Você está na página 1de 60

Química e Toxicologia Forense

Introdução à QTF:

Delegações do Instituo de Medicina Legal e Ciências Forenses:

• Unidade funcional de clínica forense;


• Área de psicologia e psiquiatria forenses;
• Serviço de genética e biologia forenses;
• Serviço de química e toxicologia forenses;
• Unidade funcional de patologia forense;
• Área de anatomia patológica forense.

Toxicologia→ estudo da interação entre os xenobióticos e os sistemas biológicos com o


objetivo de determinar qualitativa e quantitativamente o potencial do xenobiótico para induzir
danos, de onde resultem efeitos adversos para os diferentes organismos. Investiga a natureza
destes efeitos adversos, a incidência, o seu mecanismo de produção, os fatores que
influenciam o seu desenvolvimento e a sua reversibilidade e desenvolve os tratamentos para
as intoxicações por xenobióticos. Pai da toxicologia: Theophrasttus Aureolus Bombastus von
Hohenheim.

Fatores que influenciam a toxicidade:

• Doses e concentrações;
• Composição;
• Via de administração;
• Excreção;
• Estado de saúde;
• Idade;
• Sexo;
• Variabilidade genética;
• Fatores ambientais (ritmo cardíaco, temperatura, dieta);
• Interações medicamentosas;
• Variabilidade intra e inter individual.

Toxicocinética→ Conjunto de processos a que uma substância tóxica é submetida aquando a


sua passagem pelo organismo, processos esses que vão controlar quer o grau de acesso da
substância tóxica ao seu local de ação específico nos diversos tecidos, bem como determinar a
extensão da sua ação: absorção→ distribuição→ metabolismo→ eliminação.

Toxicologia forense→ ciência forense de características essencialmente analíticas com


importante fundamento que é o esclarecimento de questões judiciais presumivelmente
relacionadas com a intoxicação, seja esta ou não fatal. Deteta e quantificação xenobióticos em
vários tipos de matrizes.
O que se procura no serviço de química e toxicologia forenses?

➔ Álcool e drogas de abuso;


➔ Medicação.

Comportamentos desviantes:

➢ Suicídios;
➢ Criminalidade: ofensas corporais, homicídios e agressões sexuais.

Determinar: interações medicamentosas e interações com outras substâncias.

Substâncias Tóxicas:

➢ Arsénio;
➢ Mercúrio;
➢ Chumbo;
➢ Alumínio;
➢ Tálio;
➢ Cádmio;
➢ Manganésio;
➢ Cianeto;
➢ Ácido sulfúrico e sulfuretos;
➢ Estricnina.

Exemplos:

• Hedera hélix l: tipo de hera; um grande número de bagas pode originar a morte em
crianças;
• Daphne gnidium l: ‘’erva de são joão pires’’; dois ou três frutos podem ser fatais;
• Datura suaveolens l: trombeteira; todas as partes da planta são tóxicas; contém
alcaloides (escopina, nicotina, escopolamina e fitol).

Quem pode pedir Análises químico-toxicológicas? A patologia forense, medicina legal, clínica
forense, psp e gnr.

Existem vários procedimentos de divisão de amostras, extração e purificação.

Exame do local do crime:

• Informação;
• Exame do local;
• Exame do copo;
• Procura e colheita de todos os vestígios biológicos e não biológicos.

Informação social colhida junto de familiares, amigos ou vizinhos da vítima:

• Sintomas antes da morte, medicação (qual, quantidades, desde quando);


• Consumo de drogas, se sim, quais, vias e desde quando;
• Antecedentes patológicos e psiquiátricos;
• Tentativas de suicídio anteriores, se sim, quantas vezes e por que meios;
• Carta ou bilhete de despedida.
Nos casos de suspeita de morte por intoxicação, o perito deve dar especial atenção à
informação circunstancial da morte e material encontrado junto da vítima:

• Restos de vómito- na vítima (corpo e roupa) e no local onde foi encontrada;


• Cheiro ou odores no local 8intoxicação por gases);
• Torneiras de gás, abertas ou fechadas;
• Presença de braseira ou qualquer outra fonte produtora de monóxido de carbono;
• Janelas e/ou portas abertas;
• Existência de dispositivos para recolher gases de combustão de motores (por exemplo,
uma mangueira ligada ao cano de escape);
• Presença de outros elementos indiciadores de morte por intoxicação;
• Seringas/agulhas, algodão, limão;
• Tampas de garrafas, colheres, pratas, cachimbos;
• Embalagens de medicamentos;
• Frascos ou contentores de outros xenobióticos (pesticidas, outros produtos químicos).

Resultados da patologia forense→ as lesões macroscópicas ou microscópicas são apenas


indicativas de determinado tipo de intoxicação e carecem de confirmação toxicológica. Os
aspetos lesionais que podem ser objetivados durante uma autópsia qualquer do hábito interno
ou externo, em que se suspeita de intoxicação, não permitem ao perito médico tirar
conclusões definitivas sobre as substâncias responsáveis por determinada morte.

Exame de hábito externo→ xilol- organofosforados, amêndoas amargas- compostos


cianídricos.

Exame de hábito interno→ odor a amêndoas amargas: nos casos de suspeita de intoxicação
por cianeto, a cavidade craniana deve ser aberta logo de início uma vez que este odor se
encontra bem evidente nos tecidos cerebrais.

Dados da toxicologia forense→ existe substituto para uma inequívoca identificação e/ou
identificação de uma substância em amostras biológicas para explicar a lesão com razoável
grau de probabilidade científica.

Doping:

Identificação de substâncias exógenas em matrizes orgânicas→ uso de espetrometria de


massa: técnica analítica que identifica substâncias de acordo com a massa molecular. Para um
resultado positivo: uma amostra é declarada positiva quando a substância analisada está
presente e todos os critérios de positividade estão conforme. Para um resultado negativo:
quando não é possível detetar nenhuma substância analisada (porque não existiu consumo,
período de tempo prolongado entre o consumo e a recolha, metodologias analíticas
insuficientes/não apropriadas, amostras degradadas, a substância consumida não é
pesquisada, algum critério de positividade não está conforme. Critérios de positividade:

• Se a intensidade relativa for maior a 50%, existe uma tolerância absoluta de 10%;
• Se a intensidade relativa estiver entre os 25% e os 50%, existe tolerância relativa de
20%;
• Se a intensidade relativa estiver entre os 5% e os 25%, existe uma tolerância absoluta
de 5%;
• Se a intensidade relativa for menor do que 5%, existe uma tolerância relativa de 50%.

Objetivo principal das análises antidopagem→ detetar a presença de uma substância proibida
(endógena ou exógena), metabolito ou de um marcador na amostra do atleta.

Definição de dopagem e violações das regras anti-dopagem:

• A presença de uma substância proibida, metabolito ou de um marador na amostra de


um atleta (o atleta é responsável pela substância detetada);
• Uso ou tentativa de uso de um atleta de uma substância proibida ou de um método
proibido;
• Evitar a colheita de amostras;
• Adulteração ou tentativa de adulteração de qualquer parte de um controlo anti-
dopagem;
• Possessão de substâncias e/ou métodos proibidos;
• Tráfico ou tentativa de tráfico de qualquer substância ou método proibido;
• Administração ou tentativa de administração de qualquer substância ou método
proibido;
• Ajuda, incentivo, cumplicidade, conspiração, encobrimento ou qualquer outro tipo de
associação envolvendo uma violação de qualquer regra anti-dopagem.

Fluxograma para a confirmação de 19-Norandrosterona:

• Existem quatro cenários diferente: negativo, “not prohibited substance detected’’


(NPSD), ‘’ATF- atypical finding’’, ‘’AAF- adverse analytical finding’’;
• Para uma atleta feminina→ é realizado um teste de gravidez/noretisterona. Ao dar
positivo, caso a atleta esteja grávida há dois cenários: a concetração ser menor ou
igual a 15 ng/ml, ou seja, NPSD; a concentração é maior do que 15 ng/ml, realizando-
se uma espetometria de massa de baixa resolução, se for endógena ou inconclusiva, é
ATF, se for exógena é AAF. Se for uma atleta que consume noretisterona, se a
concentração for menor ou igual a 10 ng/ml, é NPSD. Se for maior do que 10 ng/ml, é
ATF. Caso o teste de gravidez seja negativo, são considerados os mesmos critérios de
um atleta masculino;
• Para um atleta masculino→ Se a concentração for menor ou igual a 2,5 ng/ml, é
NPSD. Se for maior do que 2,5 ng/ml e menor ou igual a 15 ng/ml, é realizada a
espetrometria de massa de baixa resolução. Se for endógena ou inconclusiva, há dois
cenários: a concentração é menor ou igual a 3 ng/ml, sendo NPSD; a concentração é
maior do que 3 ng/ml, sendo ATF. Se for exógena, é AAF. A um resultado em que a
concentração é maior do que 15 ng/ml, é considerado AAF.

Lista de substâncias e métodos proibidos, sempre (dentro ou fora das competições):

• Qualquer substância farmacológica que não é abordada por qualquer das secções da
lista e sem aprovação atual de qualquer autoridade de saúde governamental para uso
terapêutico humano;
• Agentes anabólicos: esteroides androgénicos anabolizantes (exógenos e endógenos,
quando administrados de forma exógena), outros agentes anabolizantes (clenbuterol,
SARMS). Esteroides anabolizantes andrógenos→ classe de hormonas emparentadas
com a testosterona que aumentam a síntese de proteínas no interior das células e
provocam um crescimento muscular (efeito anabólico). Também são responsáveis pela
diferenciação sexual dos homens (efeito androgénico). Efeitos adversos→ uso abusivo
pode provocar tumores no fígado, retenção de fluidos, aumento da pressão sanguínea,
alterações no metabolismo do colesterol, tremores e acne. A nível fisiológico: nos
homens, ocorre a diminuição do tamanho dos testículos e da quantidade de esperma,
infertilidade, ginecomastia e aumento do risco em contrair cancro da próstata; nas
mulheres, aparecimento de pelos na cara, alterações e/ou interrupção do ciclo
menstrual, aumento do tamanho do clítoris e voz ‘’grossa’’. A nível psíquico: alterações
de humor, paranoia, irritabilidade, agressividade. SAMRs→ moduladores seletivos de
recetores androgénicos. Proporcionam os benefícios dos esteroides tradicionais como
a testosterona mostrando uma tendência menor de produzir efeitos adversos;
• Hormonas peptídicas, fatores de crescimento e substâncias relacionadas: agentes
estimulantes da eritropoiese (eritropoietina, darbepoetina, reguladores de fatores de
indução de hipoxia, ativador do recetor da eritropoietina e peginesatida),
gonadotrofina coriónica (hCG), hormona luteinizante (LH), corticotropinas, hormona
de crescimento (GH9) e fatores de crescimento. Agentes estimulantes de eritropoiese
e fatores de indução de hipoxia→ medicamentos desenvolvidos para tratar anemias
em doenças crónicas (cobalto). Aumentam o metabolismo. hCG e LH→ estimulam a
produção de testosterona nos homens e podem ser usadas para aumentar a massa
muscular. Estimulam a produção endógena de forma a manter os níveis normais de
testosteronas após ciclos de administração de esteroides anabolizantes exógenos.
Corticotrofinas→ regulam a produção de cortisona e cortisol que têm propriedades
euforizantes. Favorecem a libertação da ACTH, favorecendo a produção de
glucocorticoesteroides. Estes têm influência no metabolismo da glucose (aumentam o
seu metabolismo) e diminuem os processos inflamatórios (reduzem a sensação de
fadiga). GH→ estimula a síntese de proteínas nos músculos e a libertação de ácidos
gordos armazenados no tecido adiposo. Inibe a captação de glucose e estimula a
captação de aa. Fatores de crescimento→ proibidos aqueles que atuam em músculos,
tendões e ligamentos através da regulação de síntese/degradação de proteínas,
vascularização, utilização de energia, capacidade regenerativa e alteração de fibras
musculares;
• Beta-2-agonistas: substâncias que atuam nos recetores beta-2 situados na
musculatura que rodeia as vias respiratórias. Favorecem a respiração e a captação de
oxigénio ao permitir a relaxação/dilatação das vias respiratórias;
• Hormonas e reguladores metabólicos: inibidores da enzima aromatase, moduladores
seletivos de recetores de estrogénios (SERMs), inibidores/modificadores da miostatina
e moduladores metabólicos. Inibidores da enzima aromatase→ moduladores
metabólicos. Inibidores de miostatina→ miostatina é o fator de crescimento que
limita o crescimento do tecido muscular. Moduladores metabólicos→ insulina-
estimula a glicogénese nos músculos e favorece o incremento da massa muscular.
Meldonium- substância desenvolvida para tratar doenças coronárias, dilata as artérias
e favorece o transporte de oxigénio;
• Diuréticos e outros agentes mascarantes: agentes mascarantes→ substâncias usadas
para ocultar e evitar a deteção de substâncias dopantes. Diuréticos→ incrementam o
fluxo de urina e excreção de sódio para ajustar o volume e composição dos fluidos
corporais. Usados também como agentes de perda de peso e mascarantes.
• Manipulação de sangue e/ou componentes de sangue: administração ou
reintrudoção ou componentes de sangue autogolos, homólogos ou heterólogos,
incremento artificial da toma e/ou transporte de oxigénio, qualquer forma de
manipulação intravascular do sangue ou componentes do sangue por meios químicos
ou físicos;
• Manipulação química e/ou física das amostras: alteração ou tentativa de adulteração
de forma a altera a integridade e validade das amostras, infusão intravenosa e/ou
injeções de 50ml em cada 6h;
• Dopagem genética: transferência de polímeros de ácidos nucleicos ou de análogos de
ácidos nucleicos, uso de células normais ou geneticamente modificadas, uso de
agentes que expressem de forma direta ou indireta a expressão de genes relacionada
com o desempenho físico.

Lista de substâncias proibidas durante as competições:

• Estimulantes: efeitos adversos→ inibem a perceção de fadiga e dor, dependência


física e psíquica, provocam um aumento de agressividade, aumento da tensão arterial
e incremento do risco da lesão desportiva;
• Narcóticos;
• Canabinóides;
• Glucocorticoesteroides: retardam o aparecimento de microinflamações associadas a
fadiga muscular. Possuem propriedades estimulantes e euforizantes moderadas;
• Beta-bloqueantes: bloquear os efeitos da adrenalina, atuam nos recetores beta
localizados no coração e reduzem a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e os
tremores musculares;
• Álcool.

Controlo de qualidade:

Garantia da qualidade→ conjunto de atividades planeadas e implementadas destinadas a


garantir a validade dos resultados emitidos. Controlo de qualidade é o conjunto de medições
que evidenciam e suportam esta garantia.

As análises qualitativas são realizadas por comparação entre uma amostra real e amostra
fortificada no laboratório com as substâncias a analisar (controlo positivo). Esta é suportada
por critérios de identificação objetivos (tempo de retenção, razão sina/ruído, comparação de
fragmentos diagnóstico. Deve permitir distinguir amostras positivas de amostras negativas.
Uma amostra é positiva quando é possível a sua identificação sem dúvida nenhuma. É negativa
quando não é possível a identificação absoluta, por não haver consumo de nenhuma
substância, pelo intervalo de tempo entre o consumo e a colheita, pela utilização de métodos
analíticos não apropriadas, por amostras degradadas, por não serem cumpridos os critérios.

A garantia da qualidade nas análises qualitativas está associada à utilização de critérios de


positividade objetivos e à utilização de controlos positivos, que permitem evidenciar o
correto funcionamento do método analítico, e de controlos negativos, que evidenciam a
ausência de contaminações. Está associada também à utilização de padrões de referência
primários, substâncias químicas sintetizadas artificialmente utilizadas para fortificar os
controlos positivos e que servem como padrões de referência na identificação.

Para assegurar o controlo de qualidade em análises quantitativas, utilizam-se cartas de


controlo, onde vêm discriminadas linhas de valores médios e do desvio padrão e onde são
monitorizados controlos de diferentes concentrações e coeficientes de regressão.

Atribuição do estado de influência→ são utilizadas tabelas de referência. A credibilidade da


atribuição de um estado de influência com recurso a tabelas de referência está diretamente
relacionada com a qualidade dos valores utilizados na sua construção- concentrações. Só
devem ser utilizados dados obtidos através de métodos analíticos devidamente validados.

Controlo interno de qualidade→ permite garantir a aceitação dos resultados e decidir se os


mesmos podem ser emitidos: controlos positivos/negativos, critérios de positividade, curvas
de calibração, cartas de controlo e análise de duplicados. Evidencia o correto funcionamento
do laboratório em condições normais de rotina.

Controlo externo de qualidade→ permite comparar resultados obtidos no nosso laboratório


com os resultados obtidos em outros laboratórios equivalentes (reprodutibilidade): ensaios
inter laboratoriais, ensaios de aptidão e testes de proficiência.

CQE em vigor no serviço de QTF:

• Bussulfano em soro;
• Antiepiléticos em soro;
• Etanol em sangue;
• BZP em soro;
• Drogas de abuso em águas residuais;
• Drogas de abuso no cabelo;
• Neurolépticos em soro;
• Drogas de abuso em soro;
• Antidepressivos em soro;
• Tricíclicos em soro.

Amostragem→ processo que determina que a amostra recolhida é representativa da


totalidade de um conjunto.

Colheita→ recolha da amostra.

Cadeia de custódia→ processo de documentação de toda a história cronológica de evidências


e provas (amostras) em todas as etapas, desde a colheita até à destruição. O objetivo principal
é garantir o rastreamento das provas (amostras) utilizadas em processos judiciais de forma a
evitar alterações, substituições, contaminações ou destruições.

Seleção, recolha, acondicionamento e envio de amostras:

1. As amostras devem ser adequadas ao tipo de análise toxicológica solicitada;


2. A recolha da amostra deve ser realizada com material adequado evitando
contaminações;
3. As amostras devem ser bem identificadas e acondicionadas;
4. Devem ser refrigeradas (4º) até serem enviadas para o serviço.
Intoxicações medicamentosas:

Medicamento ou substância medicamentosa→ toda a preparação farmacêutica, que contém


um ou mais princípios ativos, destinada ao diagnóstico, prevenção ou tratamento de doenças
ou dos seus sintomas, ou com ação farmacológica, imunológica ou metabólica a restaurar,
corrigir ou modificar funções fisiológicas.

Farmacologia→ engloba a história de fármacos, a sua origem, características físico-químicas,


as ações que provocam e os mecanismos pelos quais atuam, a sua absorção, distribuição,
biotransformação e eliminação e, ainda, o seu uso terapêutico. Divide-se em várias vertentes:

• Farmacognosia- origem, métodos de conversão, identificação e análise química de


fármacos;
• Farmácia- preparação dos medicamentos nas suas diferentes formas farmacêuticas, da
sua conservação e análise;
• Farmacodinâmica- trata das ações farmacológicas e dos mecanismos pelos quais
fármacos atuam (o que os fármacos fazem ao organismo);
• Farmacocinética- processos de absorção, distribuição, biotransformação (e interações)
e eliminação dos fármacos (o que o organismo faz aos fármacos);
• Farmacogenética- área em crescimento, trata das questões resultantes da influência
da constituição genética nas ações, na biotransformação e na excreção dos fármacos e
das modificações que os fármacos podem produzir nos genes do organismo que os
recebe;
• Toxicologia- ações tóxicas, não só de fármacos usados como medicamentos, mas
também de agentes químicos que podem ser causadores de intoxicações domésticas,
ambientais ou industriais.

Um medicamento para atuar necessita de entrar em contacto com as estruturas celulares


onde a sua ação se exerce. Podem ser administrados por:

• Via oral;
• Via endovenosa;
• Via intramuscular;
• Via subcutânea;
• Via sublingual;
• Via retal;
• Via ocular;
• Via nasal;
• Via inalatória;
• Via transdérmica.

A administração de um medicamento inicia uma série de processos interdependentes, que vão


determinar em cada momento a sua concentração no local onde se exerce a sua ação:

• Absorção;
• Distribuição;
• Metabolismo;
• Eliminação.
O medicamento depois de absorvido chega ao sangue que o transporta e distribui por todo o
organismo alcançando, nos tecidos, os locais de ação e simultaneamente os locais onde se
metaboliza e elimina.

Absorção→ a maioria é absorvida no intestino, mas alguns são no estômago. São absorvidos
melhor da forma não ionizada. Assim, os medicamentos que são ácidos fracos são absorvidos
no estômago, que tem pH ácido, e os medicamentos que são bases fracas são absorvidos no
intestino, que tem um pH mais básico.

Distribuição→ o medicamento é distribuído tendo em conta as suas características de


tamanho e peso molecular, carga elétrica, pH, solubilidade e capacidade de união às proteínas.
As propriedades que regem a distribuição e fixação destas substâncias químicas nos distintos
locais são:

• Coeficiente de lipo e hidrossolubilidade;


• Ligação às proteínas plasmáticas;
• Reação química;
• Grau de ionização.

Metabolismo ou biotransformação→ muitos são transformados por ação enzimática. Esta


pode consistir em degradação- oxidação, redução e hidrólise- ou em síntese de novas
substâncias como parte de uma nova molécula- conjugação. A alteração a estrutura físico-
química das moléculas introduzidas pelo metabolismo dá origem a outras entidades químicas-
metabolitos. O fígado é o órgão mais importante para a biotransformação de fármacos, não só
pela diversidade enzimática presente nos microssomas hepáticos, mas também pela
importância quantitativa da sua massa. Fatores que alteram a velocidade:

• Inibição ou indução enzimática;


• Patologias;
• Tolerância farmacológica;
• Uso de outras drogas concomitantemente;
• Idade;
• Sexo.

Eliminação→ processo através do qual o fármaco é excretado do organismo, tanto na sua


forma intacta, como na forma de produtos da biotransformação. A via urinária é a principal via
de eliminação.

Biodisponibilidade→ velocidade e extensão de princípio ativo que alcança o sistema


circulatório e o local de ação.

Bioequivalência→ fármacos com equivalência farmacêutica (mesmo princípio ativo, mesma


dosagem e via de administração) e quando administrados de forma semelhante têm a mesma
biodisponibilidade. São equivalentes terapêuticos.

Pico→ equivale ao aproximado da concentração máxima atingida depois de administrada uma


dose.

Vale→ equivale ao aproximado da concentração mínima de fármaco encontrado no sangue


durante um intervalo posológico.
Estado de equilíbrio ou steady-state→ é o momento em que a entrado do fármaco e a
eliminação estão em equilíbrio.

Semi-vida→ t1/2, tempo necessário para reduzir a concentração do fármaco no plasma a


metade.

Volume distribuição→ é um indicador da distribuição do fármaco pelo corpo. É aparente


porque não tem valor fisiológico exato. Determinante da dose. Um valor elevado significa uma
grande distribuição e elevadas doses.

Clearance→ descreve a remoção do fármaco de um volume plasmático numa unidade de


tempo. Não dá a quantidade de fármaco removido, mas o volume plasmático na sua ausência.

Constante de eliminação→ ke, expressa a fração de fármaco removido do corpo por unidade
de tempo.

Margem terapêutica→ ou janela terapêutica, é um intervalo de concentrações séricas ou


plasmáticas de um medicamento entre os quais é seguro e eficaz o tratamento de uma dada
situação clínica.

Tóxico ou veneno→ toda a substância que é capaz de originar, por mecanismos químicos,
perturbações funcionais podendo levar à morte.

Intoxicação→ conjunto de transtornos que ocorrem no organismo em consequência da


presença de um tóxico.

Toxicidade→ efeitos nocivos originados pelas substâncias químicas nos seres vivos. Depende
de:

• Fator individual;
• Quantidade ingerida;
• Concentração do tóxico ao nível do ‘’órgão alvo’’ sobre a qual vai atuar;
• Tempo de permanência no organismo.

Os medicamentos são potencialmente tóxicos se administrados em dose tóxica. Nos últimos


anos, tem havido um grande aumento de intoxicações medicamentosas:

• Facilidade de aquisição;
• Automedicação;
• Erros de medicação;
• Acidentes com crianças;
• Utilização suicida;
• Utilização homicida;
• Tentativa de diminuição da resistência da vítima para a execução de delitos.

Etiologia médico-legal das intoxicações:

• Acidental- mais frequente;


• Homicida- difícil de administrar a dose letal sem que a vítima se aperceba, pode estar
associada à tentativa de diminuição da resistência da vítima para a execução de
delitos;
• Suicida- 90% dos casos de intoxicação grave.
Fármacos mais detetados as intoxicações forenses:

• Psicotrópicos: antipsicóticos (ex. haloperidol), ansiolíticos (ex. benzodiazepinas),


hipnóticos não barbitúricos, antidepressivos. Medicamentos com maior interesse
médico-legal, pois são os principais agentes responsáveis por intoxicações agudas em
Portugal;
• Antipiréticos e analgésicos: AAS e derivados, paracetamol. Com interesse médico-
legal pelo seu potencial tóxico e aditivo;
• Antiepiléticos: com interesse médico-legal pelo seu potencial tóxico e aditivo;
• Antihistamínicos;
• Digitálicos.

Ansiolíticos→ fármacos destinados a combater os efeitos psicológicos e somáticos da


ansiedade. São de alívio sintomático. Tipos de ansiedade:

• Ansiedade fisiológica;
• Perturbações de ansiedade: perturbação da ansiedade generalizada, perturbação de
pânico, agorafobia, fobia social, fobias específicas;
• Perturbações relacionadas a trauma e stress: perturbação de stress pós-traumático;
• Perturbação obsessivo-compulsivo.

Benzodiazepinas→ introduzidas nos anos 60 na prática clínica e consideradas como


tranquilizantes menores, eficazes e desprovidos de efeitos laterais não desejados, tendo
rapidamente substituído os barbitúricos e fármacos relacionados, como hipnóticos e sedativos.
Prescritas também para convulsões, espasmocidade muscular, sedação pré-operatória,
desintoxicação do álcool e outras substâncias, ansiedade associada a condições
cardiovasculares e gastrointestinais. São hipnótico-sedativos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e
têm propriedades relaxantes musculares.

Principais benzodiazepinas:

• Usadas como ansiolíticos ou tranquilizantes: clobazam, clorazepato, clordiazepóxido,


nordiazepam, diazepam, prazepam, bromazepam, lorazepam, alprazolam, oxazepam,
victan;
• Usadas como antiepiléticos: clonazepam, diazepam, lorazepam, nitrazepam;
• Usadas como hipnóticos: brotizolam, estazolam, flunitrazepam, loprazolam,
lormetazepam, midazolam, temazepam, triazolam;
• Usadas como pré-anestésicos: diazepam, flunitrazepam, midazelam.

São fármacos vistos como seguros e como tendo pouco potencial de abuso, devido à sua baixa
toxicidade em caso de OD. Raramente são letais, mas a sua associação com opiáceos e álcool
podem provocar a morte. Causam dependência física e psíquica e não são isentos de reações
adversas, existindo a possibilidade de serem utilizados abusivamente ou associados ao
consumo de drogas ilícitas. Riscos associados à sua prescrição:

• Risco de interações medicamentosas;


• Risco de habituação;
• Risco de síndrome de privação;
• Risco de interferir com as funções psicomotoras;
• Risco de quedas.
Farmacocinética das BZD:

• Vias de administração: oral, parentérica e retal;


• Absorção variável com a BZD e v. administração: bzd mais lipossolúveis tendem a ser
absorvidas mais rapidamente;
• Distribuição rápida: atravessam facilmente as barreiras hematoencefálica e placentar,
ligam-se às proteínas plasmáticas (85-95%);
• Extensa metabolização hepática com formação de metabolitos ativos: oxidação,
glucuronidação e hidroxilação.

É possível classificar estes medicamentos em vários grupos, de acordo com a sua meia vida de
eliminação:

• Ação curta: midazola, brotizolam e triazolam (<8h);


• Ação intermédia: alprazolam, bromazepam, estazolam, lorazepam, oxazepam,
temazepam (8-24h);
• Ação longa: clordiazepóxido, clorazepato, diazepam, flurazepam, loflazepato de etilo
(victan) (>24h).

Intoxicação aguda das bzd→ absorção de dose excessiva associada a:

• Sedação;
• Sonolência;
• Diplopia;
• Disartria;
• Ataxia;
• Confusão mental.

Pode ocorrer depressão respiratória e hipotensão arterial. Na maioria dos casos, a evolução é
benigna, mas existem relatos de grave depressão respiratória e coma e, inclusivamente, de
óbitos após de BZD de ação curta, especialmente quando administrados por via intravenosa.

Barbitúricos→ são sedativos hipnóticos com atividade depressora do SNC, sendo classificados
consoante a duração da sua ação. Usados para reduzir a agitação psicomotora e induzir o sono
e usados em tipos de epilepsia para reduzir a frequência das crises. Deixaram de ser tão
utilizados com a introdução das BZD, porque, para além de produzirem acentuada
dependência física e de desenvolverem uma elevada tolerância, têm também uma margem
terapêutica limitada.

Farmacocinética:

• Vias de administração: oral, IV e IM;


• Absorção rápida;
• Distribuição e concentração em vários tecidos dependente da solubilidade nos lípidos
e das características de ligação às proteínas plasmáticas dos vários barbitúricos;
• Extensão da metabolização hepática variável.

Classificação segundo a duração de ação:

• Ação ultra-curta: tiopental (15min-3h);


• Ação curta: pentobarbital, secobarbital (5-6h);
• Ação intermédia: amobarbital (6-8h);
• Ação longa: fenobarbital (10-12h).

Doses excessivas provocam diminuição da coordenação motora, alterações da perceção,


lentificação do raciocínio, desinibição e euforia.

Sobredosagem pode provocar o coma, dividindo-se em três períodos: pré-comatoso


(embriaguez e sonolência marcadas), comatoso (bradipneia e/ou ritmos respiratórios anormais
e hipotermia) e terminal (alterações circulatórias e morte por paragem cardiorrespiratória em
12 a 16h).

Barbitúricos+álcool+opiáceos ou outros depressores do SNC→ depressão respiratória fatal

Antidepressivos→ principal objetivo terapêutico é a depressão. A depressão é uma doença de


elevada prevalência, gravidade, altamente debilitante, que pode durar meses a anos com
sintomatologia variada: perda de interesse ou prazer nas atividades da vida diária, humor
depressivo, sensação de incapacidade e desesperança, alterações do sono, peso e apetite,
suicídio.

Antidepressivos tricíclicos→ aumento nas sinapses neuronais no SNC de noradrenalina e


serotonina. Mecanismo de ação: inibição da recaptação da serotonina (recetores
serotonérgicos), inibição da recaptação da noradrenalina (recetores alfa e beta adrenérgicos).
Em menor escala, inibe recetores da acetilcolina e recetores da histamina. Classificação:
aminas terciárias (amitriptilina, doxepina, imipramina e trimipramina) e aminas secundárias
(desipramina, maprotilina e nortriptilina). Toxicidade: frequentes intoxicações agudas→ danos
cardiovasculares→morte.

Farmacocinética:

• Moléculas básicas, ionizáveis, lipossolúveis;


• Absorção oral, rápida e eficaz;
• Circulam fortemente ligados às proteínas,
• Rápido alcance nos tecidos;
• Semi-vida longa.

Metabolização:

• N-desmetilação e hidroxilação→ metabolitos com atividade biológica;


• Metabolização hepática por oxidação;
• Metabolitos conjugam-se com ácido glucorónico;
• Metabolitos oxidados→ excreção biliar e renal.

Doses:

• <20mg/Kg- baixa mortalidade;


• 35 mg/Kg- letal média;
• >50 mg/Kg- quase sempre mortal.

Mais comuns:

• Amitriptinlina;
• Desipramina;
• Imipramina;
• Nortriptilina;
• Clomipramina.

São a causa mais comum de morte por intoxicação medicamentosa.

Antidepressivos tetracíclicos→ grupo amina secundário. Ação semelhante ao tricíclicos, mas


atuam apenas sobre a noradrenalina. Não afeta a recaptação de serotonina ou dopamina e
não inibe a monoaminoxidase. Semi-vida longa. Efeitos tóxicos com ação semelhante aos ADT.
Efeitos adversos: hipotensão ortostática, prejuízo da função cognitiva, sonolência, aumento de
peso, disfunção sexual. Intoxicação aguda: agitação psicomotora seguida de coma, com
depressão respiratória, hipotermia e hipotensão. Mais comuns: Maprotilina e mianserina.

Antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI)→ têm um tempo de


latência e uma eficácia terapêuticas semelhante à dos derivados tricíclicos. Têm toxicidade
aguda inferior, o risco de OD é reduzido. Mais comum: fluoxetina, paroxetina e sertralina.

Antidepressivos ‘’nova geração’’- Moduladores de Serotonina→ a eficácia ronda os 60%, às


vezes é necessário recorrer a associações de dois antidepressivos ou a outros fármacos. Mais
comuns: trazodona, tianeptina, vortioxetina.

Etiologia médico-legal→ a frequência das intoxicações por AD tem tendência a diminuir→


introdução AD nova geração→ menos reações adversas→ menos efeitos tóxicos→ acidental
ou suicida.

Antipsicóticos ou neurolépticos→ indicações clínicas: esquizofrenia, mania (euforia, alegria


exagerada), demência, psicoses e agitação psicomotora, depressão. Intoxicação aguda: rigidez
e espasmos musculares, agitação ou depressão, taquicardia, hipertermia.

Podem ser:

• Típicos, de primeira geração: cloropromazina, levimepromazina, ciamemazina (são


todos fenotiazinas);
• Atípicos, de segunda geração: aripripazol, clozapina, olanzapina, paliperidona,
quetiapina, ziprasidona.

Fenotiazinas→ alta eficácia terapêutica, muito comum. Elevado número de intoxicações.

Salicatos→ antipirético, a etiologia médico-legal mais habitual é a acidental. O mais


importante: aspirina.

Farmacocinética:

• Absorção por todas as vias;


• Concentração máxima sanguínea aparece 40 min após a administração;
• Eliminação pela urina.

Intoxicação aguda:

• Alterações metabólicas;
• Sintomas GI (náuseas, vómitos, dor epigástrica);
• Alterações SNC (cefaleias, desorientação, alucinações, convulsões e coma);
• Alterações hematológicas;
• Alterações renais (insuficiência renal aguda);
• Alterações pulmonares (edema agudo do pulmão);
• Alterações hepáticas.
Intoxicação crónica:

• Agitação, problemas de visão e audição;


• Gastrite, hemorragias digestivas ocultas, reativação de úlceras pépticas;
• Hipoglicémia, elevação do ácido úrico;
• Reações alérgicas (urticaria ou eczema);
• Alterações renais (necrose e nefrite papilar).

Investigação toxicológica→ ácido acetilsalicílico é metabolizado diretamente em ácido


salicílico. Intoxicações agudas: adultos- 400 a 500 mg/L, crianças- 300 mg/L.

Paracetamol→ analgésico, antipirético. Não opiáceo. Metabolizado no fígado, principalmente


em conjugação com sulfato ou ácido glucurónico. 8% transforma-se num metabolito
intermédio muito tóxico (n-acetil-imidoquinona), que é inativado pelo glutatião, sendo
excretado pela urina. Em doses altas, o glutatião satura rapidamente, pelo que o metabolito se
fixa aos hepatócitos provocando a sua apoptose.

Quadro clínico:

• Náuseas, vómitos e dor abdominal (poucas horas após a absorção);


• Sinais de hepatotoxicidade (12-36h após a ingestão);
• Icterícia (3º-4ºdia) seguido de um quadro de insuficiência hepática com alteração da
consciência, síndrome confusional agudo, hipoglicémia e hiperventilação.

Casos mortais→ infeções respiratórias, edema cerebral e insuficiência renal aguda.

Antiepiléticos→ controlo de crises epiléticas, são substâncias anticonvulsivas.

Carbamazepina→ anticonvulsivo com discreto efeito sedativo. Utilização prolongada: diplopia,


sonolência, perturbação no equilíbrio, erupções cutâneas. Intoxicação aguda: perturbações
neurológicas por depressão do SNC, casos graves podem evoluir com convulsões, coma e
paragem respiratória.

Fenitoína (difeil-hidantoína)→ intoxicação voluntária acontece com frequência em doentes


com epilepsia e nos seus familiares, ocorrem náuseas, vómitos, disartria, ataxia e raramente
coma. Abolição transitória de respostas oculares. As intoxicações não são mortais, mas a
duração do quadro pode ser longa dada a longa semi-vida do fármaco, dando sequelas do tipo
neurológico.

Primidona→ anticonvulsivo tóxico por si só, com metabolitos ativos também tóxicos:
fenobarbital e feniletilmalinamida. Ação depressora do SNC: disartria, raramente hipotensão,
depressão respiratória, desinibição do comportamento. Aparecimento de espirais de cristais
brancos e resplandecentes na urina.

Gabapentina→ medicamento da classe dos anticonvulsivantes e um análogo estrutural do


neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico). Para tratamento da epilepsia, mas
acabou por ser também utilizada no tratamento da dor neuropática. Importante para idosos e
crianças: não é metabolizada no fígado, não induz as enzimas hepáticas, não se liga às
proteínas plasmáticas, excretada exclusivamente por via renal.

Amostras usadas para análise de medicamentos- post-mortem:

• Sangue;
• Urina;
• Conteúdo gástrico;
• Bílis;
• Pulmão;
• Rins;
• Fígado;
• Cérebro;
• Amostras não biológicas.

Amostras usadas para análise de medicamentos- em vivos:

• Sangue;
• Urina;
• Conteúdo gástrico;
• Vómito;
• Aspirado gástrico;
• Amostras não biológicas.

Urina→ ausência de correlação entre as concentrações sanguíneas e as concentrações


determinadas em urina. Dificuldade de avaliação do efeito tóxico- apenas resultados
qualitativos. Disponibilidade reduzida em cadáveres.

Órgãos→ amostras extremamente complexas. Procedimentos extrativos morosos. Dificuldade


de obtenção de extratos limpos, adequados à análise. A sua utilização restringe-se, de forma
geral, a situações em que não há sangue disponível (cadáveres extensamente mutilados,
carbonizados, em avançado estado de putrefação).

Não biológicas→ excelente indício das substâncias eventualmente consumidas.

Sangue→ amostra mais importante, correlação entre a concentração sanguínea e o efeito


tóxico. Grande parte das publicações científicas reportam concentração plasmática. Amostra
complexa que requer procedimento extrativo. Sangue periférico: matriz preferencial em TF,
menos afetado pela redistribuição PM, pequena quantidade. Sangue cardíaco: mais
abundante, maior risco de contaminação, sujeito a fenómenos de redistribuição em sangue
PM.

Investigação toxicológica→ triagem por ensaios imunoenzimáticos.

Extração analítica→ processo pelo qual os medicamentos são isolados da matriz biológica. É a
primeira etapa. Visa o isolamento seletivo dos tóxicos, eliminando substâncias interferentes da
matriz. Adição de solventes→ agitação e centrifugação→ separação das fases. Extração
líquido-líquido: os tóxicos são retirados da matriz através de um solvente no qual são mais
solúveis. É aplicável a todos os tipos de amostras. É eficaz para todas as substâncias. Extração
sólido-líquido ou de fase sólida: técnica que utiliza colunas com enchimento adequado às
substâncias que pretendemos extrair. Técnica morosa dado a ter várias fases extrativas. É
aplicável apenas a amostras líquidas e não é eficaz para todas as substâncias. Extração por
precipitação proteica: técnica que permite a utilização reduzida de quantidade de amostra de
sangue. Baixo consumo de solventes. Rápida extração laboratorial e eficaz para um elevado
número de substâncias medicamentosas. É aplicável apenas em amostras líquidas.
Preparação dos extratos e injeção nos sistemas cromatográficos→ por cromatografia gasosa
(GC) ou por cromatografia líquida (LC)- LC-MS, LC-MS/MS, LC-PDA.

Esquema instrumental→ LC (informação da polaridade, tempo de retenção)→ PDA


(informação de absorção, espetro de UV)→ MS (informação da massa, relação massa/carga-
m/z).

Que substâncias são determinadas? E do que depende a sua determinação? Desenvolvimento


de um método analítico adequado e aquisição de padrões primários.

Quantificação- Padrão interno→ composto o mais semelhante possível ao composto


analisado, preferencialmente não comercializado. É adicionado à amostra numa concentração
conhecida a todo o procedimento analítico. Controla e minimiza todas as variações inerentes
ao procedimento analítico. Áreas dos picos cromatográficos da substância e do padrão
interno→ quociente de áreas vs. Concentração→ retas de calibração→ quantificação das
concentrações desconhecidas da substância

Curva ou reta de calibração→ resultado pode ter valor estimado (qualitativo) ou com valor
quantitativo.

Validação de métodos analíticos:

• Coeficiente da regressão liner;


• Sensibilidade;
• Especificidade;
• Limite de deteção;
• Limite de quantificação;
• Precisão intermédia/reprodutibilidade;
• Recuperação.

Casos forenses:

Caso 1:

• Mulher de 68 anos encontrada dentro de um poço;


• Junto a este, estavam os chinelos e as chaves de casa;
• Historial médico: depressão grave, com consultas de psiquiatria;
• Vivia sozinha;
• Autopsia: sinais compatíveis com submersão/afogamento, presença de vários
comprimidos no conteúdo gástrico;
• Análises toxicológicas: reforçam a suposição de suicídio por afogamento. Caso o
afogamento não tivesse sobrevindo, as concentrações dos fármacos justificavam uma
morte por intoxicação medicamentosa por antidepressivos.
Caso 2:

• Homem de 46 anos, encontrado já cadáver, parcialmente carbonizado no interior da


cozinha da sua residência;
• Sofria de alcoolismo, depressão (aparentemente relacionada com a existência de
problemas de impotência sexual) e arritmia cardíaca;
• Resultados toxicológicos:

Caso 3:

• Indivíduo de 29 anos, solteiro, consultor imobiliário, encontrado cadáver junto da sua


viatura;
• Recolhidos comprimidos de várias marcas, coloração e feitios, que se encontravam
junto da cabeça da vítima, debaixo do seu corpo, nos bancos da viatura e ao pé dos
pedais;
• Historial clínico: depressão profunda, seguido e medicado por um psiquiatra;
• Em casa da vítima, foi encontrado um saco com embalagens de medicamentos, umas
vazias e outras cheias, em cima da cama;
• Não foi detetada presença de álcool, drogas de abuso nem de pesticidas;
• Suicídio por intoxicação medicamentosa.

Caso 4:

• Homem de 32 anos, encontrado já cadáver, em decúbito ventral, na cama, com


abundante hemorragia proveniente da boca;
• Junto da vítima foram encontradas várias cápsulas azuis, brancas e cor de laranja;
• No caixote do lixo, foram recolhidos inúmeros blisters de comprimidos vazios;
• Na secretária, encontrava-se uma carta de despedida;
• Segundo o pai, era a 4º tentativa de suicídio;
• Historial clínico: bipolaridade e estava sob tratamento psiquiátrico;
• O estômago continha cerca de 200 mL de um líquido acastanhado, bem como um
fragmento arredondado de grandes dimensões, de cor branca e de consistência muito
pastosa, com um cheiro intenso a medicamentos.

Drogas de Abuso:

Drogas→ substâncias tóxicas que são consumidas de forma intensiva, principalmente pelos
jovens.

Dependência psíquica→ estado mental caracterizado por comportamentos compulsivos e


obsessivos para o consumo de uma droga para obter prazer ou aliviar a tensão.

Dependência física→ exigência do organismo de consumir uma droga sob pena do


aparecimento da síndrome de abstinência.

Tolerância→ propriedade do organismo à qual ele se adapta a algumas drogas, fazendo com
que, com a repetição do consumo, sejam necessárias doses progressivamente crescentes para
obter o mesmo efeito.

Consumidores→ experimentais, ocasionais, habituais, compulsivos, dependentes.

Opiáceos→ substâncias extraídas da papoila (Papaver somniferum), que depois de cortada


elimina um líquido leitoso branco, que ao secar passa a ser chamado de ópio. Podem ser
naturais, quando não sofrem nenhuma modificação (morfina, codeína), ou semi-sintéticos,
quando são resultantes de modificações parciais das substâncias naturais (heroína- opióide,
que é obtida da morfina através de uma modificação química). Vias de administração: oral, IM,
subcutânea, IV, inalatória, intranasal, sublingual e transdérmica.

Intoxicação aguda por opióides:

• Alterações comportamentais;
• Alterações de memória e atenção;
• Fala arrastada;
• Boca sea;
• Bradicardia;
• Hipotensão;
• Prurido;
• Depressão do SNC;
• Depressão respiratória;
• Miose.

Morfina→ protótipo dos agonistas opioides, capacidade de aliviar a dor intensa com notável
eficácia, continua a ser o padrão a partir do qual todos os fármacos com acentuada ação
analgésica são comparados. Principal alcaloide do ópio, está presente numa concentração de
cerca de 10%. A sua estrutura básica pode ser alterada levando a modificações drásticas nos
efeitos da droga.

Heroína→ opióide de abuso mais comum, 5x mais potente do que a morfina (farmacocinética
distinta). Aumento mais rápido das concentrações encefálicas. Tradicionalmente, auto-
administrada por via IV, intranasal e inalatória. É um opioide semissintético (“heroish”-
heróico-mais eficaz). Reação: acetilação dos grupos hidroxilo podem levar à síntese de heroína
(diacetilmorfina), com muito maior capacidade para atravessar a barreira hemato-encefálica.
No cérebro, a heroína é convertida a morfina e monoacetilmorfina. Atinge rapidamente o SNC.

Efeitos da morfina e derivados sobre órgãos e sistemas:

• No SNC:
✓ Analgesia;
✓ Euforia;
✓ Sedação;
✓ Depressão respiratória;
✓ Supressão da tosse;
✓ Miose;
✓ Rigidez de tronco;
✓ Náuseas e vómitos;
✓ Regulação homeostática da temperatura corporal.

• Efeitos periféricos:
✓ Sistema cardiovascular;
✓ Trato gastrointestinal;
✓ Trato biliar;
✓ Renal;
✓ Útero;
✓ Neuroendocrino;
✓ Prurido.

Efeitos adversos:

• Tolerância progressiva;
• Depressão respiratória;
• Miose;
• Dependência;
• Hipotensão ortostática e prolongamento do S-T;
• Náuseas e obstipação.
Intoxicação aguda por opioides:

• Alterações comportamentais (euforia);


• Alterações da memória e atenção;
• Fala arrastada;
• Boca seca;
• Bradicardia;
• Hipotensão;
• Prurido;
• Depressão do SNC (coma);
• Depressão respiratória;
• Miose.

Complicações da administração IV:

• Endocardites bacterianas;
• Embolia pulmonar;
• Tuberculose;
• Trombose venosa;
• Hepatite C;
• Tétano;
• HIV.

Anfetaminas→ alfa-metilfenetilamenina. Substâncias sintéticas, estimulantes do SNC,


aumento do estado de alerta, vigília e locomoção. Substâncias simpatomiméticas sintéticas
que têm estrutura química da beta-fenetilamina (ex: noradrenalina, dopamina, efedrina). Vias
de administração: oral, injetadas ou intranasal. Formas: cápsulas, comprimidos e pó.
Substâncias de mistura: lactose, manitol, cafeína e paracetamol.
Sintomas e sinais do consumo de anfetaminas:

• Aceleração do curso do pensamento;


• Redução do sono;
• Redução do apetite;
• Elevação da pressão arterial;
• Pressão da fala (verborragia);
• Euforia;
• Diminuição da fadiga;
• Taquicardia.

Efeitos de curta duração:

• Aumento do ritmo cardíaco, pressão arterial e temperatura;


• Problemas cardiovasculares e arritmias cardíacas;
• Dilatação das pupilas;
• Náuseas e anorexia;
• Alucinações e hiperexcitabilidade;
• Padrões de sono perturbados (insónia);
• Irritabilidade;
• Pânico e psicose;
• Convulsões;
• Doses excessivas podem conduzir a convulsões, derrames vasculares cerebrais e
morte.

Efeitos de longa duração:

• Alucinações;
• Psicose;
• Forte dependência psicológica;
• Danos irreversíveis dos vasos sanguíneos coronários e cerebrais, tensão arterial
elevada, conduzindo a ataques cardíacos, derrames vasculares cerebrais e morte;
• Comportamento violento;
• Ideações homicidas/suicidas;
• Destruição dos tecidos nasais (inalação);
• Decadência dentária severa.

Efeitos externos:

• Anorexia- consumo do tecido muscular e gordura facial;


• Pele: aparece/piora o acne, pequenas feridas, cicatrizes (normalmente, provocados
pela alucinação de insetos a caminhar debaixo da pele);
• “Meth mouth”: diminuição da produção de saliva, aumento da ingestão de alimentos
açucarados, neglicência da higiene oral, bruxismo intenso.

Tolerância e dependência→ grande tolerância, rapidamente desenvolvida, forte dependência


psicológica.

Cocaina→ C17H21NO4, principal alcaloide encontrado nas folhas do arbusto da coca


(Erythroxylon coca), autóctone da América Central e do Sul. Estimulante do SNC. História: Séc
XVII, primeira referência às propriedades anestésicas foi em 1653, alívio das dores de dentes.
Era um remédio milagroso, dores, cansaço, depressão, dependências, substituto alimentar,
estimulante. No séc XIX foi livremente comercializada, de diversas formas (vinho de coca e
coca-cola). Em 1909, ocorre a primeira conferência internacional sobre as drogas em Xangai.
Em 1912, ocorreu a convenção internacional do ópio em Haia. Em 1914, nos EUA, surgem leis
que restringem a utilização da cocaína- apenas para uso médico. Nos anos 30, surgiram outras
drogas, como anfetaminas. Até aos anos 70, o consumo manteve-se secundário, quando o seu
consumo começou a ser associado à imagem de êxito social. Nos anos 80, surge o crack.
Atualmente, é a droga mais traficada no mundo depois da cannabis, estima-se que 12 milhões
de europeus (15-64) já tenham experimentado uma vez na via (3.6%), cerca de 4 milhões de
europeus a terão consumido no último ano. Formas de apresentação: folhas de coca, pasta de
coca (sulfato de cocaína), cloridrato de cocaína, base de cocaína (base livre ou crack).

Folhas de coca→ absorção muito variável, mascadas ou em infusão, velocidade de atuação


lenta, capacidade limitada de consumo- toxicidade limitada. Absorção:20-30%. Ação lenta.
Duração: 30-60 min.

Pasta de coca (sulfato de cocaína)→ produto não refinado resultante da maceração das folhas
de coca com ácido sulfúrico e outros solventes. É fumada. Inicio de ação muito rápida.
Absorção de 70-80% e duração de efeito de 5-10 min.

Cloridrato de cocaína→ resulta da adição de ácido clorídrico formando um sal. Trata-se de um


pó cristalino, branco, inodoro, de sabor amargo e solúvel em água. Inalada (através das
mucosas) - absorção 20-30% e duração de 30-60 min- ou endovenosa- absorção 100% e
duração de efeito de 10-20 min. Ação rápida.

Base de cocaína (crack)→ resulta da mistura cloridrato de cocaína com uma solução básica
(amoníaco, hidróxido de sódio ou bicarbonato de sódio) e éter. Fumado e ação muito rápido.
Absorção de 70-80% e duração do efeito de 5-10 min.

Vias de administração:

• Oral: a cocaína é administrada por folhas de coca em pó, sendo que cada folha contém
17 a 48 mg de cocaína. A concentração plasmática atinge 11 a 149 ng/mL após 0.4 a 2h
da sua administração;
• Intranasal: cocaína snifada, permite o pico plasmático aos 10-30 min e uma duração de
efeito inferior a 1h. O cloridrato de cocaína contém 2mg/kg da substância pura e
atinge uma concentração plasmática de 104 a 424 ng/mL após 50 a 90 min da sua
administração;
• IV: pico plasmático aos 2-5 min e uma duração de efeito de 15 min, o que leva a
administrações repetidas. 35 mg de cloridrato de cocaína atinge uma concentração
plasmática de 308ng/mL após 5 min da sua administração;
• Inalatória: fumar crack, com parâmetros toxicocinéticos semelhantes aos da via IV. Por
inalação de fumo obtido através de crack 50 mg de cocaína, a sua concentração
plasmática é de 203ng/mL após 5 min da sua administração.
Ações:

• Redução da fadiga;
• Redução do apetite; hiperatividade motora, verbal e intelectual;
• Euforia;
• Sensação de poder;
• Ausência de medo;
• Vasoconstrição;
• Aumento da pressão arterial;
• Taquicardia;
• Midríase;
• Tremor;
• Sudorese;
• Hipertermia.

Efeitos no organismo:

• Fisiológicos: bem-estar, comportamento repetitivo, verbosidade, aceleração do


pensamento, redução da fadiga e da fome, irritabilidade, impulsividade e alterações
no comportamento sexual;
• Após o desaparecimento do efeito: cansaço, fadiga, disforia, associado ao desejo
“craving”.

Intoxicação aguda:

• Espasmo coronário,
• Ativação plaquetária e trombose;
• Aumento do trabalho cardíaco: inotropismo e cronotropismo elevados e vasocinstrição
periférica;
• Necrose ou fibrose focais do miocárdio;
• Hipertensão arterial;
• Rabdomiólise;
• Hipertermia;
• Convulsões
• Arritmias;
• Falência respiratória;
• Isquemia e enfarte do miocárdio;
• Insuficiência cardíaca crónica;
• AVC;
• Insuficiência renal aguda;
• Danos cerebrais;
• Morte súbita.

1ª fase de intoxicação→agitação psicomotora, euforia, diminuição das inibições, aumento da


energia e da auto-confiança. Podem ainda surgir alucinações visuais, auditivas e sensitivas,
ansiedade, confusão e desorientação.

2ª e 3ª fase→ convulsões tónico-clónicas, taquicardia, HTA, cianose e dispneia. Depressão do


SNC com paralisias musculares, cianose, paragem cardiorrespiratória, coma e
morte→Overdose- todos os sintomas de intoxicação pioram, havendo enfarto do miocárdio
levando à hemorragia cerebral e coma.

Autópsia por intoxicação de cocaína (hábito externo):

• Midríase;
• Lesões traumáticas provocadas pelas convulsões (língua, lábios);
• Perfuração do septo nasal;
• Sinais de punções venosas recentes, equimoses;
• Queratite, “crack queratite”
• Calo na última falange do polegar;
• Queimaduras superficiais, hiperqueratose e escurecimento palmar.

Canabinoides→ história: alimento ou alucinogénio, fibras, óleos e sementes→ 6000 aC:


compêndio medicinal chinês→ 1500: caravelas portuguesas (cordas e velas feitas de fibras
extraídas da Cannabis sativa→ 1564: “Colóquios dos simples e drogas da índia”→ 1924: II
conferência internacional do Ópio (mais perigosa que o ópio)→ 1961: Convenção da ONU
(droga perigosa com a heroína)→ 1964: identificação do THC e sistema canabinóide endógeno
no homen→ 1971: consumo e plantação ilegais em Portugal.

Classificação:

• Fitocanabinoides ou canabinoides naturais: Cannabis sativa, 60 fitocanabinoides


identificados na planta, Δ9-tretahidrocanabinol (THC)- responsável pelos efeitos
psicoativos e fisiológicos- Δ8-tretahidrocanabinol- Canabinol (CBN) e Canabidiol (CBD);
• Endocanabinoides e camabinoides sintéticos: Endocanabinoides- anandamina, 2-
araquidomoglicerol- , canabinoides sintéticos- clássicos, não clássicos e eicosamóides
(com afinidade variável para os 2 recetores, CB1 e CBD2.

Canabinoides Sintéticos→ análogos do THC, efeitos semelhantes, concentrações variáveis


(mistura de ervas), tipicamente não misturado com CBD, perfis farmacocinéticos diferem
grandemente: efeitos 1-6 h, rápida tolerância. Efeitos imprevisíveis e frequentemente mais
severos que cannabis. Utilizadores: risco aproximadamente 30 vezes superior assistência
emergente. Maior probabilidade de psicose provocada.

Formas de Consumo:

• Erva/marijuana;
• Tintura;
• Pólen;
• Haxixe;
• Óleo de haxixe;
• Resina;
• Infusão.

A potência dos produtos de cannabis é determinada pelo teor de THC, em %.

Métodos de Consumo:

• Fumo;
• Cachimbo;
• Vaporizador;
• Chá.

Inalação e ingestão oral→ vias mais comuns de administração de produtos naturais e


sintéticos da cannabis.

Variáveis que afetam as propriedades psicoativas:

• Potência da cannabis usado;


• Via de administração;
• Técnica de fumar;
• Dose;
• experiência e expectativa do utilizador bem como vulnerabilidade biológica aos efeitos
da droga.

Mecanismo de ação→ o sistema endocanabinoide é constituído por recetores canabinoides


CB1 e CB2, endocanabinoides, enzimas. Os recetores canabinoides estão acoplados às
proteínas G. Quando interagem com ligantes com o THC não ativados (inibindo a atividade de
enzimas adenilatociclases e estimulando a das MAPK. Neste recetores, a modulação faz-se
sobre canais de Ca2+, inibindo-os e levando a uma diminuição na libertação de
neurotransmissores. Na abertura de canais de K+, diminuindo a transmissão de impulsos
nervosos.

Recetores canabinoides→ lipossolúveis, THC atua como agonista parcial de CB1 e CB2
(THC+CB1=efeitos psicoativos). CBD atua através de múltiplos mecanismos. Um dos perigos de
canabinoides sintéticos- agonistas completos de alta eficácia de CB1. Recetores CB1: mais
abundantes, membrana plasmática das terminações nervosas, menores concentrações
noutros tecidos periféricos. Recetores CB2: maioritariamente células periféricas (sistema
imune e hematopoiético, tecidos linfoides)→ hipocampo (efeitos de memória), cerebelo
(perda da coordenação), hipotálamo (efeitos de apetite e temperatura corporal), substância
negra, vias dopaminérgicas mesolímbicas (efeito de recompensa).

Efeitos farmacológicos/sintomas:

• efeitos farmacológicos: THC- ação no SNC;


• efeitos subjetivos: sensação de relaxamento e bem-estar, sensação de passagem
extremamente lenta do tempo, perceção do aumento de autoconfiança e criatividade-
euforia-, impressões de consciência sensorial aguçada- sons, visões +
intensos/fantásticos. Semelhantes ao álcool e LSD, mas menos intensos.

Efeitos a curto-prazo:

• Efeitos centrais: comprometimento da memória a curto-prazo e tarefas de


aprendizagem simples, diminuição da coordenação motora, catalepsia, hipotermia,
analgesia, ação antiemética, aumento do apetite;
• Efeitos periféricos: taquicardia, vasodilatação, diminuição da pressão intraocular,
broncodilatação;
• Reversíveis, excepto no uso frequente.

Efeitos adversos:

• Sobredosagem: mais ou menos segura, leva à sonolência e confusão, relatos em


humanos com aumento de lesões cromossómicas em leucócitos;
• Derivados sintéticos de THC: euforia, sonolência, distorção sensorial, alucinações,
ataques de pânico e ansiedade.

Tolerância e dependência:

• Física: pouco frequente (+ em utilizadores habituais), sintomas de abstinência- ligeiros,


sem ânsia de consumo compulsivo, náuseas, irritabilidade, agitação, confusão,
sudorese;
• Psicológica: sim.

Potenciais efeitos a longo-prazo:

• Uso regular, em especial na adolescência: vício com aumento de ânsia pela droga,
comprometimento cognitivo duradouro, resultado educacional pobre, diminuição da
sensação de realização e satisfação com a vida, aumento da irritabilidade e reatividade
ao stress, aumento de distúrbios psicóticos;
• Influência em atividades psicomotoras, como a condução segura. A coordenação
motora, perceção, alerta vigilância estão fracamente diminuídas;
• Efeitos no cérebro são semelhantes aos de outras drogas, consideradas pesadas.
Farmacocinética:

• Fumo de cannabis→ 10 min de concentração máxima, 1h de efeito, no máximo;


• THC: pequena fração (conversão em 11-hidroxi-THC), maior parte, conversão em
metabolitos inativos- conjugação e recirculação entero-hepática- sequestrados pela
gordura no organismo-, eliminação lenta do organismo.

A THC no sangue diminui rapidamente devido à elevada natureza lipofílica do THC, com
consequente rápida distribuição do sangue para os tecidos e a sua rápida conversão a
metabolitos polares.

Concentrações de THC e os seus efeitos:

• Entre 2-5 ng/mL: pode existir um estado de influenciado inicial e significativo;


• Entre 5-10 ng/mL: 75-90% das observações foram indicativas de um estado de
influência muito significativa em todos os testes realizados;
• >30 ng/mL: pode atingir um estado de influenciado de 100%.

É detetada a presença de THC-COOH, poucos minutos após fumar. À medida que ocorrem os
processos de distribuição e metabolismo, os níveis de THC diminuem, sendo acompanhados
por um aumento dos níveis de THC-COOH. É difícil estabelecer os verdadeiros parâmetros
farmacocinéticos do THC-COOH após a administração aguda de cannabis.

Intoxicação por metais:

História dos metais e semi-metais→ as toxinas mais antigas conhecidas pelo homem, grupo
com importância toxicológica (casos graves de intoxicações).

Quais são? Metais: alcalinos, alcalino-terrosos, transição e outros metais. Semi-metais: As, Si,
Sb, Te, Po, Ge, B.

Cerca de 80 elementos da tabela periódica são metais, menos de 30 foram identificados como
substâncias tóxicas. Muitos são considerados elementos essenciais- ingestão ou absorção
insuficiente do elemento provoca deficiências funcionais no ser vivo: anomalias metabólicas
ou perturbações no seu desenvolvimento.

Elementos vestigiais→ aqueles que, todos juntos, perfazem menos de 1% da totalidade dos
elementos presentes. 10 (metais ou não metais) são necessários à maioria dos sistemas
biológicos. Existem 7 que são requeridos ou por plantas ou por animais. 17 elementos:
vanádio, crómio, manganês, ferro, cobalto, níquel, cobre, zinco, molibdénio, boro, silício,
selénio, fluor, iodo, arsénio, bromo, estanho.
Fatores que influenciam a toxicidade dos metais:

• Principais propriedades: elevados níveis de reatividade e bioacumulação;


• Interações com metais essenciais (metais tóxicos→metais essenciais);
• Formação de metalobiomoléculas (proteicas e não proteicas, por exemplo, formação
de complexos de metaloproteínas envolvidos na desintoxicação);
• Idade e fase de desenvolvimento (crianças e idosos mais suscetíveis);
• Fatores relacionados com o estilo de vida (fumadores/ingestão de álcool);
• Estado do sistema imunitário (variável com importância toxicológica);
• Forma química e especiação (fator importante que influencia absorção pulmonar ou
gastrointestinal e também a distribuição no organismo e os efeitos tóxicos).

Especiação:

• Distribuição de um elemento pelas diferentes espécies químicas de um sistema;


• Importância: investigação médica, análises clínicas e descobertas de drogas;
• Objetivo: obtenção de informação adicional que vai ajudar a determinar a toxicidade
do composto, a sai biodisponibilidade ou mobilidade no sistema de interesse.

Métodos aplicados nas análises de especiação:

• Método 321.8: aplica a separação por cromatografia iónica e deteção por ICP-MS para
especiação de compostos de bromo em água potável e efluentes;
• Método 1632: aplica a absorção atómica com sistema gerador de hidretos para medir
as espécies de arsénio em água e tecidos;
• Vários métodos para medir espécies de estanho, crómio e mercúrio (ajuda a definir
qual a forma de estanho que possa estar a contaminar as águas marinhas ou de
mercúrio presente em determinada espécie).

Metais mais vulgarmente envolvidos em intoxicações:

• Mercúrio e chumbo- exposição profissional/ocupacional;


• Alumínio- hemodiálise em doentes renais, alzheimer, exposição profissional;
• Arsénio- intoxicações voluntárias/exposição ambiental;
• Outros: cádmio, crómio, níquel, berílio,tálio e vanádio- exposição
profissional/ocupacional.

Arsénio:

• Tóxico de grande relevância;


• Elemento abundante na crosta terrestre;
• Elemento cuja análise é mais vezes solicitada;
• Caracterização: difícil de caracterizar como elemento único, química muito complexa,
presente em mais de 200 espécies minerais, sendo a mais comum a arsenopirite-
FeAsS-, podem encontrar-se em 4 estados de oxidação diferentes- -3, 0, +3 e +5 e está
extensamente distribuído na natureza;
• Risco para a saúde humana quando se concentra no meio ambiente- processos
naturais ou antropogénicos;
• Ambientes redutores- arsenito- As III;
• Ambientes oxidados- arsenato- As V;
• HG-ASS- Hydride generation atomic absorption spectrometry, das melhores técnicas
para a análise vestigial.

Toxicocinética:

• Absorção: ingestão (95%), inalação, contacto;


• Distribuição: sangue, fígado, rins, pulmões, músculos, unhas, cabelos e ossos;
• Biotransformação e eliminação: conversão As V em As III por oxi-redução, metilação
(AMA, ADA), excretado quase totalmente pelo rim.

Metabolismo e mecanismo de ação:

• Sistemas afetados: pele (concentra-se no cabelo e nas unhas), aparelho respiratório e


cardiovascular, sistema imunitário, urinário, reprodutivo, gastrointestinal e nervoso;
• Toxicidade: depende do composto do arsénio, arsénio inorgânico e trivalente são os
mais tóxicos- As -III >> arsenito > arsenato > [H4As+] X- > As (0) > As III > As V >> AMA >
ADA > AB > AC;
• Mecanismos de ação: inibição da respiração mitocondrial, competição na fosforilação
oxidativa, inibição ou redução da atividade enzimática, arsina- ação direta sobre
eritrócitos.

Casos de intoxicação→ estudos mostram que a exposição crónica ao arsénio está relacionada
com o aumento do risco de cancro na pele, pulmões, bexiga, rins, fígado e próstata, assim
como outras alterações na pele (hiperqueratose e alterações na pigmentação).
Chumbo:

• Metal largamente empregue pelo homem;


• As concentrações de chumbo no organismo decaíram após a retirada deste da
gasolina;
• Exposição humana ocorre essencialmente devido a fontes antropogénicas (Pb
inorgânico > toxicidade);
• Em alguns países, Pb (C2H5) e Pb (CH3)4 ainda são usados como aditivos em
combustíveis, estes apresentam lipossolubilidade;
• Difícil diagnóstico (sintomas pouco específicos);
• Fontes de contaminação: variam consoante a região, está distribuído no ar e em
menor quantidade no solo e água. Fontes antropogénicas: exploração mineira,
fundição de Pb e outros metais, indústrias petrolíferas, indústrias de cerâmica,
utensílios domésticos, combustíveis; produção de vidro e produtos de borracha,
produção de tintas (brinquedos) e produtos cosméticos, tubagens de água, construção
civil.

Exposição humana:

• Exposição aguda: tentativas de homicídio e suicídio, ingestão acidental de alimentos e


bebidas com elevado teor de Pb;
• Exposição crónica: ocupacional (galvanoplastia, soldadura, baterias, petrolífera,
cerâmica, cabos, tubulações e munições), ambiental (tintas, água e ar de regiões
contaminadas pelo metal), alimentar (alimentos, água com elevados teores ao metal).

Toxicocinética:

• Absorção: inalação (fumo, poeiras), ingestão (TGI: adultos entre 5 a 15%, crianças 30-
40%, absorção é favorecida pela redução da ingestão de Ca e Fe), contacto (elevada
absorção de compostos orgânicos de chumbo);
• Distribuição: sangue (semi-vida de meses, eritrócitos 95%), ossos (semi-vida até 20
anos, deposição 90%, eliminação lenta), tecidos moles (reduzida), cérebro
(hipocampo, cerebelo e medula);
• Eliminação: baixa taxa de excreção, rim (principal via de eliminação).

Mecanismos de ação e efeitos:

• Efeito mais comum- influência na síntese de hemoglobina conduzindo à anemia


(inibição enzimática);
• Reduz a hemoglobina e conduz à incorporação de zinco em de ferro no anel de
porfirina (produzindo protoporfirina de zinco);
• Deposita-se nos ossos na forma de fosfato de chumbo insolúvel;
• Sistemas afetados: sistema nervoso, reprodutivo e renal;
• Diagnóstico de intoxicação aguda: descoloração azul-púrpura da gengiva (Lead’s lines
ou Burton’s lines);
• Pb especialmente nocivo para crianças e fetos afetando o desenvolvimento do
cérebro;
• Interfere no metabolismo do Ca e vitamina D;
• Valores elevados de Pb no sangue em crianças originam problemas de aprendizagem,
comportamentais e atrasos mentais. Doses superior causam convulsões, coma e a
morte.

Mercúrio:

• Elemento por excelência;


• Caracterização: único metal pesado em estado líquido nas CNTP, presente no meio
ambiente sob a forma de compostos orgânicos e inorgânicos e na forma elementar,
responsável por vários casos de intoxicação humana e animal, usado em diversos
ramos de atividade humana;
• Aplicações na medicina: pó talco (calomelanos), antisséticos, anti-pruriginerosos,
amálgamas dentárias, cosméticos, medicinas tradicionais;
• Fontes de contaminação: antropogénicas- indústrias produtoras de soda e de cloro,
fábricas de produtos elétricos, indústrias cerâmicas, indústrias farmacêuticas,
odontologia, produção de tintas, manufatura de produtos têxteis, produção de
cosméticos. Naturais- desgaseificação da crosta terrestre, erupções vulcânicas, queima
de combustíveis fósseis.

Exposição humana:

• Exposição aguda: tentativas de homicídio ou suicídio, acidentes com aparelhos de


precisão;
• Exposição crónica: ocupacional (exploração mineira, indústria, odontologia), ambiental
(desgaseificação da crosta terrestre, ar e água contendo elevados teores do metal),
alimentos (peixes contendo teores elevado do metal), medicamentos (tópicos e
amálgama dentária).

Sintomas da exposição:

• Intoxicação crónica: alteração do encéfalo (polineurítica, encefalopatia,


alterações subclínicas sensoriais e das funções psicomotoras), alteração asténica
(fadiga, dor de cabeça, insónia, dores musculares, parestesia e paralisia dos músculos
tensores), alteração hematológica (anemia, aumento dos pontos basófilos nos
eritrócitos), alteração renal, alterações cardiovasculares, alterações hepáticas
(hepatite tóxica), alterações gastrointestinais (cólicas satúrnicas).

Mecanismo de ação e biotransformação:

• Afinidade por grupos sulfidrilo constituintes de enzimas e proteínas essenciais


ao organismo;
• Ligação a enzimas microssomias e mitocondriais (danos celulares e morte
celular);
• Patologia imunológica;
• Oxidação do Hg0 a Hg+2;
• Clivagem da ligação mercúrio- carbono das moléculas de mercúrio orgânico.
Toxicinética:

• Absorção: ingestão (TGI Hg2+ 7-15%, Hg0 <0.01%, CH2Hg+ 90-95%), inalação (Hg2+7-
10%, Hg0 >95%), contacto (Hg0 15%, CH3Hg+ 50%);
• Distribuição: por todo o organismo humano, no leite materno, rins, SNS, placenta;
• Eliminação: Hg0 (pequena fração inalterada no ar exalado), urina (Hg2+), fezes
(CH3Hg+), semivida do metilmercúrio- média de 70 dias-, semivida do mercúrio
inorgânico- 35-90 dias.

Avaliação da exposição humana:

• Mercúrio inorgânico: urina- informação de exposição recente-, sangue- influenciada


pelo consumo de alimentos;
• Mercúrio orgânico: sangue- atualmente presente-, cabelo- empregue como
biomarcador de exposição a metilmercurio.

Crómio:

• Elemento relativamente abundante na crosta terrestre;


• Apresenta-se em diferentes estados de oxidação, Cr2+ a Cr6+, a trivalente e a
hexavalente têm importância biológica;
• A forma trivalente é a mais abundante, no entanto, a forma hexavalente tem maior
importância a termos industriais;
• O cromato e o dicromato de sódio são as principais substâncias usadas para a
produção dos compostos de crómio;
• Cr III é um elemento vestigial essencial- fator de tolerância à glicose;
• Fontes de contaminação: extração mineira de crómio para preparação de ligas deste
metal, utilização de pigmentos de crómio na indústria dos curtumes, preservantes da
madeira, aplicado como anticorrosivo (utensílios culinários, caldeiras), queima de
combustíveis fósseis e indústrias de cimento.

Toxicocinética:

• Absorção: inalação (via principal), contacto e ingestão (pouco significativa, em vegetais


e água);
• Distribuição: sangue (eritrócitos e plasma), pele, mucosas, pulmões, fígado e rins
(pequenas concentrações);
• Eliminação: urina.

Exposição e efeitos:

• Exposição: acidental- mais comum- e voluntária- ocasional, fins suicidas;


• Efeitos: Cr VI- corrosivo causando úlceras crónicas e perfuração do septo nasal bem
como úlceras noutras zonas da pele. Efeitos nocivos para o homem atribuídos à forma
hexavalente (associa-se ao cancro no trato respiratório).

Alumínio:

• Metal mais abundante da crosta terrestre;


• Absorção muito dependente da especiação e presença de outras substâncias na dieta
(fosfato);
• Trata-se de uma potente neurotoxina (pacientes sujeitos a hemodiálise com risco de
sofrer de encefalopatias “dialysis dementia”);
• Relacionado com a doença de Alzheimer.

Toxicocinética:

• Absorção: ingestão- água, alimentos e medicamentos;


• Distribuição: sangue, ossos (maior acumulação), pulmões (maior acumulação),
cérebro;
• Eliminação: urina e bílis.

Mecanismo de ação:

• Afeta a absorção de outros elementos (TGI) e altera as funções intestinais- inibe a


absorção de compostos de flúor, diminui a absorção de cálcio e ferro e possivelmente
do colesterol e liga-se a compostos de fósforo diminuindo os iões fosfato no
organismo;
• Compete ou altera o metabolismo do cálcio em alguns órgãos e sistemas, inclusive o
cérebro.

Aplicações do Al:

• Produtos farmacêuticos: afeções GI, analgésicos e antidiarreicos;


• Ligas metálicas;
• Pirotecnia;
• Espelhos;
• Condutas elétricas;
• Utensílios domésticos.

Cádmio:

• Metal tóxico moderno;


• Aplicação na indústria aumentou nos últimos 50 anos;
• Elemento naturalmente presente na crosta terrestre, é subproduto da exploração
mineira do zinco e do chumbo;
• Principal fonte de contaminação: exploração mineira;
• Aplicações: fabrico de baterias níquel/cádmio, usado como pigmento para tintas e
plásticos, utilizado em processos eletroquímicos de revestimento, devido à natureza
não corrosiva;
• Fontes de exposição: ocupacional e ambiental- alimentos (frutas, bebidas, vegetais,
batata e marisco), fumo do cigarro, indústrias (produção de ligas metálicas,
praguicidas, equipamentos elétricos, produção e uso de tintas e produção de
plásticos).

Exposição humana:

• Exposição aguda: tentativas de homicídio e suicídio, ingestão acidental de alimentos e


bebidas com altos teores do metal;
• Exposição crónica: ocupacional- galvanoplastia, soldadura, baterias-, ambiental-
cigarros e ar de regiões contaminadas pelo metal-, alimentar- carnes, frutas, peixes e,
principalmente, marisco.

Toxicocinética:

• Absorção: inalação- aerossóis, poeiras, fumos (15-30%, influenciada pelo tamanho e


proporção química) -, ingestão- TGI (5-8%, Ca e Fe dependente) - e contacto-
insignificante;
• Distribuição: sangue (eritrócitos), fígado e rins (deposita-se 50-75%), músculos (20%) e
uma semi-vida de 10-30 anos;
• Eliminação: urina (principal) e fezes (fração não absorvida).

Sintomas e sinais de intoxicação:

• Aguda: transtornos gastrointestinais, anemia, descoloração dos dentes, enfisema


pulmonar, hipertensão arterial, danos ao miocárdio, doença renal;
• Crónica: transtornos gastrointestinais, tranqueobronquite, DPOC, pneumonia e edema
pulmonar (óbito por doença pulmonar >20%);
• Sistemas afetados: danos renais, danos ósseos e danos no sistema cardiovascular.

Dificuldades analíticas da deteção de metais e semimetais:

• Aumento da sensibilidade→cuidados acrescidos com contaminações- elementos


vestigiais vs macroelementos (por ex., os níveis de Al encontrados no soro diminuíram
consideravelmente. Grande parte do Al detetado devia-se a contaminação externa. A
técnica EAA com câmara de grafite baixou consideravelmente os LD e colocou o
problema da hemodiálise sob controlo);
• Difícil análise sistemática;
• Preparação morosa e complicada das amostras para a análise- destruição da matéria
orgânica).

Metodologias de análise:

• AAS- atomic absorption spectroscopy ou espectrofotometria de absorção atómica


(GFAAS, HGAAS, FAAS);
• ICP-AES- inductively coupled plasma atómica emission spectrometry ou
espectrometria de emissão atómica por plasma acoplado indutivamente;
• INAA- instrumental neutron activation analysis ou análise por ativação neutrónica.
INAA→ a análise por ativação neutrónica é uma técnica sensível e fiável que permite LQ’s na
ordem dos ng/g. No entanto, esta técnica tem um uso limitado devido ao número restrito de
reatores nucleares essenciais à irradiação das amostras. Em Portugal, dispomos de um único
reator nuclear, o Reator Português de Investigação, em Sacavém.

Indicadores biológicos de exposição:

• Exposição recente, aguda ou crónica- urina;


• Exposição recente aguda- sangue;
• Exposição no passado- cabelo e unhas.

Indicadores biológicos de exposição e interpretação de resultados:

• E as vísceras, como o rim, fígado, pulmão, etc, e outras amostras não biológicas, qual a
importância? Depende do tipo de metal ou composto a analise, da forma como atua
no organismo, onde se acumula, qual o tempo de semi-vida no organismo;
• A interpretação dos resultados tem que ser feita conjugando e cruzando diversos
dados para além dos resultados analíticos- idade, estado de saúde, dieta, local de
origem, etc;
• A interpretação é apoiada pela consulta de tabelas, artigos especializados e livros que
compilam muita informação sobre níveis normais, tóxicos e letais de metais no
organismo.

Preparação das amostras- digestão húmida ou seca/ vaso aberto ou fechado:

• Destruição da matéria orgânica- estudo de condições (ex. combinações de ácidos,


temperatura, tempo);
• Eficiência da oxidação;
• Completa decomposição das matrizes orgânicas.
Fontes de erro:

• Pré-tratamento da amostra: perdas de analito, contaminações externas;


• Comportamento específico das diferentes espécies: comportamento específico
consoante estado de oxidação do elemento;
• Interferências: ICP-MS.

Análise do arsénio→ adição de ácidos→ digestão húmida em vaso aberto→ pré-redução


(As5+>>>As3+)→Diluição (HCl 10 %)→ produção de arsina- AsH3→ análise por FIAS-HG-AAS.
Nas amostras: sempre presente nas amostras biológicas em baixas concentrações e com
variações consideráveis, concentração fortemente influenciada por exposição ambiental,
ocupacional e dieta.
Intoxicações por Álcool:

Substâncias pesquisadas em intoxicações por álcool:

• Etanol;
• Outras substâncias voláteis, como acetaldeído, metanol, acetona, acetato de etilo,
acetonitrilo, clorofórmio, éter dietílico, 2-propanol, 1-butanol, tolueno e xileno.

Toxicocinética do etanol:

• Absorção: estômago- +/-20%, indivíduo em jejum, a absorção é praticamente nula,


indivíduo com o estômago cheio, a absorção é lenta-, intestino delgado- +/-80%, a
absorção é muito rápida;
• Distribuição: cerca de 30 min depois de ingerido, o álcool começa a ser distribuído por
todo o organismo por difusão simples do sangue nos tecidos. A sua hidrossolubilidade
faz com que o etanol passe para os tecidos consoante o conteúdo hídrico destes;
• Metabolização: ocorre essencialmente no fígado entre 90-95%, primeirp pela ação da
enzima álcool desidrogenase e depois pela enzima aldeído desidrogenase.
CH3CH2OH→CH3CHO→CH3COOH (etanol→acetaldeído→ácido acético;
• Eliminação: +/-90% na metabolização, +/-10% excretado de forma inalterada-
respiração, suor e urina.

Fatores que afetam a absorção e eliminação do álcool:

• Sexo e peso;
• Efeito dos alimentos;
• Tipo de bebida;
• Duração da bebida;
• Taxa de eliminação;
• Etc.

Intoxicação por álcool:

• Aguda: decorre de um único contacto ou de múltiplos contactos, ocorre num período


de tempo aproximado de 24h;
• Crónica: resulta após exposição prolongada, ocorre em períodos geralmente maiores
que 3 meses podendo ir a anos;
• Concentração de 0.1-0.6 g/L: sobriedade, nenhuma influência aparente;
• 0.3-1.2 g/L: euforia, perda de eficiência, diminuição da atenção, julgamento e controlo;
• 0.9-2.5 g/L: excitação, instabilidade das emoções, incoordenação muscular, menor
inibição, perda do julgamento crítico;
• 1.8-3.0 g/L: confusão, vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios de
sensação;
• 2.7-4.0 g/L: estupor, apatia e inércia geral, vómitos, incontinência urinária e fecal;
• 3.5-5.0 g/L: coma, inconsciência, anestesia;
• >5 g/L: morte, paragem respiratória.
Operação stop→ teste no ar expirado→negativo

Operação stop→ teste no ar expirado→positivo→resultado, sanções, possibilidade


contraprova, despesas contraprova→contraprova→SU hospitalar→análise ao sangue

Acidente→ teste no ar expirado→negativo

Acidente→ teste no ar expirado→positivo→resultado, sanções, possibilidade contraprova,


despesas contraprova→contraprova→SU hospitalar→análise ao sangue

Acidente→ SU hospitalar→análise ao sangue

Triagem/quantificação e confirmação de álcool→ sangue. 100 microlitros de sangue


calibradores ou controlos + 1mL de padrão interno- n-propanol.

Validação do método→ seletividade/especificidade→modelo de


calibração→linearidade→gama de trabalho→precisão→exatidão→limites de deteção e
quantificação→robustez→estabilidade.

Importância do uso de duas colunas com polaridade distintas em HS-GC/FID→ autoridade


nacional de segurança rodoviária, pesquisa de alcoolémia, acidente de viação/condutor,
medicação: fentanil, sevoflurano, propofol, morfina.

Controlo de qualidade interno:

• Calibração: brancos de reagentes→calibradores→controlos positivos- nível baixo,


nível médio e nível alto;
• Análise da amostra: controlo positivo- nível baixo e nível médio→amostras para
análise→brancos de reagentes→amostra para análise→ controlo positivo- nível
alto;
• Avaliação dos resultados: cartas de controlo.

Resultado:

• Negativo;
• Positivo: valor quantitativo→ unidade (g/L)→ incerteza associada ao resultado→
superior ao último calibrador.

Processos do serviço de patologia para pesquisa de álcool:

• Sangue da cavidade cardíaca: 30 Ml de amostra;


• Sangue periférico: 10 mL;
• Urina: 30 mL;
• Humor vítreo: todo;
• Conteúdo gástrico: 30-50g;
• Fígado: 30-50g;
• 100 microlitos de sangue/urina/humor vítreo, calibradores ou controlos + 1 mL de
padrão interno- n-propanol.

Interpretação da taxa de álcool no sangue (TAS) determinada na sequência de uma autópsia:

• Redistribuição post-mortem do etanol: refere-se à libertação da droga na área de


maior concentração em órgão ou tecido e subsequente difusão para e através dos
capilares e grandes vasos do órgão;
• Difusão post-mortem do etanol: difusão da droga de acordo com o gradiente de
concentração das áreas de > concentração para área de < concentração (ex. conteúdo
gástrico para tecidos adjacentes);
• Produção endógena do etanol: diversos critérios têm sido propostos para tentar
diferenciar o etanol ingerido do produzido- comparação dos níveis de etanol no
sangue de diferentes locais anatómicos→ análise de etanol noutro tipo de amostras,
ex. humor vítreo e urina→ etanol positivo no sangue, negativo no HV e urina, então
muito provavelmente o álcool é endógeno. Alguns autores recomendam que as
amostras de sangue post-mortem devem ser submetidas a análises microbiológicas
sempre que necessário. Pesquisa de metabolitos urinários da serótina e/ou
metabolitos não oxidativos do etanol, como o etil-glucoronido (ETG).

Informação relevante:

• História do caso;
• Documentar o estado físico do corpo (cadáver integro/politraumatizado);
• Documentar o local da colheita do sangue (cavidade cardíaca, torácica ou de local
periférico);
• Tempo decorrido entre a morte e a autopsia.

Intoxicação por substâncias voláteis:

• Acidentes domésticos;
• Exposição industrial;
• Âmbito criminal;
• Ingestão suicida;
• Glue sniffing.

Substâncias voláteis:

• Diabetes, jejum prolongado, desidratação;


• Intoxicações alcoólicas agudas;
• Putrefação;
• Metabolitos.

Triagem/confirmação e quantificação de substâncias voláteis:

• Sangue periférico;
• Sangue da cavidade cardíaca;
• Humor vítreo;
• Urina;
• 100 microlitros de sangue/urina/HV, calibradores ou controlos + 1mL de padrão
interno- n-propanol.

Substâncias não pesquisadas:

• O-xileno;
• M-xileno;
• Sevoflurano;
• Evoflurano;
• Diclorometano;
• Hexano;
• Propofol;
• Formaldeído;
• Etilenoglicol.
Pesticidas:

Pesticida→ agente físico, químico ou biológico com capacidade para prevenir, destruir, repelir
ou mitigar qualquer peste, incluindo animais, plantas, microrganismos ou priões que provocam
danos, são problemáticos ou destrutivos.

Importância:

• Controlo de vetores de doenças (malária, febre amarela, filariose);


• Evitar a perda de colheitas infestadas por fungos, insetos e roedores;
• Limpeza das bermas das estradas pelos herbicidas;
• Importância comercial;
• Importância militar- agente laranja e os gases de nervos;
• O uso tem tendência a aumentar.

Exposição:

• Os trabalhadores das indústrias dos pesticidas, os que aplicam, os trabalhadores que


recolhem as culturas com pesticidas e habitantes de áreas próximas do uso de
pesticidas são os mais suscetíveis;
• Dérmica: mais grave do que a via inalatória quando aerossóis e aplicações aéreas são
utilizadas;
• Inalação;
• Oral: aguda- ingestão acidental ou voluntária-, crónica- exposição a baixas doses de
resíduos nos alimentos;
• Avalia-se a exposição pela quantificação dos compostos pai e/ou metabolitos ou
parâmetros bioquímicos, ex. doseamento de colinesterases plasmáticas e/ou
eritrocitárias.
Geralmente, o sexo masculino predomina em casos de intoxicações, com uma média de idades
de 61 anos. Os inseticidas mais frequentemente encontrados são os organofosforados
(dimetoato, paratião e cloropirifos. O herbicida mais encontrado é o paraquato. Os menos
usados são os fungicidas e os rodenticidas.

Em janeiro de 2009, o parlamento europeu aprovou o regulamento que proíbe a utilização de


certas substâncias químicas altamente tóxicas na produção de pesticidas e obriga a que outras
substâncias de risco sejam substituídas por alternativas mais seguras. Adotou uma diretiva que
proíbe as pulverizações aéreas, prevê medidas específicas de proteção de ambiente aquático e
define zonas onde o uso de pesticidas será reduzido ao mínimo ou mesmo proibido.

Medidas de proteção a ser tomadas:

• Análises de controlo de resíduos de pesticidas em amostras alimentares, no meio


ambiente e em amostras biológicas humanas;
• Utilização restrita ou proibição total de pesticidas altamente tóxicas e resistentes;
• Cursos a vários níveis sobre a utilização segura de pesticidas;
• Operários especializados, treinados periodicamente e responsáveis pela aquisição e
utilização segura de pesticidas;
• Aplicação da legislação.

Classificação dos pesticidas:

• Alvos de ação;
• Classe química;
• Classificação toxicológica;
• Posicionamento na sup. Vegetal;
• Modo de ação e penetração- sistémicos ou de contacto;
• Origem- natural ou sintética.

Inseticidas:

• Organoclorados;
• Anticolinesterásticos- organofosforados e carbamatos;
• Piretróides;
• Exemplos: DDT, Aldrin/Dieldrin, Endrin, Hexacloro benzeno, Lindano, Heptacloro,
Clordano.
Inseticidas organoclorados→ uso para controlo de
insetos em países de 3º [Atraia a atenção mundo (risco/benefício). Proibidos na
EU e nos EUA, mas usados [Atraia
do seu leitor
a atenção do em África e América Latina.

Pesticidas seu leitor colocando


colocando uma Organofosforados:
umacitação
boa boa citação
no no
• Bem absorvidos por todas as vias: ou
documento cutânea
utilize(rápido), digestiva (+ rápido) e respiratória
(quase instantânea); utilize
este espaço
este espaço
para
• Potentes anticolinesterásicos-
enfatizar
para inibem
enfatizar
um ponto
umacetilcolinesterases;
• Mecanismo de ação: atuam chave.sobre
ponto chave. o Para
sistema muscular por meio de uma competição
Para colocar
com um importante neurotransmissor,
esta caixa
colocar esta
decaixa
textoa acetilcolina, envolvida tanto no SNC como no
SNP, pois a sua libertação naslocal
noutro
de textoramificações
noutro
da página, do axônio contribuem para a contração e
relaxamento muscular.local
A acetilcolina
arraste-a.]
da página, é degradada pela enzima acetilcolinesterase,
fazendo com que a contração e relaxamento dos músculos sejam interrompidos.
arraste-a.]
Ocorre inibição das enzimas colinesterase (AChE e BuChE), em particular a AChE do
tecido nervoso, (seja central ou periférico), enzima responsável pela hidrólise da ACh a
colina e acetato. Desta inibição resulta uma acumulação de ACh no tecido nervoso
levando à estimulação excessiva dos recetores colinérgicos do tipo muscarínico e
nicotínico.

Sintomatologia:

• Síndrome Parassimpaticomimético: miose, visão turva, aumento de peristaltismo,


vómitos, broncoconstrição, com aumento das secreções, alteração da respiração,
tosse, bradicardia;
• Síndrome neurológica: ansiedade, ataxia, depressão dos centros cardiorrespiratórios;
• Síndrome nicotínica: caimbras, mialgias, paralisia muscular, TA fugaz passageira. Este
quadro pode evoluir para uma fase convulsiva de tipo epileptiforme.

Fase muscarínica Fase nicotínica


Pesticidas Organofosforados- gases de nervos:

• O gás sarinn é um composto organofosforado. Esta classe de compostos foi sintetizada


pela primeira vez em 1936 pela equipa do químico Gerhard Schrander, que tentava
desenvolver pesticidas de uso agrícola;
• Caso mais mediático- ataque terrorista em Tóqui em 1995, 12 mortes e 5 mil feridos.

Carbamatos:

• Inibidor reversível;
• Envenenamentos menos severos;
• Causam o mesmo excesso na estimulação muscarínica e nicotínica seguidas de
fraqueza muscular, semelhante à da intoxicação por OF, mas de menor duração;
• Sintomas: desenvolvem-se entre 15min-2h. Irritação cutânea e mucosa, visão turva,
náuseas, vómitos, cólicas abdominais, cefaleias, dispneia. Se forem após 24h, não é
intoxicação por carbamatos.

Herbicidas:

• Modo de ação envolve processos bioquímicos em plantas;


• Baixa toxicidade em mamíferos;
• São compostos criados para combater “as más ervas”, i.e, “plantas que crescem onde
o Homem não as deseja”, aka, ervas daninhas;
• Classificação: Fenoxiácidos (herbicidas clorofenoxi ou herbicidas clorofenólicos),
aminoácidos fosfonometilos (glifosato) e herbicidas dipiridilos (paraquato).

Fenoxiácidos:

• TCDD é o mais estudado e o mais tóxico dos 75 isómeros de dioxinas;


• Dioxinas são formadas em fábricas de eletricidade à base de carvão, motores diesel,
queima incompleta de lixo contendo cloratos (PVC);
• Penetram no corpo por ingestão, inalação e absorção dérmica;
• Metabolizados pelo fígado em derivados TCDD metoxilados e hidroxilados;
• Agente laranja: usado pelo exército dos EUA na guerra do Vietname: mistura de dois
herbicidas- 2,4-D e 2,4,5-T. Produzido apresentando teores elevados de um produto
cancerígeno da síntese do 2,4,5-T: a dioxina tetraclorodibenzodioxina, TCDD. Isto
destruiu o habitat natural e provocaram enfermidades irreversíveis às pessoas
expostas, como malformações congénitas, cancro e síndromes neurológicas.

TCDD

Exposição acidental ou ocupacional:

• Dor de cabeça, tontura, náuseas, dores abdominais, diarreia, prurido, astenia,


disfunção renal, cloracne e efeitos hepáticos;
• Exposição após 1-3 semanas: lesões acneiformes;
• Lesões pequenas, quistos pálidos ou amarelados que se formam por diferenciação
alterada de células das glândulas sebáceas;
• Resolve em 1-3 anos.

Aminoácidos Fosfonometilos:

• Glifosato (N-fosfonometiglicina)- baixa toxicidade (elevada LD50) para os humanos,


pois inibe a enzima 5-enolpiruvolchiquimato-3-fosfato sintetase responsável pela
síntese de diversos aa, a qual não existe em humanos. Nas plantas, há absorção pelas
folhas e rápida distribuição→inibição competitiva da enzima essencial para a síntese
de aa aromáticos→impede biossíntese de proteínas;
• Nos humanos: interrupção da fosforilação oxidativa mitocondrial, inibição da atividade
aril-hidrocarbohidroxilase, inibição da atividade do citocromo P450. As fatalidades
parecem ser devidas ao facto de a formulação conter um surfactante
polioxetilenoamina (POEA) que facilita a penetração.

Dipiridilos:

• Herbicidas dessecantes não voláteis;


• Herbicidas de contacto;
• Insípidos e inodoros;
• Muito solúveis em água;
• Corrosivos;
• Formam radicais livres muitos ativos;
• Ex: Paraquato, Diquato.

Paraquato:

• Herbicida bipiridilo- 1,1’-dimetil-4,4’-bipiridilo;


• Herbicida de contacto, não seletivo;
• Elevada eficácia, ação rápida e baixo custo;
• Não residual: degradação fotoquímica, inativação por argilas, sem efeitos adversos
quando respeitadas as normas de segurança de utilização.

Em Portugal: várias intoxicações documentadas ao longo dos anos→ proibição da


comercialização de paraquato, em 2007→ durante 2008, representa ainda 10% dos casos
fatais por intoxicações por pesticidas.

Etiologia médico-legal:

• Ocupacional: países em desenvolvimento, a pele é a principal via de exposição;


• Suicida: maior causa de intoxicação, elevada mortalidade (60-70%), ingestão é a
principal via de exposição;
• Acidental: primeiros casos em 1964, ingestão é a principal via de exposição;
• Homicida.

Manifestações clínicas:

• Assintomática ou toxicidade leve: sintomas gastrointestinais benignos (náuseas,


irritação e diarreia), sem leão renal e hepática, sem fibrose pulmonar, recuperação
total;
• Toxicidade moderada a grave: 1º fase- efeitos cáusticos (inflamação e ulceração das
mucosas, náuseas, vómitos, dor epigástrica e dor retosternal), 2º fase- entre o 2º e 5º
dias, lesão renal e hepática (icterícea), 3º fase- entre alguns dias a algumas semanas,
fibrose pulmonar, falência respiratória com tosse, taquipneia, dispneia, hipoxemia e
cianose periférica;
• Toxicidade severa: morte em poucas horas por falência multissistémica.

Diagnóstico:

• Diagnóstico post-mortem: lesões ulceradas, coloração azul-esverdeada das vísceras,


fibrose pulmonar, necrose dos túbulos contornados proximais, necrose centro-lobular
e lesão das vias biliares com colestase.

Monóxido de Carbono:

• Gás atmosférico;
• Incolor;
• Inodoro;
• Insípido;
• Não corrosivo;
• Elevada difusibilidade;
• Principais fontes: incêndios (acidentes), gases de exaustão de veículo motorizado
(suicídios/acidentes, exame do cadáver no local), aparelhos domésticos/lareiras
(esquentadores/fogões antigos/braseiras devido a combustão incompleta), processos
industriais (fábricas de aço e ferro/minas de carvão), vapores de CH2Cl2.

Mecanismos de toxicidade:

• Diminuição da capacidade de transporte do O2 no sangue;


• Competição com O2 pela ligação à Hb- reversível;
• Afinidade 250-300 > à afinidade do O2;
• Diminuição do transporte de O2 e aporte aos tecidos- hipoxia tecidular;
• Efeito citotóxico direto- impede respiração mitocondrial por ligação ao complexo
citocromo c→ sem ATP;
• Stress oxidativo celular- radicais livres de O2;
• Absorção aumenta com temperatura, altitude e exercício;
• Não há absorção passiva post-mortem de CO;
• % de COHb não é alterada por decomposição;

Epidemiologia:

• População de risco: bombeiros- foco de incêndio com 75% de COHb em menos de


1min;
• %COHb avalia exposição ao CO;
• %COHb em sangue/baço: não fumadores- 0-3%-, fumadores- 5-8% (raro >15%) -, baço-
<10%-, dose tóxica- 15-30%/30-50%-, dose letal- 33-72%/29-72%;
• Idosos/co-morbilidades/crianças: doses letais podem ser inferiores;

Etiologia Médico-legal:

• Suicídio;
• Homicídio- raro;
• Acidente- + frequente.
Exposição→ não é substância tóxico-cumulativa, COHb é reversível e dissociável- exposição
aguda termina--< CO é excretado pelos pulmões.

Toxcidade:

• Concentração de CO (quantidade de CO inspirado);


• Duração de exposição;
• Ventilação alveolar por min durante o exercício físico e em repouso (ventilação
pulmonar);
• Produção endógena de CO (concentração de COHb inicialmente existente no
organismo).

Clínica e tratamento:

• Clínica: cefaleias, náuseas, vómitos, tosse, sonolência, síncope, respiração sibilante,


taquipneia/aumento do tempo expiratório, taquicardia/hipotensão, confusão, perda
de coordenação, apneia, coma;
• Tratamento: O2 hiperbárico.

Sequelas em casos de sobrevida:

• Transitórias: rigidez na nuca, sintomas neuropsiquiátricos, cegueira cortical transitória,


defeitos de memória, afasia, apatia, desorientação, alucinações, incontinência de
esfíncteres, letargia, rigidez muscular;
• Permanentes: demência, amnésia, psicoses, paralisia, coreia, cegueira cortical,
neuropatia periférica, incontinência de esfíncteres.

Autópsia médico-legal:

• Exame do cadáver no local: esquentadores + botijas de gás, braseiras, fogões,


incêndios, tubo de escape ligado a mangueira introduzida para o interior do veículo,
carro ligado dentro da garagem;
• Avaliação preliminar à etiologia médico-legal;
• Exame dos hábitos externo e interno.

Exame do Hábito externo:

• Livores cadavéricos rosados/coloração carmim;


• Hipotermia/intoxicação por cianeto/artefacto produzido por frio;
• Livores podem não existir em indivíduos anémicos;
• Ancestralidade africana: difícil visualização, melhor- face, mucosa dos
lábios/conjuntivas/leito ungueal/língua/palmas das mãos/plantas dos pés;
• Vesículas: inespecíficas, raras, punhos/nádegas/joelhos/face posterior da perna;
• Queimaduras.

Exame do hábito interno:

• Músculos e vísceras rosadas/carminadas;


• Sangue rosado/carminado: diluir em H2O sobre sup. clara, diluir com NaOH 10% sobre
sup clara→ CO ausente→ Fe+ da Hb passa a Fe3+→meta-Hb→ sangue verde-
acastanhado, CO presente→ não existe meta-Hb→ sangue rosado/carminado;
• Encéfalo de consistência firme e tonalidade rosada;
• Edema encefálico e pulmonar;
• Se incêndio→ negro de fumo nas vias aéreas.

Determinação laboratorial da COHb:

• Quantificação: %COHb=COHb/Hb total;


• Várias matrizes e métodos;
• Matrizes: qualquer uma que contenhas eritrócitos, +++ sangue periférico, sangue
cardíaco, sangue das cavidades anatómicas, coágulos, sangue “cozido”, baço, medula
óssea;
• Amostras degradadas- COHb é estável, podendo ser detetada em corpos putrefactos.

Cianeto:

• Líquido muito volátil- TE 26ºC;


• Densidade reduzida;
• Elevada tensão de vapor;
• Muito volátil em água e em álcool;
• Incolor;
• Odor a amêndoas amargas;
• Ácido cianídrico puro: intoxicações devidas à inalação de vapores (operações de
desinfestação/desratização e laboratórios químicos ou industriais). Usado nos campos
de concentração, durante a II guerra mundial;
• Dão origem a intoxicações rápidas, HCN-veneno fulminante;
• A intoxicação ocorre pela sua ingestão→dá origem a ácido cianídrico (HCN) nascente;
• Sais cianídricas: compostos que dão origem a este tipo de intoxicação são o cianeto de
potássio ou sódio, mas a ingestão de outros compostos, como cianeto de prata e
mercúrio ou zinco podem levar à morte (morte cerebral);
• Glucósidos cianogénicos: vegetais (amêndoas amargas e sementes de pêssego ou
cereja).

Mecanismo de ação:

• Pulmão: gás, no sangue, liga-se a Hb mas apenas para transporte, não inibe a lig.
O2→tecidos- citocromooxidade (CN- + Fe3+) ligação reversível→ bloqueio da
respiração celular→ hipoxia, células sem capacidade de utilizar O2;
• Via digestiva: sais, glucósidos, como está em cima.

Autópsia:

• Hábito externo: coloração rosa/arroxeada da sup corporal e labial;


• Hábito interno: mucosas e órgãos e tecidos de coloração rosa, sangue fluído com uma
coloração brilhante característica. Odor a amêndoas amargas;
• Nos casos de suspeita de intoxicação por cianeto, a cavidade craniana deve ser aberta
logo de início que este odor se encontra uma vez que este odor se encontra bem
evidente em tecidos cerebrais.
Novas drogas psicoativas:

Drogas→ substâncias consumidas sob variadas formas, em diversos contextos e com distintas
finalidades, cujo objetivo principal é o alcance de sensações de prazer e bem-estar com
alterações do estado mental, emocional e/ou físico.

Novas substâncias psicoativas→ substâncias de abuso não especificamente enquadradas e


controladas por legislação própria (estão à margem do controlo da convenção única sobre
drogas e narcóticos de 1961 e da convenção sobre substâncias psicotrópicas de 1971) que, em
estado puro ou numa preparação, podem constituir uma ameaça para a saúde pública). Novas
não apenas pelo carácter inovador ou recente, novos e sofisticados meios de produção,
comercialização, aquisição e consumo. Sintetizadas com o intuito de mimetizar as DI
controladas por legislação própria. Pequenas alterações introduzidas na estrutura molecular
são suficientes para contornar a legislação. Rapidez na sua síntese e introdução no mercado,
adição de nova componente de perigo para a saúde pública, novos desafios ao controlo de
substâncias ilícitas.

Principais características:

• Produtos que foram vendidos em smartshops/internet;


• Embalagens atrativas;
• Rotulagem sem informação sobre o produto contido no interior da embalagem (sem
indicação da dose, precauções ou contra-indicações);
• Indicação de que o produto será “impróprio para consumo humano” - contorno do
controlo sanitário;
• Indicação de que o produto é dirigido a pessoas maiores de 18 anos;
• Misturas de várias substâncias em proporções variáveis;
• Consumidores desconhecem o que consomem, aumentando o risco de ocorrência de
OD;
• Existência de acentuadas diferenças de toxicidade entre compostos de estrutura
química muito semelhante;
• Doses baixa de concentração destas substâncias podem ser potencialmente tóxicas;
• Maioria das substâncias têm poucos ou nenhuns estudos clínicos- sem perfil
toxicológico traçado;
• Efeitos imprevisíveis;
• Não existe um tratamento padronizado que auxilie os profissionais de saúde, sendo o
tratamento maioritariamente sintomático;
• Análises toxicológicas efetuadas aos produtos mostraram que marca ou nome do
produto não fornece indicação da composição;
• Desafio para os toxicologistas forenses.

As medidas legislativas introduzidas acerca do fecho de smartshops permitiu uma diminuição


do consumo destas substâncias. Continua a ser difícil o controlo e o acompanhamento pelas
autoridades, pois estão sempre a aparecer novas formas e novas substâncias.

Atualmente, há 159 NSP controladas em Portugal:

• Feniletilaminas e derivados;
• Triptaminas e derivados;
• Piperazinas e derivados;
• Derivados das catinonas;
• Canabinoides sintéticos;
• Derivados análogos da cocaína;
• Plantas e respetivos constituintes;
• Outros- grupos de diversas NSP recentemente identificadas e que não se enquadram
nas categorias mencionadas.

Catinonas sintéticas→ surgiram pela primeira vez em 2004, como opção legal das
anfetaminas e metanfetaminas (MDMA) e cocaína (substâncias controladas).

Canabinoides sintéticos→ surgiram pela primeira vez em 2006 como opção legla da
cannabis, substância controlada. Potência muito superior à do THC.

Opióides sintéticos→ desde 2015 que têm vindo a aumentar como opção legal da heroína,
sedo os derivados de fentanil os mais frequentes.

Procedimento europeu através do qual se monitoriza e atua relativamente às NSP:

• O serviço de intervenção nos comportamentos aditivos nas dependências- SICAD-


é quem recebe e partilha os pedidos de informação sobre as NSP (INEM,
laboratórios forenses, serviços de saúde) - ponto focal da rede de informação
europeia sobre drogas e toxicodependências- REITOX;
• Sistema de alerta rápido- EWS-, consiste numa rede pluridisciplinar de intercâmbio
rápido de informação sobre NSP que trabalha em estreita colaboração com o
OEDT e EUROPOL;
• Baseada num relatório conjunto OEDT/EUROPOL sobre as NSP em causa;
• Sensibiliza os estados-membros para acionarem os respetivos mecanismos legais
para o seu controlo- criminalização/contraordenação.
Análise toxicológica:

• Antemortem: avaliar o papel das DA na alteração do comportamento humano-


segurança rodoviária, submissão química, avaliação do estado de toxicodependência,
monitorização do consumo de DA em programas de desintoxicação. Realizada por:
ANSR (PSP/GNR)- controlo de condução sob a influência de álcool de drogas ilícitas-,
serviço de clínica forense INMLCF- exames penais, civis, trabalho e sexuais-, serviço de
psiquiatria forense INMLCF- avaliação do estado de influenciado por substâncias
psicotrópicas-, hospitais e particulares;
• Postmortem: ajuda a estabelecer a causa e forma de intoxicação e da morte. Realizado
por: serviço de patologia forense do INMLCF e gabinetes médico-legais forenses.
Muitas vezes o resultado toxicológico é o único meio prova em tribunal→ter em atenção a
cadeia de custódia.

Todas as análises toxicológicas de confirmação e quantificação necessitam de CQI.

Confirmação:

• Branco de reagentes;
• Amostra branca;
• Controlo positivo- concentrações baixa, média e alta;
• Amostras para análise.

Quantificação:

• Branco de reagentes;
• Amostra branca;
• Controlo positivo- concentrações baixa, média e alta;
• Calibradores- concentrações crescentes;
• Amostra para análise- duplicadas.

Matrizes biológicas para análise toxicológica:

• In vivo: sangue, urina, cabelo, saliva, conteúdo gástrico;


• Postmortem: sangue, humor vítreo, estômago e conteúdo, rim, urina, bílis, liquido
pericárdico, fígado.
Sangue:

• Amostra de eleição para confirmação e quantificação- correlação entre concentração


sanguínea e efeito tóxico;
• O sangue habitualmente colhido na região femoral- análises quantitativas- e cavidade
cardíaca- triagem por imunoensaios e análises qualitativas;
• Concentrações sanguíneas podem aumentar após a morte- fenómeno da
redistribuição postmortem;
• Este fenómeno pode afetar a interpretação da concentração sanguínea;
• Matriz complexa- proteínas, gorduras, sais e células;
• Análise a vários grupos de substâncias;
• Perído de deteção de algumas horas.

Urina:

• Triagem por imunoensaios- DA e BZD;


• Volume elevado de amostra;
• Não invasiva;
• Elevada concentração de substâncias inalteradas ou metabolitos;
• A presença na urina não pode ser usada para inferir se um indivíduo está sob o efeito
da droga- apenas confirma o consumo;
• Análise a vários grupos de substâncias;
• Período de deteção de vários dias;
• Fácil de adulterar.

Fígado:

• Usado em conjunto com o sangue ou na sua ausência;


• Dificuldades na interpretação uma vez que não existem dados controlados em
situações clínicas para estudos correlação;
• Onde a maioria das drogas sofre metabolização;
• Matriz muito irrigada;
• Matriz complexa.

Humor vítreo:

• Colheita acessível;
• Anatomicamente protegido da ação bacteriana- interior do globo ocular;
• Constituído maioritariamente por água- cerca de 99%;
• Colheita possível em cadáveres: politraumatizados, carbonizados e em avançado
estado de putrefação;
• Pouco efeito de matriz;
• Estudos escassos;
• Volume de amostra 1-2mL por olho.

Líquido pericárdico:

• Anatomicamente protegido da ação bacteriana- interior do saco pericárdico;


• Colheita não é de difícil acesso;
• Ausência de fenómenos de coagulação e hemólise;
• Composição equivalente ultrafiltrado plasmático;
• Boa correlação com SF- cadáveres recentes;
• Volume da amostra elevado mesmo nos casos de ausência de sangue- +/-10 mL;
• Análise a vários grupos de substâncias;
• Estudos escassos.

Saliva:

• Colheita não invasiva;


• Facilidade de colheita;
• Boa correlação com concentração sanguínea;
• Confirmação do consumo;
• Período de deteção de algumas horas;
• Baixa concentração da substância;
• Estudos escassos;
• volume reduzido da amostra.

Estômago e conteúdo:

• o conteúdo do estômago deve ser minuciosamente descrito pelo médico patologista;


• concentração alta de resíduos não absorvidos;
• ausência de metabolismo;
• uma amostra representativa deve ser colhida para análise;
• comprimidos, partículas ou alimentos devem ser colhidos;
• útil para pesquisa de pesticidas (odor, coloração) e medicamentos (comprimidos,
cápsulas).

Bílis:

• Colheita fácil e grande volume de amostra disponível;


• Grande janela de deteção comparativamente ao sg;
• Útil na análise qualitativa de um grande número de substâncias e respetivos
metabolitos;
• Grandes concentrações de DA e metabolitos;
• Elevado número de drogas que se acumula neste órgão;
• Documenta a exposição a determinadas substâncias.
Cabelo:

• Histórico do uso de drogas- análise segmental;


• Programas de reabilitação- monitorização de abstinência;
• Caracterização do perfil do consumidor ao longo do tempo (análise por segmentos);
• Colheita não invasiva e estável- identificar a zona da raiz, corte junto ao couro
cabeludo;
• Período de deteção até vários anos dependendo do comprimento do cabelo;
• NSP ficam retidas contrariamente ao que acontece no sangue e na urina de onde
desaparecem rapidamente;
• Falta de correlação com o sangue;
• Concentrações baixas de substância;
• Possibilidade de contaminação externa;
• Nem sempre disponível.

Outros órgãos:

• Rim- maioria das DA passam por este órgão antes da eliminação urinária;
• Cérebro- maior estabilidade à putrefação;
• Pulmão- intoxicação por compostos voláteis e paraquato;
• Músculos;
• Baço;
• Coração.

Amostras não biológicas:

• Indícios das substâncias eventualmente consumidas;


• Orientação da análise toxicológica;
• Cruzamento dos resultados obtidos com os obtidos nas amostras biológicas.
Extração líquido-líquido→ separação de uma substância, de acordo com a sua solubilidade
num solvente (mistura de solventes diferentes e imiscíveis).

Derivatização química:

• Aumenta a volatilidade de certos compostos, como opiáceos e opióides, metabolitos


da concaína, canabinoides, anfetaminas e metanfetaminas, feniletilaminas, catinonas,
etc;
• Introduz grupos funcionais que permitem a separação e deteção de sinais
cromatográficos promovendo o aumento da volatilidade, diminuição da polaridade,
redução da degradação térmica e aumento da estabilidade;
• Pré-requisito para uma derivatização adequada: formação rápida, reprodutível e
quantitativa de um único derivado;
• Métodos mais comuns: alquilação, sililação e acilação.

Triagem por imunoensaios, amostras: sangue e urina

Confirmação e quantificação por GC-MS-EI, amostras:


sangue, urina e outras matrizes
Resultados:

• Negativo;
• Positivo: valor qualitativo- inferior ao 1º calibrador mas >LD, valor quantitativo- por
interpretação da curva ou superior ao último calibrador (diluição das amostras),
unidades- ng/mL.

Você também pode gostar