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CARTOGRAFIA DA PESQUISA EM DESIGN DE

SUPERFÍCIE NO BRASIL: PERCURSOS E DISCURSOS

Dr. Sérgio Sudsilowsky - Universidade Anhembi Morumbi


Dra. Gisela de Campos Belluzzo - Universidade Anhembi Morumbi
Apresentar resultados da pesquisa básica exploratória, de
abordagem quali-quantitativa, realizada com o objetivo de fazer um
"mapeamento cartográfico" da investigação acadêmica acerca do
campo do Design de Superfície brasileiro, a fim de atestar sua
consolidação enquanto campo autônomo de pesquisa científica, com
universo de pesquisa e objetos próprios, uma vez que a prática
profissional já vem atestando sua autonomia.
Para alcançarmos esse objetivo, realizarmos uma "cartografia" (Deleuze & Guattari,
1995) das pesquisas defendidas sobre a temática, desenvolvidas em cursos de pós-
graduação stricto sensu no Brasil desde a década de 1970, intensificadas a partir
dos anos 2000 com as defesa de dissertações e teses sobre "Design de Superfície" no
país.

Como resultado, traçamos um mapa da pesquisa científica desenvolvida EM /


SOBRE / ACERCA do Design de Superfície no país, auxiliando na constituição de
uma "epistemologia“ das superfícies, projetadas e documentadas a partir da
produção academica stricto sensu brasileira na área, de tal modo que nos possibilite
afirmar nossa hipótese de que o Design de Superfície constitui-se enquanto área
autônoma de estudo, produção científica, ensino e atuação profissional.
Cartografia como procedimento para mapear a pesquisa acadêmica EM
Design de Superfície, SOBRE o DS e ACERCA do DS no Brasil
Em linhas gerais, a cartografia propõe investigar
“processos de produção”, acompanhando-os, ao invés de
representar objetos, aponta Kastrup (2015, p. 32).

Portanto, a cartografia não se apresenta como um


“método baseado em solução de problemas” objetivos,
mas como um “processo de problematização”, a partir da
identificação e do “mapeamento” de processos.
Se entendemos as pesquisas realizadas em / sobre / acera do Design
de Superfície como “processos de produção”, e não apenas a
produção de dissertações e teses, mas de um “novo” recorte, uma
“nova” fonte de objetos de pesquisa, que foi configurando “novas”
abordagens, que constantemente demandam outras formas de
problematização, que não as tradicionais do campo do design, a
necessidade de mapear esses processos de configuração que
resultaram na instauração e consolidação da pesquisa em DS
demandou uma “metodologia” também processual.
Pretendemos demonstrar que o Design de Superfície se
constituiu como campo projetual autônomo não só pelo
reconhecimento da atuação profissional na área, mas
também pela construção de um discurso acadêmico /
científico, que se deu a partir da aceitação das pesquisas
sobre temáticas específicas do DS na academia.
Para Morin, a “autonomia” não está relacionada com a
capacidade de separar-se, estar só, isolar-se e ser
independente mas, ao contrário, implica na capacidade
para dialogar, negociar, entrar em consenso
Pressuposto da pesquisa:
Já está amplamente debatida e documentada a proposição de que o Design de
Superfície pode ser entendido como sendo um “novo” modo de pensar e projetar
artefatos, que ganhou reconhecimento aqui no Brasil e despontou como
possibilidade de atuação para profissionais das mais diversas habilitações em
design a partir da década de 1990 (Minuzzi, 2001; Rütschiling, 2002; Rubim, 2005).

Isso acontece principalmente em situações nas quais projetar superfícies se


“constitui” como o próprio artefato, independentemente se físico ou digital, bi ou
tridimensional, apresentando um “modelo de pensamento projetual” alternativo
em relação aos dois “processos mentais” relacionados ao projetar artefatos
tradicionalmente encontrados nas áreas profissionais projetivas. São eles:
Revestimentos Laminados
Estamparia e bordado
Tratamentos antiferrugem
Embalagens de plástico
Compensado tipo OSB
Havaianas + Farm
Pesquisas desenvolvidas sobre Design no Brasil acontecem há mais de 3
décadas (em cursos de Pós-graduação stricto sensu específicos de Design elas são realizadas desde 1994 –
Coelho, 2007 e 2010), quando foi lançado o mestrado em Design da PUC-Rio.

Portanto escolhemos olhar para as dissertações e teses defendidas sobre o


Design de Superfície em cursos de Pós-graduação stricto sensu, construindo o universo
da nossa análise, principalmente em PPG de Design, mas não somente pois, no recorte das 274 pesquisas

selecionadas sobre “Design de Superfície”, menos da metade foram realizadas em PPGs de


Design – precisamente, 38,32% são pesquisas em PPG de Design, mais 8,3% das pesquisas
em Design que foram realizadas em Design de Moda, somando 46,35%. Ou seja: mais

da metade (53,65%) encontraram espaço em programas de outras áreas, como as Artes


(14,60%) e a Arquitetura (14,23%), bem como em Comunicação Social e História, Matemática, Ciências da
Computação e até mesmo um “Mestrado em Extensão Rural e Desenvolvimento Local”!
O principal motivo que justificou a realização desse projeto de pesquisa foi a
necessidade de se realizar um esforço de reflexão teórica sobre a produção acadêmica
em Design de Superfície, ainda inédito no Brasil, passados ao menos 20 anos do início
“oficial” das pesquisas sobre o tema, uma vez que a área cresceu e se consolidou sem
apresentar pesquisas a nível stricto sensu que propusessem algum exercício de
autorreflexão. Além desses argumentos, um dos mais importantes para dar relevância
à nossa pesquisa é o fato de que até o momento, não encontramos nenhuma pesquisa
no Brasil que tenha realizado o levantamento, categorização, análise de todas as
dissertações e teses defendidas em programas de pós-graduação stricto sensu
brasileiros sobre o Design de Superfície.
Assim, nossa pesquisa objetivou consolidar o corpus de conhecimento gerado a
partir desses documentos, e disponibilizar tudo em um só repositório, publicamente,
de forma estruturada e franqueada à realização de novas conexões e novas análises.
- Apresentamos o Estado da Arte na pesquisa em Design de Superfície a partir das
dissertações e teses defendidas nos cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil, no período
* Desde o ano de 1991 – ou 1976, 2001, 2002, a
entre 1991* e 2022.

- Realizamosdepender de qual
uma "cartografia" dessastrabalho consideremos
pesquisas, através como
de análise quali-quantitativa e de
análise dos discursos constituintes e constituídos sobre DS presentes nos documentos, a fim
o “inaugural” -, encontramos, catalogamos e
de identificar recorrências (ou “padrões”), como os principais assuntos pesquisados, referências
analisamos
bibliográficas, metodologias quali-quantitativamente
e estratégias, 275 para estudos
apontando “vetores de tendência”
futuros. Também, identificamos ausências e/ou "lapsos" nos trabalhos dos pesquisadores, que
documentos, sendo 57 teses e 218 dissertações
poderão ser novos “fios” a puxar, fiar e tecer.
de mestrado (17 são dissertações de mestrados
- Ao final, desenvolvemos e disponibilizamos um banco de dados estruturado, online e público,

profissionais).
com as dissertações e teses, além de todos os outros documentos, tabelas e demais metadados
utilizados para tabular, catalogar, estruturar, organizar e analisar os documentos selecionados,
de tal forma que outros pesquisadores possam utilizar em suas pesquisas futuras.
O nosso repositório está disponível no link:
<https://drive.google.com/drive/folders/1PkEPOi7T4cyxSxtLDIeV8jtbpghXJAoM?usp=sharing>.
O início dos estudos em Design de Superfície na pós-graduação stricto sensu brasileira

PINHEIRO, Olímpio Jose. História em Cacos:


Memoria do Azulejo Colonial do Brasil.
Doutorado em SOCIOLOGIA; UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO, São Paulo, 1991 708 f.
Grupo 1 - pesquisas que abordavam explicitamente o tema “design de superfície”: faz parte
desse conjunto as pesquisas que usam a expressão “design de superfície” de forma literal,
em algum lugar dos elementos pré-textuais – título, resumo, palavras-chave, introdução,
sumário/índice.
Grupo 2 - pesquisas que tratam parcialmente do tema, ou de forma tangencial, em recortes
que fazem parte do universo do “design de superfície”: fazem parte desse grupo os
trabalhos que não citam literalmente a expressão “DS”, mas que apresentam uma série de
características que fazem deles pesquisas EM / SOBRE / ACERCA do Design de Superfície.
Grupo 3 - pesquisas que não tratam do tema em questão: grupo excluído da nossa
amostragem, por não registrar qualquer proximidade com o DS, fato definido após leitura
cuidadosa dos elementos pré-textuais e pós-textuais dos documentos que foram pré-
selecionados (aqueles que disponibilizaram PDFs), para garantir que, de fato, não poderiam
fazer parte da nossa amostragem.
Pesquisadoras X Pesquisadores
100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

H M
35

30

25

20

15

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Obrigado!

Dr. Sérgio Sudsilowsky – sergio.sudsy@gmail.com


Dra. Gisela de Campos Belluzzo – camposbelluzzo@gmail.com

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