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ACONSELHAMENTO GENÉTICO

Genética Médica

Profa. Carolina Alencar Nigro


O que é um gene?
Expressão gênica
Aconselhamento genético
• Segundo definição adotada pela American Society of Human
Genetics: é o processo de comunicação de informações relativas à
ocorrência, ou risco de ocorrência de uma determinada doença ou
condição genética de uma família, a pelo menos um de seus
integrantes envolvendo a participação de uma ou mais pessoas
treinadas para ajudar o indivíduo ou sua família a:

• compreender os fatos clínicos, incluindo o diagnóstico, provável curso


da doença e as condutas disponíveis;
• apreciar o modo como a hereditariedade contribui para a doença e o
risco de recorrência para parentes específicos;
• entender as alternativas para lidar com o risco de recorrência;
• escolher o curso de ação que pareça apropriado em virtude do seu
risco, objetivos familiares, padrões éticos e religiosos, atuando de
acordo com essa decisão;
• ajustar-se, da melhor maneira possível, à situação imposta pela
ocorrência do distúrbio na família, bem como à perspectiva de
recorrência do mesmo.
Profissionais envolvidos:
• Atendimento multiprofissional e interdisciplinar
Definição:
O geneticista não vai dar conselhos e nem especificar
condutas.

Objetivo:
Que o geneticista forneça informações adequadamente para
que os pacientes possam tomar suas próprias decisões
clínicas e reprodutivas de maneira informada. O papel do
geneticista também inclui apoiar os pacientes nas suas
decisões.
Dois pontos do aconselhamento
genético:
Pessoa diagnosticada: Casos de doença
genética na família:
• diagnosticar ou
esclarecer a condição • Obter informações
genética; sobre: Qual é a doença,
padrão de herança
• riscos genéticos para genética;
futuras gestações; • riscos genéticos para
• Suporte psicológico. futuras gestações;
• Suporte psicológico
Como a humanidade vem
lidando com a questão
das doenças genéticas
até hoje?
A
l
g
u
m
Evolução Histórica do
Aconselhamento Genético
Surgimento:
• A genética teve um desenvolvimento diferente de
outras ciências básicas da medicina, que se
desenvolveram nas escolas médicas. A genética
desenvolveu-se inicialmente entre zoólogos e
botânicos, e foram eles que perceberam sua
relevância para os seres humanos.
POSITIV
A
Estimula Inibe
reprodução reprodução
PARADIGMA EUGÊNICO
● OBJETIVO: melhorar a raça humana
● AÇÃO: social e política
● Restrição a imigração
● Esterilização de criminosos e deficientes
● eutelogênese e bancos de esperma.

● ACONSELHAMENTO: DIRETIVO
● prioridade na defesa do pool gênico em
detrimento das necessidades individuais
● ACONSELHAMENTO: NÃO DIRETIVO
● BASE: relação CONSELHEIRO-CONSULENTE,
tipo PARTICIPAÇÃO MÚTUA
● BASE: PSICOLÓGICA
● Empatia
● Fases do luto: choque, negação, raiva, depressão e
aceitação
● Comunicação humana
● Mecanismos de Defesa
PARADIGMA
● Justificativas
● Dificuldade para prevenir doença genética

● Comunicação/Educação Genética
Inapropriada
● Alto grau de não entendimento
● Dilema entre o PREVENTIVISMO e o DIREITO
DE ESCOLHA
A Reação

● Década de 40: Separação da


Genética Humana da Eugenia;

● Reed, 1949:
● ACONSELHAMENTO GENÉTICO
● NEUTRALIDADE
Primeira escola de genética
médica
• 1950: Departamentos de Genética pelo mundo;
* Medicina Preventista

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S0104-59702013000200675
No Brasil:
• No final dos anos 1950 emergiu uma nova área, a
Citogenética Humana e Médica;
• 1956 decifrar o cariótipo humano: por Tjio e Levan
e a definir cromossomicamente a Síndrome de
Down;
Princípios do MP:
• objetivos: diminuir ou eliminar as doenças genéticas;
• os serviços de genética passam a ser localizados em
grandes centros médicos, e a genética passa a ser uma
disciplina clínica;
• o médico passa a ser o legítimo provedor do AG;
• o médico usa no AG a relação médico–paciente
tradicional e se baseia no princípio da neutralidade
(proposto por Reed), porém o médico tem dificuldade
de lidar com este modelo já que está mais acostumado a
usar os modelos tradicionais de relação
médico–paciente.
Aconselhamento Genético
● Processo de comunicação que trata de
problemas humanos relacionados com a
ocorrência ou risco de ocorrência de uma
genética, envolvendo auxiliar a família quanto
a:
● Compreensão do fato médico (diagnóstico, etiologia,
tratamento)
● Apreciação da hereditariedade e risco de
recorrência
● Entender as opções frente ao risco de recorrência
● Escolha da conduta mais apropriada
● Ajuste dos membros à informação
Fases do Aconselhamento
Genético
● Consulta Inicial
● Diagnóstico e Manejo
Clínico
● Estimativa de
Recorrência
● Aconselhamento
Genético
● Seguimento
Fases do Aconselhamento
Genético
● Consulta Inicial ● Encaminhamento
● Diagnóstico e Manejo ● História familiar
Clínico ● Exame clínico
● Exame laboratorial
● Estimativa de
Recorrência
● Aconselhamento
Genético
● Seguimento
Fases do Aconselhamento
Genético
● Consulta Inicial
● Diagnóstico e ● Clínico e Laboratorial
Manejo Clínico ● Paciente
● Outros familiares
● Estimativa de
Recorrência
● Aconselhamento
Genético
● Seguimento
Exames e Consultas
Complementares
● Cariótipo
● Exames bioquímicos
● Biologia Molecular
● Radiografias
● Avaliação por outros especialistas
● Outros exames
Herança Monogênica:
Variações na Expressão dos Genes
● Penetrância
● Probabilidade de que um gene tenha
qualquer expressão fenotípica

● Penetrância Completa
● Expressão do fenótipo é 100% entre os
indivíduos que apresentam o genótipo
apropriado
● Penetrância Reduzida
● Expressão do fenótipo é menor que 100% entre
os indivíduos que apresentam o genótipo
apropriado
Testes Genéticos no
Aconselhamento Genético
Testes Genéticos:
● Utilidade na Saúde Humana
● Diagnóstico de doenças presentes
● Diagnóstico preditivo e antecipatório de doenças
genéticas (inclui-se o diagnóstico pré-natal)
● Avaliação de risco para doenças multifatoriais

● 3 componentes principais:
1. Informação, consentimento e preparação
psicológica
2. Análise laboratorial
3. Interpretação e suporte
Testes
Preditivos
● 3 Situações:
● doenças de início tardio
para as quais não existe
tratamento;
● doenças para as quais
existe tratamento ou
medidas preventivas;
● doenças em que apenas a
predisposição aumentada
pode ser detectada.

● Normas de Aplicação:
● somente em adultos;
● por procura espontânea;
● com avaliação psicológica e
acompanhamento pré e pós-
teste;
● com fornecimento de
informações a respeito do
TP e da doença;
● com completo sigilo.
Exames e Consultas
Complementares
● Cariótipo
● Exames bioquímicos
● Biologia Molecular
● Radiografias
● Avaliação por outros especialistas
● Outros exames
Exames Genéticos
• Cariótipo
• Como é feito esse exame?
• O exame do cariótipo é realizado por
meio de células. A partir dela, algumas
células são colocadas em cultivo até
atingirem a etapa do ciclo celular
conhecida como metáfase.
• O material cromossômico é, então,
corado, o que permite que ele seja
avaliado quanto à sua quantidade e
estrutura. É essa análise que
permite organizar os cromossomos
em pares, para identificar
monossomias, trissomias, grandes
deleções e translocações.
Importante
• Hipótese diagnóstica;
• 2 amostras em cultura;
• Conchicina interrompe o
fuso mitótico;
• Utilizar Metanol e ácido
acético;
• Coloração bandamento.
Tipos de testes disponíveis
relacionados ao cariótipo
• Cariótipo de sangue periférico: realizado para investigar
cromossomopatias pós natais
• Cariótipo de fibroblastos: realizado a partir de amostra de uma biópsia de
pele e tem indicação para investigar casos de mosaico
• Cariótipo de biópsia de vilo coriônico: realizado a partir de uma biópsia
de vilo coriônico para investigação pré natal de cromossomopatias.
• Cariótipo de liquido amniótico: realizado a partir de uma amostra de
liquido aminótico por punção de amniocentese para investigação pre
natal de cromossomopatias
• Cariótipo de material de aborto: realizado em material de perda
gestacional para a investigação de cromossomopatias
• Cariótipo de sangue periférico com 100 células: realizado a partir de uma
coleta de sangue e com contagem ampliada de metafases para a
investigação de suspeita de mosaico.
• Cariótipo de medula óssea: realizado a partir de uma biópsia de medula
óssea para a investigação de quadros oncológicos.
Teste de FISH
• Quando a célula não entra
em metástase;
• Sondas de marcação
• Fluorocromos;
• Detecta pequenas
anormalidades;
Teste NGS
• O NGS pode ser caracterizado como
um sequenciamento automatizado,
paralelo e de alto rendimento.
• pode-se sequenciar o genoma inteiro
ou apenas áreas específicas de
interesse, incluindo todos os
aproximadamente 20.000 genes
codificadores
• ou um pequeno número de genes
individuais
• Específico – nucleotídeo.
• O resultado de um NGS é um arquivo
contendo a posição exata de cada
nucleotídeo do DNA.
Sequenciamento do Genoma
Completo (WGS)
• Esse sequenciamento irá incluir o DNA codificante e não
codificante;
• O WGS resulta em um arquivo muito grande com uma
infinidade de informações sobre o material genético
que podem ter uma interpretação clínica ou não;
• 2% de éxons e 98% não codificante;

Indicação: indicado em estudos científicos visando


estudar as consequências das alterações em regiões
ainda não estudadas ou a busca pelas alterações que
causam doenças ainda sem causa elucidada, por
exemplo.
Sequenciamento do exoma
completo (WES)
• porção codificante do DNA;
• 19.000 genes do genoma humano;
• Mutações no exoma = proteína alterada = DG;

Indicação: indicado para o diagnóstico clínico


principalmente em casos em que existe hipótese
diagnóstica de mais de uma doença específica, ou ainda,
que não se tem hipótese diagnóstica específica.
OBS: O resultado de um WES é um arquivo com as mutações
encontradas em todos os genes do indivíduo, o que exige um
maior tempo de análise.
Sequenciamento de genes alvo ou
painel de genes
• sequenciamento de genes alvo ou painel de genes;
• já associados a uma ou mais doenças;

Indicação: quando se há uma hipótese diagnóstica


de uma doença específica, o painel de genes é mais
recomendado que o WES no diagnóstico clínico.
Fases do Aconselhamento
Genético
● Consulta Inicial ● Baseado em:
● Diagnóstico e ● diagnóstico
Manejo Clínico ● Heredograma
(história familiar)
● Estimativa ● exames laboratoriais
de
● Risco
Recorrência
● Empíricos
● Aconselhamento ● Doenças Multifatoriais
Genético ● Modelos
● Seguimento Matemáticos
● Ex.: Doenças
Mendelianas
Fases do Aconselhamento
Genético
● Natureza e
● Consulta Inicial conseqüência do
distúrbio
● Diagnóstico e Manejo
● Medidas para
Clínico modificar
● Estimativa de conseqüência
Recorrência
● Aconselhament ● Recorrência
o Genético ● Medidas para evitar
recorrência
● Seguimento
Fases do Aconselhamento
Genético
● Apoio
● Consulta Inicial ● grupo de pais
● Diagnóstico e Manejo ● clínicas especializadas
Clínico ● psicólogo
● Estimativa de ● etc
Recorrência ● Seguimento
● Clínico
● Aconselhamento
● AG
Genético
● Seguimento
Fatores Psicológicos

• Modelo Psicológico
• informações prestadas no AG não são neutras do
ponto de vista psicológico;
• não somente decisões reprodutivas futuras, mas
sim como lidar com o que ocorreu.
Este modelo baseia–se no conhecimento de
vários processos psicológicos complexos:

• Empatia (no conhecimento dos processos de luto e


sofrimento humano (suas fases e manejo)
• Paciente: processos dos mecanismos de autodefesa e de
auto–imagem

Este modelo possui muita dificuldade de ser implementado na


prática, já que os profissionais se sentem mais confortáveis de
atender aos aspectos médicos e genéticos de seus pacientes, e
os pacientes buscam o geneticista procurando informações
acerca do diagnóstico, prognóstico, tratamento ou risco de
recorrência do que ajuda sobre o impacto psicológico da
condição genética, dos riscos ou dos resultados dos exames
Entretanto, há situações em que o
conselheiro experiente sente que
pode dar certo reforço ao casal ou
ao paciente, sendo mais direto,
usando de sua experiência e
segurança em situações semelhantes
vivenciadas.
Potter, 1967

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