Você está na página 1de 36

27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA


MARCUS VINÍCIUS JARDINI BARBOSA

INTRODUÇÃO
Enxertos e retalhos são termos utilizados para um grande número de procedimentos
em cirurgia, sendo mais aplicados na cirurgia plástica.1-5 Os princípios básicos que
norteiam os enxertos e retalhos são a base de todos os procedimentos desta
especialidade, incluindo os procedimentos classificados como estéticos.6
Os termos “enxertos” e “retalhos” abrangem um número expressivo de procedimentos
cujos detalhes são motivos para um livro todo sobre o tema. Desta maneira, o
presente artigo abrangerá os principais procedimentos de interesse em cirurgia geral,
quais sejam:

enxertos e retalhos cutâneos;


enxertos compostos;
retalhos musculares e musculocutâneos.

OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa:

definir enxertos e retalhos;


conhecer os principais tipos de enxertos e retalhos cutâneos, bem como suas
principais indicações;
classificar os enxertos e retalhos cutâneos;
conhecer, para eventual utilização, técnicas ou táticas operatórias de enxertos e
retalhos cutâneos.

ESQUEMA CONCEITUAL

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 1/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

CONCEITUAÇÃO
A seguir, serão apresentados os conceitos de enxertos de pele e retalhos cutâneos.

ENXERTOS DE PELE

Os enxertos de pele podem ser definidos como “transplantes”, nos quais se retira
um tecido de determinada região (área doadora) e o transfere para outra região
(área receptora). O que caracteriza os enxertos é que não há manutenção de
uma conexão vascular, ainda que temporária, entre a área doadora e a área
receptora.2,3,6

As indicações para o uso de enxertos de pele são muito variadas, podendo ser
utilizados em:3,7,8

tratamento de lesões decorrentes de traumatismos;


ressecções cirúrgicas de lesões benignas ou malignas (Figuras 1A-D e 2A-D);
procedimentos complementares, como, por exemplo, na cobertura de retalhos
musculares.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 2/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 1 – A) Carcinoma basocelular recidivado em região nasal. B) Aspecto da área


cruenta após a ressecção da lesão. C) Enxerto de pele parcial fixado na área cruenta.
D) Aspecto pós-operatório de 10 dias.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 2 – A) Dermatofibrossarcoma no dorso do pé esquerdo – marcação da exérese


com margem de segurança. B) Área cruenta após ressecção da lesão. C) Aplicação de

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 3/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

enxerto de pele parcial sobre a área receptora. D) Fixação total do enxerto de pele
󰍜 parcial. 󰂜 󰐍 󰘥 AL

Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Aa Todavia, destaca-se, como principal indicação, o tratamento de queimaduras de


󰍉
espessura total.

Tendo em vista sua característica delgada, o emprego de enxertos de pele não


está indicado para áreas de apoio ósseo ou cobertura de estruturas nobres,
como vasos e nervos.3 Além disso, apesar de os enxertos de pele serem de fácil
integração, não devem ser utilizados sobre cartilagem sem pericôndrio, tendão
sem paratendão e osso sem periósteo.6

Em caso de necessidade de enxertos de pele sobre osso longo sem periósteo, um


recurso importante é a perfuração da camada cortical óssea para que a granulação
ocorra a partir da medula e, assim, permita a formação de um bom leito receptor para
o enxerto.

Os enxertos de pele estão indicados para o tratamento de diferentes defeitos,


porém a sua principal indicação são as queimaduras.

RETALHOS CUTÂNEOS

Os retalhos podem ser definidos como “transplantes”, nos quais se retira um


tecido de determinada região (área doadora), e o transfere para outra região (área
receptora), mantendo-se uma conexão vascular, que pode ser temporária ou
permanente, entre a área doadora e a área receptora.1,4,5

Os retalhos cutâneos apresentam grande aplicabilidade por serem extremamente


versáteis. Sua utilização aplica-se a defeitos e lesões de diferentes formas, tamanhos e
localizações. Com exceção das queimaduras, apresentam as mesmas indicações dos
enxertos de pele, sendo que as principais são:1,8,9

lesões da face (traumáticas ou decorrentes de ressecção de tumores) (Figuras 3A-E);


regiões cervical, axilar e escapular, ombros, membros superiores e inferiores;
reconstruções escrotal, peniana e vaginal, dentre outras localizações.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 4/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 3 – A) Carcinoma espinocelular extenso em pavilhão auricular esquerdo. B)


Aspecto após a ressecção da lesão com margem de segurança. C) Planejamento de
retalho retroauricular para reconstrução. D) Retalho retroauricular “levantado” para
transferência à área receptora. E) Retalho dobrado e fixado no leito receptor.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

1. Qual é a principal indicação dos enxertos?

2. Observe as afirmações sobre as contraindicações do uso de enxertos.


I − Tendo em vista sua característica delgada, o emprego de enxertos de pele não
está indicado para áreas de apoio ósseo ou cobertura de estruturas nobres,
como vasos e nervos.
II − Os enxertos de pele não podem ser utilizados para o tratamento de lesões
decorrentes de traumatismos.
III − Não é indicado o emprego de enxertos de pele para tratamentos de
queimaduras.
IV − Apesar de os enxertos de pele serem de fácil integração, não devem ser
utilizados sobre cartilagem sem pericôndrio, tendão sem paratendão e osso
sem periósteo.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):

A) Apenas a I.
B) Apenas a I e a IV.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 5/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

C) Apenas a II e a IV.

󰍜 D) A I, a III e a IV.
Confira aqui a resposta
󰐍 󰂜 󰘥 AL

3. Qual é o recurso recomendado em caso de necessidade de enxertos de pele


Aa 󰍉sobre osso longo sem periósteo?

4. O que diferencia enxertos e retalhos cutâneos?

CLASSIFICAÇÃO
Os enxertos e os retalhos cutâneos são classificados de maneira distinta, sendo que,
em ambos os procedimentos, há uma variedade relativamente grande de
classificações. Dessa forma, a apresentação das principais classificações de cada um
desses procedimentos será feita de maneira separada, a fim de torná-la mais didática.

ENXERTOS DE PELE
As principais classificações dos enxertos, ou seja, aquelas mais utilizadas na prática
clínica diária, podem ser quanto:

à origem;
à espessura;
às formas de enxertia.

Origem dos enxertos


As origens dos enxertos de pele estão descritas no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 6/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

DEFINIÇÃO DOS ENXERTOS DE ACORDO COM A ORIGEM


󰍜
Autoenxertos
󰐍
Constituem o tipo mais frequente de enxerto de pele. Os
󰂜 󰘥 AL

autoenxertos incluem todos os enxertos nos quais o doador e o


receptor correspondem ao mesmo indivíduo.6
Aa 󰍉
Isoenxertos Correspondem a enxertos de pele nos quais o doador é diferente
do receptor, todavia os indivíduos pertencem à mesma espécie e
apresentam linhagem genética idêntica. O exemplo clássico de
isoenxerto é aquele realizado em gêmeos univitelinos (idênticos).3

Homoenxertos Correspondem a enxertos de pele no qual o doador é diferente do


receptor, ou seja, são indivíduos diferentes, porém pertencentes à
mesma espécie. Esses enxertos também podem receber a
denominação de aloenxertos.2 O exemplo mais frequente é o uso
de pele cadavérica em áreas extensas de queimaduras, como
cobertura temporária (curativo biológico).

Heteroenxertos Correspondem a enxertos de pele nos quais o doador é diferente


do receptor, pertencendo a espécies distintas (em geral, de
animais). Devido a esse fato, este tipo de enxerto pode ser
denominado como zooenxerto ou xenoenxerto.10 Ressalta-se,
como exemplo, o tratamento de queimaduras extensas com a
utilização de enxertos de pele de rã como curativo biológico.

A colocação de substitutos temporários da pele tem a finalidade primordial de


proteção da área acometida por isolamento, reduzindo a área de exposição ao
ambiente e, consequentemente, reduzindo a porcentagem de infecção e a perda
hidreletrolítica.

Espessura dos enxertos


Trata-se de uma importante classificação, pois há indicações mais ou menos
específicas para cada espessura de enxerto de pele.

Enxertos de pele de espessura parcial

São também denominados enxertos de pele parcial e caracterizam-se pela retirada


completa da epiderme associada à retirada parcial da derme. Sendo que, de acordo
com a espessura da derme, podem ainda ser subdivididos em enxertos de pele finos,
médios e espessos.3 Os enxertos de pele parcial apresentam uma extensa área
doadora, o que permite a retirada de pele por diversas vezes (Figura 4).

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 7/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 4 – Áreas doadoras de enxerto de pele parcial.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.
Os enxertos de pele parcial sofrem menor contração primária, correspondendo à
contração das fibras elásticas imediatamente após a retirada do enxerto, com
consequente redução de seu tamanho aparente. No entanto, ocorrerá maior
contração secundária, que corresponde à contração das fibras elásticas após a adesão
do enxerto ao leito receptor, podendo acarretar retrações cicatriciais tardias. Isso se
deve ao fato de os enxertos de pele parcial apresentarem apenas parte da derme com
menor concentração de fibras elásticas.7
Podem, ainda, ser utilizados de forma permanente (autoenxertos, mais utilizados nas
queimaduras de espessura total) ou temporária. Neste último caso, em geral, são
utilizados em feridas como curativos biológicos (homoenxertos ou heteroenxertos);
também podem ser utilizados sobre qualquer superfície corporal, mesmo em áreas de
baixa vascularização.4
Os enxertos de pele podem ser aplicados nos casos de lesões de mucosas (sofrem
metaplasia), bem como sobre áreas doadoras de enxertos de pele total. Outra
aplicabilidade, menos frequente, é sobre a cobertura de leitos dérmicos expostos ou
tecidos cicatriciais desbridados durante o tratamento de lesões superficiais (chamados
over grafting).6

Enxertos de pele de espessura total

Os enxertos de pele de espessura total correspondem àqueles nos quais há retirada


total da epiderme e da derme. Esta modalidade de enxerto apresenta menor área
doadora quando comparada às áreas doadoras de enxerto de pele parcial (Figura 5).
Esse fato faz com que o seu uso seja restrito a lesões de pequenas dimensões.3

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 8/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 5 – Áreas doadoras de enxerto de pele total: no destaque, as regiões supra e


infraclavicular, bem como as pregas do cotovelo e punho.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.
A presença integral da camada dérmica faz com que esses tipos de enxerto
apresentem maior contração primária devido ao maior número de fibras elásticas e
por apresentarem toda a espessura da derme. Consequentemente, ao contrário dos
enxertos de pele parcial, há uma menor contração secundária.6

Pelo fato de serem mais espessos, os enxertos de pele total apresentam maior
resistência quando comparados aos enxertos de pele parcial. Portanto, estão bem
indicados para o tratamento de lesões localizadas nas áreas de apoio ou de maior
atrito.7

Os enxertos de pele de espessura parcial apresentam extensa área doadora,


enquanto os enxertos de pele de espessura total apresentam área doadora mais
restrita. Outra diferença entre as duas técnicas é que os enxertos de pele parcial
apresentam menor contração primária e maior contração secundária, enquanto
os de pele total apresentam maior contração primária e menor contração
secundária.

Formas de enxertia
As formas de enxertia que serão abordadas a seguir são, dentre outras existentes:

enxertos em “selos” ou estampilhas;


enxertos em malha;
enxertos em tiras, faixas ou fitas.

Enxertos em “selos” ou estampilhas


https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 9/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Os enxertos em “selos” ou estampilhas são enxertos de pele de espessura parcial que,


após retirados, são preparados e aplicados sobre a área receptora, em forma de
󰍜 pequenos fragmentos (conforme o caso, estampilhas ou “selos”). 󰂜 󰐍 󰘥 AL

Devido ao limitado resultado estético, os enxertos em “selos” ou estampilhas são


mais utilizados no grande queimado, em decorrência da escassez de área
Aa 󰍉
doadora.3

Enxertos em malha
Os enxertos de malha correspondem aos enxertos de pele de espessura parcial que,
após serem submetidos a um processo de expansão, passam a apresentar um aspecto
bastante semelhante ao de uma rede ou malha.
A referida expansão pode ser realizada por meio de pequenas incisões ao longo de um
enxerto de pele, porém a expansão ideal é realizada por meio de um aparelho
conhecido como expansor de Tanner (Figura 6). O principal objetivo da expansão é o
aumento das dimensões do enxerto nos casos de escassez de área doadora, os quais
são observados naqueles pacientes vítimas de queimaduras extensas de espessura
total.6

Figura 6 – Expansor de Tanner.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Apesar de constituírem um recurso absolutamente útil, à semelhança dos


enxertos em estampilha, os enxertos em malha não apresentam um resultado
estético satisfatório.

Enxertos em tiras, faixas ou fitas


Trata-se de enxertos de pele de espessura parcial, cuja morfologia se mostra
semelhante a uma tira, faixa ou fita. Correspondem ao tipo mais aplicado na cirurgia

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 10/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

plástica, com indicações diversas.

󰍜Tais 󰐍específicos,
enxertos podem ser obtidos com instrumentais cirúrgicos 󰂜 󰘥
facas de Humby ou facas de Blair (Figura 7), e os dermátomos manuais ou
como as AL

elétricos.2,6,8 Na ausência de instrumentais específicos, pode-se usar uma lâmina de


bisturi nº 22 ou 23, ou ainda uma lâmina de barbear descartável e estéril. Ressalta-se
Aa 󰍉
que, com estes últimos, a precisão quanto à profundidade da retirada dos enxertos
fica prejudicada.

Figura 7 – Faca de Blair.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Os enxertos em tiras são os mais utilizados, enquanto os enxertos em estampilha


e em malha são utilizados nos grandes queimados, cuja área doadora é mais
escassa.

RETALHOS CUTÂNEOS
Assim como para os enxertos, existem diversas classificações para os retalhos
cutâneos. Com a finalidade de facilitar a sua compreensão, serão apresentadas as
classificações mais utilizadas na prática clínica. Os retalhos cutâneos podem ser
classificados quanto:

à localização;
à composição;
à forma de imobilização;
à irrigação sanguínea;
ao número de pedículos.

Localização
A localização dos retalhos cutâneos é dividida em retalhos de vizinhança e retalhos a
distância, cujas descrições podem ser verificadas no Quadro 2, a seguir.
Quadro 2

LOCALIZAÇÃO DOS RETALHOS CUTÂNEOS

Retalhos de São aqueles cuja área doadora localiza-se na mesma região da área
receptora, ou seja, são regiões vizinhas. Desta forma, trata-se do tipo
vizinhança
de retalho cutâneo mais utilizado, pois a cobertura do defeito é
realizada com um tecido que mantém as mesmas características do
tecido removido.1,9

Retalhos a São aqueles nos quais a área doadora não pertence à mesma região
da área receptora. Esse fato faz com que, na maioria das vezes, a
distância
área tratada adquira um aspecto diferente do original,
principalmente quanto à coloração.5

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 11/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Composição

󰐍simples󰂜e compostos,
󰍜Os retalhos cutâneos são divididos, quanto à composição, em
conforme o Quadro 3, a seguir.
󰘥 AL
Quadro 3
Aa 󰍉 COMPOSIÇÃO DOS RETALHOS CUTÂNEOS

Simples São retalhos cuja composição é apenas pele (epiderme e derme)


associada à tela subcutânea subjacente em parte ou em sua
totalidade.1

Compostos São retalhos cutâneos que apresentam duas faces revestidas por pele
(epiderme e derme), entremeadas pela totalidade da tela subcutânea.5

Forma de mobilização
As formas de mobilização dos retalhos cutâneos são divididas em:

retalhos de avanço;
retalhos de rotação;
retalhos de transposição;
retalhos de interpolação.

Retalhos de avanço
Como o próprio nome sugere, os retalhos de avanço são retalhos de vizinhança
utilizados em lesões ou defeitos, cuja correção se faz pelo seu avanço da área doadora
para a área receptora. São os retalhos de primeira escolha para o tratamento de lesões
em qualquer localização, principalmente na face.6
Neste grupo, estão incluídos os:

retalhos de avanço simples (Figuras 8A-D);


retalhos de avanço duplo;
retalhos de avanço com fechamento em V-Y (Figuras 9A-D);10,11
retalhos bipediculados.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 12/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 8 – A) Carcinoma basocelular nodular em ponta nasal. B) Ressecção da lesão


com margem de segurança e planejamento de retalho de avanço simples. C)
Descolamento do retalho de avanço do dorso nasal. D) Aspecto final da reconstrução
no pós-operatório imediato.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 9 – A) Área cruenta pós-ressecção de carcinoma basocelular em dorso nasal,


com planejamento de retalho em V-Y. B) Avanço de retalho em V-Y. C-D) Aspecto

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 13/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

final do pós-operatório imediato.

󰍜 Fonte: Arquivo de imagens do autor. 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Retalhos de rotação
Aa 󰍉
Os retalhos de rotação correspondem a retalhos cutâneos de vizinhança utilizados
para o tratamento de defeitos de morfologia circular ou semicircular que são
transferidos à área doadora por meio de um movimento de rotação.
Estes retalhos podem ainda ser subdivididos em retalhos de rotação únicos ou de
dupla rotação (Figuras 10A-E).12 Dentre os tipos mais indicados, encontram-se os:

retalhos de Heinz-Gilbke – fechamento de feridas circulares (Figuras 11A-C);


retalhos de Esser e Mustardé – reconstrução de pálpebra inferior (Figuras 12A-E) e
lesões da face.

Figura 10 – A) Carcinoma espinocelular multifocal em região torácica anterior


esquerda. B) Confecção de retalho de dupla rotação após ressecção da lesão com
margem de segurança. C) Aspecto final do pós-operatório imediato. D) Aspecto do
pós-operatório de 10 dias. E) Aspecto do pós-operatório de 2 anos.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 14/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 11 – A) Carcinoma basocelular em região de asa nasal esquerda. B) Aspecto


pós-ressecção com margem de segurança e planejamento de retalho de rotação
simples. C) Aspecto final do pós-operatório imediato.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 12 – A) Carcinoma basocelular de pálpebra inferior esquerda. B) Ressecção da


lesão e planejamento de retalho de Mustardé. C) Confecção de retalho de Mustardé

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 15/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

com apoio cartilaginoso para sustentação. D) Aspecto final do pós-operatório


󰍜 imediato. E) Aspecto pós-operatório de 10 dias. 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Fonte: Arquivo de imagens do autor.

󰍉
Aa Retalhos de transposição

Os retalhos de transposição são retalhos cutâneos cuja transferência é realizada por


meio de um ponto de apoio, fulcro ou pivô, de uma área doadora para uma área
receptora imediatamente adjacente ao defeito.5 Dentre os tipos mais frequentes,
destacam-se:

o retalho de transposição simples;


o retalho bilobulado ou bilobado (Figuras 13A-C);9
o retalho trilobulado ou trilobado;
o retalho de Limberg ou retalho romboide (Figuras 14A-E);
o retalho de dupla transposição;
a zetaplastia simples (Figuras 15A-C) ou múltipla;
a w-plastia.12

Figura 13 – A) Carcinoma basocelular nodular em asa nasal direita. B) Ressecção da


lesão com margem de segurança. C) Rotação de retalho bilobado – aspecto pós-
operatório imediato.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 16/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 14 – A) Melanoma maligno em região escapular esquerda. B) Detalhe da lesão


e da marcação com ampla margem de segurança. C) Área cruenta pós-ressecção e
planejamento de retalho de Limberg (romboide). D) Rotação e fixação inicial do
retalho de Limberg. E) Aspecto final do pós-operatório imediato.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

Figura 15 – A) Brida axilar por sequela de queimadura – planejamento de zetaplastia.


B) Fixação inicial dos retalhos em “Z” após liberação da brida. C) Aspecto final do pós-

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 17/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

operatório imediato.

󰍜 Fonte: Arquivo de imagens do autor. 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Retalhos de interpolação
Aa 󰍉
Os retalhos cutâneos de interpolação assemelham-se sobremaneira aos retalhos
cutâneos de transposição; todavia, o que os diferencia é a presença de uma “ponte”
cutânea sob o pedículo vascular dos retalhos de interpolação quando de sua
transferência.
Esse pedículo poderá ser seccionado dentro de um período de 21 dias – prazo
suficiente para que o retalho adquira circulação colateral para sua nutrição. Esse
procedimento é denominado “autonomização do retalho”.13

Irrigação sanguínea
A irrigação sanguínea cutânea se subdivide em:

retalhos ao acaso;
retalhos arteriais.

Retalhos ao acaso
Os retalhos cutâneos ao acaso também são denominados randomizados ou
randômicos. Correspondem a todos os retalhos cujo suprimento sanguíneo arterial é
realizado por meio de um plexo, sendo que, no caso dos retalhos cutâneos, a nutrição
vem do plexo dermossubdérmico.

Pelo fato de haver uma maior presença de anastomoses arteriais, a região da


face permite a confecção de retalhos cutâneos ao acaso mais seguros e
relativamente extensos. Nos membros inferiores, as anastomoses arteriais são
mais escassas e, portanto, não suportam retalhos ao acaso mais extensos.1,4

Com a finalidade de aumentar a vascularização dos retalhos ao acaso e reduzir a


porcentagem de necrose após a sua transferência, é possível realizar o procedimento
de autonomização. Nos casos em que não há possibilidade de manutenção do
pedículo para posterior ressecção, esse procedimento poderá ser executado por meio
da uma incisão prévia do retalho, sem que se efetue qualquer tipo de descolamento.
Imediatamente após a incisão, realiza-se a ressutura no local. O retalho definitivo
poderá ser transferido somente após um período de aproximadamente 21 dias.13

Retalhos arteriais

Os retalhos arteriais também podem ser denominados de retalhos axiais. A diferença


entre estes retalhos e os ao acaso é que os axiais apresentam vascularização
conhecida.1,5 Portanto, os retalhos axiais apresentam pedículo ou pedículos
vasculares conhecidos (artéria). Esse fato permite que o planejamento pré-operatório
seja realizado de acordo com esses vasos, que se constituirão no eixo do retalho.13
Os retalhos axiais mais utilizados são:

retalho radial do antebraço (ou retalho chinês);

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 18/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

retalho deltopeitoral (ou retalho de Bakamjian);


retalho inguinocrural (ou groin flap);
󰍜 retalhos escapular e paraescapular; 󰐍 󰂜 󰘥 AL

retalho dorsal do pé;


retalho calcâneo lateral;
Aa 󰍉
retalho médio frontal (ou retalho indiano).

Os retalhos axiais apresentam maior segurança vascular do que os retalhos ao


acaso. Devido ao fato de possuírem um pedículo vascular bem definido, os
retalhos axiais, de forma geral, não necessitam de autonomização.1

Número de pedículos
A classificação dos retalhos cutâneos também se subdivide de acordo com o número
de pedículos, o que pode ser verificado no Quadro 4, a seguir.
Quadro 4

CLASSIFICAÇÃO DOS RETALHOS DE ACORDO COM O NÚMERO DE PEDÍCULOS

Monopediculados São retalhos cutâneos axiais que apresentam apenas um


pedículo vascular (arterial).

Bipediculados São retalhos cutâneos que apresentam suprimento arterial por


meio de 2 pedículos vasculares. Esse fato permite o
planejamento do maior eixo do retalho em qualquer um dos
pedículos, ou ainda a sua segmentação para ampliação da área
de cobertura cutânea.

Multipediculados Podem ser denominados de polipediculados, e correspondem


aos retalhos que apresentam 3 ou mais pedículos vasculares. À
semelhança dos retalhos bipediculados, o planejamento do
maior eixo do retalho poderá ser realizado conforme a
conveniência do caso, ou ainda poderá haver segmentação do
retalho para maior cobertura.

5. Em relação à origem dos enxertos, correlacione as colunas.


(1) Autoenxertos ( ) Doador e receptor são indivíduos
(2) Isoenxertos diferentes, da mesma espécie.
(3) Homoenxertos ( ) Doador e receptor são indivíduos
(4) Heteroenxertos diferentes, de espécies distintas; em geral,
de animais.
( ) Doador e receptor são indivíduos
diferentes, da mesma espécie e apresentam
linhagem genética idêntica.
( ) Doador e receptor são o mesmo indivíduo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 1 – 3 – 4 – 2
B) 2 – 1 – 3 – 4
https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 19/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

C) 3 – 4 – 2 – 1

󰍜 D) 4 – 2 – 1 – 3
Confira aqui a resposta
󰐍 󰂜 󰘥 AL

6. Qual é a finalidade primordial dos substitutos temporários de pele?


Aa 󰍉

7. Em relação à espessura dos enxertos, qual das alternativas a seguir é a


correta?
A) Os enxertos de pele parcial sofrem maior contração primária e menor
contração secundária.
B) Os enxertos de pele total sofrem menor contração secundária e maior
contração primária.
C) A área doadora de enxertos de pele total é extensa, enquanto a área
doadora de enxertos de pele parcial é mais restrita.
D) Os enxertos de pele total e parcial não estão indicados para lesões de
mucosas devido à diferença histológica desses tecidos.
Confira aqui a resposta

8. Por que os enxertos em “selos” ou estampilhas são mais utilizados no grande


queimado?

9. Qual é o principal objetivo da expansão dos enxertos em malha?

10. Quais são os instrumentais cirúrgicos específicos para a obtenção de


enxertos em tiras, faixas e fitas?

11. No caso de enxertos em tiras, faixas e fitas, qual é a ressalva em relação ao


uso de instrumentais não específicos?

12. Em relação às formas de enxertia, qual das alternativas a seguir é a correta?


A) Os enxertos em “selos” ou em malha são os tipos mais aplicados em cirurgia
plástica, pois apresentam melhores resultados estéticos e funcionais.
B) O recurso de fragmentar enxertos ou expandi-los é uma excelente opção
para economizar áreas doadoras e, com isso, reduzir a morbidade.
C) Os enxertos de pele somente podem ser retirados por meio de dermátomos
elétricos ou instrumentais específicos.
D) Os enxertos em tiras são os mais utilizados em cirurgia plástica. O uso de
instrumentais específicos permite a retirada mais precisa quanto à sua

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 20/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

espessura.

󰍜 Confira aqui a resposta 󰐍 󰂜 󰘥 AL

13. Quanto à localização dos retalhos cutâneos, qual é a principal desvantagem


dos retalhos a distância?
Aa 󰍉

14. Quanto à forma de mobilização, os retalhos cutâneos de primeira escolha


para o tratamento de lesões em qualquer localização, principalmente na face,
são:
A) os retalhos de avanço.
B) os retalhos de rotação.
C) os retalhos de transposição.
D) os retalhos de interpolação.
Confira aqui a resposta

15. Em que casos são utilizados os retalhos de rotação?

16. Qual é a diferença entre os retalhos de transposição e os retalhos de


interpolação?

17. Em relação ao procedimento de autonomização do retalho, qual é a


orientação nos casos em que não há possibilidade de manutenção do pedículo
para posterior ressecção?

18. Em relação à irrigação sanguínea, qual técnica apresenta maior segurança


vascular?

19. A vascularização dos retalhos pode ser ao acaso (retalhos randomizados) ou


axial (retalhos arteriais). Com base nesses conceitos, qual das alternativas a
seguir é a correta?
A) Os retalhos randomizados são nutridos em geral pelo plexo subdérmico, o
que garante uma grande segurança para a realização de retalhos extensos
em qualquer região do corpo.
B) Os retalhos ao acaso são mais seguros quando realizados nas extremidades
(membros superiores e inferiores) devido ao comprimento desses
segmentos corporais.
C) Os retalhos arteriais possuem um pedículo vascular conhecido, sendo que,
em geral, o maior eixo do retalho é planejado em função desse pedículo.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 21/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

D) Os retalhos arteriais são pouco confiáveis, uma vez que apresentam

󰍜 frequente isquemia, além de prejudicar a vascularização da área


função da supressão arterial.
󰐍
󰂜doadora em 󰘥 AL

Confira aqui a resposta


Aa 󰍉

PLANEJAMENTO CIRÚRGICO E PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO


Em qualquer procedimento cirúrgico, o planejamento e o preparo pré-operatório
correspondem a uma das etapas mais importantes. Muitos fatores importantes devem
ser considerados, pois certamente determinarão tanto o sucesso como o insucesso do
procedimento. Dentre esses fatores, destacam-se três principais:

a escolha da melhor área doadora (com o objetivo principal de minimizar sequelas);


o preparo rigoroso do leito receptor;
a forma de fixação (no caso dos enxertos).
A seguir, esses três aspectos serão abordados de forma mais detalhada.

ÁREA DOADORA
Sempre que se escolhe uma área doadora (seja de enxerto ou retalho cutâneo), o
primeiro aspecto a ser considerado é a semelhança com a área receptora, o que
certamente proporcionará um melhor resultado estético da reconstrução.14

Considerando-se os retalhos cutâneos, a primeira escolha de área doadora são


os retalhos de vizinhança.15 No caso dos enxertos de pele, deve-se procurar uma
área doadora cujas características da pele sejam as mais semelhantes possíveis
com a área receptora.6

Os enxertos de pele parcial são os que possuem a maior área doadora e, portanto,
permitem ao cirurgião maiores possibilidades para a escolha do local adequado.16
Tem-se, como exemplos, entre outros:

coxas (Figura 16);


pernas;
regiões torácica anterior e torácica posterior;
região abdominal;
couro cabeludo;
cavo plantar.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 22/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 16 – Área doadora de enxerto de pele parcial em coxa direita – pós-operatório


de 10 dias.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.
Por outro lado, os enxertos de pele total apresentam área doadora exígua, reduzindo,
assim, o leque de possibilidades de escolha. Dentre as opções, destacam-se:8,14

região retroauricular;
regiões supra e infraclavicular;
região inguinal;
região ventral dos punhos;
prega dos cotovelos;
pregas glúteas;
pálpebras superiores;
aréola;
pequenos lábios (indivíduos do gênero feminino);
prepúcio (indivíduos do gênero masculino).

ÁREA RECEPTORA
Outra etapa que determinará o sucesso dos enxertos e retalhos é o preparo adequado
do leito receptor. O leito que receberá um enxerto ou retalho cutâneo deve
apresentar algumas características importantes, que, se não forem as ideais, deverão
estar bem próximas disso. Essas características incluem:4,6

leito receptor limpo (sem fibrina ou tecido necrótico e livre de infecções);


boa vascularização;
menor extensão possível;

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 23/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

tecido de granulação firme, vivo e plano (no caso dos enxertos de pele) (Figuras 17A
e B).
󰍜 󰐍 󰂜 󰘥 AL

Aa 󰍉

Figura 17 – A) Tecido de granulação ideal em área receptora de enxerto de pele


parcial. B) Tecido de granulação em área receptora de enxerto de pele parcial.
Fonte: Arquivo de imagens do autor

Osso sem periósteo, cartilagem sem pericôndrio e tendão sem paratendão não
são leitos receptores adequados para enxertos de pele, pois não apresentam
capacidade de nutrição própria.

Com relação aos enxertos de pele em ossos corticais, pode-se perfurar a camada
cortical do osso e aguardar para que haja granulação a partir da camada medular.

FORMA DE FIXAÇÃO DOS ENXERTOS


A forma com que o enxerto será fixado no leito receptor também é um fator
importante para a boa evolução do procedimento, pois quanto menor for a
possibilidade de mobilização desse enxerto, maior será a probabilidade de adesão ao
leito receptor. Assim, tem-se que, após a colocação do enxerto sobre o leito receptor,
pode-se fixá-lo com:

tiras de esparadrapo microporado;


fios cirúrgicos, em geral, náilon monofilamentar 4-0 ou 5-0;
colas biológicas à base de octilcianoacrilato.

20. Em relação ao planejamento e ao preparo pré-operatório, qual das


alternativas a seguir é a correta?
A) Apesar de importante, o planejamento cirúrgico, em geral, é alterado no
decurso da cirurgia em razão do tamanho do defeito a ser corrigido, de
modo que o preparo pré-operatório é muito mais importante do que o
planejamento.
B) A escolha da área doadora deve ser sempre de acordo com a disponibilidade,
pois o que realmente importa é o resultado funcional, e não o estético.
C) Assim como os retalhos cutâneos, os enxertos de pele total são os que
apresentam maior área doadora e, portanto, aumentam o leque de

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 24/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

possibilidades do cirurgião.

󰍜 D) A escolha da área doadora é extremamente importante quanto


󰐍
󰂜ao fato de
que o cirurgião deve sempre procurar minimizar as sequelas decorrentes do
󰘥 AL

procedimento.
Aa 󰍉
Confira aqui a resposta

21. Qual é o primeiro aspecto a ser avaliado ao se escolher uma área doadora?

22. São características de um leito receptor ideal:


I − Área de granulação viva, firme e plana (para os enxertos).
II − Boa inervação e presença de anexos cutâneos.
III − Ausência de fibrina e tecido necrótico.
IV − Boa vascularização e menor extensão possível.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) A I, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

23. Por que osso sem periósteo, cartilagem sem pericôndrio e tendão sem
paratendão não são leitos receptores adequados para enxertos de pele?

24. Quais são os materiais utilizados para a fixação do enxerto no leito receptor?

INTEGRAÇÃO DOS ENXERTOS DE PELE E VIABILIDADE DOS RETALHOS


CUTÂNEOS
Os enxertos de pele e os retalhos cutâneos apresentam um processo cicatricial
semelhante a qualquer outro procedimento cirúrgico. Assim, o objetivo aqui será
descrever os principais aspectos da integração dos enxertos e da viabilidade dos
retalhos cutâneos.
O processo de integração dos enxertos de pele à área receptora pode ser
didaticamente dividido em três diferentes fases que se superpõem. São elas (Quadro
5):2,3,6,8

fase de embebição plasmática;


fase vascular;
fase de neovascularização.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 25/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Quadro 5

󰍜 󰂜
FASES DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DOS ENXERTOS 󰐍 󰘥 AL

Fase de A primeira fase da integração dos enxertos de pele


corresponde à fase na qual o enxerto de pele receberá seus
Aa 󰍉
embebição
nutrientes através do exsudato proveniente do leito receptor;
plasmática daí a importância do preparo do leito receptor e da adequada
imobilização do enxerto sobre a área tratada. Esta fase
apresenta uma duração média de 48 horas.

Fase vascular A duração média desta fase é de 4 a 5 dias. Também conhecida


por fase de inosculação vascular (união terminoterminal de
vasos por meio anastomótico). Após o período inicial de 48
horas (fase de embebição plasmática), o enxerto de pele passa
a receber sua nutrição por meio de pequenos e frágeis
condutores vasculares que começam a interligar o enxerto à
área receptora.
É um período extremamente importante, no qual não se
recomenda a manipulação do curativo oclusivo, ou seja, após a
realização da enxertia de pele, recomenda-se não manipular o
curativo de pós-operatório por 5 dias. Em áreas de muita
mobilidade, ou ainda, para evitar o chamado efeito “tenda” do
enxerto sobre a área doadora, recomenda-se a realização do
curativo de Brown (Figuras 18A e B).

Fase de A última fase da integração dos enxertos. Geralmente, tem


início a partir do 5º dia e é caracterizada pela neoformação
neovascularização
capilar e linfática. Nesta fase, apesar da fragilidade dos vasos
neoformados, poderá haver manipulação para a realização de
curativos e eventuais desbridamentos das áreas onde não
houve integração. O primeiro curativo deve ser realizado, em
geral, no 5º dia de pós-operatório.

Figura 18 – A) Curativo de Brown para imobilização de enxerto de pele parcial em


região nasal. B) Curativo de Brown para imobilização de enxerto de pele parcial em
região dorsal do pé esquerdo.
Fonte: Arquivo de imagens do autor.

O primeiro curativo deve ser realizado, em geral, no 5º dia de pós-operatório.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 26/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Os retalhos cutâneos, após serem “levantados” para transferência, apresentam um


período de isquemia que, na maioria das vezes, variará de acordo com seu pedículo
󰍜 󰂜
vascular. Assim, observa-se que os retalhos randomizados (ao acaso) apresentam 󰐍 󰘥 AL

menor tempo de isquemia, enquanto os axiais apresentam maior tempo de isquemia.


Em média, esse tempo varia entre 8 e 12 horas.13
Aa 󰍉
A viabilidade dos retalhos cutâneos pode ser avaliada pelos seguintes sinais clínicos:

perfusão (verificada de maneira simples pela compressão leve do retalho com


instrumental cirúrgico);11
coloração;
presença de sangramento nas margens.

Entretanto, alguns testes de viabilidade podem ser utilizados. O teste do corante vital
de fluoresceína é o mais utilizado devido ao baixo custo e à facilidade de execução.1
Existem alguns fatores que, sabidamente, prejudicam a viabilidade dos retalhos, e o
cirurgião deve estar atento a isso. Esses fatores são:

excesso de tensão nas linhas de sutura;


angulação do pedículo vascular;
compressão do retalho pelo curativo;
formação de hematoma ou seroma;
infecção.

25. Em relação à integração dos enxertos, qual das alternativas a seguir é a


correta?
A) Nas primeiras horas após a enxertia de pele, o enxerto já começa a receber
sua nutrição por pequenos conectores vasculares que surgem a partir do
leito receptor por quimiotaxia.
B) A integração dos enxertos apresenta quatro fases típicas e distintas. São
elas: fase de embebição plasmática, fase vascular, fase de neovascularização
e fase de remodelação.
C) A fase vascular tem início após 48 horas e dura, em média, 5 dias, período no
qual o curativo não deve ser manipulado, sob risco de perda do
procedimento.
D) O enxerto somente deverá ser manipulado após um período de cerca de 10
a 14 dias, quando a fase de neovascularização estiver encerrada e os vasos
mais desenvolvidos.
Confira aqui a resposta

26. Complete o seguinte parágrafo com relação ao período de isquemia dos


retalhos cutâneos.
Os retalhos cutâneos, após serem “levantados” para transferência, apresentam
um período de isquemia que, na maioria das vezes, variará de acordo com seu
pedículo vascular. Assim, observa-se que os retalhos randomizados (ao acaso)
apresentam .......................... de isquemia, enquanto os retalhos axiais
https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 27/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

apresentam .......................... de isquemia. Em média, esse tempo varia entre


.......................... .
󰍜 󰐍
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de preenchimento das
󰂜 󰘥 AL

lacunas.
Aa 󰍉
A) maior tempo; menor tempo; 8 e 12 horas.
B) menor tempo; maior tempo; 6 e 12 horas.
C) menor tempo; maior tempo; 8 e 12 horas.
D) maior tempo; menor tempo; 6 e 12 horas.
Confira aqui a resposta

27. Quais sinais clínicos permitem a avaliação da viabilidade dos retalhos


cutâneos?

28. Qual é o teste de viabilidade de retalhos cutâneos mais utilizado?

29. São fatores que prejudicam a viabilidade dos retalhos cutâneos:


I − Formação de hematoma ou seroma.
II − Infecção.
III − Excesso de tensão nas linhas de sutura.
IV − Angulação do pedículo vascular.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) A I, a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

30. Quais são as fases do processo de integração dos enxertos de pele à área
receptora?

RESULTADOS DOS ENXERTOS E RETALHOS CUTÂNEOS


Apesar de haver indicações distintas entre um procedimento e outro, de maneira
geral, os retalhos cutâneos apresentam melhores resultados em longo prazo quando
comparados aos enxertos de pele, sobretudo quando se trata de lesões na
face.1,3,5,6,8,9,15
Os enxertos de pele total apresentam melhores resultados estético e funcional do que
os de pele parcial. Ainda com relação aos enxertos de pele, a reinervação sensitiva

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 28/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

poderá ocorrer por meio de fibras nervosas oriundas do leito receptor que migram
para o enxerto. Essa recuperação inicia-se, em média, ao redor da 4ª e 5ª semanas,
󰍜 atingindo o pico máximo em torno de 12 a 24 meses.6 󰂜 󰐍 󰘥 AL

Os retalhos têm coloração e textura normais, além da manutenção da funcionalidade


Aa das glândulas sebáceas, das glândulas sudoríparas e dos pelos. Sua espessura,
󰍉
geralmente, sofre redução após alguns meses, sendo que também poderão ocorrer
regenerações nervosa e sensitiva da pele dentro do mesmo prazo descrito para os
enxertos.1

Em longo prazo, os retalhos revelam melhores resultados estético e funcional do


que os enxertos, sobretudo pela manutenção da funcionalidade de glândulas
sebáceas, glândulas sudoríparas e pelos.

COMPLICAÇÕES
As principais complicações dos enxertos e retalhos cutâneos, de modo geral,
encontram relação direta ou indireta aos erros de planejamento e de cuidados
inadequados no intra e no pós-operatório. As complicações imediatas mais frequentes
são:6,16-18

epiteliólise (epidermólise);
hematoma;
infecção;
seroma (Figura 19).

Figura 19 – Seroma em área de enxerto de pele parcial.


Fonte: Arquivo de imagens do autor.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 29/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

A perda do enxerto e a necrose total do retalho são as complicações mais

󰍜 󰐍
temidas e, invariavelmente, estão relacionadas às complicações anteriores.
󰂜 󰘥 AL

As complicações tardias mais frequentes são as alterações da pigmentação (hipo ou


hiperpigmentação), que podem ocorrer tanto no enxerto e no retalho quanto na área
󰍉
Aa doadora. Outras complicações descritas incluem as alterações da cicatrização,
caracterizadas pela presença de cicatrizes hipertróficas (Figuras 20A e B) ou
queloideanas nas margens das lesões.1,5

Figura 20 – A) Hipocromia e hipertrofia cicatricial central em área de enxerto de pele


parcial na região escapular esquerda. B) Hipertrofia cicatricial em margens de área de
enxerto de pele parcial no pé esquerdo.
Fonte: Arquivo pessoal de imagens do autor.

PERSPECTIVAS
Atualmente, existem substitutos cutâneos temporários e permanentes. Dentre os
substitutos temporários, encontram-se substitutos:

biológicos – homólogos (pele cadavérica humana) ou heterólogos (pele porcina e


pele de rã);
sintéticos – silicone e materiais microporosos;
compostos – fibras de celulose derivadas da biossíntese de bactérias – Bio-fill®.

Com relação aos substitutos permanentes, destacam-se:10

a cultura de queratinócitos humanos;


a utilização de derme cadavérica (homóloga) acelular e derme porcina (heteróloga)
acelular.
O maior inconveniente no uso desses materiais está no seu alto custo. Cabe ressaltar,
ainda, o uso de substâncias aceleradoras de crescimento celular e a utilização de cola
biológica de fibrina9 e 2-octil-cianoacrilato para a fixação dos enxertos de pele.19,20

31. Ao comparar enxertos de pele e retalhos cutâneos, qual das duas técnicas
apresenta melhores resultados estético e funcional em longo prazo?

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 30/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

󰍜 󰂜
32. Como pode ocorrer a reinervação sensitiva dos enxertos de pele?
󰐍 󰘥 AL

Aa 󰍉
33. A que geralmente estão relacionadas as principais complicações de enxertos
e retalhos cutâneos?

34. A respeito das complicações dos enxertos e retalhos cutâneos, correlacione


as colunas a seguir.
(1) Complicações imediatas ( ) Seroma
(2) Complicações tardias ( ) Epiteliólise (epidermólise)
( ) Hipo ou hiperpigmentação
( ) Infecção
( ) Cicatrizes hipertróficas ou queloideanas
( ) Hematoma

A sequência correta é:

A) 1 − 2 − 2 − 1 − 2 − 1
B) 1 − 1 − 2 − 1 − 2 − 1
C) 2 − 1 − 1 − 1 − 2 − 1
D) 1 − 2 − 2 − 1 − 1 − 1
Confira aqui a resposta

35. Quais são os substitutos cutâneos disponíveis atualmente?

CASO CLÍNICO

Paciente de 78 anos de idade, gênero feminino, branca, pele fototipo II,


hipertensa controlada, refere lesão em região nasal lateral direita, acima da asa
nasal, que começou como uma “espinha” e passou a sangrar periodicamente. A
paciente afirma que já retirou uma lesão parecida no dorso da mão e que se
tratava de um “câncer de pele”.

Ao exame físico, revela-se lesão nodular com ulceração central de 0,7cm de


diâmetro.

36. Com base nos conceitos de enxertos e retalhos, qual é o procedimento


indicado para o caso clínico apresentado?
https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 31/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

A) Pelo histórico evolutivo da lesão, pela faixa etária, pelo fototipo e pela

󰍜 característica da lesão, está indicada a ressecção cirúrgica com


segurança e cobertura por enxerto de pele total. Após confirmação
󰐍
󰂜margem de 󰘥 AL

anatomopatológica, indica-se planejamento substitutivo com retalho


Aa 󰍉 cutâneo.
B) Baseando-se nas características da lesão e da paciente, está indicada a
exérese com margem de segurança. Todavia, nunca se deve fazer a
reconstrução com enxerto de pele devido ao pobre resultado estético.
C) Como se trata de uma paciente de primeira consulta, e devido à sua faixa
etária, indica-se uma biópsia incisional, com avaliação progressiva da lesão,
mesmo com resultado anatomopatológico positivo para carcinoma
basocelular. Caso haja progressão da lesão, faz-se a exérese com
reconstrução por retalho cutâneo.
D) O histórico e o fototipo da paciente permitem a realização de ressecção da
lesão com margem de segurança após preparo pré-operatório. Neste caso,
planeja-se a reconstrução com retalho cutâneo de vizinhança, como, por
exemplo, o retalho de transposição do tipo bilobado ou bilobulado.
Confira aqui a resposta

CONCLUSÕES
Os enxertos e os retalhos cutâneos são a base de todos os procedimentos realizados
em cirurgia plástica, pois são versáteis e permitem o tratamento das mais diferentes
lesões. Entretanto, o maior desafio com relação aos enxertos de pele está no
tratamento dos grandes queimados. Assim, a maioria dos pesquisadores têm se
esforçado no estudo e no desenvolvimento de substitutos cutâneos adequados com o
objetivo de acelerar a recuperação desses pacientes, reduzindo o tempo de
internação, as sequelas e, consequentemente, os altos custos relacionados ao
tratamento.1,3,5,6
Com relação aos retalhos cutâneos, ressalta-se o aperfeiçoamento técnico e o
desenvolvimento de substâncias capazes de aumentar ou melhorar o seu fluxo
sanguíneo, possibilitando a confecção de retalhos maiores e com menores riscos de
complicações, principalmente a necrose.21,22

RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS

Atividade 2
Resposta: B
Comentário: As indicações para o uso de enxertos de pele são muito variadas,
podendo ser utilizados no tratamento de lesões decorrentes de traumatismos, nas
ressecções cirúrgicas de lesões benignas ou malignas e em procedimentos
complementares. Os enxertos de pele estão indicados para o tratamento de diferentes
defeitos, porém a sua principal indicação são as queimaduras.

Atividade 5

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 32/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Resposta: C

󰍜 Comentário: A definição dos enxertos, de acordo com a origem, obedece a seguinte


󰂜
estrutura: Autoenxertos – constituem o tipo mais frequente de enxerto de pele; 󰐍 󰘥 AL

incluem todos os enxertos nos quais o doador e o receptor correspondem ao mesmo


indivíduo. Isoenxertos – correspondem a enxertos de pele nos quais o doador é
󰍉
Aa diferente do receptor, todavia os indivíduos pertencem à mesma espécie e
apresentam linhagem genética idêntica. Homoenxertos ou aloenxertos –
correspondem a enxertos de pele no qual o doador é diferente do receptor, ou seja,
são indivíduos diferentes, porém pertencentes à mesma espécie. Heteroenxertos ou
zooenxerto de xenoenxerto – Correspondem a enxertos de pele nos quais o doador é
diferente do receptor, pertencendo a espécies distintas (em geral, de animais).

Atividade 7
Resposta: B
Comentário: A alternativa “a” está incorreta, pois a contração primária é menor, ou
seja, por apresentar menos fibras elásticas, no momento da retirada, o enxerto não
“diminui” seu tamanho. A alternativa “b” está correta, pois se levada em consideração
a maior quantidade de fibras elásticas na pele total, o enxerto reduzirá seu tamanho
logo após a retirada (maior contração primária). A alternativa “c” está incorreta, pois a
maior quantidade de área doadora é para enxertos de pele parcial. A alternativa “d”
não pode estar correta, pois os enxertos de pele podem ser aplicados sobre mucosa,
porque sofrem metaplasia.

Atividade 12
Resposta: D
Comentário: A alternativa “a” está incorreta, pois os tipos de enxerto mais aplicados
são em tiras, sendo que os enxertos em estampilha e os expandidos apresentam
piores resultados estéticos. A alternativa “b” está incorreta, pois o objetivo da
fragmentação ou expansão não é a economia de área doadora, e sim o melhor
aproveitamento das poucas áreas doadoras existentes nos grandes queimados. A
alternativa “c” está incorreta, pois, nos locais onde não existem instrumentais
específicos, é possível improvisar com lâminas de bisturi ou de “barbear” estéreis, com
óbvio prejuízo do controle da espessura desses enxertos. A alternativa “d” está
correta, pois se trata do tipo de enxerto mais utilizado, sendo que os instrumentais
específicos permitem maior controle da espessura do enxerto retirado.

Atividade 14
Resposta: A
Comentário: Os retalhos de avanço são retalhos de vizinhança utilizados em lesões ou
defeitos, cuja correção se faz pelo seu avanço da área doadora para a área receptora.
São os retalhos de primeira escolha para o tratamento de lesões em qualquer
localização, principalmente na face.

Atividade 19
Resposta: C
Comentário: A alternativa “a” está incorreta, pois a extensão dos retalhos ao acaso
dependerá das conexões vasculares locais, que são menores nas extremidades
(membros superiores e inferiores). A alternativa “b” está incorreta, pois os retalhos ao
acaso são mais seguros na face, devido à maior conexão vascular. A alternativa “c” está
correta, pois o eixo dos retalhos arteriais, em geral, é fundamentado na artéria que o
nutre. A alternativa “d” não pode estar correta, pois os retalhos arteriais são bastante
confiáveis, desde que se respeite o limite da artéria e a área doadora seja nutrida pela
circulação colateral.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 33/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

Atividade 20

󰍜 Resposta: D 󰂜
Comentário: A alternativa “a” está incorreta, pois, assim como o preparo pré-
󰐍 󰘥 AL

operatório, o planejamento permite avaliar as possibilidades de reconstrução mesmo


nos casos de ampliação das margens do defeito, ou seja, a ampliação do defeito não
󰍉
Aa descarta em hipótese alguma o planejamento da reconstrução. A alternativa “b” está
incorreta, pois é óbvio que o resultado funcional é o mais importante, porém, se existe
a possibilidade de tornar a reconstrução mais estética, não há por que a evitar. Assim,
deve-se procurar uma área doadora o mais semelhante possível da área receptora. A
alternativa “c” está incorreta, pois os enxertos de pele total apresentam as menores
áreas doadoras e, portanto, reduzem-se as possibilidades de reconstrução com eles. A
alternativa “d” está correta, pois o cirurgião não deve “criar” mais um problema ao
paciente (primum non nocere). Assim, um dos objetivos da reconstrução com uso de
enxertos e retalhos é minimizar, ao máximo, as sequelas da área doadora.

Atividade 22
Resposta: D
Comentário: As características de um leito receptor ideal devem incluir: ausência de
tecido necrótico, infecção ou fibrina, o que caracteriza um leito receptor limpo; menor
extensão possível; boa vascularização e área de granulação plana, firme e viva.
Portanto, a assertiva II está incorreta, pois a presença de anexos cutâneos
contraindica o uso de enxertos de pele.

Atividade 25
Resposta: C
Comentário: A integração dos enxertos ocorre em três fases que se superpõem.
Porém, didaticamente, podem ser divididas em: fase de embebição plasmática, fase
vascular e fase de neovascularização. Nas primeiras horas, o enxerto é nutrido pelo
exsudato do leito receptor, não por conectores vasculares. A fase de remodelação não
é exclusiva da integração dos enxertos, pois faz parte dos processos de cicatrização
em geral. Não se recomenda a manipulação dos enxertos até o 5º dia (fim da fase
vascular), porém eles podem e devem ser manipulados após o 5º dia para verificação
da integração ou “pega do enxerto” e realização de eventuais punções ou
debridamentos. Portanto, alternativa “c” está correta.

Atividade 26
Resposta: C
Comentário: Os retalhos cutâneos, após serem “levantados” para transferência,
apresentam um período de isquemia que, na maioria das vezes, variará de acordo com
seu pedículo vascular. Assim, observa-se que os retalhos randomizados (ao acaso)
apresentam menor tempo de isquemia, enquanto os axiais apresentam maior tempo
de isquemia. Em média, esse tempo varia entre 8 e 12 horas.

Atividade 29
Resposta: D

Atividade 34
Resposta: B
Comentário: As principais complicações dos enxertos e retalhos cutâneos, de modo
geral, encontram relação direta ou indireta aos erros de planejamento e de cuidados
inadequados no intra e no pós-operatório. As complicações imediatas mais frequentes
são: epiteliólise (epidermólise); hematoma; infecção; seroma. As complicações tardias
mais frequentes são as alterações da pigmentação (hipo ou hiperpigmentação), que
https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 34/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

podem ocorrer tanto no enxerto e no retalho quanto na área doadora. Outras


complicações descritas incluem as alterações da cicatrização, caracterizadas pela
󰍜 󰂜
presença de cicatrizes hipertróficas ou queloideanas nas margens das lesões. 󰐍 󰘥 AL

Atividade 36
Aa Resposta: D
󰍉
Comentário: O histórico da paciente em questão é típico dos pacientes portadores de
tumores de pele não melanocíticos. Em geral, são pacientes idosos, de pele clara e que
foram expostos ao sol por longo tempo, sem fotoproteção. No caso em questão, ainda
havia história pregressa de tumor de pele. Nestes casos, a conduta é a ressecção
oncológica da lesão, com margem de segurança e a reconstrução imediata com retalho
cutâneo, que pode ser o retalho de transposição do tipo bilobado (bilobulado), como
na alternativa “d”. A reconstrução com enxerto de pele parcial ou total pode ser
utilizada nos casos recidivados ou no tipo histológico esclerodermiforme
(multicêntrico), pois permitem a melhor monitorização da recidiva. No entanto, não há
necessidade de planejamento cirúrgico substitutivo por um retalho cutâneo, ou seja,
as alternativas “a” e “b” estão incorretas. A alternativa “c” também não está correta,
pois, diante de um diagnóstico clínico ou anatomopatológico de tumor de pele, deverá
ser planejada a ressecção da lesão com margem de segurança.

REFERÊNCIAS
1. Barbosa MV, Keira SM, Nahas FX, Ferreira LM. Retalhos cutâneos. In: Ferreira LM.
Cirurgia plástica da UNIFESP. Barueri: Manole; 2007. p. 149-54.
2. Kim JH, Kim KC. Princípios dos enxertos de pele. In: Weinzweig J. Segredos em
cirurgia plástica. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 534-42.
3. Nahas FX, Barbosa MV, Ferreira LM. Enxertos de pele. In: Ferreira LM. Cirurgia
plástica da UNIFESP. Barueri: Manole; 2007. p. 139-44.
4. Place MJ, Herber SC, Hardesty RA. Basic techniques and principles in plastic
surgery. In: Aston SJ, Beasley RW, Thorne CH. Grabb and Smith’s plastic surgery.
New York: Lippincott-Raven; 1997.
5. Simomoto PL, Ishizuka MM, Ferreira LM. Princípios gerais dos retalhos cutâneos. In:
Ferreira LM. Manual de cirurgia plástica. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 46-8.
6. Barbosa MV. Enxertos e retalhos. In: Saad Junior R, Salles RA, Carvalho WR, Maia
AM. Tratado de cirurgia do CBC. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 451-8.
7. Mensík I, Lamme EN, Brychta P. Depth of the graft influences split-skin graft
contraction. Acta Chir Plast. 2003;45(3):105-8.
8. Lee WP, Butler PE. Transplant biology and applications to plastic surgery. In: Aston
SJ, Beasley RW, Thorne CM. Grabb and Smith’s plastic surgery, New York:
Lippincott-Raven; 1997.
9. Verissimo P, Barbosa MV. Tratamento cirúrgico dos tumores de pele nasal em
idosos. Rev Bras Cir Plast. 2009 Abr-Jun;24(2):219-33.
10. Liu Q, Chai JK, Yang HM, Yin HN. Experimental study on composite
transplantation of acellular porcine dermal matrix and micro-autograft to repair
deep burn wound. Zhongguo Wei Zhong Bing Ji Jiu Yi Xue. 2004 Feb;16(2):77-80.
11. Askar I. Double reverse V-Y-plasty in postburn scar contractures: a new
modification of V-Y-plasty. Burns. 2003 Nov;29(7):721-5.

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 35/36
27/09/2023, 15:12 ENXERTOS E RETALHOS EM CIRURGIA - SECAD

12. Weinzweig J, Weinzweig N. Técnicas e geometria dos reparos dos ferimentos. In:
Weinzweig J. Segredos em cirurgia plástica. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 39-49.
󰍜13. Abla LE, Ferreira LM. Vascularização dos retalhos cutâneos.󰐍 󰂜 󰘥
In: Ferreira LM.
AL

Manual de cirurgia plástica. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 49-50.

󰍉
Aa 14. Aslan G, Sarifakioglu N, Tuncali D, Terzioglu A, Bingul F. The prepuce and
circumcision: dual application as a graft. Ann Plast Surg. 2004 Feb;52(2):199-203.
15. Desciak EB, Eliezri YD. Bilateral rhombic flaps for defects on the nasal dorsum and
supra-tip. Dermatol Surg. 2003 Nov;29(11):1163-5.
16. Grossman AJ. A simplified technique for split-thickness skin donor-site care. Plast
Reconstr Surg. 2004 Feb;113(2):796-7.
17. Hjortdal VE, Sinclair T, Kerrigan CL, Solymoss S. Arterial ischemia in skin flaps:
microcirculatory intravascular thrombosis. Plast Reconstr Surg. 1994 Feb;93(2):375-
85.
18. Bagdonas R, Tamelis A, Rimdeika R. Staphylococcus aureus infection in the surgery
of burns. Medicina (Kaunas). 2003;39(11):1078-81.
19. Jeschke MG, Rose C, Angele P, Füchtmeier B, Nerlich MN, Bolder U. Development
of new reconstructive techniques: use of Integra in combination with fibrin glue and
negative-pressure therapy for reconstruction of acute and chronic wounds. Plast
Reconstr Surg. 2004 Feb;113(2):525-30.
20. Cruz GA, Freitas RS, Fillus Neto J, Tolazzi AR, Groth AK, Biondo-Simões ML.
Avaliação da integração de enxerto de pele com utilização do 2-octilcianocrilato:
estudo experimental em ratos. Acta Cir Bras. 2000;15(Supl 3):58-60.
21. Lay IS, Hsieh CC, Chiu JH, Shiao MS, Lui WY, Wu CW. Salvianolic acid B enhances
in vitro angiogenesis and improves skin flap survival in Sprague-Dawley rats. J Surg
Res. 2003 Dec;115(2):279-85.
22. Terunuma A, Jackson KL, Kapoor V, Telford WG, Vogel JC. Side population
keratinocytes resembling bone marrow side population stem cells are distinct from
label-retaining keratinocyte stem cells. J Invest Dermatol. 2003 Nov;121(5):1095-
103.

Como citar a versão impressa deste documento

Barbosa MVJ. Enxertos e retalhos em cirurgia. In: Colégio Brasileiro de Cirurgiões;


Manso JEF, Silva AO, Silva FCD, organizadores. PROACI Programa de Atualização
em Cirurgia: Ciclo 11. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 139-80.
(Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1).

󰓎 󰓎 󰓎 󰓎 󰓎

ARTIGO
󰅁 hérnias e 󰸞 Marcar como concluído
eventrações…

https://portal.secad.artmed.com.br/artigo/enxertos-e-retalhos-em-cirurgia 36/36

Você também pode gostar