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Filosofia e Dimensões Históricas da Educação Física

MATERIAL DE ESTUDO EM SALA

Prof. Mestre Paulo Henrique Carvalho da Silva

henrysillva@gmail.com

Goiânia

Fevereiro / 2019
Apresentação
Este módulo contém o processo histórico, social e político da origem e
evolução da históriada Educação Física, análises, ideologias,
objetivando orientações e como suporte teórico em suas atividades
de ensino.Espera-se, que você utilize os conhecimentos aqui
oferecidos em reformulações pessoais e profissionais.

1- O processo histórico social e político da origem e


evolução da Educação Física e Esportes.

1.1 – Estudos teóricos e práticos da história da Educação


Física
O mundo em que vivemos sofre constantes transformações.
Sociedades se modificam à medida que os valores são alterados de
acordo com a evolução dos tempos.De acordo com essa dinâmica
evolutiva, podemos considerar a educação, e por conseguinte a
Educação Física como área do conhecimento e como elemento
fundamental no processo de desenvolvimento do homem.Para
compreendermos melhor o valor da Educação Física, reconhecendo-a
como disciplina capaz de inferir direta e favoravelmente na formação
integral do indivíduo, analisaremos sua evolução em síntese
histórica.O homem não nasceu pulando, saltando, jogando. Todas
essas atividades corporais foram constituídas em determinadas
épocas históricas como resposta a determinados estímulos, desafios
ou necessidades humanas.
TEORIA DA EVOLUÇÃO DO HOMEM

Homem primitivo

Para garantir sua subsistência e adaptar-se às condições do meio


ambiente, o homem primitivo possuía muitas qualidades físicas, para
sobreviver; estava constantemente exercitando-se, com isso,
aprendeu naturalmente a caçar, pescar, nadar, construir, lutar,
defender-se exercícios úteis que lhe permitiam satisfazer as suas
principais necessidades, impostas na sua relação com a natureza e
com os outros homens.
Examinando atentamente a historia da Antigüidade, podemos inferir
que, assim como os exercícios físicos, os jogos e as danças já faziam
parte da língua do homem. Existem vestígios deque eram
continuamente praticados de diferentes formas; jogos de mímica, de
lutas , danças guerreiras ou religiosas(como por exemplo, em
agradecimento ou reverência aos deuses de sua crença). Enfim, sem
saber, o homem descobria maneiras de exteriorizar seu estado de
espírito e seus sentimentos.Compreendemos que o ser humano não
vive isoladamente. Ao longo dos tempos, o homem foi se agrupando,
constituindo pequenos povos, que, por sua vez, foram se
transformando em diferentes civilizações, cada qual originando sua
própria cultura. Atualização do corpo também se modificou em função
das novas necessidades do seu meio de convivência.

SISTEMAS EDUCACIONAIS PRIMITIVOS


Gregos e romanos

A ginástica nome que originou na Grécia, “... visava ao


aperfeiçoamento físico, à beleza e àharmonia de forma, por meio de
exercícios e jogos praticados nos ginásios...” Possuía importância
fundamental na cultura desse povo, que foi também o criador
dosJogos Olímpicos. Os jogos eram realizados de quatro em quatro
anos, em olimpíadas, e celebradoscom muita pompa. Eram
homenagens aos deuses gregos e ainda uma forma pacífica de reunir
suas populações que viviam em guerra.Para as mulheres
existiam ginásios especiais adequados à prática da ginastica cujas
asatividades preferidas eram as corridas e as danças.Quando
conquistaram a Grécia, os romanos possuíam outra visão em relação
à pratica deexercícios físicos seu objetivo era a preparação dos
indivíduos para a guerra, sem nenhumafinalidade moral ou
estética.Um exemplo disso era os brutais e sangrentos jogos de
combate de gladiadores,organizados por eles, e que provocavam o
maior entusiasmo nas platéias presentes.
GRÉCIA - UTILITARISMO GUERREIRO CONSTANTE

LOCAIS E ATIVIDADES

PALESTRA: (particular) dimensões restritas, banho quente, duchas e


lutasGINÁSIO: (gummos - nu) conjunto de lugares para a educação
da mocidade, pistas de corridas apé,
lançamentos exercícios corporais.ESTÁDIO: Pistas cobertas com
ginásios e palestras, prélios (batalhas, lutas e pelejas
esportivas)JOGOS FÚNEBRES: Corrida de carros, pugilato, combate
armado, tiro ao alvo, arremesso de pesode lança e luta.JOGOS
GREGOS: Festas populares, cerimônias pan-helênicas, manifestações
desportivas.JOGOS OLÍMPICOS: (em honra à Júpiter) Lutas, corrida a
pé, pentatlo (salto, disco, dardo, luta,corrida), corrida armada,
pugilato, corrida de carros e de cavalos.
Para as mulheres existiam ginásios especiais adequados à prática
da ginástica cujas as atividadespreferidas eram as corridas e as
danças.
ROMA – LOCAIS E ATIVIDADES

Idade Média e Renascimento

Na época medieval, predominavam os torneios e os duelos entre


cavaleiros e cavaleirasque apesar de serem realizados de forma
muito solene eram muito violentos sobretudo devido aoarmamento
utilizado: lanças e espadas.Na renascença, recuperou-se a concepção
dos gregos: uma educação voltada para ohomem de forma integral:
“O físico, o intelectual e a moral”, retomando dessa forma o valor
daatividade física.SÉCULO IV: (Imperador Teodósio) queda dos Jogos
Olímpicos pela suplementação das antigascrenças das divindades
olímpicas pelo cristianismo.
JUSTAS E TORNEIOS: Esgrima, arco e flecha, marchas e corridas a
pé.CRUZADAS: Organizadas pela Igreja nos séculos XI, XII e XIII,
exigiram preparação militar.CAVALARIA: Cavaleiro, nobre a serviço
das causas justas e ideais da Igreja. Participava das Justas,Torneios e
caças feudais.
No Brasil

A Educação Física no Brasil nos leva à época do descobrimento: os


portugueses quando chegaram aqui encontraram indígenas
habituados à prática de atividades físicas, da mesma forma que o
homem primitivo, pois os mesmos possuíam habilidades naturais e,
na luta pela sobrevivência, praticavam natação, arco e flecha,
corridas, saltos, pesca, canoagem, montaria,lutas e outros. Outra
contribuição indígena foi o jogo de peteca. Na época da escravidão,
uma cultura foi introduzida pelos escravos africanos: capoeira,que é a
mistura de dança, jogo e competição de demonstrar o sentimento de
emoção e saudade de um povo. A elite dominante dessa época dividia
o trabalho em manual e intelectual. Baseada nessa postura, resistia
na inclusão da ginástica nas escolas, pela semelhança com o trabalho
manual,que era destinado aos escravos.Dois documentos nortearam
os princípios da Educação Física. O primeiro foi a Carta Régia de
04/12/1810 que introduzia a ginástica alemã (uma tentativa de
equiparar no mesmo grau de importância o intelecto e o físico do
homem) na Academia Real Militar. Nesse momento instalava-se a
função higienista, pois era importante terem homens fortes, sadios,
robustos com condutas morais e intelectuais para o desenvolvimento
do Brasil.
O segundo documento foi o Parecer de Rui Barbosa no Projeto
224/1882- “Reforma do Ensino Primário...”, que reforçava a
importância da ginástica nos currículos escolares.No período pré-
guerra(1930), as exigências continuavam sendo de corpos atléticos e
disciplinados, pois precisava-se garantir a defesa da pátria. Após a
Segunda Guerra Mundial (1945), o escolanovismo buscava estimular
o interesse do aluno e sua auto-realização (1961).Na década de 70,
presenciou-se a existência de um regime autoritário de poder: a
DitaduraMilitar.Em função dessa nova perspectiva política, o sistema
educacional foi totalmente inúmerasmudanças em nossa sociedade. A
educação baseou-se na Pedagogia Tecnicista, que tinha como
princípios a racionalidade ea eficiência. Foi um período marcado pela
meta da produtividade.Com a privatização do ensino (sobretudo das
Universidades que deveriam reserva-se àselites) foram criadas
inúmeras instituições universitárias. A Instituição do decreto 68.450,
de 1971, manteve a ênfase na aptidão física, tanto naorganização das
atividades como em seu controle e avaliação.Se por um lado o
Regime Militar favoreceu a expansão da Educação Física, pois houve
umaumento significativo de suas escolas, por outro, a qualidade do
ensino ficou seriamentecomprometida. Principalmente devido ao
comportamento de professores e profissionais da áreaque,
influenciados pelas características da política educacional vigente, e
com uma posturatotalmente autoritária, apresentavam uma forte
tendência em valorizar o rendimento físico, aperfeição e o domínio
dos movimentos adquiridos por meio da aplicação de métodos rígidos
deautomatização e adestramento, para se atingir um
melhor desempenho esportivo

1.2 – As atividades físicas na Antigüidade e sua evolução

China
– Como Educação Física as origens mais remotas da história falam de
3000 a.C. lána China. Um certo imperador guerreiro,
Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava
os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas além do
caráter guerreiro.O tratamento pela água era muito utilizada e o
prático de exercício físico e a massagem,eram consideradas uma
necessidade vital.
Índia
– No começo do primeiro milênio, os exercícios físicos eram tidos com
uma doutrinapor causa das “Leis de Manu”, uma espécie de código
civil, político social e religioso. Eramindispensáveis às necessidades
militares além do caráter fisiológico.Buda, atribuía aos exercícios o
caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondadee
conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana (no
budismo, estado deausência total de sofrimento).O yoga, tem suas
origens na mesma época retratando os exercícios ginásticos no
livro “Yajur Veda” que além de um aprofundamento da medicina
ensinava manobras massoterápicas etécnicas de respirar.
Japão
– A história

do desenvolvimento das civilizações sempre esbarra na


importânciadada à Educação Física, quase sempre ligado aos
fundamentos médicos- higiênicos, fisiológicos,morais, religiosos e
guerreiros. A civilização japonesa também tem sua história ligada ao
mardevido sua posição geográfica além das práticas guerreiras
feudais: os samurais.
Egito
– Dentre os costumes egípcios estavam os exercícios Gimmicos
revelados naspinturas de paredes das tumbas. A ginástica egípcia já
valorizavam o que se conhece hoje como qualidades físicas
como:equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam, embora
rudimentares, materiais de apoiotais como tronco de árvores, pesos e
lanças.
Grécia
– Sem dúvida nenhuma, a civilização que marcou e desenvolveu a
Educação Físicafoi a Grécia, através de sua cultura. Nomes como:
Sócrates, Platão, Aristóles e Hipócratescontribuíram e muito, para a
Educação Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitosna
ligação corpo e alma através das atividades corporais e da mímica.
“Na música a simplicidadetorna a alma sábia; na ginástica da saúde
ao corpo” Sócrates. É de Platão o conceito de equilíbrioentre o corpo
e espírito ou mente. Os sistemas metodizados e em grupo, assim
como os termoshalteres, atleta, ginástica, pentátlo, entre outros, são
uma herança grega. As atividades sociais efísicas eram uma prática
até a velhice lotando os estádios destinados a isso.
Roma
– A derrota militar da Grécia, não impediu a invasão cultural grega
nos romanos quecombatiam a nudez da ginástica. Sendo assim, a
atividade física era destinada às práticasmilitares. A célebre frase
”Mens sanna en corpore sano” de Juvenal, vem desse período
romano.
Idade Média
– A queda do império romano também foi muito negativo para a
EducaçãoFísica, principalmente com a ascensão do cristianismo que
perdurou por toda a Idade Média.Oculto ao corpo era um verdadeiro
pecado sendo também chamado por alguns autores, de “Idadedas
Trevas”.Realizavam-se apenas as lutas e os torneios, que eram
combates praticados entre osnobres.
A Renascença
– Depois de quase ter sido abandonada na Idade Média, iniciou-se
ummovimento na Itália, que é concebida como berço da Educação
Física moderna, onde se criaramescolas de Educação Física e também
foram editados livros.Como, o homem sempre teve interesse no seu
próprio corpo, o período da Renascença fezexplodir novamente a
cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura. A beleza do
corpo,antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes
artistas como Leonardo Da Vinci(1452-1519), responsável pela
criação utilizada até hoje das regras proporcionais do corpohumano.
Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas
famosas como porexemplo a de David, esculpida por Michelâgelo
Buonarroli (1475-1564) considerada tão perfeitaque os músculos
parecem ter movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu
origem aanatomia como a obra clássica “De Humani corpores fábrica”
de Andrea Vesalius (1514-1564). A volta da Educação Física escolar
se deve também nesse período a Vitório de Feltre (1378-1466) que
em 1423 fundou a escola “La Casa Gilcosa” onde o conteúdo
programático incluiu osexercícios físicos.
Iluminismo
– O movimento contra o abuso de poder no campo social chamado
deIluminismo, surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a
novas idéias. Como destaque dessaépoca os alfarrábios apontam:
Joan Jaques Rousseau (1712-1778) e Johann Pestalozzi (1746-1827).
Rousseau propôs a Educação Física como necessária na educação
infantil. Segundo ele,pensar dependia de extrair energia do corpo em
movimento. Pestalozzi foi precursor da escolapreviamente popular e
sua atenção estava focada na execução correta dos exercícios.
Idade Contemporânea
– A influência na nossa ginástica localizada começa a serdesenvolver
na Idade Contemporânea e quatro grandes escolas foram as
responsáveis por isso: aalemã, a nórdica, a francesa e a inglesa. A
Alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como destaque
Johann CristophFriederick Guts Muths (1759-1839) considerado pai
da ginástica moderna. A derrota dos alemães para Napoleão deu
origem a outra ginástica. A turnkunst, criada porFriederick Ludwig
Jahn (1788-1825) cujo fundamento era força, “Vive Quem é Forte”,
era seulema e nada tinha a ver com a escola. Foi ele que inventou a
barra fixa, as barras paralelas e ocavalo, dando origem à Ginástica
Olímpica. A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spless
(1810-1858) introduzindodefinitivamente a Educação Física nas
escolas alemãs, sendo inclusive um dos primeirosdefensores da
ginástica feminina
A escola nórdica escreve a sua história através de Nachtegall (1777-
1847) que fundou seupróprio instituto de ginástica (1799) e o
Instituto Civil de Ginástica para formação de professoresde Educação
Física (1808). Por mais que um profissional de Educação Física seja
desligado dahistória, pelo menos algum dia já ouviu em falar em
ginástica sueca, um grande trampolim para oque se conhece hoje.
Per Henrik Ling (1766-1839) foi o responsável por isso levando para
a Suéciaas idéias de Guts Muths após contato com o instituto de
Nachtegall. Ling dividiu sua ginástica emquatro partes: a Pedagogia –
voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças; a militar –
incluindo o tiro e a esgrima; a médica – baseada na pedagogia
evitando também as doenças e aestótica - preocupada com a graça
do corpo. Alguns fundamentos ideológicos de Ling valem até hoje tais
como: o desenvolvimentoharmônico e racional, a progressão
pedagógica da ginástica e o estado de alegria que deveimperar uma
aula. Claro, isso depende do austral e o carisma do profissional.Um
dos seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz novamente o
ritmo musical àginástica e cria os testes individuais e coletivos para
verificação da performance. A escola francesa teve como elemento
principal o espanhol naturalizado Francisco Amoros Y Ondeano (1770-
1848).Inspirado em Rabeias, Guts, Jahn e Pestalozzi dividiu sua
ginástica em civil e industrial,militar, médica e cênica. Outro nome
francês importante foi G. Dêmey (1850-1917). Organizoucongresso,
cursos (inclusive o superior de Educação Física), regeu o Manual do
Exército e tambémera adepto à ginástica lenta, gradual,
progressiva, pedagógica, interessante e motivadora.O método natural
foi defendido por Georges Herbert (1850-1917): correr, nadar,
trepar,saltar, empurrar, puxar e etc. A nossa Educação Física, a
brasileira, teve grande influência na Ginástica Calistenia criadaem
1829 na frança por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854). A escola
inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como principal
defensorTomas Arnold (1795-1842) embora não fosse o criador. Essa
escola também ainda tem ainfluência de Clias no treinamento militar

A Calistenia

É por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento da


ginásticamoderna com funcionamentos específicos e abrangentes
destinada à população mais necessitada:os obesos, as crianças, os
sedentários, os idosos e também as mulheres.Calistenia, segundo
Marinho (1980) citado por Marcelo Costa, vem do grego
kallos(belo),sthenos(força) e mais o sufixo “ia”.Com origem na
ginástica sueca apresenta uma divisão de oito grupos de
exercícioslocalizados associando música ao ritmo dos exercícios são
feitos a mão livre usando pequenosacessórios para fins corretivos,
fisiológicos e pedagógicos.Os responsáveis pela fixação da calistenia
foram: o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) AssociaçãoCristã de Moços com
proposta inicial de melhorar a forma física dos americanos que
maisprecisavam. Por isso mesmo, deveria ser uma ginástica simples,
fundamentada na ciência ecativante. Em função disso Dr. Dio Lewis
era contra os métodos militares sob a legação que asmesmas
desenvolviam somente a parte superior do corpo e os esportes
atléticos nãoproporcionavam harmonia muscular. Em 1860 a
calistenia foi introduzida nas escolas americanas.No Brasil dos anos
60 começou a ser implantada nas poucas academias pelos
professoresda A. C. M. ganhando cada vez mais adeptos nos anos 70
sempre com inovações fundamentadasna ciência. Sendo assim o Dr.
Willian Skarstrotron, americano de origem sueca, dividiu a
calisteniaem oito grupos diferentes do original: braços e pernas,
região póstero superior do tronco, pósteroinferior do tronco, laterais
do tronco, equilíbrio, abdômen, ombros e escápulas, os saltos e as
corridas
Nos anos 80 a ginástica Aeróbica invadiu as academias do Rio de
Janeiro e São Pauloabafando um pouco a calistenia. Como na
Educação física sempre há evolução também em funçãodos erros e
acertos. Surge então, ainda no final dos anos 80 a ginástica
localizada desenvolvidacom fundamentos teóricos dos métodos
da musculação e o que ficou bom da calistenia. Aginástica aeróbica
de alto impacto causou muitos microtraumatismos por causa dos
saltitos emrítimos musicais quase alucinantes. A musculação surgiu
com uma roupagem nova ainda nos anos70 para apagar o
preconceito que algumas pessoas tinham com relação
ao halterofilismo.Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginastica
localizada passa por uma fase ruim comalguns professores
ministrando aleatoriamente, aulas sem fundamentos específicos com
repetiçõesexageradas, fato que a ciência já reprovou, principalmente
se o público alvo for o cidadão comum.

1.3 – Evolução da Educação Física e do Esporte Moderno no


Brasil e no Mundo

Nos anos 90, o esporte passa a ser visto como meio de promoção à
saúde acessível atodos, manifestada de três formas: esporte
educação, esporte participação e esporte performance. A Educação
Física finalmente regulamentada é de fato e de direito uma profissão
a qualcompete mediar e conduzir todo o processo.
Atletismo
É a essência das olimpíadas. Sua origem vem dos jogos da Grécia
Antiga, quandoguerreiros disputavam os louros da vitória de Zeus
uma corrida de 80 m. Na era moderna,participa desde da primeira
edição das Olimpíada. A primeira medalha da história foi dada a
umsaltador triplo, o americano James Connely, em Atenas. Nas
corridas, nos saltos e noslançamentos, o atletismo vem sendo o
coração dos jogos, competições e olimpíadas no mundoatual.
Badminton
O badminton começou como esporte-exibição na Olimpíada de Seul,
em 1988, e foioficializada em Barcelona. Tem muita tradição no leste
e no sudeste asiático-indonésios, malaísios,sul-coreanos e chineses,
dominam as competições internacionais.
Basquete
Foi idealizado pelos americanos, no século passado, para suprir a
falta de uma atividadecoletiva. Um dos jogos mais populares em
todo o mundo é praticado por vários países.
Beisebol
Com grande tradição nos EUA, o beisebol vem sendo dominado nas
competiçõesinternacionais por Cuba.
Ciclismo
Pouco popular no Brasil, o ciclismo é sinônimo de paixão na Europa e
em alguns paíseslatinos, como a Colômbia. A mountain bike é a
modalidade mais praticada no nosso País.
Esgrima
É um dos esportes olímpicos mais nobres e sua origem remonta à
própria necessidade dohomem se defender. Ficaram célebres em
filmes e livros, os duelos na Europa de séculos atrás,quando o
homem lavava sua honra na ponta da espada. Atualmente, os duelos
prosseguem, massomente no campo esportivo e com a devida
proteção.
Futebol
Esporte mais popular do mundo, foi recordista de público em
Barcelona. Ultimamente, coma participação de atletas profissionais
desde 84, transformou-se em uma mini copa do mundo. Em Atlanta o
futebol feminino fez sua estréia.
Ginástica Artística
A Ginástica Artística é um dos esportes mais fascinantes pela beleza
dos movimentos dosatletas. As evoluções realizadas nos
outros aparelhos parecem dignos de homens e mulheres feitosde
elástico
Ginástica Rítmica
É uma modalidade irmã da Ginástica Artística. Distribui medalha
individual pela soma nasdiversas provas. Combina os movimentos do
corpo com elementos acrobáticos, sempreacompanhados por música.
Levantamento de Peso
É um dos esportes mais tradicionais dos jogos olímpicos. A
modalidade acabou ficandofamosa pelos casos de dopin.
Handebol
Começou a ser desenvolvido na Europa por volta de 1920, motivo
pelo qual os europeussão os mestres neste esporte, possuindo o atual
campeão mundial e o atual campeão olímpico. Éum esporte vigoroso
com alto grau de contato físico e muita ação. É praticado atualmente
emtodos os continentes.
Judô
A luta, originária do Japão, nasceu da observação de um filósofo que
notou que galhosmais flexíveis não se rompem com o peso leve. A
sabedoria oriental resultou nesta arte marcial,que por ser
considerada completa, despertou o interesse de outras culturas e
passou a serpraticada em vários países. No Brasil, não poderia ser
diferente. A corrida às academias é intensa.

II) Análise histórica da Educação Física no Brasil

2.1 – A Educação Física e Esportes, enquanto fenômenos


culturais da sociedade moderna

Na década de 80, a Educação Física sofreu uma crise de identidade


que originou uma
mudança nas políticas educacionais. O enfoque que passou a priorizar
o desenvolvimentopsicomotor do aluno, valorizando a sua prática
também nas séries iniciais e não somente nasséries do Ensino
Fundamental. Apesar de muitos progressos obtidos, por meio de
inúmeros movimentos, debates,discussões e realizações, a Educação
Física ainda necessita de mudanças. Sobretudo paraconvencer a
sociedade e até mesmo o corpo docente, constituindo por
profissionais de outrasáreas, de seu real valor, pois mesmo sendo
reconhecida como uma área essencial ainda fica “marginalizada”. Um
exemplo disso são os horários das aulas em desacordo com as
necessidadesde suas especificidades, bem como locais inadequados e
materiais, insuficientes para obtenção dosresultados
esperados.Encontramos na década de 90, um despertar da população
para sua saúde, não a saúdecomo ausência de doenças, mas aquela
comprometida com a qualidade de vida, assunto que cadavez mais
está se tornando indispensável nos diversos setores da sociedade. A
partir disso, observamos nos tempos atuais que as recomendações
para qualquerprograma de qualidade de vida, giram ao redor de
fatores como: alimentação controlada,mudanças de hábitos
adequados (fumo e álcool), atividades de lazer, cultura e,
principalmente,atividades físicas. De alguma maneira cada um de nós
procura encontrar um equilíbrio paramanter-se saudável.Programas
de ginásticas laboral, atendimentos de personal trainer, consultorias
paraatividades físicas e de lazer tornam-se ações concretas para uma
nova consciência corporal,inclusive abrindo campos de trabalho
ao profissional da Educação Física. As doenças ocupacionais,
problemas de postura, estresse, sedentarismo, depressão,cardiopatia
e outros, segundo especialistas na área de saúde, estão se tornando
os grandes malesdo século XXI. Certamente seriam minimizados se,
desde a fase escolar, o aluno fosse orientado epreparado para ser um
indivíduo ativo, não sedentário e habituado à pratica de atividades
físicas.É justamente por isso que se evidencia a necessidade de
integração da Educação Físicacom outras áreas do conhecimento,
pelas inúmeras possibilidades de contribuição para melhorarda
qualidade de vida aos indivíduos por meio de uma educação
relevante, responsável e realmentecomprometida com o momento
histórico evolutivo
Com isso, torna-se necessário que o ser humano esteja
constantemente se aperfeiçoandocomo indivíduo e como ser social
para poder se inter-relacionar com esse mundo transitório, emtodos
os aspectos de caráter sócio-político econômico-cultural, buscando
dessa forma melhorarsua qualidade de vida, fator mais essencial à
sua humanização.

2.2 – As questões éticas e morais do esporte na atividade


profissional da EducaçãoFísica

O desenvolvimento moral do indivíduo, que resulta das relações entre


afetividade e aracionalidade, encontra no universo da cultura corporal
um contexto bastante peculiar, no qual aintensidade e a
qualidade dos estados afetivos experimentados corporalmente nas
práticas dacultura de movimento literalmente afetam as atitudes e
decisões racionais. A vivência concreta de sensações de excitação,
irritação, prazer, cansaço e eventualmenteaté dor, junto a
mobilização interna de emoções e sentimentos de satisfação, medo,
vergonha,alegria e tristeza, configuram um desafio a racionalidade.
Desafio no melhor sentido de controle ede adequação na expressão
desses sentimentos e emoções, pois se processa em contextos
emque as regras, os gestos, as relações interpessoais, as atitudes
pessoais e as suas conseqüênciassão claramente delimitadas. E,
habitualmente, distintos dos experimentados na vida cotidiana. Aqui
reside a riqueza e o paradoxo das práticas da cultura corporal
particularmente nassituações que envolvem interação social, de criar
uma situação de intensa mobilização afetiva, emque o caráter ético
do indivíduo se explica para si mesmo e para a outro por meio de
suasatitudes, permitindo a tomada de consciência e a reflexão sobre
esses valores mais íntimos.O que se quer ressaltar é a possibilidade
de construir formas operacionais de praticar erefletir sobre esses
valores, a partir da constatação de que apenas a prática das
atividades e odiscurso verbal do professor resultam insuficiência na
sua transmissão e incorporação pelo
estudante.O respeito mútuo, a justifica, dignidade e a solidariedade
podem, portanto, ser exercidodentro de contextos significativos,
estabelecidos em muitos casos de maneira autônoma pelospróprios
participantes. E podem, para além de valores éticos tomados como
reverência de condutae relacionamento, tornam-se procedimentos
concretos a serem exercidos e cultivados nas práticasda cultura
corporal.No caso específico dos jogos, esportes e lutas, certamente
não se pode estabelecer umarelação direta entre uma atitude
pautada na ética dentro e fora da situação de jogo, ou seja, ser junto
no jogo não suplica necessariamente ser junto nas relações sociais
concretas e objetivas.Nesse universo de situações, portanto, podem-
se valorizar a possibilidade de construção coletiva ea prioridade das
regras e os acordos firmados entre os participantes. Pois quando
ocorre umdescumprimento do que foi combinado se estabelece uma
relação de responsabilidade pelaconseqüências das atitudes
intrínsecas à própria atividade. Ao interagirem com os adversários, os
alunos podem exercer o respeito mútuo, buscandoparticipar de forma
leal e não violenta. Confrontar-se com um resultado de um jogo e
com apresença de árbitro permite a vivência e o desenvolvimento da
capacidade de julgamento de justiça (e de injustiça). Principalmente
nos jogos, em que é fundamental que se trabalhe emequipe, a
solidariedade pode ser exercida e valorizada.Nos jogos, esportes e
lutas, em que existem regras delimitando as ações, surgem
doiselementos interessantes para a discussão de valores éticos: um
deles é a simulação de fator eoutro é a figura do árbitro. Por
exemplo, num jogo de futebol, um atacante entra na área, dribla
o jogador da defesa, mas adianta demais a bola e, ao perceber que
perdeu a jogada, imediatamentese lança ao chão, simulando ter
sofrido uma falta. Essa situação pode ser pano de fundo para
umainteressante discussão, pois apesar das possíveis “vantagens”
resultantes da simulação, o jogadorsegue sendo responsável por um
ato que sabe desonesto. A figura do árbitro potencializa uma
situação; na medida em que perante aos jogadorestransferirem a
responsabilidade moral para o juiz, incorporando a figura do árbitro
do jogo, commais um elemento que pode ser manipulado. Ou seja,
toda simulação não percebida pelo juiztorna-se legítimo e em muitos
contextos era capacidade de simulação é tão valorizada como
ashabilidades técnicas.Em ambas as situações a discussão deve
incluir a dimensão pessoal da ética no valoratribuído às
atitudes certas ou erradas, positivar ou negativar, construtivas ou
destrutivas. Deveincluir, ainda, a dimensão social da ética que atribui
valores às atitudes pessoais, e que em muitoscontextos, acaba por
legitimar a transferência de responsabilidade das atitudes pessoais
para ogrupo ou para o Juiz.O futebol profissional, atualmente, traz
elementos para essa discussão, na medida em queas tentativas de
simulação são consideradas passíveis de punições pela regra e, em
algumastransmissões pela TV, existe um comentarista específico para
o árbitro. A apreciação do esporte-espetáculo permite conhecer e
diferenciar as referências devalores e atitudes presentes nas práticas
culturais corporal exercidas profissionalmente, nas quais,obviamente,
a vitória, a derrota, a regra e a transgressão da regra adquirem outra
conotação,outro tipo de conseqüência.O profissional que está
realmente convencido do quanto o seu trabalho é fundamentaltorna-
se uma referência importante para seus alunos, pois, em suas aulas é
capaz de mobilizaraspectos afetivos, sociais, éticos, morais e outros
de maneira intensa e explícita, o que faz dele umconhecedor das
principais necessidades de seus alunos

2.3 – Sua influência no contexto escolar, contextualizado e


perspectivas.

A infância é a idade do lazer por excelência. O tempo totalmente


liberado faz com que acriança desenvolva a especialidade de brincar,
exceto durante o período escolar. As tendências administrativas
atuais, bem como a informatização de serviços nos alertampara um
provável aumento do tempo livre, ou seja, o tempo disponível para
outras atividades asquais acreditamos que o ser humano ainda não
está preparada a realizar, pois, praticamente
passa os melhores anos de sua vida trabalhando. Concluímos, desta
forma, que a funçãoeducativa do lazer, consideradas muitas vezes
uma atividade não prioritária, é necessidadehumana.O lazer por suas
características (a espontaneidade, a ludicidade, a livre escolha), e
ocaráter relativamente desinteressado, deve ser incorporado ao
cotidiano da criança tornando-seum espaço privilegiado para a
aquisição de informações e conhecimentos e para vivência dacultura,
constituindo-se em importante caminho para o crescimento pessoal
e social do indivíduo. Voltando à Educação Física, consideramos que
as obrigatoriedades da vida escolar (quehoje em dia inicia-se cada
vez mais cedo), estão muitas vezes desvinculadas da realidade
dacriança, que necessita, principalmente nas séries iniciais, de tempo
para brincar e, portanto,aprender brincando, o que será sempre mais
prazeroso e enriquecedor. A proposta é promover e buscar a
educação para o lazer, por meio da alegria e dabrincadeira,
considerando o vasto conhecimento da cultura infantil, repleta de
significados,historicamente elaborados e muitas vezes ignorados
pelas instituições de ensino.Superando barreiras e preconceitos,
descobrimos habilidades e belezas, equilibrandoeficiência e eficácia,
enfim, vivenciando relações espaciais e temporais, estamos
favorecendo oautoconhecimento, sempre em busca da felicidade e da
cidadania. A escola não pode negar como fato histórico a
corporeidade humana, a infinita de gestos,expressões, movimento
que os seres humanos foram e são capazes de realizar, originando
jogos,brincadeiras, danças, esportes, lutas, diferentes formas de
ginásticas e constituindo, desta forma,o verdadeiro patrimônio lúdico
da humanidade.O grande desafio da Educação Física é propiciar ao
educando o conhecimento do seucorpo, usando-o como instrumento
de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitandosuas
experiências anteriores e dando-lhe condições de adquirir e criar
novas formas demovimento.Consideramos que o movimento humano
só se concretiza por meio do corpo do homem.Esse movimento
integra uma totalidade e não somente o ato motor, mas toda e
qualquer açãohumana que vai desde a expressão até o gesto
mecânico. Não é apenas o corpo que entra emmovimento, mas o
homem todo que age e se movimenta. A Educação Física deve
associar o corpo, a emoção, a consciência, a busca do prazer,fazendo
o aluno sentir-se bem com o seu corpo no tempo e no
espaço.Entendemos que é necessário desenvolver uma concepção de
educação física em que aatividade intelectual e a atividade corporal
em vez de se confrontarem, se harmonizarem de formaa melhor
integrarem o ser humano no seu relacionamento: eu – o outro – os
objetos – o mundo.Os currículos escolares deverão ter seus
conteúdos compatíveis com as experiências vividaspelo aluno,
servindo como ponto de partida para a aquisição de novos
conhecimentos maiselaborados. A sistematização desses conteúdos
que são representados por ginástica, jogos,esportes e dança deve
considerar ainda as características de maturação, as diferenças
individuais,as necessidades e os interesses do aluno, sendo
desenvolvidos em um ambiente lúdico, onde aliberdade de expressão,
a oportunidade de reflexão, discussão e questionamento, o trabalho
deequipe estejam garantidos, e que o aluno possa, por meio do
movimento, se relacionar com o seupróprio corpo, com o outro e com
o meio social.

2.4 – Transformações da Educação física no Brasil e suas


multiplicações na práticaprofissional nos dias de hoje

A Educação Física no Brasil foi pensada enquanto prática nas escolas


com propósitosprofiláticos, morais e culturais. Por falta até mesmo de
formação adequada, muitos professores –chamados no passado
de “instrutores” – aplicavam para crianças exercícios praticados
nosquartéis.Entre os profissionais, sempre houve controvérsia quanto
ao tipo de atividades físicas quedeveriam ser ministradas para
escolares. Havia aqueles que defendiam os exercícios ginásticos e,de
outro lado, os que destacavam a recreaçào. Não é de hoje que se
manifestam discursos arespeito da importância daq Educação Física
Escolar como uma questão de prevenção da saúde. Azevedo (1920)
apontava para a educação física uma intervenção social, de modo a
ensinarhábitos de higiene aos alunos e, ao mesmo tempo, a
desenvolver um corpo sadio.São 80 anos pregando para que os
alunos entendam a relevância da Educação FísicaEscolar, mas pelo
visto, ficou apenas a exigência prática de promover recreação. A
prática pela prática.

Educação Física e Desporto

A partir dos anos 70, aplica-se uma política oficial de expansão da


prática do desporto, oque se tornou um novo paradigma para toda a
Educação Física. Naquele período, confunde-seeducação física com o
desporto, chegando mesmo, em alguns casos, a serem
consideradossinônimos. O plano nacional de educação física e
desporto para o período de 1976 a 1979 é umaprova disso e traz as
seguintes observações: “... a atividade física é hoje considerada como
um meio educativo privilegiado, porqueabrange o ser na sua
totalidade. O caráter de unidade da educação, por meio das
atividadesfísicas, é reconhecido universalmente. Ele objetiva o
equilíbrio e a saúde do corpo, a aplicaçãofísica para a ação e o
desenvolvimento dos valores morais. Sob a denominação comum
deeducação física e desportiva o consenso mundial reúne todas as
atividades físicas dosadas eprogramadas, que embora pareçam
idênticas na sua base, têm finalidade e meios diferenciados
eespecíficos. O meio específico da educação física e a atividade física
sistemática, concebida paraexecutar, treinar e aperfeiçoar, de acordo
com a intenção principal que anima a atividade física,ela se desdobra
em exercícios educativos propriamente ditos, os jogos e os desportos.
Face àinformalidade de que se reveste sua prática, os jogos e os
desportos têm um poder maior demobilização que os exercícios
educativos, sendo recomendável, portanto, para melhor eficácia
deeducação física a integração das formas”.O plano apresentava
ainda algumas diferenças em relação à Lei n° 6.251/75, que
tratavada Política Nacional de Educação Física e Desportos, dando
uma direção à prática desportiva deforma mais explícita. De acordo
com seu art. 5°, o Poder Executivo definiu a Política Nacional
daEducação Física e Desporto, com os seguintes objetivos básicos:

•Aprimoramento da aptidão física da população;


•Elevação do nível dos desportos em todas a áreas;
•Implantação e intensificação da prática dos desportos em massa;
•Elevação do nível técnico-desportivo das representações nacionais;
•Difusão dos desportos como forma de utilização do tempo de lazer.
O Plano dava destaque ao conteúdo esportivo, sobretudo aos
aspectos educacionais eformativo. Na prática, acabou vingando o
desenvolvimento do desporto em si.

Ontem e hoje

A Educação Física Escolar passou por diversos momentos, teve certa


importância política,reconhecimento legal, mas cabe indagar por que
ela não foi capaz de se consolidar, se legitimar
como disciplina nas escolas, junto aos pais e aos demais
professores. A Educação Física é oferecida na escola há muitos anos,
sua prática foi calcada emginástica e recreação e os objetivos
definidos eram voltados para a construção de uma cultura quelevasse
o aluno a entender a importância daquela prática.

Novas diretrizes, nova cultura

Desde 1996, quando da promulgação da LDB, não há mais


determinação de carga horáriadas disciplinas. A escola é que constrói
seu projeto pedagógico e define a carga horária de cadauma.
Portanto, é o professor de Educação Física que deve justificar a
permanência da suafinalidade, argumentando e convencendo a
comunidade da quantidade de sessões a ser oferecidana escola. Isto
representa uma ruptura muito brusca e pegou desprevenidos os
professoresescolares, que sempre estiveram sob a capa protetora da
obrigatoriedade, sem que tivessem quese preocupar em demonstrar
para os pais, para o corpo docente e até mesmo para os alunos
suafinalidade e sua importância para o futuro da sociedade. A
realização de atividades físicas ganha maior relevância a cada dia. O
esporte continuasendo a grande manifestação da humanidade, como
espetáculo ou como forma de lazer.Proliferam academias de
ginásticas e é crescente o número de adeptos das atividades físicas,
masna escola, a educação Física está sofrendo um grande impacto. A
disciplina desprestigiada semfinalidade definida, perde espaço e os
exemplos de sua prática de modo geral, a desabona ecomplica sua
posição no contexto educacional. Em contrapartida, as escolas que
oferecem oesporte, a iniciação desportiva, convênios com clubes e
academias têm uma maior freqüência eganham um enorme interesse
por parte dos alunos e jovens. Significa dizer que os jovens vêem
aEducação Física como uma atividade prática? ou que pela difusão da
mídia se interessam pelaprática de atividades físicas, mas não a da
escola, que não atende às expectativas do que seprocura? Por que se
perdeu esse espaço na escola?Daqui por diante não haverá mais
determinação de quantitativo de sessões semanais emnenhuma
disciplina, as Secretarias de Educação e Conselhos de Educação não
são mais órgãosdiretivos e sim normativos, cabendo à escola
construir seu próprio currículo de acordo com arealidade da
comunidade.Não se trata de uma missão simples. Ainda vivemos sob
a influência de antigos paradigmase a cultura de aptidão física,
iniciação desportiva, formação de equipes representativas, apesar
detodo um discurso de inclusão, de interdisciplinaridade e da
importância da Educação Física para aformação integral.O problema
não será revertido pela legalidade, pois não há mais amparo legal
paradeterminar a obrigatoriedade de duas ou três aulas semanais.
Não se pode ficar aguardando queos Legisladores atendam apelos dos
profissionais e promulguem leis que tornem a Educação FísicaEscolar
obrigatória em todos os níveis e ciclos de ensino, o que esbarraria
eminconstitucionalidade, uma vez que nenhuma disciplina
terá tratamento diversificado. A Educação Física Escolar deve das
oportunidades a todos os alunos para que desenvolvamsuas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu
aprimoramento comoseres humanos.Seja qual for o objeto de
conhecimento em questão, os processos de ensino-
aprendizagemdevem considerar as características dos alunos em
todas as suas dimensões: cognitiva, corporal,afetiva, ética, estética,
de relação interpessoal e inserção social.

III) Ideologias que permearam as correntes teóricas em


Educação Física Escolar e Esportes

No século XX, a Educação Física escolar sofreu, no Brasil, influências


de correntes depensamento filosófico, tendências políticas, científicas
e pedagógicas. Assim, foi possível resgatarcinco tendências da
educação brasileira: A Educação Física Higienista (até 1930); a
Educação
Física Militarista (1930 a 1945); a Educação Física Pedagogicista
(1945 a 1964); a Educação FísicaCompetivista (após 1964); e,
finalmente, a Educação Física Popular.1- Educação Física Higienista –
Para tal concepção cabe a Educação Física um papelfundamental na
formação de homens e mulheres sadios, fortes, dispostos à ação. Tal
concepçãoentende que independentemente dar determinações
impostas pelas condições de experiênciamaterial, o indivíduo pode e
deve “adquirir saúde”. Robustez corporal de certa parcela
da juventude, robustez advinda de uma vida de poucas privações, é
colocada como paradigma paratoda a juventude. E os meios para
alcançar tal padrão são encontrados na adoção de um
corretoprograma de Educação Física. A Educação Física Higienista é
uma concepção que se preocupa em erigira Educação Física como
agente de saneamento público, na busca de uma “sociedade livre
dasdoenças infecciosas e dos vícios deteriorados de saúde e do
caráter do homem do povo”.2- Educação Física Militarista – É uma
concepção que visa impor a toda a sociedadepadrões de
comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar própria
ao regime decaserna. Também se preocupa com a saúde individual e
com a saúde pública. Todavia o objetivofundamental da Educação
Física Militarista é a obtenção de uma juventude capaz de suportar
ocombate, a luta, a guerra. Assim a Educação Física funciona mais
como selecionadora de “elitescondutoras”, capaz de distribuir melhor
os homens e mulheres nas atividades sociais eprofissionais. O papel
da Educação Física é de “colaboração no processo de seleção
natural”,eliminando os fracos e predominando os fortes, no sentido
da “depuração da raça”.Na Educação Física Militarista, a ginástica, o
desporto, os jogos recreativos, etc., só temutilidade se visam à
eliminação dos “incapacitados físicos”, contribuindo para uma
“maximizaçãoda força e poderio da população”. A Educação Física
Militarista, por sua vez, visa a formação do “cidadão-soldado”, capaz
deobedecer cegamente de servir de exemplo para o restaurante da
juventude pela sua bravura ecoragem.3- Educação
Física Pedagogicista – A Educação Física Pedagogicista é pois, a
concepçãoque vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a
Educação Física não somente comouma prática capaz de promover
saúde ou disciplinar a juventude, mas de encarar a EducaçãoFísica
como uma prática eminente educativa. E mais que isto, ela vai
advogar a “educação domovimento” como a única forma capaz
de promover a chamada “educação integral”. A Educação Física
pedagogicista está preocupada com a juventude que freqüenta
asescolas. A ginástica, a dança, o desporto, etc., são meios de
educação do alunado. Sãoinstrumentos capazes de levar a juventude
a aceitar as regras de convívio democrático e depreparar as novas
gerações para o altruísmo, o culto, a riqueza nacional, etc. A
Educação Física é encarada como algo “útil” e bom socialmente e
deve ser respeitadaacima das lutas políticas dos interesses diversos
de grupos ou de classes.4- Educação Física Competitivista – Como a
Educação Física Militarista, a Educação FísicaCompetitivista também
está a serviço de uma hierarquização e elimitação social. Seu
objetivofundamental é a caracterização da competição e a superação
individual como valoresfundamentais e desejados para uma
sociedade moderna. A Educação Física Competitivista volta-separa o
culto do atleta-herói; aquele a despeito de todas as dificuldades
chegou ao pódium. Aqui a Educação Física fica reduzida ao “desporto
de alto nível”. No âmbito da EducaçãoFísica Competitivista, a
ginástica, o treinamento, os jogos recreativos etc., ficam submetidos
aodesporto de elite. Desenvolve-se baseado nos avanços dos estudos
da fisiologia do esforço e dabiomecânica, capazes de melhorar a
técnica desportiva.5- Educação Física Popular – Ao contrário das
concepções anteriormente citadas, aEducação Física Popular ano
revela uma produção teórica abundante e de fácil acesso. A
EducaçãoFísica Popular se sustenta quase que exclusivamente numa
“teorização” transmitida oralmenteentre as gerações de trabalhadores
deste país. Boa parte dos documentos (jornais, revistas, etc.)
do movimento operário e popular, que poderiam conter uma
“teorização” ou pelo menor relatosobre as práticas de Educação Física
autônoma dos trabalhadores, não escapou aos olhos e
garrasincineradoras das classes dominantes. Todavia, do material
existente é possível resgatar umaconcepção de Educação Física que,
paralela e subterraneamente, veio historicamente sedesenvolvendo
com e contra as concepções dominantes. A Educação Física Popular
não está preocupe com a saúde pública e também, não pretendeser
disciplinadores de homens e muito menos está voltada para o
incentivo da busca de medalhas.Ela assume um papel de promotores
da organização e mobilização de trabalhadores. Ela entendeque a
educação dos trabalhadores está intimamente ligada ao movimento
de organização declasses populares para embate da prática social ou
melhor para o compromisso cotidiano impostopela luta de classes.
PRATICANDO...
ATIVIDADES...
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