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PBL 3 - EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL COLÔNIA E IMPÉRIO

Após leitura do material e ao final do PBL da semana, o estudante deverá ser


capaz de identificar como a Educação Física se fez presente no Brasil, que práticas
eram realizadas e quais os motivos de tais práticas. Para tanto, considere responder
os seguintes questionamentos: Quais os grupos apresentados no texto e como se
configuravam as suas práticas? Como e quais os primeiros registros de atividades
físicas (Educação Física) se tem o relato? Quais os motivos de tais práticas (por que
as realizavam)? Como a Educação Física foi introduzida nas escolas e que práticas
se faziam presentes? O que foi o Higienismo e Militarismo na Educação Física
brasileira? Qual a importância dessas práticas para a Educação Física nos dias de
hoje? LEIA O MATERIAL NA ÍNTEGRA :-)

Brasil colônia, de 1500 a 1822 - Não se sabe ao certo, quando se tem o primeiro
registro, porém, a mais antiga notícia sobre a Educação Física em terras brasileiras data o
ano de sua descoberta, 1500, com o relato de Pero Vaz de Caminha, que em uma de suas
cartas comenta sobre indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando ao som de
uma gaita tocada por um português. Esta foi certamente a primeira aula de ginástica e
recreação relatada no Brasil. De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas
pelos indígenas no período do Brasil colônia, estavam relacionadas a aspectos da cultura
primitiva. Tendo como características elementos de cunho natural (como brincadeiras, caça,
pesca, nado e locomoção), utilitário (como o aprimoramento das atividades de caça,
agrícolas, etc.), guerreiras (proteção de suas terras); recreativo e religioso (como as danças,
agradecimentos aos deuses, festas, encenações, etc.).
Posteriormente, ainda no período colonial, criada na senzala, sobretudo no Rio de
Janeiro e na Bahia, surge a capoeira, atividade ríspida, criativa e rítmica que era praticada
pelos escravos. Declarada patrimônio da humanidade em 2014 pela UNESCO, ela
representa a resistência dos escravos à bruta violência a que eram submetidos em tempos
coloniais e imperiais no Brasil. A capoeira é herança de uma das páginas mais cruéis do
livro da história do Brasil, a escravidão. É uma luta criada no Brasil por negros trazidos da
África – a partir do século XVI – para trabalharem como escravos, principalmente nas
lavouras de cana-de-açúcar. A maior parte deles veio de Angola, país que também era
colônia de Portugal. Várias referências a esse país podem ser escutadas nas músicas de
capoeira.
Para defender-se das violências dos capitães do mato e feitores, essa população
começou a desenvolver a capoeira. Como eram proibidos de praticar qualquer tipo de luta,
a música foi utilizada como uma maneira de disfarce, dessa maneira ela poderia ser
percebida como uma dança. Além disso, acredita-se que a prática da capoeira tinha como
objetivo aliviar o estresse do trabalho e manter tradições africanas.
A prática da capoeira permitiu o condicionamento físico, a agilidade e o
desenvolvimento dos sentidos. Desprovidos de outras armas, foi a partir dos golpes e dos
movimentos de defesa da capoeira, ou seja, do próprio corpo, que esses escravos
resistiam à bruta violência praticada pelos senhores do engenho, capitães do mato e
feitores. Acredita-se que o nome capoeira seja derivado dos locais onde a capoeira era
praticada, áreas de clareira ou mato ralo, no meio da mata.
Após a abolição da escravatura, com a assinatura da Lei Áurea em 1888, os
negros tornam-se livres, porém continuam à margem da sociedade pelas dificuldades de
acesso à educação e trabalho. Diante dessas dificuldades, os capoeiristas participavam de
desafios e apresentações públicas em troca de dinheiro para sustentar-se. As inúmeras
barreiras de inserção social dessa população a levou, em muitos casos, a cometer crimes
como o roubo, o que contribuiu para que a luta fosse associada à uma prática criminosa.
Apesar de hoje a entendermos como parte da construção da identidade nacional, a capoeira
foi explicitamente considerada crime em 1890 pelo Código Penal do Brasil, logo após a
abolição da escravatura. Segundo o artigo 402 deste código, ficava proibido:

“Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e


destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras,
com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando
tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de
algum mal;”

Quem fosse pego praticando capoeira poderia ter pena de dois a seis meses de
prisão. Mas antes mesmo da abolição da escravidão, no Código Penal da época imperial, a
capoeira já se enquadrava na classificação de vadiagem e, portanto, já era entendida como
crime. A habilidade corporal e a destreza dos capoeiristas, que poderia ser usada contra os
seus repressores, além da possibilidade de uma rebelião escravista, são apontadas como
razões para torná-la um crime. Foi somente em 1937 que a capoeira deixou de ser
considerada um crime, ganhando status de esporte no Brasil.
Desta forma, podemos destacar que no Brasil colônia, as atividades físicas
realizadas pelos indígenas e escravos, representaram os primeiros elementos da Educação
Física no Brasil.

Brasil império, de 1822 a 1889 - O início do desenvolvimento cultural da Educação


Física no Brasil ocorreu no período do Brasil Império, pois foi nessa época que surgiram os
primeiros tratados sobre a Educação Física. Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o
“Tratado de Educação Física e Moral dos Meninos”. Esse tratado postulava que a educação
englobava a saúde do corpo e a cultura do espírito, e considerava que os exercícios físicos
deveriam ser divididos em duas categorias: 1) os que exercitavam o corpo; e 2) os que
exercitavam a memória. Além disso, esse tratado entendia a educação moral como
coadjuvante da Educação Física e vice-versa. Em 1882 Rui Barbosa, ao lançar o parecer
sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e Superior”, denota importância à
Ginástica, defendendo-a como elemento indispensável para formação integral da juventude.
Em resumo, o projeto relatado por Rui Barbosa, buscava inserir a Ginástica nos programas
escolares como matéria de estudo e em horas distintas ao recreio e depois da aula; além de
buscar a equiparação em categoria e autoridade dos professores de Ginástica em relação
aos professores de outras disciplinas. No entanto, a implementação da Ginástica nas
escolas, inicialmente ocorreu apenas em parte do Rio de Janeiro, capital da República, e
nas escolas militares.
Após isso, já no Brasil república (de 1890 a 1946), ocorre a criação de diversas
escolas de Educação Física, que tinham como objetivo principal a formação militar. No
entanto, é a partir da segunda fase do Brasil República, após a criação do Ministério da
Educação e Saúde, que a Educação Física começa a ganhar destaque perante os objetivos
do governo. Nessa época, a Educação Física é inserida na constituição brasileira e surgem
leis que a tornam obrigatória no ensino secundário. Na intenção de sistematizar a ginástica
dentro da escola brasileira, surgem os métodos ginásticos (gímnicos). Oriundos das escolas
sueca, alemã e francesa, esses métodos conferiam à Educação Física uma perspectiva
eugênica, higienista e militarista, na qual o exercício físico deveria ser utilizado para
aquisição e manutenção da higiene física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos
fisicamente para o combate militar (Militarismo). O higienismo e o militarismo estavam
orientados em princípios anátomo fisiológicos, buscando a criação de um homem
obediente, submisso e acrítico à realidade brasileira. Após a leitura do material, junte as
palavras em negrito e forme uma frase ao final de seu texto no checkpoint. Em resumo, a
utilização da Educação Física para atender a determinados fins políticos vigentes à época.

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