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A Substituição Da Prisão Preventiva em Domiciliar
A Substituição Da Prisão Preventiva em Domiciliar
13.769/2018
MASZNER, Eunice1.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Professora Universitária. Especialista em Psicopedagogia Institucional. Especialista em
Gestão Escolar. Bacharela em Direito. Licenciada em Letras.
2
maior índice da população prisional feminina foi em 2016, quando 40,97 milhões de
mulheres estiveram detidas, totalizando um crescimento de 656% entre os anos
2000 e 2016.
Ocorre que, com o advento dos direitos previstos pela nova lei, eis que
surgem questionamentos controvertidos a respeito do preenchimento dos requisitos
específicos, bem como a eficácia da lei em se evitar ou reduzir o encarceramento de
mulheres.
Dados do Ministério da Justiça (2011) indicam que a faixa etária das mulheres
presas é bem distribuída, variando entre os 18 e 45 anos em maior quantidade. Sua
raça e/ou cor da pele é 45% parda, 37% branca e 16% negra. Vale atentar-se nesta
estatística para o racismo incutido na população brasileira que ocasiona que muitas
mulheres negras não se reconheçam como tal, por isso cabe se considerar que a
população carcerária feminina é 63% não branca (NETTO; BORGES, 2013).
Mendes, Silva e Silva (2014) afirmam que as mulheres encarceradas pelo tipo
penal de tráfico de drogas, de modo geral, são mulheres pobres, com baixa
escolaridade, que passaram por algum tipo de violência e estão em situação de
vulnerabilidade, além de ocuparem o papel de ‘mula do tráfico’, considerada a
atividade mais inferior e descartável na hierarquia do tráfico de drogas.
O crescimento de prisões de femininas está muito mais ligado à questão das drogas –
Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ
Mulheres que têm filhos, segundo a lei e decisão do Habeas Corpus Coletivo
julgado pelo Supremo Tribunal Federal no HC 143.64 em 2018, têm direito à
substituição da pena privativa de liberdade pela prisão domiciliar. O momento da
realização da audiência de custódia é crucial para fazer valer tal direito.
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Insta salientar, que no ano de 2018, devido aos baixos índices de substituição
de prisões preventivas por prisões domiciliares, o STF concedeu habeas corpus
coletivo para todas as mulheres gestantes ou mães de crianças com até 12 anos de
idade (HC nº 143.641/SP). – Tal habeas corpus é abordado melhor em subseção
específica, neste trabalho. – O item VIII do acórdão revelou a necessidade de
diminuição das margens interpretativas do artigo 318 do CPP:
Na oportunidade dos fatos tal situação era agravada por conta do pai também
encontrar-se encarcerado. O relator sustentou que a questão da prisão de mulheres
grávidas ou com filhos menores sob seus cuidados seria agravante, daí a
necessidade de ser refletida com cautela. Para o ministro em comento é preciso,
quando possível, medidas alternativas suficientes tanto para acautelar o processo,
quanto para não ocorrer o excesso de punição à mulher ou às crianças.
cada caso, acrescentado que as circunstâncias pelas quais o delito fora praticado
ensejava concessão da prisão domiciliar com amparo legal, não só na proteção à
maternidade e à infância, como também na dignidade da pessoa humana,
“porquanto prioriza-se o bem-estar da criança” (HC 151.057 DF, Relator: Min. Gilmar
Mendes STF Dje 18.12.2017).
5 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL
magistrados utilizam seus juízos de valores e o clamor social para manter a prisão,
aniquilando os direitos e garantias fundamentais das mães detentas (VITAL, 2018).
A despeito dos argumentos, a ausência de comprovação de que os filhos
dependem exclusivamente dos cuidados da mãe, vêm sendo considerados pelas
instâncias superiores insuficientes para impedir a substituição. Inclusive, em 2017, a
6ª turma do STJ no RHC nº 105.588/RO deixou claro no trecho abaixo extraído do
acórdão proferido, que a relação entre mãe e filho gera presunção de necessidade
de cuidados, tornando descabida a exigência de comprovação:
Apesar da argumentação lançada pelas instâncias de origem (destacando a
grande quantidade de droga apreendida), não se observa a indicação de elemento
específico a evidenciar situação excepcionalíssima capaz de afastar o benefício
pretendido em relação à prisão domiciliar. De acordo com precedentes desta Sexta
Turma (por exemplo, HC n. 422.235/MS, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe
19/12/2017)
Para a turma em comento, é “descabida a discussão acerca da necessidade
dos cuidados maternos à criança, pois a condição é legalmente presumida”.
Ademais, julgados dos Tribunais Superiores evidenciam também que a
discricionariedade judicial sobre o tema não foi completamente extirpada. Pois,
ainda que haja preenchimento dos requisitos elencados no artigo 318-A, a
substituição pode ser indeferida, e sendo assim, exige-se uma fundamentação
específica e concreta. Essa exceção está contida em trecho do acórdão proferido
pela 6ª turma do STJ no HC 525.805/AC:
Insta salientar, que no ano de 2018, devido aos baixos índices de substituição
de prisões preventivas por prisões domiciliares, o STF concedeu habeas corpus
coletivo para todas as mulheres gestantes ou mães de crianças com até 12 anos de
idade (HC nº 143.641/SP). – Tal habeas corpus é abordado melhor em subseção
específica, neste trabalho. – O item VIII do acórdão revelou a necessidade de
diminuição das margens interpretativas do artigo 318 do CPP:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. 10. ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2008. Vol. I. p. 487. Gustavo Mascarenhas Lacerda Pedrina...[et al.].–São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
NETTO, Helena Henkin Coelho; BORGES, Paulo César Corrêa. A mulher e o direito
penal brasileiro: entre a criminalização pelo gênero e a ausência de tutela penal
justificada pelo machismo. Revista de Estudos Jurídicos UNESP, v. 17, n. 25, 2013.