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TRAUMA
ORTOPÉDICO
Co o r d e n a d o r e s : Isabel Pozzi, Sandro Reginaldo,
Múcio Vaz de Almeida e Alexandre Fogaça Cristante
Índice
TRAUMA ADULTO
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SUGESTÕES DE LEITURA
1. Reis FB. Fraturas. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
2. Faloppa F, Albertoni WM (coords). Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da Unifesp-EPM
– Ortopedia e Traumatologia, Barueri: Manole, 2008.
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Por exemplo, uma placa DCP pode cortical proximal (furo com o mesmo
ser utilizada como um método de diâmetro do diâmetro externo do pa-
compressão, mas também pode ser rafuso) e um canal de rosca na corti-
utilizada como um tutor, nos casos cal oposta (furo com o diâmetro igual
de placa em ponte. ao diâmetro da alma do parafuso).
Caso façamos o raciocínio de trás Existem alguns parafusos, em que
para a frente, estaremos escolhendo existe um talo liso e uma porção com
primeiro o implante, onde existe um rosca, utilizados nas regiões de osso
gama enorme de implantes ortopé- esponjoso, que também promovem
dicos das mais diversas cores, tama- compressão. Para que haja a correta
nhos, preços e que podem promo- compressão no foco de fratura e con-
ver, se empregados sem o princípio sequente consolidação direta, é pre-
correto, um resultado insatisfatório. ciso que a redução dos fragmentos
seja anatômica1.
MÉTODOS DE ESTABILIDADE
ABSOLUTA Placas de compressão
Parafusos de tração dinâmica
Qualquer parafuso, independente As placas com o orifício DCP
do seu diâmetro, pode ter a função (que possuem uma rampa de des-
de um parafuso de tração ou de com- lizamento da cabeça do parafuso)
pressão interfragmentária, desde que podem promover uma compressão
se faça um canal de deslizamento na entre os fragmentos da fratura, sendo
1)Parafuso 6,5mm
1)Parafuso de tração
rosca 32mm
2)Placa de
Compressão Absoluta Primária 2)Placa DCP ou LCP
Compressão
3)Fios de cerclagem +
3)Banda de tensão
fios de Kirschner
1)HIM fresada e
1)Haste intramedular bloqueada
Tutor Relativa Secun-dária 2)Placa em ponte 2) Placa DCP
3)Fixador externo 3)Fixador externo
modular tubo-a-tubo
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SUGESTÕES DE LEITURA
1. Princípios AO do tratamento de fraturas. Organizado por Thomas P. Ruedi e William M. Murphy;
trad. Jacques Vissoky. – Porto Alegre : Artmed, 2002.
2. Perren SM, Cordey J, Baumgart F, et al. Technical and biomechanical aspects of screws used for
bone surgery. International Journal of Orthopaedic Trauma, 1992; 2: 31-48.
3. Court-Brown CM, Christie J, McQueen MM (1990) Closed intramedullary tibial nailing. Its use in
closed and type I open fractures. J Bone Joint Surg (Br); 72 (4): 605-611.
4. Parker MJ, Handoll HHG. Intramedullary nails for extracapsular hip fractures in adults. Cochrane
Database of Systematic Reviews 2006, Issue 3.
5. Muller C, Frigg R, Pfister U. Effect of flexible drive diameter and reamer design on the increase of
pressure in the medullary cavity during reaming. Injury 1993, 24 (Suppl 3): 40-47
6. External Fixation: How to Make It Work. Ziran et al. J Bone Joint Surg Am.2007; 89: 1620-1632.
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Utilização de fixadores
externos na emergência
Eduardo da Silva Brum
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COMENTÁRIOS FINAIS:
O método de fixação externa
como tratamento provisório ou defi-
nitivo na emergência, ainda é o mais
utilizado pelo ortopedista brasileiro.
A fixação externa nesses casos é É uma técnica consagrada, de fácil
utilizada, assim como no joelho flutu- aplicação, minimamente invasiva e
ante, apenas para controle de danos com mínima agressão às partes mo-
local, tendo que, obrigatoriamente les, porém, para obter sucesso com
ser revertida em tratamento defini- esse tratamento é necessário seguir
tivo após melhora das comorbidades os princípios da técnica, com mon-
sistêmicas. tagens adaptadas para cada tipo de
Na ulna, a área de segurança para situação, seguindo os preceitos da
colocação de pino na região proximal estabilização e de uma boa redução
é de posterior para anterior e na re- das fraturas.
SUGESTÕES DE LEITURA
1. Kume, MH. A influência do número de barras na resistência à compressão axial dos fixadores
externos mono planares em modelos de tíbias de poliuretano. (dissertação de mestrado)
2010.
2. Mercadante MT, Kojima K, Hungria JOS, Zan RA, Abulasan T, Iamaguchi RB, Mezzalira LG. Estudo
mecânico comparativo de quatro montagens de fixador externo mono lateral submetido à
força de torção. Rev. Bras Ortop. 2003; 38(3):106 -16.
3. Mercadante MT, Kojima K, Cristian R, Hungria JC, Neto, JSH, Camargo AB, Samano HM. Santos
RSF, Vatavuk J, Mello AG, Bertolani AD, Freitas CEB. Avaliação da resistência mecânica de três
diferentes pinos de Shanz às forças de torção em montagens do fixador externo mono lateral.
Acta ortopédica brasileira. 2005; v.13, nº004, p.183-185.
4. Ming JH, Zhou PH, Zhou JP. Biomechanical analysis of fracture fixation with external fixator in
vivo. Chin J Traumatol. 2006; 9(2):100-4.
5. Rotbande I, Ramos MRF. Atualização em fixação externa: conceitos e revisão.Rev Bras Ortop.
2000;35(4):103-08.
6. Sisk DT. General principles and techniques of external skeletal fixation. Clin Orthop Relat Res.
1983;180(11): 96-100.
7. Large and Medium-Size External fixation. Modular rod system (figuras ilustrativas gentilmente
cedidas pela Synthes).
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SUGESTÕES DE LEITURA
1. World health statistics 2010. Ginebra, Organización Mundial de la Salud,(http://www.who.int/
whosis/whostat/es/index.html) consultado em 27 de fevereiro de 2011).
2. Pape HC, Hildebrand F, Pertschy S, et al. Changes in the management of femoral shaft fractures
in polytrauma patients: from early total care to damage control orthopedic surgery. J Trauma.
2002; 53:452– 461.
3. Pape HC, Grimme K, Van Griensven M, Sott AH, Giannoudis P, Morley J, Roise O, Ellingsen E,
Hildebrand F, Wiese B, Krettek C; EPOFF Study Group. Impact of intramedullary instrumentation
versus damage control for femoral fractures on immunoinflammatory parameters: prospective
randomized analysis by the EPOFF Study Group. J Trauma. 2003; 55:7-13.
4. Harwood PJ, Giannoudis PV, van Griensven M, Krettek C, Pape HC. Alterations in the systemic
inflammatory response after early total care and damage control procedures for femoral shaft
fracture in severely injured patients. J Trauma. 2005; 58:446-54.
5. Roberts CS, Pape HC, Jones AL, Malkani AL, Rodriguez JL, Giannoudis PV. Damage control
orthopaedics: evolving concepts in the treatment of patients who have sustained orthopaedic
trauma. Instru Course Lecture. 2005; 54:447-62.
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Fraturas expostas
Marcos Paulo de Souza
INTRODUÇÃO EPIDEMIOLOGIA
As fraturas expostas implicam em Durante um período de 75 me-
comunicação entre o meio ambiente ses, entre janeiro de 1988 e março
externo e a fratura e têm sido defini- de 1994 em Edinburgh, Escócia, 1000
das como uma lesão de partes moles, fraturas expostas de 933 pacientes
complicada por um osso quebrado. A foram relatadas, representando uma
melhor compreensão da fratura ex- frequência de 21,3 por 100.000 ano.
posta, das técnicas de fixação das fra- A taxa mais alta de fraturas diafisárias
turas, dos cuidados de partes moles foi vista na tíbia (21,6 %), seguida pelo
e do tratamento antimicrobiano tem fêmur (12,1%), radio e ulna (9,3%) e
resultado em redução da morbidade úmero (5,7%).
e da mortalidade associadas.
MICROBIOLOGIA
ETIOLOGIA E MECANISMO DE O efeito imediato de uma lesão
LESÃO de alta velocidade que produz uma
As fraturas expostas habitual- fratura exposta é a contaminação dos
mente ocorrem como resultado de tecidos moles e duros. Além disso,
um trauma direto de alta energia, por pode haver choque sistêmico, redu-
acidentes automobilísticos ou que- zindo o suprimento sanguíneo para
das de altura. O prognóstico relativo o osso e o músculo durante algum
às fraturas expostas será determinado período. O resultado é a oxigenação
principalmente pelo volume de teci- tecidual deficiente e a desvitalização
dos moles desvitalizados causados dos tecidos circundantes incluindo o
pela lesão e pelo nível e tipo da con- osso, promovendo um meio perfeito
taminação bacteriana. A destruição para infecção e multiplicação bac-
ou perda dos tecidos moles que ge- teriana. Em um estudo recente, Pat-
ralmente recobrem o osso poderá zakis e colaboradores relataram que
afetar as opções do cirurgião refe- somente 18 % das infecções eram
rentes à estabilização da fratura. Os causadas pelo mesmo organismo ini-
acidentes de alta energia geralmente cialmente isolado nas culturas transo-
causam lesões múltiplas e graves a peratórias.
outras partes do corpo (cabeça, tórax
e abdome), cujo manejo pode ter pre- DIAGNÓSTICO
cedência sobre uma fratura exposta. O diagnóstico destas lesões cos-
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tuma ser imediato. Quando a ferida tes. Os gases poderão ser gerados
ocorre no mesmo segmento que a pelo Clostridium perfringens e por en-
fratura, esta deverá ser considerada teropatógenos como Escherichia coli.
exposta até prova em contrário. Antes A tomografia computadorizada (TC)
de avaliar detalhadamente as fraturas das extremidades lesionadas deverá
expostas, as lesões que colocam a ser adiada, até que seja concluído o
vida em risco deverão ser diagnostica- tratamento inicial da fratura exposta.
das e tratadas conforme os princípios
do ATLS (Advanced Trauma Life Sup- CLASSIFICAÇÃO
port). O médico examinador deverá A classificação proporciona as
documentar a função neurológica e diretrizes referentes ao prognóstico,
vascular de cada extremidade. Muitos permitindo formular alguns concei-
membros que apresentam sinais de tos sobre métodos de tratamento.
insuficiência vascular antes da redu- A classificação de fraturas expostas
ção, recuperam assim que o membro descrita por Gustilo e Anderson e
é realinhado. Quando a insuficiência depois modificada por Gustilo é o sis-
persistir, deverá ser verificada e afas- tema mais citado na literatura atual.
tada a hipótese de lesão arterial. Após As fraturas expostas são divididas em
a avaliação inicial, o ferimento deverá três tipos, em ordem ascendente de
ser coberto com curativo estéril para gravidade, com base no dano de teci-
realização dos exames complementa- dos moles e o nível de contaminação.
res. Tscherne et al. constataram uma As lesões do tipo I são ocasionadas
taxa de infecção de 4,3%, nas lesões por traumatismos de baixa energia
que foram cobertas imediatamente e têm normalmente menos de 1 cm
com um curativo estéril, comparada de comprimento, baixa contamina-
com uma taxa de 18%, naquelas que ção bacteriana e padrão da fratura
ficaram expostas até o momento da simples. As do tipo II têm mais que
cirurgia. As pessoas expostas a fezes 1 cm de comprimento, maior lesão
ou sujeira das zonas rurais, alertam de partes moles, moderado nível de
quanto a uma possível infecção cau- contaminação e padrão de fratura
sada por clostrídios e a necessidade simples. As lesões do tipo III decorrem
de antibióticos adicionais (penicilina), de traumas de alta energia, maiores
bem como de um desbridamento que 10 cm, extensa desvitalização
cirúrgico mais agressivo. As radiogra- dos músculos, grande contaminação
fias deverão ser realizadas em ântero- da ferida. Consideram-se também
posterior e lateral incluindo a articula- outros fatores para classificar uma
ção acima e abaixo do foco de fratura. fratura exposta como tipo III: fraturas
Os tecidos moles das extremidades ocasionadas por projétil de arma de
podem aspirar ar em decorrência de fogo com alta velocidade, fraturas
traumatismos contusos ou penetran- segmentares expostas, fraturas da
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mento de escolha para a maioria das O padrão atual de cuidados para to-
fraturas diafisárias na extremidade dos os ferimentos de fratura exposta
inferior, podendo ser usadas até nas é deixá-los abertos. O fechamento
fraturas III A. Existe a preocupação retardado é realizado dentro de 2 a 7
acerca da fresagem do canal cau- dias. O curativo a vácuo é uma opção
sar dano adicional ao suprimento para não deixar o leito da ferida ex-
sanguíneo endosteal. Há, contudo, posto. Em lesões de grande energia
dados mostrando que as hastes só- ou intensa contaminação o desbrida-
lidas introduzidas sem fresagem têm mento será realizado a cada 24 a 48
um risco menor de infecção que as horas até que a viabilidade da ferida
hastes tubulares com grande espaço seja assegurada.
morto. Por sua vez as hastes fresadas
são biomecanicamente mais fortes. PROBLEMAS E
O encavilhamento intramedular per- COMPLICAÇÕES
mite acesso ao membro e facilita o O manejo das fraturas expostas
manejo de partes moles. Os ensaios graves é demorado e difícil para o pa-
randomizados prospectivos que ciente. A síndrome compartimental é
comparam as hastes fresadas com um risco significativo. A infecção per-
as não fresadas de fraturas tibiais manece o principal risco e pode levar
expostas não demonstram qualquer a união retardada, pseudartrose, con-
diferença significativa em relação ao solidação viciosa e perda da função.
desfecho e ao risco de complicações.
SUGESTÕES DE LEITURA
1. Rüedi TP, Buckley RE ,Moran CG, et al (2009) Princípios AO do tratamento de fraturas segunda
edição volume 1: Artmed.
2. Bucholz RB, Heckman JD, et al (2006) Rockwood e Green : fraturas em adultos quinta edição
volume 1: Manole.
3. Court-Brown CM, Brewster N, (1996) Epidemiology of open fractures.Court-Brown CM, McQueen
MM, Quaba AA (eds), Management of open fractures. London: Martin Dunitz, 25-35.
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