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EXCLUSIVO PISA 2022

Portugal é o país da OCDE onde


menos alunos ficam sem comer por
falta de dinheiro
Foi a primeira vez que a insegurança alimentar integrou os questionários a
alunos no âmbito do PISA. Investigadora aponta “redução” da pobreza
infantil e refeições ecolares como factores de peso.

Clara Viana
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8 de Dezembro de 2023, 18:58

O valor das refeições escolares em Portugal ronda 1,5 euros por criança RUI GAUDÊNCIO
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Portugal é o país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento


Económico (OCDE) com a menor percentagem de alunos de 15 anos que
assumem não comer, pelo menos uma vez por semana, por falta de
dinheiro. É um dos resultados surpreendentes do PISA 2022, divulgado esta
semana (https://www.publico.pt/2023/12/05/sociedade/noticia/pisa-2022-
queda-precedentes-medias-alunos-ocde-portugal-acompanha-trambolhao-
2072556).

Para além dos testes que avaliam as competências em Matemática, Leitura e


Ciências, a OCDE faz questionários de contexto aos alunos, professores e
directores participantes. Na edição de 2022, fez pela primeira vez uma
pergunta aos alunos sobre “insegurança alimentar”. Foi esta: “Nos últimos
30 dias, quantas vezes não comeste por não haver dinheiro para comprar
comida?”

Em média, cerca de 8,2% dos alunos dos países da OCDE assumiram que,
pelo menos uma vez por semana, não comeram por não haver dinheiro
para tal. Um resultado que a organização descreve como “chocante”. Mas
houve três países que se destacaram pela positiva por terem percentagens
abaixo dos 3% neste domínio: Portugal (2,6%), Finlândia (2,7%) e Holanda
(2,8%).

“Para quem se lembre como era o ensino público e as condições materiais


do país nos anos 80, Portugal estar agora à frente de gigantes como os EUA
ou Canadá, em matéria de segurança alimentar, é certamente um sucesso
civilizacional”, assinala ao PÚBLICO o analista da OCDE Tiago Caliça.

Só que este sucesso não é sinónimo de menos desigualdades. “De uma


forma geral, as condições melhoraram em Portugal, mas as diferenças entre
os mais carenciados e os mais favorecidos
(https://www.publico.pt/2023/12/05/sociedade/noticia/pisa-portugal-marca-
passo-reducao-desigualdades-2072612), da maneira como são medidas pelo
PISA, não mudaram de modo significativo”, assinala também Tiago Caliça.

Não estamos sós nesta resistência à mudança, como se pode constatar pelo
resultado inquietante já patente no relatório do PISA e que é destacado pelo
analista. No que toca às diferenças entre alunos pobres e alunos ricos, “os
países da OCDE são hoje tão desiguais como eram há 20 anos”. A primeira
edição do PISA data de 2000.

Voltando ao retrato onde o país aparece “muito bem classificado”, a


investigadora do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa Susana Martins
destaca alguns factores “que podem contribuir para explicar os valores
apresentados”. A começar pela redução da pobreza infantil
(https://www.publico.pt/2023/07/01/sociedade/noticia/choque-aumento-
pobreza-infantil-mitigado-prestacoes-sociais-2055245).

“Portugal, apesar de apresentar ainda números elevados de pobreza infantil


e de este ser um problema persistente e reforçado nas sucessivas crises
económicas e financeiras, tem, segundo o último relatório da Unicef (Report
Card 18 - pobreza infantil nos países ricos), reduzido de forma significativa
estes valores e posicionado o país com níveis de pobreza infantil mais
reduzidos do que a média da OCDE. Ora este indicador está muito
relacionado com o da insegurança alimentar em crianças e jovens,
apresentado agora pelo PISA”, descreve Susana Martins, que é também
membro do Observatório das Desigualdades.

A redução deste indicador tem sido alcançada, sobretudo, através de apoios


do Estado. Não estamos sós nesta característica. Como lembra Susana
Martins, “tanto na zona euro como em Portugal, as prestações sociais têm
um efeito flagrante na diminuição deste risco de pobreza”.

Reino Unido e EUA acima dos 10%


Existe ainda um outro conjunto de “políticas públicas que pode estar a criar
um escudo protector das nossas crianças e jovens”, assinala a investigadora:
“Por exemplo, a Acção Social Escolar
(https://www.publico.pt/2023/05/09/sociedade/noticia/escolas-ja-quase-40-
alunos-abrangidos-accao-social-escolar-2048977) tem uma componente
importante relativamente à alimentação e refeições em espaço escolar. Esta
vai desde a gratuitidade (para crianças no primeiro escalão) até ao
pagamento total, mas, ainda assim,
Oferecer um valorHapoiado que ronda um euro e
assinatura
meio no seu custo final para todas as crianças e jovens.”

No relatório com os resultados e conclusões do PISA, a OCDE descreve os


programas de refeições escolares como uma “rede de segurança para
crianças e famílias vulneráveis” e aconselha os Estados que ainda não os
adoptaram a fazê-lo: “Almoços gratuitos podem atrair mais crianças a
frequentar a escola, permitindo-lhes aprender melhor e ajudando a manter
a sua saúde.”

Há casos extremos como o Camboja, onde 67,8% dos alunos de 15 anos


afirmam que, pelo menos uma vez por semana, não se alimentam. A milhas
de distância, mas revelador do “estado das coisas” em muitos países
desenvolvidos, aparecem países como o Reino Unido, Estados Unidos ou
Nova Zelândia, que apresentam percentagens significativas de jovens na
situação atrás descrita. São elas, respectivamente, 10,5%, 13% e 14,1%,
Abrir portas onde se erguem muros

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