Desenvolvimento do Sistema Nervoso: Aspecto gerais
podendo formar outras células progenitoras ou células comprometidas a virarem
O sistema nervoso central humano é, possivelmente, um dos tecidos
biológicos mais complexos. Mas como se forma essa complexidade?
Etapas e princípios do desenvolvimento do Tecido Nervoso:
1. Determinação da identidade neural do neuroectoderma – Indução Neural
A determinação da identidade neural ocorre na embriogênese, no início da
formação do Sistema Nervoso, mais precisamente na região organizadora
(blastóporo) na nerulação.
Região organizadora induz ou não formação do sistema nervoso. Região
organizadora pode inibir o destino neural, pois, a sinalização por BMPs (Bone
Morphogenetic Protein) “freia” as células do ectoderma a virarem células do tecido
neural, tornando-as células da epiderme. Se inibidores (Cordina, Noguina e
Folistatina etc) do receptor de BMP estiverem presentes as células do ectoderma a
virarão células do tecido neural. Essas células se diferenciarão em placa neural
posterior (na presença de ácido retinóico e FGF8) e placa neural anterior.
A identidade neural envolve substâncias sinalizadoras (como a Sonic
hedgehog) em diferentes locais e gradientes, modulando fatores de transcrição
diferentes e induzindo a diferenciação das células. Sonic hedgehog é uma molécula
que se difunde para formar um gradiente de concentração e que apresenta diferentes
efeitos nas células do embrião em desenvolvimento de acordo com sua
concentração (em cada concentração ela modula fatores de transcrição diferentes).
Maiores concentrações estão ligadas a diferenciação de neurônios ventrais e
menores concentrações estão ligadas a diferenciação de neurônios dorsais.
Problemas nas concentrações de Sonic hedgehod promove a ruptura do
padrão dorso-ventral e gera defeitos de fechamento do tubo neural.
2. Proliferação celular controlada
O tubo neural é composto por uma única camada de células: o neuroepitélio.
Neurônios e glias derivam desse epitélio pseudoestratificado de origem
ectodérmica.
A fase inicial, que ocorre precocemente na neurogênese, é caracterizada pela
proliferação de células progenitoras em outras células progenitoras.
Na fase neurogênica mais tardiamente, as células progenitoras vão se dividir,
neurônios.
Já na fase gliogênica, as células proliferativas as células progenitoras vão se
dividir, podendo formar outras células progenitoras ou células comprometidas a
virarem neurônios ou células gliais.
Diferenciação neural está diretamente relacionada com o plano de clivagem.
Se a clivagem é simétrica (vetical), as células filhas serão células progenitoras, se a
clivagem é assimétrica (horizontal ou obliqua) as células filhas serão células
comprometidas a virarem neurônios ou células gliais. Isso acontece, pois, na
assimétrica as células recebem uma igual quantidade de moléculas.
A formação das vesículas cerebrais está diretamente ligada às moléculas
sinalizadoras.
Na organização do neuroepitélio a zona ventricular se localiza na superfície
apical, logo após vem a zona subventricular, zona intermediária e a placa cortical,
respectivamente, com a subplaca entre a zona intermediária e a placa cortical e na
superfície basal localiza-se a zona marginal.
Tipos de células progenitoras:
a. Células neuroepiteliais;
b. Células de glia radial ou progenitoras apicais;
c. Células de glia radial externa
As estruturas do Sistema Nervoso Central possuem origem diferentes na
embriogênese. A expressão dos genes Hox são essenciais para o desenvolvimento
completo dos organismos, especialmente na definição do eixo ântero-posterior no
rombencéfalo, e, por isso, esses genes são altamente conservados nas espécies.
As moléculas Notch são um dos fatores que determinam que um grupo de
células ectodermais adquiram o potencial de gerar precursores neurais. Porém há
exceções.
3. Migração de células jovens resultando na formação das diferentes
regiões do Sistema Nervoso
As células da glia radial possuem seus corpos celulares na zona ventricular,
porém seus prolongamentos (axônio e dendritos) se estendem até a zona marginal.
Essas células são usadas por outras células do sistema nervoso para migrarem,
como um escalador.
 As células migrantes necessitam de um papel ordenado do citoesqueleto
próprio para realizarem essa migração.
A formação do córtex cerebral segue uma regra: inside-first, outside last. Isso
é, as células que estão sendo formadas migram para a placa cortical, preenchendo-a
no sentido apical-basal. As primeiras células irão formar uma fileira na placa
cortical, mais próxima a zona intermediária. As células secundárias irão formar uma
segunda fileira depois das primeiras células, mais próximas à zona marginal. E
assim por diante. Esse processo de formação das camadas do córtex cerebral
depende da Reelina, sendo crucial para a regulação dos processos de migração e
posicionamento neuronal durante o desenvolvimento do cérebro. Mutações na
Reelina causam prejuízos graves na migração neuronal.
Zonas proliferativas em torno dos ventrículos são as principais regiões
envolvidas na produção de células neurais no córtex cerebral, assim como em outras
áreas. Os neurônios excitatórios e inibitórios originam de zonas germinais
diferentes. Os neurônios excitatórios ventralmente, enquanto os inibitórios migram
dorsalmente. E da zona ventricular em direção à zona subventricular.
Essa migração tem como consequência a formação se sulcos e giros no
cérebro humano, que é importante para aumentar a área sem aumentar o volume,
comportando mais células. Problemas na migração geram a agiria e lisencefalia
(falta de sulcos e giros).
A migração de células da crista neural dá origem ao sistema nervoso
periférico. Elas migram do tubo neural dorsal por diferentes caminhos. Essas
células se agregam formando os gânglios.
4. Diferenciação celular (a aquisição de forma e das propriedades das
células maduras);
A neurogênese envolve proliferação e diferenciação celular.