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Caderno:

Aula 01

1) INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO:

A Idade Média não encontrou ambiente propício para o desenvolvimento do


Direito Administrativo, pois era a época das monarquias absolutas, em que todo
poder estava nas mãos do soberano e a sua vontade era a lei.

O rei não podia ser submetido aos Tribunais, tendo em vista que os seus
atos se colocavam acima de qualquer ordenamento jurídico, vigorando a teoria da
irresponsabilidade do Estado.

O Direito Administrativo, como ramo autônomo, nasceu apenas no fim do


século XVIII e início do século XIX (Estado Moderno), a partir do momento em
que começou a desenvolver-se o conceito de Estado de Direito, ou seja, quando o
Poder que criava as Leis também passou a respeitá-las.

O Estado passa a ter órgãos específicos para o exercício da administração


pública, gerando a necessidade de desenvolvimento de um quadro normativo
disciplinador das relações internas da Administração e das relações entre esta e
os administrados.

A) Conceito de Direito Administrativo:

A partir do desenvolvimento do quadro de princípios e normas voltados à


atuação do Estado, o Direito Administrativo se tornou ramo autônomo dentre as
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matérias jurídicas, não sendo mais necessário a utilização de normas


derrogatórias do Direito Privado.

Surgiram, portanto, normas diretamente vocacionadas à solução de


eventuais litígios oriundos das relações entre o Estado e os administrados,
formando um bloco diverso do adotado para o Direito Privado.

O doutrinador José dos Santos Carvalho Filho conceitua Direito


Administrativo como sendo o conjunto de normas e princípios que, visando
sempre o interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e
órgãos do Estado e entre este e a coletividade a que devem servir [2].

A professora Maria Sylvia Zanella de Pietro, por sua vez, conceitua o


Direito Administrativo como o ramo do direito público que tem por objeto os
órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativos que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens
e meios de que utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública [3].

Explicação do conceito da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro:

- ramo do direito público: o Direito Administrativo é composto por um


corpo de regras e princípios que disciplinam as relações entre a Administração e
os particulares, caracterizada por uma posição de verticalidade e regidas pelo
princípio da justiça distributiva, no que difere do direito privado, que regula
relações entre iguais, em posição de horizontalidade, regidas pelo princípio da
justiça comutativa.

- órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas: a referência é a


Administração em seu sentido subjetivo, que consiste nas pessoas
“administrativas”, porque se excluem do conceito às pessoas jurídicas políticas
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(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), que constituem objeto de estudo


do direito constitucional.

- atividade não contenciosa: delimita a função administrativo do Estado,


já que a atividade contenciosa se insere no âmbito da função judicial.

- bens e meios de ação de que se utiliza: abrange toda a gama de


institutos que constituem objeto de disciplina pelo Direito Administrativo, como
os atos e contratos, parcerias com entes privados, processos administrativos e
bens públicos.

- fins de natureza pública: toda atividade administrativa é voltada à


consecução do interesse público.

Como ensina DIEZ1, o Direito Administrativo apresenta três características


principais:

(1ª) constitui um direito novo, já que se trata de disciplina recente com


sistematização científica;

(2ª) espelha um direito mutável, porque ainda se encontra em contínua


transformação; e

(3ª) é um direito em formação, não se tendo, até o momento, concluído


todo o seu ciclo de abrangência.26

B) Fontes do Direito Administrativo:

O direito administrativo no Brasil não se encontra codificado, pois os


textos administrativos não estão reunidos em um só corpo de lei, como ocorre
com outros ramos do direito (Código Penal, Código de Processo Penal).

1
MANUEL MARIA DIEZ, Manual de derecho administra vo, Plus Ultra, Buenos Aires, 2. ed., 1980, t. I, p. 52.
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As normas de direito administrativo estão espalhadas na Constituição, em


diversas leis e em muitos outros diplomas normativos, a exemplo de
decretos-leis, medidas provisórias, regulamentos e decretos do Poder Executivo.

- Lei: a lei é a fonte principal (primária) do direito administrativo


brasileiro, haja vista a importância do princípio da legalidade. Quando se
fala em lei como fonte do direito administrativo, estão incluídos neste
vocábulo: a Constituição, as leis, as medidas provisórias, os decretos
legislativos e os atos normativos infralegais expedidos pela administração
pública (decretos, portarias, resoluções).

- Jurisprudência: são as decisões reiteradas dos tribunais em um mesmo


sentido. A jurisprudência é indicada como fonte secundária do direito
administrativo, por influenciar de modo significativo a construção e a
consolidação desse ramo do direito.

- Doutrina: é o conjunto de teses, construções teóricas e formulações


descritivas acerca do direito positivo, produzidas pelos estudiosos do
direito. Influência não só a elaboração de novas leis, como também o
julgamento dos processos. É considerada uma fonte secundária do direito
administrativo.

- Costumes: é conjunto de regras não escritas, porém observadas de


modo uniforme pelo grupo social, que as considera obrigatórias. Só têm
importância como fonte do direito administrativo quando de alguma forma
influenciar a produção legislativa ou a jurisprudência. É considerado uma
fonte secundária ou indireta do direito administrativo.
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C) Objeto do Direito Administrativo:

O Direito Administrativo tem como objeto:

- as relações internas da administração pública: entre órgãos e entidades


administrativa e entre a administração e seus agentes;
- as relações entre a administração e seus administrados;
- as atividades de administração pública exercidas por particulares, a
exemplo da prestação de serviço público mediante contrato com
particulares;

Questões:

1) Cebraspe – 2018 (Lemeprev – SP)

O estudo do objeto do Direito Administrativo busca identificar os atos ou


situações regulamentadas pela norma, sendo que, no Brasil, o objeto possui
grande amplitude. Conforme Di Pietro, é o chamado Direito Administrativo
descritivo em que o objeto do direito administrativo compreende, exceto:

a) as relações internas entre órgãos e entidade administrativas;

b) as prestações de serviços públicos mediante contrato de concessão;

c) as relações entre administração e os administrados;

d) as atividades judicantes contenciosas da Administração;

gabarito: d
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2) Cebraspe – 2018 (Técnico Tributário da Receita Estadual - SEFAZ-RS):

O Direito Administrativo é formado por muitos conceitos, princípios,


elementos, fontes e poderes.

As principais fontes formais do direito administrativo, segundo a doutrina


majoritária, são:

a) os princípios gerais de direito, a jurisprudência, a lei e os atos normativos da


administração;

b) os costumes, a lei e os atos normativos da administração;

c) a Constituição, a lei e os costumes;

d) a doutrina, a jurisprudência e a Constituição;

e) a Constituição, a lei e os atos normativos da administração pública;

Gabarito: E

3) Cebraspe – 2018 (STM – Técnico Judiciário – área administrativa):

Acerca do Direito Administrativo, dos atos administrativos e dos agentes


públicos, julgue o item a seguir:

(C) Entre os objetos do direito administrativo, ramo do direito público, está a


atividade jurídica não contenciosa.

[2] Manual de Direito Administrativo. José dos Santos Carvalho Filho. 35. ed. Barueri – SP. Atlas. 2021.

[3] Direito Administrativo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 34. ed. Rio de Janeiro – RJ. Forense. 2021.

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