Você está na página 1de 5

Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.429.565 - MT


(2011/0277497-9)

RELATOR :
MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES
AGRAVANTE :
GLOBAL ENERGIA ELÉTRICA S/A
ADVOGADO :
RAIMAR ABÍLIO BOTTEGA E OUTRO(S)
AGRAVADO :
ZAID ARBID
ADVOGADO :
ADRIANA SCHOTTEN WITTMANN
EMENTA
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE
ANULAÇÃO. ATO JURÍDICO. RESOLUÇÃO. ANEEL. INSTITUIÇÃO.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA. LUGAR DO
IMÓVEL. ALEGAÇÃO. FALTA DE REGISTRO DA SERVIDÃO.
CONFIGURAÇÃO. AÇÃO DE NATUREZA PESSOAL. FALTA DE
EXAME. TRIBUNAL A QUO. VIOLAÇÃO. ART. 535 DO CPC.
1. Na origem, trata-se de ação anulatória de ato jurídico consistente em resolução da
ANEEL que instituiu servidão administrativa sobre propriedade privada, em razão do
que a competência para processar e julgar a demanda foi definida pelo local da
situação do imóvel, na forma do art. 95 do CPC.
2. Escudando-se o autor da demanda, contudo, em alegação de que a servidão não
foi levada a registro e que, portanto, tem natureza de ação pessoal, por isso se
aplicando o disposto no art. 109, § 2.º, da Constituição da República, o Tribunal a
quo tem a obrigação de examinar o ponto, porque devidamente alegado pelo
interessado e, demais, porque importante para o desate do litígio.
3. Agravo regimental não provido.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
A Sra. Ministra Eliana Calmon, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin
e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Brasília (DF), 26 de novembro de 2013.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

Documento: 1285450 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/12/2013 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.429.565 - MT
(2011/0277497-9)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


AGRAVANTE : GLOBAL ENERGIA ELÉTRICA S/A
ADVOGADO : RAIMAR ABÍLIO BOTTEGA E OUTRO(S)
AGRAVADO : ZAID ARBID
ADVOGADO : ADRIANA SCHOTTEN WITTMANN

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):


Trata-se de agravo regimental interposto contra julgado monocrático assim ementado:
PROCESSUAL CIVIL. RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.
RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO 535 DO CPC. OMISSÃO
CARACTERIZADA.
1. Deixando o Tribunal a quo de apreciar tema relevante para o deslinde da
controvérsia, o qual foi suscitado em momento oportuno, fica caracterizada a
ofensa ao disposto no art. 535 do CPC.
2. Decisão agravada reconsiderada. Recurso especial provido.

Contrapõe-se a Agravante à perspectiva da existência de omissão no acórdão da


origem, razão por que inexistente a violação ao art. 535 do CPC tampouco o dever de rejulgar a
causa de forma a examinar a demanda sob a ótica de sua natureza pessoal e não real porque a
servidão ainda não havia sido levada a registro.

Pede a reconsideração do julgado ou a submissão do recurso ao crivo do colegiado.

É o relatório.

Documento: 1285450 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/12/2013 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.429.565 - MT
(2011/0277497-9)

EMENTA
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE
ANULAÇÃO. ATO JURÍDICO. RESOLUÇÃO. ANEEL. INSTITUIÇÃO.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA. LUGAR DO
IMÓVEL. ALEGAÇÃO. FALTA DE REGISTRO DA SERVIDÃO.
CONFIGURAÇÃO. AÇÃO DE NATUREZA PESSOAL. FALTA DE
EXAME. TRIBUNAL A QUO. VIOLAÇÃO. ART. 535 DO CPC.
1. Na origem, trata-se de ação anulatória de ato jurídico consistente em resolução da
ANEEL que instituiu servidão administrativa sobre propriedade privada, em razão do
que a competência para processar e julgar a demanda foi definida pelo local da
situação do imóvel, na forma do art. 95 do CPC.
2. Escudando-se o autor da demanda, contudo, em alegação de que a servidão não
foi levada a registro e que, portanto, tem natureza de ação pessoal, por isso se
aplicando o disposto no art. 109, § 2.º, da Constituição da República, o Tribunal a
quo tem a obrigação de examinar o ponto, porque devidamente alegado pelo
interessado e, demais, porque importante para o desate do litígio.
3. Agravo regimental não provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Não


verifico haver razões para a reforma do julgado, motivo por que nego provimento ao regimental.

Conforme delimitado no acórdão da origem, os ora recorridos interpuseram agravo de


instrumento para o debate sobre a competência para o processamento e julgamento de ação de
anulação de ato jurídico envolvendo bem imóvel, atinente à Resolução n.º 124, da ANEEL, que
havia declarado servidão em faixa de terra em imóvel rural de propriedade particular.

A demanda foi inicialmente aforada em seção judiciária diversa daquela onde se localiza
o bem imóvel, tendo havido posterior declinação em favor de magistrado dessa última.

Embora o Tribunal a quo tenha mantido o entendimento, o ora Agravado alegou que a
servidão administrativa, de vez que não havia sido levada ao registro imobiliário competente,
conferia à demanda natureza de direito pessoal, porque objetiva apenas a nulificação da
resolução, assim porque a incidência não era do art. 95 do CPC mas sim do art. 109, § 2.º, da
Constituição da República.

Documento: 1285450 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/12/2013 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça

Conquanto tenha o Tribunal a quo a liberdade de examinar a causa como queira, desde
que o faça motivadamente, explanando seu convencimento, parece razoável concluir que tal
alegação detinha vital importância para o deslinde do recurso, que, aliás, pontuou-se
exclusivamente sob sua égide.

Nessa esteira, uma vez que a parte alegou corretamente essa premissa, o Tribunal a
quo não a examinou, houve embargos de declaração os quais, contudo, não ocasionaram o
debate pretendido, infere-se ter realmente ocorrido a malversação do art. 535 do CPC, daí por
que provido o especial para determinar à origem que rejulgue o feito, da forma como convier,
mas abordando essa temática.

Posto isso, nego provimento ao agravo regimental.

É o voto.

Documento: 1285450 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/12/2013 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

AgRg no AgRg no
Número Registro: 2011/0277497-9 Ag 1.429.565 / MT

Números Origem: 00015178920114010000 15178920114010000 200636020025928 200701000090433


2535789 91023720074010000

PAUTA: 26/11/2013 JULGADO: 26/11/2013

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA SÍLVIA DE MEIRA LUEDEMANN
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : ZAID ARBID
ADVOGADO : ADRIANA SCHOTTEN WITTMANN
AGRAVADO : GLOBAL ENERGIA ELÉTRICA S/A
ADVOGADO : RAIMAR ABÍLIO BOTTEGA E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Intervenção


do Estado na Propriedade - Servidão Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : GLOBAL ENERGIA ELÉTRICA S/A
ADVOGADO : RAIMAR ABÍLIO BOTTEGA E OUTRO(S)
AGRAVADO : ZAID ARBID
ADVOGADO : ADRIANA SCHOTTEN WITTMANN

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
A Sra. Ministra Eliana Calmon, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e
Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1285450 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/12/2013 Página 5 de 4

Você também pode gostar