levar em consideração suas competências.

25


A administração científica constitui uma teoria de gerenciamento que


busca analisar os fluxos de trabalho com o objetivo de melhorar a eficiência
econômica, principalmente a produtividade do trabalhador. Esta teoria era
popular nas décadas de 1880 e 1890 nas indústrias manufatureiras dos Estados
Unidos. “Essa essência - que ainda perdura em muitas tecnologias administrativas
contemporâneas – repousa no que Taylor chamava de administração cientifica
e nos pré-requisitos básicos para sua aplicação” (CARAVANTES; PANNO;
KLOECKNER, 2005, p. 57).

Seu propósito era a redução do acaso, e a extinção da ‘regra do polegar’


do empirismo, ou seja, a experiência sem fundamentação científica no processo
produtivo, bem como os fatores de personalidade na tomada de decisão,
defendendo, assim, administração por sistemas e padrões. Nesse contexto,
Chiavenato (2014), divide em dois períodos os estudos de Taylor, como segue:

1. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação


de seu livro Shop Management (1903), Figura 7, sobre as técnicas
de racionalização do trabalho do operário, por meio do estudo de
tempos e movimentos (motion-time study). Taylor começou por
baixo, com os operários no nível de execução, efetuando um paciente
trabalho de análise das tarefas de cada trabalhador, decompondo
seus movimentos e processos de trabalho para aperfeiçoá-los e
racionalizá-los. Verificou que o operário médio, com o equipamento
disponível, produzia muito menos do que era potencialmente capaz.
Concluiu que, se o operário mais produtivo percebesse que obtinha
a mesma remuneração que o seu colega menos produtivo, acabava
se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo
com sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar
mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz, em Shop
Management, que:

Figura 7 - Livro Shop Management

Fonte: Google Imagens (2020).

26
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

a. O objetivo da administração é pagar salários melhores e reduzir


custos unitários de produção;
b. Para realizar tal objetivo, a administração deve aplicar métodos
científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios
e estabelecer processos padronizados que permitam o controle
das operações fabris;
c. Os empregados devem ser cientificamente selecionados e
colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas
para que as normas sejam cumpridas;
d. Os empregados devem ser cientificamente treinados para
aperfeiçoarem suas aptidões e executarem uma tarefa, para que
a produção normal seja cumprida;
e. A administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial
cooperação com os trabalhadores para garantir a permanência
desse ambiente psicológico.

2. Segundo período de Taylor Corresponde à publicação do seu livro The


Principles of Scientific Management (1911), Figura 8, quando concluiu
que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada
de uma estruturação geral para tornar coerente a aplicação dos seus
princípios na empresa como um todo. A partir daí, desenvolveu seus
estudos sobre a administração geral, a qual denominou Administração
Científica, sem deixar de lado sua preocupação quanto à tarefa do
operário. Para Taylor, as indústrias de sua época padeciam de três
males:

a. Vadiagem sistemática dos operários, que reduziam a produção a


cerca de 1/3 do que seria normal, para evitar a redução das tarifas de
salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no
trabalho:

1. O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior


rendimento do homem e da máquina provoca desemprego.
2. O sistema defeituoso de administração que força os operários
à ociosidade no trabalho, a fim de proteger seus interesses
pessoais.
3. Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas,
com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço
e tempo.

b. Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo


necessário para sua realização;
c. Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho.

27


Figura 8 - Livro The principles of scientific management

Fonte: Google Imagens (2020).

Taylor acreditava que os operários de uma fábrica poderiam melhorar sua


eficiência se realizasse um estudo científico de sua forma de trabalhar, conceito
que basicamente provém da análise do tempo e dos movimentos. Era o que se
denominou Organização Racional do Trabalho (ORT) conforme ilustrado na
Figura 9.

Figura 9 - Organização Racional do Trabalho (ORT)

Antes do Estudo Depois do Estudo


Fonte: Google Imagens (2020).

Taylor descobriu que os operários aprenderam a executar tarefas


observando os seus colegas. Ele percebeu que isto levou a diferentes métodos
de execução da mesma tarefa, bem como a utilização de diversos instrumentos
e ferramentas em cada operação. Uma vez que, entre os diferentes métodos e
instrumentos utilizados em cada trabalho há sempre um método mais rápido e
um instrumento mais adequado que os outros, é possível encontrar estes últimos
e aperfeiçoá-los através de análises científicas e estudo detalhado dos tempos e
dos movimentos, em vez de deixar aos critérios pessoais de cada operário.

28
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

A intenção de Taylor era substituir métodos empíricos e rudimentares por


métodos científicos em todas as tarefas. De acordo com Chiavenato (2004), A ORT
se fundamenta nos seguintes aspectos:

a. análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos;


b. estudo da fadiga humana;
c. divisão do trabalho e especialização do operário;
d. desenho de cargos e de tarefas;
e. incentivos salariais e prêmios de produção;
f. conceito de homo economicus;
g. condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto etc.;
h. padronização de métodos e de máquinas;
i. supervisão funcional.

Teoria Clássica da Administração


A teoria clássica da administração, também denominada corrente
Fayolista em honra do seu criador Jules Henri Fayol (1841-1925), Figura 10,
distinguiu-se pela sua abordagem sistêmica. Os seus estudos contemplam todas
as áreas da organização, uma vez que se faz imprescindível para Fayol a empresa
vender, produzir, financiar e segurar os ativos. Em suma, a organização e os
seus componentes eram vistos como um grande sistema interdependente, como
clientes internos.

Figura 10 - Jules Henri Fayol

Fonte: Maestrovirtuale (2020b).

Dos teóricos da administração, foi o primeiro a identificar a administração


como um processo contínuo de avaliação. Ele se concentrava na estrutura e nas
funções que uma organização deve ter para alcançar a eficiência.

29


De acordo com Münch (2010), Henri Fayol inicia a escola do processo


administrativo, também conhecida como teoria clássica. Postula que a
administração é feita por meio de várias fases. Com o passar do tempo e a
contribuição de vários autores, a Teoria Clássica deu origem à Escola Eclética,
que compreende uma conjunção de ideias de correntes para a aplicação da
administração.

De acordo com Rodriguez (2006): “Fayol é o autor mais reconhecido no


campo da administração mundial. Seu trabalho foi regido principalmente nas
regras universais que regem a administração de empresas”. O pensamento
de Fayol, divulgado por meio dos seus livros, conferências e por membros da
academia, como por exemplo o do Centro de Estudos Administrativos em Paris,
é conhecido mundialmente como Fayolismo, constituído por princípios de gestão
e processos administrativos, produtivos, comerciais e financeiros.

Tal como Taylor, Fayol considerou necessário introduzir o método científico


na gestão das organizações, ou seja, observando, registrando, classificando e
interpretando os fatos de maneira a conseguir regras gerais que permitiam o
prognóstico das situações para as prever antes que elas acontecessem. Fayol
observou que “o empirismo tem reinado na administração dos negócios. Cada
gestor (gerente ou diretor) governa ou dirige à sua maneira, sem se preocupar
com a existência de leis que regulem a boa gestão” (RODRIGUEZ, 2006).

Na administração, Fayol atribuiu as suas realizações à aplicação consistente


e sistemática de uma série de princípios simples, eficazes e universalmente
aplicáveis que a experiência humana, ao longo dos séculos, tinha alcançado e
que ele tinha sintetizado e adaptado cientificamente. Abriu, assim, claramente, o
caminho para uma escola inteira entre os pensamentos confusos sobre a natureza
da gestão da alta gerência. A Figura 11 elenca as principais contribuições de Fayol
para a administração.

Figura 11 - Principais contribuições de Henri Fayol


Processos
administrativos (PA)

Universalidade da Princípios Gerais


Administração. da Administração

Habilidades
administrativas Áreas funcionais
e gerenciais nas organizações
por hierarquia

Criador do Centro
de Estudos
Administrativos
em Paris

Fonte: Rodríguez (2006).

30
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

Fayol organizou a gestão administrativa, enquanto Taylor deu ordem


as tarefas e os seus processos. Coloquialmente falando, o primeiro organizou a
cabeça, enquanto o segundo organizou os pés e as mãos. Estes autores, como
todos os teóricos da administração que vamos ver, são complementares, não
excludentes (RODRIGUEZ, 2006).

De acordo com Marco e Loguzzo (2016), a principal obra de Fayol é a


Administration Industrielle Et Generale (Administração Industrial e Geral,
Figura 12) publicada em 1916. Dela, parte a afirmação de que, o conjunto de
funções realizadas por cada empresa pode ser dividido em seis grupos:

Figura 12 - Administration Industrielle Et Generale

Fonte: Google Imagens (2020).

a. Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou serviços;


b. Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca;
c. Financeiras: relacionadas com a procura e administração do capital;
d. Segurança: relacionadas com a proteção e preservação de bens e
pessoas;
e. Contabilísticas: relacionadas com registos, inventários, balanços,
análise de custos e estatísticas;
f. Administrativas: relacionadas com a integração das outras cinco
funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as
outras funções da empresa, e estão sempre localizadas em um nível
hierárquico superior a elas.

De acordo com Silva (2008), “as funções da administração são aquelas


atividades básicas que devem ser desempenhadas por administradores para
alcançar os resultados determinados e/ou esperados pelas organizações”. Essas
funções constituem o processo administrativo e estão descritas no Quadro 3.

31


Quadro 3 - Funções da Administração


Determinação de objetivos e metas poro o desempenho
PLANEJAMENTO organizacional futuro e decisão dos tarefas e recursos utilizados
poro alcance desses objetivos.

Processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em


ORGANIZAÇÃO
departamentos e de alocação de recursos paro os departamentos.

Influencia para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo


DIREÇÃO o alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização,
ativação e persuasão dessas pessoas.

Função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os


CONTROLE
padrões predeterminados, isto é, com o planejado.

Fonte: Silva (2008).

Na perspectiva de Chiavenato (2014), “Fayol define o ato de administrar


como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções
administrativas envolvem os elementos da administração”, isto é, as funções do
administrador denominado de POCCC:

a. Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação.


b. Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa.
c. Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
d. Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos.
e. Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras
estabelecidas e as ordens dadas.

Segundo Maximiano (2000), Fayol completa sua teoria com a proposição


de 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz:

1. Divisão de trabalho, a designação de tarefas específicas para cada


indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos
poderes;
2. Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira o direito de mandar
e o poder de se fazer obedecer, e a segunda, a sanção - recompensa ou
penalidade - que acompanha o exercício do poder;
3. Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e
seus agentes;
4. Unidade de comando, de forma que cada indivíduo tenha apenas um
superior;
5. Unidade de direção, um só chefe e um só programa para um conjunto
de operações que visam ao mesmo objetivo;
6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral;

32
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

7. Remuneração do pessoal, de forma equitativa e com base tanto em


fatores externos, quanto internos;
8. Centralização, o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão
no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a
iniciativa dos subordinados;
9. Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos
chefes, desde o primeiro, ao último escalão, dando-se aos subordinados
de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a
ponte de Fayol);
10. Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar;
11. Equidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não
excluindo a energia e o rigor quando necessários;
12. Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de
promover seu desenvolvimento;
13. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes;
14. Espírito de equipe.

TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS


No mundo intelectual, a importância que a maximização da produtividade
exige, para que seja viável o uso de uma tecnologia que parte de concepções válidas
sobre a natureza do homem, está aos poucos ganhando corpo nos negócios. As
investigações estão acontecendo, e sobre seus resultados se delineia a corrente
sociológica da administração.

A teoria das relações humanas nasceu nos Estados Unidos, na década de


1920 do século XX, e foi possível graças ao desenvolvimento das ciências sociais,
especialmente da psicologia. Foi basicamente um movimento de reação e oposição
à teoria clássica da administração.

A Teoria das Relações Humanas foi desenvolvida pelo psicólogo George


Elton Mayo (1880-1949). Mayo, Figura 13, foi professor de Filosofia, Lógica e Ética
na Austrália. Em 1922 emigrou para os Estados Unidos onde, imediatamente, se
dedicou à pesquisa industrial. Mayo junto com seus colaboradores, Mery Perker
Follet, Abraham Maslow e Douglas McGregor, realizaram uma série de estudos
na Western Electric Company em Hawthorne (Illinois), iniciando a aplicação das
relações humanas que, ainda hoje, são vitais para o sucesso de uma empresa.

33


Figura 13 - George Elton Mayo

Fonte: Google Imagens (2020).

Na perspectiva de Chiavenato (2014), a Teoria das Relações Humanas tem


suas origens nos seguintes fatos:

a. Necessidade de humanizar e democratizar a administração,


libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica
e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Nesse
sentido, a Teoria das Relações Humanas se revelou um movimento
tipicamente americano e voltado para a democratização dos conceitos
administrativos;
b. Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia,
bem como sua crescente influência intelectual e suas primeiras
aplicações à organização industrial. As ciências humanas vieram
demonstrar a inadequação dos princípios da Teoria Clássica;
c. Ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da psicologia
dinâmica de Kurt Lewin fundamentais para o humanismo na
administração. Elton Mayo é o fundador da escola. Dewey e Lewin
também contribuíram para sua concepção, e a sociologia de Pareto
foi fundamental;
d. Conclusões da Experiência de Hawthorne: realizada entre 1927 e
1932, sob a coordenação de Elton Mayo, que puseram em xeque os
principais postulados da Teoria Clássica da administração.

Para Silva (2008 p. 186), Mayo foi o responsável pela coordenação e


realização da “experiência de Hawthorne, que desencadeou uma série de
descobertas sobre o comportamento humano no trabalho. Realizou quatro estudos
importantes com relação ao comportamento e aos resultados da produtividade
no trabalho, entre 1923 e 1944”, como segue abaixo:

a. O primeiro foi desenvolvido em uma fábrica de tecidos na Filadélfia,


onde ocorria uma intensa troca de funcionários, que se mostravam
tristes e deprimidos, o que, de acordo com Mayo, era conseqüência
34
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

da fadiga. Mayo então estabeleceu períodos de descanso ao longo


do dia, o que não provocou grande alteração na motivação. Houve
significativa melhora no comportamento dos operários quando eles
passaram a participar da decisão de estabelecer os períodos mais
convenientes de descanso;
b. O segundo estudo desenvolvido foi a experiência na fábrica de
Hawthorne, a mais famosa pesquisa sobre o relacionamento das
pessoas no trabalho;
c. O terceiro estudo foi uma pesquisa que se desenvolveu em três
indústrias metalúrgicas (uma cidade da costa ocidental dos Estados
Unidos) onde ocorria um alto índice de absenteísmo, exceto em uma
delas. Mayo descobriu que nesta última o grupo tinha sua reputação
valorizada, o que foi conseqüência de treinamento dos contramestres
feito muito tempo antes, a fim de preservar a dignidade pessoal
do empregado, o que se mantinha até então. O treinamento dos
contramestres se fundamentava em serem pacientes, atenciosos e em
evitar o descontrole emocional no trato com seus subordinados;
d. A quarta pesquisa foi realizada em uma fábrica de aviões, em 1944,
no sul da Califórnia, onde se constatava alta rotatividade da mão-
de-obra. Mayo verificou que, dentre os tipos de comportamento
dos grupos da empresa, destacava-se aquele com espírito de equipe
criado pelos gerentes, que incitavam a solidariedade com os demais
participantes.

Figura 14 - Western Electric Company

Fonte: Chuckman (2013).

De acordo com Ali (2014), foram realizados estudos da Hawthorne para


encontrar a relação entre o ambiente físico e a produção dos trabalhadores.
Foram realizadas experiências da Hawthorne na Western Electric Company em
Chicago (Figura 14). Mayo foi envolvido no projeto em 1929 e 1930, e entrevistou
os trabalhadores envolvidos nas experiências. Através destes estudos, Mayo
concluiu que os trabalhadores se tornam mais produtivos se receberem atenção

35


da direção. O resultado das suas descobertas nos estudos da Hawthorne, mais


tarde deu lugar ao movimento de relações humanas. O movimento centra-se no
conceito de satisfação profissional, normas de grupo e liderança, qualidade e o
seu significado na melhoria da produtividade.

UNI

Conceito de homem social

Os precursores da Administração Científica se baseavam no conceito do homo economicus


- pelo qual o homem é motivado e incentivado por estímulos salariais - e elaboravam
planos de incentivo salarial para elevar a eficiência e baixar os custos operacionais. Para
a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação
do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de
reconhecimento, aprovação social e participação nas atividades dos grupos sociais nos
quais convivem. Chiavenato (2014).

Teoria Burocrática
A partir do pensamento administrativo direcionados para as organizações,
diversas teorias ao longo do tempo têm sido construídas sobre a organização do
trabalho nas empresas. O século XX foi um manancial de correntes para a área
da administração e, uma das mais significantes foi a Teoria Burocrática de Max
Weber (Figura 15).

Figura 15 - Max Weber

Fonte: Rodrigues (2020).

Maximilian Karl Emil Weber (1864-1920), foi um filósofo, economista,


jurista, historiador, cientista político e sociólogo alemão. Ele é considerado
o fundador do estudo moderno da sociologia e da administração pública.
36
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

Weber iniciou o estudo sistemático da burocracia. Ele desenvolveu uma série


de observações a respeito e configurou as condições que contribuem para isso,
com conceitos como a economia monetária, o sistema capitalista e a revolução
industrial. Weber é considerado um dos pais da sociologia. “Seu trabalho
mais relevante para o campo organizacional – A teoria da Organização Social
Econômica – foi publicado em 1922, dois anos após sua morte” (CARAVANTES;
PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 64).

Max Weber é considerado uma das grandes figuras intelectuais dos séculos
XIX e XX. Ele manteve uma curiosidade incessante por várias disciplinas, como
direito, economia e história. Sua trajetória acadêmica e intelectual o posicionou
como um dos pais da sociologia. Um de seus objetivos era descobrir quais foram
as condições culturais que permitiram o desenvolvimento do capitalismo. Hoje,
seu pensamento continua influenciando uma infinidade de disciplinas.

De acordo com Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 65), Weber


estava “interessado nos aspectos referentes a organização formal, isto é, os meios
racionais utilizados para dirigir as atividades de muitos indivíduos ocupantes
de cargos diferentes, visando atingir um objetivo comum”. “Uma organização é
um arranjo sistemático de pessoas reunidas para alcançar um propósito comum”
(ROBBINS; DECENZO, 2004, p. 4).

Basicamente a Teoria Burocrática está relacionada à estrutura e ao processo


administrativo das organizações. Mas afinal, o que é burocracia? Podemos definir
o termo burocracia como as regras e regulamentos, processos, procedimentos,
padrões, onde, todos os processos são formulados com a finalidade de reduzir a
complexidade do funcionamento da organização.

Essa teoria surgiu para resolver as limitações da teoria clássica e da teoria


das relações humanas que, por outro lado, eram opostas e contraditórias entre
si. Assim, Weber levantou essa teoria racionalista por meio de uma abordagem
eficiente, aplicável a fábricas e diferentes formas de organização humana.

Figura 16 - The theory of social and economic organization

Fonte: Google Imagens (2020).

37


Silva (2008, p. 146), relata “Os escritos de Weber sobre burocracia foram
publicados em duas diferentes seções de um rascunho incompleto de Economia e
sociedade”. A primeira parte foi traduzida por Parsons e M. Henderson em 1947,
na seção 3 do livro The theory of social and economic organization (A teoria da
organização social e econômica – Figura 16). A segunda parte apareceu no livro
From Max Weber, essays in sociology (De Max Weber, ensaios em sociologia),
publicado em 1946, de Hans Gerth e C. Wright Mills. De acordo com Souza (2015,
p. 170), “a Teoria da Burocracia foi originada dentro da Administração por volta
dos anos 1940, em função de alguns aspectos da Burocracia na Administração”.

“A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na


racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a
fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos”, segundo
Chiavenato (2014, p. 258). Ainda, de acordo com o autor, Weber distingue três
tipos de sociedade:

a. Tradicional: predominam características patriarcais e patrimonialistas,


como família, clã, sociedade medieval, etc.;
b. Carismática: predominam características místicas, arbitrárias e
personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos
políticos, nas nações em revolução, etc.;
c. Legal, racional ou burocrática: predominam normas impessoais
e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes
empresas, nos estados modernos, nos exércitos, etc.

Na concepção de Souza (2015), na prática, a teoria da burocracia segue


premissas cuja características resultam em objetivos predefinidos, conforme
demonstra a Figura 17.

Figura 17 - Premissas da Burocracia

Burocracia baseada em:

• Caráter legal das normas e regula-


mentos Consequências Previstas:
• Caráter formal das comunicações Objetivo
• Caráter racional e divisão do
• Previsibilidade do comportamento
trabalho
humano • :Máxima eficiência da organização
• Impessoalidade nas relações
• Padronização do desempenho dos
• Hierarquia da autoridade
participantes.
• Rotinas e procedimentos
• Competência técnica e Meritocra-
cia
• Previsibilidade do funcionamento

Fonte: Souza (2015, p. 173).

Silva (2008, p. 146), afirma que do ponto de visto da perspectiva clássica,


“uma organização é a estrutura de relacionamentos, poder, objetivos, papéis,
atividades, comunicações e outros fatores que existem quando pessoas trabalham
juntas”. Como desenvolvidas por Weber, a burocracia possui característica
conforme descritas no Quadro 4.

38
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

Quadro 4 – Característica da Burocracia


As atividades são desmembradas em tarefas simples, de tal modo
que qualquer pessoa, de qualquer tipo de organização, poderia se
DIVISÃO DE tornar especializada em um tempo mínimo; a especialização faz a
TRABALHO trabalho humano intercambiável, o que contribui grandemente paro
a eficiência organizacional. Cada posição tem claramente definidas
as responsabilidades e a delegação de autoridade competentes.
Posições ou empregados são organizados de modo a formar
HIERARQUIA DE a hierarquia (cadeia de comando) na qual a organização
AUTORIDADE está estruturada. Cada posição nessa hierarquia contém
responsabilidades e deveres específicos, bem como privilégios.
Todos os membros da organização são selecionados com base na
qualificação técnico paro um desempenha adequado; as promoções
ocorrem por desempenho e capacitação técnica (mérito). Um esforço
consciente é feito para adequar o desempenho do trabalho às
RACIONALIDADE qualificações da funcionário e/ou candidato, independentemente das
características de raça, sexo, religião ou classe social deste. O critério-
guia deveria ser simplesmente o grau de adequação do potencial do
empregado em termos de educação, treinamento, conhecimento e
habilidade para desempenhar a atividade em uma organização.
As decisões gerenciais são guiadas por regras, disciplina e controles,
relacionadas à conduta dos deveres oficiais, aplicados de forma
REGRAS E PADRÕES
impessoal tanto aos empregados da organização como aos clientes
foro dela.
Os administradores trabalham por solários fixos e não são os donos
dos negócios que administram; os gerentes são treinados para as
COMPROMISSO
atividades administrativos visando a melhor qualificação para o
PROFISSIONAL
alcance da eficiência organizacional e para a controle das atividades
dos empregados nesse mesmo sentido.
Com o objetiva de estabelecer continuidade organizacional e com
REGISTROS o propósito de alcançar uniformidade de ação, as burocracias
ESCRITOS mantêm registros, elaborados para detalhamento das transações da
organização.
As regras e os procedimentos são aplicados de modo uniforme e
imparcial; todos os funcionários são avaliados de acordo com regras
IMPESSOALIDADE
objetivas, de tal modo que não se permito ao superior considerações
pessoais ou emocionais poro ‘colorir’ as avaliações.
Essas são as características apresentadas pelas organizações que Weber estudou. Entretanto,
mais do que a análise dessas organizações, Weber propôs um modelo analítico de
organizações.

Fonte: Silva (2008, p.147).

Segundo a teoria burocrática de Max Weber, a burocracia é a base para


a formação sistemática de qualquer organização e visa garantir a eficiência e a
eficácia econômica. É um modelo ideal de gestão e administração para colocar
em foco a estrutura de poder de uma organização. Com essas observações, ele
estabelece os princípios básicos da burocracia e enfatiza a divisão do trabalho,
hierarquia, regras e relacionamento impessoal.

39
TÓPICO 5
UNIDADE 1

FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO

A administração tem sido considerada como sendo um processo social


que abrange a responsabilidade pelo planejamento e regulamentação econômica
e eficaz das operações das organizações, tendo como finalidade o cumprimento
de determinados objetivos. Corresponde a um processo dinâmico que consiste
em diversos elementos e atividades. O termo administração, se refere ao processo
de fazer com que as coisas sejam executadas, com eficácia e eficiência, por meio
de outras pessoas e com elas (ROBBINS E DECENZO, 2004).

Esse processo é caracterizado por um conjunto de funções desempenhadas


pelos gestores para o cumprimento dos objetivos da organização. Dentro das
empresas a administração desempenha um papel primordial para que, as metas
estabelecidas, sejam atingidas. O principal objetivo das funções administrativas é
atingir os objetivos organizacionais ao mesmo tempo em que utiliza os recursos
organizacionais de forma mais eficaz. No contexto contemporâneo, deve-se ser
aceita as atribuições mínimas das funções administrativas declarando as funções
de gestão de forma simplificada, tais como planejamento, organização, direção e
controle – PODC – ou seja, um modo de enunciação comumente aceite atualmente
(Figura 18).

Figura 18 - As quatro funções administrativas

Planejamento

Formular objetivos e os
meios para alcançá-los

Recursos Resultados

• Humanos Controle Organização • Desempenho


• Financeiros • Objetivos
• Materiais • Produtos
Monitorar as atividades e Modelar o trabalho, alocar
• Tecnológicos • Serviços
corrigir os desvios recursos e coordenar
• Informação • Eficiência
atividades
• Eficária

Direção

Designar pessoas, dirigir


seus esforços, motivá-las,
liderá-las e comunicar

Fonte: Chiavenato (2007, p. 27)




De acordo com Chiavenato (2004, p. 167):

quando consideradas em um todo integrado, as funções


administrativas formam o processo administrativo. Quando
consideradas isoladamente, o planejamento, a direção, a organização
e o controle constituem funções administrativas.

Conforme ilustra a Figura 19:

Figura 19 - O processo administrativo


Planejamento Organização Direção Controle

• Definir a missão • Dividir o trabalho • Designar as pessoas • Definir os padrões


• Formular objetivos • Designar as atividades • Coordenar os esforços • Monitorar o
• Definir os planos • Agrupar as atividades • Comunicar desempenho
para alcançar os em órgãos e cargos • Motivar • Avaliar o desempenho
objetivos • Alocar recursos • Liderar • Ação corretiva
• Programar as • Definir autoridade e • Orientar
atividades responsabilidade

Fonte: Chiavenato (2007, p. 26)

Assim, conceitua-se a administração, como sendo o processo para alcançar


os objetivos organizacionais. Nesse sentido, um processo representa um conjunto
de atividades dinâmicas, contínuas e inter-relacionadas. Dinâmica porque as
organizações sofrem constantes impactos internos e externos. Contínuo significa
que as atividades não são realizadas de forma linear, passo a passo, onde a
responsabilidade é passada de uma atividade para a próxima.

Em vez disso, as atividades continuam à medida que novas atividades


são iniciadas. Inter-relacionado significa que os resultados de cada atividade
influenciam as outras atividades e tarefas. É responsabilidade da administração
zelar para que as atividades essenciais sejam realizadas com eficiência - da melhor
maneira possível - e com eficácia - fazendo a coisa certa.

Planejamento
Planejar significa definir metas de desempenho para a organização e
determinar quais ações e recursos são necessários para atingir as metas. Por meio
do planejamento, a administração define os planos estratégicos e táticos, como
deve ser o futuro da organização qual o melhor caminho a percorrer. Os planos
estratégicos são de longo prazo e afetam toda a organização. Planejar preenche a
lacuna entre o que uma organização é e o que ela se tornará, conforme ilustra a
Figura 20.

42


Figura 20 - Função de Planejar


Planejamento

• Definir objetivos
• Verificar onde as
coisas estão hoje
• Desenvolver
premissas sobre
condições futuras Organizar Dirigir Controlar
(cenários)
• Identificar meios
para alcançar os
objetivos
• Implementar os
planos de ação
necessários

Fonte: Chiavenato (2007, p. 30).

Segundo Münch (2010), o planejamento é quando são determinados os


cenários futuros e a direção da empresa, assim como a definição dos resultados
que se pretende obter e as estratégias para os atingir, minimizando os riscos.
Para Marco e Loguzzo (2016), é a função que inicia o ciclo administrativo (Figura
21), uma vez que estabelece os elementos e critérios gerais em que os outros se
baseiam.

Figura 21 - As premissas do Planejamento

Presente Futuro

Onde pretendemos
Onde estamos agora Planejamento
chegar

Objetivos
Situação atual Planos
pretendidos

Fonte: Chiavenato (2007, p. 28).

O planejamento consiste em determinar as bases que irão orientar a ação


futura da organização. O processo de planejamento consiste em determinar os
objetivos, a situação futura a alcançar e as orientações gerais das ações a levar a
cabo para os atingir. Neste sentido, o planejamento consiste em determinar os
objetivos a alcançar e as linhas de ação apropriadas para os atingir.

Conforme Chiavenato (2014, p. 173), “quando consideradas em um todo


integrado, as funções administrativas formam o processo administrativo. Quando
consideradas isoladamente, constituem funções administrativas”. Dessa forma, a
sequência das funções do administrador forma o ciclo administrativo (Figura 22):

43


Figura 22 - Ciclo das funções administrativas

Controle Planejamento
Monitorar as atividades Formular objetivos e os
e corrigir os desvios meios para alcançá-los

Ciclo
Administrativo
Organização
Direção Desenhar o trabalho, alocar
Designar as pessoas, recursos e coordenar atividades
dirigir seus esforços,
motivá-las, liderá-los
e comunicá-los

Fonte: Google Imagens (2020).

1. À medida que se repete o ciclo administrativo, ocorre contínua correção


e ajustamento por meio da retroação. Assim, o desenvolvimento de
um ciclo permite definir quais correções devem ser introduzidas no
ciclo seguinte, e assim por diante. Graficamente, a representação
dessas correções e ajustamentos;
2. Na realidade, as funções do administrador que formam o processo
administrativo são mais do que uma sequência cíclica, pois estão
intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo
administrativo é cíclico, dinâmico e interativo.

O planejamento atravessa todos os níveis da organização e, por conseguinte,


é planejado em diferentes realidades em cada caso, consequentemente, existem
planos de natureza diferente. Podem ser estabelecidos planos sobre métodos de
trabalho, podem ser relacionados com a sucessão de atividades a longo prazo,
podem referir-se a comportamentos desejados ou podem ser estabelecidos em
relação à atribuição de pessoas (MARCO E LOGUZZO, 2016).

UNI

Mediante o conteúdo acima pare, pense e reflita: Há na empresa em que


você trabalha algum processo de planejamento? Caso sim, está sendo aplicado? Caso
não, o que você faria para realizar o planejamento da empresa?

44


Organização
A segunda função principal da administração (Figura 23) corresponde
ao processo de organizar. Para ter sucesso nas escalas de eficácia e eficiência,
a organização deve distribuir recursos, tanto humanos como materiais, de uma
maneira que os alinhe para produzir o melhor resultado possível. Um dos
resultados da organização é o conceito de estrutura organizacional. O agrupamento
de pessoas em departamentos, unidades de trabalho ou outras entidades
operacionais define essas interações, assim como a hierarquia e a estrutura de
liderança necessárias para ajudar a organização a atingir seu potencial.

Figura 23 - A Função de Organizar

Organizar

• Dividir o trabalho
• Agrupar as atividades
Planejar em uma estrutura lógica Dirigir Controlar
• Designar as pessoas
para sua execução
• Alocar os recursos
• Coordenar os esforços

Fonte: Chiavenato (2007, p. 34).

De acordo com Maximiano (2000, p. 27), a “organização é o processo de


definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização; é também
o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério”. Para
Silva (2008, p. 9), a organização para o “processo de designação de tarefas, de
agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os
departamentos”.

De acordo com Marco e Loguzzo (2016), a organização, neste caso, refere-


se à ação da organização de uma organização, ou seja, uma entidade social,
deliberadamente constituída para a prossecução de fins específicos. Chiavenato
(2014), afirma que uma organização pode ser estruturada em três níveis diferentes:

a. Nível global: organização que abrange a empresa como uma


totalidade. É o chamado desenho organizacional, que pode assumir
três tipos: linear, funcional e linha-staff;
b. Nível departamental: abrange cada departamento da empresa.
É o chamado desenho departamental ou simplesmente
departamentalização.
c. Nível das tarefas e operações: focaliza cada tarefa, atividade ou
operação especificamente. É o chamado desenho dos cargos ou
tarefas. É feito por meio da descrição e análise dos cargos.

45


d. Esta função consiste essencialmente em estruturar a organização


para prosseguir os objetivos estabelecidos. Refere-se à melhor forma
de dividir o trabalho e como agrupar e coordenar tarefas da forma
mais eficaz, bem como ao estabelecimento de linhas de autoridade
e responsabilidade, e à associação de pessoas e recursos a posições
específicas (Figura 24).

Figura 24 - Os níveis da organização


Níveis:

Administração de Cúpula
Definição de objetivos
Institucional Planejamento, Organização, Presidentes
Direção e Controle Diretores

Intermediário
Gerentes

Administração das Operações


Operacional
Supervisão da execução das Supervisores
tarefas e operações da empresa

Execução das tarefas e operações


Funcionários e
Operários

Fonte: Chiavenato (2007, p. 13).

Consoante o nível da organização a que nos referimos, podemos falar de


diferentes tarefas de concepção organizacional. A nível operacional, a concepção
consiste na análise e descrição das funções, que consiste em determinar o conjunto
de tarefas que compõem cada trabalho específico, ou seja, o seu conteúdo. A nível
médio, o design inclui o agrupamento de unidades com base em algum padrão
homogêneo, ou seja, o agrupamento de trabalhos de acordo com algum critério
racional, como por função, por produto, por cliente, por área geográfica, entre
outros. Ao nível gerencial, a concepção organizacional refere-se à organização
como um todo e, de acordo com os critérios acima mencionados, determina o
tipo de organização com base nas características da sua estrutura (MARCO E
LOGUZZO, 2016).

Segundo Chiavenato (2014, p. 181), a organização como função


administrativa “é parte do processo administrativo: nesse sentido, organização
significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos
incumbidos de sua administração e estabelecer suas atribuições e as relações
entre eles”. Assim, organizar consiste em:

46
a. Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance dos
objetivos planejados - especialização;
b. Agrupar as atividades em uma estrutura lógica - departamentalização;
c. Designar as atividades às específicas posições e pessoas - cargos e
tarefas.

Direção
A direção consiste na execução de todas as fases do processo administrativo
através da orientação e orientação de recursos, e do exercício da liderança. De
acordo com Chiavenato (2014, p. 92), a direção (Figura 25) é “a tarefa contínua de
tomar decisões e incorporá-las em ordens e instruções específicas e gerais, e ainda
a de funcionar como líder da empresa”, e acrescenta que:

A direção é a terceira função. Definido o planejamento e estabelecida


a organização, resta fazer as coisas andarem e acontecerem. Esse é
o papel da direção: acionar e dinamizar a empresa. A direção está
relacionada com a ação, com o colocar-se em marcha, e tem muito a
ver com as pessoas. Ela está diretamente relacionada com a atuação
sobre os recursos humanos da empresa. As pessoas precisam ser
aplicadas em seus cargos e funções, treinadas, guiadas e motivadas
para alcançarem os resultados que delas se esperam. A função de
direção se relaciona diretamente com a maneira pela qual os objetivos
devem ser alcançados, por meio da atividade das pessoas que
compõem a organização. Assim, a direção é a função administrativa
que se refere às relações interpessoais dos administradores em todos
os níveis da organização e os seus respectivos subordinados. Para que
o planejamento e a organização possam ser eficazes, eles precisam ser
dinamizados e complementados pela orientação dada por meio de
uma adequada comunicação e habilidade de liderança e motivação.
Chiavenato (2014, p. 92).

Figura 25 - A Função de Direção

Dirigir

• Dirigir os esforços para


um propósito comum
Planejar Organizar • Comunicar Controlar
• Liderar
• Motivar
• Orientar as pessoas
• Impulsionar as pessoas

Fonte: Chiavenato (2007, p. 36).

Alguns autores também denominam a função de direção de liderança.


No entanto, se deve compreender que a liderança é uma condição de direção.
É possível liderar sem dirigir, o que não é a melhor das condições. É necessário
liderar de forma eficaz e eficiente, fazendo-o com atitude e habilidade. A
direção é aquele aspecto funcional inerte da administração que lida diretamente

47
com a influência, orientação, supervisão, motivação dos subordinados para o
cumprimento das metas organizacionais. A direção tem os seguintes elementos:

a. Supervisão: implica em supervisionar o trabalho dos subordinados


por seus superiores. É o ato de observar e dirigir o trabalho e os
trabalhadores;
b. Motivação: significa inspirar, estimular ou encorajar os subordinados
com zelo para o trabalho. Incentivos positivos, negativos, monetários
e não monetários podem ser usados para esse fim;
c. Liderança: pode ser definida como um processo pelo qual o gerente
orienta e influencia o trabalho dos subordinados na direção desejada;
d. Comunicações: é o processo de passar informações, experiências,
opiniões etc. de uma pessoa para outra. É uma ponte de compreensão.

É muito importante para a organização porque trata de lidar com as


pessoas de tal forma que elas ajudem de todas as formas possíveis a alcançar
os objetivos da organização. Para que a direção seja eficiente, é importante que
a alocação dos recursos seja feita com muito critério. Os administradores que
desempenham o papel de direção devem ter fortes capacidades de comunicação
e ter a convicção de julgar e convencer as pessoas de uma forma positiva.

Segundo Marco e Loguzzo (2016), na estrutura organizacional, o peso


relativo da função de gestão são os três níveis de direção (Quadro 5), sendo
responsáveis pelos resultados alcançados pelas pessoas que estão a seu cargo. Por
conseguinte, deve primeiro procurar gerar as melhores condições possíveis para
que o pessoal responsável possa realizar as tarefas atribuídas e obter os resultados
esperados. Para esta tarefa, competências específicas em relação a supervisão,
comunicação, liderança e motivação.

Quadro 5 - Os três níveis de direção

NÍVEIS DE NÍVEIS DE CARGOS


ABRANGÊNCIA
ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO ENVOLVIDOS

Diretores e altos A empresa ou áreas da


INSTITUCIONAL Direção
executivos empresa

Gerentes e pessoal do Cada departamento ou


INTERMEDIÁRIO Gerência
meio do campo unidade da empresa

Supervisores e Cada grupo de pessoas


OPERACIONAL Supervisão
encarregados ou tarefas

Fonte: Chiavenato (2007).

A direção, tal como outras funções administrativas, também atravessa


toda a estrutura organizacional, uma vez que, a todos os níveis, há necessidade de
endereço. A nível operacional, eles são os supervisores e encarregados; ao centro,
na direção intermediária os gerentes; no nível institucional da organização os
48


diretores e altos executivos. A terminologia a utilizar para chamar cada um destes


atores derivará da natureza da organização e da sua estrutura.

Controle
O quarto elemento das funções administrativas é a função de controle
(Figura 26), a qual implica na medição de cumprimento em relação aos padrões
e correção de desvio do planejamento, caso haja, para garantir o cumprimento
das metas organizacionais. O objetivo do controle é garantir que tudo ocorra em
conformidade com as normas e requisitos estabelecidos. Um sistema eficiente
de controle contribui para prever desvios antes que eles realmente ocorram.
Controlar é o processo de verificar se o progresso adequado está sendo feito em
relação aos objetivos e metas e, se necessário, agir para corrigir qualquer desvio.

Figura 26 - A função de Controlar


Controlar

• Definir padrões de
desempenho
• Monitorar o
desempenho
Planejar Organizar Dirigir • Comparar o desem-
penho com os padrões
estabelecidos
• Tomar a ação correti-
va para corrigir desvios
e assegurar o alcance
dos objetivos

Fonte: Chiavenato (2007, p. 39).

Segundo Marco e Loguzzo (2016), como função da administração,


o controle tem o objetivo de verificar os resultados obtidos através da ação
organizacional e de os contrastar com os planos estabelecidos. O objetivo dos
processos de controle é identificar os desvios existentes entre o que foi planejado
e os resultados obtidos, a fim de perceber as causas do desvio e retificar o curso
da ação organizacional através de ações corretivas, orientando-a para os objetivos
estabelecidos. Para Chiavenato (2014), a palavra controle pode assumir vários
significados em administração:

a. Como função restritiva e coercitiva: utilizado no sentido de coibir ou


limitar certos tipos de desvios indesejáveis ou de comportamentos
não aceitos. Nesse sentido, o controle apresenta caráter negativo
e limitativo, sendo, muitas vezes, interpretado como coerção,
delimitação, inibição e manipulação. É o controle social aplicado nas
organizações e na sociedade para inibir o individualismo e a liberdade
das pessoas;
b. Como um sistema automático de regulação: utilizado no sentido
de manter automaticamente um grau constante de fluxo ou de
funcionamento de um sistema. É o caso do processo de controle

49


automático das refinarias de petróleo, de indústrias químicas de


processamento contínuo e automático. O mecanismo de controle
detecta possíveis desvios ou irregularidades e proporciona
automaticamente a regulação necessária para voltar à normalidade.
Quando algo está sob controle significa que está dentro do normal;
c. Como função administrativa: é o controle como parte do processo
administrativo, como planejamento, organização e direção.

A função de controlar constitui na medição e correção das atividades


de desempenho dos subordinados a fim de garantir que os objetivos e planos
desejados da empresa sejam cumpridos. “A função que se encarrega de comparar
o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado”
(SILVA, 2008, p. 9). Portanto, o controle possui quatro fases conforme ilustrado
na Figura 27.

Figura 27 - As quatro fases do controle

Estabelecimento
de padrões

Ação Observação do
corretiva desempenho

Comparação do
desempenho com o
padrão estabelecido

Fonte: Chiavenato (2007, p. 40).

O processo de planejamento está intimamente relacionado com o


processo de controle, dessa forma, controlar sem basear o processo num plano
não faria sentido, uma vez que não tem um parâmetro para orientar, tanto a ação
organizacional, como o processo de controle (MARCO E LOGUZZO, 2016). O
controle consiste em verificar se tudo ocorre de acordo com os planos adotados,
instruções emitidas e princípios estabelecidos. As principais características da
função administrativa de controle são:

a. O controle é uma função final: uma função que vem uma vez que as
apresentações são feitas em confirmações com planos;
b. O controle é uma função generalizada: o que significa que é
desempenhado por gerentes em todos os níveis e em todos os tipos
de preocupações;
50


c. O controle é voltado para o futuro: porque o controle eficaz não é


possível sem que o passado seja controlado. O controle sempre olha
para o futuro para que o acompanhamento possa ser feito sempre que
necessário;
d. O controle é um processo dinâmico: uma vez que o controle requer
métodos de revisão, mudanças devem ser feitas sempre que possível;
e. O controle está relacionado ao planejamento: o planejamento e
o controle são duas funções inseparáveis da administração. Sem
planejamento, controlar é um exercício sem sentido e sem controle,
planejar é inútil. O planejamento pressupõe controlar e controlar o
planejamento bem-sucedido.

O controle garante que haja uma utilização eficaz e eficiente dos recursos
organizacionais para atingir os objetivos planejados. O controle mede o desvio
do desempenho real do desempenho padrão, descobre as causas de tais desvios
e ajuda a tomar ações corretivas. Enquanto o planejamento abre o processo
administrativo, o controle serve de fechamento.

Ao mesmo tempo, as organizações mais modernas e inovadoras


estabelecem estratégias de aprendizagem que lhes permitem refletir sobre a
forma como desempenham as suas tarefas e resolvem os seus problemas, a fim
de melhorar as tarefas e o seu desempenho. O controle é um exercício sistemático
que é chamado como um processo de verificação do desempenho real em relação
aos padrões ou planos com o objetivo de garantir o progresso adequado e
também registrar a experiência adquirida como uma contribuição para possíveis
necessidades futuras. O controle tem dois propósitos básicos, ou seja, facilita a
coordenação e ajuda no planejamento.

51
RESUMO
A administração, bem como seus fundamentos e prática, pressupõe a
eficiente gestão dos recursos disponíveis para uma determinada organização,
seja empresas públicas ou privadas, instituições de qualquer tipo e natureza e
até mesmo organizações não governamentais (ONG’s). O termo administração
abrange e embasa uma longa lista de atividades, mas sempre tem como foco
o uso eficiente desses recursos, na medida em que seus retornos devem ser
maximizados. Sendo assim, nessa unidade:

1. Abordamos evolução do pensamento administrativo que teve seu


início com o próprio homem, tendo em vista que em qualquer período
da história houve a necessidade de coordenar, tomar decisões e
executar. Dessa forma, ao analisar a história da humanidade, você
pode encontrar as contribuições que os povos antigos, pensadores e
filósofos deram ao pensamento administrativo;
2. Você compreendeu que, no entanto, a história das organizações e de
sua gestão tem origem em tempos mais recentes. Que foram baseadas
em diversas teorias que pregavam o pragmatismo, isto é, métodos
que buscavam validar uma teoria que tinha por objetivo determinar
êxito prático, como por exemplo a Teoria da Administração cientifica
de Frederick W. Taylor e Teoria Clássica da Administração de Henri
Fayol;
3. Contemplamos também as funções básicas da administração que
são o planejamento, a organização, a direção e o controle tendo
em vista que o administrador eficaz representa um valor para uma
organização. Assim, o administrador se constitui no elo entre os
vários departamentos de uma organização visando garantir o fluxo
uniforme de informações entre os setores da empresa. Portanto,
sem uma administração eficaz, uma organização não funcionaria de
maneira profissional e sem problemas.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
UNIDADE 2

ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Compreender o contexto histórico e evolutivo do pensamento


administrativo;

• Conhecer quais foram as principais influências do pensamento


administrativo;

• Identificar as principais teorias da administração;

• Reconhecer as principais funções administrativas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – Administração Financeira

TÓPICO 2 – Administração de Recursos Humanos

TÓPICO 3 – Administração Mercadológica/Marketing

TÓPICO 4 – Administração Estratégica

TÓPICO 5 – Papel do Administrador

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.


A administração é uma ciência social aplicada que tem como objetivo


principal alcançar o máximo benefício possível para uma empresa, planejando,
organizando, dirigindo e controlando os recursos organizacionais à sua
disposição como, por exemplo, os humanos, financeiros, tecnológicos, entre
outros. A administração é, sem dúvida, uma área do conhecimento humano que
tem evoluído e que tem proporcionado uma contribuição sem precedentes no
mundo das organizações.

De acordo com Cardona (2009), administrar, do latim administrare,


significa etimologicamente servir. Neste sentido, a administração pode ser
definida como a ação de servir ao outro, de cuidar dos bens de outra pessoa, para
cuidar dos negócios de outra pessoa. Por extensão, administrar significa cuidar
de seus próprios assuntos. Cuidar e administrar seus próprios bens e recursos.
Para Chiavenato (2014, p.8) a palavra “administração vem do latim ad (direção,
tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que
realiza uma função sob o comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço
a outro”.

Administrar significa também governar. Constitui dirigir os destinos de


uma empresa, uma organização, uma comunidade ou uma cidade de tal forma
que seus objetivos ou propósitos e seu progresso e bem-estar sejam alcançados.
Com o desenvolvimento econômico e social, e especialmente sob a influência da
revolução industrial, o termo “administração” evoluiu de tal forma que hoje é
considerado suas palavras equivalentes como: direção, gestão, administração.

A administração compreende as atividades de estabelecer a estratégia de


uma organização e de coordenar os esforços de seus funcionários ou voluntários
para atingir seus objetivos por meio da aplicação dos recursos disponíveis, tais
como recursos financeiros, logísticos, tecnológicos e humanos. Nesse contexto,
Chiavenato (2004, p. 2), corrobora ao afirmar que no:

MUNDO EM QUE VIVEMOS É UMA sociedade institucionalizada


e composta por organizações. Todas as atividades relacionadas à
produção de bens (produtos) ou prestação de serviços (atividades
especializadas) são planejadas, coordenadas, dirigidas, executadas e
controladas pelas organizações. Todas as organizações são constituídas
por pessoas e por recursos não-humanos (como recursos físicos e
materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos etc.).

Quando abordamos preceitos sobre a administração, comumente pensamos


sobre negócios, comércio ou indústrias com fins lucrativos. No entanto, deve-se
levar em consideração que existem outras organizações sem fins lucrativos, como
ONGs, igrejas, serviços públicos, associações entre outras. Independentemente,
organizações com ou sem fins lucrativos necessitam planejar, organizar, dirigir e
controlar sua estrutura. Todas possuem recursos humanos, materiais, financeiros
e até recursos intangíveis como, por exemplo, o valor da sua marca e patrimônios
intelectuais. Todos esses elementos devem ser gerenciados da melhor maneira
possível.

54
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Assim sendo, a administração é necessária para a existência e o sucesso


de todos os tipos de organizações. Internamente, as organizações/empresas
possibilitam uma variedade de possibilidades (Figura 28) onde o profissional de
administração poderá aplicar seus conhecimentos e habilidades, como:

Figura 28 - Áreas da Administração

Recursos Humanos Resultado da Organização

Financeira/Contábil
Marketing
Produção

Logística

Colaboradores

Fonte: Google Imagens (2020).

a. Administração da produção: também chamada de


gerenciamento de operações, refere-se à aplicação dos princípios
de gerenciamento à função de produção em uma fábrica. Ou
seja, ao planejamento e controle dos processos industriais para
garantir o seu bom funcionamento;
b. Administração Financeira: A gestão financeira significa
planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades financeiras,
como a aquisição e utilização de recursos da empresa. Significa
aplicar os princípios gerais de gestão aos recursos financeiros
da empresa para atingir as metas e objetivos da organização;
c. Administração de Recursos Humanos: A gestão de recursos
humanos é a prática de recrutar, contratar, implantar e gerenciar
os funcionários de uma organização, fornecendo orientação,
conduzindo treinamento e desenvolvimento, avaliando o
desempenho do funcionário, decidindo a remuneração e
fornecendo benefícios, motivando os funcionários, mantendo
um relacionamento adequado com os colaboradores e seus
sindicatos, garantindo a segurança dos colaboradores;
d. Administração mercadológica/marketing: A gestão de
mercado, também chamada de gestão de marketing, permite à
organização identificar oportunidades de mercado e apresentar
estratégias apropriadas para explorar essas oportunidades de
forma lucrativa;

55
e. Administração Geral: É um processo de definição de metas e
reunião das pessoas certas para atingir as metas, planejando
e organizando todos os recursos relevantes de forma eficaz
e eficiente. Essencialmente, o processo de gerenciamento
abrange quatro funções imperativas que incluem planejamento,
organização, direção e controle.

De acordo com Koontz, Weihrich e Cannice (2012), a administração é o


processo de gerenciamento pelo qual é projetado e mantido um ambiente no
qual os indivíduos, trabalhando em grupo, atingem objetivos específicos de uma
maneira eficaz. Uma organização constitui um grupo de pessoas trabalhando em
conjunto para criar valor agregado. Já o gerenciamento é o processo pelo qual
um ambiente é projetado e mantido, no qual indivíduos trabalhando em grupos
atingem metas específicas de forma eficaz, onde esta definição básica precisa ser
expandida:

a. Como gerentes, as pessoas desempenham as funções de gerenciamento


de planejamento, organização, integração de pessoal, direção e
controle.
b. A administração se aplica a qualquer tipo de organização;
c. Também se aplica aos gerentes em todos os níveis organizacionais;
d. O objetivo de todos os gerentes é o mesmo: criar valor agregado;
e. A administração se preocupa com a produtividade, o que significa
eficácia e eficiência, e a soma de ambos para alcançar a efetividade.

UNI

Na obra, expõe-se de forma resumida, sobre quais os tipos de administradores


especialistas o mercado está absorvendo na atualidade. Com uma linguagem leve e direta,
ela envolve o leitor em uma verdadeira viagem pelo mundo da ciência da Administração.
(GONÇALVES, 2020).

Figura 29 - Dica de leitura

Fonte: Ramos (2018).

56
A Administração é uma área do conhecimento humano muito versátil
que propõe diferentes soluções para resolver os problemas de estrutura e
funcionamento de organizações com ou sem fins lucrativos. Cada organização
de acordo com suas necessidades requer soluções diferentes dos ramos da
administração. O profissional da administração tem a possibilidade de exercer
sua profissão nos mais diversos campos de atuação.

De acordo com o Conselho Regional de Administração - Pará (2020, p. 1)


“o profissional de Administração conta com várias habilidades e competências
no dia a dia de uma organização, o que faz com que ele assuma diferentes
responsabilidades na área”. Nesse contexto, se faz necessário identificar a trajetória
a ser seguida relativa às atividades do campo de atuação que deverá ser inerente
à sua vocação. Nessa perspectiva o Conselho Regional de Administração – São
Paulo (2020), elenca, as áreas de atuação da administração, conforme descrito no
Quadro 6.

Quadro 6 - Áreas da Administração

ADMINISTRAÇÃO E Cargos e Salários; Controle de Pessoal; Coordenação de Pessoal;


SELEÇÃO DE PESSOAL / Desenvolvimento de Pessoal; Interpretação de Performances; Locação de
RECURSOS HUMANOS Mão-de-Obra; Recrutamento; Seleção; Treinamento;

Administração de Empresas; Análise de Métodos; Análise de Processos;


Assessoria Administrativa; Assessoria Empresarial; Assistência
Administrativa; Auditoria Administrativa; Consultoria Administrativa;
Controle Administrativo; Gerência Administrativa e de Projetos;
Implantação de Controle e de Projetos; Implantação de Estruturas
ORGANIZAÇÃO E Empresariais; Implantação de Métodos e Processos;
MÉTODOS
Implantação de Planos; Implantação de Serviços; Organização
Administrativa; Organização de Empresa; Organização e Implantação de
Custos; Perícias Administrativas; Planejamento Empresarial; Planos de
Racionalização e Reorganização;

ORÇAMENTO Controle de Custos; Elaboração de Orçamento; Projeções e Previsões;

ADMINISTRAÇÃO Administração de Estoque; Assessoria de Compras; Assessoria de


DE MATERIAL / Estoques; Assessoria de Materiais; Controle de Materiais; Planejamento de
LOGÍSTICA Compras; Logística;
Análise Financeira; Assessoria Financeira; Assistência Técnica Financeira;
Consultoria Técnica Financeira; Diagnóstico Financeiro; Orientação
Financeira; Projeções Financeiras; Projetos Financeiros; Administração
ADMINISTRAÇÃO de Bens e Valores; Administração de Capitais; Controle de Custos;
FINANCEIRA Levantamento de Aplicação de Recursos; Arbitragens; Controle de Bens
Patrimoniais; Planejamento de Recursos; Plano de Cobrança; Projetos de
Estudo para Financiamento;
Administração de Vendas; Canais de Distribuição; Consultoria
Promocional; Coordenação de Promoções; Estudos de Mercado;
ADMINISTRAÇÃO
MERCADOLÓGICA /
- Marketing; Pesquisa de Mercado; Pesquisa de Desenvolvimento de
MARKETING
Produto; Planejamento de Vendas; Promoções; Técnica Comercial; Técnica
de Varejo;

ADMINISTRAÇÃO DA Controle de Produção; Pesquisa de Produção; Planejamento de Produção;


PRODUÇÃO Planejamento e Análise de Custo;

57


- Administração de Consórcio;

- Administração de Comércio Exterior;

- Administração de Cooperativas;

- Administração Hospitalar;
DESDOBRAMENTOS
OU CONEXOS.
- Administração de Imóveis/Condomínios;

- Administração Rural;

- Administração Hoteleira;

- Factoring;

Fonte: CRASP (2020).

DICAS

Especializações da administração

Nos dias de hoje, a administração revela-se como uma área do conhecimento humano
repleta de complexidades e desafios. O profissional que utiliza a administração como meio
de vida pode atuar nos mais variados níveis de uma organização, desde o hierárquico de
supervisão elementar até o de dirigente máximo da organização. Pode atuar nas diversas
especializações da administração: da produção (de bens ou serviços prestados pela
organização), financeira, de recursos humanos, mercadológica ou, ainda, administração
geral. Em cada nível e em cada especialização da administração, as situações são diferentes.
Além disso, as organizações são diferentes. Cada organização tem seus objetivos, seu
ramo de atividade, seus dirigentes e seu pessoal, seus problemas internos e externos, seu
mercado, sua situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e
política de negócios etc. Chiavenato (2014).

58
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

AUTOATIVIDADE

Quando abordamos preceitos sobre a administração, comumente pensamos


sobre negócios, comércio ou indústrias com fins lucrativos. No entanto,
deve-se levar em consideração que existem outras organizações sem fins
lucrativos, como ONGs, igrejas, serviços públicos, associações entre outras.
Independentemente, organizações com o sem fins lucrativos necessitam
planejar, organizar, dirigir e controlar sua estrutura. Todas possuem recursos
humanos, materiais, financeiros e até recursos intangíveis como, por exemplo,
o valor da sua marca e patrimônios intelectuais. Todos esses elementos dever
ser gerenciados da melhor maneira possível.

A partir dessa contextualização e baseando-se no conteúdo estudado, descreva


e relate o que são e as quais as atividades dos setores/pilares de uma empresa
ilustradas na figura abaixo.

Resultado da Organização
Recursos Humanos

Financeira/Contábil
Marketing
Produção

Logística

Colaboradores

RECURSOS
HUMANOS

PRODUÇÃO

LOGÍSTICA

MARKETING

FINANCEIRO

59
60
TÓPICO 1
UNIDADE 2

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Dentre as funções administrativas internas das organizações, a


administração ou gestão financeira é uma das responsabilidades mais importantes
dos administradores e gerentes. Esses atores devem considerar as potenciais
consequências de suas decisões de gestão sobre os lucros, o fluxo de caixa e a
situação financeira da empresa. As atividades de todos os aspectos de um negócio
têm um impacto no desempenho financeiro da empresa e devem ser avaliadas e
controladas constantemente. Segundo Gitman (2002, p. 2-3):

Administrar um negócio, seja um modesto empreendimento ou uma


grande sociedade anônima, envolvem muitas funções diferentes,
funções estas imprescindíveis para a organização ter sucesso frente
a seus clientes e concorrentes, mas é finanças que faz com que tudo
aconteça. Sem capital que atenda às necessidades da empresa, seja
para financiar seu crescimento ou para atender às operações do dia
– a – dia, não podemos desenvolver e testar novos produtos, criar
campanhas de marketing, comprar alimentos, manter ou construir
novas empresas. O papel do administrador financeiro é assegurar que
este capital esteja disponível nos momentos adequados, no momento
certo e ao menor custo, se isso não ocorrer a empresa não sobreviverá.

A administração financeira significa planejar, organizar, dirigir e


controlar as atividades financeiras, como a aquisição e utilização de recursos da
empresa. Significa aplicar os princípios gerais de gestão aos recursos financeiros
da empresa para atingir as metas e objetivos da organização. A Administração
Financeira de uma empresa é responsável pelas contas anuais, pelo orçamento,
pelo plano financeiro e pelas tarefas com os relatórios correspondentes à economia
aplicada. Os tipos de gestão financeira são:

a. Gestão financeira estratégica: refere-se ao planejamento, direção,


controle do desempenho e da posição de risco da empresa,
especialmente a alocação e organização do capital (estrutura de
capital);
b. Gestão financeira operacional: Tem como principal função assegurar
a liquidez financeira, garantindo o direcionamento dos processos de
transformação operacional (plano financeiro).

Segundo Münch (2010), as principais funções da área financeira incluem


contabilidade, controladoria, tesouraria, planejamento financeiro, orçamento,
custos, gestão de risco, contas a receber, crédito e cobranças, investimentos,
impostos e contas a pagar. A função financeira é indispensável, pois através
dela são administrados os recursos da organização, além de outras atividades


básicas como a obtenção e alocação de recursos, controle de custos e despesas,


pagamento de obrigações e todas aquelas atividades que visam obter o máximo
retorno financeiro. Na concepção de Gitman (2010), a administração financeira
diz respeito às atribuições dos administradores financeiros nas empresas e que:

a. Os administradores financeiros são responsáveis pela gestão dos


negócios financeiros de organizações de todos os tipos - financeiras
ou não, abertas ou fechadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins
lucrativos;
b. Eles realizam as mais diversas tarefas financeiras, tais como
planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de propostas
que envolvam grandes desembolsos e captação de fundos para
financiar as operações da empresa;
c. Nos últimos anos, mudanças no ambiente econômico, competitivo
e regulamentador aumentaram a importância e a complexidade das
tarefas desse profissional;
d. O administrador financeiro de hoje está mais ativamente envolvido
com o desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais
que têm por objetivo o crescimento da empresa e a melhoria de sua
posição competitiva.

Gitman (2002, p. 588) enfatiza que o planejamento financeiro “é um aspecto


importante para o funcionamento e sustentação da empresa, pois fornece roteiro
para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos”.
De acordo com Souza e Oliveira (2016), se pensarmos nos objetivos financeiros
possíveis, chegaremos a algumas ideias como as seguintes:

a. Sobreviver: Tendo em vista que os recursos disponíveis para o


departamento são finitos, orçados e aprovados antes de cada programa
e no início de cada ano em nível de estrutura básica de funcionamento
(pagamento de funcionários e da estrutura física, que tendo ou não
trabalho é necessário ser pago), a gestão dos recursos busca garantir
que não “falte dinheiro” antes do final de cada programa ou que a má
utilização dele interfira negativamente no pleno funcionamento da
infraestrutura básica do local;
b. Evitar problemas financeiros e falência: Em complemento ao item
acima, logicamente que devido ao porte financeiro e da importância
do conteúdo gerado internamente pelo departamento, um colapso
financeiro seria “absolvido e resolvido” com a entrada de mais
recursos financeiros não previstos. A falência em si não seria possível
– no mínimo pouco imaginável – mas um descontrole financeiro local
acarretaria em um desconforto para empresa como um todo;
c. Superar a concorrência: Do ponto de vista de mercado, a empresa
apreciada é referência na qualidade de suas produções a nível
nacional e em algum caso, também internacional, líder em audiência

62
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

na maioria dos horários e também em arrecadação. A gestão adequada


dos recursos financeiros é um dos pilares de sustentação de toda a
estrutura por trás dos números.
d. Maximizar as vendas ou a participação de mercado: Se pensado
de forma mais ampla, a qualidade do que é produzido, que está
diretamente ligada à gestão dos recursos financeiros, é diretamente
relacionada com as vendas de espaço publicitário (que é a maior fonte
de arrecadação da empresa), logo, a gestão de cada departamento
tem influência direta nas vendas e na participação no mercado de
produção e transmissão de conteúdo.
e. Minimizar os custos: Uma frase que é bastante vinculada internamente
à empresa é a que diz: “menos é mais”. Essa postura reflete em todas
as áreas da empresa, como produzir com menos, sejam recursos
financeiros, mão de obra, materiais, etc., o mesmo conteúdo com
a mesma qualidade de sempre. Dentro do departamento existe
um compromisso firmado com cada um dos colaboradores em se
realizar cada vez a um valor/ custo agregado menor. A administração
financeira está intimamente envolvida nesse ponto;
f. Maximizar ganhos: O aumento dos ganhos está relacionado à maior
venda de espaços publicitários, Merchand dentro de programas e
novelas e no intervalo entre eles, além de outras fontes de renda de
menor impacto nas finanças da empresa. Tudo isso está relacionado
com o fato de fazer por menos e com cada vez mais qualidade;
g. Manter o crescimento constante dos lucros: Esse ponto tangencia
todos os outros acima defendidos. A partir do momento que se
produz um conteúdo com a qualidade que se espera e a um custo
menor, está se aumentando o lucro.

A gestão financeira torna possível o funcionamento eficiente e eficaz da


empresa, fornecendo as informações necessárias para a tomada das melhores
decisões. A precisão das análises e a clareza das decisões agregam valor aos
principais processos comerciais. No dia-a-dia, isto significa participar de
atividades como a avaliação da viabilidade econômica de um produto inovador,
assumir o planejamento financeiro, fazer projeções de resultados financeiros
da marca ou analisar o desempenho de vendas de cada canal. De acordo com
Cavagnari (2017), suas principais funções são:

a. Tomada de decisões que maximizem a riqueza do empreendimento;


b. Redução ao mínimo possível de risco do negócio;
c. Orientação da receita ao volume, mais do que as próprias margens
de lucros;
d. Obtenção de lucros reais, variável essa, como vimos, ligada ao tempo.

63


Segundo o SEBRAE (2016, p. 6):

para gerenciar com eficiência a área financeira de qualquer empresa


torna-se necessário implantar alguns relatórios gerenciais, como alguns
indicadores de desempenho para que se faça o acompanhamento
periódico da sua performance.

Sendo assim, os principais relatórios gerenciais da área financeira são os


seguintes:

a. Controle das Vendas Realizadas;


b. Apuração dos Resultados da Empresa;
c. Controle de Caixa do Movimento Realizado;
d. Fluxo de Caixa;
e. Balanço Gerencial.

Na perspectiva de Jacobsen (2013, p. 92), a administração financeira é


considerada como sendo uma das funções mais complexas e delicadas dentro
do contexto das organizações, tendo em vista “que trata da análise e solução
de problemas associados à aquisição, conservação e uso eficientes dos seus
recursos financeiros - o dinheiro”. De acordo com a mesma autora, “nessa área
os gestores precisam tomar decisões de investimentos, de distribuição de lucros
e de financiamento, sempre com foco nos objetivos organizacionais”. A função
financeira pode ser visualizada, de acordo com o sistema apresentado na Figura 30.

Figura 30 - Função Financeira, a partir da visão sistêmica


Entrada
Decisões de Decisões de Decisões de
Financiamento Investimento Distribuição Saída
Informações sobre: (Aplicação): (Distribuição de
(Fontes de Recursos):
Resultados):
• Planos da empresa; • Pagamento diversos; Maximização do
• Leis e regulamentos; • Recursos de terceiros; • Investimentos valor de mercado
• Mercados de capitais. • Recursos próprios. diversos. • Dividendos.

Fonte: Jacobsen (2013, p. 93).

Conforme se observa na Figura 30, para iniciar suas atividades, a


administração financeira precisa conseguir informações, tanto internas como
do ambiente externo, principalmente aquelas que afetam diretamente o fluxo
financeiro da empresa. Assim, enfatiza Jacobsen (2013, p. 93),

devemos lembrar, então, a importância dos planos oriundos das


outras áreas funcionais da organização para se fazer o planejamento
financeiro, já que a maioria desses planos requer o uso de recursos
financeiros para serem executados.

64
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Solomon (1969) lembra que a função da administração financeira é


justamente rever, distribuir e redistribuir recursos financeiros para novos usos ou
usos antigos. A área financeira é uma parte fundamental do desenvolvimento e
da sustentabilidade de qualquer negócio. Algumas das tarefas que ela realiza são:

a. Registrar as operações contábeis e os dados financeiros: a fim de obter


informações atuais e históricas sobre o negócio de forma ordenada,
de modo a planejar e tomar as decisões apropriadas. Esta função é
tão importante quanto as seguintes, pois o que não é registrado não é
gerenciado, ou seja, o que é registrado é gerenciado;
b. Planejar, analisar e avaliar as informações registradas: Para isso, é
necessário conhecer em profundidade a situação do negócio através
da elaboração do orçamento, fluxo de caixa, indicadores e análise de
custos. Com planejamento adequado, objetivos futuros, estratégia
de pagamento, cobrança e investimentos podem ser estabelecidos,
buscando o crescimento e maior rentabilidade do negócio, evitando
desvios e antecipando situações desfavoráveis;
c. Procurar fontes de financiamento e selecionar a mais conveniente
para o empreendimento. Existem diferentes opções de financiamento
e cada empresa deve analisar qual delas se adapta melhor às suas
necessidades. Entre eles, capital semente de diferentes organizações,
investidores anjos, família e amigos e empréstimos bancários;
d. Procurar opções de investimento com as quais o negócio possa contar
e selecionar aquela cuja rentabilidade esteja de acordo com a sua
capacidade financeira. Entre as opções, há várias alternativas como
a aquisição de ativos, novas máquinas, compra de títulos, ações ou
ações de fundos mútuos e depósitos em contas bancárias;
e. Controlar as operações executadas e registradas a fim de, se necessário,
corrigir erros ou omissões para a análise posterior de desvios em
relação ao orçamento inicialmente desenvolvido, buscando a maior
eficiência possível.

A gestão financeira consiste em administrar os recursos de que uma


empresa dispõe para garantir que sejam suficientes para cobrir as despesas,
para que possa funcionar. Em uma empresa, essa responsabilidade é mantida
por uma única pessoa: o gerente financeiro. Desta forma, você pode manter um
controle adequado e ordenado das receitas e despesas da empresa. Na concepção
de Saalfeld (2012, p. 249), a administração financeira “caracteriza-se como uma
ferramenta que é utilizada a fim de planejar e controlar o setor financeiro das
empresas e organizações. Esta área da administração é vital para a manutenção
dos demais setores das empresas”.

Administração Financeira tem por objetivo planejar os recursos


econômicos para que sejam utilizados da melhor forma, para que a empresa
consiga atender aos acordos econômicos de curto, médio e longo prazo que
tenha firmado, de forma a reduzir riscos e aumentar o valor da empresa, tendo

65


em conta a perseverança e o desenvolvimento no mercado. Além disso, inclui


todas as decisões de investimento financeiro (financiamento, planejamento de
investimento, programação e controle de projetos de investimento, política de
investimento). O Quadro 7 descreve algumas abordagens relativas à administração
financeira para os gestores financeiros das organizações.

Quadro 7 - Administração Financeira - Abordagens


O capital financeiro de uma empresa é o dinheiro acumulado em várias
formas, captado no mercado financeiro, como lucro do exercício fiscal,
Capital financeiro ganhos de investimento de capital, vendas de títulos, que permite novos
investimentos.
As três decisões mais presentes referem-se ao uso dos recursos disponíveis,
Quais são as decisões investir no negócio, investir no mercado financeiro ou distribuir lucros
mais críticas da função aos investidores e proprietários. Essas são as decisões do primeiro nível; a
financeira partir do segundo nível de decisão, fica apenas a decisão de melhor mix de
investimentos em função dos resultados esperados.
A melhor forma de manter a empresa financeiramente saudável é não incorrer
Como manter o em um endividamento pesado, principalmente nos dias de hoje, com juros
equilíbrio entre as altos. O uso dos recursos deve sempre ser equilibrado com a disponibilidade
fontes e o uso dos de capital próprio ou de baixo custo de aquisição, como os investimentos
recursos internos e as vendas de ações.
Para usar o mercado financeiro que não seja a Bolsa de Valo- res para
lançamento de ações, é necessário ter uma boa previsão dos cenários políticos
e econômicos durante o período que esse empréstimo vai durar. Se for em
Que desafios o mercado dólar e ele valorizar, o endividamento cresce, se for em bancos nacionais
financeiro apresenta e os juros crescerem, o efeito é o mesmo. Esses empréstimos só devem ser
utilizados em projetos de curto prazo e, de preferência, deve-se fazer uma
combinação para não ficar tudo em um só tipo.
é muito comum a empresa solicitar recursos dando como garantia suas contas
a receber, ou seja, fazer um factoring, ou antecipar os descontos dos títulos de
Que outra forma há clientes, para pagar folha de salários ou fornecedores. Em médio prazo pode-
de gerar dinheiro para se utilizar o es- toque de produtos acabados como garantia, ou seja, vendas
curto prazo futuras, porém o dinheiro fica mais caro, pois o mercado consumidor oscila e
nem sempre o resultado das vendas é o esperado.

Fonte: Kwasnicka (2005)

UNI

Das ferramentas para o controle e manutenção da área financeira das empresas


podemos citar como as mais importantes os fluxos de caixa e o planejamento financeiro. O
planejamento financeiro é um instrumento utilizado para estabelecer a maneira pela qual
podem ser alcançados os objetivos de uma empresa. É, portanto, um plano que diz o que
e como realizar determinada ação no futuro. Por ser uma das principais ferramentas do
administrador, o planejamento financeiro deve fornecer diretrizes para atingir objetivos e
traçar metas, além disso, deve coordenar as atividades empresariais e auxiliar nas tomadas
de decisão. A não utilização de um sólido instrumento de planejamento financeiro pode
ocasionar falta de liquidez, acarretando assim, a falência da empresa. Saalfeld (2012).

66
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

AUTOATIVIDADE

A administração financeira é considerada como sendo uma das funções


mais complexas e delicadas dentro do contexto das organizações, tendo em
vista que trata da análise e solução de problemas associados à aquisição,
conservação e uso eficientes dos seus recursos financeiros - o dinheiro. Nessa
área os gestores precisam tomar decisões de investimentos, de distribuição
de lucros e de financiamento, sempre com foco nos objetivos organizacionais.

De maneira sistêmica a função financeira pode ser visualizada, de acordo com


o sistema apresentado na figura abaixo. Nessa perspectiva, a área financeira
é uma parte fundamental do desenvolvimento e da sustentabilidade de
qualquer negócio. Sendo assim descrevas as tarefas que são realizadas por
essa área.

Entrada
Decisões de Decisões de Decisões de
Financiamento Investimento Distribuição Saída
Informações sobre: (Aplicação): (Distribuição de
(Fontes de Recursos):
Resultados):
• Planos da empresa; • Pagamento diversos; Maximização do
• Leis e regulamentos; • Recursos de terceiros; • Investimentos valor de mercado
• Mercados de capitais. • Recursos próprios. diversos. • Dividendos.

67
68
TÓPICO 2
UNIDADE 2

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

A administração de recursos humanos (ARH) é o processo de empregar


pessoas, treiná-las, remunerá-las, desenvolver políticas relacionadas a gestão
de pessoas e desenvolver estratégias para retê-las. A partir dessa concepção
trataremos, também, a administração de recursos humano como gestão de pessoas
ou de RH. Sendo assim, a gestão de pessoas é a função organizacional que gerencia
todas as questões relacionadas às pessoas de uma organização. Isso inclui, mas
não se limita a, remuneração, recrutamento e contratação, gestão de desempenho,
desenvolvimento organizacional, segurança, bem-estar, benefícios, motivação do
funcionário, comunicação, administração de políticas e treinamento.

Segundo Chiavenato (2007), o termo “recursos humanos” se refere às


pessoas que fazem parte das organizações e que desempenham certas funções
nelas. As pessoas passam grande parte de seu tempo trabalhando nas organizações.
As organizações precisam de pessoas para suas atividades e operações, assim
como precisam de recursos financeiros, materiais e tecnológicos. Daí o termo
recursos humanos para descrever as pessoas que trabalham em organizações. O
autor ainda enfatiza que:

No mundo industrializado de hoje, a produção de bens e serviços


não pode ser feita por pessoas que trabalham individualmente.
Quanto mais industrializada é uma sociedade, mais ela depende das
organizações para atender às suas necessidades e aspirações. Por
outro lado, o efeito que têm sobre a vida e a qualidade de vida das
pessoas é enorme e duradouro. A razão disto é simples: as pessoas
nascem, crescem, vivem, educam, trabalham e brincam dentro dela. As
organizações, quaisquer que sejam seus objetivos (lucro, educacional,
religioso, político, social, filantrópico, econômico, etc.), prendem
pessoas como tentáculos, que ao mesmo tempo se tornam cada vez
mais dependentes da atividade organizacional. À medida que as
organizações crescem e se multiplicam, elas exigem mais pessoas e
a complexidade dos recursos necessários para sua sobrevivência e
crescimento aumenta (CHIAVENATO, 2007, p. 19).

O contexto no qual a gestão de recursos humanos (GRH) opera é composto


por organizações e pelas pessoas que fazem parte delas. As organizações são
formadas por pessoas e dependem delas para atingir seus objetivos e cumprir
suas missões. Para os indivíduos, as organizações são um meio de atingir vários
objetivos pessoais a um custo mínimo em termos de tempo e esforço, e com o
mínimo de problemas. Muitos objetivos pessoais nunca poderiam ser alcançados
através de esforços pessoais isolados.


As organizações surgem precisamente para aproveitar a sinergia


de esforços de várias pessoas que trabalham juntas de forma coordenada
(CHIAVENATO, 2007). No entanto, de acordo com Chiavenato (2014, p. 7), “as
organizações e pessoas buscam objetivos próprios e diferentes, que nem sempre
coincidem e se ajustam mutuamente”, conforme demonstra a Figura 31.

Figura 31 - Objetivos organizacionais e objetivos individuais das pessoas

Objetivos organizacionais Objetivos individuais

• Sustentabilidade • Melhores salários e ganhos


• Crescimento sustentável • Melhores benefícios
• Lucratividade • Estabilidade no emprego
• Produtividade • Segurança no trabalho
• Qualidade nos produtos/serviços • Qualidade de vida no trabalho
• Redução de custos • Satisfação e respeito
• Maior participação no mercado • Oportunidades de crescimento
• Novos mercados • Liberdade para trabalhar
• Conquista de novos clientes • Liderança liberal
• Competitividade • Orgulho da organização
• Imagem e reputação no mercado

Assim, o contexto em que se situa a GP é representado pelas organizações e pelas pessoas.


Sem organizações e sem pessoas não haveria GP. Em resumo, as organizações são constituídas
de pessoas e dependem dela para atingir objetivos e cumprir suas missões. Para as pessoas, as
organizações constituem o meio pelo qual elas podem alcançar vários objetios pessoais, com
um mínimo custo de tempo, esforço e conflito. Muitos dos objetivos pessoais jamais poderiam
ser alcançados apenas por meio do esforço pessoal isolado.

Fonte: Chiavenato (2014).

Segundo Menegon (2012, p. 88) “o que faz uma organização funcionar é


a sua estrutura. A estrutura está para a organização como o esqueleto está para
o corpo humano. Serve para sustentar e definir o lugar que cada indivíduo deve
ocupar nela”. De acordo com Menegon (2012, p. 41): “A remuneração não é o
principal fator no trabalho. Mesmo assim, ainda é um dos mais importantes, e as
empresas a subestimam com frequência”.

A gestão de recursos humanos também é uma abordagem estratégica e


abrangente para a gestão de pessoas e da cultura e ambiente no trabalho. Bem
executado, permite que os funcionários contribuam de forma eficaz e produtiva
para a direção geral da empresa e para o cumprimento das metas e objetivos
da organização. Para Chiavenato (2014) A GP refere-se às políticas e às práticas
necessárias para administrar o trabalho das pessoas, tais como:

a. Agregar talentos à organização;


b. Integrar e orientar talentos em uma cultura participativa, acolhedora
e empreendedora;
c. Modelar o trabalho – seja individual ou em equipe – de maneira a
torná-lo significativo, agradável e motivador;

70
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

d. Recompensar os talentos pelo excelente desempenho e pelo alcance


de resultados como reforço positivo;
e. Avaliar o desempenho humano e melhorá-lo continuamente. •
Comunicar, transmitir conhecimento e proporcionar retroação
intensiva;
f. Treinar e desenvolver talentos para criar uma organização de
aprendizagem;
g. Proporcionar condições de trabalho e melhorar a qualidade de vida
no trabalho;
h. Manter excelentes relações com talentos, sindicatos e comunidade em
geral;
i. Aumentar as competências dos talentos para incrementar o capital
humano da organização e, consequentemente, o capital intelectual;
j. Incentivar o desenvolvimento organizacional.

UNI

O reconhecimento é um dos maiores agentes motivadores de trabalho. E


as empresas perceberam que esse reconhecimento pode vir na forma de recompensas
intrínsecas ou extrínsecas. São intrínsecas quando oferecem reconhecimento ao funcionário
e extrínsecas quando vêm na forma de sistemas de compensação (MENEGON, 2012).

De acordo com Dessler (2009, p. 32), “a gestão de recursos humanos é o


processo de contratação, treinamento, avaliação e remuneração de funcionários,
assim como a abordagem das relações de trabalho, saúde e segurança e questões
de justiça”.

Portanto, os principais tópicos devem fornecer ao administrador/gestor os


conceitos e técnicas necessárias para executar os assuntos de pessoal ou “pessoas”
de sua posição gerencial. Estes incluem:

a. Realização de análise de trabalho (determinando a natureza do


trabalho de cada funcionário);
b. Planejamento das necessidades de pessoal e recrutamento de
candidatos para os postos;
c. Seleção de candidatos para os cargos;
d. Orientação e treinamento de novos funcionários;
e. Gestão de salários e vencimentos (remuneração de empregados);

71


f. Fornecer incentivos e benefícios;


g. Avaliação de desempenho;
h. Comunicar (entrevista, aconselhamento, disciplinar);
i. Treinar e desenvolver gerentes;
j. Criar um compromisso nos funcionários.

Os gestores de RH são parcialmente responsáveis por ​​ garantir que a


organização tenha uma missão, visão e valores gerais que sejam compartilhados e
forneçam uma razão abrangente para que os funcionários queiram trabalhar para
sua organização. Esses elementos podem ser inspiradores e ajudar os funcionários
a se sentirem parte de algo que é maior do que eles. Nesse contexto, Chiavenato
(2014, p. 14) “a gestão de pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos
e interativos. Os seis processos básicos de GP são os seguintes” (Figura 32):

Figura 32 - Processos básicos de gestão de pessoas

Gestão de
pessoas

Processos Processos Processos de Processos Processos Processos


de agregar de aplicar recompensar de desenvolver de manter de monitorar
pessoas pessoas pessoas pessoas pessoas pessoas

Higiene e
Treinamento segurança Banco de
Modelagem
Recrutamento Remuneração Desenvolvimento Qualidade dados
do trabalho
Seleção Benefícios Aprendizagem de vida Sistemas de
Avaliação do
Integração Incentivos Gestão do Relações com informações
desempenho
conhecimento empregados gerenciais
e sindicatos

Fonte: Chiavenato (2014)

1. Processos de agregar pessoas: utilizados para incluir novas pessoas


na empresa. Podem ser denominados processos de provisão ou de
suprimento de pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas;
2. Processos de aplicar pessoas: utilizados para desenhar as atividades
que as pessoas realizarão na empresa, orientar e acompanhar seu
desempenho. Incluem desenho organizacional e desenho de cargos,
análise e descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do
desempenho;
3. Processos de recompensar pessoas: utilizados para incentivar as
pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas.

72
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

Incluem recompensas, remuneração e benefícios, e serviços sociais;


4. Processos de desenvolver pessoas: utilizados para capacitar e
incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas.
Envolvem treinamento e desenvolvimento das pessoas, gestão do
conhecimento e gestão de competências, aprendizagem corporativa,
programas de mudanças e desenvolvimento de carreiras e programas
de comunicações e consonância;
5. Processos de manter pessoas: utilizados para criar condições
ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas.
Incluem administração da cultura organizacional, clima, disciplina,
higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de relações
sindicais;
6. Processos de monitorar pessoas: utilizados para acompanhar e
controlar as atividades das pessoas e verificar resultados. Incluem
banco de dados e sistemas de informações gerenciais.

Na perspectiva de Jacobsen (2013, p 101), o administrador de recursos


humanos, ao desenvolver esta função, necessita elaborar um planejamento de
RH, que “deve delinear planos que definam como, onde e quando conseguir o
tipo e a quantidade certa de pessoas, para o local certo no tempo certo, sempre
considerando as necessidades e os objetivos da organização”. Ainda segundo a
autora, o planejamento de RH é realizado em três etapas conforme descrito na
Figura 33.

Figura 33 - Etapas do Planejamento de RH

Avaliação do quadro atual

• Em geral, é iniciada com uma análise de cargos, quando se coleta,


informações tanto sobre deveres como sobre responsabilidade inerentes
ao desempenho das funções (decrição do cargo). Após, faz-se o levanta-
mento das qualificações exigidas para ocupar os cargos (especificação
do cargo). Essa etapa é importante também para se definir a composição
e o desenvolvimento do quadro organizacional. Além disso, serve como
base para avaliar o desempenho do funcionário, matendo-o esclarecido
a respeito das suas responsabilidades.

Avaliação das necessidades futuras de RH

• Observando os objetivos e estratégias da organização, além dos seus


níveis de produtividade e das possibilidades de demanda por produtos/-
serviços, o administrador de RH tem condições de fazer previsões de
suprimento da mão de obra. Por exemplo, se a empresa consegue elevar
a produtividade em função do uso de novos computadores e sistemas, é
possível que haja necessidade de redução de quadro.

Programação

• Tendo em mãos os resultados das etapas anteriores, o administrador pode


fazer programações para recrutar novos funcionários, realizar treinamentos
e, até realizar demissões.

Fonte: Jacobsen (2013).

73


Mas por que a gestão de recursos humanos é importante para os gerentes?


Por que todos esses conceitos e técnicas são importantes para os gerentes? Talvez
seja mais fácil responder à pergunta com uma lista dos erros de pessoal que você
não quer cometer ao gerenciar, como por exemplo:

a. Contratando a pessoa errada para um cargo;


b. Ter uma alta rotatividade de funcionários (turnover);
c. Seu pessoal não faz o seu melhor;
d. Desperdício de tempo com entrevistas inúteis;
e. Sua empresa está sendo processada por ações discriminatórias.

UNI

Como prevê a Lei 4769/65, a área de RH é uma prerrogativa de atuação do


administrador e que vem se desenvolvendo ao longo dos anos de forma menos mecânica
e mais humanizada, com a priorização no fortalecimento do relacionamento entre
funcionários e da gestão de pessoas. A área é responsável pela manutenção, suprimento e
a extensão dos recursos humanos de uma empresa, além de estar voltada ao fator principal
de qualquer organização – as pessoas. Mesmo desenvolvendo um trabalho interpessoal
é necessário que a área seja cada vez mais tecnológica e instrutiva (CONSELHO, 2020a).

74
TÓPICO 3
UNIDADE 2

ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA/MARKETING

A administração de marketing é a área organizacional que abrange o


planejamento, a implementação, a análise e o controle de programas que visam
atingir os mercados-alvo por meio da aplicação de orientação, técnicas e métodos
de marketing. A administração ou gestão de marketing, é também conhecida por
gestão mercadológica, que permite à organização identificar oportunidades de
mercado e apresentar estratégias apropriadas para explorar essas oportunidades
de forma lucrativa.

Gestão é o processo de fazer as coisas de maneira organizada e eficiente.


A gestão de marketing visa a operação eficiente das atividades mercadológicas.
Assim, a gestão de marketing identifica oportunidades de mercado desenvolvendo
estratégias adequadas para explorar essas oportunidades de forma lucrativa.
Deve implementar o programa de marketing e avaliar continuamente a eficácia
do mix de marketing. Deve remover as deficiências observadas na execução real
dos planos, políticas e procedimentos de marketing.

Os gerentes de marketing desempenham um papel crítico no sucesso de


uma empresa. Responsável por desenvolver a base de clientes da organização,
um gerente de marketing desempenha um papel direto na promoção do
relacionamento com os clientes. Cuida do sistema de marketing da empresa. Os
profissionais de marketing possuem técnicas para estimular a demanda pelos
produtos de uma empresa. Mas essa é uma visão demasiadamente simplista das
atribuições dos profissionais de marketing. “[...] Gerentes de marketing procuram
influenciar o nível, a velocidade e a composição da demanda para alcançar os
objetivos da organização” (KOTLER, 2000, p.27).

Kotler e Armstrong (2012), fazem uma indagação, mas o que é marketing?


Muitas pessoas pensam em marketing como apenas venda e publicidade. Somos
bombardeados todos os dias com comerciais de TV, catálogos, chamadas de
vendas e e-mails. No entanto, venda e publicidade são apenas a ponta do iceberg
de marketing.

Hoje, o marketing deve ser entendido não no velho sentido de fazer uma
venda - “anunciar e vender” - mas no novo sentido de satisfazer as necessidades
do cliente. Se o comerciante entender as necessidades do consumidor; desenvolver
produtos que forneçam valor superior ao cliente; e preços, distribuir e promovê-
los efetivamente, estes produtos venderão facilmente.

De fato, de acordo com o guru da administração Peter Drucker, “O


objetivo do marketing é tornar a venda desnecessária. Vendas e publicidade são


apenas parte de um “mix de marketing” maior - ferramentas de marketing que


trabalham em conjunto para satisfazer as necessidades dos clientes e construir
relacionamentos com eles. Amplamente definido, o marketing é um processo
social e gerencial pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que precisam e
desejam através da criação e troca de valor com outros.

Em um contexto comercial mais restrito, o marketing envolve a construção


de relações de troca rentáveis e valorizadas com os clientes. Assim, define-se
marketing como o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e
constroem fortes relacionamentos com eles, a fim de capturar valor dos clientes
em troca (KOTLER; ARMSTRONG, 2012).

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2012, p. 16), relatam que:

ao longo dos anos, o marketing evoluiu, passando por três fases,


às quais chamamos de Marketing 1.0, 2.0 e 3.0 (Quadro 8). Muitos
profissionais de marketing de hoje continuam praticando Marketing
1.0, alguns praticam o Marketing 2.0 e outros ainda estão entrando na
terceira fase, o Marketing 3.0.

De acordo com os autores as melhores oportunidades serão proporcionadas


aos administradores que praticarem o Marketing 3.0.

Quadro 8 - Comparação entre Marketing 1.0, 2.0 e 3.0

Marketing 1.0 Marketing 2.0 Marketing 3.0


Marketing centrado Marketing voltado Marketing voltado
no produto para o consumidor para os valores

Satisfazer e reter os Fazer do mundo um


Objetivo Vender produtos
consumidores lugar melhor

Tecnologia da Nova onda de


Forças propulsora Revolução Industrial
Informação tecnologia
Consumidor inteligente,
Como as empresas Compradores de massa, Ser humano pleno, com
dotado de coração
veem o mercado com necessidades físicas coração, mente e espírito
e mente
Desenvolvimento de
Conceito de marketing Diferenciação Valores
produto

Diretrizes de marketing Especificação do Posicionamento do Missão, visão e valores


da empresa produto produto e da empresa da empresa

Funcional, emocional e
Proposição de valor Funcional Funcional e emocional
espiritual

Interação com o Transação do tipo Relacionamento Colaboração um-para-


consumidores um-para-um um-para-um muitos

Fonte: Kotler, Kartajaya, Setiawan (2012).

Para Kotler e Keller (2012, p. 4), “o marketing envolve a identificação


e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Uma das mais sucintas e
melhores definições de marketing é a de “suprir necessidades gerando lucro”, e
acrescentam que:

76
ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA/MARKETING

1. A American Marketing Association propõe a seguinte definição: o


marketing é a atividade, o conjunto de conhecimentos e os processos
de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para
consumidores, clientes, parceiros e sociedade como um todo. Lidar
com esses processos de troca exige uma boa dose de trabalho e
habilidade;
2. A administração de marketing acontece quando pelo menos uma
das partes em uma relação de troca potencial procura meios de
obter as respostas desejadas das outras partes. Vemos, portanto, a
administração de marketing como a arte e a ciência de selecionar
mercados-alvo e captar, manter e fidelizar clientes por meio da
criação, entrega e comunicação de um valor superior para o cliente;
3. Quem faz o marketing? Profissionais de marketing e clientes
potenciais. O profissional de marketing é alguém que busca uma
resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada
cliente potencial (prospect). Se duas partes estão buscando vender
algo uma para a outra, ambas são consideradas profissionais de
marketing;
4. Os profissionais de marketing estão capacitados para estimular a
demanda pelos produtos de uma empresa, mas essa é uma visão muito
limitada das tarefas que desempenham. Assim como os profissionais
de produção e logística são responsáveis por gerenciar o suprimento,
os de marketing são responsáveis por gerenciar a demanda;
5. Os gerentes de marketing buscam influenciar o nível, a oportunidade e
a composição da demanda para atender aos objetivos da organização.
São possíveis oito tipos de demanda:

a. Demanda negativa: os consumidores não gostam do produto e


podem até mesmo pagar para evitá-lo;
b. Demanda inexistente: os consumidores não conhecem o
produto ou não estão interessados nele;
c. Demanda latente: os consumidores compartilham uma forte
necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto
existente no mercado;
d. Demanda em declínio: os consumidores passam a comprar o
produto com menos frequência ou deixam de comprá-lo;
e. Demanda irregular: as compras dos consumidores podem ser
sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou o
horário;
f. Demanda plena: os consumidores compram todos os produtos
colocados no mercado;
g. Demanda excessiva: há mais consumidores interessados em
comprar o produto do que produtos disponíveis;

77


h. Demanda indesejada: os consumidores se sentem atraídos por


produtos que têm consequências sociais indesejadas.

6. MERCADOS: Antigamente, um “mercado” era um local físico onde


compradores e vendedores se reuniam para comprar e vender seus
produtos. Atualmente, os economistas descrevem um mercado como
um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações
relativas a determinado produto ou classe de produto. A Figura
34, mostra cinco mercados básicos e os fluxos que os conectam.
Os fabricantes recorrem aos mercados de recursos (mercados de
matérias-primas, mercados de trabalho, mercados financeiros) para
adquiri-los e transformá-los em bens e serviços; depois, vendem os
produtos acabados a intermediários, que os vendem aos clientes
finais. O governo recolhe impostos para comprar bens dos mercados
de recursos, de fabricantes e de intermediários; depois, usa esses bens
e serviços para fornecer serviços públicos. A economia de cada nação
e a economia global consistem em conjuntos de mercados integrados
e vinculados entre si por processos de troca;

Figura 34 - Estrutura de fluxos de mercados

Recursos Recursos
Mercados
Dinheiro de recursos Dinheiro

Impostos, Serviços,
bens dinheiro
Serviços,
dinheiro Impostos
Mercados de Mercados Mercados de
fabricantes governamentais consumidores
Impostos, Serviços
bens
Serviços, Impostos,
dinheiro bens

Dinheiro Dinheiro
Mercados
Bens e serviços intermediário Bens e serviços

Fonte: Kotler e Keller (2012).

78
ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA/MARKETING

7. A Figura 35 mostra o relacionamento entre setor produtivo e mercado.


Vendedores e compradores se conectam por meio de quatro fluxos:
os vendedores enviam bens, serviços e comunicação (propagandas,
mala direta) ao mercado e, em troca, recebem dinheiro e informação
(opiniões dos clientes, dados de vendas); já o fluxo interno mostra
uma troca de dinheiro por bens e serviços, enquanto o externo mostra
uma troca de informações.

Figura 35 - Sistema simples de marketing


Comunicação

Bens / Serviços
Setor produtivo Mercado
(um conjunto de vendedores) (um conjunto de compradores)
Dinheiro

Informações

Fonte: Kotler e Keller (2012).

De acordo com Mullins et al (2007) A importância do marketing para o


sucesso de uma empresa pode ser melhor apreciada ao considerar as atividades
que o marketing engloba. O marketing procura medir e antecipar as necessidades
e desejos de um grupo de clientes e responde com um fluxo de satisfações e
serviços. Para conseguir isso, a empresa precisa:

a. Identificar os grupos de clientes cujas necessidades estão mais de


acordo com os recursos e a capacidade da empresa
b. Desenvolver produtos e/ou serviços que atendam melhor às
necessidades do mercado alvo do que os concorrentes;
c. Tornar seus produtos e serviços prontamente disponíveis aos clientes
potenciais;
d. Desenvolver a consciência do cliente para que ele aprecie o valor
oferecido pelas ofertas da empresa;
e. Obter feedback do mercado como base para melhorar ainda mais as
ofertas;
f. Trabalhar para construir relacionamentos de longo prazo com clientes
satisfeitos e leais.

A característica mais importante do marketing como uma função comercial


é que ele se concentra em seus clientes e em suas necessidades. Este é o foco que
todos os gerentes, não apenas os vendedores, precisam adotar para garantir que
suas organizações possam estabelecer e manter metas saudáveis.

79


UNI

O trabalho do gerente de marketing pode ser colocado no nível tático e no


nível estratégico, no nível estratégico sua principal função é definir ou ajudar a definir,
dependendo do tamanho da empresa e de sua abertura ao marketing, os mercados a serem
cobertos, ou pelo menos os segmentos específicos a serem abordados; ele também deve
definir os produtos com os quais esses mercados ou segmentos serão cobertos. É também
seu dever construir ou ajudar a construir vantagens competitivas para os produtos sob sua
responsabilidade e gerar posições distintas em relação à concorrência no que é conhecido
como posicionamento e, acima de tudo, construir marcas poderosas (BALLESTEROS, 2010).

80
TÓPICO 4
UNIDADE 2

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

A administração estratégica, ou como é mais conhecida, gestão estratégica,


representa a gestão dos planos de ação e dos objetivos definidos para o sucesso
de uma organização. Na gestão estratégica, são elaborados projetos e mudanças
estratégicas, além de monitorar e gerenciar o que vem sendo implementado. É
uma forma de otimizar e tornar mais eficaz a gestão de um negócio e, como o
próprio termo diz, esta forma de gestão existe para gerir e dirigir um negócio
seguindo estratégias que permeiam toda a estrutura da organização. Em síntese,
a gestão estratégica é responsável pela execução do que foi estabelecido no
planejamento estratégico.

No âmbito empresarial, é utilizada para fornecer orientação geral para


uma empresa, na qual denominamos de Estratégia de Negócios, no qual inclui-
se, entre outros, em estratégias financeiras, estratégias de desenvolvimento de
recursos humanos ou organizacionais, em desenvolvimentos de tecnologia da
informação e criação de estratégias de marketing.

De acordo com Hill e Jones (2009), uma estratégia é um conjunto de


ações estruturadas que os gerentes tomam para melhorar o desempenho de sua
empresa. Para a maioria, se não todas as empresas, o desafio final é superar seus
concorrentes. Se as estratégias de uma empresa resultam em um desempenho
superior, diz-se que ela tem uma vantagem competitiva.

Jacobsen (2013, p. 28), afirma que “podemos compreender estratégias


como os caminhos que uma organização pode utilizar para atingir seus objetivos.
Assim, o termo estratégia, originário da palavra grega strategos (que significa
general)”, podendo ser classificado como:

a. Estratégias de ataque: usadas por uma empresa para enfrentar


competidores maiores que ela, atacando os seus pontos fracos;
b. Estratégias de defesa: usadas por aquelas empresas que procuram
preservar a sua posição perante o ataque das concorrentes. Empresas
líderes em seu segmento de atuação fazem uso mais intenso de
estratégias de defesa, baseando-se na busca contínua pela melhoria de
suas operações por meio da criatividade e inovação, buscando sempre
proteger as suas fraquezas (oportunidade para os concorrentes).


Na concepção de David (2013, p. 5), “a administração estratégica é


definida como a arte e a ciência de formular, implementar e avaliar decisões
multidisciplinares que permitem que uma empresa atinja seus objetivos”, e
enfatiza que:

a. Como esta definição sugere, a gestão estratégica se concentra na


integração da gestão, marketing, finanças e contabilidade, produção
e operações, pesquisa e desenvolvimento, e sistemas de informação
para alcançar o sucesso organizacional;
b. A terminologia gestão estratégica pode, também, ser um sinônimo
para o termo planejamento estratégico. O último é usado com mais
frequência no mundo dos negócios, enquanto o primeiro é usado com
mais frequência no mundo acadêmico;
c. As vezes o termo “gestão estratégica” é usado para se referir à
formulação, implementação e avaliação da estratégia, e planejamento
estratégico se refere apenas à formulação da estratégia.
d. O objetivo da gestão estratégica é criar e aproveitar novas e diferentes
oportunidades para o futuro; em contraste, o planejamento de longo
prazo procura otimizar as tendências de hoje para o futuro.

O diagnóstico com uma abordagem estratégica e proativa, onde não só


o longo prazo está presente, mas o fator que atua para adaptar a organização às
novas condições sem acomodar o antigo paradigma de adaptação ao ambiente, ou
seja, gerar novos ambientes através de inovação e desenvolvimento, é o elemento
essencial, embora não o único, para definir que um processo de direção realmente
estratégico seja executado (PADILLA; HERRERA, 2010).

A respeito da liderança competitiva o termo refere-se à forma mais eficaz


de gerenciar o processo de preparação da estratégia de uma empresa para criar
uma vantagem competitiva. O processo de preparação da estratégia é aquele pelo
qual os gerentes selecionam e depois implementam um conjunto de estratégias
com o objetivo de obter uma vantagem competitiva.

Segundo Sobral e Peci (2012, p. 25), “estratégia se refere ao caminho que


a organização segue para conseguir sobreviver. É a busca de um plano de ação
que permite desenvolver e ajustar continuamente uma vantagem competitiva
sobre os concorrentes. A formulação de estratégias é a ação de selecionar
estratégias, enquanto a implementação de estratégias envolve colocar em prática
as estratégias selecionadas, um processo que inclui projetar, entregar e apoiar
produtos; melhorar a eficiência e eficácia das operações; e projetar a estrutura
organizacional, os sistemas de controle e a cultura de uma empresa.

De acordo com Porter (1985), a concorrência está no cerne do sucesso ou


do fracasso das empresas. A competição determina a adequação das atividades de
uma empresa que podem contribuir para seu desempenho, tais como inovações,
uma cultura coesa ou uma boa implementação. Estratégia competitiva é a busca

82
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

de uma posição competitiva favorável em uma organização, a arena fundamental


na qual a concorrência ocorre. A estratégia competitiva visa estabelecer uma
posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência
da empresa.

A Figura 36 ilustra que a estratégia competitiva é uma combinação dos


fins - objetivos - pelos quais a empresa está se esforçando, e os meios – políticas
- pelos quais está procurando obter sucesso na sua administração estratégica.
A ilustração, que pode ser denominada de “Roda da Estratégia Competitiva”,
se constitui em um dispositivo para conceituar os aspectos-chave da estratégia
competitiva de uma empresa (PORTER, 1998).

Figura 36 - A Roda da Estratégia Competitiva

Linhas de Mercados-alvo
produtos

Finanças e Marketing
Controle

Metas

• Definição do modo como a


empresa competirá
Pesquisa e Vendas
Desenvolvimento • Objetivos para o crescimento da
rentabilidade, parcela de mercado,
resposta social etc.

Compras Distribuição

Mao-de-obra Fabricação

Fonte: Google Imagens (2020).

Na perspectiva de Porter (1998) sobre as influências na administração


estratégica para o desenvolvimento de planos e ações, a Figura 9 ilustra que, no
nível mais amplo de formulação de estratégia competitiva, envolve a consideração
de quatro fatores-chave que determinam os limites do que uma empresa pode
realizar com sucesso. Segundo Sobral e Peci (2012, p. 14):

Em termos de abrangência, ou seja, quantidade de pontos focados, os


planos podem ser estratégicos, táticos e operacionais, de acordo com
o respectivo nível organizacional. (...) O nível estratégico engloba o
primeiro escalão, os administradores do topo. O nível tático é ocupado
pelos gerentes de nível intermediário. E o operacional situa-se na base
da organização, onde estão os supervisores, coordenadores e chefes
de equipe.

83


Os pontos fortes e fracos da empresa são seu perfil de ativos e habilidades


em relação aos concorrentes, incluindo recursos financeiros, capacidade
tecnológica, identificação de marca no mercado, dentre outros, e ainda que:

a. Os valores pessoais de uma organização são as motivações e


necessidades dos principais executivos e outros funcionários que
devem implementar a estratégia escolhida. Pontos fortes e fracos
combinados com valores determinam os limites internos (para a
empresa) à estratégia competitiva que ela pode adotar com sucesso;
b. Os limites externos são determinados por sua indústria e por
seu ambiente mais amplo. As oportunidades e ameaças do setor
definem o ambiente competitivo, com seus riscos correspondentes e
recompensas potenciais;
c. As expectativas sociais refletem o impacto sobre a empresa de coisas
como política governamental, preocupações sociais, costumes em
evolução e muitas outras. Estes quatro fatores devem ser considerados
antes que uma empresa possa desenvolver um conjunto realista e
implementável de metas e políticas.

Figura 37 - Contexto no qual a estratégia competitiva é formulada

Ameaças e
Pontos Fortes e Oportunidades
Pontos Fracos da da Indústria
Companhia (Econômicas e
Técnicas)

Estratégia
Competitiva

Valores Pessoais Expectativas mais


dos Principais Amplas da
Implementadores Sociedade

Fonte: Google Imagens (2020).

Para Mintzberg et al. (2007), estratégia competitiva significa ser diferente


dos concorrentes. Isso consiste em desenvolver um conjunto de atividades
específicas para dar suporte à posição estratégica. Defender essa posição,
entretanto, depende do desenvolvimento de habilidades que os concorrentes
terão dificuldade para imitar. De acordo com David (2008, p. 5-6), o processo da
administração estratégica consiste em três etapas: formulação, implementação e
avaliação da estratégia.

84
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

a. A formulação da estratégia inclui desenvolver a visão e a missão,


identificar oportunidades e ameaças externas à organização,
determinar os pontos fortes e fracos internos, estabelecer objetivos
de longo prazo, gerar estratégias alternativas e escolher estratégias
particulares a serem seguidas. As questões de formulação de
estratégias incluem decidir quais novos negócios empreender,
quais abandonar, como alocar recursos, se expandir operações ou
diversificar, se entrar em mercados internacionais, se fundir ou criar
uma joint venture, e como evitar uma aquisição hostil;
b. A implementação da estratégia requer que a empresa estabeleça
objetivos anuais, formule políticas, motive os funcionários e aloque
recursos para implementar as estratégias. A implementação da
estratégia envolve o desenvolvimento de uma cultura que a apoie,
crie uma estrutura organizacional eficaz, redirecione esforços de
marketing, orçe, desenvolva e utilize sistemas de informação, ligando
a remuneração dos funcionários ao desempenho organizacional;
c. A avaliação da estratégia é a etapa final da gestão estratégica. Os
gerentes precisam saber imediatamente, que certas estratégias não
estão funcionando bem, e a avaliação da estratégia é o principal meio
para obter essas informações. Todas as estratégias são suscetíveis à
modificações futuras, já que tanto fatores externos, quanto internos,
estão em constante mudança. Três atividades-chave na avaliação da
estratégia são:

1. Rever os fatores externos e internos que são a base para as


estratégias atuais,
2. Medir o desempenho;
3. Tomar medidas corretivas. A avaliação da estratégia é tão
necessária porque o sucesso de hoje não garante o sucesso de
amanhã! O sucesso sempre cria novos e diferentes problemas;
organizações que se mostram indulgentes, se condenam a
desaparecer.

DICAS

Em uma ocasião, dois CEO’s de empresas concorrentes, no mesmo setor,


decidiram fazer uma viagem para falar sobre uma possível fusão. Eles foram para a floresta.
De repente, eles se depararam com um urso pardo de pé sobre suas patas traseiras. A
primeira coisa que o primeiro presidente fez foi tirar sua mochila, puxar um par de sapatos
e correr. O segundo presidente disse: “Você não pode fugir mais do que aquele urso”. O
primeiro presidente disse: “Talvez não, mas com certeza eu posso te superar”! Esta história
capta a essência da gestão estratégica, que consiste em obter e manter uma vantagem
competitiva. David (2013, p. 5).

85


86
TÓPICO 5
UNIDADE 2

PAPEL DO ADMINISTRADOR

Um administrador de empresas tem como papel principal as funções de


planejar, organizar, dirigir e controlar as operações cotidianas de uma organização
a qual foi criada para fornecer bens ou serviços (Figura 38).

Figura 38 - Funções do administrador

Fonte: Google Imagens (2020).

Um administrador de empresas pode trabalhar em uma variedade de


ambientes, incluindo uma pequena empresa, organização sem fins lucrativos,
agência governamental ou qualquer tipo de organização. A educação formal em
administração de empresas cobrirá uma ampla variedade de campos de atuação
como negócios, incluindo contabilidade, economia, marketing, finanças, recursos
humanos, gestão estratégica, comércio internacional entre outros.

O papel de um administrador de empresas requer diversas


responsabilidades relacionadas às atividades e tarefas organizacionais,
operacionais e gerenciais de uma empresa ou organização. De acordo com
Marco (2016), esta realidade mostra a necessidade de profissionais com
amplo conhecimento no campo da gestão organizacional, que possuam
conhecimentos conceituais que enriqueçam a interpretação das mudanças que
ocorrem no ambiente em que a organização opera, bem como dentro dela, e
que possuam, ao mesmo tempo, um conjunto de conhecimentos técnicos em
torno de ferramentas complexas úteis para a gestão das organizações e com
capacidades organizacionais para liderar organizações produtivas, inovadoras
e comprometidas. Segundo Kwasnicka (2005, p. 7):

Administradores e executivos são responsáveis pelo uso adequado


de seus conhecimentos e valores pessoais para lidar com os recursos
humanos e materiais e obter sucesso organizacional. Olhando o futuro,


estamos vendo esse homem dentro de um desenvolvimento contínuo


em sua educação, aumentando confiança e, conseqüentemente, sua
dependência a outros e sua liberdade de decisão, tendo mais poder
sobre controles mecânicos e coercitivos.

Para Chiavenato (2014, p. 9), o papel do administrador está atrelado à


função dos aspectos exclusivos de cada organização, “o administrador define
estratégias, efetua diagnósticos de situações, dimensiona recursos, planeja sua
aplicação, resolve problemas e gera inovação e competitividade”. Ainda segundo
o autor, para que possa desempenhar seu papel com eficiência e eficácia o
administrador precisa possuir três principais habilidades (Figura 39) para ser
bem-sucedido e alcançar a máxima excelência em seu desempenho profissional:

Figura 39 - As três habilidades de um administrador

Nível Habilidade
Alta direção Conceituais
Institucional
(Ideias e Conceitos
abstratos)

Habilidade
Nível Humanas
Gerência
Intermediário (Relacionamento
Interpessoal)

Habilidade
Nível Supervisão Técnicas
Operacional (Manuseio de
coisas físicas)

Execução das operações Fazer e executar

Fonte: Chiavenato (2014).

a. Habilidades técnicas: envolvem o uso de conhecimento especializado


e a facilidade na execução de técnicas relacionadas ao trabalho e aos
procedimentos de realização. É o caso de habilidade em contabilidade,
programação de computador, engenharia, etc. As habilidades técnicas
estão relacionadas ao fazer, isto é, ao trabalho com “coisas”, como
processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente
fácil trabalhar com coisas e com números, porque eles são estáticos e
inertes, não contestam, nem resistem à ação do administrador;
b. Habilidades humanas: estão relacionadas ao trabalho com pessoas
e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal.
Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar
e resolver conflitos pessoais ou grupais. O desenvolvimento da
cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem
medos ou receios, e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos
de habilidades humanas – saber trabalhar com pessoas e por meio
das pessoas;
88
ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

c. Habilidades conceituais: envolvem a visão da organização ou da


unidade organizacional como um todo, a facilidade em trabalhar
com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com
habilidades conceituais está apto a compreender as várias funções da
organização, complementá-las entre si, entender como a organização
se relaciona com seu ambiente e como as mudanças em uma parte da
organização afetam o restante dela. As habilidades conceituais estão
relacionadas com o pensar, o raciocinar, o diagnóstico das situações e a
formulação de alternativas de solução para os problemas. Representam
as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que
lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver
a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. À
medida que um administrador faz carreira e sobe na organização, ele
precisa, cada vez mais, desenvolver as suas habilidades conceituais
para não limitar a sua empregabilidade (capacidade de conquistar
e manter um emprego, pois conquistá-lo pode até ser fácil; o mais
difícil é mantê-lo a longo prazo).

Os papéis do administrador de uma empresa são de longe um trabalho


ordenado, focado e linear, o trabalho diário de gestores eficientes implica no
gerenciamento de situações desordenadas, imprevisíveis e caóticas, onde não é
fácil distinguir o trivial, do essencial. Na realidade, o trabalho de um administrador
abrange a adoção de diferentes papéis em diferentes situações, para trazer um
certo grau de ordem ao caos que impera naturalmente nas organizações.

Chiavenato (2014), relata que Henry Mintzberg classificou os dez papéis


peculiares do administrador divididos em três categorias: interpessoal, informacional
e decisorial conforme ilustra a Figura 12. De acordo com o autor (p.12),

por papel entende-se conjunto de expectativas da organização a


respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa
atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de
planejar, organizar, dirigir e controlar e que serão estudadas mais
adiante.

a. Papéis interpessoais: representam as relações com outras pessoas


e estão relacionados às habilidades humanas. Mostram como o
administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados.
Em essência, demonstra como o administrador interage e influencia
as pessoas responsáveis;
b. Papéis informacionais: descrevem as atividades para manter e
desenvolver uma rede de informações. Um administrador, no nível
institucional, passa em média cerca de 75% do seu tempo trocando
informações com outras pessoas, dentro e fora da organização.
Mostram como o administrador intercambia e processa a informação.
Reúne as atividades necessárias para manter e desenvolver uma rede
de informação;

89


c. Papéis decisórios: envolvem eventos e situações em que o


administrador deve fazer uma escolha. Esses papéis requerem,
tanto habilidades humanas, como conceituais. Mostram como o
administrador utiliza a informação em suas decisões.

Figura 40 - Os 10 papéis do administrador

Papel do
Categoria Atividade
Administrador

assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a


Representação
organização,a companha visitantes, assina documento legais

Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se


Interpessoal Liderança
comunica com os subordinados,

Mantém redes de comunicação dentro e dora da


Ligação
organizaçãom usa malotes, telefonemas e reuniões.

Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém


Monitoração
contato pessoais.

Envia informação para os membros de outras organizações.


Infomacional Disseminação
envia memorandos e relatórios, telefonemas e contatos.

Transmite informações para pessoa de fora, através de


Porta-voz
conversas, relatórios e memorandos.

Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega


Empreende
responsabilidades de ideias para outros,

Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos


Resolve conflitos
entre subordinados, adapta o grupo a crises e a mudanças.
Decisorial
Alocação de Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece
recursos prioridades.

Representa os interesses da organização em negociações


Negociação
com sindicatos, em vendas, compras ou financiamento.

Fonte: Google Imagens (2020).

90
PAPEL DO ADMINISTRADOR

DICAS

Especializações da administração

Nos dias de hoje, a administração revela-se como uma área do conhecimento humano
repleta de complexidades e desafios. O profissional que utiliza a administração como meio
de vida pode atuar nos mais variados níveis de uma organização, desde o hierárquico de
supervisão elementar até o de dirigente máximo da organização. Pode atuar nas diversas
especializações da administração: da produção (de bens ou serviços prestados pela
organização), financeira, de recursos humanos, mercadológica ou, ainda, administração
geral. Em cada nível e em cada especialização da administração, as situações são diferentes.
Além disso, as organizações são diferentes. Cada organização tem seus objetivos, seu
ramo de atividade, seus dirigentes e seu pessoal, seus problemas internos e externos, seu
mercado, sua situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e
política de negócios etc. Chiavenato (2014).

UNI

Campos de atuação dos profissionais da administração

ATIVIDADES PRIVATIVAS: Atividades típicas do Administrador, outros Bacharéis e


Tecnólogos em determinada área da Administração: (artigos. 2º da Lei nº 4.769/1965 e 3º
do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 61.934/1967): O Administrador, assim como os
demais profissionais registrados nos CRA’s exercerão a profissão como profissional liberal
ou não, mediante:

a) Elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos;


b) Realização de perícias, arbitragens, assessoria e consultoria
em geral, pesquisas, estudos, análises, interpretações,
planejamento, implantação, coordenação e controle de
trabalhos; c) Exercício de funções e cargos de Administrador
(somente quando for Bacharel em Administração) do Serviço
Público Federal, Estadual, Municipal, Autárquico, Sociedades de
Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e privadas, em
que fique expresso e declarado o título do cargo abrangido;
d) Exercício de funções de chefia ou direção, intermediária ou
superior, assessoramento e consultoria em órgãos, ou seus
compartimentos, da Administração Pública ou de entidades
privadas, cujas atribuições envolvam principalmente, a
aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de
administração; e) Magistério em matérias técnicas dos campos
da Administração e Organização. Esclarecimento: Os Bacharéis
e Tecnólogos em determinada área da Administração
desenvolverão atividades de Administração restritas à sua
formação no curso escolhido (CONSELHO, 2020a).

91


AUTOATIVIDADE

O papel do administrador está atrelado a função dos aspectos exclusivos de


cada organização, o administrador define estratégias, efetua diagnósticos de
situações, dimensiona recursos, planeja sua aplicação, resolve problemas e
gera inovação e competitividade.

Para que possa desempenhar seu papel com eficiência e eficácia o administrado
precisa possuir três principais habilidades para ser bem-sucedido e alcance a
máxima excelência em seu desempenho profissional. Nesse contexto descreve
quais são essas habilidades.

TÉCNICAS

HUMANAS

CONCEITUAIS

92
RESUMO
A administração de empresas é um campo amplo que incorpora muitos
tipos de cargos e funções gerenciais. A administração representa o processo de
organizar os recursos da empresa para atender às metas e objetivos de negócios.
Tais processos de organização incluem diversos tipos de recursos organizacionais
como por exemplo os humanos, bem como variados tipos de gestão como
financeira e de marketing. Assim, nessa unidade você pode compreender e
entender melhor sobre:

1. As áreas da administração, onde nas áreas de estudo a administração


é uma das poucas que possui grande diversificação para um
profissional atuar. Profissionais com conhecimentos adquiridos
e habilidades desenvolvidas nesta área encontrarão uma grande
variedade de oportunidades em empresas e organizações de todos
os tipos e tamanhos, podendo atuar em todos os níveis hierárquicos,
desde finanças, marketing e pessoas até produção e logística;
2. O papel do administrador onde, a princípio, o administrador era
considerado um profissional que apenas supervisionava outras
tarefas. Com a evolução das teorias administrativas verificou-se que,
por meio fatores externos, podiam ser observados, estudados e com
base nisso tomar decisões. O administrador deve possuir um domínio
superior da técnica de gestão e, além disso, ser um especialista com
conhecimento da situação de empresas. Ele também deve ser capaz
de inovar organizações e produzir novos conhecimentos.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
UNIDADE 3

FUNDAMENTOS E OBJETIVOS
DA ADMINISTRAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Compreender o contexto histórico e evolutivo do pensamento


administrativo;

• Conhecer quais foram as principais influências do pensamento


administrativo;

• Identificar as principais teorias da administração;

• Reconhecer as principais funções administrativas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o
conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – Princípios da administração

TÓPICO 2 – Conceitos da administração

TÓPICO 3 – Processos da administração

TÓPICO 4 – Tendências da administração

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.
A administração de empresas pode ser definida como sendo o processo
de planejar e manter um ambiente no qual as pessoas que trabalham em
grupos efetivamente alcancem as metas determinadas. Isso se aplica a todas as
organizações, independentemente do seu tamanho ou segmento de mercado.
Genericamente, a administração se constitui na arte de coordenar o cotidiano
da empresa, moldando as organizações em estruturas consistentes e constantes.
Dessa forma, para tornar qualquer empresa ou organização um sucesso, se faz
necessário conhecer os fundamentos e objetivos que embasam a administração
de empresas, ou seja, da teoria à aplicação prática.

Uma empresa ou organização é constituída para satisfazer as necessidades


da sociedade em geral, por meio da produção de bens ou prestação de serviços,
conforme ilustrado na Figura 41. Hoje a empresa é a entidade fundamental para
a humanidade, e o homem passa a ser o eixo principal das atividades a serem
desenvolvidas com sucesso, devendo ser competitivo em um mundo globalizado.
Assim, infere-se que uma organização ou empresa pode ser definida como o
grupo social no qual, por meio da administração do capital e do trabalho, são
produzidos bens e/ou serviços voltados para a satisfação das necessidades da
comunidade.

Figura 41 - Processo Produtivo

Recursos de entrada
a serem transformados

• Materias
• Informação
• Consumidores
Saídas de
Recursos de Processo de
produtos e Consumidores
entrada (input) transformação serviços (output)
Recursos de entrada
de transformação

• Instalações
• Pessoal

Fonte: Google Imagens (2020).

Segundo Oliveira (2015, p. 14), vivemos em uma sociedade composta por


organizações. Todos os processos e tarefas ligados à produção de bens (produtos)
ou serviços (atividades especializadas) são planejados, coordenados, dirigidos,
executados e controlados por elas. Atualmente, existem diferentes tipos de
empresas, desde públicas a privadas, que se subdividem de acordo com a sua
atividade ou linha social, origem do capital, dimensão ou de acordo com o regime
jurídico, levando em consideração os seus recursos humanos, materiais, técnicos
e financeiros.

No entanto, antes de desenvolver qualquer ação administrativa, é de vital


importância determinar os resultados a serem alcançados, estabelecendo planos
de ação específicos a serem seguidos com eficácia e eficiência. O planejamento
torna-se um ponto de partida básico e essencial em todas as atividades de
administração com o objetivo de definir a razão de ser do organismo social.
“O sucesso de qualquer organização está diretamente ligado à forma como ela

96
administra seus recursos disponíveis, sejam eles humanos ou físicos”. De acordo
com Bonome (2009, p. 8):

a. Contemporaneamente a atividade administrativa não obtém


correspondência direta àquela da sua definição inicial;
b. Seu principal objetivo passou a ser o de interpretar os objetivos
escolhidos pelas empresas e conseguir transformá-los em atividades
organizativas, utilizando-se do método de planejamento, organização,
direção e controle de todas as ações desenvolvidas em todas as áreas e
em todos os níveis hierárquicos da empresa, tendo em vista o alcance
dos objetivos da forma mais conveniente possível;
c. Toda essa atividade deve, portanto, ser direcionada no sentido de
coordenar os recursos existentes nas empresas, como pode ser visto
na Figura 42.

Figura 42 - Coordenação dos recursos organizacionais

Tarefas

Pessoas

Organização

Estrutura Tecnologia

Ambiente

Fonte: Bonome (2009).

De acordo com Gullo (2016, p. 14):

a Administração tem como objetivo aplicar suas funções à empresa


para, através de recursos materiais e humanos, concretizar os processos
executados em todas as suas áreas, considerando seu ambiente interno
e o ambiente externo que a envolve.

Na realidade, o grande objetivo da administração é ter uma gestão eficiente e,


ao mesmo tempo, eficaz dos diversos processos organizacionais (OLIVEIRA, 2015).

97
Na concepção de Barreto (2017, p. 9):

A Administração passou a ser uma das áreas mais importantes da


humanidade. Verifique que todos os problemas poderiam ser muito
bem resolvidos se tivessem uma gestão responsável e de excelência. A
tarefa básica da administração é, de maneira eficiente e eficaz, fazer as
coisas por meio das pessoas. Essa ciência (…), vem sendo considerada
a principal chave para a solução dos mais graves problemas que,
atualmente, afligem o mundo moderno. Isso acontece pelo simples
fato de não ser suficiente um avanço tecnológico e o desenvolvimento
do conhecimento humano, se a qualidade da administração sobre os
grupos organizacionais não permitir um investimento efetivo nos
recursos humanos e materiais.

Ainda segundo Barreto (2017, p. 10), o termo administração não é recente,


pois procede do “latim Administratione, assim como manejo (que corresponde
ao inglês management) e gestão (que corresponde ao espanhol gestión)”.
Independente da terminologia, possui o sentido: “um processo dinâmico de
tomar decisões sobre a utilização de recursos, para possibilitar a realização de
recursos, para possibilitar a realização de objetivos”.

Chiavenato (2007, p. 4), esclarece também que a definição da palavra


administração tem sua origem no:

latim (ad, direção para, tendência e minister, comparativo de


inferioridade; o sufixo ter, subordinação ou obediência, isto é, aquele
que realiza uma função abaixo do comando de outrem, aquele que
presta um serviço a outro) e significa subordinação e serviço

e enfatiza que:

a. Em sua origem, a palavra administração significa desenvolver uma função


sob o comando de outro, prestar um serviço a outro. Essa velha conotação
de supervisionar ou de só tomar conta de algum empreendimento ou
pessoas está hoje totalmente ultrapassada e obsoleta;
b. A administração cresceu e tomou-se uma ciência, uma técnica e uma
arte: ela é uma ciência com princípios bem definidos e um corpo de
conhecimentos científicos e devidamente codificados, uma tecnologia
que produz ferramentas de utilização para obter resultados e uma
arte em lidar com situações concretas e abstratas;

98
c. As organizações operam em ambientes diferentes (Figura 43),
rodeadas de um universo de fatores, tais como: econômicos, políticos,
tecnológicos, legais, sociais, culturais e demográficos que interagem
entre si e se alternam constantemente, proporcionando um campo
dinâmico de forças caracterizado por uma enorme mudança e
instabilidade ao redor. No fundo, as organizações recebem influências
de seu meio ambiente, mas, em contrapartida, nele também provocam
profundas influências.

Figura 43 - Ambientes Organizacional

Ambiente contextual
(Macroambiente)
Ambiente Demográfico

Ambiente relacional

Concorrentes Ambiente
Ambiente Sociocultural
Econômico

Organização
Fornecedores Clientes
(Intenção Estratégica)

Ambiente Ambiente
Político/Legal Tecnológico
Agências Reguladoras

Ambiente dos
Recursos Naturais

Fonte: Google Imagens (2020).

O administrador, dentro do contexto organizacional, “analisa os


elementos que compõem o ambiente externo, para poder adaptar o ambiente
interno de sua empresa a esse ambiente externo e, com isso, poder traçar um
caminho de sucesso para a empresa”. (GULLO, 2016, p. 14). Maximiano (2006, p.
12), destaca que a “administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e
utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos de funções:
planejamento, organização, liderança, execução e controle”. De acordo com
Asturias Corporación Universitaria (2018), a fim de alcançar o desenvolvimento
eficiente do processo administrativo nas organizações, do ponto de vista gerencial,
a administração deve cumprir dois objetivos principais:

a. Proporcionar eficiência nos processos: compreender a eficiência


como meio, métodos, processos, procedimentos, regras e, os
regulamentos sobre a forma como as diferentes atividades implícitas
em cada processo empresarial devem ser desenvolvidas, e que

99
todos os envolvidos no processo administrativo devem conhecê-los
para aplicá-los, respeitá-los e cumpri-los ao todo, de tal forma que
garantam o funcionamento ideal da empresa;
b. Proporcionar eficácia nos processos: A eficácia são as metas e
os objetivos que são planejados para desenvolver e cumprir na
organização, tendo em mente que cada empresa levanta seus
próprios objetivos que devem ser cumpridos. A função ou tarefa da
administração, consiste em interpretar as vontades organizacionais
corporizadas nos objetivos, e estabelecer os mecanismos para alcançá-
los através da administração, dividindo esta ação em planejamento,
organização, direção e controle, o que constitui a função administrativa
aplicável na empresa.

De acordo com Hernández y Rodriguez (2011), a administração se


fundamenta como ciência ou técnica, se concentra no projeto interno da empresa,
suas estruturas, procedimentos e sistemas de informação para planejar, organizar,
dirigir e controlar seus recursos e processos. Por outro lado, a administração
também envolve a compreensão do ambiente, a conceituação da função da
empresa no mercado e a gestão para alcançar resultados no contexto em que ela
opera ou deseja competir. Chiavenato (2014, p. 17), enfatiza que, nesse contexto
pode se inferir às seguintes conclusões sobre os fundamentos da administração:

a. A administração ocorre exclusivamente dentro de organizações: ela


não acontece em situações isoladas. Todas as organizações – nações,
estados e municípios, empresas, indústrias, empreendimentos de
todo tipo, tamanho e natureza – precisam ser administradas. Contudo,
cada organização é única, singular e diferente das demais, e suas
características ímpares afetam tanto o administrador como todas as
pessoas a ele subordinadas. O administrador precisa necessariamente
compreender cada organização;
b. A administração requer fazer as coisas por meio das pessoas: o
administrador não executa, e deve saber assessorar as pessoas e
desenvolver nelas capacidades e competências para que elas executem
adequadamente suas atividades. Deve saber, ajustar as capacidades
e competências das pessoas aos requisitos da organização e dos
objetivos a serem alcançados por meio do esforço conjunto. Para isso,
deve comunicar, orientar, liderar, motivar e recompensar;
c. A administração requer lidar simultaneamente com situações
múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmente
conflitivas: é um processo complexo, que requer integração,
articulação e visão de conjunto, principalmente quando as atividades
são divididas, diferenciadas e fragmentadas. Isso requer consistência
e flexibilidade, reflexão e ação, espírito analítico e sintético, olhar para
o todo e para as partes simultaneamente. Requer perspectiva global
e compreensão local do mercado, dos clientes e dos concorrentes, da
sociedade, do governo e do mundo globalizado.

100
d. O administrador deve continuamente buscar, localizar e aproveitar
novas oportunidades de negócios: deve possuir mente empreendedora,
focada no compromisso de aprender constantemente novas
habilidades, novos conhecimentos e adquirir novas competências.
Deve ser um agente de mudança e de transformação das organizações.
e. O administrador precisa saber reunir simultaneamente conceitos e
ação: em outras palavras, juntar teoria e prática, saber e aplicar, pensar
e agir. Conceitos sem ação não levam a nada; ação sem conceitos é
perda de tempo. Cada vez mais, a administração está sendo envolvida
por assuntos abstratos e complexos. No seu começo, foram eficiência e
eficácia. Depois vieram a produtividade e a lucratividade. Mais adiante,
mercado, excelência, estratégia, competitividade, sustentabilidade
e responsabilidade social. O que são esses assuntos senão conceitos
abstratos e intangíveis? Pura teoria! E sem teoria o administrador não
sabe exatamente o que fazer em situações abstratas e intangíveis, a
menos que queira trabalhar apenas com coisas concretas e dentro de
uma rotina bitolada e repetitiva, enquanto o mundo de negócios ao
seu redor é dinâmico, complexo, mutável e competitivo.

DICAS

As dificuldades de Roberto

Roberto é um excelente profissional, muito responsável e admirado por seus conhecimentos


técnicos. Depois de diplomar-se em Administração, Roberto não parou mais de estudar
e de tentar aplicar seus conhecimentos. Sabe melhor do que ninguém equacionar os
problemas e definir as melhores soluções. Sua dificuldade maior é lidar com pessoas: não
sabe explicar nem treinar ou argumentar, tampouco tem paciência com os subordinados.
Apesar de seu excelente preparo técnico, Roberto não consegue progredir na empresa.
Quer ser promovido a gestor de equipe, mas fica sempre na fila de espera. O que está
acontecendo com ele? (CHIAVENATO, 2014).

101
AUTOATIVIDADE

Uma empresa ou organização é constituída para satisfazer as necessidades da


sociedade em geral, por meio da produção de bens ou prestação de serviços.
Hoje a empresa é a entidade fundamental para a humanidade e o homem
passa a ser o eixo principal das atividades a serem desenvolvidas com sucesso,
devendo ser competitivo em um mundo globalizado. Assim, infere-se que
uma organização ou empresa pode ser definida como o grupo social no qual,
por meio da administração do capital e do trabalho, são produzidos bens e/ou
serviços voltados para a satisfação das necessidades da comunidade

A partir desse contexto e baseando-se no conteúdo estudado, faça uma


descrição embasando-se no processo produtivo das empresas conforme
ilustra a Figura abaixo. Em complemento expresse suas considerações sobre
a importância do administrador para o bom resultado e para eficiência desse
processo de transformação.

Recursos de entrada
a serem transformados

• Materias
• Informação
• Consumidores
Saídas de
Recursos de Processo de
produtos e Consumidores
entrada (input) transformação serviços (output)
Recursos de entrada
de transformação

• Instalações
• Pessoal

102
TÓPICO 1
UNIDADE 3

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Na ciência, podemos definir um princípio como sendo uma regra ou


valor subjacente que governa a maneira como as coisas funcionam. Muitas vezes
é formulado como lei universal e considerado axiomático, ou seja, autoevidente e
autocomprovado. Também pode servir como um ponto de partida, de uma análise
lógica, para um exame mais aprofundado, de um determinado acontecimento ou
premissa. Pode ser considerado, também, como uma doutrina, uma suposição
abrangente e fundamental, uma regra ou código de conduta.

Um princípio, em seu conceito mais amplo, serve de base para suposições,


fundamentos ou regras das quais nascem ideologias, teorias, doutrinas, religiões
e ciências. Princípio vem do latim principium, que significa origem ou começo,
porém, apesar de ainda ser utilizada para se referir ao início de algo, essa
terminologia é empregada principalmente em um sentido filosófico moral, ético
ou científico.

Como lei científica correspondem aos preceitos da natureza que não


são claramente demonstráveis, porém podem ser medidos e quantificados,
observando os resultados que lhes fundamentaram. Dessa forma, os princípios
da administração são um conjunto de teorias que determinam a existência e o
funcionamento da administração.

De acordo com Marujo et al (2014, p.19),

a administração sempre se fez presente no desenvolvimento das


sociedades. [...] A Teoria da Administração veio para integrar
os conhecimentos científicos às diversas atividades práticas
das organizações, pois sem essas condições jamais existiriam e
sobreviveriam.

De acordo com Oliveira (2015, p. 30), os primeiros princípios da


administração foram desenvolvidos por Frederick Winslow Taylor quando da
criação da Teoria da Administração Cientifica (Figura 4). Segundo o autor “para
Taylor, a administração deve ser tratada cientificamente. A improvisação devia
ceder lugar ao planejamento, e o empirismo à ciência: a ciência da administração”,
assim desenvolveu quatro princípios:

a. Princípio de planejamento: substituir o critério individual do operário,


à improvisação e à atuação empírico-prática por métodos baseados
em procedimentos científicos; isto é, substituir a improvisação pela
ciência por meio do planejamento do método de trabalho;


b. Princípio de preparo: selecionar cientificamente os trabalhadores, de


acordo com suas aptidões, prepará-los e treiná-los para produzirem
mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar máquinas
e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional;
c. Princípio do controle: controlar o trabalho para confirmar que está
sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo
o plano previsto. A gerência deve garantir que a execução seja a
melhor possível;
d. Princípio da execução: distribuir atribuições e responsabilidades para
disciplinar a execução do trabalho. O gerente planeja, e o operário
executa.

Figura 44 - Abordagem da Administração Científica

Plano de
Seleção
incentivo
científica
salarial

Estudos de
Método Padrão de Supervisão Máxima
tempos e
“the best way” produção Funcional eficiência
movimento.

Condições
Lei da fadiga ambiente de
trabalho
Maiores lucros
e salários

Fonte: Google Imagens (2020).

Münch (2010), ainda enfatiza que no início deste século, surgiu a


administração científica, onde foi postulado cinco princípios de administração;
a partir daí, vários autores se dedicaram ao estudo desta disciplina, surgindo
múltiplas abordagens e teorias conhecidas como escolas de gestão (Quadro 9), uma
vez que esta disciplina adquire um caráter indispensável para o funcionamento
adequado de qualquer empresa.

104
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Quadro 9 - Teoria da Administração Científica: idealizadores e contribuições


Idealizador Ano Principais contribuições
Frederick
1903 • Criador e estudioso com atuação mais destacada nesta teoria.
Taylor
• Criou o gráfico de Gantt (método gráfico de acompanhar fluxos de
Henry Gantt 1910
produção).
• Junto com a esposa Lillian, desenvolveram estudos dos movimentos
nos trabalhos e as situações de fadiga; propuseram redução das horas
Frank
1912 de trabalho; interligaram administração científica e psicologia industrial.
Gilbreth
• Em 1947, analisaram a atuação dos supervisores das organizações.
• Aperfeiçoou e padronizou as condições de trabalho e as técnicas
administrativas existentes na época.
Harrigton
1912
Emerson
• Considerou que as chefias devem auxiliar e orientar os trabalhos dos
subordinados.
Hugo • Consolidou a importância da psicologia industrial nos estudos de
1913
Munsterberg administração nas organizações.
• Consolidou a linha de montagem móvel (o produto em processo de
fabricação se desloca, enquanto os operadores ficam parados) em 1910 e,
em 1914, mecanizou o processo.
Henry Ford 1914
• Implantou o dia de 8 horas de trabalho e duplicou os salários (para os
operários também comprarem seus carros).

Fonte: Oliveira (2012).

UNI

Devido à grande expansão das indústrias, Henry Ford (1863-1947) realizou a


produção em massa de automóveis, ou seja, produzindo-os em grande quantidade e sem
nenhuma diferenciação. Baseou-se em alguns princípios que nortearam e permitiram a
produção em massa:

a) Princípio da Intensificação - menor tempo de produção mediante o emprego total de


equipamentos e matéria-prima;

b) Princípio da Economicidade - menor estoque de matéria-prima, velocidade de


fabricação rápida;

c) Princípio da Produtividade - especialização do trabalhador na linha de montagem


aumentando a capacidade de produção. Em outras palavras, produzir em menos tempo
e a um custo menor. Tanto os princípios da administração científica, como da linha de
montagem, receberam enorme aceitação nas indústrias, pois permitiram uma notável
expansão da atividade industrial. Oliveira (2015).

105


De acordo com Oliveira (2008, p. 32), a teoria da Administração é o


conjunto de “princípios e conhecimentos disseminados e comuns à prática
administrativa, dentro de uma abordagem específica, quanto às atividades e
funções administrativas desempenhadas pelas empresas”. Para esse autor, a
administração científica de Taylor possui algumas características conforme
descreve o Quadro 10.

Quadro 10 - Característica da Administração Cientifica


• Aumento da complexidade da administração das empresas.
Razões do
surgimento • Busca do maior rendimento possível proporcionado pelos recursos das
empresas.
• Maior eficiência nos processos produtivos. Não implicou, na maior parte das
vezes, em maior carga horária e em piores condições de trabalho.

Contribuições
• Contribuiu para a evolução das comunidades.
para a prática da
administração
• Estruturação e aplicação dos princípios da administração.

• Estruturação dos objetivos a serem alcançados e dos resultados efetivos.


• Metodologia ou técnica estruturada que as teorias da administração
Instrumento
proporcionam para o desenvolvimento do processo de administração e da
administrativo
qualidade decisória nas empresas.
• Estruturação da especialização dos trabalhos.

Instrumentos
• Análise da produção em massa.
administrativos

• Estudo dos tempos e métodos.


Consolidação da administração como algo que pode ser analisado, estruturado
e aprimorado.
Algumas
evoluções Foco no aprimoramento profissional dos trabalhadores.

Estudos direcionados da base para o topo da pirâmide empresarial.

Fonte: Oliveira (2008).

Segundo Silva (2011, p. 26), “juntamente com o americano Frederick Taylor,


responsável pela chamada Escola da Administração Científica, outro engenheiro
europeu também participou, no início do século XX, do desenvolvimento dos
primeiros trabalhos sobre a administração”, onde:

a. Henri Fayol, responsável pelo desenvolvimento da chamada Teoria


Clássica, cuja base era a preocupação com o aumento da eficiência da
empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios
gerais da administração em bases científicas. Na identificação das
tarefas da Administração são apresentados os 14 princípios (Figura
45) que ainda são utilizados na prática administrativa.

106
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Figura 45 - 14 princípios da administração clássica

Divisão do
Trabalho

Centralização Autoridade
Cadeia Escalar

Iniciativa Ordem

Remuneração Disciplina

Espiríto de
Equidade
Equipe

Estabilidade Unidade de
Subordinação
Comando

Unidade de
Direção

Fonte: Marujo et al (2014).

b. As ideias desses dois engenheiros são responsáveis pela formação


da chamada Abordagem Clássica da Administração, que perdurou
durante as quatros primeiras décadas do século XX, no que se refere
à administração das organizações. Fayol, em seus princípios da
administração, expõe o seguinte:

I. Divisão de trabalho: resultando na especialização das funções


e na separação dos poderes;
II. Autoridade e responsabilidade: a primeira, o direito de mandar e
o poder de se fazer obedecer; a segunda, a sanção – recompensa
ou penalidade – que acompanha o exercício do poder;
III. Disciplina: o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa
e seus agentes;
IV. Unidade de comando: forma de cada indivíduo ter apenas um
superior;
V. Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um
conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo;
VI. Subordinação do interesse individual ao interesse geral;
VII. Remuneração do pessoal: de forma equitativa e com base tanto
em fatores externos quanto internos;

107


VIII. Centralização: a concentração de poderes de decisão no chefe;


IX. Linha de autoridade ou hierarquia: a série dos chefes, dando-
se aos subordinados de chefes diferentes, a autonomia para
estabelecer relações diretas;
X. Ordem: um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar;
XI. Equidade: o tratamento das pessoas com benevolência e justiça,
não excluindo a energia e o rigor quando necessários;
XII. Estabilidade do pessoal: a manutenção das equipes como forma
de promover seu desenvolvimento;
XIII. Iniciativa: faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes;
espírito de equipe.

UNI

Comparação entre Taylor e Fayol

Ambos tinham uma grande correlação com as indústrias; Taylor era adepto da Administração
no chão de fábrica, já Fayol se relacionava mais com a gestão; Ambos foram criticados,
tachados pelos estudiosos da Administração – Taylor em especial – por incentivarem uma
visão mecanicista da organização. Fayol tinha uma visão da organização como corpo
social. As regras por ele propostas pretendiam funcionar como elementos norteadores
(CARPEJANI; SOUZA, 2013). Veja melhor essa comparação no Quadro 11.

Quadro 11 - Comparação entre Taylor e Fayol


Termos Mais
Utilizados Obra
- Organização Princípios da
Racional Destaque adminitração
Abordagem Ótica
Ênfase - Divisão Taylor científica
Taylor Administração - De baixo
Na tarefa das tarefas Gilbreth (1911)
Científica para cima
- Simplificação Ford Origem:
- Especialização Estados
- Tempos e Unidos
movimentos
Teoria
Clássica da
Administração
Termos Mais
Utilizados
- Técnicas
- Comerciais Obra
Financeira Adminitração
Abordagem Ênfase Ótica
- Segurança Destaque Industrial e
Fayol Anatomica e Na - De cima
- Contabilidade Fayol Geral (1916)
Fisiológica estrutura para baixo
- Administrativas Origem:
1. Planejamento França
2. Organização
3. Direção
4. Controle
Fonte: Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 62)

108
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

De acordo com Silva (2008, p. 8), “um princípio representa um elemento


básico de conhecimento que explica o relacionamento e ajuda na predição do que
aconteceria se tal princípio fosse aplicado”. Ainda segundo o autor, “um princípio
é uma afirmativa básica ou uma verdade fundamental que provê entendimento e
orientação ao pensamento e à prática, na tomada de decisões”, e acrescenta que:

a. Os princípios são desenvolvidos para ajudar os executivos a pensar e


agir. Um grupo de conceitos tem sido desenvolvido por experiência
e por correspondente pesquisa. Esses princípios, como considerados
por Joseph L. Massie, são somente “aproximações da generalização a
partir da experiência”. Como tal, eles não deveriam ser tratados como
regras rígidas e inflexíveis para o comportamento administrativo. A
administração, por sua natureza, tem seus princípios, que são:

I. Dinâmicos: os princípios de administração são flexíveis por


natureza e estão mudando continuamente;
II. Generalizações: os princípios de administração não podem ser
estabelecidos tão rigorosamente como os das ciências físicas,
porque seres humanos se comportam mais erraticamente do
que fenômenos físicos;
III. Relativos: os princípios de administração são relativos, e não
leis absolutas que podem ser aplicadas cegamente em todas as
situações;
IV. Inexatos: os princípios de administração são relacionados ao
caos e procuram trazer ordem a ele, regulando o comportamento
humano em qualquer situação;
V. Universais: a maioria dos princípios administrativos podem ser
aplicados em qualquer tipo de organização; em outras palavras,
eles são aplicáveis a negócios, governos, universidades e outras
organizações não lucrativas ao redor do mundo.

b. De acordo com George Terry, a utilidade dos princípios baseia-se


na premissa de que deles provêm conduta eficiente. Por meio dos
princípios da administração, um gerente pode evitar erros básicos
em seu trabalho e predizer resultados de suas ações com confiança.
De acordo com Koontz, Weihrich e Cannice, 2012, os princípios da
administração ajudam as organizações a:

I. Aumentar a eficiência: os princípios ajudam no pensamento e


na ação;
II. Cristalizar a natureza da administração: os princípios
consolidam o sempre crescente conhecimento e pensamento no
campo da administração;
III. Melhorar a pesquisa em administração: a administração
trabalha com seres humanos, cujo comportamento é bastante

109


imprevisível; os princípios ajudam pelas generalizações


dos testes do comportamento, entendendo e predizendo as
ocorrências futuras;
IV. Alcançar metas sociais: os princípios administrativos
desempenham um papel importante na melhoria da qualidade
e do padrão de vida das pessoas.

A necessidade de organização dos seres humanos é a origem da


administração, que é entendida como um ato de coordenação humana individual
e grupal para atingir objetivos. A administração é ciência composta de princípios,
técnicas e práticas, cuja aplicação a grupos humanos permite o estabelecimento
de sistemas racionais de esforço cooperativo, através dos quais podem ser
alcançados objetivos comuns que individualmente não podem ser alcançados em
organismos sociais (HERNANDEZ Y RODRIGUEZ, 2011).

DICAS

O Administrador agora dispõe de um manual elaborado e disponibilizado pelo


CFA/CRA com o objetivo de orientar os Administradores nas boas práticas diárias e ser
um Guia de Orientação Profissional. Nele você poderá tirar suas dúvidas de como está
constituída nossa classe, nossos direitos e obrigações como profissionais devidamente
regularizados.

110
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

AUTOATIVIDADE

Um princípio, em seu conceito mais amplo, serve de base para suposições,


fundamentos ou regras das quais nascem ideologias, teorias, doutrinas,
religiões e ciências. Princípio vem do latim principium que significa origem
ou começo, porém, apesar de ainda ser utilizada para se referir ao início de
algo, essa terminologia é empregada principalmente em um sentido filosófico
moral, ético ou científico.

Como lei científica correspondem aos preceitos da natureza que não são
claramente demonstráveis, porém podem ser medidos e quantificados,
observando os resultados que lhes fundamentaram. Dessa forma, os princípios
de administração são um conjunto de teorias que determinam a existência e o
funcionamento da administração.

Os primeiros princípios da administração foram desenvolvidos por Frederick


Winslow Taylor quando da criação da Teoria da Administração Cientifica.
Para Taylor, a administração deve ser tratada cientificamente. A improvisação
devia ceder lugar ao planejamento, e o empirismo à ciência: a ciência da
administração. Sendo assim, elenque e descreve os quatro principios da
administração.

Princípio de
planejamento

Princípio de
preparo

Princípio do
controle

Princípio da
execução

111
TÓPICO 2
UNIDADE 3

CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO

Podemos conceituar a administração de empresas, como sendo um campo


amplo da ciência social aplicada, de extrema relevância para diversos segmentos
produtivos da economia, onde suas áreas se expandem para as finanças, recursos
humanos, marketing, logística, sistemas de informação, gestão de serviços, gestão
da produção e administração geral. Um dos principais objetivos da administração
é dirigir as atividades diárias de uma organização para melhor garantir seu
funcionamento de maneira uniforme, eficiente e lucrativa.

A administração de empresas é o processo de gestão e alocação dos recursos


organizacionais de forma eficiente e eficaz, aplicando princípios administrativos.
O objetivo é alcançar estabilidade, crescimento e rentabilidade para um negócio.
Administração de empresas é uma função da estrutura organizacional, o sistema
desejado de alocação de tarefas, coordenação e supervisão.

De acordo com Carvalho (2014, p.11), desde sempre e durante nosso


cotidiano, até de maneira involuntária, administramos nossas vidas e rotinas
(Figuras 46, 47, e 48), quer seja

o nosso tempo, dinheiro ou vida pessoal e profissional. Quando


desenvolvemos planos de ação e nos articulamos entre nossos meios,
coordenamos os esforços e revemos nossos processos de alcance dos
objetivos, estamos praticando claramente administração.

Nesse contexto, pode-se afirmar que a administração impreterivelmente


faz parte da vida.

Figura 46 - Administrar escolhas Figura 47 - Administrar o tempo Figura 48 - Relações Interpessoais

Administramos, por exemplo, quando optamos Ao decidirmos o que, como e quando fazer, Administramos até as nossas relações
pela mudança e analisamos novos rumos a seguir. estamos praticando administração. interpessoais. Ou, pelo menos, deveríamos.

Fonte: Carvalho (2014)




Carvalho (2014, p. 12), afirma então que, conceitualmente, a administração


é, consequentemente, um grupo de práticas e funções desenvolvidas para ordenar
elementos produtivos das organizações/empresas, tendo como objetivo

alcançar, de maneira eficiente, um resultado eficaz e sustentável,


por meio da elaboração de planos, relatórios, projetos etc., em que é
exigida a aplicação de diversos tipos de conhecimentos.

Na concepção de Silva (2008, p. 5), existem inúmeros conceitos de


administração, quanto livros sobre o assunto, no entanto, na sua grande
maioria conceituais sobre a administração, uma definição básica é partilhada: “a
administração está relacionada com o alcance de objetivos por meio dos esforços
de outras pessoas”. Segundo o autor:

1. Os múltiplos conceitos de administração podem ser convenientemente


classificados em cinco categorias, a seguir:

a. Escola funcional: contém as visões de Mcfarland, Henri


Fayol e George Terry, que podem ser assim consolidados:
"Administração é um processo distinto, que consiste no
planejamento, organização, atuação e controle, para determinar
e alcançar os objetivos da organização pelo uso de pessoas e
recursos";
b. Escola das relações humanas: considera a administração
como um processo social, porque as ações administrativas são
principalmente concernentes ao relacionamento entre pessoas,
mais do que o direcionamento das atividades. Segundo L. A.
Appley, "Administração é o alcance de resultados por meio dos
esforços de outras pessoas;
c. Escola da tomada de decisão: contém como visão principal a
dos estudiosos Peter Drucker e Stanley Vence. Segundo Drucker
(1989), “Administração é simplesmente o processo de tomada
de decisão e o controle sobre as ações dos indivíduos, para o
expresso propósito do alcance de metas predeterminadas”;
d. Escola de sistemas: pela teoria de sistemas, as organizações
são sistemas orgânicos e abertos, consistindo na interação e
interdependência de portes que têm uma variedade de metas”,
conforme ilustra a Figura 49;

114
CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO

Figura 49 - O ambiente como um sistema aberto

AMBIENTE

Estágio de Estágio de Estágio de


insumos conversão produtos

• Matéria-prima; • Maquinário;
• Bens;
• Capital e Recursos; • Computadores;
• Serviços.
• Capital Humano. • Habilidade Humanas.

RETROALIMENTAÇÃO

Vendas de produtos permitem que a


organização obtenha novos
fornecedores de insumos

Fonte: Google Imagens (2020).

e. Escola contingencial: a administração é situacional; não existe


um modo melhor de projetar organizações e administrá-las;
os administradores deveriam “desenhar organizações, definir
as metas e formular políticas e estratégias de acordo com
as condições ambientais prevalecentes”. O esboço da teoria
contingencial está descrito na Figura 50.

Figura 50 - Teoria Contingencial

O Ambiente

Ambiente Geral

Variáveis
Variáveis
Tecnológicas Ambiente de tarefa Culturais
Concorrentes

Variáveis
Legais Fornecedores Organização Clientes Variáveis
Demográficas

Entidades
Variáveis Reguladoras
Econômicas

Variáveis
Políticas

Fonte: Google Imagens (2020).

115


2. A administração é necessária sempre que pessoas trabalham juntas


em uma organização. As funções gerenciais devem ser exercidas
por qualquer pessoa que seja responsável por algum tipo de
atividade organizada, funções estas desempenhadas em todos os
níveis organizacionais, independentemente do tipo ou tamanho
da organização. Os elementos da administração (Figura 51) são
necessários em todas as atividades de qualquer tipo de organização e
têm as seguintes características:

Figura 51 – Os elementos do conceito de administração.

Recursos Recursos
Materias Financeiro

Atividades Utilização eficiente e Alcance de


administrativas eficaz dos recursos metas

Recursos Recursos
Informacionais Humanos

Fonte: Silva (2008, p. 7).

a. A administração é propositada: complementação de atividades


com outras pessoas e por elos, com o uso adequado dos recursos
disponíveis;
b. A administração é concernente com idéias, coisas e pessoas:
orientação de meios e foco na ação para o alcance dos resultados
administrativos/gerenciais;
c. A administração é um processo social: processo em que as ações
administrativas são principalmente atinentes às relações entre
pessoas.
d. A administração é uma força coordenada: coordenação de esforços
de emprego de cada um, com seus próprios valores e aspirações, em
um programa organizacional;
e. A administração é concernente com esforços de equipe: o alcance de
certos objetivos é mais fácil por uma equipe do que por um indivíduo
trabalhando sozinho;
f. A administração é uma atividade: é necessário discernimento para
a distinção dos conhecimentos e habilidades exigidos para seu
desempenho;
g. A administração é um processo composto: pelas funções de
planejamento, organização, direção e controle, que não podem ser
desempenhadas independentemente; a realização de cada uma delas
interfere nas demais; 116
CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO

h. A administração age como força criativa e revigorante na


organização: o resultado da atividade, em algumas situações, é maior
do que o soma total dos esforços colocados pelo grupo; essa sinergia,
em resumo, provê vida para a organização;
i. A administração é uma disciplina dinâmica: as funções
administrativas são orientadas para o crescimento organizacional,
não sendo passivas, mas de comportamento ajustável e adaptável às
necessidades deste crescimento;
j. A administração é intangível: é uma força invisível, cuja presença é
evidenciada pelos resultados de seus esforços, que são, por exemplo,
ordenação, clima de trabalho satisfatório e satisfação pessoal dos
funcionários.

Notadamente, o conceito de administração refere-se ao funcionamento,


estrutura e desempenho das organizações. A administração pode ser vista como
uma disciplina encarregada da gestão científica dos recursos e do direcionamento
do trabalho humano, voltada para o alcance dos objetivos empresariais. A
administração é analisada, por exemplo, pela teoria das organizações, que se
dedica a estudar a forma como o ser humano administra seus recursos - humanos,
materiais e imateriais - e como interage com o meio externo para atingir seus
objetivos.

Às vezes, o termo administração é usado para se referir à ciência social


conhecida como administração de empresas. Esta ciência, estuda a organização
das empresas e a forma como gerem os recursos, processos e resultados das suas
atividades. Na perspectiva de Chiavenato (2014), para o conceito de administração
cada autor conceitua administração em sua ótica particular. Vale a pena comparar
cada definição:

a. Alcançar objetivos pelo trabalho com e por intermédio de pessoas e


outros recursos organizacionais;
b. Planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho dos membros da
organização e utilizar todos os recursos organizacionais disponíveis
para alcançar objetivos organizacionais definidos;
c. Planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar
objetivos de desempenho;
d. Alcançar objetivos organizacionais de maneira eficaz e eficiente
graças ao planejamento, à organização, à liderança e ao controle dos
recursos organizacionais;
e. Ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas para realizar
os objetivos da organização, bem como de seus membros.

117


No entanto, a administração corresponde muito mais que meramente


planejar, organizar, dirigir e controlar. A administração abrange um contexto de
complexidade decisórias e atuações aplicadas a uma diversidade de circunstâncias,
dentro da conjuntura diversa que são as organizações (CHIAVENATO,
2014). Devido a essa complexidade, a administração pode admitir variadas
interpretações, conforme descreve o Quadro 12.

Quadro 12 - Conceituações da administração

Administração

É um processo contínuo Exige várias ações Envolve articulação Envolve liderança e


e sistêmico que envolve orientadas para e aplicação de vários direcionamento de
uma série de atividades alcançar objetivos por conjuntos de recursos atividades executadas
impulsionadoras, como meio de diferentes e competências por todo o conjunto
planejar, organizar, pessoas e órgãos que organizacionais. É organizacional e
dirigir e controlar trabalham conjunta processo abrangente que em todos os níveis
recursos e competências e integradamente. envolve e apluca uma das organizações,
para alcançar metas e Trata-se de uma variedade de recursos: por pessoas com
objetivos. Implica fixar atividade proposital e humanos, financeiros, diferentes funções,
objetivos a alcançar, direcionada para alvos materiais, tecnológicos e intencionalmente
tomar decisões no meio previamente definidos, de informação. estrtuturadas e
desse caminho e liderar envolvendo objetivos coordenadas para o
todo esse processo, a fim individuais, grupais alcance de propósitos
de alcançar os objetivos e organizacionais ou comuns.
e oferecer resultados. uma combinação deles
no sentido de alcançar
níveis cada vez mais
elevados de excelência.

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014).

Para Münch (2010, p. 22), a administração é uma atividade indispensável


em qualquer organização, na verdade, é a forma mais eficaz de garantir sua
competitividade. Há vários conceitos de administração onde, coloquialmente,
se diz que: “administração é fazer algo através dos outros”, outro significado é
o que é conhecido como a “lei de ouro da gestão”, entendida como fazer mais
com menos. Para entender melhor, basta analisar em que consiste cada um dos
elementos da definição acima:

a. Objetivos: A administração está sempre focada em atingir metas ou


resultados; Eficiência. É obtido quando os objetivos são alcançados
em tempo e com a máxima qualidade;
b. Competitividade: É a capacidade de uma organização de gerar
produtos e/ou serviços com valor agregado em termos de custos,
benefícios, características e qualidade, em relação aos de outras
empresas com produtos similares. - Qualidade. Implica a satisfação
das expectativas do cliente através do cumprimento dos requisitos;
c. Coordenação de recursos: É quando os recursos necessários são
otimizados para alcançar a operação de qualquer empresa através da
administração;

118
CONCEITOS DA ADMINISTRAÇÃO

d. Produtividade: Implica a obtenção de resultados máximos com


recursos mínimos. Neste sentido, a produtividade é a relação entre a
quantidade de insumos necessários para produzir um determinado
bem ou serviço e os resultados obtidos. É a obtenção do máximo
de resultados com o mínimo de recursos, em termos de eficiência e
eficácia. Desta forma, a administração é aplicada como uma disciplina.

Se os elementos acima forem analisados, é possível concluir que a


administração é a ferramenta mais poderosa para a permanência e competitividade
de qualquer organização. A importância da administração é indiscutível, pois ela
traz múltiplas vantagens (MÜNCH, 2010). Através de suas técnicas e processos
é possível alcançar maior rapidez, eficácia e simplificação do trabalho com a
conseqüente economia de tempo e custo;

Dessa forma, isso afeta a produtividade, eficiência, qualidade e


competitividade de qualquer organização. A administração favorece a obtenção
do máximo rendimento e a permanência no mercado. A administração tem certas
características que a diferenciam de outras disciplinas:

a. Universalidade: É indispensável em qualquer grupo social, seja ele


uma empresa pública ou privada ou qualquer tipo de instituição;
b. Valor instrumental: Sua finalidade é eminentemente prática, sendo a
administração um meio para atingir os objetivos de um grupo;
c. Multidisciplinar: Ela utiliza e aplica conhecimentos de várias ciências
e técnicas. Especificidade. Embora a gestão seja auxiliada por várias
ciências, seu campo de ação é específico, portanto, não pode ser
confundido com outras disciplinas;
d. Versatilidade: Os princípios administrativos são flexíveis e adaptados
às necessidades de cada grupo social onde eles são aplicados.

Nesse contexto, podemos inferir que administrar é

a ciência, o conjunto de técnicas e a arte de planejar, organizar,


dirigir e controlar recursos organizacionais, que podem ser humanos,
financeiros, materiais, tecnológicos, mercadológicos, informacionais”.
(CARVALHO, 2014, p. 15).

No entanto, é necessário enfatizar que a gestão e a administração estão


intimamente relacionadas. A gestão, por um lado, envolve conhecer o ambiente,
conceitualizá-lo e gerar diretrizes estratégicas; por sua vez, requer que a
administração contribua para a organização interna. Esta conjunção de gestão e
administração permite que organizações sociais produtivas façam uso eficiente
de seus recursos e alcancem seus objetivos de forma eficaz (HERNÁNDEZ Y
RODRÍGUEZ, 2011).

119


DICAS

Após essa leitura, reflita sobre o seguinte texto:

Não que o administrador seja um herói que pretendamos consagrar, mas é ele um agente
– não só de condução ou manutenção do status quo, como também de mudança e de
transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novos objetivos,
novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares (CHIAVENATO, 2000). Nesse
contexto e baseado no conteúdo apresentado sobre os conceitos da administração quais
seriam os valores e a importância do administrador nas organizações? E para a empresa
em que você trabalha?

120
TÓPICO 3
UNIDADE 3

PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

A administração constitui as ciências sociais que buscam a satisfação dos


objetivos organizacionais por meio de uma estrutura e de um esforço humano
coordenado. O processo é o conjunto das fases sucessivas de um fenômeno
natural ou de uma operação artificial. Sendo assim, o processo administrativo é
a ferramenta que se aplica às organizações para atingir seus objetivos e satisfazer
suas necessidades lucrativas e sociais.

Os processos da administração correspondem ao fluxo contínuo e inter-


relacionado das atividades de planejamento, organização, direção e controle,
desenvolvido com o objetivo de aproveitar os recursos organizacionais de que
dispõe a organização, para torná-la eficaz, para seus stakeholders e a sociedade.

De acordo com Münch (2010), há vários critérios sobre o número de


etapas que constituem o processo na administração embora, de fato, para todos os
autores os elementos ou funções da administração são as mesmas. Isso representa
o ciclo do processo de administração conforme ilustrado na Figura 52, onde:

Figura 52 - Etapas do Processo na Administração

CONTROLE PLANEJAMENTO
Como isso O que você
foi feito? quer obter?

DIREÇÃO ORGANIZAÇÃO
Veja se Como você
foi feito? faz isso?

INTEGRAÇÃO
Com quem?

Fonte: Münch (2010).




a. Planejamento: Isto é quando são determinados os cenários futuros


e a direção que a empresa está tomando, bem como a definição
dos resultados a serem obtidos e as estratégias para atingi-los,
minimizando os riscos;
b. Organização: Consiste na concepção e determinação de estruturas,
processos, funções e responsabilidades, assim como o estabelecimento
de métodos e a aplicação de técnicas destinadas a simplificar o
trabalho;
c. Integração: É a função pela qual são escolhidos e obtidos os recursos
necessários para iniciar as operações;
d. Direção: Consiste na execução de todas as fases do processo
administrativo através da orientação de recursos, e do exercício da
liderança;
e. Controle: Esta é a fase do processo administrativo através da qual
são estabelecidas normas para avaliar os resultados obtidos com o
objetivo de corrigir os desvios, preveni-los e melhorar continuamente
as operações.

Se os administradores ou gerentes de uma organização realizam seu


trabalho adequadamente por meio de uma gestão eficiente e eficaz, a organização
tem muito mais probabilidade de atingir seus objetivos. Portanto, pode-se dizer
que o desempenho dos gestores ou administradores pode ser medido de acordo
com o grau de cumprimento do processo administrativo. Existem duas fases no
processo da administração, uma mecânica e outra dinâmica. Na primeira fase, ou
seja, na fase mecânica (Figura 53), se busca estabelecer o que fazer e se prepara a
estrutura necessária para fazê-lo, inclui atividades de planejamento e organização.

Figura 53 - Fase Mecânica

• Filosofia
• Missão
• Visão
PLANEJAMENTO • Valores
• Estratégias
• Políticas
• Programas
FASE • Pressupostos
MECÂNICA

• Hierarquia
• Divisão do
ORGANIZAÇÃO • Departamentalização
trabalho
• Descrição de fundos

Fonte: Münch (2010)

A segunda fase do processo, a fase dinâmica, refere-se a como aquele


organismo social, isto é, a organização/empresa, que foi estruturado é administrado
e compreende as atividades de direção e controle (Figura 54).

122
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

Figura 54 - Fase Dinâmica

• Recursos Humanos
• Recursos materiais
INTEGRAÇÃO • Recursos Técnicos
• Recursos financeiros

• Tomada de decisões
• Integração
FASE
DIREÇÃO • Motivação
DINÂMICA
Comunicação
• Liderança

• Ajuste padrão
• Medição
CONTROLE • Correção
• Feedback

Fonte: Münch (2010)

UNI

A administração (Figura 55) é o processo de tomada de decisões sobre


objetivos e o uso de recursos. Abrange cinco tipos principais de decisões, também
chamados processos ou funções: planejamento, organização, liderança, direção e controle
(MAXIMIANO, 2009).

123


Figura 55 – Mapa Conceitual - Processo da Administração

ADMINISTRAÇÃO

Se apoia em
diversas disciplinas

Ciências Ciências Disciplinas


Sociais Exatas Técnicas

• Universalidade
O que lhe confere
• Valor instrumental
características
• Flexibilidade
distintivas de:
• Interdisciplinalidade

A administração
tem uma
metodologia
básica

PROCESSO
ADMINISTRATIVO

PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO INTEGRAÇÃO DIREÇÃO CONTROLE

Regidos por: Princípios, Valores


e Missão

Fonte: Münch (2010)

De acordo com Chiavenato (2014, p. 85), o primeiro pensador a estabelecer


as funções administrativas que integra o processo na administração foi Henri
Fayol definindo como sendo “o ato de administrar como: prever, organizar,
comandar, coordenar e controlar (POCCC)”, onde essas cinco funções envolvem
os elementos da administração, isto é, as funções do administrador:

a. Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;


b. Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa;
c. Comandar: dirigir e orientar o pessoal;

124
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

d. Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos;


e. Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras
estabelecidas e as ordens dadas.

No seu livro de 1916 sobre Administração Industrial e Geral, Fayol


definiu as funções a exercer na gestão das organizações. Na concepção de Marco
e Loguzzo (2016, p. 44), estas foram reelaboradas e atualizadas com base nos
problemas e situações a que a administração foi submetida em cada período
histórico. Os autores apresentam a visão de alguns administradores, que pode
ser consultada no Quadro a seguir:

Quadro – Definição das funções a exercer na gestão das organizações

Autores Definição das funções

investigação, previsão, planejamento, organização, coordenação,


Brech e Urwick (1984)
direção e controle

planejamento, organização, administração de pessoal, direção


Gulick
ou comando, coordenação, informação e orçamento

planejamento, organização, pessoal, direção e controle;


Koontz e O’Donnell (1985)
Newman como: planejamento, organização, direção e controle

Dale planejamento, organização, direção e controle

O processo administrativo é a metodologia básica para aplicar qualquer


abordagem administrativa ou gerencial. Em outras palavras, o fato de existirem
novos fluxos administrativos requer a aplicação do processo administrativo
para sua implementação. Na concepção de Marujo et al (2014), o processo
administrativo:

a. É utilizado para que os gestores/administradores possam ter uma visão


geral da realidade da empresa, fornecendo informações essenciais,
sejam elas operacionais, táticas ou estratégicas, para auxiliar no
processo de tomada de decisão, em qualquer nível organizacional.
b. Entender o processo administrativo é a essência do enfoque funcional
da Administração.
c. O processo administrativo engloba os seguintes subprocessos ou
funções administrativas: planejar, organizar, dirigir e controlar
conforme a Figura 56.

125


Figura 56 - O processo administrativo e o ambiente organizacional

Ambiente Externo

• Planejar • Organizar
• Definir • Distribuir
• Programar
P O • Alocar

Entradas Saídas

• Controlar C D • Dirigir
• Avaliar • Liderar
• Realinhar • Executar

Ambiente Interno

Fonte: Marujo et al (2014)

a. O processo administrativo é um elemento chave na gestão


empresarial. É um conjunto estruturado de funções inter-relacionadas,
interdependentes e indispensáveis que transformam as informações
do ambiente de negócios em produtos ou serviços com a finalidade de
atender às necessidades e expectativas dos clientes internos ou externos.
b. Planejar é definir os objetivos e escolher o melhor caminho para
alcançá-los. O planejamento define onde se quer chegar, o que deve
ser feito para atingir o objetivo, quando o plano (cada ação) deve
ser colocado em prática (os prazos), por quem (responsabilidades),
e quanto vai custar. Na prática, planejar estabelece os objetivos
da empresa, especificando o caminho de como serão alcançados
e os recursos necessários para isso. Parte de um cenário futuro,
desenvolvendo um plano de ações para atingir as metas traçadas. É o
primeiro dos subprocessos administrativos e serve de base para todos
os demais, e:

I. O planejamento é um processo permanente e contínuo. O


planejamento é uma relação entre as coisas a fazer e o tempo
disponível para a execução das tarefas e ações;
II. O planejamento deve ter o foco no futuro. Para alguns autores,
o planejamento é muito mais uma questão de foco no futuro do
que uma junção de planos e programas de ação. A razão é muito
simples: o passado já se foi, e o presente está acontecendo (pouco
se pode alterar), por isso, é com o futuro que o planejamento se
preocupa;
III. O planejamento é uma técnica que procura definir de forma
antecipada, estudada e efetiva a alocação dos recursos
disponíveis da empresa ou da unidade.
126
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

IV. O planejamento funciona como um meio de orientar o processo


decisório, dando-lhe maior consistência e buscando minimizar
as incertezas do ambiente competitivo, melhorando o processo
de tomada de decisão; isto é, imprime maior dose de segurança
e de consistência nas escolhas/ decisões a serem feitas;
V. O planejamento é sistêmico e deve levar em consideração tanto
o sistema como os subsistemas que o compõem; deve observar
a totalidade da empresa, da diretoria ou departamento para o
qual foi feito, sem omitir os relacionamentos internos e externos
entre os atores envolvidos;
VI. O planejamento é interativo. Ele envolve passos ou fases que se
sucedem. É um subprocesso do macroprocesso administrativo;
VII. O planejamento possibilita, à medida que é executado, a
avaliação e mensuração para novos planejamentos com
informações e perspectivas mais assertivas;
VIII. O planejamento é uma função administrativa que interage
e está intimamente relacionado com as demais funções
administrativas, (organização, direção e controle), influenciando
e sendo influenciado por todas elas a todo momento e em todos
os níveis da organização;
IX. O planejamento é uma técnica de coordenação e integração. O
planejamento permite a coordenação, sincronização e integração
de várias atividades para o alcance dos objetivos definidos;
X. O planejamento é uma técnica de mudança e inovação. O
planejamento é uma das melhores maneiras de se introduzir
mudanças em uma empresa, de forma previamente definida e
programada para o futuro.

c. Organização é uma palavra que vem do grego, organon, que significa


“instrumento”, “utensílio” ou “aquilo com que se trabalha”. O
termo organização apresenta duas referências básicas. Por um lado,
a palavra é utilizada para se referir a uma espécie de ordenamento,
à ação ou resultado de organizar os processos ou organizar-se. Por
outro lado, designa-se com o termo de organização àquele sistema
desenhado para atingir satisfatoriamente determinados objetivos ou
metas e que:

I. Organização é o conjunto de atividades que, em função do


planejamento formulado, estabelece a melhor disposição dos
recursos das empresas. De modo geral, organização é a forma
como se prepara para atingir os resultados pretendidos, em
outras palavras, é “arrumar a casa, as ações e planos a serem
executados”;

127


II. Como subprocesso administrativo, organizar é o ato de


definir melhor o trabalho a ser realizado e determinar as
responsabilidades pela sua execução; é também o processo
de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério
preestabelecido; é a forma de coordenar todos os recursos da
empresa, sejam humanos, financeiros ou materiais, alocando-os
da melhor forma, segundo o planejamento que foi estabelecido;
III. Entretanto não basta alocar recursos. É fundamental que as
pessoas que fazem parte da organização se integrem (trabalhem
em equipe), se comuniquem e se comprometam a atuar de
forma coordenada para alcançar os resultados esperados.

d. Direção, execução e liderança: Direção é o processo de realizar


atividades e utilizar recursos necessários para atingir os objetivos
desejados. Dirigir faz com que os funcionários executem o que deve ser
feito. A direção estabelece que as relações hierárquicas estejam claras
e definidas, ou seja, que a forma como as equipes se relacionam, assim
como o grau de participação e colaboração que se espera de cada um
para a realização dos objetivos definidos, estejam explicitados, onde:

I. A implantação de qualquer planejamento seria inviável, ou


melhor, pouco efetiva, sem uma coordenação das atitudes,
tarefas e esforços de toda a empresa, para alcançar as metas
estabelecidas e acordadas.
II. Para que essa coordenação seja de fato eficaz, surge a
necessidade de se ter um responsável, um gestor, um líder.
É relevante assinalar que o modelo de gestão tipo comando e
controle adotado por boa parte das organizações modernas foi
inspirado em instituições militares.
III. O chefe ou comandante tinha e exercia o papel de capataz, não
admitia contestações e agia como o “senhor da verdade”. Por
isso se faz necessário ressaltar algumas características essenciais
da liderança moderna descrita no Quadro 13.

128
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

Quadro 13 - Característica do Líder

Comprometimento na busca dos objetivos individuais, da equipe e


Foco nos objetivos
organizações.

Orientação para ação O líder põe a mão na massa e orienta a ação, a execução das tarefas.

Em si e na sua equipe. Líderes inseguros acabam tornando suas equipes


Autoconfiança
inseguras também.

Habilidade no
Devo saber ouvir e saber falar. Ter empatia e simpatia. Resistência à
relacionamento
frustração. Suportar pressão da função.
humano

Atitude de abertura e receptividade. Uma constante predisposição a


Flexibilidade
negociações e mudanças se forem necessárias.

Estabelece prioridades, analisa alternativas e informações , utiliza todos os


Tomada de decisão recursos disponíveis para minimizar os riscos do processo de tomada de
decisão.
O líder deve ter um profundo orgulho do seu trabalho e da sua equipe.
Ele cuida do negócio como se fosse sócio e está voltado para a obtenção
Busca da excelência de resultados. Não é individualista. Busca eficiência, a eficácia, a
produtividade e a qualidade. Consegue se automotivar e motivar as outras
pessoas pelos desafios e pelas recompensas.
É um pioneiro. Encoraja a criatividade e a inovação. É um modelo
Visão do futuro inspirador, traz emoção para o local de trabalho, sem perder o foco nos
objetivos traçados.

Fonte: Marujo et al (2014).

e. O controle é o processo de assegurar a realização dos objetivos e de


identificar a necessidade de modificá-los. Controlar é estabelecer
padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar que as
ações executadas são as mais adequadas e estão alinhadas com o que
a empresa espera e que:

I. O controle das atividades desenvolvidas permite maximizar a


probabilidade de que tudo ocorra conforme o planejado, além
de minimizar os riscos.
II. O controle é a função que objetiva a obtenção de informações
sobre o desempenho organizacional para comparar o que foi
realizado com o resultado planejado, verificar se esse resultado
está sendo alcançado, identificar desvios e corrigir o rumo. Por
isso, o planejamento se torna insumo da função controle, pois só
se pode controlar o que foi planejado. O controle é composto de
quatro grupos de atividades essenciais elencadas no Quadro 14.

129


Quadro 14 - Grupos de Controle

Definição de indicadores de desempenho alinhados com os objetivos


identificados no planejamento.

Medição do desempenho.

Medição entre o realizado e o previsto.

Adoção de ações corretivas dos desvios negativos identificados, assim


como de ações preventivas das causas desses desvios.

Fonte: Marujo et al (2014).

f. O processo administrativo é uma função-chave na gestão empresarial.


O administrador precisa entender que esse conjunto estruturado de
atividades inter-relacionadas, interdependentes e indispensáveis
é a melhor forma de administrar, ou seja, de gerar mais e melhores
resultados;
g. Na prática corporativa, o processo administrativo é utilizado para
que os gestores/administradores possam ter uma visão sistêmica da
realidade da empresa, fornecendo informações essenciais, sejam elas
operacionais, táticas ou estratégicas, para auxiliar no processo de
tomada de decisão, em qualquer nível organizacional;
h. Esse é um dos maiores desafios do administrador do século XXI,
minimizar os riscos do processo de tomada de decisão. O processo
administrativo não é complexo, mas também não é simples de ser
trabalhado de forma efetiva em cada momento. Uma dura crítica
que se faz ao profissional brasileiro, de maneira geral, é que ele não
planeja o suficiente e que improvisa demais. E o resultado é um só:
perda de competitividade para as organizações e para o país.

Segundo Sobral e Peci (2012, p. 9),

enquanto os administradores de topo planejam os objetivos e a


estratégia da organização, os gerentes estabelecem as atividades de
seu setor, e os supervisores definem objetivos e programas para seu
grupo de trabalho”.

No entendimento de Loures Júnior (2009, p. 5), “nas decisões dos processos


de administrar todos os administradores realizam o mesmo conjunto de funções,
eles são classificados em níveis dentro da organização”. Segundo o autor, de
modo geral os administradores são encontrados em três níveis da organização
(Figura 57):

130
PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO

Figura 57 - Níveis Hierárquicos do Processo de Administração

Estabelecimento de objetivos, políticas


e estratégias organizacionais.
Alta
administração
(Diretoria)

Média Implementação das tarefas administrativas,


administração coordenação e solução de conflitos.
(Gerência)

Administração operacional Direção e supervisão do trabalho do pessoal


(Supervisão ou Chefia) operacional nos processos de produção.

Pessoal não administrativo Uso das habilidades técnicas para realização


(Pessoal de Operações) das várias tarefas e atividades da organização.

Fonte: Loures Júnior (2009).

a. Alta administração: responde pelo direcionamento maior e pelas


operações da organização. É de responsabilidade da diretoria,
também, desenvolver políticas, estratégias e estabelecer metas para
a organização como um todo. Representa também a organização
perante a comunidade, governo e outras organizações;
b. Média administração: conhecida em muitas empresas como
gerência de departamento ou setor. Estes gerentes tem o objetivo de
planejar, organizar, dirigir e controlar outras atividades gerenciais.
A administração de nível médio determina que produtos ou serviços
serão providos ao mercado, decidindo que público-alvo será
alcançado, que estratégias gerais e políticas serão transformadas em
objetivos/metas para a atividade da administração operacional;
c. Administração operacional: É responsável diretamente pela produção
de bens e serviços; Gasta a maior parte do tempo supervisionando as
pessoas na execução de tarefas;
d. Além desses três níveis administrativos tem-se o pessoal não
administrativo, que são os trabalhadores de linha de frente que não
tem posição gerencial. Eles se reportam aos gerentes operacionais e
são responsáveis pela execução das tarefas básicas decorrentes da
divisão do trabalho nas organizações.

131


Os princípios da administração são verdades universais que emergem


da experiência e foram devidamente testados. Eles servem para implementar a
administração com uma margem de erro mínima (MÜNCH, 2010). As principais
características do processo na administração são:

a. É utilizado em empresas e organizações para a correta administração


e utilização dos recursos;
b. Serve para organizar procedimentos e cumprir metas e objetivos;
c. Deve estar alinhado com os objetivos da empresa e pretende-se que
possa ser aplicado de forma eficaz e simples;
d. O ciclo de suas fases se repete para cada objetivo proposto. São
estágios cíclicos e repetitivos;
e. Deve ser conhecido por todos os membros da empresa;
f. Pode ser aplicado em qualquer tipo ou porte de empresa;
g. Deve ser regulado pela liderança administrativa da organização.

UNI

A administração é a disciplina que estuda a eficiência, eficácia e efetividade


das organizações sociais produtivas (OSP) através da aplicação do processo administrativo
para planejar, organizar, integrar, dirigir e controlar. Também avalia os resultados e o
desempenho da organização através de sistemas de informação e conhecimento da
produção, comercialização, distribuição e finanças, assim como o uso das capacidades
humanas para gerar seus produtos e serviços. Também avalia a rentabilidade necessária
para que a organização cresça e o retorno justo para seus investidores ou membros, de
modo a incentivar sua melhoria contínua (HERNÁNDEZ Y RODRÍGUEZ, 2011).

132
TÓPICO 4
UNIDADE 3

TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

Sem dúvida, a mudança é uma das características mais importantes


da sociedade contemporânea. Estamos permanentemente surpreendidos e
influenciados pelas mudanças que são geradas nos vários aspectos da vida social,
por exemplo, na ciência, tecnologia, economia, política, cultura, etc.

Dir-se-ia então que nossas instituições e organizações devem acompanhar


o ritmo dos tempos, ou seja, de acordo com o momento histórico e as principais
tendências da área da administração.

É muito difícil tentar prever o futuro da administração em um contexto


globalizado de mudança organizacional frenética. A maioria das organizações
vislumbra e deseja alcançar os resultados desejados, ou mesmo que sejam capazes
de sobreviver em um ambiente competitivo como o atual. É por isso que dedicam
tanto tempo, recursos e energia pessoal para se tornarem empresas altamente
eficientes. Isso, que pode ser muito necessário, não é suficiente.

As empresas que realmente têm sucesso são aquelas que também dedicam
tempo, recursos e energia para preparar o futuro de sua organização. Chiavenato
(2017, p. 9), relata que sobre o futuro da “administração e os desafios que ela irá
enfrentar nos próximos anos tendo em vista as profundas, rápidas e inesperadas
mudanças e transformações que estamos vivendo”, onde Era da Informação traz
uma série de desafios à administração, tais como:

a. Conhecimento: a nova economia é uma economia do conhecimento.


Apesar da inteligência artificial e da TI, o conhecimento é criado
por pessoas. O conteúdo de conhecimento integrado em produtos
e serviços está crescendo na forma de edifícios e casas inteligentes,
carros inteligentes, rodovias inteligentes, cartões inteligentes
(smartcards), smartphones, etc;
b. Digitalização: a nova economia é uma economia digital, e a nova
mídia é a internet. A informação está em formato digital em bits. A TI
permite trabalhar um incrível volume de informações comprimidas e
transmitidas na velocidade da luz. A infoestrutura está substituindo
cada vez mais a velha estrutura tradicional, trazendo big data e
analytics na rasteira;


c. Virtualização: na transformação da informação de analógica para


digital, as coisas físicas podem tornar-se virtuais, como a empresa
virtual, escritório virtual, emprego virtual, realidade virtual,
inteligência artificial, etc;
d. Molecularização: a nova economia é uma economia molecular.
A antiga corporação foi desagregada e substituída por moléculas
dinâmicas e equipes de indivíduos e entidades que formam a base da
atividade econômica;
e. Integração/redes interligadas: a nova economia está interligada em
rede, integrando grupos que são conectados a outros para criar valor e
riqueza. As novas estruturas organizacionais em rede são horizontais
e conectadas pela internet. São redes de redes, rompendo as fronteiras
entre empresas, fornecedores, clientes e concorrentes;
f. Desintermediação: as funções de intermediário entre produtor e
consumidor estão sendo gradativamente eliminadas devido às
redes digitais e ao comércio eletrônico. As informações são online
onde produtores e compradores se conectam entre si dispensando
intermediários.
g. Convergência: na nova economia, o setor econômico predominante
deixou de ser a indústria automobilística para ser a mídia, para a qual
convergem as indústrias de computação, comunicação e conteúdo
baseado em computador e em telecomunicações digitais.
h. Inovação: a nova economia é uma economia baseada em inovações.
Tornar os produtos rapidamente obsoletos é o lema das organizações.
Os ciclos de vida dos produtos estão se tornando cada vez mais
curtos.
i. Produconsumo: a distinção entre consumidor e produtor está
ficando pouco nítida. Na internet, o consumidor torna-se produtor
de mensagens, contribui para discussões, faz test-drives em
carros ou escaneia o produto no outro lado do mundo e influencia
decisivamente o processo decisório da empresa. A PwC salienta que
os consumidores são mais disruptivos do que os concorrentes
j. Imediatismo: na economia baseada em bits, o imediatismo é básico
para o sucesso empresarial e a nova empresa é uma empresa ágil e
flexível e em tempo real. O intercâmbio eletrônico de dados (EDI =
electronic data interchange) interliga sistemas de computadores entre
fornecedores e clientes para proporcionar concomitância de ações e
decisões.
k. Globalização: a nova economia é uma economia global e planetária.
Os negócios e o conhecimento não conhecem fronteiras.

134
TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

De acordo com o Conselho Federal de Administração (2018, p. 1),

é certo que a Administração do amanhã deverá ser muito diferente


daquilo que temos hoje, não só pelos avanços tecnológicos que
crescem exponencialmente a cada momento, trazendo consequências
disruptivas, como também pelo incrível desenvolvimento das
organizações, que se tornarão comunidades humanas complexas,
derivadas das transformações socioculturais que nelas ocorrem.

O Conselho Federal de Administração (2018, p. 1), ainda relata sobre a


quarta revolução industrial ao afirmar que:

A quarta revolução industrial não diz respeito apenas a sistemas e


máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo.
Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas
que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das
energias renováveis à computação quântica. O que torna a quarta
revolução industrial fundamentalmente diferente das anteriores
é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos,
digitais e biológicos.

“Nessa revolução as tecnologias emergentes e as inovações generalizadas


são difundidas mais rápida e amplamente do que nas anteriores, as quais
continuam a desdobrar-se em algumas partes do mundo” (CONSELHO,
2018, p. 1). Chiavenato (2017), ainda enfatiza que as organizações no mundo
contemporâneo se caracterizam conforme exposto no Quadro 15 onde esses
fatores correspondem as principais tendências da administração.

Quadro 15 - Tendências da Administração

A velha cadeia escalar de comando está na berlinda. A tendência é enxugar


níveis hierárquicos na busca de organizações ágeis, enxutas e flexíveis.
Cadeias de comando Compressão ou eliminação da hierarquia para proporcionar estruturas
mais curtas horizontais ou achatadas, que representam uma enorme vantagem competitiva
em termos de fluidez, agilidade e flexibilidade.

O tradicional princípio de que toda pessoa só pode reportar-se a um único


superior está sendo questionado. A ascendência vertical (subordinação ao
chefe) está sendo substituída pelo relacionamento horizontal (em direção
Menos unidade de ao cliente, seja ele interno ou externo). A ênfase horizontal no processo está
comando ocupando o lugar da hierarquia vertical. A tendência é utilizar equipes
funcionais cruzadas, forças-tarefas e estruturas horizontais para aproximar
ainda mais o cliente interno ou externo.

As organizações estão partindo para amplitudes administrativas mais amplas,


Amplitudes de controle que reduzem a supervisão direta e facilitam a delegação de responsabilidade e
mais amplas maior autonomia às pessoas.

A participação é o processo de transferir responsabilidades e decisões às


Mais participação pessoas. Os gestores estão delegando meios para fortalecer as pessoas em
e empowerment todos os níveis para que elas possam tomar todas as decisões que afetam o
(fortalecimento/ seu trabalho. Com o empowerment, proporciona-se maior responsabilidade e
empoderamento): autonomia às pessoas, que passam a trabalhar mais livremente com um mínimo
de supervisão direta e muito coaching.

135


O staff executava serviços especializados ou assessoria na solução de problemas


para a organização. A tendência é transformar o staff de prestador de serviços
Staff como consultor e em consultor interno. Quem deve executar é a linha. A função do staff é
não como executor assessorar e orientar a linha para que ela faça melhor o seu trabalho e não
substituí-la em certas atividades.

Os antigos departamentos e divisões estão cedendo lugar a equipes de trabalho


Ênfase nas equipes de definitivas ou transitórias. Essa aparente “desorganização” do trabalho significa
trabalho uma orientação rumo à flexibilidade, agilidade, fluidez, mudança e inovação
para acompanhar as mudanças externas.

A organização como As organizações estão se estruturando sobre unidades autônomas e


um sistema de autossuficientes de negócios, cada qual atuando como um centro de lucro
unidades de negócios específico, com metas e resultados a alcançar. Para tanto, torna-se necessário um
interdependentes sistema de informação capaz de integrar o todo organizacional em tempo real.

A nova arquitetura organizacional é interligada através da TI. A infoestrutura


permite uma organização integrada sem estar concentrada em um único local.
Ela dispensa a hierarquia porque a informação está disponível no formato
eletrônico e é oferecida a toda a organização para tomada de decisões e ações
Infoestrutura competitivas. As pessoas podem trabalhar em qualquer tempo ou lugar.
Cada equipe ou unidade de negócio funciona como cliente ou fornecedor (ou
servidor) ligado em rede e trabalhando em uma estrutura molecular, ágil e
flexível.

As organizações estão preocupadas com os fins (alcance de metas, objetivos


ou resultados) e não com os meios (comportamento cotidiano das pessoas). Os
Abrandamento dos controles externos (regras, regulamentos, horário de trabalho) são substituídos
controles externos às por conceitos como valores organizacionais, missão, espírito empreendedor,
pessoas foco no cliente e que permitem orientar (e não fiscalizar ou bitolar) o
comportamento das pessoas.

Foco no negócio
essencial (core business) Programas de enxugamento e terceirização são realizados para eliminar as
e eliminação do aparas e reorientar a organização para aquilo que realmente ela foi criada: seu
acessório, supérfluo ou negócio, seu cliente e demais stakeholders.
acidental

É a presença do trabalho mental no qual predominam a criatividade e


inovação na busca de novas soluções, produtos e processos para agregar
Consolidação valor à organização, ao cliente e aos demais stakeholders diretos ou indiretos.
da economia do As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão-de-obra para se tornarem
conhecimento fornecedoras de conhecimento que agrega valor ao negócio, à organização, ao
cliente e aos stakeholders.

Fonte: Chiavenato (2017).

136
TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

A administração do futuro será baseada em uma visão sistemática


da organização, onde a integração com o todo é o elemento fundamental. Em
outras palavras, é uma organização onde a missão e os objetivos organizacionais
devem prevalecer sobre os interesses setoriais ou individuais e onde as diferentes
partes que compõem a organização, assim como as decisões e ações, devem
ser efetivamente integradas de acordo com essa missão e esses objetivos. Para
Oliveira (2008), as tendências da administração exigidas no século XXI serão:

a. Abordagem predominantemente comportamental;


b. Consolidação da administração do conhecimento;
c. Maior interação entre os instrumentos administrativos das empresas;
d. Divisão dos sistemas e processos administrativos em partes;
e. Definição dos papéis dos profissionais das empresas;
f. Alteração de determinados cargos e funções;
g. Necessidade de maior comprometimento para com os resultados
esperados;
h. Maior interação teoria versus prática;
i. Universalização da administração.

137


Para Münch (2010), O século 21 assistiu a um grande boom nas escolas


administrativas que tomaram novas direções; entre as mais destacadas estão:

a. Administração por valores cujo foco é o desenvolvimento e a prática


de valores organizacionais e individuais voltados para a missão da
organização, a fim de alcançar maior produtividade;
b. Gestão de mudanças que propõe uma série de estratégias para atuar
em um ambiente de mudanças e desafios;
c. Gestão do conhecimento, que visa coletar todas as experiências,
habilidades e conhecimentos do capital humano da empresa, a fim
de garantir que estes permaneçam independentes do pessoal e da
rotatividade da gerência;
d. Administração virtual onde, através de sistemas informáticos, a
automotivação e o automonitoramento reduzem a burocracia e
níveis hierárquicos, e as estruturas e tamanho das organizações são
simplificados;
e. Empowerment: Empoderamento é um estilo que capacita, prepara e
delega funcionários para melhorar suas capacidades.

Certamente com a evolução da sociedade e das empresas virão novas


abordagens de gestão para se adaptarem a novos modos de vida. O importante
é treinar e se atualizar continuamente para aplicar as escolas e metodologias
administrativas mais apropriadas e para que as organizações permaneçam no
mercado e sejam competitivas (Münch, 2010).

138
TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

UNI

O que fazemos no presente vai determinar o futuro. Por isso, precisamos


desconstruir para construir o novo. Não basta pensar coisas novas: é importante transformá-
la em realidade. É para esse caminho que o artigo de Chiavenato nos leva. Que a leitura
deste paper seja o incentivo que faltava para você ser o agente de transformação que a
Administração precisa (CONSELHO, 2017).

Figura 58 - Mapa conceitual: Tendências da Administração


No final do século XX,
surgiram múltiplas
correntes administrativas.
As mais importantes são: Abordagem
Contemporâneas

Desenvolvimento Qualidade
Reengenharia Excelência
Organizacional Total

Com a globalização e
Século 21 os avanços tecnológicos,
Princípios novas escolas estão
surgindo:

Administração do Administração Administração do Desenvolvimento


Coaching
Conhecimento por Valores Capital Intelectual Sustentável

Com a finalidade VANTAGEM


de se obter: COMPETITIVA

139


AUTOATIVIDADE

É certo que a administração do amanhã deverá ser muito diferente daquilo que
temos hoje, não só pelos avanços tecnológicos que crescem exponencialmente
a cada momento, trazendo consequências disruptivas, como também pelo
incrível desenvolvimento das organizações”, que se tornarão comunidades
humanas complexas, derivado das transformações socioculturais que nelas
ocorrem.

A partir desse contexto, leia a asserção abaixo:

A quarta revolução industrial não diz respeito apenas a sistemas


e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais
amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente
em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a
nanotecnologia, das energias renováveis à computação quântica.
O que torna a quarta revolução industrial fundamentalmente
diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação
entre os domínios físicos, digitais e biológicos (CFA, 2018b, p. 1).

Agora faça suas considerações de como será o impacto para a administração e


para o administrador no cenário da 4ª revolução industrial. Aproveite e reflita
de como você poderá se preparar para essa fase de disruptura.

140
RESUMO
Conceitualmente, a administração é, antes de tudo, uma ciência social
aplicada que se propõe em estudar a organização das empresas, os método e
procedimentos do gerenciamento dos recursos, bem como avaliar os resultados
das atividades empresariais. Nessa perspectiva torna-se responsável pelo
cumprimento de todo o processo administrativo, que inclui diversas funções como
planejamento, organização, direção e controle. A administração está vinculada à
gestão e engloba um conjunto de preceitos, regras e práticas que buscam otimizar a
utilização de recursos para que as organizações em geral alcancem seus objetivos.
Sendo assim, nessa unidade você pode conhecer:

1. Os fundamentos e objetivos da administração, tendo em mente que


toda organização empresarial se constitui em um sistema complexo
formado por um grupo de pessoas, com uma diversidade de recursos
físicos coordenados e organizados com o objetivo de obter uma
determinada finalidade que, por essência, busca a produção de um
ou vários produtos ou oferecem determinadas prestação de serviços;
2. Os princípios da administração que tem como objetivo principal
destinar recursos de forma estratégica para atingir os objetivos de
curto, médio e longo prazo de uma empresa, baseando-se nas funções
básicas da administração;
3. Que o conceito de administrar baseia-se em métodos e técnica que
tem como objetivo principal alcançar o máximo benefício possível
para uma empresa baseando-se em sua atividade e porque foi criada
buscando organizar, planejar, dirigir e controlar os recursos à sua
disposição;
4. Os processos da administração que correspondem ao fluxo contínuo
e inter-relacionado de suas atividades desenvolvidos com o propósito
de um melhor aproveitamento dos recursos organizacionais a fim de
torná-la mais competitiva;
5. As principais tendências da administração que indubitavelmente
serão embasadas por visão holística e sistemática da organização,
onde a conexão de todas as partes será elemento fundamental. Em
suma, a missão e os objetivos organizacionais prevalecerão e que as
decisões e ações, devem ser efetivamente integradas de acordo com
essa missão e esses objetivos.

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