Você está na página 1de 132

SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

1
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Apresentação

Nesta primeira Unidade, trataremos de elencar os principais


componentes do sistema de transmissão do veículo. Além
disso, serão mostradas as funções de cada um desses
componentes.

Força na tração!

2
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Objetivos

 Apresentar os principais componentes do sistema de


transmissão.

 Conhecer a função de cada componente principal do sistema


de transmissão.

3
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Introdução
O motor produz o torque, mas como ele é distribuído?
O que existe entre o motor e as rodas?
Como a força chega às rodas?
Como é ampliado ou reduzido o torque do motor?

Para essas e outras perguntas, temos as respostas ao


longo da nossa lição.

Vamos aprender?

4
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Os componentes básicos do sistema de transmissão de um
caminhão são:
 Embreagem;
 Caixa de marcha ou câmbio;
 Cruzetas;
 Eixo cardan ou árvore de transmissão;
 Rolamento central;
 Diferencial; e
 Semi-eixo.
5
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Embreagem
A embreagem serve para ligar e desligar a força do motor para a
transmissão.
A embreagem é o mecanismo utilizado nos veículos para
transmitir a rotação do volante do motor para as engrenagens
da caixa de marcha, que, por sua vez, desmultiplicará essa
rotação (de acordo com a engrenagem - ou mudança -
selecionada) e a transferirá para o diferencial através do eixo
cardan ou árvore de transmissão

6
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
A transmissão entre o volante do motor, fixado
por meio de parafusos à cambota, e a caixa de
marcha dá-se por meio da pressão do disco de
embreagem.
O disco de embreagem é fabricado em aço de
elevada tenacidade, cujas faces estão revestidas
com um material de fricção, contra o volante do
motor.

7
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão

Quando o disco está fixado contra o volante, a força de aperto


deverá ser suficientemente grande para não permitir
deslizamentos entre as duas superfícies.

8
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio
A caixa de marcha, também chamada
de caixa de câmbio ou caixa de
velocidades, serve para adequar o
torque do motor com a necessidade de
torque exigida pelo veículo.
Caixa de Câmbio Volvo VT2412B

9
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio

A caixa de marcha serve para desmultiplicar a rotação do


motor para o eixo diferencial ou diretamente para as
rodas, de forma a transformar a potência do motor em
força ou velocidade, dependendo da necessidade.

10
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio
Em linhas gerais, quanto maior a rotação do motor em relação
à rotação do eixo, maior será a força e, quanto menor a
rotação do motor em relação à rotação do eixo, maior será a
velocidade.
A cada marcha ou velocidade da caixa de marcha, a proporção
entre a rotação do motor e a rotação do eixo varia
solidariamente. Normalmente, esta proporção expressa-se,
tecnicamente, por 10:1, 9:1, 1:1.05, 1:8, e assim por diante.
11
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão
Componentes Principais do Sistema de
Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio

Assim, uma caixa de velocidade é um multiplicador de


força e/ou velocidade do motor.

Na caixa de marcha, existem, em geral, duas séries principais de


carretos de engrenagem:
 Veio principal: recebe do volante do motor a rotação do motor por
intermédio da embreagem; e
 Veio secundário (de saída): transmite um submúltiplo dessa rotação ao
eixo cardan.

12
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão
Componentes Principais do Sistema de
Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio
Os carretos de engrenagem do veio principal encontram-se em
rotação livre, o que permite que, em ponto morto, ou seja, sem
velocidade engatada, não ocorra a transferência da rotação.
Já os carretos do veio secundário (à exceção de um carreto
isolado, o de marcha-ré) encontram-se firmemente ligados ao
veio secundário. A cada carreto de engrenagens do veio primário
corresponde a um outro carreto de engrenagens, devidamente
engatado, do veio secundário.

13
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Caixa de marcha ou câmbio

São as dimensões dos carretos de engrenagens que


determinam a proporção da multiplicação ou
desmultiplicação da força desejada no eixo cardan.

14
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Cruzetas
As cruzetas, também chamadas de
juntas universais ou juntas de
cardan, servem para fazer a
compensação do eixo cardan,
quando este oscila, paralelamente,
em relação ao plano ideal.

15
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Cruzetas

As cruzetas são uma junção de acoplamento de um eixo


que transfere o movimento em outra direção sem
modificar o sentido de giro.
Basicamente, constituem um par de dobradiças
articuladas, entre si, mas que por meio de um eixo comum
a ambas (eixo cardan), ortogonalmente posicionado,
modifica a direção desse movimento.

16
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Eixo Cardan ou Arvore de Transmissão
O eixo cardan ou árvore de
transmissão é o componente que
faz a ligação entre a força da
caixa de marcha e o diferencial.
Sua ponta estriada desliza
dentro de uma luva também
estriada, compensando a
flexibilidade da suspensão.
17
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Rolamento central

O rolamento central serve para quando o sistema de transmissão


exigir dois cardans, sendo que um destes deverá portar em uma
das pontas um rolamento montado internamente em uma
borracha, que é fixada a um suporte do chassi ou na plataforma.

O rolamento central serve de mancal intermediário para os


eixos cardans.

18
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Diferencial
O diferencial serve para proporcionar a
diferença de giro das rodas nas curvas,
evitando o arrastamento dos pneus.

O diferencial tem a função de transferir e


distribuir uniformemente o torque a dois
semi-eixos, possibilitando a cada um
deles uma gama de velocidade e
rotações diferentes.
19
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
O diferencial possibilita a transmissão da rotação
igual aos semi-eixos, independentemente das suas
velocidades de rotação.

Diferencial Caterpillar 773b

20
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Componentes Principais do Sistema de


Transmissão
Semi-eixo
O semi-eixo tem a finalidade de transmitir o
torque do diferencial às rodas.
O semi-eixo é constituído por uma barra
de aço, cilíndrica, com extremidades
que articulam por meio de uma junta
denominada homocinética.
Uma das extremidades do semi-eixo é estriada e encaixada nas
planetárias, e a outra extremidade é parafusada no cubo das rodas.

21
Unidade 1. Componentes Principais do Sistema de
Transmissão

Considerações finais

Conforme foi apresentado nesta Unidade, vimos os


principais componentes do sistema de transmissão
do veículo, bem como suas funções.
A partir desse aprendizado, já sabemos, por exemplo, que as
cruzetas são uma junção de acoplamento de um eixo que
transfere o movimento em outra direção sem modificar o sentido
de giro.

22
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Apresentação

Nesta segunda Unidade do curso, iremos aprender sobre o eixo


cardan, sua função e seus principais componentes.

23
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Objetivos

 Conhecer a função do eixo cardan.

 Apresentar os principais componentes do eixo cardan e suas


correspondentes funções.

24
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Introdução

O eixo cardan tem esse nome devido ao italiano Geronimo


Cardano, que o inventou, nos idos do século XVI.

Assim como você, Jovem Aprendiz, Cardano tinha a curiosidade


de entender como fazer para levar a força gerada pelo motor às
rodas.

25
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Função do Eixo Cardan

De acordo com Spicer (2006), a função básica do eixo


cardan é transmitir a energia gerada pelo motor para o
diferencial, e, por sua vez, o diferencial irá transferir
esta energia recebida do eixo cardan para as rodas.

O eixo cardan também é chamado de árvore de transmissão e,


em terrenos irregulares, por exemplo, o eixo traseiro balança muito
e a força tem que continuar chegando às rodas sem perda de
potência.

26
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Função do Eixo Cardan

Geralmente, o eixo cardan está apoiado em um suporte


(mancal), que fica debaixo do caminhão. Nas extremidades do
eixo cardan, existem conexões, chamadas de juntas universais,
em que estão as cruzetas.

São as cruzetas que dão aos eixos cardans a


capacidade de transmitir força do motor para o
diferencial em diferentes ângulos.

27
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Função do Eixo Cardan


Além de transmitir a força em ângulo,
permitido pelas juntas universais, o
eixo cardan também precisa ter a
capacidade de se encolher e
expandir, conforme a oscilação
vertical do diferencial. E, para isso, o
Ilustração de um eixo cardan
conjunto de luvas e ponteiras (ou e as juntas universais.
pontuvas e luveiras), localizado no
meio do cardan, é que permite este
movimento.
28
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Principais Componentes do Eixo Cardan

O eixo cardan é composto, geralmente, de flange, cruzeta,


luva, ponteira, tubo, garfo, cruzeta e flange.

Em alguns casos, dependendo da distância entre a caixa de


câmbio e o diferencial, apenas um único eixo cardan não
permite o correto funcionamento sem transmitir vibração para
o veículo.

29
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Principais Componentes do Eixo Cardan

Para corrigir o problema de transmissão da


vibração para o veículo, foi desenvolvido um
sistema que utiliza dois cardans menores e, para
apoiar estes cardans, é utilizado o mancal
central.

30
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Principais Componentes do Eixo Cardan

Principais componentes do eixo cardan.

31
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Cruzeta

As cruzetas são as responsáveis por permitir que o eixo cardan


transmita a força da caixa de câmbio para o diferencial, pois a
caixa de câmbio está em nível acima do diferencial.
O corpo principal das cruzetas é formado por dois
eixos em forma de cruz. As extremidades são
chamadas de espigas (ou munhões) e em volta das
espigas existem roletes, que são mantidos por uma
capa, também chamada de castanha.

32
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Cruzeta

É o conjunto castanha-rolete que permite a transmissão de


força de um eixo para outro em ângulo.
As cruzetas se unem ao cardan por meio de garfos e
flanges ou garfos e terminais. O conjunto formado
por estes componentes mais a cruzeta chamamos de
junta universal.
As cruzetas podem ser fixadas por anéis-trava ou
braçadeiras, dependendo do seu tipo de aplicação.

33
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Cruzeta

Ilustração de uma cruzeta e seus componentes.

34
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Junta Deslizante

Para Spicer (2006), a luva e a ponteira deslizante se encaixam


e, deslizando uma dentro da outra, permitem que o cardan varie
o comprimento sem interferir no seu movimento.

Algumas das ponteiras podem receber, no


entalhado, um revestimento chamado Glidecote,
que, além de eliminar as folgas, chega a reduzir o
atrito em até 75%. Isso significa muito mais vida útil
para todo o conjunto.

35
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Luveira e Pontuva
A luveira e a pontuva têm a mesma
função do conjunto luva e ponteira.
Porém, dependendo do projeto do eixo
cardan, é utilizado o conjunto luveira e
pontuva.
 A luveira nada mais é que uma luva com o entalhado
deslizante igual ao da ponteira.
 E a pontuva nada mais é que uma ponteira com o
entalhado deslizante igual ao da luva, daí os nomes luveira
e pontuva.
 Ou seja, ao invés de a ponteira deslizar dentro da luva, a
luveira é que desliza dentro da pontuva.

36
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Ponteira Fixa

A ponteira fixa é utilizada para acoplar o terminal do eixo


cardan.

Utilizada quando o veículo requer mais de um eixo cardan.

37
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Terminal do Eixo Cardan

O terminal do eixo cardan é utilizado, normalmente, em


caminhões com mais de um cardan, constituindo a ligação entre
eles.

Também, o terminal do eixo cardan é utilizado na saída


do câmbio e do diferencial.

38
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Garfo

O garfo faz o acoplamento do tubo do eixo cardan à cruzeta.

39
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Flange

O flange (isso mesmo! É um substantivo masculino) é


também conhecido como flange de orelha, e tem a
função de realizar o acoplamento da cruzeta com o
flange de entrada do câmbio ou o flange de
acoplamento.

40
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Flange de acoplamento

O flange de acoplamento é também utilizado na saída da caixa


de câmbio e/ou diferencial.

Este flange é utilizado juntamente com o flange (flange de


orelha).

41
Unidade 2. O Eixo Cardan – Parte 1

Considerações Finais

A função básica do eixo cardan é transmitir a


energia gerada pelo motor para o diferencial, e, por
sua vez, o diferencial irá transferir esta energia
recebida do eixo cardan para as rodas.

Já sabemos também que as cruzetas se unem ao cardan por


meio de garfos e flanges ou garfos e terminais. O conjunto
formado por estes componentes mais a cruzeta chamamos de
junta universal.

42
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Apresentação

Nesta terceira Unidade, continuaremos a nossa aprendizagem


acerca do eixo cardan.

Veremos como os eixos cardans podem ser arranjados nos


caminhões e alguns detalhes de sua manutenção.

43
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Objetivos
 Apresentar o arranjo dos eixos cardans ou das árvores de
transmissão.

 Conhecer sobre a rotação crítica das árvores de transmissão,


acoplamento e ângulo de rotação.

 Entender a necessidade do mancal de apoio.

 Apresentar os principais aspectos da manutenção do eixo cardan.

44
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Arranjo dos Eixos Cardans ou das Árvores de


Transmissão

Os caminhões, usualmente, possuem um ou dois eixos cardans


ou árvores transmissão conectando a caixa de marcha ao
primeiro eixo traseiro.
Se o veículo possuir apenas uma árvore de
transmissão, normalmente, ela será chamada de
árvore de transmissão principal. Esta árvore
possui uma junta extensível (entalhado).

45
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Arranjo dos Eixos Cardans ou das Árvores de


Transmissão

Se o veículo possuir duas árvores de transmissão, em regra,


elas terão a seguinte designação:

 A árvore de transmissão que estiver conectada na caixa de


marcha será chamada de primeira árvore de transmissão
e sempre irá possuir um mancal de apoio.
 A árvore de transmissão que estiver conectada no eixo
traseiro será chamada árvore de transmissão principal.
Esta árvore terá uma junta extensível (entalhado).
46
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Arranjo dos Eixos Cardans ou das Árvores de


Transmissão
De acordo com a Volvo (2005), em casos especiais, os
caminhões podem ser montados com até três árvores
de transmissão, dependendo do entre-eixos a ser
definido.
Quando isso acontece, uma árvore de transmissão - chamada
segunda árvore de transmissão - é adicionada entre a primeira
árvore e a árvore principal. Esta segunda árvore de transmissão
tem as mesmas características da primeira árvore.

47
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Arranjo dos Eixos Cardans ou das Árvores de


Transmissão

A - primeira árvore de transmissão


B - mancal de apoio
C - árvore de transmissão principal
D - eixo traseiro
Caminhão com dois eixos cardans ou
árvores de transmissão.

A instalação da árvore de transmissão é feita por meio de uma


combinação de variantes que dependem da especificação do
veículo.
48
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Rotação crítica das árvores

Para evitar que as árvores de transmissão atinjam as rotações


críticas, o comprimento das mesmas não deve exceder
determinados valores. Por isso, cada fabricante de veículos
determina suas próprias dimensões das árvores de
transmissão.

Se as rotações críticas forem atingidas, a flexão da árvore de


transmissão aumentará rapidamente até a quebra, danificando
os componentes e a estrutura do conjunto.

49
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Rotação crítica das árvores

Especialmente no Brasil, a análise da adequação da


rotação crítica para determinado veículo não pode ser
baseado apenas na rotação máxima gerada pelo motor,
porque é muito comum o uso de “banguela” nas decidas,
submetendo a árvore de transmissão à rotação superior a 30%
da velocidade máxima do veículo.

50
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Acoplamento das árvores

De acordo com a Volvo (2005), nas árvores de transmissão com


juntas extensíveis (árvore de transmissão principal), os
acoplamentos frontais e traseiros devem estar em fase um com
o outro, isto é, com um deslocamento angular relativo de 00.

Quando o veículo possuir primeira e segunda árvore de


transmissão, deve-se proceder conforme a ilustração a seguir.

51
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Acoplamento das árvores

Exemplos de acoplamentos de árvores de transmissão e deslocamentos angulares.

52
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Ângulos dos acoplamentos

O ângulo do acoplamento é o ângulo entre o


eixo de entrada e o eixo de saída de uma árvore
de transmissão.

O eixo da caixa de mudanças é a entrada no primeiro


acoplamento e o ângulo no último acoplamento é o ângulo
entre a última árvore de transmissão e a inclinação do eixo
traseiro.

53
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Ângulos dos acoplamentos

Consulte sempre o fabricante do caminhão acerca


dos ângulos de acoplamento corretos, visto que
ângulos distintos aos recomendados pelo
fabricante podem causar desde a danificação das
pistas dos rolamentos de agulhas até torque de flexão
excedido na cruzeta, diminuindo a vida útil do sistema de
transmissão.

54
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Mancal de apoio
A instalação do mancal de apoio também influencia diretamente
na posição angular da árvore.
Em consonância com a Volvo (2005), a posição angular da
árvore é determinada pela posição de montagem do suporte V e
H fixados na travessa intermediária do veículo.
O suporte V possui diversos furos alinhados no sentido vertical.
Dependendo do furo escolhido, aumenta-se ou diminui-se a
altura da árvore de transmissão a partir da face da longarina, ou
seja, este suporte define a posição vertical da árvore.

55
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Mancal de apoio

Mancal de apoio da árvore de transmissão.

Já o suporte H possui alguns furos alinhados no sentido


horizontal. Estes furos permitem a centralização da árvore entre as
longarinas, ou seja, este mancal define a posição horizontal da
árvore de transmissão.
56
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Mancal de apoio

Se o mancal de apoio for fixado por furos errados, o


que significa posição angular da árvore errada, não
haverá homocinetismo do conjunto, ou o
funcionamento correto da junta homocinética.

A junta homocinética ou junta de velocidade


constante é uma junta - acoplamento elástico - com a
mesma função de uma junta universal, mas construída
com uma cúpula e com esferas em rolamentos.

57
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Manutenção do Eixo Cardan

Para a Spicer (2006), a lubrificação dos componentes do eixo


cardan é crucial para sua durabilidade.

Uma graxa com características de extrema pressão (EP) deve


ser utilizada nos intervalos recomendados pelo fabricante.
Esses intervalos variam conforme o tipo e a utilização do
caminhão.

58
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Manutenção do Eixo Cardan

Para saber mais sobre a manutenção do eixo cardan


e lubrificação, leia o manual de lubrificação de eixo
cardan. Consulte sempre o catálogo de aplicações do
fabricante.

59
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Manutenção do Eixo Cardan


Quando for necessário substituir algum componente
do cardan (garfo, mancal, cruzeta, flange), nunca se
baseie apenas na semelhança entre as peças, pois
sua construção leva em conta várias especificações,
como torque, comprimento do eixo, velocidade, entre
outras características do veículo.

Uma aplicação errada é suficiente para o caminhão apresentar


vibrações e ruídos que comprometem a durabilidade e eficiência
do conjunto.

60
Unidade 3. O Eixo Cardan – Parte 2

Considerações finais

Assimilamos sobre o arranjo dos eixos cardans ou


das árvores de transmissão, lembrando que
devemos prestar atenção à rotação crítica das
árvores de transmissão, seu acoplamento e ângulo
de rotação.
Mais do que isso, entendemos a necessidade do mancal de
apoio e já sabemos os aspectos básicos da manutenção básica
no eixo cardan, devendo sempre que necessário consultar o
catálogo do fabricante.

61
Unidade 4. O Diferencial

Apresentação

Nesta quarta Unidade, desbravaremos o entendimento do


diferencial, sua função e principais componentes. Também,
vamos aprender sobre a relação de transmissão de força no
diferencial.

Faça também a diferença: seja um Técnico em Mecânica que


aprende e aplica!

62
Unidade 4. O Diferencial

Objetivos

Os objetivos desta unidade são:

 Apresentar a função do diferencial, seus principais


componentes e funções.
 Conhecer a relação de transmissão de força do
diferencial e sua alteração.
 Entender a importância dos satélites e planetárias e os
tipos de diferencial.
 Saber a relevância da lubrificação correta do diferencial.

63
Unidade 4. O Diferencial

Introdução

Onesiphone Pecqueur, um parisiense, já sonhava com um


veículo tracionado por duas rodas ligadas por um eixo. Contudo,
havia um problema: como o eixo era rígido, ao fazer uma curva,
a roda de dentro da curva tinha a mesma velocidade da roda de
fora da curva, o que acarretava o deslizamento do veículo.

Até que, em 1827, esse mesmo parisiense Pecqueur


revolucionou o recém-nascido mundo automobilístico com sua
invenção: o diferencial.

64
Unidade 4. O Diferencial

Função do Diferencial
A função principal do diferencial é conseguir compensar a
diferença de percurso das rodas em uma curva – por isso
chamado de diferencial - por meio de engrenagens, sem perder a
tração.
Ao fazer uma curva, a roda do veículo do lado externo
ao da curva percorre uma distância maior que a roda do
lado interno. Se essa distância não for compensada,
haverá um arrasto da roda que está no lado interno da curva, o
que provoca desgaste excessivo dos pneus e dificuldade para
controlar o veículo.
65
Unidade 4. O Diferencial

Função do Diferencial

De acordo com a Spicer (2006), além desta função, o


diferencial serve como meio redutor da força exercida
pela caixa de câmbio.

A potência gerada pelas rotações do motor é transmitida


para a caixa de câmbio, onde as mudanças de marcha
selecionadas pelo motorista resultam em maior ou menor
velocidade na condução do veículo.

66
Unidade 4. O Diferencial

Função do Diferencial

No entanto, uma nova adequação dessa velocidade é


necessária antes de chegar às rodas e impulsionar o veículo
com força suficiente para vencer a inércia. Essa relação final da
transmissão acontece no diferencial pela combinação de duas
engrenagens: a coroa e o pinhão.

Eixo diferencial.

67
Unidade 4. O Diferencial

Função do Diferencial
E não é só isso, Jovem Aprendiz: o diferencial
também tem a função de mudar em 90 graus o
sentido da transmissão vinda do eixo cardan ou árvore
de transmissão.

O eixo cardan gira no sentido do comprimento do


veículo, e é o diferencial o responsável por alterar em
90 graus o sentido deste movimento, fazendo girar o
eixo traseiro e as rodas do veículo.

68
Unidade 4. O Diferencial

Principais Componentes do Diferencial


O diferencial é composto por um conjunto de engrenagens
denominadas coroa e pinhão e satélites e planetárias, além dos
semi-eixos.
O pinhão recebe os movimentos diretamente da saída do
câmbio nos veículos com tração traseira, sendo que nessa
configuração os componentes do conjunto diferencial
compartilham a mesma carcaça da caixa de câmbio.

Nos veículos onde as rodas motrizes são as traseiras, o pinhão


recebe as rotações por meio do eixo cardan.

69
Unidade 4. O Diferencial

Entendendo a Relação do Diferencial


O número de dentes da coroa dividido pelo número de
dentes do pinhão resulta o que chamamos de relação
final de transmissão ou simplesmente relação do
diferencial.

Se a coroa tem 40 dentes e o pinhão 10, dizemos que a


relação do diferencial é 4,1:1, ou seja, a velocidade que
o pinhão recebeu do eixo cardan foi reduzida 4 vezes
antes de chegar às rodas. Isto quer dizer que, quanto
menor a velocidade, maior a força do veículo.

70
Unidade 4. O Diferencial

Entendendo a Relação do Diferencial


Uma das dúvidas mais comuns dos Técnicos em Manutenção é
saber qual a diferença entre duas relações para o mesmo modelo de
eixo; Assim, suponhamos que temos dois kits coroa e pinhão: um
com relação 4,56 (41x9), e outro com relação 4,78 (43x9). A
diferença entre estes dois kits é que o kit com relação 4,56 gera mais
velocidade e menos força para o veículo que o kit com relação 4,78,
que gera mais força e menos velocidade.
Em outras palavras, o kit que tem maior relação gera mais
força e menos velocidade para o veículo do que um kit com
relação menor.
71
Unidade 4. O Diferencial

Alteração da Relação do Diferencial

É possível alterar a relação do eixo diferencial do seu cliente,


desde que você se atente à qual caixa ele está utilizando.
Caso seu cliente quisesse alterar a relação de seu veículo, com
a mesma caixa, não haveria problema, pois a caixa do
diferencial é a mesma.

Agora, se a caixa do diferencial fosse diferente, para


alterar a relação do diferencial, é necessário substituir a
sua caixa.
72
Unidade 4. O Diferencial

Satélites e Planetárias

A coroa é fixada por parafusos ao conjunto de


engrenagens satélites e planetárias – também
conhecido como caixa das satélites – e essas são
ligadas diretamente aos semi-eixos, que transmitem o
movimento às rodas.

Quando o veículo está em linha reta, a coroa aciona os satélites


e as planetárias como um bloco único, dividindo a força por igual
entre os semi-eixos onde estão conectadas as rodas.

73
Unidade 4. O Diferencial

Satélites e Planetárias

Ao fazer uma curva, as forças que atuam na roda do lado


interno da curva aumentam, acionando os satélites, que
passam a girar em torno do seu próprio eixo, fazendo com que
a velocidade de rotação da roda interna seja diferente da
externa e evitando o arrasto das rodas.

74
Unidade 4. O Diferencial

Tipos de Diferenciais
Para a Spicer (2006), há dois tipos de diferenciais: o
convencional, denominado Open Type, e o de
deslizamento limitado ou autoblocante, denominado
Trac-Lok.

O diferencial convencional equipa a maioria dos veículos e


funciona muito bem em pavimentos com boa aderência, porém,
em situações em que as condições de tração não são
favoráveis, como lama ou areia, por exemplo, se uma das rodas
começar a patinar, as chances do veículo atolar serão maiores.

75
Unidade 4. O Diferencial

Tipos de Diferenciais

Isso acontece porque a transferência de torque do diferencial


convencional é sempre direcionada para a roda com menor
tração.

Com os diferenciais Trac-Lok, a transferência de torque


é feita para a roda com maior aderência. Com isso,
diminuem as chances de as rodas de tração patinarem,
o que aumenta a segurança em situações críticas de
rodagem.

76
Unidade 4. O Diferencial

Tipos de Diferenciais
Os componentes que caracterizam o sistema Trac-Lok são os
discos de fricção instalados juntos às engrenagens planetárias,
que entram em ação automaticamente sempre que se detecta
perda de tração em um dos semi-eixos.

Discos de fricção do sistema Trac-Lok.

77
Unidade 4. O Diferencial

Óleo do Diferencial

Um dos problemas mais frequentes e comuns de atendimento


pelo Técnico em Mecânica é o uso incorreto do óleo
diferencial.

Para cada tipo de eixo diferencial, existe um óleo


específico, que garante o correto funcionamento dos
componentes do eixo.

78
Unidade 4. O Diferencial

Óleo do Diferencial
A razão de os eixos blocantes utilizarem um óleo
diferente do convencional é porque o óleo lubrificante
necessita receber uma porcentagem de um aditivo
modificador de atrito, para que não danifique os discos
de fricção do eixo diferencial.

Caso seja aplicado um óleo para eixo convencional em um eixo


blocante, este danificará os entalhados dos discos de fricção,
fazendo perder sua eficiência.

79
Unidade 4. O Diferencial

Considerações finais
Entendemos que o diferencial serve como meio
redutor da força exercida pela caixa de câmbio,
impedindo o arrastamento das rodas. Além disso, o
sentido da transmissão vinda do eixo cardan, sendo
o responsável por fazer girar o eixo traseiro e as
rodas do veículo.

Agora, também estamos atentos para o fato de que, para cada


tipo de eixo diferencial, existe um óleo específico, que garante o
correto funcionamento dos componentes do eixo.

80
Unidade 5. Caixa de Marchas

Apresentação

Nesta quinta Unidade, entraremos dentro da caixa de marchas.

Aprenderemos sobre a força de tração e sua relação com as


engrenagens da caixa de marchas, sua função básica, tipos e
alguns detalhes de sua manutenção.

81
Unidade 5. Caixa de Marchas

Objetivos
 Conhecer sobre a força de tração e a relação com as
engrenagens da caixa de marchas.

 Apresentar a função básica da caixa de marchas.

 Assimilar os principais tipos de caixas de marchas, destacando a


manual e a automática.

 Assimilar os principais aspectos de manutenção das caixas de


marchas.
82
Unidade 5. Caixa de Marchas

Introdução
A caixa de marchas ou caixa de marchas é o componente do
sistema de transmissão que comanda as mudanças de torque
do veículo. O torque é alterado conforme a marcha
selecionada na caixa de marchas.

De acordo com Dias (2011), se não houve a caixa de marchas


no caminhão, isto é, o motor fosse ligado diretamente às rodas
de tração, a sua velocidade não ultrapassaria 8 km/h, porque
as variações no torque do motor seriam insignificantes.

83
Unidade 5. Caixa de Marchas

Força de Tração e Relação com as


Engrenagens da Caixa de Marchas
Para entendermos a relação entre a força de tração do
caminhão e as engrenagens da caixa de marchas do
caminhão, basta observamos a fórmula abaixo.

A forção de tração F gerada pelo sistema de transmissão e


disponível nas rodas do veículo é dada por:
Torquemotorx Re laçãoEngrenagensx Re laçãoDiferancialxEficiência
F
RaiodeRodagemPneu

84
Unidade 5. Caixa de Marchas

Força de Tração e Relação com as


Engrenagens da Caixa de Marchas

Observamos, pela fórmula, que a força de tração é


diretamente proporcional à relação das engrenagens
da caixa de marchas (efeito alavanca).

A força de tração máxima seria obtida com a relação menor,


ou mais “curta”, das engrenagens da caixa de marchas, como
na 1ª. marcha.

85
Unidade 5. Caixa de Marchas

Função Básica da Caixa de Marchas

Precisamos ter em mente que os


veículos com motores de
combustão interna trabalham em
uma faixa restrita de rotações e
possuem cada um a sua curva
característica de torque.
Força de tração, velocidades e
marchas do caminhão.

86
Unidade 5. Caixa de Marchas

Função Básica da Caixa de Marchas

A caixa de marchas “amplia” a faixa de trabalho do


motor e permite que o motor opere em condições
adequadas de consumo de combustível, emissões de
gases e ruído.

O gráfico de esforço de tração mostra uma função da


velocidade ao trocar uma marcha. As curvas mostram qual o
esforço de tração é exigido para mover o caminhão a uma
velocidade constante.

87
Unidade 5. Caixa de Marchas

Função Básica da Caixa de Marchas

As curvas vermelhas são as curvas da força de tração para as


várias velocidades de engrenagem da caixa de marchas.

Cada curva representa a curva de torque multiplicada pela


razão da engrenagem da caixa de marcha correspondente,
razão de redução do diferencial e o raio dos pneus.

88
Unidade 5. Caixa de Marchas

Função Básica da Caixa de Marchas

As curvas azuis mostram a inclinação (em percentagem) que o


caminhão pode vencer em cada marcha. Por exemplo, em
uma estrada plana (0% de inclinação), as curvas de resistência
representam somente a soma do arrasto aerodinâmico e
resistência ao rolamento.

Devemos ter em mente que as engrenagens, eixos e


conicidades da caixa de marchas são especificados
individualmente para cada tipo de caminhão.

89
Unidade 5. Caixa de Marchas

Tipos de Caixa de Marchas


As caixas de marchas podem ser dos seguintes tipos:
 Manual;
 Automática;
 CVT;
 Automática/robotizada; e
 Dual Clutch.

Vamos abordar as mais utilizadas, que são a manual e a


automática.

90
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Manual


A caixa de marchas manual pode ser longitudinal (de tração ou
propulsão) e transversal (por exemplo, de 2, 3 e 4 árvores).

Em geral, o que determina a concepção de uma caixa


de marchas são parâmetros de:

posição do motor de partida, disposição dos pinhões, escolha dos


mancais, entre-eixos primário e secundário, comprimento da
caixa, entre eixos primário e diferencial, implantação do
diferencial, cadeia de cotas (arquitetura), lubrificação, tipo de
comando interno, tipo de comando de embreagem, entre outros.
91
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Manual


As principais partes de uma caixa de marchas
de um caminhão Volvo podem ser vistas na
figura.
C - Alojamento de embreagem: este
alojamento liga a caixa de marchas ao motor e
protege a embreagem.
 S - Grupo Desmultiplicador: divide as R - Grupo redutor: é composto
marchas possibilitando o uso de marchas altas por um conjunto de engrenagens
e baixas. planetárias que dobram o
B - Caixa básica: possui engrenagens de número de marchas da caixa
marchas básicas, engrenagem das marchas básica.
reduzidas e engrenagens das marchas à ré.

92
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Manual

A caixa básica é composta por: eixo de entrada, eixo principal,


eixo intermediário e eixo da ré.
Já o grupo redutor de duas velocidades é composto pelo grupo
redutor alto e pelo grupo redutor baixo.

Com o grupo redutor, as engrenagens básicas da


caixa de marchas são duplicadas, atendendo as
exigências de um caminhão moderno.

93
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Manual


O grupo redutor é constituído por um
sistema planetário que transmite a
potência do eixo principal diretamente às
engrenagens de acionamento.
1) Engrenagem satélite.
2) Engrenagem anelar.
3) Anel de engate.
4) Engrenagem solar.
5) Suporte de planetários.
6) Cilindro pneumático.

94
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Automática

A caixa de marchas automática detecta a relação entre a


velocidade (km/h) e a rotação do motor (rpm) para decidir
pela troca automática da marcha, em que o sistema se
propõe a manter a rotação do motor quase constante e o
câmbio, automaticamente, faz a troca das marchas.

95
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Automática

Ao contrário do sistema de caixa de marchas manual,


em que se trabalha com engrenagens de tamanhos
diferentes e engatadas individualmente, no câmbio
automático utiliza-se o sistema de engrenagens
planetárias, as quais possuem tamanhos diferentes,
mas todas elas estão sempre engatadas entre si. E a
relação da força é dada de acordo com a ordem que
essas engrenagens estão conectadas.

96
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Automática

Com isso, podemos elencar algumas vantagens da caixa de


marchas automática:

 Capacidade de torque elevada;


 Cinemática compatível com a lógica da desmultiplicação;
 Inércia com relação à troca de marchas;
 Torque quase ininterrupto.

97
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Automática

Conversor de Torque
O conversor de torque é um componente importante do câmbio
automático. É um dispositivo usado para transferir a força de
rotação do motor para o eixo de carga. Representa um tipo de
modificação do sistema de fluido de acoplamento (embreagem
hidráulica) e é comumente usado nos caminhões de
transmissão automática em substituição à embreagem manual,
por fricção.

98
Unidade 5. Caixa de Marchas

Caixa de Marchas Automática

O conversor de torque é composto por três


elementos: bomba, estator e turbina. A bomba é
permanentemente conectada ao motor, propriamente
dito; o estator é a parte fixa, responsável por
direcionar o fluxo do fluido; a turbina é a parte
movida, permanentemente conectada à caixa de
marchas, por exemplo.

99
Unidade 5. Caixa de Marchas

Manutenção das Caixas de Marchas

O principal item a ser verificado é a lubrificação. Em geral, a


inspeção é feita em média a cada 25 mil quilômetros rodados, e
a troca do óleo, a cada 50 mil quilômetros.
O Técnico em Manutenção deve optar pelo lubrificante
indicado pela montadora. Caso ele não siga essa
orientação, o produto utilizado pode danificar as
engrenagens, onerando o proprietário do veículo com
altos custos de manutenção.

100
Unidade 5. Caixa de Marchas

Manutenção das Caixas de Marchas


Alguns modelos de sistema de transmissão têm filtro e até
radiador para refrigerar o óleo. Nesses casos, os
componentes também devem passar por inspeção e,
eventualmente, serem substituídos.

Segundo algumas montadoras, o excesso de peso na


carroceria está na lista do que deve ser evitado. Na hora de
tracionar o veículo, a caixa de marchas é exigida em um nível
além da resistência para que foi projetada, o que pode
encurtar sua vida útil.

101
Unidade 5. Caixa de Marchas

Manutenção das Caixas de Marchas


A famosa "banguela" é outra vilã. Em longos declives, o
motorista pode colocar em ponto morto no intuito de poupar
combustível e ganhar velocidade.

Contudo, no final da descida, o motor pode registrar um


sobregiro quando a marcha é engatada, o que pode danificar a
transmissão.

102
Unidade 5. Caixa de Marchas

Manutenção das Caixas de Marchas


Caso o veículo precise ser guinchado, o eixo cardan
deve ser desconectado. Isso porque a caixa de marchas
tem óleo em cerca de um terço de seu interior.
No funcionamento normal, o giro das rodas traseiras ocorre ao
mesmo tempo em que a engrenagem da transmissão também gira,
lubrificando as partes que ficam descobertas pelo óleo. Ao ser
guinchado, as rodas traseiras vão girar com o motor desligado, mas
o mesmo não ocorrerá na caixa de câmbio. Se o eixo cardan estiver
conectado, isso pode introduzir problemas na transmissão, como
uma falha de lubrificação.

103
Unidade 5. Caixa de Marchas

Considerações finais
Depois que abrimos a caixa de marchas, aprendemos
sobre a força de tração e a relação de
(des)multiplicação com as suas engrenagens.
Assimilamos os principais tipos de caixas de marchas,
entendendo o funcionamento da manual e a
automática. E já temos em mente os principais
aspectos de manutenção das caixas de marchas.
Aprendemos, inclusive, que a tão conhecida "banguela" deve ser
evitada, pois o motor pode registrar um sobregiro quando a marcha é
engatada, danificando a transmissão.
104
Unidade 6. A Embreagem

Apresentação

Nesta sexta Unidade, falaremos sobre a embreagem, seus


principais componentes e funções, os tipos de acionamento de
embreagem e principais problemas, causas e recomendações de
manutenção.

Pise na embreagem e engatando a sua marcha de qualificação


profissional!

105
Unidade 6. A Embreagem

Objetivos

 Conhecer os principais componentes de um sistema de


embreagem.

 Apresentar os principais tipos de acionamento de


embreagem.

 Aprender sobre os principais problemas, causas e


recomendações de manutenção do sistema de
embreagem.

106
Unidade 6. A Embreagem

Introdução

Como já vimos, a embreagem é o mecanismo utilizado nos


veículos para transmitir a rotação do volante do motor para as
engrenagens da caixa de marcha, que, por sua vez,
desmultiplicará essa rotação (de acordo com a engrenagem -
ou mudança - selecionada) e a transferirá para o diferencial
através do eixo cardan ou árvore de transmissão.

107
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de Embreagem

A figura ilustra os
principais
componentes de
um sistema de
embreagem.

108
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem

De acordo com Santos (2007), o platô de embreagem é


solidário ao motor e acompanha seu movimento a todo
instante.

A placa de pressão do platô tem um grau de liberdade, além


da rotação, que permite movimentação axial liberando e
acionando o disco de embreagem.

109
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem
O sistema de embreagem é normalmente fechado,
encontrando-se acoplado quando o pedal de
embreagem não é solicitado.

Se o veículo não tiver marchas engrenadas, o


motor transmite movimento somente para o eixo
piloto do câmbio, mantendo o veículo sem
movimento.

110
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem
Se há acionamento do pedal de embreagem, a seleção de
marchas é permitida e o motor não transmite movimento.

Neste instante, o platô (carcaça e placa de pressão) segue o


movimento do motor e o disco de embreagem tem rotação
igual à do câmbio.

111
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem
A força da placa de pressão provém da mola membrana que, por
meio de um sistema de alavancas, atua sobre a primeira na
condição de montagem do conjunto.
Para o desacoplamento, o garfo de embreagem atua sobre o
mancal e o rolamento (formam um único componente) que, por
sua vez, atua sobre a mola membrana em sua porção central,
fazendo com que articule sobre o anel de apoio e levante a placa
de pressão, liberando o disco.

112
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem
Durante a vida útil do platô e do disco de embreagem
convencionais do caminhão, o esforço de acionamento
aumenta significativamente.
Esta variação pode comprometer alguns projetos de
acionamento hidráulico, pois na condição “novo”, é
possível projetar um acionamento dentro dos padrões
aceitáveis, mas o mesmo pode não ser aplicável à
condição “usado”, pois o esforço máximo aumenta em
até 30% do inicial.

113
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem

O inconveniente do desgaste pode ser eliminado com


o uso de um platô auto-ajustável, que é utilizado para
aumentar a capacidade de desgaste do disco de
embreagem e para manter o esforço de acionamento
constante durante toda a vida útil do sistema.

114
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem

Consoante Santos (2007), cada fabricante de sistemas de


embreagem para caminhões tem suas variantes de pedal,
cilindros mestres, auxiliares, tubulações, garfos de
acionamento, discos e platôs de embreagem.

Os sistemas de acionamento de embreagem podem ser de


diversos tipos:

115
Unidade 6. A Embreagem

Principais Componentes de um Sistema de


Embreagem
 Acionamento de embreagem por tirante;
 Acionamento hidráulico com garfo e rolamento;
 Acionamento de embreagem por cabo;
 Acionamento hidráulico com CSC (Concentric Slave Cylinder
- Cilindro Escravo Concêntrico);
 Acionamento hidráulico com garfo e rolamento e auxílio
pneumático; e
 Acionamento hidráulico com CSC e auxílio pneumático.

116
Unidade 6. A Embreagem

Problemas mais Comuns, Causas e Correções


no Sistema de Embreagem

Apresentamos na sequência alguns dos problemas mais


comuns verificados nos sistema de embreagem.

Para cada um deles, há as prováveis causas e


recomendações de correção.

117
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Empenamento (salto ou batimento) excessivo do disco

Deformação ocorrida durante o


transporte: corrigir o salto até,
aproximadamente, 1 mm.

Disco preso no eixo piloto


Perfil recebeu batida na montagem: eliminar a rebarba ou trocar o
disco.

. 118
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Cubo ou eixo piloto com desgaste irregular: substituir um ou


outro ou ambos.

Cubo enferrujou no eixo piloto: limpar o cubo e o eixo piloto e


lubrificar.

119
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Disco colou no volante ou placa de pressão do platô

Veículo permaneceu muito tempo parado sem ter


sido debreado: limpar as superfícies do volante e
placa do platô, bem como o revestimento do disco
com lixa.

120
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Disco preso ao volante ou placa do platô por vácuo

Rebites sem furos ou sujeira no furo: furar o rebite sem furos


com broca de ø2mm, ou limpar se for o caso.

Lixar a superfície do revestimento para torná-lo um pouco


áspero.

121
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Espessura do disco maior


Montagem do disco não especificado: montar o disco
correto.
Consultar sempre o catálogo do fabricante.

Defeito no rolamento guia do eixo piloto


Trocar o rolamento.

122
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem não libera o disco

Embreagem não recua a placa

Excessiva folga no rolamento de encosto:


acertar folga conforme especificação.
Comando do pedal com excesso de folga:
trocar peças defeituosas.
Falta de fluido de freio (no caso de
acionamento hidráulico): adicionar fluído.

123
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem trepida

Revestimento manchado de óleo


Vazamento de óleo (do retentor) do câmbio ou motor: limpar o platô.
Excesso de graxa no eixo piloto: trocar o disco de embreagem.
A limpeza dos revestimentos do disco não é aconselhável.

124
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem trepida
Revestimento manchado de óleo
Foi montado um disco de tipo errado (com
revestimento incorreto): montar o disco com
revestimento correto.
Consultar sempre o catálogo do fabricante.

Embreagem demasiadamente dura


Cabo de embreagem, mancais, cilindro mestre ou “burrinho”,
guia do rolamento de encosto: consertar as peças em questão
ou trocá-las.
125
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem patina
Desgaste excessivo dos revestimentos do disco
Desgaste natural ou embreagem utilizada de maneira
incorreta: troca do disco e do platô, se necessário.

Revestimentos manchados com óleo


Vazamento de óleo do câmbio ou motor: trocar o disco de
embreagem.
Excesso de graxa no eixo piloto: limpar o platô (a
limpeza dos revestimentos do disco é completamente
desaconselhável).
126
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem patina
Embreagem trabalha parcialmente debreada

Folga demasiadamente pequena no rolamento de


encosto: regular folga conforme especificado.
As folgas também são especificadas pelo fabricante.

Excessivo atrito no comando do pedal: eliminar causas


do atrito. Trocar o cabo.

127
Unidade 6. A Embreagem

Embreagem patina
Altura da base de fixação com a face de encosto do disco
está fora de especificação

Ao retirar a superfície do volante, a superfície onde ocorre a fixação


do platô não foi igualmente rebaixada: retirar também a superfície
de fixação do platô, ou se necessário, trocar o volante.

128
Unidade 6. A Embreagem

Ruídos na embreagem
Disco errado
Não existe compatibilidade entre o sistema de amortecimento do
disco e o carro: montar disco correto.

Desbalanceamento

Trocar o platô e, se necessário, o disco.

129
Unidade 6. A Embreagem

Ruídos na embreagem

Rolamento guia do eixo piloto

Defeito no rolamento: substituir.

Perfil do cubo com sinais de batidas em um


dos lados, entrando cônico no eixo piloto.

130
Unidade 6. A Embreagem

Ruídos na embreagem

Rolamento de encosto

Rolamento descentralizado: centralizar o rolamento.

131
Unidade 6. A Embreagem

Considerações finais
Já entendemos o que ocorre quando acionamos o
pedal de embreagem do caminhão. Vimos os
principais componentes do sistema de embreagem e
os tipos de acionamentos existentes.

Inclusive, sabemos que, em caso de o revestimento estar


manchado de óleo, um das possíveis causas pode ser o excesso
de graxa no eixo piloto. Com isso, é recomendável trocar o disco
de embreagem, já que a limpeza dos revestimentos do disco não é
aconselhável.

132

Você também pode gostar