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Resumir um texto é uma tarefa quotidiana exigida em diversas circunstâncias, pois a natureza de
alguns trabalhos escritos, quando extensos, como relatórios ou abordagens de âmbito científico,
exigem a redacção de um resumo de apresentação, (apenas com os pontos-chave, pela mesma
ordem em que se encontram no texto do desenvolvimento – resumo do essencial).
Para tal, neste tema, iremos usar algumas técnicas de tomada de notas, que serão, novamente
colocadas, ao longo do debate, sobre: a noção básica do resumo; fases de elaboração do resumo;
cuidados a ter na produção de um resumo; produção do resumo, etc.
Cada um deve ser capaz de:
Explicar o que é resumo;
Identificar as regras para a elaboração do resumo;
Elaborar resumos;
Explicar a vantagem e desvantagem do resumo.
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Resumo disciplina de TELP Marisa Comiche Sabela
Como resumir um texto
O resumo de um texto pode ser feito obedecendo a duas fases: compreensão do texto e
reelaboração de um novo texto.
Compreensão significa apreender o significado das palavras/frases não no seu sentido literal e
fora do contexto, mas ser capaz de estabelecer a relação de interdependência entre as frases.
Compreender significa também analisar o texto e estabelecer relações entre as informações que
são veiculadase o conhecimento que temos sobre o mundo.
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2.1. Numere os parágrafos do texto, que acabaste de ler (1,2,..).
2.2. Leia silenciosamente o texto, procure resumi-lo. Tenha sempre em atenção as relações
lógico-semânticas e sintácticas entre as partes.
Ler o texto
Portugal e Etiópia
A religião é uma das razões habitualmente, aceites como estando na origem do empreendimento
dos descobrimentos. Os Portugueses partiram por razões económicas e militares mas partiram
também para dilatar a Fé. O entendimento da época implicava que se contribuísse para a
salvação de todos os que ignoravam a existência e a palavra do Deus verdadeiro. Ora esses
“ignorantes” eram afinal o mundo inteiro com excepção da Europa cristã e de um pequeno reino
misterioso, situado algures a caminho da Índia e que dava pelo nome de Preste João. Aí também
haveria cristãos e, logo, aliados potenciais.
Em Maio de 1487, D. João II manda os primeiros emissários em busca do Preste João. Pero da
Cavilhã e Afonso de Paiva saem de Portugal disfarçados de mercadores e vão, por terra, procurar
a confirmação desse reino. E ele existia de facto. Pero da Cavilhã encontrou-o e situou-o num
pais que dá pelo nome de Etiópia. Desde então e, embora com formas que foram variando com
os tempos, a presença portuguesa nunca mais desapareceu desse antigo reino do Preste João.
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Foi o desejo de estabelecer uma aliança que levou os portugueses à Etiópia. Durante quase todo
o tempo da nossa permanência, naquele, pais, a atitude dominante entre os dois povos foi o
diálogo e o respeito pela identidade de cada um. Ainda antes da expansão europeia movida por
interesses económicos e religiosos, Portugal foi capaz de criar uma relação diferente com um
povo de raça e cultura diferentes. Da presença de Portugal na Etiópia ficou esta ideia de
solidariedade e entendimento que os intelectuais etíopes gostam ainda hoje de evidenciar. Ficou
também o exemplo da nossa técnica materializada em alguns dos mais importantes monumentos
do país. Tudo isto resistiu a trezentos anos... em que não houve nem relações... nem diálogo!
Hoje as relações diplomáticas existem; foram reatadas em 1984, mas o diálogo é praticamente
nulo. Do lado etíope espera-se que Portugal volte a dar espaço de aproximação tal como no
século XVI. Foi essa ideia com que ficamos nos contactos que mantivemos com autoridade, do
país, para que Portugal possa fortalecer a relação da sua presença na Etiópia.
Lembra-se, por certo, de que propusemos, anteriormente a prática de tomada de notas, com
registo escrito sob a forma de contracção de texto, das informações essenciais de cada um dos
parágrafos que constitui o texto “a memória”.
Agora, propomos-lhe que, com os seus colegas do centro ou amigos, coteje o texto “Portugal e a
Etiópia” (que nos dá conta da presença Portuguesa naquela região) com o resumo que nele
efectuamos e que se transcreve abaixo.
Transcrição de um excerto do Programa Portugal sem Fim, RTP-1 07
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c) Ao fazer a comparação entre os textos em análise, certamente interrogou-se sobre o modo
como procedemos a elaboração do resumo em análise.
Agora veja o percurso que seguimos, do texto integral ao texto reduzido, que vamos deixar aqui
transcrito, afim de que possas reconhecer a estratégia que utilizamos, a qual poderá aplicar em
actividades futuras de resumo de texto:
1ª Fase: Primeira leitura do texto, para apreensão do seu sentido global;
2ª Fase: Segunda leitura do texto, com incidência especial nas primeiras palavras de cada
parágrafo;
3ª Fase: Enumeração de cada parágrafo e levantamento e numeração das respectivas unidades de
significação;
4ª Fase: “ Apagamento” das redundâncias, isto é, “apagamento”, das ideias que se repetem e
elaboração do plano do texto, com o reagrupamento das unidades de significação;
Plano do texto
A religião e a expansão
Religião: um dos factores dos descobrimentos;
Religião, como factor propiciador de ligação de um reino do Preste João, único aliado
potencial cristão, fora da Europa.
A confirmação das terras do Preste João
Emissários de D.João leram em busca das terras do Preste e a sua descoberta;
Início a presença portuguesa na Etiópia.
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Resumo escrito: reelaboração de um texto escrito, com redução da sua extensão que, de um
modo objectivo, constitua uma síntese coerente e compreensível da mensagem original.
O resumo deve
Ser impessoal;
Ser claro;
Ser compreensível;
Respeitar o pensamento do autor;
Respeitar a ordem do texto.
O resumo não deve
Ser de estilo telegráfico (com justaposição de palavras e segmentos de enunciados sem
sequência lógica);
Ser a transcrição integral dos enunciados do autor, considerados mais importantes.
Leituras Obrigatórias
Definição do resumo
O resumo tem várias definições, como podemos observar a seguir:
(i) Resumo é um texto que elabora o escrito do texto fonte, reduzindo-lhe o comprimento
(extensão), mantendo-se o autor (do resumo) em segundo plano e esforçando-se por ser
objectivo, criando um sistema coerente e compatível ao texto de partida.
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(ii) Resumo é um tipo de texto de redacção informativo - referencial que se ocupa de reduzir um
texto às suas ideias principais. Em princípio, o resumo é uma paráfrase, sem comentários e
engloba duas fases: a compreensão do texto e a elaboração de um novo texto.
(iii) Resumo é a apresentação concisa das ideias de um texto.
(iv) Resumo é uma apresentação sintética e selectiva das ideias de um texto, ressaltando-se a
progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto.
Portanto, das várias definições aqui apresentadas podemos perceber que existe algo em comum
entre elas que tem a ver com a noção segundo a qual: “resumir um texto significa criar um novo
texto mais condensado que utiliza as informações mais importantes do texto original (texto base)
”.
Neste contexto, para condensar o texto há que seguir algumas estratégias linguísticas e
discursivas, como:
Uso de vocabulário genérico, como forma de economia de palavras e tempo:
Ex: As disciplinas de Geografia, Português Matemática Economia, Contabilidade e Comércio
são importantes para o meu futuro profissional.
O que pode se dizer “As disciplinas do currículo são importantes para o meu futuro profissional”
Uso do gerúndio
Ex:As infra-estruturas do Zambeze testemunhando o fim do sofrimento da população local.
Manutenção do registo discursivo do texto fonte
Não tem marcas de enunciação do sujeito produtor do resumo. Usa o mesmo nível de língua do
texto original, adequado ao assunto e à situação.
As estratégias acima referidas, tem espaço durante a fase de elaboração do resumo,
nomeadamente:
Leitura e compreensão do texto: levantamento das unidades de significação em cada parágrafo e
retirar as repetições, substituindo-lhes por outras palavras (genéricas);
Elaboração do resumo por articulação das unidades de significação já seleccionadas, obedecendo
a regras: selecção; supressão; generalização; reconstrução do texto.
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Do ponto de vista linguístico discursivas, as frases são pouco extensas; usam as pessoas e tempos
gramaticais do texto base; usam uma linguagem denotativa e a ordem dos assuntos de acordo
com o texto base.
Ainda, para elaboração do resumo podemos recorrer a planos, através de métodos analítico e por
guiões.
O primeiro é usado por indivíduos que não têm conhecimento do conteúdo do texto, devendo ler
parágrafo por parágrafo, fazendo pequenas anotações e, no fim, reconstruir o texto usando regras
estabelecidas para elaboração de um resumo.
O segundoé quando o indivíduo tem conhecimento do conteúdo do texto, sendo o guião o seu
conhecimento.
Exercícios
1. A partir da sua reflexão sobre uma estratégia possível para a elaboração do resumo escrito,
e aplicando as diversas informações que foram fornecidas, resume o texto que a seguir se
transcreve e que retoma o tema da expansão.
Museu
É provável que uma parte significativa dos visitantes de museu em Moçambique não procure
voluntariamente essa instituição cultural. De facto, muitas das visitas a museus parecem estar
associadas a trabalhos e obrigações escolares, em excursões “protegidas” por professores e
funcionários.
É compreensível, então, que nessas circunstâncias reste pouco simpatia da parte do estudante
para com os museus; e isto agravado por todo um aparato que sugere quais devem ser as atitudes
e comportamentos adequados ao ambiente. Ao visitante dos museus é transmitida a ideia de que
nesse local carregado de respeitabilidade o melhor a ser feito é observar “muito respeito”, “pouca
conversa” e lembrar que “esse lugar é um lugar de contemplação”. Atitude semelhante à que se
tem numa igreja, só que nesse caso esse conjunto de normas vai contribuir decisivamente para
estabelecer preconceitos em relação à obra de arte que dificilmente serão eliminados.
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Com a autoridade institucional de que foi investido, o museu de arte representou, pela sua
condição privilegiada, uma oportunidade única para sacralizar os objectos seleccionados segundo
os sonhos e fantasias de uma classe dominante. O museu, em sua forma tradicional, serviu como
elemento mistificador da criação artística, além de local onde as pessoas vão à procura de obras
“consagradas” feitas por um elite da qual a maioria da população se sente afastada.
Tornou-se, então, uma tarefa obrigatória dos museus de arte a luta para desmistificar certos
conceitos que distanciam o trabalho artístico do “homem comum”. É o que vem sendo feito, de
várias formas, pelo Museu de Arte, sito na Av. 24 de Julho, em Maputo.
Texto adaptado da revista Movimento nº 93
2. Lê os textos 1 e 2
Texto 1
Biosfera II
A vida em circuito fechado
A biosfera II será composta por uma «ala habitada» e por cinco ecossistemas «selvagens»
Um deserto, uma savana, uma floresta, um oceano e uma zona pantanosa
À primeira vista vai uma enorme estufa agrícola. E em parte, é disso que se trata; a enorme
estrutura de vidro, com mais de cento e sessenta metros de comprimento e cerca de 150 mil
metros cúbicos de volume, irá realmente albergar culturas agrícolas. Mas, além disso, ela será
também a moradia de oito pessoas a partir do fim de 1989. Uma moradia «sui generis» pois
durante dois anos elas não poderão abandonar esta prisão de vidro que será hermeticamente
fechada e isolada do mundo exterior. Os habitantes desta estrutura de açoe vidro-que dá pelo
nome de Biosfera II – terão de produzir não apenas a sua própria alimentação mais também
reciclar a água que usarem e até o próprio ar. A Biosfera II será um pequeno mundo em circuito
fechado, totalmente auto-suficientes. O objectivo do projecto: adquirir conhecimento que
permitam vir a construir colónias humanas auto-suficientes noutros planetas, capazes de aí
viverem durante anos sem receber qualquer auxilio da terra, a Biosfera I.
A preparação do terreno onde irá ser construído o enorme edifício envidraçado está já terminado,
os alicerces estão acabados e já foram concluídos todos os outros edifícios-satélite que irão
rodear a Biosfera: estufas para aclimatação das plantas e para investigação, tanques de
aquacultura, laboratórios e, no cerne da acção, e centro de controlo, uma sala cheia de
computadores e dos mais diversos equipamentos de comunicação que irá manter-se um contacto
permanente com os ocupantes da Biosfera II durante toda a experiência, tal como um centro de
controlo de uma missão especial. (...)
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A construção desta gigantesca que se vai erguer em pleno deserto do Arizona, nos Estados
Unidos, a alguns quilómetros da cidade de Tucson, e que já foi considerada «o projecto
científico mais excitante a ser empreendido pelos EUA desde que o Presidente Kennedy
decidiu colocar um homem na lua», é simultaneamente uma iniciativa empresarial e está a ser
levada a cabo por uma organização privada com fins lucrativos, SpaceBiospheres Ventures
(SBV), a quem coube a tarefa de reunir trinta milhões de dólares de capital-risco que o projecto
irá consumir. (...)
Pensar como Deus
A Biosfera II vai constar de uma ala «habitada», onde se encontrarão as culturas agrícolas, uma
zona para a criação de animais e as instalações dos ocupantes – um edifício branco de quatro
andares, encimado por uma cúpula – e de cinco ecossistemas «selvagens», também chamados
«biomas», uma floresta tropical que incluirá uma pequena colina e uma cascata; um oceano de
dez metros de profundidade com ondas artificiais; uma savana; uma zona pantanosa e um
deserto. A aposta dos investigadores é a de que a acção conjugada destes cinco ecossistemas
resultará num equilíbrio estável em toda a biosfera, mas a verdade é que ninguém sabe ao certo
como se irá comportar o sistema, e existem muitas perguntas a que apenas a experiência futura
permitirá responder. De facto, como os cientistas estão a constatar, é muito diferente estudar um
sistema natural e explicar este ou aquele fenómeno devido à influência de um microclima
particular ou à acção de uma espécie animal, de raiz, onde absolutamente tudo tem de ser
decidido pelo homem. E «pensar como Deus», diz um dos responsáveis pelo projecto, «não é
tão fácil como isso». (...)
Isolamento na Sibéria
A Biosfera IInão será única instalação deste tipo, no mundo. Na Sibéria, na União Soviética,
existem instalações com objectivos semelhantes, há mais de vinte anos. Actualmente, num
instituto de investigação da cidade de Krasnoyarsk, os cientistas envolvidos no programa
especial soviético são treinados numa biosfera chamada BIOS, na gestão de ecossistemas auto-
suficientes com vista a futuras viagens a outros planetas.
BIOS é também uma estrutura selada, onde os ocupantes têm de produzir os seus próprios
alimentos e de reciclar a águae o ar que respiram e todos os dejectos que produzem. Uma parte
dos detritos é queimada fornalha, sendo os gases resultantes decompostos por catalisadores. Na
Biosfera II, no entanto, não será permitido queimar seja o que for e mesmo o tabaco será
interdito.
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José Vitor Malheiros expresso, (adaptado)
Texto 2
2. A Biosfera gigantesca estrutura de aço e vidro, em adiantada fase de construção no Arizona,
foi já considerada o projecto cientifico mais excitante empreendido pelos Estados Unidos, desde
a ida do homem à lua.
O projecto, apoiado pela SBV- organização privada com fins lucrativos – envolve um capital de
30 milhões de dólares.
A Biosfera II será a moradia original de oito pessoas, a partir de 1989 e tem como objectivo a
aquisição de conhecimento que permitam a constituição de colónias humanas que possam ser
auto-suficientes noutros planetas, designados por Biosfera I.
Este projecto não será, no entanto, o único no mundo: a União Soviética tem experiências
similares há mais de duas décadas e a BIOS (gestora de ecossistema que já permitiu aperfeiçoar
sistema de reciclagem, em estações especiais) é também uma estrutura selada, tal como a sua
congénere americana.
Moradia para dois anos, a Biosfera II disporá de cinco ecossistemas, uma floresta tropical, um
oceano, uma savana, um pântano e um deserto e os seus habitantes (que terão de produziros
alimentos e reciclar a água e o ar) e só ficarão em contacto com o exterior através de sofisticados
aparelhos computorizados.
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