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Trata-se de ação de nomeação de administrador provisório ajuizada por MARCOS

ANTÔIO PEREIRA VILLALBA em face de ASSOCIAÇÃO GAED - Grupo Aliança e


Elo de Desenvolvimento Comunitário, em síntese, a sua nomeação como administrador
provisório da requerida, pessoa jurídica sem fins lucrativos, uma vez que ela se encontra
desprovida de administrador desde final de 2018. Assim, requer a sua nomeação como
administrador provisório, autorizando a praticar todos os atos necessários à
administração da entidade, especialmente para possibilitar a realização de assembleias
específicas para regularização da Associação. Juntou documentos (fls. 14-54). Ao longo
do processo, a autora apresentou cartas de renúncia dos membros da diretoria, e houve
contestação às fls. 94-96 por parte de um dos diretores.

É o relatório. Fundamento e decido.

A lide comporta julgamento antecipado, nos termos do artigo 355, I, do Código de


Processo Civil. Outrossim, sendo a pretensão deduzida nestes autos exclusivamente no
sentido de nomear-se administrador provisório para pessoa jurídica sem fins lucrativos,
inexiste situação litigiosa ou, tampouco, parte adversa, de forma que o procedimento
escolhido de jurisdição voluntária é próprio para o fim almejado.

O pedido inicial é procedente.

Trata-se de procedimento de jurisdição voluntária, para fins de nomeação de


administrador provisório da associação, com fulcro no art. 49 do Código Civil, que
assim dispõe: “Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório”.

A Associação está sem a devida representação legal, sendo necessária a nomeação de


administrador provisório para a regularização pretendida. Assim, o pleito formulado
deve ser deferido, até para que seja suprida a exigência cartorária.

Nesse sentido: Agravo de instrumento. Nomeação de


adm. provisório para pessoa jurídica. Interlocutória
que nomeou a agravada. Decisão mantida. A pessoa
jurídica não está devidamente representada, haja
vista não constar o registro da última eleição. A
finalidade do administrador provisório é apenas
conferir legitimidade a algum dos associados para
gerir a pessoa jurídica e convocar a assembleia na
qual se elegerá a nova diretoria. Agravo desprovido.
(TJSP, 4ª Câmara de Direito Privado, Agravo de
Instrumento nº 2247310-28.2016.8.26.0000, Rel.
Des. NATAN ZELINSCHI DE ARRUDA, j.
02/02/2017) “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE
NOMEAÇÃO DE ADMINISTRADOR
PROVISÓRIO - JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA -
QUALIDADE DE INTERESSADO
RECONHECIDA – NOMEAÇÃO DEFERIDA. De
acordo com o art. 49, do Código Civil, "se a
administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz,
a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-
á administrador provisório ". O art. 49 do Código
Civil permite que, a requerimento de qualquer
interessado, o juiz nomeie administrador provisório
para pessoa jurídica se a administração desta vier a
faltar, sendo tal procedimento de jurisdição
voluntária. Quando comprovado que o autor possui
legitimidade ativa ad causam, ante a demonstração
da qualidade de interessado para pleitear a sua
nomeação como administrador provisório da
associação, esta deve ser deferida.” (TJ-MG - AC:
10000200584365001 MG, Relator: Baeta Neves,
Data de Julgamento: 25/08/2020, Data de
Publicação: 27/08/2020).

Contudo, cumpre limitar seus poderes, com vistas a resguardar os interesses da pessoa
jurídica, durante o período anterior às novas eleições, desaconselhando-se a ausência de
limitações materiais e temporais, conforme requerido. Deste modo, fixo o prazo de 180
(cento e oitenta) dias para a administração provisória, período no qual incumbirá ao
autor a prática de atos urgentes e inadiáveis de gestão administrativa, em especial a
realização da assembleia geral para eleições e posse de nova diretoria. Ante o exposto,
JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, para o fim de NOMEAR o autor, por
MARCOS ANTÔNIO PEREIRA VILLALBA, administrador provisório
ASSOCIAÇÃO GAED - Grupo Aliança e Elo de Desenvolvimento Comunitário, CNPJ
nº 15.667.644/0001-5, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de
publicação da presente sentença, limitando-se os poderes de administração à prática de
atos urgentes e inadiáveis de gestão administrativa, em especial a realização da
assembleia geral para eleições e posse de nova diretoria e, consequentemente, resolvo o
mérito com fundamento no artigo 487, inciso I do Código de Processo Civil.

Incabível a fixação de honorários de sucumbência, tratando-se de procedimento de


jurisdição voluntária, sem pretensão resistida.

Cópia da presente sentença, assinada eletronicamente, servirá de OFÍCIO/ALVARÁ.

Ciência ao Ministério Público.

Oportunamente, arquivem os autos com as cautelas de praxe.

P.I.C.

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