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Boletim Imposto de Renda n° 20 - Outubro/2019 - 2ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.

TRIBUTOS FEDERAIS

VEÍCULOS USADOS
Tributação e Contabilização

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO DE VEÍCULO USADO
3. CONTRATO ESTIMATÓRIO/CONSIGNAÇÃO X CONTRATO DE COMISSÃO
3.1. Contrato Estimatório/Consignação
3.2. Contrato de Comissão
4. GANHO DE CAPITAL
4.1. Lucro Real
4.2. Lucro Presumido
4.3. Simples Nacional
4.3.1. Venda de Bem com Menos de 12 Meses de Aquisição
5. RECEITA OPERACIONAL
5.1. Receita Operacional da Venda de Veículos Usados
5.1.1. Documentação
5.2. Lucro Real
5.2.1. Lucro Real Anual (Estimativa Mensal)
5.2.1.1. Redução do Percentual de Presunção
5.2.2. Lucro Real Trimestral
5.3. Lucro Presumido
5.4. Simples Nacional
5.4.1. Intermediação na Venda de Veículos
5.4.2. Compra e Venda de Veículos
5.4.3. Venda em Consignação - Contrato Estimatório
5.4.4. Venda em Consignação - Contrato de Comissão
6. CONTABILIZAÇÃO
6.1. Ganho de Capital
6.2. Receita Operacional
6.2.1. Compra e Venda de Veículos Usados
6.2.2. Venda por consignação
7. INFORMAÇÕES NA ECF
7.1. Lucro Real
7.2. Lucro Presumido

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo explanar sobre a tributação e contabilização de operações envolvendo a venda de veículos
usados, quando decorrentes de operações de compra e venda ou consignação, bem como nas situações em que o veículo usado
é um bem do ativo imobilizado da entidade.

2. CONCEITO DE VEÍCULO USADO

De acordo com entendimento previsto no relatório complementar da Solução de Consulta Cosit n° 204/2017, o critério para
caracterizar o “uso” de um bem de consumo é o seu aproveitamento pelo consumidor final, atendendo as suas necessidades.

Conforme artigo 2° da Lei n° 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), entende-se como consumidor toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza um produto ou serviço como destinatário final.

Partindo desse princípio, é considerado veículo usado o veículo adquirido pelo consumidor final, sendo ele pessoa física ou
jurídica, e utilizado para atender as suas necessidades.

3. CONTRATO ESTIMATÓRIO/CONSIGNAÇÃO X CONTRATO DE COMISSÃO

3.1. Contrato Estimatório/Consignação


Previsto nos artigos 534 a 537 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil) o contrato estimatório, também conhecido como contrato de
consignação, é a operação em que o proprietário de um bem móvel o entrega a um comerciante (pessoa jurídica), para que ele
realize a sua venda mediante prazo e preço determinados. Esse tipo de operação é comum na atividade de venda de veículos
usados, pois o comerciante não tem necessidade de adquirir o bem para mantê-lo em seu estoque. O pagamento será realizado
ao proprietário somente se o veículo for vendido, caso contrário o comerciante poderá devolvê-lo ao proprietário, sem ônus algum.

No contrato estimatório é transferida apenas a posse do bem ao consignatário (comerciante). O consignante (proprietário do bem)
mantém o domínio do bem consignado enquanto ele não for vendido pelo consignatário.

Por mais que o compromisso estabelecido pelo consignatário seja o de efetuar a venda do bem a terceiros, nada impede que o
consignatário opte pela aquisição do bem, desde que o proprietário também esteja de acordo com a operação.

3.2. Contrato de Comissão

Previsto nos artigos 693 a 709 do Código Civil, o contrato em comissão é o contrato mercantil em que um dos contratantes,
denominado comissário, adquire ou vende bens em nome próprio, mas em proveito de terceiro, denominado comitente.

A operação realizada pelo comissário é remunerada pelo comitente, sendo que o rendimento geralmente é determinado por um
percentual, previamente definido no contrato, aplicado sobre o valor do negócio que for realizado. O valor da remuneração do
comissário é chamado de comissão.

4. GANHO DE CAPITAL

Quando uma pessoa jurídica realiza a venda de bens constantes em seu ativo não circulante, classificados em investimentos,
imobilizado e intangível, deve apurar se há ganho ou perda de capital.

O ganho ou perda de capital é definido pela diferença, positiva (ganho) ou negativa (perda/prejuízo), entre o valor da alienação e o
seu respectivo valor contábil (Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018), artigo 501).

O valor contábil do bem corresponde ao valor registrado na escrituração do contribuinte, diminuído, quando for o caso, da
depreciação, amortização ou exaustão acumulada e das perdas estimadas no valor de ativos (RIR/2018, artigo 501, § 1°).

O ganho de capital será classificado na contabilidade da empresa como Outras Receitas. Caso ocorra perda de capital, o valor
será classificado como Outras Despesas.

4.1. Lucro Real

Na determinação do lucro real e do resultado ajustado, os resultados na alienação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste,
obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo não circulante classificados como investimentos, imobilizado ou
intangível, ainda que reclassificados para o ativo circulante com a intenção de venda serão classificados como ganhos ou perdas
de capital (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigos 39, inciso I e 200).

Assim sendo, o ganho de capital será acrescido a base de cálculo do IRPJ e da CSLL na apuração do lucro real e do resultado
ajustado.

Sobre o ganho de capital obtido não haverá incidência de PIS/Pasep e COFINS, conforme disposto no artigo 1°, § 3°, inciso VI da
Lei n° 10.637/2002 e no artigo 1°, § 3°, inciso II da Lei n° 10.833/2003, respectivamente.

4.2. Lucro Presumido

Na apuração do lucro presumido o ganho de capital auferido na venda do ativo imobilizado é acrescentado diretamente ao lucro
presumido e ao resultado presumido, integrando a base de cálculo do IRPJ e da CSLL do trimestre, conforme artigo 215, § 3°,
inciso I da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.

Não há incidência de PIS/Pasep e COFINS sobre as receitas com o ganho de capital conforme artigo 3°, § 2°, inciso IV da Lei n°
9.718/98.

4.3. Simples Nacional

De acordo com o inciso I do § 5° do artigo 2° da Resolução CGSN n° 140/2018, os ganhos obtidos na venda de bens do ativo
imobilizado não compõem a receita bruta, que é a base de cálculo para tributação no Simples Nacional. Entretanto, para as
empresas tributadas pelo Simples Nacional será considerado ativo imobilizado o ativo tangível (Resolução CGSN n° 140/2018,
artigo 2°, § 6°):

a) disponibilizado para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para locação por outros, para investimento ou
para fins administrativos; e

b) cuja desincorporação ocorra a partir do décimo terceiro mês contado da respectiva entrada.

Assim sendo, uma das condições para que o bem seja considerado ativo imobilizado para fins tributários no Simples Nacional é
que a sua venda somente ocorra a partir do décimo terceiro mês contado a partir da respectiva aquisição.
Caso o bem se enquadre nas condições acima descritas, o rendimento não será adicionado à receita bruta para a apuração do
PGDAS-D. Porém, o ganho de capital obtido na alienação estará sujeito à incidência do imposto de renda conforme a tabela a
seguir (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 314):

Percentual Ganho de Capital


15% Até R$ 5.000.000,00
17,5% De R$ 5.000.000,01 até R$ 10.000.000,00
20% De R$ 10.000.000,01 até R$ 30.000.000,00
22,5% Acima de R$ 30.000.000,00

O imposto de renda deverá ser recolhido utilizando o código DARF 0507, até o último dia útil do mês seguinte ao da percepção dos
ganhos (Ato Declaratório Executivo CODAC n° 90/2007).

Exemplo de apuração do ganho de capital:

Valor de aquisição R$ 200.000,00


Valor da depreciação (R$ 100.000,00)
Valor contábil do bem R$ 100.000,00
Valor da alienação do bem R$ 120.000,00
Apuração do ganho de capital (Valor Alienação - Valor
R$ 120.000,00 - R$ 100.000,00 = R$ 20.000,00
Contábil)
Apuração do imposto devido (15% de R$ 20.000,00) R$ 3.000,00

4.3.1. Venda de Bem com Menos de 12 Meses de Aquisição

Conforme disposto no item 4.3, o tratamento tributário como ganho de capital somente se aplica aos bens que sejam baixados ou
alienados após o décimo terceiro mês de aquisição.

Dessa forma, se a empresa realizar a alienação do bem antes do décimo terceiro mês da sua respectiva entrada a receita total
auferida na venda será tributada através do PGDAS-D, pelo Anexo I da Lei Complementar n° 123/2006, conforme entendimento
emanado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) através da Solução de Consulta Cosit n° 67/2016, nos itens 7.1 ao
7.3 do relatório complementar abaixo transcrito:

7.1. Em suma, o art. 2°, § 4°, da Resolução CGSN n° 94, de 2011, esclarece, conforme já se adiantara, que “a venda de
bens do ativo imobilizado não compõe a receita bruta”; contudo se o bem objeto da venda não satisfizer as condições
para sua classificação no ativo imobilizado, estipuladas nos incisos e no caput do § 5° do art. 2°, a receita da venda desse
bem integrará a receita bruta e, por conseguinte, sobre ela incidirá uma alíquota que, conforme o Anexo I da referida
Resolução, é o resultado da soma dos percentuais dos seguintes tributos: a) da União: IRPJ, CSLL, COFINS,
Contribuição para o PIS/Pasep e CPP; b) do Estado: ICMS.

7.2. Assim, quando a venda do bem integra a receita bruta da pessoa jurídica, conforme o art. 37 da Resolução CGSN n°
94, de 2011, o cálculo do valor devido na forma do Simples Nacional deverá ser efetuado por meio do Programa Gerador
do Documento de Arrecadação do Simples Nacional - Declaratório (PGDAS-D), disponível no Portal do Simples Nacional
na internet:

7.3. Por outro lado, quando a receita decorrente da venda do bem não compõe a receita bruta da pessoa jurídica, ela não
é considerada no “cálculo do valor devido na forma do Simples Nacional” efetuado por meio do PGDAS-D, nem na
“receita bruta acumulada”, para determinação da alíquota a que se refere o artigo 18, § 1°, da Lei Complementar n°
123/2006 (artigo 2°, § 4°, da Resolução CGSN n° 94/2011). Nessa hipótese, como já dito, incidirá apenas o IRPJ, cuja
forma de cálculo e recolhimento será a seguir detalhada.

5. RECEITA OPERACIONAL

As receitas operacionais são as receitas auferidas no exercício das atividades-fim da entidade, isto é, receitas oriundas das
atividades para as quais a empresa foi constituída, previstas em seu contrato social ou estatuto (Decreto-Lei n° 1.598/77, artigo
12).

Já as Outras Receitas são aquelas auferidas em operações esporádicas, não habituais. As outras receitas não são mencionadas
no contrato social ou estatuto da empresa pelo fato de não ser o seu objeto principal.

Entretanto, caso a receita se torne habitual a empresa deverá alterar o contrato social, incluindo a nova atividade como objeto
social para que a receita seja tributada também como receita operacional.

A pessoa jurídica deve indicar com precisão e clareza quais são suas atividades no contrato social conforme descrito na Instrução
Normativa DREI n° 38/2017, Anexo II, item 1.2.12.

5.1. Receita Operacional da Venda de Veículos Usados

De acordo com o artigo 242 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, para fins tributários, as pessoas jurídicas que tenham
como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar as
operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, assim como os valores recebidos como parte do preço da
venda de veículos novos ou usados como operações em consignação.

Nesse caso, a receita bruta é a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado é alienado, constante na nota fiscal de venda, e o
respectivo custo de aquisição, constante na nota fiscal de entrada do bem.

Exemplo de cálculo para identificar a receita da atividade de compra e venda de veículos usados:

Valor da Nota Fiscal de aquisição do veículo R$ 50.000,00


Valor da Nota Fiscal de venda do veículo R$ 55.000,00
Base de cálculo dos tributos federais R$ 5.000,00

5.1.1. Documentação

Nas operações envolvendo a compra e venda de veículos usados, a operação de compra será suportada por uma nota fiscal de
entrada e quando ocorrer a venda do bem será emitido uma nota fiscal de saída, estando a empresa sujeita ao respectivo regime
fiscal aplicável às operações de consignação.

Será necessário manter em boa guarda, à disposição da RFB, o demonstrativo de apuração da base de cálculo dos impostos
federais.

5.2. Lucro Real

Conforme descrito no item 5.1, para fins tributários, as pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos
constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar as operações de venda de veículos usados, adquiridos
para revenda, assim como os valores recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados como operações em
consignação (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 242).

Esta equiparação é utilizada para apurar os tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS/Pasep e COFINS) devidos pela empresa.

5.2.1. Lucro Real Anual (Estimativa Mensal)

As pessoas jurídicas optantes pela tributação pelo lucro real anual devem realizar o recolhimento de antecipações mensais, que
são os pagamentos por estimativa.

Para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, a receita bruta obtida na atividade de compra e venda de
veículos usados (que é a diferença entre o valor da alienação e o respectivo valor de aquisição do veículo), fica sujeita ao
percentual de 32% para o IRPJ e para a CSLL (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 242).

Em relação à tributação do PIS/Pasep e COFINS, conforme previsto no artigo 8° da Lei n° 10.637/2002 e no artigo 10 da Lei n°
10.833/2003, a receita obtida na compra e venda de veículos usados fica sujeita ao regime cumulativo das contribuições. A receita
obtida nessa atividade é tributada pelo regime cumulativo mesmo para as empresas tributadas pelo lucro real.

Dessa forma, no lucro real anual por estimativa mensal a empresa ficará sujeita aos seguintes percentuais:

IRPJ

Percentual de Alíquota Código de DARF Fundamento Legal


Presunção
5993 -
Estimativa Lei n° 9.249/95, artigo 3° e artigo 15, § 1°, inciso III, alínea "a"; Lei n°
32% 15%
Mensal e 2456 - 9.250/95, artigo 40; Lei n° 9.716/98, artigo 5°.
Ajuste Anual
Adicional de Imposto de Renda
Adicional de IRPJ alíquota de 10%, sobre parcela do lucro real que excede o valor resultante da multiplicação de R$
20.000,00 pelo número de meses do período de apuração (Lei n° 9.249/95, artigo 3°, § 1°).

CSLL

Percentual de Alíquota Código de DARF Fundamento Legal


Presunção
2484 -
Estimativa
Lei n° 9.249/95, artigo 20; Lei n° 9.430/96, artigo 28; Lei n° 7.689/88,
32% 9% Mensal e 6773 -
artigo 3°, inciso III; Lei n° 9.716/98, artigo 5°.
Declaração
Ajuste

PIS/Pasep e COFINS

PIS/Pasep COFINS
Código de Código de Fundamento Legal
Alíquota Alíquota
DARF DARF
Lei n° 10.637/2002, artigo 10, inciso VII, alínea "c"; Lei n° 10.833/2003,
0,65% 8109 3% 2172
artigo 10, inciso VII, alínea "c".

A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual deverá levantar um balanço após o final do exercício, compreendendo o período
que vai de 01 de janeiro a 31 de dezembro, apurando o lucro real e calculando o IRPJ e a CSLL devidos (Instrução Normativa RFB
n° 1.700/2017, artigo 31, § 4°).

Do imposto devido são deduzidos os valores dos recolhimentos mensais, do imposto retido e dos incentivos fiscais (Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 34).

5.2.1.1. Redução do Percentual de Presunção

As pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços em geral, que não sejam de profissão regulamentada e cuja receita
bruta não seja superior a R$ 120.000,00, poderão utilizar, para determinação da base de cálculo do imposto de renda, o percentual
de 16% (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 33, § 7°).

Caso a empresa exerça atividades diversificadas, independentemente do montante da receita bruta anual, deverá utilizar o
percentual de presunção destinado a cada tipo de atividade, não sendo possível utilizar o percentual reduzido descrito no
parágrafo anterior (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 242).

Se a receita bruta acumulada até determinado mês ultrapassar o limite de R$ 120.000,00 a pessoa jurídica passará a utilizar o
percentual de 32% e ficará sujeita ao pagamento da diferença do imposto postergado, apurado em relação a cada mês
transcorrido.

A diferença deverá ser recolhida até o último dia útil do mês subsequente àquele em que ocorrer o excesso. Paga dentro desse
prazo, a diferença apurada será recolhida sem acréscimo.

Fora desse prazo haverá incidência de multa e juros (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 33, §§ 7° a 10).

5.2.2. Lucro Real Trimestral

No lucro real trimestral a base de cálculo do IRPJ e da CSLL é o resultado (lucro ou prejuízo) apurado nos períodos trimestrais,
encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, observando a legislação comercial, ajustados pelas
adições, exclusões e compensações autorizadas pela legislação (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigos 31 e 61).

Na apuração pelo lucro real trimestral a pessoa jurídica ficará sujeita as seguintes alíquotas:

IRPJ

Alíquota Código de DARF Fundamento Legal


15% 3373 Lei n° 9.249/95, artigo 3°.
Adicional de Imposto de Renda
Adicional de IRPJ alíquota de 10%, sobre parcela do lucro real que excede o valor resultante da multiplicação de R$
20.000,00 pelo número de meses do período de apuração (Lei n° 9.249/95, artigo 3°, § 1°).

CSLL

Alíquota Código de DARF Fundamento Legal


9% 6012 Lei n° 9.249/95, artigo 20; Lei n° 9.430/96, artigo 28; Lei n° 7.689/88, artigo 3°, inciso III.

PIS/Pasep e COFINS

PIS/Pasep COFINS
Código de Código de Fundamento Legal
Alíquota Alíquota
DARF DARF
Lei n° 10.637/2002, artigo 10, inciso VII, alínea "c"; Lei n° 10.833/2003,
0,65% 8109 3% 2172
artigo 10, inciso VII, alínea "c".

5.3. Lucro Presumido

Para determinar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido que tenham como
objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, é considerado receita bruta das
operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda (inclusive quando recebidos como parte do preço da venda de
veículos novos ou usados) a diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição do veículo. Sobre essa receita bruta,
auferida no período de apuração, aplica-se o percentual de presunção de 32% (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo
242).

Assim sendo, no lucro presumido a atividade de compra e venda de veículos usados será tributada da seguinte maneira:

IRPJ
Presunção Alíquota Código de DARF Fundamento Legal
Lei n° 9.249/95, artigo 3° e artigo 15, § 1°, inciso III, alínea "a"; Lei n°
32% 15% 2089
9.250/95, artigo 40; Lei n° 9.716/98, artigo 5°.
Adicional de Imposto de Renda
Adicional de IRPJ alíquota de 10%, sobre parcela do lucro presumido que excede o valor resultante da multiplicação de
R$ 20.000,00 pelo número de meses do período de apuração (Lei n° 9.249/95, artigo 3°, § 1°).

CSLL

Presunção Alíquota Código de DARF Fundamento Legal


Lei n° 9.249/95, artigo 20; Lei n° 9.430/96, artigo 28; Lei n° 7.689/88,
32% 9% 2372
artigo 3°, inciso III; Lei n° 9.716/98, artigo 5°.

PIS/Pasep e COFINS

PIS/Pasep COFINS
Código de Código de Fundamento Legal
Alíquota Alíquota
DARF DARF
0,65% 8109 3% 2172 Lei n° 9.715/98, artigo 8°, inciso I; Lei n° 9.718/98, artigo 8°.

No lucro presumido aplica-se o disposto no item 5.2.1.1, caso a receita bruta acumulada no ano-calendário não ultrapasse R$
120.000,00.

5.4. Simples Nacional

Para correta tributação no Simples Nacional, a empresa enquadrada deverá identificar corretamente a sua operação, a qual poderá
ser das seguintes formas:

5.4.1. Intermediação na Venda de Veículos

A receita bruta decorrente da prestação de serviços de intermediação de negócios, inclusive nas operações envolvendo compra e
venda de veículos usados, deve ser tributada utilizando as alíquotas previstas no Anexo V da Lei Complementar n° 123/2006.
Entretanto, a tributação será realizada pelo Anexo III também da Lei Complementar quando o fator R apurado for igual ou superior
a 28% (Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 25, § 1°, inciso V).

Para maiores detalhes em relação à apuração do Fator R, sugerimos o boletim Fator R - Apuração.

Na atividade de intermediação de compra e venda de veículos usados, a receita bruta é o preço dos serviços prestados de
intermediação, excluídas apenas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos conforme dispõe a Solução de
Consulta Cosit n° 42/2017.

5.4.2. Compra e Venda de Veículos

A receita bruta obtida no exercício da atividade de compra e venda de veículos usados, nas operações de conta própria, é
tributada pelo Anexo I da Lei Complementar n° 123/2006. Para as empresas tributadas pelo Simples Nacional a receita obtida na
atividade de compra e venda de veículos usados não é equiparada a operação em consignação prevista no artigo 5° da Lei n°
9.716/98. Sendo assim, a receita bruta é o produto da venda de veículos usados, excluídas apenas as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos.

5.4.3. Venda em Consignação - Contrato Estimatório

A venda de veículos usados em consignação, mediante contrato estimatório (artigos 534 a 537 do Código Civil) não se equipara a
intermediação de negócios. Dessa forma, a receita bruta decorrente do exercício dessa atividade é o produto da venda a terceiros
dos bens recebidos em consignação, excluídas apenas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos e deve
ser tributada pelo Anexo I da Lei Complementar n° 123/2006 (Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 25, § 16, inciso II).

5.4.4. Venda em Consignação - Contrato de Comissão

A venda de veículos usados em consignação, mediante contrato de comissão (artigos 693 a 709 do Código Civil) se equipara
intermediação de negócios. Dessa forma, a receita bruta decorrente do exercício dessa atividade é a comissão e deve ser tributada
pelo Anexo III da Lei Complementar n° 123/2006 (Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 25, § 16, inciso I).

6. CONTABILIZAÇÃO

O ganho de capital será contabilizado como Outras Receitas, no resultado da empresa. Caso seja apurado perda de capital, o
valor será classificado como Outras Despesas, ressalvadas as disposições especiais, segundo os itens 136 e 137 do Comunicado
Técnico n° 02 aprovado pela Resolução CFC n° 1.157/2009.

6.1. Ganho de Capital

Independentemente do regime tributário adotado, a contabilização da baixa do ativo imobilizado pela sua venda será realizada da
seguinte maneira (NBC TG 27 - Ativo Imobilizado)
Pela contabilização do Ganho de Capital seriam realizados os seguintes lançamentos:
D- Caixa, Bancos ou Clientes - Disponibilidades (Ativo Circulante)
C- Ganho na Alienação de Bens - Outras Receitas Operacionais (Conta de Resultado)

Pela Baixa do Bem do Ativo Imobilizado:


D- Ganho na Alienação de Bens - Outras Receitas Operacionais (Conta de Resultado)
C- Imobilizado (Ativo Não Circulante)

Pela Baixa da Depreciação:


D- Depreciação/Exaustão/Amortização Acumulada - Conta Redutora (Ativo Não Circulante)
C- Ganho na Alienação de Bens - Outras Receitas Operacionais (Conta de Resultado)

6.2. Receita Operacional

Quando a empresa exercer atividade de venda de veículos usados, é preciso observar as seguintes situações:

1°) quando ela compra e vende os veículos usados; e

2°) quando a empresa efetua a venda em consignação (contrato estimatório ou em comissão).

6.2.1. Compra e Venda de Veículos Usados

Na atividade de compra e venda de veículos usados será aplicada a seguinte contabilização (NBC TG 16 - Estoques):

Pela aquisição do veículo:


D- Estoque (Ativo Circulante)
C- Caixa ou Bancos - Disponibilidades (Ativo Circulante) ou Fornecedores (Passivo Circulante)

Pelo reconhecimento receita na venda:


D- Caixa, Bancos ou Clientes (Ativo Circulante)
C- Receita com Vendas - (Conta de Resultado)

Pelo reconhecimento dos custos:


D- Custo da Mercadoria Vendida (CMV) (Conta de Resultado)
C- Estoque (Ativo Circulante)

6.2.2. Venda por consignação

No consignatário (vendedor) teremos os seguintes lançamentos contábeis (Resolução CFC n° 1.330/2011, itens 29 e 30):

Pela contabilização da entrada dos veículos em consignação:


D- Veículos de Terceiros em Consignação (Conta de Compensação Ativa)
C- Veículos de Terceiros em Consignação (Conta de Compensação Passiva)

Pela contabilização da venda dos veículos consignados:


D- Caixa ou Equivalentes de Caixa/Clientes (Ativo Circulante)
C- Receita com Vendas (Conta de Resultado)
C- Valores/Obrigações com Consignante (Passivo Circulante)

Pela baixa dos veículos vendidos em consignação:


D- Veículos de Terceiros em Consignação (Conta de Compensação Passiva)
C- Veículos de Terceiros em Consignação (Conta de Compensação Ativa)

Pelo pagamento/repasse do valor recebido ao consignante, dono do veículo consignado que foi vendido:
D- Valores/Obrigações com Terceiros (Passivo Circulante)
C- Caixa, Bancos ou Clientes (Ativo Circulante)

7. INFORMAÇÕES NA ECF

De acordo com o artigo 1° da Instrução Normativa RFB n° 1.422/2013, a partir de 2014, todas as pessoas jurídicas, inclusive as
equiparadas, exceto as elencadas no § 2° do referido artigo, devem apresentar a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) de forma
centralizada pela matriz.

A seguir serão apresentadas informações de como a venda de veículos usados será demonstrada na ECF.

7.1. Lucro Real

Primeiramente é importante lembrar que as empresas tributadas pelo lucro real são obrigadas a realizar a Escrituração Contábil
Digital (ECD), conforme artigo 3° da Instrução Normativa RFB n° 1.774/2017. Na escrituração contábil da empresa, tanto a receita
da atividade de venda de veículos usados quando o custo do veículo vendido compõe o resultado da entidade (DRE).
Já na escrituração da ECF, a ECD transmitida deverá ser recuperada na ECF. As informações recuperadas da ECD integram o
Bloco C da ECF, sendo os saldos e contas da ECD utilizados para preenchimento inicial da ECF. Dessa forma, como o custo do
produto vendido já é considerado na apuração do resultado contábil, o valor reduz naturalmente a base do IRPJ e da CSLL na
ECF, que será apurado nos Blocos M e N.

Cabe lembrar que o custo do produto vendido é deduzido na apuração do lucro operacional da empresa, lucro este que compõe a
apuração do lucro real e do resultado ajustado (bases de cálculo do IRPJ e da CSLL respectivamente) (RIR/2018, artigo 290).

7.2. Lucro Presumido

Conforme descrito no item 5.3, na apuração das empresas do lucro presumido cujo objeto social é a venda de veículos usados, a
receita da atividade corresponde à diferença entre o valor de alienação do veículo e o seu respectivo custo de aquisição.

A forma de apuração da receita bruta nesse caso é diferenciada, tendo em vista que a regra geral do cálculo da presunção do lucro
acontece com base na receita bruta auferida na atividade da empresa, sem qualquer dedução.

Entretanto, sobre a apuração diferenciada que ocorre na venda de veículos usados, até o presente momento não há uma
orientação específica em relação ao preenchimento da ECF das empresas tributadas pelo lucro presumido que atuam nesse ramo
de atividade no manual de preenchimento da ECF.

Dessa forma, para que ocorra o preenchimento da ECF considerando a receita da atividade de venda de veículos usados
corretamente, conforme descrita no primeiro parágrafo, é indicado que seja realizado ajustes nos seguintes registros:

- K355: Este registro corresponde aos saldos finais das contas contábeis de resultado antes do encerramento. Nesse registro é
preciso localizar a conta que representa a receita bruta da atividade de venda de veículos usados e ajustar o seu saldo final, para
que corresponda à diferença entre o valor da alienação e o custo de aquisição de veículos usados.

- K356: Este registro corresponde ao mapeamento referencial dos saldos finais das contas contábeis de resultado antes do
encerramento. Assim como no registro K355, o saldo final da conta nesse registro também deverá ser alterado para o mesmo valor
informado no registro K355.

Depois das alterações realizadas nos registros K355 e K356, a empresa deverá realizar a validação da ECF. Após a validação será
apresentada uma mensagem de erro, indicando a necessidade de preenchimento do registro K935. No campo 10 desse registro
será necessário justificar a divergência apresentada entre os saldos contábeis das contas de resultado recuperados da ECD e os
saldos informados nos registros K355 e K356. A justificativa deve conter entre 20 a 500 caracteres.

Após o preenchimento da justificativa no registro K935, o erro anteriormente apresentado na validação se torna um aviso,
permitindo que a ECF seja enviada (Manual de Orientação do Leiaute 5 da ECF, páginas 135,137 e 142).

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autor: Equipe Técnica Econet Editora

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