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Métodos

Observacionais
Disciplina de Observação e Registro Documental
Curso: Psicologia

Prof.ª Dra. Flávia Meneses Duarte


Introdução
▪ A observação é uma atividade humana que
ajuda a garantir nossa segurança e
sobrevivência e a selecionar amigos e
parceiros íntimos.
▪ Interesse popular em comportamento verbal
e não-verbal, realities show.
▪ A observação psicológica envolve fazer
inferências sobre o observado - diferente
daquela que ocorre nas ciências físicas, em
que se postula a neutralidade entre sujeito e
objeto de estudo/observação.
(Dallos, 2010)

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Por que fazer uma
pesquisa observacional?
▪ A observação possibilita um contato pessoal e estreito
do pesquisador com o fenômeno pesquisado;
▪ A observação direta permite também que o observador
chegue mais perto da “perspectiva dos sujeitos”, já que
acompanha in loco suas experiências diárias.
▪ Permite descobrir novos aspectos de um problema. Isto
se torna crucial em situações em que não existe uma
base teórica sólida que oriente a coleta de dados.
▪ Possibilita a coleta de dados em situações em que é
impossível outras formas de comunicação, como é o
caso de bebês ou quando a pessoa deliberadamente
não quer fornecer certos tipos de observação, por
motivos diversos.
(Ludke e André, 1986)
O que observar?
▪ As questões de pesquisa são
modeladas pelos interesses do
pesquisador, pessoais e profissionais
(Dallos, 2010).
▪ “Os cientistas não são autômatos
racionais, mas seres humanos
subjetivos, pessoalmente envolvidos,
com preferências subjetivas e
posições, a partir das quais consideram
os assuntos de sua pesquisa” (Valsiner,
2012, p. 301)
▪ Psicólogos em atuação: observação é
parte da prática cotidiana; contribuição
para a pesquisa e teoria.

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Para refletir:
“A história de vida de cada pessoa encontra-se com fenômenos a ela
exteriores, fenômeno denominado sincronicidade por Jung, e que
permite afirmar: ninguém escolhe seu tema de pesquisa; é escolhido
por ele”
(Saffioti, 2015, p. 45)

“O que você faz quando ninguém te vê fazendo


Ou o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?”
(Capital inicial, trecho de “Quatro vezes você”)

3/9/20XX Título da Apresentação 5


O que é uma pesquisa observacional?
• A pesquisa observacional é um método de pesquisa por si só
e está integrada aos outros tipos de métodos de pesquisa.
Uma variedade de métodos de pesquisa, como estudos por
entrevistas, grupos focais, estudos experimentais e estudos de
casos clínicos podem incluir a observação de dados.
• A observação pode revelar o que fazem as pessoas, como elas
o fazem e como isso é influenciado pelo ambiente social e,
também, como este é influenciado por tais ações.
• Os estudos observacionais podem ser amplamente
conceitualizados de acordo com quatro principais dimensões.
(Dallos, 2010)

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Dimensões da Testagem da teoria Exploratória
Experimental Naturalista
pesquisa Estruturada Não estruturada
observacional Não participante Participante

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Testagem da teoria
- Exploratória
Testagem da teoria - Exploratória
• Os estudos observacionais podem ser contextualizados
tomando-se por medida a intenção de testar uma teoria
existente por meio do exame do que as pessoas fazem
em diversas situações e circunstâncias.
• Exemplo: estudos psicológicos sociais de outrora
exploravam a proposição teórica geral conforme a qual as
pessoas manifestam conformidade com as situações
quando instruídas a agir de certo modo por aparentes
figuras de autoridades (estudo de Milgram, 1983).
(Dallos, 2010)
Testagem da teoria – Experimento de Milgram (1983)

https://www.youtube.com/watch?v=zAh-LGLsQO4

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Testagem da teoria - Exploratória
• Em contrapartida a testagem da teoria, a observação
pode ser empregada de um modo mais descritivo para
explorar diferentes situações. Isso pode ser como uma
forma de reconhecimento – observação exploratória para
gerar ideias que podem ser pesquisadas mais
formalmente quando algumas características potenciais
básicas foram identificadas (Dallos, 2010).
• Exemplo: Percepção pessoal que pessoas tem comprado
mais plantas desde o confinamento pela pandemia de
Covid-19.

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Experimental -
Naturalista
Experimental - Naturalista
• Condições experimentais impõem vários tipos de
controle a fim de facilitar o desenvolvimento de
explicações causais. Isso envolveria observar pessoas
expostas a experiencias similares da que vivem em seu
cotidiano, mas numa situação em que controla as
variáveis (Dallos, 2010).
• Exemplo: Situação estranha (Ainsworth, Blear, Waters e
Wall, 1978).
Estudo experimental sobre situação estranha,
(Ainsworth et al., 1978)

https://www.youtube.com/watch?v=QTsewNrHUHU
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Experimental - Naturalista
• A observação também tem sido amplamente usada para
descrever comportamentos em situações “naturais" que
são contrastadas com situações, tais como os estudos de
laboratório, que são vistas como “artificiais” ou como não
pertencendo a vida real.
• Exemplos: atividades lúdicas de crianças na escola que
frequentam; instituições psiquiátricas, famílias no próprio
ambiente doméstico.
(Dallos, 2010)

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Experimental - Naturalista
• A observação naturalista cobre uma ampla
variedade de métodos, desde uma
perspectiva relativamente “externa” em que o
observador não se envolve com as pessoas
que estão sendo observadas, até uma posição
mais participante, em que a observação
implica tornar-se nativo para tentar entender
a situação de dentro.
• Gravação de vídeo: deixar câmeras de vídeo
na situação que desejamos observar por
longos períodos, permitindo que os
participantes se habituem com a “nossa”
presença (Dallos, 2010).

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Experimental - Naturalista
• O Chefe secreto (não é pesquisa acadêmica e sim um
quadro de um programa jornalístico – mas serve de
exemplo de “tornar-se nativo”)

https://www.youtube.com/watch?v=HN4YIjt77ac

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Estruturada –
Não estruturada
Estruturada – Não estruturada
• A observação estruturada também conhecida como
sistemática, é aquela planejada em função de objetivos a
serem alcançados. O observador deve se manter o mais
objetivo possível, sob influência de fatos e não das suas
impressões pessoais.
• Observação não estruturada ou assistemática é a
observação casual, cotidiana, informal. Consiste em
recolher e registrar fatos da realidade sem a utilização de
meios técnicos especiais.
(Ludke e André, 1986)
Não participante
- participante
Não participante - participante

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Não participante - participante
• O participante integral está totalmente envolvido com o
grupo de pessoas que estão sendo estudadas e esconde do
grupo sua atividade observacional. Isso permite ao
observador agir com um membro “em grupo”.
• Vantagem: o observador adquire um conhecimento direto e
íntimo de um papel social e passa a ter mais acesso aos
pensamentos, sentimentos e intenções dos participantes.
• Desvantagem: do ponto de vista ético, nossos códigos de
conduta desaprovam a observação feita sem o consentimento
dos participantes.
• Semelhança com o jornalismo investigativo.
(Dallos, 2010)

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Não participante - participante
• O observador integral não tem nenhum contato direto
com os membros do grupo durante o trabalho
observacional. Também há questões éticas envolvidas na
obtenção de informações sem a concordância do grupo.
• Exemplo: trabalhos clínicos, quando a atividade é
assistida através de um espelho de visão unidirecional.
(Dallos, 2010)

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Não participante - participante
• O participante como observador não oculta totalmente suas
atividades, mas revela apenas parte do que pretende.
Exemplo: Ao explicar os objetivos do seu trabalho para o
pessoal de uma escola, o pesquisador pode enfatizar que
centrará a observação nos comportamentos dos alunos,
embora pretenda também focalizar o grupo de técnicos ou de
professores. A preocupação é não deixar totalmente claro o
que pretende, para não provocar muitas alterações no
comportamento do grupo observado. Esta posição também
envolve questões éticas óbvias.
(Ludke e André, 1986)

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Não participante - participante
• O observador como participante se integra ao grupo com a
intenção expressa de observar. Isto é, sua identidade e os objetivos
do estudo são revelados ao grupo pesquisado desde o início. Seu
papel como observador é caracterizado pelo relativo destacamento
em relação ao grupo estudado, tendo seu posicionamento objetivo
e empático enfatizado.
• Vantagem: acesso a ampla gama de material, inclusive informações
privadas.
• Desvantagem: possíveis constrangimentos sobre a
confidencialidade; muito cuidado quanto a necessidade de manter
grau de imparcialidade relativas às alianças e as facções internas do
grupo.
(Dallos, 2010)

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Referências
Dallos, R. (2010). Métodos observacionais. In: Breakwell, G. M.;
Hammond, S.; Fife-Schaw, C.; & Smith, J. A. Métodos de
pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed.
Ludke, M.; & André, M. E. D. A. (1986). Pesquisa em educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU.
Saffioti, H. I. B. (2015). Gênero, patriarcado, violência. São
Paulo, SP: Expressão Popular, Fundação Perseu Abramo, 2ª ed.
Valsiner, J. (2012). Fundamentos da psicologia cultural:
fundamentos da mente, mundos da vida. Porto Alegre, RS:
Artmed.

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