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CDU 616.314-073
CONCEITOS
Conceitualmente, “tomografia” é uma palavra de origem grega:
“tomos” significa “corte”, e “grafia” significa “imagem”. O termo foi
adotado em 1962 pela Comissão Internacional em Unidades e
Medidas Radiológicas (ICRU– de International Comission on
Lembrete Radiologic Units and Measurements) para descrever as formas de
Os cortes originais são axiais e tomografia seccional do corpo.1,2 As fatias correspondem aos cortes
coronais. A partir deles, faz-se a obtidos a partir do escaneamento do paciente.
RMP, com cortes sagitais,
parassagitais e tridimensionais, nos São considerados originais os cortes axiais e coronais, a partir dos
seus diferentes protocolos. Cada quais se faz a reconstrução do volume total escaneado, conhecido
corte tem a finalidade de como reconstrução multiplanar (RMP): cortes sagitais, parassagitais e
determinar a composição de uma tridimensionais (3D) nos seus diferentes protocolos (ósseo, vascular,
única secção do corpo. tegumentar e muscular) (Fig. 1.1).
Axial Sagital
Reconstrução
Pixel
Volume Imagem
Voxel
+100
+90
+80
Sangue
+1.000
Osso compacto
+70
+60 Fígado
+50
Músculo
Pâncreas
Gordura mista
+40
Rim
+30
Osso Suor
esponjoso +20
+100 +10
Água 0 0
–100 –10
Gordura
–20
Gordura mista
–30
–40
Tecido
pulmão –50
–60
–70
Ar –80
–1.000
–90
–100
GERAÇÕES DE APARELHOS
O sistema básico de composição de um tomógrafo inclui unidade de
escaneamento (gantry) e estação de trabalho (workstation) (Fig. 1.4).
Movimento ao
redor do paciente
Fonte de raios X
Unidade de
escaneamento Gantry
Mesa
Detector
Fonte
de raios X
Fonte
de raios X
Detector
Detector
Fonte de
Fonte de raios X
raios X Detector
estacionário
Projeção
Direção do transporte
contínuo do paciente TC ESPIRAL
Figura 1.8 – Esquema comparando aquisição de imagens em tomógrafo single slice e multislice.
a b
c d
Figura 1.9 – Exemplos de tomógrafos helicoidais: (A) GE Dxi Single Slice (fora de catálogo do fabricante); (B)
PHILIPS MX8000 Dual Slice (fora de catálogo do fabricante); (C) TOSHIBA aCTVISION 16 (multislice 16 canais);3
(D) SIEMENS SOMATOM Definition AS (Multislice 128 canais).4
Fonte de raios X 1
Movimento
Fonte de raios X 2
Movimento
Gantry
Mesa
Detector 1
Figura 1.10 – Representação
esquemática das partes básicas de
Detector 2 um tomógrafo dual source.
VANTAGENS
As vantagens da TC, fazendo referência à TC espiral, partem da
contínua aquisição de dados em um curto tempo de escaneamento.
Com a TC convencional, pequenas lesões não eram notadas,
principalmente devido ao erro causado pela respiração do paciente.
Entretanto, com a TC espiral, o mesmo volume pode ser observado
em um mesmo intervalo de respiração, eliminando movimentos.
Com o curto tempo de escaneamento, pode-se usar contraste Figura 1.11 – Reconstrução 3D de uma
intravenoso com maior efetividade, fornecendo maior contraste ou angiografia por TC para avaliação de
diminuição no volume do material de contraste a ser utilizado. Isso obstrução das artérias coronarianas.
trouxe avanço significativo na detecção de lesões hepáticas e
pancreáticas. O alto contraste vascular também é fundamental para a
angiografia por TC, método possível somente com a TC espiral. A
aquisição em volume e o pouco tempo de exame são fundamentais
para capturar o realce do contraste arterial e gerar imagens vasculares
tipo angiografia.
DESVANTAGENS
As desvantagens da TC recaem sobre aparelhos antigos que necessitam
de menor dose de radiação por rotação, podendo levar a uma baixa
qualidade da imagem. Aparelhos mais modernos empregam tecnologia
avançada em fonte de radiação, não havendo tal limitação.
a b
Figura 1.12 – Imagens de TC, janela para osso: (A) corte coronal; (B) corte axial.
Observa-se a interferência do artefato metálico nas imagens.
Fonte: Al-Shakhrah e Al-Obaidi T.5
DOSE DE RADIAÇÃO
Os valores absolutos de exposição à radiação dependem fortemente
dos parâmetros de escaneamento e das características do aparelho e
do paciente. Esses valores podem ser 5 a 100 vezes maiores do que
nas radiografias convencionais da mesma região anatômica, provando
a importância da dose de radiação e adequação dos parâmetros de
escaneamento ao paciente.
ICRP: Comissão International de Proteção em Radiologia (International Commission on Radiological Protection). µSv:
microSievert. E: dose efetiva
Fonte: Ludlow e colaboradores.6
TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA
NA ODONTOLOGIA
Implantodontia
O exame radiográfico é primordial para avaliar uma região com perda
dentária. Defeitos ósseos podem ocorrer após extrações ou perdas de
elementos dentários, assim como por presença de lesões, doença
periodontal ou trauma.
Articulação temporomandibular
Os exames por imagem da articulação temporomandibular (ATM)
visam complementar os dados obtidos previamente em exame clínico.
A TC é considerada o método de eleição para avaliação de estruturas
ósseas, sendo indicada em condições patológicas: anomalias
congênitas, trauma, doenças de desenvolvimento, infecções e
neoplasias envolvendo tecido ósseo. Também pode ser utilizada para
avaliação da cortical óssea, no intuito de identificar processos
erosivos, cistos subarticulares ou subcondrais, esclerose e osteófitos
(Fig. 1.14).
Cirurgia bucomaxilofacial
A avaliação de fraturas dos ossos faciais é de difícil observação em
radiografias convencionais; por isso, a TC tem cada vez mais atuação
nessa especialidade. Também pode ser utilizada na avaliação de
elementos dentários não irrompidos (inclusos) e de sua relação com
estruturas nobres, além de planejamento de cirurgias ortognáticas e
intervenções em lesões dos maxilares.
a b c
Figura 1.15 – Imagens por TC, janela para osso: (A) corte axial, em que se observa fratura da parede anterior do seio maxilar
direito, com deslocamento de fragmento para o interior do seio maxilar; (B) corte coronal, em que se observa fratura em
parede lateral de fossa nasal bilateral e assoalho de cavidade orbital esquerda; (C) corte coronal, em que se observa fratura
em cabeça de mandíbula bilateral com seu deslocamento para a porção medial.
Anomalias craniofaciais
Progressos recentes na terapia cirúrgica de anomalias craniofaciais
levaram ao uso da TC para determinar a extensão da doença e a
conduta apropriada, na tentativa de minimizar sequelas e melhorar a
qualidade de vida do portador da disfunção.
a b
Figura 1.16 – Imagens de TC. (A) Corte sagital, janela para osso. Observa-se a
completa ausência da cabeça da mandíbula esquerda. (B) Reconstrução 3D.
Em detalhe, observa-se a área demonstrando a ausência da cabeça da
mandíbula esquerda.
Fonte: Santos e colaboradores.9
Lesões
A TC é muito útil na avaliação de lesões localizadas na região da
cabeça e do pescoço, sendo comumente utilizada como fonte única e
suficiente de exploração. Por isso, o máximo de informação possível
deve ser coletado e minuciosamente avaliado, como localização,
densidade, forma, limites, expansão e destruição de corticais,
afastamento de dentes, presença de septos intraósseos e
calcificações.
a b
Figura 1.17 – Imagem de TC, janela para tecido mole: (A) corte axial;
(B) corte coronal. Observa-se lesão insuflativa, com contornos bem
definidos e calcificação em seu interior, localizada na porção anterior
do processo alveolar do maxilar esquerdo. Em B, nota-se compressão
do seio maxilar adjacente.
Fonte: Torriani e colaboradores.10
Odontologia legal
A identificação humana é extremamente importante na medicina
forense, por razões tanto legais como humanitárias, possibilitando a
preservação de direitos e deveres, sejam cíveis ou penais. Trata-se de
uma grande área de estudo, pois trabalha com material humano em
diversos estágios com o objetivo da identificação: material dilacerado,
carbonizado, macerado, putrefeito, em esqueletização ou
esqueletizado.