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Introdução à

Administração
INTRODUÇÃO À
ADMINISTRAÇÃO
Autoria

Leonardo Sousa Vilela


Expediente
Reitor: Ficha Técnica
Prof. Cláudio Ferreira Bastos Autoria:
Pró-reitor administrativa financeiro: Leonardo Sousa Vilela
Prof. Rafael Rabelo Bastos Supervisão de produção NEAD:
Francisco Cleuson do Nascimento Alves
Pró-reitor de relações institucionais:
Design instrucional:
Prof. Cláudio Rabelo Bastos
João Paulo S. Correia
Pró-reitora acadêmica: Capa:
Profa. Flávia Alves de Almeida
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Diretor de operações: Autoria de leitura complementar:
Prof. José Pereirs de Oliveira João Emmanuel Evangelista
Coordenação NEAD: Revisão textual:
Profa. Luciana Rodrigues Ramos Maria Estela Aparecida Giro

Ficha Catalográfica
Catalogação na Publicação
Biblioteca Centro Universitário Ateneu

VILELA, Leonardo Sousa. Introdução à administração. / Leonardo Sousa Vilela. –


Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2020.

136 p.
ISBN: 978-85-64026-26-1

1. Tendências e Perspectivas. 2. Áreas funcionais. 3. Organização. 4. Tendências. I.


Centro Universitário Ateneu. II. Título.

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do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria.
Seja bem-vindo!
Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material di-
dático da nossa disciplina de “Introdução à Administração”. Ao ler e estudar
por este material, você terá condições de responder as atividades no Ambiente
Virtual de Aprendizagem.

Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da


disciplina. Estudaremos as seguintes etapas: o que é Administração e seu desen-
volvimento histórico; o funcionamento organizacional; o importante processo do pla-
nejamento; a organização e suas especificidades; a liderança; o controle; e por fim,
o que nos reserva o futuro da Administração com suas tendências.

Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto, ao contrário, você deverá pro-
curar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e estar sem-
pre atualizado sobre os temas estudados aqui.

A partir da leitura, você estará apto a corresponder às exigências solici-


tadas na disciplina e terá o embasamento teórico para continuar seus estudos
de graduação.

Bons estudos!
Sumário
UNIDADE 01

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO .................................................................................. 7

1. ADMINISTRAÇÃO........................................................................................................... 8

1.1. O papel da administração, tendências e perspectivas ................................................. 8


1.2. Primórdios e surgimento ............................................................................................ 14
1.3. Evolução da Administração ........................................................................................ 20

Referências ....................................................................................................................... 29

UNIDADE 02

ÁREAS FUNCIONAIS DAS ORGANIZAÇÕES E PLANEJAMENTO ............................... 31

1. ÁREAS FUNCIONAIS DAS ORGANIZAÇÕES ............................................................. 32

1.1. Recursos humanos..................................................................................................... 32


1.2. Financeira ................................................................................................................... 35
1.3. Produção .................................................................................................................... 37
1.4. Materiais ..................................................................................................................... 38
1.5. Mercadológica ............................................................................................................ 41
1.6. Processo administrativo ............................................................................................. 43

2. PLANEJAMENTO.......................................................................................................... 47

2.1. Componentes de um plano ........................................................................................ 47


2.2. Tipos de planos .......................................................................................................... 50
2.3. Níveis de planejamento .............................................................................................. 53
2.4. Tomada de decisão .................................................................................................... 62

Referências ....................................................................................................................... 68
UNIDADE 03

ORGANIZAÇÃO E LIDERANÇA ....................................................................................... 69


1. ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................ 70

1.1. Tipos de organizações ............................................................................................... 70


1.2. Estrutura organizacional ............................................................................................. 75
1.3. Poder, autoridade e responsabilidade ........................................................................ 79
1.4. Centralização e descentralização nas organizações ................................................. 83

2. LIDERANÇA .................................................................................................................. 87

2.1. Tipos de liderança ...................................................................................................... 87


2.2. Estilos de liderança .................................................................................................... 90
2.3. Grupos e motivação nas organizações ..................................................................... 94

Referências ....................................................................................................................... 98

UNIDADE 04

CONTROLE E TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO ...................................................... 99

1. CONTROLE................................................................................................................. 100

1.1. Tipos de controle ...................................................................................................... 100


1.2. O papel do controle nas organizações ..................................................................... 105
1.3. Controle nas áreas da organização.......................................................................... 108

2. TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................ 112

Referências ..................................................................................................................... 116

Material complementar: Globalização e Indústria Cultural: Considerações


Críticas sobre a Atualidade de tais Conceitos. ................................................................ 117
Uni

I NTRODUÇÃO À A DMINISTRAÇÃO
Apresentação

Nesta unidade, você entenderá que a administração tornou-se nos últimos


anos o principal desafio para o mundo dos negócios e para todas as organizações
que dele participam. Perceberá que, por envolver o direcionamento das empresas
para serem competitivas e lucrativas, é um dos campos mais excitantes e impor-
tantes dos cursos universitários.

Ao longo de seu estudo, visualizará que o administrador passou a ser o


elemento fundamental para a sobrevivência e sucesso das organizações, qualquer
que seja o nível administrativo em que esteja situado.

Perceberá ao longo dessa unidade que o administrador utiliza o processo


administrativo de planejar, organizar, dirigir e controlar a ação organizacional para
alcançar resultados (eficácia) e fazer o melhor uso possível dos recursos disponí-
veis (eficiência).

Notará que, para tanto, as habilidades do administrador devem ser apri-


moradas de modo que ele possa desempenhar todos os papéis dentro da sua
organização.

Objetivos de aprendizagem

• Definir o papel da administração;


• Clarificar as tendências e perspectivas da administração;
• Elucidar sobre os primórdios da administração;
• Explicar sobre o surgimento da administração;
• Esclarecer a respeito da evolução da administração.

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 7
1. A DMINISTRAÇÃO
Neste tópico, você aprenderá sobre o papel da administração, as suas ten-
dências e perspectivas. Também irá aprofundar seus conhecimentos a respeito
dos primórdios e do surgimento da administração e finalizará essa unidade desco-
brindo sobre o seu processo de evolução.

1.1. O papel da administração, tendências e perspectivas

Antes de iniciarmos a unidade, vamos entender um pouco sobre o papel


do administrador. Para tanto, entenda que a necessidade social de os doentes
serem tratados propiciou o aparecimento do curandeiro da tribo, depois do “físico”
da Idade Média e, por fim, do médico atual.

Com isso, a Medicina foi institucionalizada através dos tempos, à semelhan-


ça da Advocacia, Farmácia e Engenharia. Dentro de um processo semelhante, a
necessidade das organizações terem alguém que conduza suas operações presen-
tes e futuras fez surgir a figura do administrador: de início, um prático hábil e hoje
um profissional cada vez mais qualificado. (BERNARDES; MARCONDES, 2003).

Para Lacombe & Heilborn (2008), “a essência do papel do administrador é


a obtenção de resultados por meio de terceiros, do desempenho da equipe que ele
supervisiona e coordena”. Para os autores, o administrador depende de terceiros
para alcançar seus objetivos e os do seu grupo. Ele deve, assim, ter condições de
liderar os membros da sua equipe e de tomar decisões em nome desta equipe.

Mary Parker Follet apud Lacombe & Heilborn (2008) disse que a adminis-
tração é a arte de fazer coisas por meio das pessoas. Esta definição dá ênfase ao
papel do administrador no sentido de obter resultados, conseguindo que outros
façam o que é necessário, em vez de fazê-lo pessoalmente.

Na nova era da informação, a capacidade de obter resultados por meio de


terceiros torna-se prioritária, pois o conhecimento está na mente das pessoas e a
capacidade do administrador para saber transformar conhecimento em resultados
requer grande habilidade, além dos conhecimentos de administração.

Para Chiavenato (2000), a palavra administração tem sua origem do latim


(ad, direção para, tendência, minister, comparativo de inferioridade; e sufixo ter,
8 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
subordinação ou obediência, isto é, aquele que realiza uma função abaixo do co-
mando de outrem, aquele que presta um serviço a outro) e significa subordinação
e serviço. Portanto, em sua origem, a palavra administração significa a função que
se desenvolve sob o comando de outro, um serviço que se presta a outro.

De acordo com Bateman e Snell (1998, p. 27), “administração é o processo


de trabalhar com pessoas e recursos para realizar objetivos organizacionais”. Para
os autores, bons administradores fazem essas coisas eficaz e eficientemente. Ser
eficaz é atingir os objetivos organizacionais. Ser eficiente é atingir os objetivos com
um mínimo de perda de recursos, isto é, fazer o melhor uso possível do dinheiro,
de tempo, materiais e de pessoas.

Desta forma, a administração pode ser entendida como o conjunto inte-


grado e coerente de conhecimentos das diferentes áreas da atividade humana,
aplicado às organizações, visando a sua sobrevivência, eficácia e eficiência.

A administração é definida por Megginson et al. (1998, p. 13) “como o trabalho


com recursos humanos, financeiros e materiais, para atingir objetivos organizacio-
nais através do desempenho das funções de planejar, organizar, liderar e controlar”.

Portanto, a tarefa da administração é interpretar os objetivos propostos


pela empresa e transformá-los em ação empresarial. Para Maximiano (2000), ad-
ministração, significa, em primeiro lugar, ação. Para o autor, ela é um processo
de tomar decisões e realizar ações que compreende quatro processos principais
interligados: planejamento, organização, execução e controle.

Pratique

1. Qual a sua definição para administração?


2. Por que são necessários administradores em todas as organizações? Explique.
 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega na sala virtual.
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INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 9
Figura 01: O processo administrativo

PLANEJAMENTO

CONTROLE ORGANIZAÇÃO

DIREÇÃO
Fonte: Adaptado de Maximiano (2000).

Os processos administrativos são também chamados funções administrati-


vas ou funções gerenciais. Outros processos ou funções importantes, como coor-
denação, direção, comunicação e participação, contribuem para a realização dos
quatro processos principais.

Quadro 01: Funções do processo administrativo

FUNÇÃO DESCRIÇÃO

Planejamento Processo de definir objetivos, atividades e recursos.


Processo de definir e dividir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades
Organização pela realização; é também o processo de distribuir os recursos disponíveis
segundo algum critério.
Liderança Processo de trabalhar com pessoas para assegurar a realização dos objetivos.
Processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir os objetivos. O
Execução processo de execução envolve outros processos, especialmente o processo de
direção, para acionar os recursos que realizam as atividades e os objetivos.
Processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a necessida-
Controle
de de modificá-los.
Fonte: Adaptado de Maximiano (2004).

Para Maximiano (2000, p. 27), “entender a administração como processo


que se compõe de outros processos ou funções é a essência do chamado enfoque
funcional ou abordagem funcional da administração, criado por Henri Fayol, no
início do século XX”. Para o referido autor, o mais importante do enfoque funcional
proposto por Fayol está em separar a tarefa da administração das tarefas ope-
racionais e técnicas, como fazer as máquinas funcionar ou prestar serviços aos
consumidores. Essa distinção é particularmente importante para as pessoas que
administram organizações.
10 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
O administrador, mesmo que não trabalhe numa empresa, deve agir se-
gundo Lacombe & Heilborn (2008), como empresário, transformando recursos em
produtos, isto é, em bens e serviços desejados pelas pessoas. Para os autores,
o administrador tem uma função econômica e esta tem de ser privilegiada nas
suas decisões. Uma das principais qualidades do administrador é saber tomar
decisões, pois não existe decisão perfeita e ele terá que pesar as vantagens e
desvantagens de cada alternativa para escolher a melhor.

Perceba que o administrador deve sempre, em toda ação e decisão, colo-


car, em primeiro lugar, o desempenho econômico. Ele só pode justificar sua exis-
tência e autoridade pelos resultados econômicos obtidos. Há também resultados
não econômicos: a satisfação dos membros do negócio, contribuição ao bem-estar
ou à cultura da comunidade.

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SE

• Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tira-dúvidas.
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No entanto, o administrador terá falhado se não produzir os bens e serviços


desejados pelo consumidor por um preço que ele esteja disposto a pagar. Toda
organização, com fins ou sem fins lucrativos, precisa ter lucro. Associações sem
fins lucrativos não são as que se obrigam a não ter lucro, pois isso equivaleria ao
suicídio, mas as que se obrigam a não distribuí-lo.

As organizações são grupos estruturados de pessoas que se juntam para


alcançar objetivos comuns. Surgem como resposta à necessidade dos indivíduos de
alcançar metas que, isoladamente, não conseguiriam atingir, em virtude da comple-
xidade e da variedade das tarefas ou trabalho a se efetuar. (SOBRAL E PECI, 2008)
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 11
De acordo com Sobral e Peci (2008), em um mundo cada vez mais globali-
zado e competitivo, o sucesso ou o insucesso das organizações depende da qua-
lidade de sua administração. São os administradores que estabelecem objetivos
e guiam a organização de forma a alcançá-los. São também eles que preparam a
organização para a mudança, procurando adaptá-la a um ambiente cada vez mais
dinâmico e imprevisível.

Podemos, então, afirmar que a tarefa administrativa nas próximas déca-


das será incerta e desafiadora, pois deverá ser atingida por mudanças e transfor-
mações carregadas de ambiguidades e de incertezas. Para Chiavenato (2000),
o administrador irá se defrontar com problemas cada vez mais diferentes e mais
complexos do que os anteriores e sua atenção será disputada por eventos e gru-
pos situados dentro e fora da empresa, que lhe proporcionarão informações con-
traditórias que complicarão o seu diagnóstico e sua visão dos problemas a resolver
ou das situações a enfrentar: são as exigências da sociedade, dos clientes, dos
fornecedores; são os desafios dos concorrentes; as expectativas da alta adminis-
tração, dos subordinados, dos acionistas etc.

Perceba que todas essas exigências, desafios e expectativas sofrem pro-


fundas mudanças, que ultrapassam a capacidade que o administrador tem para
poder acompanhá-las de perto e compreendê-las adequadamente. Essas mudan-
ças tendem a aumentar em face da inclusão de outras novas variáveis, à medida
que o processo se desenvolve, criando uma turbulência que perturba e complica
a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar uma empresa efi-
ciente e eficaz.

E o futuro parece complicar essa realidade. De acordo com Chiavenato


(2000), inúmeros fatores causarão profundos impactos sobre as empresas.
Para o autor, as próximas décadas trarão os seguintes desafios e turbulências
para a administração:

• As empresas estão continuamente se adaptando aos seus ambientes: essa


adaptação contínua pode provocar o crescimento, a estabilidade provisória ou
o enxugamento da empresa.
12 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
• Existe uma tendência para a continuidade de taxas elevadas de inflação:
os custos de energia, de matérias-primas e de mão-de-obra estão se elevando
sensivelmente, o que exigirá, cada vez mais, maior eficiência na administração
das empresas no sentido de obter melhores resultados com os recursos dispo-
níveis e programas de redução de custos operacionais.
• A concorrência se torna cada vez mais aguda: à medida que aumentam os
mercados e os negócios, crescem também os riscos na atividade empresarial.
Mais do que nunca, o produto ou serviço que demonstra ser superior (mais
avançado, mais seguro, mais desejável) será o mais procurado.
• Existe uma tendência para uma crescente sofisticação da tecnologia: os
novos processos e instrumentos introduzidos pela tecnologia nas empresas
sempre causaram impacto sobre sua estrutura organizacional. A tecnologia
proporcionará, cada vez mais, uma eficiência maior, uma precisão mais avan-
çada e a liberação da atividade humana para tarefas mais complicadas e que
exijam planejamento.
• A própria internacionalização do mundo dos negócios: a chamada globa-
lização é o fator mais significativo do desenvolvimento das empresas e não é
difícil prever uma série de profundas mudanças na estrutura e no comportamento
das empresas em consequência desse desenvolvimento.
• A maior visibilidade das empresas: enquanto crescem ou diminuem, as
empresas tornam-se mais competitivas, mais sofisticadas tecnologicamente,
internacionalizam-se mais e, com isto, sua influência ambiental necessa-
riamente aumenta. O que não permite dúvidas é o fato de que a empresa
jamais será ignorada e sua visibilidade causará impacto à sua estrutura e
a seu comportamento.

Para Chiavenato (2000), possuir administradores inteligentes e bem pre-


parados é a principal arma que as empresas dispõem para enfrentar todos esses
desafios, pressões e ameaças que recaem sobre as empresas, e que no futuro
serão muito maiores.

Corroborando com esse pensamento, Masiero (2009) cita que para atingir
seus propósitos, a administração utiliza um conjunto de princípios e conhecimentos
integrados para propor técnicas, estratégias e ações capazes de levar as empre-
sas a atingirem seus objetivos, suas metas e, ao mesmo tempo, buscar relações
mais harmoniosas que conflituosas com seus membros e a sociedade em geral.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 13
Em resumo, podemos afirmar que em cada organização o administrador so-
luciona problemas, dimensiona recursos, planeja sua aplicação, desenvolve estra-
tégias, efetua diagnósticos de situações etc., exclusivos daquela organização. Um
administrador bem-sucedido em uma organização pode não sê-lo em outra, pois
cada organização tem seus objetivos, seu ramo de atividade, seus dirigentes e seu
pessoal, seus problemas internos e externos, seu mercado, sua situação financei-
ra, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e política de negócios etc.

Pratique

3. Quais são as funções do administrador identificadas nesta unidade? Explique cada uma delas.

 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega na sala virtual.
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1.2. Primórdios e surgimento

Embora seja uma arte ou prática antiga, a administração tem uma história
recente como corpo organizado de conhecimentos. De acordo com Masiero (2009),
desde a mais remota antiguidade chegam ao presente os registros das tentativas
de formular princípios de administração. Complementando o seu pensamento, o
autor afirma que nos dois últimos séculos tornou-se necessário profissionalizar a
formação de gerentes, para aprimorar o processo administrativo e tornar as orga-
nizações mais eficazes. Surgiram livros, escolas, pesquisadores e consultores de
administração. O processo de administrar organizações transformou-se em dis-
ciplina. A administração é objeto de estudo sistemático, que produz um corpo de
conhecimentos organizados, chamados teorias.
14 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
Fique atento

Teoria é uma palavra elástica, que compreende não apenas proposições que explicam os
fatos da realidade prática, mas também princípios e doutrinas que orientam a ação dos adminis-
tradores, e técnicas que são proposições para resolver problemas práticos. (MAXIMIANO, 2004)

Muitas das teorias e técnicas usadas para administrar as organizações da


atualidade são ideias que evoluíram de práticas do passado. Países, exércitos
e organizações religiosas vêm há muito tempo criando soluções para lidar com
recursos e realizar objetivos.

Quadro 02: Origens da administração moderna

Grandes Projetos Administração de projetos de engenharia: cida-


Desde 4.000 a.C.
do Oriente des, pirâmides, projetos de irrigação.

Organização, disciplina, hierarquia, logística,


Organizações
Desde 3.500 a.C. planejamento de longo prazo, formação de
Militares
recursos humanos.

Grécia 500 a.C. Democracia, Ética, qualidade, método científico.

Administração de império multinacional, forma-


Entre VII a.C. e IV
Roma ção de executivos, grandes empresas privadas,
a.D.
exército profissional.
Retomada dos valores humanistas, grandes
Renascimento Século XVI empresas de comércio, invenção da contabilida-
de, Maquiavel.

Invenção das fábricas, surgimento dos sindica-


Revolução Industrial Século XVIII
tos, início da administração como disciplina.
Fonte: Adaptado de Maximiano (2004).

Para Maximiano (2004), entre muitas outras contribuições importantes do


passado, todo estudante de administração deve conhecer pelo menos os funda-
mentos das ideias dos gregos, dos romanos e das organizações militares. Tam-
bém faz parte da moderna educação administrativa o conhecimento de figuras
como Sun Tzu e Maquiavel.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 15
• Grécia

No século V a.C., começou na Grécia um fértil período de produção de


ideias que viriam a influenciar profundamente a prática da administração. Algumas
dessas ideias, segundo Maximiano (2004), são:

Democracia: há 2.500 anos, os gregos inventaram e implantaram a


administração democrática de suas cidades-estados. A democracia participa-
tiva foi uma grande inovação, numa época em que os monarcas governavam
segundo os interesses da aristocracia (o governo dos poucos que detinham a
maior parte das riquezas).
Ética: no diálogo O político, Platão defende a ideia de que a responsabilida-
de fundamental dos políticos (os administradores da polis, a cidade) era promover
a felicidade dos cidadãos. Administrar a cidade segundo os princípios da ética
absoluta, de acordo com os interesses dos cidadãos, é uma proposição de todos
os filósofos gregos.
Qualidade: entre os gregos, qualidade era o ideal da excelência (caracte-
rística que distingue algo pela superioridade em relação aos semelhantes e de-
pende do contexto, para o cavalo de corrida, é a velocidade e para o homem, é a
superioridade moral, intelectual e física). Segundo afirma Maximiano (2004), para
Platão, o teste básico de qualquer ação pública consistia em perguntar: isso faz os
homens melhores do que eram antes? Qualidade como sinônimo de melhor e nível
mais alto de desempenho são conceitos que continuam atuais depois de séculos.

• Roma e a Igreja Católica

Princípios e técnicas de administração construíram e mantiveram Roma


durante seus 12 séculos de existência, como monarquia, república e império. A
capacidade de construir e manter o domínio sobre o que hoje é a Europa comprova
as aguçadas habilidades administrativas dos romanos. Para Maximiano (2004), é
importante o fato de que a má administração ajudou a destruir Roma no final de
seu longo período de glória. Para o autor, as principais ideias são:

Construção e administração do império: Roma apresenta o primeiro


caso no mundo de organização e administração de um império multinacional. Para
cuidar desse império, os romanos criaram diferentes tipos de executivos: reis, im-
peradores, césares, cônsules, magistrados e outros.
16 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
Grandes empresas: a tributação das cidades conquistadas era uma das
principais fontes da receita do Estado. Os coletores de impostos (publicanos) arre-
cadavam o direito de recolher os impostos e assumiam a obrigação de remunerar
o Estado. Segundo Maximiano (2004), para explorar esse mercado, criaram-se
grandes empresas sob a forma de sociedades por ações. As assembleias de acio-
nistas escolhiam um presidente, que era assessorado por um conselho adminis-
trativo. Havia os sócios portadores de ações, com mais direitos do que os simples
investidores. As províncias, normalmente, eram exploradas de forma predatória
por esses empresários.
Igreja Católica: à medida que o Império Romano desaparecia, outra or-
ganização de grande porte começava a escrever sua história. A Igreja Católica
herdou muitas das tradições administrativas dos romanos, a começar pela admi-
nistração do território. Com suas dioceses, províncias e vigários, a Igreja copiou
não apenas o tipo de organização geográfica, mas também a linguagem que os
romanos usavam para designar os administradores locais.

• Organizações militares

Há mais de 3.000 anos, os exércitos vêm criando soluções para a adminis-


tração de grandes contingentes de pessoas envolvidas em operações complexas
e arriscadas. De acordo com Maximiano (2004), conceitos sobre estratégia, pla-
nejamento, logística e hierarquia, que são usados hoje não apenas nas Forças
Armadas, mas também em todos os tipos de empreendimentos, nasceram com os
militares do passado distante. Para o autor, os principais aspectos envolvidos, são:

Exército assírio: a partir do século XIV a.C., o império assírio controlou a


Mesopotâmia. Começou então um período de importantes avanços no campo da
organização militar. Por volta do século VIII a. C., o exército assírio desenvolveu as
características que vieram a servir de modelo para exércitos posteriores, destacan-
do-se a logística: depósitos de suprimentos, colunas de transporte, companhias
para a construção de pontes. Segundo Maximiano (2004), no início do século VII
a.C., construíram-se navios que desciam pelo Rio Tigre e depois eram carregados
para o Eufrates, chegando em seguida ao Golfo Pérsico. Eram então abastecidos
com soldados, cavalos e provisões, para fazer campanhas na região que viria a
ser o sul do Irã. Os assírios tiveram o primeiro exército de longo alcance, capaz de
fazer campanhas distantes até 500 quilômetros de suas bases.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 17
Exército romano: no século III a.C., o exército romano havia avançado mui-
to em termos de organização e já apresentava características que pouco se modifi-
cariam nos séculos seguintes, como alistamento de profissionais, regulamentação,
burocratização, planos de carreira e organização. Para Maximiano (2004), o que
faria do exército romano o modelo para os próximos milênios, no entanto, era o
centurião. Os centuriões formaram a primeira corporação de oficiais profissionais
da história. Comando em campanha, motivação dos soldados e transmissão do
código de disciplina eram suas principais responsabilidades.

Sun Tzu e a arte da guerra: Sun Tzu é o maior autor chinês que escreveu
no século IV a. C. a respeito de estratégia militar. Embora a verdadeira identida-
de de Sun Tzu seja objeto de polêmica, quem quer que tenha escrito com esse
nome desenvolveu, no tratado A arte da guerra, teorias que recomendam evitar
a batalha, intimidar psicologicamente o inimigo e usar o tempo, em vez da força,
para desgastá-lo e atacá-lo quando estivesse desprevenido. Segundo Maximiano
(2004), o livro A arte da guerra é um manual de recomendações que sobreviveu à
passagem dos séculos por tratar de princípios fundamentais permanentes sobre
planejamento, comando e doutrina, entre outros assuntos.

• Maquiavel

Das muitas contribuições do Renascimento para a administração, as ideias


de Maquiavel (1469-1527) constam-se entre as mais influentes. Segundo Maxi-
miano (2004), sua obra mais conhecida é O príncipe, na qual faz recomendações
sobre como um governante deve comportar-se. Maquiavel pode ser entendido
como um analista do poder e do comportamento dos dirigentes em organizações
complexas. Se tivesse vivido entre os séculos XX e XXI, certamente seria um es-
critor de textos de administração e liderança. Muitas de suas ideias poderiam ser
endossadas em qualquer época sem restrições. Para o autor, os principais exem-
plos envolvidos, são:

A primeira qualidade do príncipe é a qualidade dos homens que o


cercam. Maquiavel acreditava na importância do trabalho de equipe como as-
pecto mais relevante no trabalho do dirigente. O príncipe deveria procurar os
colaboradores individualmente mais capazes, que também soubessem trabalhar
em conjunto.
18 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
A aprovação dos governados é essencial para o sucesso dos gover-
nantes. Não importa por qual meio o príncipe chegue ao poder, herança ou usur-
pação. Qualquer tipo de governo, monárquico, aristocrático ou democrático depen-
de sempre do apoio das massas.

Independentemente de sua origem, o governante deveria, pelo exem-


plo pessoal, inspirar os governados. Em situações de perigo, o príncipe deveria
tentar fortalecer o moral e o espírito de seus governados, incentivando-os como
uso de suas qualidades intangíveis de liderança.

Entenda, portanto, que essas grandes organizações que surgiram há muito


tempo (Império Romano, a Igreja Católica e os exércitos), tinham tanta necessi-
dade de administração como hoje tem o Governo Federal, as grandes empresas
da nossa cidade, nossa prefeitura etc. Pode-se perceber, também, que através da
história a maioria dos administradores operou estritamente numa base de tentativa
e erro e que, por milhares de anos, os administradores têm lutado pelas mesmas
questões e problemas que confrontam os executivos de hoje.

Pratique

4. O que são organizações?


5. O que é teoria?

 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega na sala virtual.
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INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 19
1.3. Evolução da Administração
Deve-se ficar claro que da mesma forma como ocorre com quase todas as
áreas do conhecimento humano, para a administração, o aprendizado deve ser
permanente. De acordo com Lacombe e Heilborn (2008), o campo é muito vasto,
requer conhecimentos diversificados, o ambiente muda, a ciência e a tecnologia
evoluem, os processos produtivos se alteram e tudo isso requer permanente atua-
lização dos conhecimentos.

Não se deve, porém, imaginar que não adianta aprender muito, porque
os conhecimentos mudam. É exatamente o contrário: quanto mais se sabe, mais
rapidamente se aprendem coisas novas; nada surge do nada, muitas novidades
aparentes utilizam os mesmos princípios básicos e conhecimentos que já estão
vigendo há várias décadas ou há vários séculos.

A capacidade de fazer analogias e assimilar conhecimentos novos é dire-


tamente proporcional ao volume de conhecimentos possuídos. A aprendizagem é
um processo contínuo e permanente para todos os que desejam posições de alto
nível, especialmente numa era de grandes mudanças.
Figura 02: Por que existe Administração

Padrão de vida Requer Alto padrão Requer Alto nível de produção


satisfatório de consumo per capita

Requer Alta Requer Requer Divisão de


Especialização Trabalho
produtividade

Requer Troca de bens e Requer


Requer Vida em Liderança
serviços produzidos
grupo
pelos especialistas

Requer Requer
Organização Administração
Fonte: Adaptado de Lacombe e Heilborn (2008).

De acordo com Silva (2001), historicamente havia três abordagens principais


para o estudo da administração. Para o autor, a administração era vista como: a)
um conjunto de funções, b) uma série de papéis e c) a aplicação de certas ha-
bilidades específicas. Todas estas abordagens focavam o comportamento do ad-
ministrador, mas cada uma definia este comportamento de uma maneira diferente.
20 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
A abordagem funcional sugere que os administradores se empenhem
em certas funções ou atividades para levar adiante seus trabalhos. A abordagem
dos papéis é similar, mas focaliza um conjunto diferente de ações administra-
tivas. A abordagem das habilidades indica que os administradores devem ser
capazes de aplicar um conjunto particular de qualificações, se desejam obter
sucesso nos seus cargos.

Perceba que nenhuma dessas abordagens é independente das outras


duas. Mais ainda, está se tornando bastante visível que as funções, papéis e
habilidades requeridos pelos administradores estão mudando. Segundo Silva
(2001), os administradores usam teorias administrativas para a tomada de boas
decisões nos seus esforços diários de planejar, organizar, dirigir e controlar a
produtividade organizacional.

Conforme vimos no tópico anterior, uma teoria administrativa explica e pre-


diz o comportamento das organizações e dos seus membros. De acordo com Silva
(2001), algumas destas teorias são de configuração, isto é, teorias desenvolvidas
pelos próprios estudiosos ou aprendidas de outros com o tempo e como resultado
das experiências. Outras são teorias científicas, que são desenvolvidas por meio
de métodos científicos.

Pratique

6. Quais são as três abordagens principais para o estudo da Administração, segundo Silva
(2001), apresentadas nessa unidade? Comente cada uma delas.

 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega na sala virtual.
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INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 21
Existe uma relatividade de valores entre os dois tipos mencionados. So-
mente a experiência pode não ser válida; somente a metodologia não garante su-
cesso. A história da teoria administrativa é recente e para Chiavenato (2000), ela
pode ser resumida em cinco fases bem distintas e que se superpõem. Para o autor,
cada uma dessas fases realça e enfatiza um aspecto importante da administração,
conforme a seguir:

• Ênfase nas tarefas:

É composta pela Administração Científica.

Teoria da Administração Científica: é uma abordagem iniciada no come-


ço do século XX pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor (1856-1915), e
que recebeu esse nome por causa da tentativa de aplicação dos métodos da ciên-
cia aos problemas da administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial.
Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da administração são a
observação e a mensuração.

Quadro 03: Os quatro princípios da administração científica de Taylor

Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação


Princípio do
empírico-prática, pelos métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a
Planejamento
improvisação pela ciência, por meio do planejamento do método.

Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, prepará-los


e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Além
Princípio de
do preparo da mão de obra, preparar também as máquinas e os equipamentos de
Preparo
produção, bem como o arranjo físico e a disposição racional das ferramentas e dos
materiais.

Controlar o trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de


Princípio do
acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. A gerência deve
Controle
cooperar com os trabalhadores, para que a execução seja a melhor possível.

Princípio da Distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades, para que a execução


Execução do trabalho seja bem mais disciplinada.

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000).

22 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
• Ênfase na estrutura organizacional:

É composta pela teoria clássica, teoria da burocracia e pela teoria estruturalista.

Teoria Clássica: abordagem que nasceu com Henri Fayol (1841-1925),


engenheiro francês que substituiu o enfoque analítico e concreto de Taylor por
uma visão sintética, global e universal. De acordo com Chiavenato (2000), Fayol
defendia uma visão anatômica da empresa em termos de organização formal, isto
é, a síntese dos diferentes órgãos que compõem a estrutura organizacional, suas
relações e suas funções dentro do todo.

Quadro 04: As funções básicas da teoria clássica de Fayol


Funções
Relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa.
Técnicas
Funções
Relacionadas com a compra, venda e permutação.
Comerciais
Funções
Relacionadas com a procura e gerência de capitais.
Financeiras
Funções
de Segurança Relacionadas com proteção e preservação dos bens e das pessoas.

Funções
Contábeis Relacionadas com os inventários, registros, balanços e custos e estatísticas.

Funções Relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções
Administrativas administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando
sempre acima delas.
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000).

Para Chiavenato (2000), a teoria clássica de Fayol caracteriza-se pelo seu


enfoque eminentemente prescritivo e normativo: como o administrador deve con-
duzir-se em todas as situações através do processo administrativo e quais os prin-
cípios gerais que deve seguir para obter a máxima eficiência.

Teoria da Burocracia: também é uma abordagem relacionada com a


estrutura organizacional, nasceu com Max Weber (1864-1920), sociólogo ale-
mão que entendia a burocracia como característica de organização formal vol-
tada exclusivamente para a racionalidade e para a eficiência. De acordo com
Chiavenato (2000), o tipo ideal de burocracia, segundo Weber, apresenta sete
dimensões principais:
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 23
Quadro 05: As sete dimensões principais da teoria da burocracia
Todas as atividades da organização são definidas por escrito (rotinas e procedi-
Formalização mentos) e a organização opera de acordo com um conjunto de leis ou regras que
são aplicáveis a todos os casos individuais, sem exceção.
Divisão do Cada participante tem um cargo ou posição definidos com esfera específica de com-
Trabalho petência, com deveres oficiais, atribuições estritamente especificadas e delimitadas.
Cada funcionário é submetido a ordens impessoais que guiam suas ações de
Princípio da
modo a assegurar sua obediência. Cada função mais baixa está sob controle e
Hierarquia
supervisão da mais alta.
A ênfase está no cargo e não nas pessoas, pois as pessoas entram e saem da orga-
Impessoalidade
nização, mas os cargos permanecem para garantir sua continuidade e perpetuação.
Competência A seleção e escolha dos participantes são baseadas na competência técnica e
Técnica qualificação profissional dos candidatos e não em preferências de ordem pessoal.
Separação entre A administração está separada da propriedade dos meios de produção, pois o dirigente
Propriedade e ou o burocrata não é necessariamente o dono da organização ou dos seus meios de
Administração produção, mas um profissional especializado na sua administração.
Os funcionários são profissionais, pois são especialistas em face da divisão do
trabalho; são assalariados de acordo com suas funções ou posição hierárquica;
Profissionalização seus cargos constituem a sua principal atividade dentro da organização; são
do Funcionário nomeados pelo superior imediato; seus mandatos são por tempo indeterminado;
seguem carreira dentro da organização e não possuem a propriedade dos meios
de produção da organização.
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000).

Teoria Estruturalista: abordagem que enfatiza a estrutura organizacional


e que se desenvolveu a partir dos estudos sobre as limitações e rigidez do mo-
delo burocrático, desta forma, traz um conceito de sistema aberto, com múltipla
e compreensiva análise das organizações, visualizando-as como complexos de
estruturas formais e informais.

• Ênfase nas pessoas:

É composta pela teoria das relações humanas, pela teoria do comporta-


mento organizacional e pela teoria do desenvolvimento organizacional.

Teoria das relações humanas: abordagem humanística que teve em Elton


Mayo (1880-1943) e Kurt Lewin (1890-1947) seus principais precursores. Surgiu,
segundo Chiavenato (2000), disposta a democratizar e humanizar a administração
das empresas, fortalecer e reforçar seus pontos de vista. Nessa escola, contudo,
prevalece ainda o pressuposto de que o homem é um instrumento a ser usado pela
organização, ao invés de se encarar a organização como instrumento do homem.
24 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
Teoria Comportamental: abordagem humanística, que surgiu em 1947
com o livro O comportamento administrativo de Herbert A. Simon, onde o autor
desenvolve uma teoria das decisões, salientando que a decisão é muito mais im-
portante do que a execução que a sucede. Segundo Chiavenato (2000), a partir
daí as empresas são visualizadas como sistemas de decisões, onde as pessoas
percebem, sentem, decidem e agem, definindo seus comportamentos frente às
situações com que se deparam.

Teoria do desenvolvimento organizacional: é um movimento voltado


para estratégias de mudança organizacional planejada por meio de modelos de
diagnóstico, intervenção e de mudança, envolvendo modificações estruturais ao
lado de modificações comportamentais para melhorar a eficiência e eficácia das
empresas. Segundo Chiavenato (2000), este movimento incorpora a teoria dos
sistemas, técnicas de sensibilização herdadas dos laboratórios de treinamento
de sensitividade iniciados por Lewin e se apoia na própria teoria do comporta-
mento organizacional.

• Ênfase na tecnologia:

É composta pela teoria da contingência.

É a fase em que administrar é lidar com a tecnologia, a fim de extrair dela


a máxima eficiência possível. Para Chiavenato (2000), com o advento da ciber-
nética, da mecanização, da automação, da computação e, mais recentemente,
da robotização, a tecnologia da informação posta a serviço da empresa passou a
moldar-lhe a estrutura e a condicionar o seu funcionamento.

A teoria da contingência incumbiu-se de absorver rapidamente a pre-


ocupação com a tecnologia ao lado da preocupação com o ambiente para
definir uma abordagem mais ampla a respeito do desenho organizacional,
desta forma, a teoria da contingência enfatiza que não há nada de absoluto
nas organizações ou na teoria administrativa, tudo é relativo, tudo depende.
A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional entre as
condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcan-
ce eficaz dos objetivos da organização.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 25
Pratique

7. Comente o significado da frase: “Administração é a arte de fazer coisas por meio das
pessoas.” Faça suas anotações e registros para conversar com seus colegas e profes-
sor(a) sobre esta arte.

 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega na sala virtual.
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• Ênfase no ambiente:

É composta pela teoria estruturalista e pela teoria da contingência.

É a fase em que administrar é, sobretudo, lidar com as demandas do


ambiente e obter o máximo de eficácia da empresa. Com a influência da teoria
de sistemas, verificou-se que apenas o estudo das variáveis internas (variáveis
endógenas) não proporcionava uma compreensão mais ampla da estrutura e do
comportamento organizacionais. Tornava-se necessário o estudo das variáveis
exógenas, situadas fora dos limites da empresa e que influenciam profundamente
os seus aspectos estruturais e comportamentais. Para Chiavenato (2000), essa
ênfase no ambiente surgiu com o aparecimento da teoria da contingência, segundo
a qual não existe uma única “melhor maneira” de organizar as empresas. Pelo con-
trário, as características estruturais das empresas dependem das características
ambientais que as circundam.

Perceba que o significado e o conteúdo da Administração sofreram uma


formidável ampliação e aprofundamento através dessas diferentes teorias e a se-
guir é apresentado um resumo com as principais teorias administrativas e seus
principais enfoques.
26 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
Quadro 06: As principais teorias administrativas e seus principais enfoques

ÊNFASE TEORIAS ADMINISTRATIVAS PRINCIPAIS ENFOQUES


Racionalização do trabalho no nível
Nas Tarefas Administração Científica
operacional.
Organização formal.
Teoria Clássica
Princípios gerais da Administração.
Teoria Neoclássica
Funções do administrador.
Organização formal burocrática.
Teoria da Burocracia
Na Estrutura Racionalidade organizacional.
Múltipla abordagem.
Organização formal e informal.
Teoria Estruturalista
Análise intraorganizacional e análise
interorganizacional.
Organização informal.
Teoria das Relações Humanas Motivação, liderança, comunicações e
dinâmica de grupo.
Estilos de Administração.
Teoria do Comportamento Teoria das decisões.
Nas Pessoas
Organizacional Integração dos objetivos
organizacionais e individuais.

Teoria do Desenvolvimento Mudança organizacional planejada.


Organizacional Abordagem de sistema aberto.

Análise intraorganizacional e
Teoria Estruturalista análise ambiental.
Abordagem de sistema aberto.
No Ambiente
Análise ambiental (imperativo
Teoria da Contingência ambiental).
Abordagem de sistema aberto.
Administração da tecnologia
Na Tecnologia Teoria da Contingência
(imperativo tecnológico).
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000).

Segundo Chiavenato (2000), o estado atual da teoria administrativa é


bastante complexo, permitindo uma variedade enorme de abordagens a respeito
de seu objeto de estudo e engloba um enorme leque de variáveis que devem
ser levadas em consideração. Completando o seu pensamento, o referido autor
afirma que atualmente, o foco é estudar as organizações do ponto de vista da
interação e interdependência dessas cinco ênfases, e que o comportamento de-
las é sistêmico e complexo, ou seja, cada qual influencia e é influenciada pelas
outras variáveis.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 27
Pratique

8. Comente as cinco fases da Administração, segundo Chiavenato (2000), apresentadas ao


longo da unidade.
9. Comente sobre os desafios da Administração apresentados durante a unidade.
10. Fale sobre as importantes contribuições do passado para a Administração moderna.
 Caso necessite, busque discutir esta(s) questão(ões) com seu(sua) tutor(a) e colega, na sala virtual.
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Relembre

Ao longo desta unidade, você entendeu que a tarefa da administração é interpretar


os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial por meio de
planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as
áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos.

Percebeu também que, como disciplina, a administração tem sido fortemente afetada
por significativas mudanças ambientais e organizacionais que têm ocorrido nas últimas déca-
das. Desta forma, compreendeu a importância de se desenvolver um claro entendimento do
conceito de administração, bem como de todas as implicações no ambiente organizacional
onde ocorre a administração.

Notou que os administradores atuais se confrontam com desafios extraordinários, que


seus predecessores raramente enfrentaram. Estes desafios incluem uma crescente competição
global, uma improcedente demanda por qualidade de mudar radicalmente o modo como as
organizações funcionam.

Mais importante, entendeu que os administradores de amanhã vão enfrentar um


ambiente de negócios ainda mais competitivo e para vencer os desafios do ambiente dos
negócios, de hoje e de amanhã, os administradores devem ser flexíveis, proativos e centrados
na qualidade de tudo o que fazem.

28 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO
Referências

ARAÚJO, Luís César G. de. Teoria geral da administração: aplicação e resulta-


dos nas empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004.

BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem


competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.

BERNARDES, Cyro; MARCONDES, Reynaldo C. Teoria geral da administração:


gerenciamento organizações. São Paulo: Saraiva, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São


Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.

LACOMBE, Francisco J. M.; HEILBORN, Gilberto Luiz J. Administração: princí-


pios e tendências. 2. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008.

MASIERO, Gilmar. Administração de empresas: teoria e funções com exercícios


e casos. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

MAXIMIANO, Antônio Cesar A. Introdução à administração. 5. ed. rev. e ampl.


São Paulo: Atlas, 2000.

MAXIMIANO, Antônio Cesar A. Introdução à administração. 6. ed. rev. e ampl.


São Paulo: Atlas, 2004.

MEGGINSON, Lean C.; DONALD, C. Mosley; JR, Paul H. Pietri. Administração


Conceitos e Aplicações. 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998.

SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira


Thomson Learning, 2001.

SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasi-


leiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO 29
Anotações:
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