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Quase sempre há a representação de um objeto por página, mas também pode ocorrer
de dois a cinco em uma mesma cena. A perspectiva de apresentação é frontal e não existe muita
preocupação com a proporcionalidade das imagens. Os objetos costumam ser retratados inteiros
e quase nunca em suas partes, destacando-se na página devido ao emolduramento com linha,
normalmente, preta. Tais objetos apresentam cores ricas com predomínio das cores primárias e
os fundos, em geral, são vazios ou sem cores com os objetos aparentemente flutuando.
De acordo com Galvão (2016, p. 181), os livros de primeiros-conceitos possibilitam que
os pequenos aprendam que existe relação entre o referente e sua representação, pois, a partir
dos códigos visuais e da mediação do adulto, adquirem uma espécie de gramática visual que é
primo
nomear que se estabelece entre o adulto e o bebê durante a leitura de um livro de primeiros
conceitos estimula essas crianças a nomear o mundo e a aprender que ele pode ser representado,
até 3 anos aprendem que as coisas existem também fora de sua materialidade concreta.
Os abecedários, isto é, livros que apresentam as letras do alfabeto das mais variadas
formas, estão muito presentes nos catálogos de editoras nacionais e internacionais destinados
às crianças da educação infantil, muito embora a alfabetização não seja o foco para os bebês e
as crianças com até 3 anos. Como destaca Ga
didático manifesto, podemos observar que alguns abecedários transcendem essa perspectiva e
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classificação é apenas a título de destacar a importância da apresentação da tradição oral na
primeiríssima infância, sem desprezar os poetas que fazem parte do cânone literária ou os
contemporâneos. Assumpção (2001, p. 63) explica que a poesia artística pressupõe elaboração
fo ropõe a compreensão de poesia folclórica a partir da oposição desta
com primeira. Para a autora, essa última, além da origem popular, tem como principal
característica a espontaneidade, pois germina e se eterniza durante as brincadeiras de roda, as
repetições de parlendas aprendidas com nossos pais e ditados populares ouvidos de nossos avós,
estando, por isso, evidente nos mais diversos grupos sociais. De modo que o repertório da poesia
folclórica é abrangente, englobando inúmeras manifestações culturais como, por exemplo,
canções e cantigas, parlendas, brincos, mnemonias, lenga-lengas, quadras, adivinhas e trava-
línguas.
As cantigas asseguram o primeiro contato do bebê com o mundo da cultura por meio
das canções de ninar, dos acalantos, e integram a linguagem musical com aspectos afetivos,
estéticos e cognitivos das crianças, aliando a isso questões sociais e culturais. As cantigas ou
brincadeiras de roda, também conhecidas como cirandas, correspondem a uma vivência lúdica
composta por música e movimentos corporais, normalmente exibindo letras singelas e fáceis
o universo da
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que já fala, participa ativamente do processo de diversão. Entre as mnemonias mais comuns
está: Um, dois, feijão com arroz; três, quatro, feijão no prato; cinco, seis, feijão para três; sete,
oito, comer biscoito; nove, dez, comer pastéis. As lenga-lengas remetem ao non sense, isto é,
àquilo que contraria a lógica e o sentido. Como em: Hoje é domingo, pé de cachimbo; cachimbo
é de ouro, bate no touro; o touro é valente, derruba a gente; a gente é fraco, cai no buraco; o
buraco é fundo, cabe no mundo [acabou-se].
As parlendas, propriamente ditas, exigem mais sociabilidade do que os brincos, as
mnemonias ou as lenga-lengas, porque constituem uma brincadeira com o intuito de se realizar
uma escolha; uma justificativa pela perda do lugar quando se levanta; ou ainda outras inúmeras
situações. É o que acontece em: Uni, duni, tê; salame, minguê; um sorvete colorê pra você [o
escolhido foi você]; uni, duni, tê; ou em: Quem vai ao ar, perde o lugar; ou ainda: Quem
cochicha, rabo espicha; quem se importa, rabo entorta.
As quadras ou quadrinhas, também chamadas de trovas, são composições de quartetos,
ou seja, estrofes de quatro versos, e geralmente há rima entre o segundo e o quarto verso. Nas
brincadeiras de roda, é comum a recitação da quadra como pagamento de prenda. São exemplos
de quadrinhas: Batatinha quando nasce, se esparrama [espalha a rama] pelo chão, menininha
quando dorme, põe a mão no coração ou Mamãe é uma rosa, que papai colheu, eu sou o
botãozinho, que a roseira deu.
Já as adivinhas ou adivinhações existe são textos misteriosos que apresentam uma
pergunta e uma resposta. Possuem um mote inicial, frequentemente utilizando expressão
figurada. Para exemplificar: O que é o que é? Por mais que é cortado fica sempre do mesmo
tamanho? Resposta: baralho. As adivinhas possuem basicamente quatro funções: psicológica
(como desafio mental, estimula a analogia); social (favorece o entretenimento e o convívio);
pedagógica (como fruto da observação popular, representa os primórdios da ciência); e literária
(serve de inspiração para poetas e prosadores) (ALVES; DUBEUX; SOUZA, 2015).
Com sonoridade que desafia, os trava-línguas são outra manifestação cultural e
folclórica, que cooperam para a criança superar dificuldades de pronúncia e se divertir, pois
são formados por uma sequência de palavras difíceis de se articular ao se pronunciar
rapidamente. Um exemplo popular de trava-língua é: O rato roeu a rica roupa do rei de Roma!
A rainha raivosa rasgou o resto e depois resolveu remendar!.
Mello (2001) expõe que a musicalidade é fundamental para as construções linguísticas
destinadas aos bebês e às crianças bem pequenas, o que é possível por meio de aliterações,
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s
cuidado e atenção na seleção dos temas, no ritmo, nas imagens que podem ser criadas e
visualizadas por meio das comparações que, às vezes, desestabilizam o pequeno leitor/ouvinte,
obrigando-o a imaginar.
Em todos os tipos de poesia folclórica, se estabelece convívio social e interação com o
mundo, e como fazem parte do folclore e da cultura popular, podem apresentar variações, assim,
dependendo da região onde se vive, pode haver pequenas diferenças de sonoridades de palavras.
Por tudo isso e pela ludicidade sonora e verbal, a poesia aproxima e cria as bases para
as crianças adentrarem ao gênero poético. No Brasil, a precursora da poesia infantil foi Cecília
Meireles, mas existem inúmeros autores que contribuem para a produção poética voltada para
a infância como Vinicius de Moraes, Sérgio Caparelli, José Paulo Paes, Elias José, entre tantos
outros.
Podemos sintetizar as ideias apresentadas sobre poesia na Figura 5:
Poesia
folclória Fórmulas de escolhas,
Parlendas
sociabilidade em situações
Poesia propriamente
diversas como brincadeiras de
ditas
Poesia pular corda etc.
artística
Quadrinhas ou quartetos com
Quadras
rimas
Desafios sonoros e de
Trava-línguas
pronúncia
instruem, nas quais os autores refletem sobre os costumes e comportamentos sociais, angústias,
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anseios e valores de sua ép e que neste tipo de narrativa, as ações são protagonizadas por
animais, objetos, vegetais e seres humanos.
As fábulas apresentam uma natureza metafórica de simbologia atemporal, facilitando
sua veiculação em diferentes lugares e épocas. Sua constituição inclui os elementos textuais da
narrativa como enredo, personagens, narrador, tempo e espaço, e, mesmo sendo textos curtos,
desenvolvem uma apresentação ou introdução, o desenvolvimento composto por complicação
e clímax, e o desfecho, no qual as versões mais tradicionais trazem explícitas sua moral, fora
do texto propriamente dito. Interessante ressaltar que as fábulas podem ser apresentadas em
prosa ou em versos, sua forma original. É um exemplo clássico do gênero a fábula A raposa e
as uvas, de La Fontaine.
Galvão (2016, p. 206) salienta que embora os bebês estejam em desenvolvimento
cognitivo e psíquico para pensarem acerca da moral da história nas fábulas, tais textos
verso da ficção e o da
não-ficção faz eles aceitarem essas propostas discursivas sem a menor preocupação de
capacidade de gerar a tensão, provocando não somente o lúdico, mas também o jogo antagônico
contos que envolvem reis, duendes, animais; há outros que envolvem pessoas do povo. O ponto
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