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City´s Secrets Vol.

B.B. HAMEL
Distribuído

Brevemente
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As pessoas não percebem como quão são caóticas as lutas
reais.

Eu estava andando na rua, cuidando da minha vida,


quando um grupo de mauricinhos patetas saíram pelas portas
abertas de um bar, que estava com o som irritantemente alto.
Um cara que usava uma coleira quase tombou em cima de
mim, e sua pequena multidão obstruía a calçada. Pessoas
estavam gritando e gritando, meninas correndo por todo lado,
e os dois caras idiotas estavam tremendo um de frente ao outro
como criancinhas. Todo mundo estava bêbado demais para
perceber quão horrível estavam agindo.

Não sei sobre o que era a luta, mas eu tinha coisas


melhores para fazer. Porém, antes de eu ir embora, dentre os
lutadores, um cara que usava sapatos, bermuda e uma camisa
polo rosa, foi empurrado diretamente para uma garota bonita.
Ela caiu, seu longo cabelo loiro ficou como um emaranhado, e
o cara voltou atrás do outro cara sem nem mesmo um - Sinto
muito.

Isso irritou-me. Normalmente não me envolvo, mas


violência contra as mulheres, sempre foi um problema para
mim. Andei até lá, abaixei-me e ajudei a garota a levantar. Ela
olhou para mim com olhos azuis profundos e acertou-me no
peito perceber como ela era gostosa. Lábios carnudos
apetitosos, um corpo claramente trabalhado, e um cabelo loiro
perfeito. Logo vi que não era o tipo de garota para um cara
como eu, mas tanto faz. Os olhos dela foram para os meus
braços, ao longo de meus músculos e demoraram sobre as
minhas tatuagens. Imaginei que não sabia o que significavam
porque a sua expressão não mudou, o que era bom para ela.

— Obrigada — ela disse calmamente.

Resmunguei em troca.

— Fique longe disso — Avisei.

— Quem é você?

Não me incomodei em responder. Levei-a pelo braço a


alguns pés longe da multidão, dei-lhe um olhar que dizia, fique
aqui se você for inteligente, e então entrei na pilha.

O anel era de três pessoas de profundidade naquela hora,


mas eles se separaram por minha causa com bastante
facilidade. Mais pessoas se espalharam pela rua, e eu sabia
que tinha apenas uns minutos antes da polícia chegar. Eu
tinha que fazer isso rápido.

Os dois lutadores estavam travados um com o outro,


lutando como retardados. camisa polo rosa tentava lançar o
menino baixo, mas em vez disso, estavam gritando e
tropeçando em círculos como idiotas. Empurrei, passando pela
multidão, e entrei no espaço.

Ouvi algumas pessoas gritarem algo para mim, mas


ignorei-os. Foda-se os maricas, quem quer que fossem. Todo
mundo era muito covarde para se envolver. Além disso, esse
cara merecia o que estava por vir.

Andei até os dois e empurrei o cara da camisa polo rosa.


Ele tombou como um brinquedo e quase levou o menino abaixo
com ele. Virei-me para o rapaz baixo, e quando ele tentou me
agradecer, pensando que vim ajudá-lo, soltei meu quadril e
dei-lhe um soco na mandíbula, com uma pegada satisfatória.
Ele foi ao chão mais rápido do que já vi. Adivinhei que o menino
nunca tinha levado um soco real antes, mas nunca é tarde
para aprender como. Ele tinha pelo menos vinte e poucos, e eu
tinha sido espancado mais vezes do que poderia contar quando
que eu tinha 18 anos. E essa boceta nem podia ficar de pé.

A multidão soltou um suspiro e ficou em silêncio. Olhei


em volta, fervendo de raiva, seus rostos estavam com medo e
em branco. Típicos idiotas ricos, yuppies e babacas, o tipo de
pessoas que zombaram de mim quando eu era criança e me
ignoraram quando tinha crescido. Fodam-se todos eles.

Cara de polo estava ficando de pé, ele parecia confuso.


Antes que tivesse a chance de descobrir as coisas, avancei nele.
Ele teve cérebro para levantar os punhos, mas nem conseguiu
dar um soco de direita. Escondeu-se, então entrei e soquei
duro seu nariz com a esquerda. Ele tropeçou voltando um
passo e colocou as mãos na cara, chorando. Segui com um
salto no ar e atingi com meu punho sua cara. Ele caiu, assim
como seu amigo fez.

Antes que qualquer outra pessoa decidisse ser um herói,


empurrei para trás pela multidão e continuei o meu caminho
pela rua. Tive que fugir o mais rápido possível antes que a
polícia começasse a me procurar. Além disso, já estava
atrasado para a luta no Drake, o que significava que Michael
ficaria, provavelmente, chateado. Caminhei rapidamente, mas
não corri, tinha que manter a calma senão me entregaria. Esta
não foi a minha primeira fuga, e eu sabia de alguns atalhos até
lá. Continuei andando e não olhei para trás.

Eu realmente odiava idiotas que batem em mulheres.


Não sabia como caóticas eram as lutas reais.

Foi numa noite de verão e eu estava meio bêbada. As


meninas com quem eu tinha saído estavam chatas e senti
saudade de Nova York, mas não voltaria mais. Dei um trago no
meu cigarro, então joguei-o na calçada. Era um hábito nojento,
mas não era fumante constante. Nos finais de semana às vezes
insistia, e sentia-me particularmente para baixo naquela noite.
Tentei não pensar em como meu hálito cheirava.

Antes que pudesse entrar em meu sofrimento pessoal, um


grande grupo de pessoas veio brigar fora do bar. Dois caras,
um de camisa de botão e outro usando uma polo rosa feio
estavam brigando, e pessoas se aglomeravam em torno deles
como insetos. Desviei para sair do seu caminho, mas fui muito
lenta. Antes que eu pudesse dar um passo, o cara de polo rosa
tombou em mim, seu cotovelo pegando meu olho, e cai duro.

Acho que vi estrelas, mas pode ter sido apenas os braços


que me ajudaram a levantar. Coberto de tatuagens complexas,
eles eram malhados. Olhei para o cara, e minha respiração de
repente foi sugada para fora do meu corpo. Seus olhos eram
brilhantes como uma floresta verde, profundas poças de raiva
e dor, em seu rosto coberto de pelos finos. Ele tinha uma
cicatriz pequena em sua sobrancelha direita, e o nariz dele
parecia que foi quebrado no passado. Apesar disso, era
incrivelmente lindo, fiquei absolutamente impressionada com
seu físico magro e musculoso. Era alto, facilmente mais de um
metro e oitenta, e eu podia sentir algo perigoso sobre ele.
Honestamente, ele era muito gostoso, e fiquei encantada.

Percebi que estava olhando.

— Obrigada. — disse baixinho, incapaz de convocar força


suficiente para dizer mais nada.

Ele resmungou em resposta. Totalmente clichê, um tipo


super viril resmungo, mas ele conseguiu.

— Fique longe disso. — Ele tinha uma voz profunda e


rouca.

— Quem é você? — Perguntei e percebi o quanto eu


queria saber. Havia algo hipnotizante sobre ele, sobre seu
corpo e seu rosto.

Ao invés de responder, agarrou-me pelo braço e puxou-


me para o lado. Estava chocada demais para resistir. O idiota
teve a audácia de tocar-me fisicamente e orientar-me para
onde ele queria. Tinha algo em seu toque, firme e comandando,
que fez-me acompanhar. Uma vez que estávamos alguns pés
longe da multidão que crescia, deu-me um olhar estranho,
como se fosse uma boa ideia eu ouvi-lo ou algo assim. Antes
que eu pudesse dizer alguma coisa, ele se foi.
Eu o vi sair e começar a empurrar através da multidão.
Fiquei ali olhando suas costas, sua camiseta preta fina,
firmemente apertada a seu corpo musculoso e seu short jeans
contornando sua bunda perfeitamente esculpida. Ainda não
tinha visto um homem como ele em toda a cidade e gostei.
Antes que ele estivesse muito longe, comecei a segui-lo.

Eu não podia acreditar nos meus olhos. Ele foi


diretamente para a roda de pessoas e se aproximou de dois
caras que estavam brigando. Este homem não hesitou quando
enfiou o cara no chão e derrubou o outro. Tinha algo gracioso
e perigoso sobre a maneira como se movia, como estava
acostumado a estar em uma roda de pessoas gritando. Assim
que o primeiro cara caiu, a multidão ficou em silêncio e havia
um medo palpável de repente, ondulando por todas as pessoas.
O segundo tipo, o idiota que me derrubou, aproximou-se e
tentou revidar. Meu homem misterioso — sexy — foi muito
rápido, acabou dando um nocaute louco e mandou o cara de
polo voando pelos ares.

Não tinha ideia de quão rápida eram as lutas, mas não


poderia ser mais que trinta segundos e os dois estavam no
chão, gemendo de dor. Meu misterioso homem grande não
parou para olhá-los, foi apenas andando pelo meio da multidão
e saiu do outro lado.

Eu fiquei e olhei para os dois caras no chão por alguns


segundos, e então algo se apoderou de mim. Não tive ideia do
que aconteceu ou por que, mas havia algo sobre esse cara, algo
que eu precisava descobrir. Corri o mais rápido que pude,
meus pernas cambaleando. Quem me dera usar sapatos
melhores, mas minhas pernas pareciam fantásticas, longas e
magras. Eu ainda não tinha muitos amigos na cidade e talvez
fosse a solidão persistente dentro de mim que estava me
impulsionando a falar com ele. Foi o primeiro estranho a ser
verdadeiramente gentil comigo há algum tempo, e embora eu
tivesse um amigo incrível e um bom trabalho, ainda faltava
algo. Talvez por isso tive que descer uma rua cheia de gente
em Filadélfia, meio bêbada e respirando com dificuldade.

Conseguia vê-lo quando virou a esquina em frente. Eu


acelerava, saltos batendo e cabelo voando. Sabia que parecia
uma psicótica, e as pessoas provavelmente pensariam que era
uma idiota bêbada, mas não me importei. Minha mente estava
firme sobre aquele tipo misterioso, o punho batendo na cara
do idiota de polo. Não entendia por que se envolveu assim, mas
queria perguntar a ele e descobrir o seu nome. Eu queria que
me respondesse quando lhe perguntei quem era.

Virei a esquina e vi-o logo à frente. Estava andando


rápido, mas não correndo. Não parecia preocupado ou
chateado por ter nocauteado dois idiotas numa briga de rua.
Cheguei mais perto, ele olhou por cima do ombro,
provavelmente alertado pelos meus sapatos altos loucos.
Interiormente amaldiçoei e desejei que fosse capaz de chegar
mais perto, antes que ele me visse.

Em vez de correr ele parou e virou-se. Isso me pegou de


surpresa, e bati diretamente contra seu peito largo. Ele pegou-
me em seus braços, absorveu o meu impacto, impedindo-
me de cair. Olhei para cima, meus calcanhares dobrados em
um ângulo, cabelo uma bagunça, para ver seu lindo rosto
sorrindo para mim. Podia sentir os músculos no peito,
forçando contra a camisa dele, e todo o seu corpo ondulou com
força e solidez. Senti algo acelerar em mim naquele momento,
e excitação agitou meu estômago. Senti-me envergonhada de
estar basicamente abraçando um cara estranho, mas senti-me
bem, e eu estava relutante em deixá-lo ir. Ele não era
realmente meu tipo, mas encontrei-me querendo conhecê-lo de
qualquer maneira.

— Não precisava me alcançar só para me agradecer. —


ele resmungou para mim.

— Não estou aqui para agradecer a você. — Eu disse. Que


idiota presunçoso.

— Por que está me perseguindo então?

Não tive uma boa resposta para isso.

— Uh, eu, eu queria saber seu nome, eu acho. — Soei


muito tosca, mas era em parte verdade.

Ele riu e moveu suavemente meu rosto do seu peito.


Endireitei as costas e tive uma vista melhor dele: músculos,
tatuagens, short esfarrapado, tênis velho converse, mais
tatuagens. Ele parecia lindo e selvagem, completamente
diferente de qualquer homem com que quem tinha estado
antes.
— Meu nome é Rex — disse. — Se você quer continuar
olhando, olhe fixamente durante a caminhada.

Antes que pudesse responder, ele virou e começou


novamente num ritmo acelerado. Rapidamente situei-me.

— Meu nome é Darcy. — Disse.

Ele rosnou em retorno e continuei andando.

— Onde vai? — Perguntei.

— Longe daqui.

Obrigada, caralho. Eu sabia disso.

— Mas onde? — Insisti.

Ele olhou para mim, mas não respondeu. Mudei de


assunto.

— Por que fez isso?

Ele virou no próximo quarteirão e atravessou a rua. Tive


que trabalhar duro para acompanhar seus passos longos,
propositais.

— Não gostei do cara que derrubou você. Achei que


merecia um castigo por ser um idiota.

Como um cavalheiro. Na verdade, ele bateu em dois caras


para proteger a minha honra? Eu pensei que ficaria confusa e
chateada, mas realmente senti um pico de excitação em meu
estômago.

— Você fez isso por mim?

Ele me deu um outro olhar e riu.

— Não é por você. Só não gostei como ele te tratou.

— Rex é seu nome verdadeiro?

Ele riu novamente, mas não respondeu.

— O que você faz, Rex? — Era como uma estátua


interrogando.

— Trabalho em um bar no sul da Filadélfia chamado


Drake.

— Ah sim? Gosta de seu trabalho?

— Não, não realmente.

— Talvez eu deva passar lá alguma hora.

— Você é muito quente para Drake.

— O que isso quer dizer? — Senti-me lisonjeada, mas


também irritada.

Ele deu-me um olhar estranho, mas não respondeu. Fez


uma virada na esquina em frente e atravessou o tráfego. Tive
que parar e esperar os carros passarem, ou então correria o
risco de ser atropelada. Fiquei chocada por quão confiante
ele se esquivou das motos e do trânsito de tarde da noite, como
estava convencido de que não poderia ser atingido. Quando os
carros pararam, ele se foi.

Apressei-me para a próxima rua, mas não conseguia


encontrá-lo em qualquer lugar. Verifiquei os quarteirões
seguintes, olhei para um bar ou dois, mas ele não estava. Não
sabia como, mas desapareceu. Ele não poderia ter saído da
minha vista por mais de um minuto, e ainda conseguiu
despistar-me completamente.

Frustrada, caminhei lentamente de volta ao bar. Não


conseguia tirar seu rosto e corpo da minha mente, e o
pensamento que nocauteou esses caras por minha causa
estava me deixando louca. Conheci muitos caras na minha
vida e sai com alguns deles também, mas nunca conheci um
homem como Rex, quem quer que fosse.
— Darcy! Onde você esteve?

Poucos dias depois de conhecer Rex, eu estava sentada


em uma pequena sala de conferências no excessivamente
brilhante escritório da Adstringo com minha melhor amiga
Amy. Nós não nos víamos há alguns dias, e mesmo que ela
fosse agir como se tivesse sido eu a desaparecer, a verdade foi
que quase não saímos mais. Ela estava muito ocupada com
seu então noivo bilionário Shane Green, que também passou a
ser o chefe de todos. Ela era uma lenda no escritório, embora
não tivesse ideia. Essa era minha Amy, absolutamente alheia.

— Eu estive por aí, garoto. Tentando fazer amigos no


escritório. — Chamava-a garoto, às vezes; era uma piada de
quando estávamos na faculdade. Eu era o pai de açúcar, ou
algo assim. Não me lembrava mais como começou, mas pegou.

Ela tinha acabado de me dizer sobre a proposta de


casamento. Aparentemente, Shane levou-a para o telhado do
Museu de arte e fez a pergunta. Ele alugou o prédio inteiro para
eles, trouxeram um jantar caro e tinha música ao vivo, toda a
cena. Não era algo que o Museu de arte normalmente fazia,
mas um homem como Shane Green poderia fazer isso
acontecer. Não tinha tanto ciúmes dela e nem inveja da sua
boa sorte. Shane não era meu tipo e a coisa toda de telhado de
Museu de arte parecia um pouco brega na minha opinião, mas
Amy tinha encontrado sua alma gêmea, e isso era algo
especial.

Eu tinha me mudado de Nova York para a Filadélfia três


meses antes. As coisas na cidade grande viraram uma rotina,
e senti como se eu estivesse presa em um barranco.
Provavelmente festejei muito e conheci muitos caras, mas não
tinha nada melhor para fazer. A maioria dos meus amigos
tinha encontrado um namorado firme, ou mudaram-se para
longe da cidade. Foi difícil; fiquei dois anos fora da faculdade e
ainda tentando descobrir a minha vida. Quando Amy disse que
havia uma vaga em marketing na Adstringo, e que trabalharia
diretamente com ela sobre o app que fez, eu agarrei a chance.
Eles ajudaram a pagar pela minha mudança, acharam um
apartamento decente, perto do Museu de arte, e o resto foi
história.

Amy sorriu para mim do outro lado da mesa. Mandou-me


uma mensagem no início do dia, pedindo para me encontrar
para uma rápida recapitulação na inicialização do aplicativo.
Sentamos sozinhas numa sala envidraçada, com uma mesa
simples branca no meio, um pequeno projetor e uma tela
pequena em uma parede. Amy estava projetando dados de
vendas, mas nenhuma de nós estava prestando muita atenção
a ele.

— Novos amigos? Eu pensei que eu era tudo que


precisava. — ela disse.
Eu ri.

— Infelizmente está um pouco ocupada ultimamente com


o Sr. Bilionário.

— Isso é verdade. Desculpe-me. — Ela parecia


genuinamente perturbada, e senti-me um pouco mal. Eu não
devia chateá-la por não passar mais tempo comigo,
especialmente quando as coisas estavam indo tão bem para
ela.

— Não, é totalmente legal. Saí com Linda, Becky e


Marissa. Foi muito divertido.

Amy sorriu.

— Bom, eu estou contente. Gosto da Linda.

— Eu sei, ela é ótima. Embora, as outras duas são chatas


como rochas.

— É como estar sentada em uma pedreira com aquelas


duas — Ri da sua piada.

— Pior, pelo menos pedreiras podem ser divertidas.


Essas duas são apenas aborrecidas.

Era bom estar conversando com ela assim. Tinha que


admitir que me senti isolada ultimamente. Acostumar-se em
uma nova cidade é difícil, especialmente quando você passou
muitos anos em um lugar como Nova York. Filadélfia era
grande, mas era diferente, e tive que fazer um esforço para
conhecer a paisagem. Amy tentou o seu melhor, mas não
estava disponível. Ainda assim, ela fez tanto por mim já, que
não podia estar chateada com ela por não me dedicar cada
segundo livre.

— Então, como as coisas estão indo? Já se sente


resolvida? — Amy perguntou-me.

Não sabia como responder. Não tinha sido muito tempo e


ainda não me acostumei a cidade, mas eu amava o meu
trabalho. Adstringo era um lugar fantástico para se trabalhar,
ainda melhor do que a maioria dos lugares em Nova York. E o
mais importante de tudo, nossos escritórios eram a apenas
alguns quarteirões do meu apartamento, o que fez meu trajeto
super fácil.

— Penso que sim. Estou me acostumando com a cidade,


pelo menos. — Expliquei.

Ela assentiu com a cabeça.

— Levei um tempo para me ajustar. Você chegará lá.

— No entanto aqui é ótimo. O povo é muito acolhedor.

— Estou feliz, sério. Peço desculpa que mais uma vez não
fui tão disponível quanto deveria.

Eu ri.

— Pare de se desculpar esquisita. Está tudo bem. Vamos


rever esses dados antes de voltarmos a falar sobre a rocha. —
Olhei de relance para o enorme anel dela e senti uma pontada
de ciúme. Provavelmente custou mais do que tudo que eu
tinha.

— Tudo bem, só não tente olhar demais para esta coisa


berrante. — Amy acenou com a mão no ar e então começou a
passar os slides.

Trabalhar com Amy era fácil. Somos boas amigas desde


que nos conhecemos na faculdade durante nosso primeiro ano.
Fomos colocadas no mesmo dormitório e demo-nos bem
imediatamente. Ela era quieta e séria, e tive que trabalhar duro
no início para tirá-la da sua concha. Moramos juntas desde
então, e a única vez que passamos separadas foi depois da
faculdade, quando ela voltou para a Filadélfia. Durante o ano
longe de mim, ela conseguiu criar um app para smartphone
que conecta crianças carentes com tutores, conseguiu seu
emprego dos sonhos em Adstringo depois que compraram seu
app, e apaixonou-se pelo CEO bilionário do Adstringo, Shane
Green.

Meu trabalho não era diferente do que eu fazia em Nova


York. A única diferença era que, tenho que passar minhas
tardes com minha melhor amiga, e ganhava muito mais
dinheiro. Philadelphia é uma cidade decente, e eu estava,
lentamente, fazendo amigos na empresa. Todo mundo foi gentil
e a atmosfera no escritório sempre foi alegre e casual, que era
o oposto de algumas das agências que eu tinha trabalhado,
grande, abafada.
Mas havia algo faltando na minha vida, algumas lacunas
que tive problemas para preencher. Minha mente vagava
enquanto Amy falava, e eu sonhava sobre Rex. Eu imaginava
os seus músculos e suas tatuagens e lembrei a maneira que
ele não hesitou em bater nesses caras por me derrubar. Eu
sabia que eu deveria ter sido mais moderna e achar terrível a
violência física ou algo assim, mas tive que admitir que foi
realmente emocionante. Ele protegeu minha honra ou outra
coisa, que era mais do que qualquer outro cara fez por mim.
Era misterioso e perigoso, e não conseguia parar de pensar em
correr meus dedos sobre o peito malhado.

Eu geralmente não era o tipo de fantasiar com um


estranho, mas esse cara ficou preso na minha cabeça. Fiquei
pensando no lugar que ele disse que trabalhava e perguntei-
me se eu poderia encontrá-lo. Quando Amy se acalmou, nos
encontramos conversando novamente à toa.

— Eu tenho uma pergunta, garoto. — Eu disse.

— Claro, o que foi?

— Você conhece um bar chamado Drake? É no sul da


Filadélfia.

Amy entortou seu rosto e, em seguida, balançou a cabeça.

— Não, não me parece familiar. Embora eu não vá muitas


vezes ao sul da Filadélfia.

Senti-me desiludida.
— Tudo bem, ouvi dizer que era legal. Eu poderia dar
uma olhada.

Amy se iluminou.

— Grande! Você deve. Quer que vá com você?

— Não, está tudo bem. Sei como é ocupada.

— Tem certeza? Realmente não me importo.

Balancei minha cabeça.

— Sério, está bem. Eu deveria conhecer a cidade por


conta própria, de qualquer maneira.

Amy deu de ombros e começou a recolher suas coisas.

— Tudo bem então, Darcy. Avise-me se mudar de ideia.


— Caminhamos juntas para fora da sala de conferência e então
cada uma seguiu o seu caminho.

Minha mesa estava no canto do escritório aberto,


diretamente na frente de uma fileira de salas tranquilas. Era
um ótimo local, tanto quanto me dizia respeito: suficiente
privacidade que não via muita gente, mas não completamente
isolada. Minha vizinha era Marissa, a mesma garota que eu
tinha saído no sábado à noite. Ela era uma menina doce, mas
falava muito rápido e era tão interessante quanto um edema.
Na verdade, um edema teria sido mais interessante, e às vezes
desejei que eu estivesse recebendo um em vez de ouvir sua
conversa.
— E foi assim que compramos nossa primeira casa de
praia — disse Marissa, terminando uma história incrivelmente
chata sobre como sua família escolheu uma casa de praia
quando ela era criança. Eles eram pessoas ricas de Nova
Jersey, e ambos os pais eram médicos. Achei que a coisa de
Nova Jersey explicou como ela era desajeitada, mas eu também
sabia que era só minha típica atitude anti-Jersey, New York
falando.

Eu poderia relacionar-me com uma família rica, mas


apenas parcialmente. Cresci em uma situação muito
semelhante à Marissa. Meus pais estavam extremamente bem
quando eu estava na escola, mas quando cheguei no colegial,
algo aconteceu, e eles perderam todo seu dinheiro. Isso
devastou a minha família, e nós nunca mais fomos os mesmos.
Morei com meus avós pelo final do ensino médio e não tinha
falado com meu pai há anos.

Os pais da Marissa ainda eram alegremente casados e


ainda escandalosamente ricos. Ela teve uma vida fácil e era
completamente alheia para alguém de outra situação na vida.
Parte de mim a odiava por causa disso.

— Ótimo, Marissa. — respondi, mal fingindo estar


ouvindo.

— Eu sei bem! — ela disse. Suas palavras tendem a


diluir-se em fluxos de frase única. Eu tinha que realmente
prestar atenção para entendê-la, o que significava que quase
nunca a entendia.
O dia arrastou-se assim. Marissa alternava entre longas
crises de concentração silenciosa e monótonas histórias sobre
nada. Eu fiz o meu melhor para manter a calma, mas às vezes
eu queria gritar com ela para se calar. Foi frustrante, mas dizia
para mim mesma que ela não era uma má pessoa, apenas
chata. Eu estava presa na minha mesa ao lado da pessoa mais
chata do mundo, e tudo o que eu queria era sonhar com o
grande e estranho Rex. Sabia que eu estava no limite, total, e
não era culpa da Marissa. Ultimamente eu estava me
debatendo, tentando encontrar o equilíbrio em um lugar novo
e desconhecido. Senti-me à deriva e sem propósito.

A medida que se aproximava o final do dia, um plano


começou a se formar. Eu fiz uma busca rápida no meu laptop
e encontrei um site para o bar do Drake. Era em algum lugar
ao sul da Rua Sul. Eu achava que era o lugar certo, pois era o
único Drake no sul da Filadélfia, pelo menos de acordo com a
internet. Eu digitei o endereço no meu telefone e recostei-me
na cadeira.

Algo estava faltando na minha vida. Eu tinha passado


muito tempo ouvindo histórias desinteressantes da Marissa, e
senti-me inquieta. Estava entediada, e eu precisava de um
pouco de emoção para equilibrar meus dias frustrantemente
irracionais. Amy era ótima, mas não estava disponível. Aquele
cara, Rex estava preso na minha cabeça, e não parava de
pensar sobre a percepção de seus músculos malhados quando
encontrei com ele naquela noite. Não tinha estado com um cara
desde que me mudei para Filadélfia, e fiquei imaginando seu
corpo suado pressionado contra o meu. Eu sabia que
provavelmente não faria nada, mas resolvi ir para Drake
naquela noite e ver se eu poderia encontrá-lo. Normalmente
não ia a bares sozinha, muito menos bares estranhos em
cidades estranhas, mas eu estava nesse ponto. Talvez tenha
sido uma nova baixa, ou talvez fosse um novo e excitante
capítulo na minha vida. De qualquer forma, pelo menos eu
pegaria umas bebidas.

Era uma noite de quarta-feira. Ele provavelmente ainda


estaria trabalhando. Na verdade, ele nunca disse o que fazia
lá. De repente senti-me nervosa e percebi quão louco era meu
plano. Eu queria ir para o local de trabalho de um cara, que
fugiu de mim nas ruas, na esperança de persegui-lo. Estava
louca, louca. Mas como Marissa lançou outra história sobre
como ela encontrou um fantástico top à venda, resolvi fazer
isso de qualquer maneira. Eu precisava de algo. E Rex, talvez
possa ser alguma coisa, pelo menos durante a noite.
Depois do trabalho fui para casa o mais rápido possível,
determinada com meu plano. Corri pela varanda, destranquei
a porta da frente e entrei na minha pequena quitinete. Meu
quarto era minha sala de estar, que também era minha
cozinha, sendo o espaço separado somente para meu banheiro
e chuveiro. Ainda assim, era em um bairro fantástico e perto
do trabalho. Deixei o lugar claro, sem desorganização, e muito
elegante, principalmente porque eu não tinha mais espaço
para o lixo. Coloquei minhas chaves em uma tigela pequena e
andei pelo espaço do quarto/sala para trocar de roupa.

Depois de pensar sobre minha roupa por muito tempo,


finalmente resolvi por um top preto que mostrou meu corpo e
calça preta cintura alta. Não quero me vestir demais, porque
não tinha ideia de como o lugar seria, mas acho que não era
muito de classe. Coloquei delineador escuro, sombra e fingi
que a maquiagem era uma espécie de escudo, protegendo o
real eu de quem tinha tomado meu corpo. Tomei uma dose de
confiança e corri de volta para a rua.

Sinalizei a um táxi, fomos para o endereço que eu tinha e


andei os últimos poucos quarteirões. Era uma noite de verão
confortável, mas senti como se já estivesse suando. Meu
coração estava martelando no meu peito, quando caminhei
pela rua escura. Quando cheguei mais perto do quarteirão,
ficava me perguntando no que estava me metendo. Não tinha
ideia de como era o bairro, sem dizer que não sabia quão
amigável o bar seria. A área parecia boa, tanto quanto sei, e as
ruas estavam bastante limpas. Embora senti que alguém tinha
tomado o controle das minhas pernas, e eu estava apenas no
início do passeio. Só para estar segura, retirei meu telefone e
digitei um texto para Amy.

Hey garoto, estou naquele bar Drake esta noite.

Apertei enviar e esperava que ela não achasse que era um


convite para se juntar a mim. Eu precisava me forçar para fazer
algo fora da minha zona de conforto; caso contrário, afundaria
na rotina e apodreceria. Mas percebi que ninguém sabia onde
estava e pensei que pelo menos uma pessoa devia ter uma
ideia, no caso de eu desaparecer. Pessoas sãs tomariam isso
como um sinal para se virar e ir para casa, mas eu estava tão
além, que estava ignorando meus instintos.

Virei a esquina e o vi. Na metade do quarteirão estava um


sinal verde com a palavra Drake no letreiro. Parecia
exatamente como o que eu esperava. A porta da frente estava
suja e descascando, as janelas estavam embaçadas dos longos
anos de fumaça e lixo, e o sinal estava amarelado da idade.
Caras suspeitos ficavam do lado de fora da porta da frente
fumando cigarros. Era a definição de uma espelunca.

Senti uma profunda pontada de medo me bater duro. Não


sabia o que estava fazendo. Provavelmente era um bairro
seguro, mas quem sabe o tipo de gente que estava dentro
daquele bar. Se eu tivesse que julgar baseado nos caras alí
fora, era provavelmente cheio de ladrões e motociclistas ou
pior. Meu pulso “revitalizou”, forcei-me a continuar andando
em direção à porta. Quando cheguei mais perto, os caros
olharam para cima.

— Ei olá, Loira — um cara chamou. Ignorei-o e continuei


andando mais perto. Ele era gordinho, usava uma jaqueta de
couro curta esfarrapada e uma camiseta preta por baixo. Suas
calças jeans estavam frouxas e correntes penduravam em
torno de seus quadris. Seus braços estavam cobertos de
tatuagens e uma metade da cabeça era raspada, a outra
metade puxada para trás com gel. Achei-o completamente
repulsivo, mas tinha de passar por ele, e então seria premiada.

— A loirinha tem um nome? — disse novamente quando


cheguei mais perto. Os amigos riram e sorri. Dei-lhe um olhar
'foda-se', e ele riu suavemente.

— Sem nome, legal. — Agarrei a maçaneta da porta. Era


suja e lisa.

— Vai entrar, loirinha? Esta é sua turma habitual?

Olhei-o novamente e senti-me falar antes que eu tivesse a


chance de reconsiderar o que estava prestes a dizer.

— Você não é minha turma de costume, isso eu sei. —


Não podia acreditar que tinha dito isso. Eu estava tentando
provocar o cara estranho? Senti-me tensa em antecipação à
sua resposta.

Os três caras ficaram em silêncio por alguns segundos.


Eu podia sentir a tensão construir, e preparei-me para o que
estava por vir. De repente, todos eles também riram! Os outros
dois caras buzinaram e esbofetearam o gordinho, um na parte
de trás quando eu escorreguei passando-os e entrei. Crise
resolvida, por enquanto, pelo menos.

Dentro, o espaço estava escuro, e uma fina nuvem de


fumaça pairava sobre tudo. Havia uma longa barra do lado
direito da sala, com algumas mesas dispersas e cabines, além
de mesas de bilhar e um alvo de dardos atrás. As paredes eram
cobertas de anúncios de cerveja e fotos de motocicletas.

Incerta do que fazer, caminhei para o bar e encontrei um


assento no final, mais perto da porta. Sentei-me e olhei para a
multidão. Estava surpreendentemente cheio para uma noite de
quarta-feira. Havia uma mistura de jovens e velhos, e a maioria
das pessoas parecia ser do mesmo tipo que os caras lá fora
fumando. Havia um monte de jaquetas de couro, camisetas
pretas, pelos faciais e tatuagens. Senti que me destacava, mas
ninguém estava olhando em minha direção. Eventualmente, o
barman, um cara velho ríspido com uma barriga de cerveja,
me perguntou o que eu queria, e eu disse um uísque e Coca-
Cola. Quando ele trouxe a minha bebida, eu bebi-a lentamente.
O calor espalhou-se no meu estômago e deu-me uma sacudida
de confiança.
Eu não tinha ideia do que fazer em seguida. No meu
primeiro olhar ao redor da sala, não consegui encontrar Rex,
embora houvesse muitas versões mais feias dele jogando
sinuca e bebendo. O lugar parecia um clichê da classe operária
irlandesa, e adivinhei que provavelmente era o que era
realmente. Ninguém me incomodou, e não incomodei mais
ninguém.

Olhei para meu telefone e tomei um gole de minha bebida


quando os minutos se arrastaram. Para o que parecia um
plano realmente louco e perigoso foi tornando-se muito chato
realmente. Não vi Rex em qualquer lugar, e ninguém estava me
incomodando,o que significava abundância de tempo para
olhar o Facebook e fazer nada.

A porta abriu e fechou novamente, e olhei para cima. Os


três caras de mais cedo entraram, sorrindo como idiotas. O
gordinho me chamou a atenção e sorriu, e eu rapidamente
afastei os olhos. Obriguei-me interiormente para fazer contato
com os olhos, quando ele veio até mim. Senti seu cheiro, suor
e hálito fedorento, quando inclinou-se para falar sobre a
música baixa vindo da jukebox.

— Precisa de uma bebida, loirinha? — Os dentes dele


eram revoltantes.

— Não, obrigada, estou bem. — eu adoraria se você fosse


embora, porém, pensei.
Ele sorriu e sentou-se ao meu lado, apoiando-se ainda
muito perto.

— Qual é seu nome?

Nada a ver com isso, eu queria dizer.

— Darcy.

— Darcy. Eu sou Tadd. — Ele chamou a atenção do


empregado do bar e pediu uma cerveja.

— Eu encontrarei alguém aqui, Tadd. — Esperava que a


mentira pudesse fazê-lo repensar o seu atual plano de ataque,
mas ele não pareceu se importar.

— Encontrará suas amigas aqui? Ficará um pouco


bêbada para uma quarta-feira?

— Não, encontrarei meu namorado, então pode me deixar


em paz?

Tadd me encarou por alguns segundos, mas não começou


a rir. Desta vez, ele inclinou-se mais perto, e havia um olhar
ameaçador nos olhos dele.

— Você não deveria ser rude, Darcy — ele disse. Senti o


medo em meu estômago novamente.

— Você não deve ficar tão perto de mim — respondi,


pronta para me levantar e correr.
Ele inclinou-se ainda mais, seu rosto perto de meu. Ouvi
a porta abrir, então, fechar e podia sentir algumas pessoas nos
olhando. Meu corpo inteiro estava pulsando com a adrenalina
e o medo.

— Qual é seu problema, puta? — ele disse, cuspe voando


de seus lábios.

Antes que eu pudesse responder, outra pessoa se


aproximou.

— Quem diabos... — Tadd começou e depois pegou ele


mesmo.

Olhei para cima, e Rex estava sorrindo para mim.

— Ei, Rex, meu amigo — Tadd disse e riu nervosamente.


Rex olhou para ele com um sorriso fácil.

— Está incomodando esta senhora, Tadd? — Ele estava


usando outra camiseta preta e jeans cortados, e tive a
sensação que não tinha trocado. Seu corpo ainda estava
malhado e eriçado, mas tinha uma nova marca vermelha na
sua sobrancelha, como se ele tivesse sido socado. Passei meus
olhos sobre seu peito malhado, abdômen e demorei-me sobre
suas tatuagens. Ele era como um farol naquele lugar sujo,
perigoso e selvagem, mas não sujo ou bagunçado como os
outros.

— Não, cara, nós estamos só conversando — Tadd disse.


Rex olhou para mim.
— Só conversando? — ele perguntou.

Eu balancei minha cabeça como não, mas tinha medo de


falar.

Rex olhou para Tadd.

— Cai fora agora, Tadd. Fale com ela novamente, e te


machucarei. Entendeu?

— Sim, cara, desculpa, eu sair daqui — respondeu Tadd.


Ele levantou e foi embora rápido, reuniu-se com seus dois
amigos numa mesa do outro lado da sala. Vi-os falando juntos
e jogando olhares assustados em nossa direção.

Virei de volta quando Rex sentou-se no banquinho vazio.

— Obrigada por me salvar. — eu disse, meio brincando.

— O que faz aqui? — ele perguntou. Nada de conversa


fiada então, adivinhei. Não parecia irritado, mas ele não
parecia muito feliz em me ver também.

— Tomando uma bebida. — eu disse, simplesmente, sem


emoção.

— Por que este bar?

Não sabia como reagir, então dei de ombros. Ele soltou


um suspiro profundo, chamou a atenção do garçom e pediu
uma cerveja.
— Este lugar não é para pessoas como você. — ele
comentou. Arqueei a sobrancelha e pensei sobre o que isso
queria dizer.

— Você não me conhece.

— Não, eu não conheço você. Mas eu conheço seu tipo.


Bonita, loira, rica. Se você está esperando por uma noite,
sugiro encontrar um lugar um pouco mais seguro. Eu não
estarei sempre ao redor para caçar homens como Tadd.

Não sabia como responder a isso. Por um lado, ele estava


insultando-me, embora de uma forma indireta e estranha.
Talvez eu tenha crescido rica e talvez eu fosse loira, mas eu
não era uma garota mimada como Marissa. Não estava lá para
curtir, também. Eu estava lá para ele e só ele, mas eu não
podia dizer isso. No entanto, ele pareceu genuinamente
preocupado com minha segurança, que era um bom sinal.
Talvez um pouco antiquado, mas pelo menos ele pareceu ser
um cara decente para as mulheres.

— Não precisa me proteger, eu sei me cuidar.

Ele riu.

— Estava fazendo um ótimo trabalho com Tadd lá.

Fiz uma cara feia.

— Eu teria ficado bem se você não tivesse entrado.

O humor deixou seu rosto e ele me olhou, sobriamente.


— Olha, caras como Tadd são perigosos. Deixe-o sozinho.

Nós estávamos em silêncio por um segundo.

— Não sou mimada — disse.

Ele sorriu para mim.

— Não disse que você era. Eu disse rica, não mimada.

— É o que você quis dizer. — comentei, ficando com raiva.

Ele riu.

— Tem o temperamento um pouco rude, não é?

Seus olhos verdes profundos e penetrantes nos meus


dissolveram meu humor, e virei-me para a minha bebida.

— Só com idiotas como você. — murmurei.

Ele pareceu ofendido.

— Sou um idiota, hein? Talvez eu devesse deixá-la aqui,


deixá-la se defender por si mesma.

Olhei para ele e entrei em pânico por um segundo. Ele riu


novamente.

— Relaxe, estou brincando. — Comentou. — Eu não


tenho nenhum lugar para ir por um tempo.

Assenti com a cabeça e tomei um gole do meu drink.


Senti-me aliviada e animada, embora ele não estivesse agindo
exatamente como se quisesse estar perto de mim. Na melhor
das hipóteses, ele era mais ambivalente. Nós nos sentamos em
silêncio por um minuto, e pude ver a multidão lá. Ele assentia
com a cabeça para algumas pessoas, e eles acenaram de volta.
Percebi que ele conhecia quase todo mundo na sala, mas
estava propositadamente sentado comigo. Isso me deu alguma
esperança, embora eu estivesse começando a me perguntar o
que tinha visto nele inicialmente. Ele estava tornando-se um
idiota maior do que eu imaginava.

— Você disse que trabalhava aqui — comentei,


quebrando o silêncio.

Ele rosnou em resposta.

— O que você faz? — Eu pressionei.

Ele olhou para mim. Apanhei-o passando os olhos ao


longo do meu corpo, e senti uma emoção passar por mim. Eu
queria que ele olhasse para mim. Queria que ele me imaginasse
sem roupa, imaginasse o que faria comigo se tivesse a chance.
Certamente ele estava imaginando, seus braços musculosos
fortes, magros, acondicionados em torno de meus quadris,
seus lábios carnudos contra os meus. Eu percebi quão quente
estava ficando e pedi outra bebida.

— É complicado — ele respondeu depois que o garçom


voltou com outro uísque e Coca-Cola.

— O que quer dizer com é complicado?


Ele rosnou novamente e acabou com sua cerveja em três
grandes goles. Quando bateu com o copo vazio sobre a
madeira, o garçom voltou com um refil para ele. Nunca tinha
visto algo assim acontecer, muito menos em um bar
relativamente cheio, mas Rex era obviamente algum tipo
regular lá. Imaginei que ele tinha status.

Ele encolheu os ombros.

— É complicado. Isso é tudo o que isso significa.

Olhei para ele novamente e vi algo lá que não consegui


definir ainda. Ele era, obviamente, uma parte deste mundo,
mas de alguma forma isso não o definia. Ele não era como
Tadd, mas estava na mesma situação que caras como Tadd.
Eu não entendo o que ele estava fazendo no bar, bebendo como
um regular, e qual era seu trabalho complicado. Mas senti que
algo dentro de mim de repente precisava descobrir.

Deixamos o silêncio crescer entre nós por mais um


minuto, antes dele finalmente falar.

— O que você faz? — ele perguntou.

— Trabalho para Adstringo, fazendo coisas de marketing.

Ele parecia interessado.

— Empresa de Shane Green, certo?

Balancei a cabeça.

— Sim, o único.
— Alguma vez o viu?

— Claro, todo funcionário encontra-o pelo menos uma


vez. Ele também está namorando minha melhor amiga. Bem,
noiva agora.

Não podia ler o olhar no rosto.

— Isso é legal. — ele disse.

— Não é um falador, não é? — Eu disse depois de um


breve silêncio. Senti que era como se tirasse dentes.

Ele rosnou em retorno e sorriu.

— Sim, exatamente. — provoquei.

Ele sorriu perversamente.

— Você fala bastante para nós dois.

— O que isso quer dizer? — Respondi, um pouco irritada.

— Nada demais. Só porque eu não falo muito, não quer


dizer que não tenho nada a dizer.

Inclinei uma sobrancelha.

— E o que tem a dizer agora?

— Só tentando te entender.

— E o que você acha?


Mudou-se para mais perto, e senti uma emoção em meu
peito.

— Eu acho que você é bonita e não está acostumada a


ouvir não. Acho que cresceu rica e não sabe o que está fazendo.
Acho que está aborrecida e perdida.

Minha respiração parou no meu peito. Percebi quão certo


ele estava, como perdida eu tinha realmente me sentido desde
que mudei para Filadélfia, e quão entediada eu estava com
minha vida. Desejava algo diferente da existência fácil, normal,
que eu estava lidando. Precisava de algo ou alguém para dar-
me propósito, algo para elevar-me além do trabalho penoso de
minhas horas de vigília normais.

— É isso que você está procurando? Alguma emoção? —


Perguntei calmamente.

Ele riu.

— Não, não. Já tive emoção suficiente para durar uma


vida.

Olhei-o de cima a baixo.

— Eu tenho que dizer, estou um pouco surpresa.

Sorriu perversamente novamente.

— Sou cheio de surpresas, Darcy — Bebeu o resto de sua


bebida e olhou-me com expectativa. Eu queria discutir, mas
havia um olhar diabólico em seu rosto, como uma criança
travessa. Peguei minha bebida e bebi o mais rápido que pude.
O refrigerante e uísque misturaram na minha barriga,
aquecendo-me e congelando minha cabeça. Senti-me um
pouco confusa e feliz.

— Veja, isso é o que eu pensava. — comentou.

Ele nos pediu mais duas bebidas, e tive a sensação que


eu já sabia onde estava indo a noite.
Passamos as próximas duas horas ficando bêbados
lentamente juntos. Ele não parecia estar com pressa, mas não
estava exatamente pegando leve com as bebidas. Fiz-lhe
perguntas, e às vezes ele respondeu. Na maior parte, falou
sobre as pessoas no bar. Contou-me sobre Jimmy Jay, como
ele perdeu seu olho na guerra do Vietnã e sobre Tadd. Ele
nunca entrou em detalhes, mas falava muito sobre 'empregos'
e 'tarefas'. Manteve tudo vago e misterioso, e sempre que tentei
pressionar para obter mais informações sobre ele, ignorou-me,
ou mudou de assunto. Eu estava ficando frustrada, e bêbada.

Pedimos mais bebidas, depois que o garçom colocou-as


na nossa frente e foi embora, deixei cair a minha mão na coxa
dele. Eu podia sentir o tecido espesso de seu jeans e os
músculos da perna poderosos, sólidos. Ele soltou um pequeno
rosnado e olhou para mim, seus olhos de repente cheios de
uma paixão que eu não tinha visto nele ainda.

— Você é uma garota sexy, Darcy. — ele disse em voz


baixa. Eu tinha que inclinar-me para ouvi-lo.

— Acha? — Perguntei, tentando mostrar calma.


Interiormente, senti minha excitação crescer.
— E acho que você sabe, também. — ele respondeu, seu
sorriso voltando.

Fui afastar a minha mão, mas cobriu-a com a sua antes


que pudesse me mover. Ele era rápido, e sua mão grande
engoliu a minha. Sua pele era calejada e dura, como se
estivesse acostumado com trabalhos manuais, e os nós dos
dedos dele pareciam vermelhos e machucados. Meus olhos se
arregalaram um pouco quando olhei para os seus ferimentos.
Seu sorriso se transformou em um sorriso manhoso.

— Eu não disse que você deveria parar — ele sussurrou.

— O que aconteceu com a sua mão? — Perguntei, não


sabendo mais o que dizer.

Ele sorriu largo.

— Venha comigo.

— Onde vamos?

Ficou parado, ainda segurando minha mão. Ele assentiu


com a cabeça ao barman, que acenou de volta. Começou a
levar-me pela mão em direção a parte traseira do bar, passou
as mesas de bilhar e dirigiu-me para o banheiro.

— Onde vamos? — Perguntei novamente. Ele olhou para


trás e resmungou, sério, seu rosto e os olhos cheios de paixão.
Eu sabia que provavelmente deveria impedi-lo, mas não havia
uma única parte de mim que queria voltar atrás.
Ele puxou-me numa esquina e empurrou a porta do
banheiro aberta. Havia um cara lavando as mãos na pia
quando Rex puxou-me para o cômodo.

— Saia — Rex disse para o cara. Houve uma batida, e


então o cara acenou com a cabeça e nos deixou. Fiquei chocada
com sua audácia, mas também com a rapidez do cara em
obedecer. Havia algo magnético sobre Rex que exigia que você
ouvisse o que ele tinha a dizer. Se ele decidisse dizer algo, pelo
menos.

Rex sorriu para mim. Podia sentir seu calor e proximidade


no pequeno espaço. Ele apertou seu corpo contra o meu, suas
mãos na minha cintura. Eu podia sentir seus músculos
através de sua camisa e cheirar o suor na pele. Era doce e
almiscarado, e fez-me ficar quente e animada com seu toque.
Ele inclinou-se para frente, e antes que eu pudesse falar, ele
beijou-me. Os lábios dele moveram-se suavemente primeiro,
depois de um momento seu beijo ficou duro e faminto, com a
boca aberta e sua língua áspera contra a minha. Senti-me
derreter, seu corpo forte, duro e enorme contra o meu.

Ele beijou-me contra a pia durante meio minuto, as mãos


dele embrulhando firmemente na minha cintura, e passei
meus dedos pelo seu cabelo grosso. Afastou-se e em seguida
empurrou-me em direção a uma cabine. Abri a porta,
sobrecarregada com a emoção, e ele seguiu-me, fechando a
porta atrás de nós. Ficamos pressionados juntos na cabine, o
pequeno espaço forçando nossos corpos em contato, ele
colocou as mãos na parede logo acima dos meus ombros.
Encurralada, ele sorriu para mim.

— Faz isso com todas as garotas? — Perguntei sem


fôlego.

— Só as mimadas. — respondeu.

Agarrei sua cabeça e beijei-o duro como castigo, nossos


lábios esmagados juntos, e ouvi-o gemer sua aprovação. Senti
que estava morrendo de fome por ele, minha boca trabalhava
contra a dele enquanto minhas mãos percorriam seu peito
musculoso e abdômen. Eu encontrei o botão sobre o zíper e
abri-o, puxando o zíper para baixo.

Ele puxou para trás de mim e empurrou meus ombros


contra o estande. Seu corpo achatado contra o meu, fixando-
me com seu calor. Eu podia sentir seu pau duro contra a coxa,
e fiquei surpresa com sua grossura e tamanho.

— Calma, menina mimada. — ele rosnou para mim, os


olhos verdes profundos cheios de desejo.

— Você não parece ser do tipo lento — respondi.

Os lábios dele encontraram meu pescoço e lentamente ele


beijou todo o trajeto em direção a minha orelha. Eu joguei
minha cabeça para trás, saboreando seu toque e a sensação
de formigamento que atropelou minha pele.

— Você não me conhece — sussurrou. Eu puxei meu


rosto e olhei nos olhos dele.
— Quer que eu faça? — perguntei.

Houve um momento onde pensei que ele poderia


responder. O que ele poderia ter dito flutuava entre nós, as
possibilidades de crescimento em todas as direções, mas o
silêncio esticou-se. Em vez disso, ele se inclinou para frente e
beijou-me levemente mais uma vez, depois mais forte. Senti
suas mãos tocarem minha bunda forçando meu monte
molhado contra sua virilha. Eu tremia com o prazer enviado
através de minhas roupas e nossas bocas.

Nunca fiz nada assim antes. Ele parecia muito mais à


vontade em curtir em um banheiro do que eu estava, e não
pude deixar de pensar que ele fez isso antes. Sua mão direita
percorria pelo meu corpo e entrou no meu short. Senti os dedos
dele ásperos esfregarem minha fenda encharcada sobre minha
calcinha inútil, e ele rosnou novamente no meu ouvido.

— Molhada já, Srta. Mimada. — comentou. Deixei


escapar um pequeno gemido quando dedos experientes
trabalharam meu lugar, enviando ondas de prazer pela minha
espinha. Os lábios dele encontraram meu pescoço e garganta
novamente, e passei meus dedos pelo seu cabelo grosso. Não
consegui pensar em nada além de seu corpo, e o quanto eu
queria que ele me levasse. Naquele momento, sabia que eu
faria qualquer coisa por ele e o deixaria fazer tudo comigo.
Estava derretendo no seu abraço, perdendo-me, e amei cada
segundo.
Estendi minha mão e agarrei seu pau por cima da calça
jeans. Eu podia sentir o quanto ele era enorme e soltei outro
pequeno gemido. Esfreguei o seu comprimento, saboreando a
espessura e o tamanho, e ele gemeu.

De repente, a porta do banheiro voou aberta e bateu


contra a parede com um grande estrondo. Paramos
imediatamente, e sua cabeça virou na direção do intruso.

— Vai à merda. — ele disse em voz alta.

— Rex, é Clutch. Você tem um trabalho. — veio a


resposta. A voz era profunda e grave. Rex soltou sua mão do
meu shorts e desembaraçou nossos corpos.

— Neste segundo? — ele perguntou.

— Neste momento. Um minuto, se recomponha, então


nos encontre lá atrás. — Fechou a porta do banheiro, e o
intruso se foi.

Olhei para Rex, e ele soltou uma maldição tranquila.


Fechou o zíper e abotoou as calças, em seguida, abriu a porta
da cabine.

— Desculpe, mas tenho que ir. — comentou.

Não pude acreditar. Ele estava falando sério?

— Você precisa ir bem neste segundo?

— Sinto muito. Não é o tipo de trabalho a quem se pode


dizer não.
Uau. Que completo idiota. Olhei para ele com a boca
aberta, pela emoção e desejo e pior que ele estava prestes a me
deixar.

Ele caminhou até a pia e espirrou um pouco de água no


rosto, enquanto me recompus. Não podia acreditar que ele
estava parando, meu corpo estava ainda ligado. Não conseguia
decidir se eu queria batê-lo ou beijá-lo novamente.

— Bem, você voltará? — perguntei, não sabendo mais o


que fazer.

Ele virou-se e olhou para mim. Seus olhos ainda estavam


cheios de paixão, mas também havia uma tristeza em seu olhar
que eu não entendia.

— Você parece legal. Tive um bom momento. Mas deve


sair daqui e nunca mais olhar para trás. Isto não é o tipo de
lugar para alguém como você. — Ele estava começando a soar
como um disco quebrado e isso irritou-me um pouco.

Balancei minha cabeça, irritada.

— Pare de dizer isso. Como sabe que eu quero me


envolver com você, afinal?

Ele estava quieto por um segundo.

— Acho que não.


— Ok, então. Você deve pegar o meu número. Se você
quiser fazer isto outra vez, me ligue. Caso contrário, boa sorte
eu acho.

Ele soltou um suspiro, e percebi que estava em conflito.


Ele não parecia ser o tipo de homem que tem segundas
intenções, mas algo o estava incomodando. Ele certamente foi
decisivo quando me levou para o banheiro há alguns minutos.
Ficou claro que com a perspectiva do próximo trabalho, ele
mudou para uma mentalidade completamente diferente.

— Tudo bem — respondeu, então cavou do bolso o


telefone mais antigo que eu nunca tinha visto. Ele me
entregou, e eu quase ri.

— O que, essa coisa é de 2002? — Perguntei.

Ele sorriu.

— Provavelmente, mas funciona. Tem um problema,


menina mimada?

— Idiota — respondi, enquanto digitei meu número em


seus contatos. Quando terminei, devolvi a ele. Colocou-o em
seu bolso.

— Talvez eu te telefone. — ele disse. Dei um sorriso


manhoso e dei de ombros.

— Ligue ou não, o que quiser.


Ele sorriu, e senti-me derreter novamente. Havia algo
escuro e fascinante sobre ele, e percebi que era exatamente o
que eu precisava. Estava faltando na minha vida, algo como a
adrenalina. Ele virou-se e abriu a porta do banheiro e segurou-
a para mim enquanto eu passava. Voltamos para a sala
principal, e notei que o bar tinha esvaziado consideravelmente.
Foi um pouco estranho entrar no espaço vazio, mas eu não
pensei demais.

— Vá em segurança. — ele disse.

Olhei para ele, mas não queria deixa-lo.

— Sim, boa sorte com seu trabalho.

Ele assentiu com a cabeça, depois virou-se e caminhou


em direção ao banheiro. Ele empurrou, passou por uma porta
de saída de emergência e se foi.

Fiquei olhando para fora no espaço vazio por parte de um


segundo, então caminhei em direção à porta da frente, abri e
saí. Tive calafrios e arrepios no meu corpo todo, e percebi que
senti-me mais viva do que havia sentido há muito tempo.
No meu apartamento, meu pulso ainda estava acelerado
com as lembranças das mãos do Rex na minha cintura, olhei
para meu corpo em um espelho de corpo inteiro e me perguntei
o que ele viu. Sabia que ele gostou do meu corpo, meus peitos,
pernas e bunda e eu tinha certeza de que ele gostava de meus
longos cabelos loiros. Mas ficava me chamando de fresca e
mimada, e não conseguia entender o porquê. Eu não estava
exatamente vestindo Prada ou falando com um sotaque
britânico a noite toda. Ainda assim, ele viu através de mim.

Mesmo que meus pais tenham perdido todo o dinheiro,


era verdade que tive uma infância rica. Escolas particulares,
casa grande, estábulo de cavalos, a criação de classe alta todo
clichê. Eu até mesmo tive uma babá quando eu era mais
jovem. Tudo mudou, é claro, quando meu pai foi preso por
desviar de sua empresa e minha mãe fugiu para a Florida em
desgraça.

Desde aquele dia, quando os federais vieram, os


prenderam e levaram nossa casa e todas as nossas posses, eu
jurei nunca viver como eles. Fui para a escola pública e ganhei
uma bolsa de estudos na Universidade de Columbia. Tudo o
que eu possuía foi por meio do trabalho, pago por mim e mais
ninguém. Era libertador saber que eu não devia nada a
ninguém, que eu era minha própria pessoa. Mesmo assim, não
podia apagar o espectro dos meus pais, e a maneira que me
criaram deve ter ficado mais do que eu imaginava.

À meia-noite, meu telefone tocou. Verifiquei quem


chamava e era Amy. Deslizei para a direita e respondi.

— O que é Amy? — Senti-me um pouco preocupada.

— Ei, Darcy, você está bem?

— Estou bem, garoto, porque está ligando tão tarde?

— Recebi sua mensagem. Queria ter certeza que chegou


em casa a salvo.

Eu ri. Tinha esquecido completamente o texto.

— Obrigada, mas estou bem. Em casa sã e salva.

— Ótimo, como foi?

Não tinha certeza sobre o quanto podia dizer-lhe. Ela era


minha melhor amiga, mas às vezes também não aprovou a
forma como vivi. Não entendia como era para a maioria das
pessoas neste mundo. Ela teve sorte e achou um perfeito rico,
como futuro marido, enquanto o resto de nós tem que
trabalhar duro por cada pedaço. Independentemente disso, eu
estava desesperada para compartilhar sobre Rex, mas tinha
que ser cuidadosa sobre o quanto dizer a ela. Não quero que
me entenda mal.

— Foi muito bom. Eu conheci um cara.


— Ah sim? Outro cara? — Podia sentir o sarcasmo no
tom de Amy.

— Este é diferente, Amy. Seu nome é Rex e ele não é como


os habituais idiotas que eu namoro.

Houve uma breve pausa na sua extremidade.

— Você disse que o nome dele é Rex?

— Sim, por quê?

— É só um nome estranho. — ela disse, mas poderia dizer


que algo não estava encaixando.

— O que houve?

— Lembra-se de como conheci Shane? — Ela falou


devagar.

Claro que me lembro. Foi a história mais estranha do


mundo. Quando Amy era só mais uma garota anônima,
trabalhando durante o dia e codificando seu app à noite,
convenci Amy a se inscrever para um site de namoro chamado
Palito de Fósforo. Foi como ela conheceu Shane, ele usou um
nome falso no início. Só quando sua empresa comprou seu app
que eles perceberam que tinham trocado "mensagem de sexo”
um com o outro nos últimos dias.

— Devo me lembrar de uma história de conto de fadas


sobre um aleatório namoro on-line. — disse, brincando.
— Bem, o nome que ele usou originalmente era Rex Blue.

— Huh. Isso é bem estranho. — Eu não sabia o que


significava. Rex era um nome bastante incomum. Tanto
quanto eu sabia, os dois homens eram os únicos no mundo,
que o usavam, embora isso não podia ser verdade.

— Eu sei. Provavelmente uma coincidência, mas ainda


estranho. — disse Amy, ainda sussurrando.

Eu ri.

— Estamos namorando o mesmo cara?

— Espero que não, desde que ele não deixou minha vista
toda a noite.

— Ah bruta, não preciso ouvir isso.

Amy riu.

— Não foi isso que quis dizer.

— Qualquer coisa garota. Vou para a cama.

— Tudo bem. Durma bem, Darcy. Vejo você amanhã.

— Boa noite, Amy. — respondi, em seguida, desliguei.

Afastei-me do espelho e sentei no sofá. Na maior parte,


tive sorte. Tive uma infância relativamente fácil, e fui
abençoada com uma aparência decente. Eu tinha estado com
o meu quinhão de caras ao longo dos anos. Mas de todos
aqueles homens, nunca tive um relacionamento que durou
mais que alguns meses, e estava começando a ansiar por
companheirismo mais a longo prazo. Talvez dando uns
amassos com um estranho perigoso em um banheiro não era
a melhor maneira de se apaixonar, mas pelo menos eu estava
tentando.

Liguei a televisão, embrulhei-me num cobertor e joguei-


me na frente de uma porcaria de reality show. Pensei sobre a
maneira que suas mãos percorriam meu corpo, seus
músculos. Eu esperava que ligasse, mas não tinha certeza
porquê. Ele provavelmente não era o tipo que tinha um
relacionamento sério, mas eu queria descobrir.

Na manhã seguinte, me sentia como merda. Eu fiquei


acordada até muito tarde e bebi demais, e estava pagando por
isso com facadas no trabalho. Amontoei-me na minha cadeira
e tentei ficar invisível quando Marissa zombou sobre conservas
de animais selvagens ou algo assim. Eu estava além da ressaca
até mesmo para experimentar lidar com ela.

Rex não me enviou uma mensagem, embora eu não


esperasse que fizesse. Havia algo estranho sobre ele nos
últimos minutos, como se ele estivesse com medo de algo. Eu
poderia dizer que sua mente estava em outro lugar, mesmo
que a minha estava firmemente fechada em seu corpo
esculpido. Na verdade, minha mente estava firmemente presa
em seus lábios carnudos desde que eu o deixei. Ele
definitivamente era um babaca arrogante, tranquilo, mas eu
encontrei-me poderosamente atraída por ele.

Antes que também pudesse perder-me em devaneios, meu


telefone tocou. Gemi com o barulho e então respondi.

— Darcy Thatcher falando. — Eu esperava que fosse Amy


oferecendo uma cura mágica para a minha dor de cabeça.

— Darcy, é Janice. Tem uns minutos para se encontrar


com Shane? — Janice era a assistente pessoal do Shane Green
e uma garota incrível. Eles aparentemente eram bons amigos,
pelo menos de acordo com Amy, mas ninguém sabia disso e
não agiam como qualquer coisa que não sejam sócios no
trabalho.

— Claro que sim, quando?

— Agora, se você estiver disponível.

— Estou a caminho.

— Obrigada, ele está te esperando. — Ela desligou.

Não fui convidada para o escritório do Shane desde que


eu comecei na Adstringo. A maioria dos novos contratados era
apresentado à Shane , apesar de quão notoriamente privado
ele era. Ele raramente se envolvia em qualquer conversa de
associado que não fosse sobre trabalho, e ninguém sabia
muito sobre sua vida pessoal. Sempre que eu tentava arrancar
alguma coisa dele de Amy, ela dizia-me que ele prefere que as
pessoas não saibam detalhes sobre a vida dele e descarta-o.
Ele era frustrantemente enigmático, mas também frio e
distante. Eu entendi o que a Amy viu nele, mas ele não era
exatamente meu tipo.

Eu estava mais para o sangue quente, selvagem e tipo


idiota de homem, aparentemente.

Fechei meu laptop, tirei da tomada e transitei para o


escritório do Shane. Não sabia o que ele queria, então achei
que seria bom estar preparada. Quando cheguei mais perto,
Janice sorriu e deu-me um aceno de sua mesa fora do
escritório do Shane.

— Entre. — ela disse.

— Obrigada — respondi e abri a porta.

Dentro, o escritório dele era simples. Fiquei surpresa em


como novo, vazio e limpo pareceu. Havia uma mesa com
cadeiras, prateleiras com livros, armários e a escrivaninha do
Shane. Quando entrei, ele fez um gesto para sentar-me em
uma cadeira de frente para ele. Para um bilionário, ele era
chocantemente espartano em seus gostos.

— Ei, Sr. Green. — Eu disse e sorri.

— Oi, Darcy, como está?


— Muito bem. — sentei e olhei para ele com expectativa.

Ele limpou a garganta e parecia desconfortável.

— Bem, Darcy, isso não é exatamente uma reunião de


negócios. Então me chame Shane por agora, se isso estiver
bem.

— Claro, Shane. O que está acontecendo? Há algo com


Amy?

Ele parecia um pouco surpreso.

— Não, a Amy está bem. É sobre você que eu quero falar.

Isso foi surpreendente. Mesmo que ele estava


comprometido com minha melhor amiga, ele mal tinha
mostrado qualquer interesse em mim, além do que era
esperado. Amy disse que ele era apenas difícil de se conhecer,
mas tive a sensação que estava ocupado.

— Ok, desembucha. Que houve?

Ele parecia desconfortável novamente.

— Está saindo com um homem chamado Rex?

Eu ri.

— Acho que sim, mais ou menos. Não é bem saindo.


Presumo que Amy lhe disse.

Ele assentiu.
— Sim, ela me disse. O Rex gasta tempo em um certo bar
chamado Drake?

Isso me deu uma pausa. Não era incomum ele saber o


nome Rex, mas como ele sabia do Drake? Lembrei então quão
esquisito e estranho Rex tinha agido quando mencionei Shane
no outro dia.

— Sim, ele trabalha. Você o conhece? — Não vejo como


poderiam, mas era a única explicação que encontrei.

— Sim, em um sentido. — Ele parecia incrivelmente


incomodado, como se a conversa estivesse causando um
desconforto físico real.

— Uau, isso é uma coincidência louca. — Eu não sabia


mais o que dizer. Esperei por ele continuar.

— Darcy, você não devia vê-lo. Rex Latour é um mau


negócio. Muito ruim. Ele não é o tipo de homem que você quer
se envolver. — Shane parecia sério enquanto falava, os olhos
claros e amplos.

Meus olhos se estreitaram. Shane Green me dando


conselhos sobre namorados?

— Não sei como isso é da sua conta. — disse lentamente.

— Não é. E eu nunca teria essa conversa, se você não


fosse uma pessoa importante para Amy. Só estou cuidando de
você aqui, espero que acredite em mim. — segurou suas mãos
num gesto conciliatório.
— Entendo que suas intenções são boas, mas eu sou
adulta, Shane. Faço minhas próprias escolhas.

— É claro. É claro. Mas esta é a última coisa que direi,


eu conheço Rex Latour. Ele era um amigo do meu irmão,
quando meu irmão estava envolvido em coisas horríveis. Rex
tem uma reputação violenta. Acho que você deveria ficar longe
dele.

O que ele quis dizer com uma reputação violenta? Vi o


jeito que ele lutou contra esses caras, mas além disso parecia
inofensivo. Eu sabia que era muito intenso, a maneira que
derrubou aqueles dois caras, mas alguma coisa me atraiu em
direção a ele. Tive a impressão de que Rex pode ser perigoso,
mas ele não era perigoso para mim.

— Agradeço sua preocupação, Shane. — Eu poderia dizer


que esta conversa foi difícil para ele. Foi o máximo que tinha
falado sem Amy perto desde que me mudei para a cidade, eu
percebi. Não saio com Amy e Shane, principalmente porque
eles não saem, tanto quanto eu sabia. Ele evitava a atenção do
público para um grau de loucura e odiava falar sobre sua vida
pessoal. Percebi que nem mesmo sabia que ele tinha um irmão,
muito menos um irmão que estava envolvido em atividades
ilegais. Duvidei que alguém soubesse além de seus amigos
mais próximos e família. Fiz mentalmente uma nota para pegar
mais leve com ele no futuro. Ele claramente amava Amy e saiu
da sua zona de conforto para proteger alguém que se
importasse.
Ele assentiu.

— Isso é tudo o que eu queria dizer.

— Diga a Amy que agradeço por sua preocupação. —


Levantei-me e sai.

— Direi isso a ela — ele respondeu e sorriu. Eu poderia


dizer que ele estava aliviado.

Sorri de volta e então sai do escritório. Janice estava


falando ao telefone, quando passei, mas ela me deu um ligeiro
aceno. Caminhei rapidamente até minha mesa, minha cabeça
fervilhando com ideias e pensamentos conflitantes. Estava de
ressaca, mal me segurando e certamente não em qualquer
estado para processar toda essa informação. Enterrei minha
cabeça nas minhas mãos quando Marissa voltou para
qualquer história que tinha dito antes de me levantar e sair.
Esse seria um dia longo.
Dois dias depois, um sábado à tarde, e eu estava
passando o dia no sofá. Minha conversa com o Shane
continuou repetindo na minha mente, mais e mais. Ele parecia
genuinamente preocupado comigo, embora incrivelmente
desconfortável. Eu realmente não conhecia Shane , mas seu
alerta parecia sincero e continuou a tocar nos meus ouvidos.
Rex Latour é um homem violento. Fique longe de Rex Latour.
Suspirei e olhei pela janela.

Antes que pudesse cair muito fundo em outro devaneio,


meu telefone tocou. Peguei-o e segurei-o na minha orelha.

— Alô?

— Darcy, é Amy. Como está?

— Não muito bem, garoto, como você está?

— Estou bem. Ouvi que Shane falou com você.

Eu ri.

— Sim, ele me deu uma dica.

— Desculpe-me. A sério, não contei para ele fazer isso.


Eu só descobri sobre isso hoje.
— Sim, bem, eu poderia ter te contado antes, mas tem
andado longe do trabalho.

Amy suspirou.

— Eu sei. Tenho estado ocupada com o novo lançamento


do app, ainda não tive tempo para nada.

— Qualquer um além de Shane.

— Eu sei, fui uma péssima amiga. Vamos jantar esta


noite?

Ultimamente, minha relação com a Amy tinha sido tensa.


Éramos melhores amigas, irmãs mesmo, mas o trabalho dela
e seu novo relacionamento consumiam todo seu tempo e mal
tivemos tempo de nos ver. Isso funcionou bem quando eu
morava em uma cidade diferente, mas nós não tínhamos mais
desculpa para não nos vermos. Sabia quão ocupada estava
porque trabalhei no seu app, mas eu também sabia que ela
poderia ter delegado parte da responsabilidade. Amy era uma
pessoa muito especial e gostava de micro gestão tanto quanto
possível.

— Sim, definitivamente. — Respondi. Eu precisava ser


mais compreensiva, e ela pelo menos estava tentando.

— Eu te buscarei às sete. Por minha conta — ela disse.

— Comida de graça? Parece bom para mim.

Ela riu.
— Pensei que diria isso. De qualquer forma, me conte
mais sobre esse Rex.

— Não há muito mais a dizer, eu acho. Ele não é meu


tipo normal.

— Oh não? Não o chapéu e terno com colarinho?


Nenhum fundo fiduciário?

Eu ri, imaginando meu último namorado. Ele era um


idiota típico nova-iorquino esnobe. Veio de um contexto rico,
como eu, mas seus pais nunca perderam o dinheiro. Não
durou muito tempo.

— Nada como isso. Ele é alto, muitos músculos, robusto.


Coberto de tatuagens. Um pouco assustador realmente.

Houve uma pausa na outra extremidade.

— Muito assustador, de acordo com Shane. — disse Amy.

— Não comece. Você sabe que sei me cuidar.

Ela suspirou.

— Eu sei que você pode. Só tome cuidado.

— Ele é um cachorro grande. Cão que ladra e não morde.


Mas Deus, esses músculos.

— Entendo — disse Amy, rindo.


Esta foi provavelmente a conversa mais confortável que
tivemos em semanas. Senti falta dela, se eu fosse honesta
comigo mesma. Não tinha me mudado para a Filadélfia para
estar perto dela, mas isso definitivamente foi um grande
bônus. Não tive quaisquer outros bons amigos na cidade, e sua
distância dificultou as coisas. Eventualmente, nossa conversa
morreu, e eu prometi que a veria mais tarde.

Fiquei no sofá novamente e olhei para a TV. Assisti um


reality show sobre lutadoras, e não pude deixar de refletir como
o tempo diante de uma câmera pode transformar uma pessoa
perfeitamente normal em insana. Amy estava passando por
algo assim. O namorado rico e famoso era recluso, mas ainda
havia paparazzi perseguindo todos os seus movimentos. Eu
sabia que não poderia julgá-la muito duramente. Não havia
nenhuma maneira real para eu entender o que ela estava
passando e um monte que ela não podia falar por causa de
privacidade obsessiva do Shane. Eu sabia que ele era bom para
ela, mas às vezes pensei que ele era uma linha reta até idiota.
Era bastante controlador, embora Amy dissesse que ela não se
importava nem um pouco.

Quando uma garota ruiva amazona entrou no ringue com


uma miúda inglesa pálida, meu telefone tocou novamente.
Verifiquei a tela, e era um texto de um número que não
reconheci. Curiosa, levantei a tela e li-a.

— Ei menina mimada, venha para o Drake esta noite. —


Foi tudo o que ele disse. Mas eu sabia exatamente quem era.
Uma emoção percorreu minha barriga e espinha como a
memória dele voltou com força total: perigoso Rex Latour e
seus olhos sonhadores verdes.

Realmente queria vê-lo novamente? Shane e Amy, ambos,


pareciam pensar que eu deveria ficar longe dele, e havia a
pequena questão de ele bater nos dois caras na primeira noite
que nos conhecemos. Ainda assim, na segunda vez, ele foi
calmo e gentil, e um pouco taciturno e silencioso. Também
havia a pequena questão de quão gostoso ele era, e o quanto
eu queria correr minha língua ao longo do abdômen dele. E
talvez eu precisasse de um homem violento, perigoso na minha
vida. Pelo menos ele era algo novo.

Mordi meu lábio inferior, em seguida, digitei de volta.

—Talvez. — Eu apertei 'enviar'. Não sabia mais o que


dizer.

— Muito boa para mim agora, eu entendi. — ele mandou


de volta. Sorri para mim mesma e percebi que não me sentia
animada por mandar mensagens de texto para alguém há
muito tempo.

— Eu sempre fui muito boa para você. — mandei de volta.

— Não como parecia no banheiro. — A memória do seu


corpo pressionado contra o meu, do seu enorme pau duro
esforçando contra o short, deixou minha respiração pesada.

— Momento de fraqueza.

— Você que sabe. Estarei lá, se você mudar de ideia.


Deixei nossas mensagens lá. Senti uma emoção correr por
mim. Sabia que tinha planos com a Amy, mas ela estava
sempre me deixando de lado. Tinha todo o direito de adiar
nosso encontro uma noite ou duas se eu quisesse. Além disso,
ele estava vindo atrás de mim.

Como poderia dizer não?

Amy não parecia chateada quando eu lhe disse que tive


que adiar nosso encontro. Remarcamos para um café no dia
seguinte e preparei-me para ver Rex. Não sabia o que esperar;
já havíamos quase feito em um banheiro, mas ainda mal o
conhecia. Vesti short jeans curto, cintura alta e uma antiga
camisa de banda. Eu não quero me vestir demais, terminei a
roupa com sandálias gladiadoras.

Eu mal podia conter minha animação quando fui em


direção ao Drake. Peguei um táxi fora do meu apartamento e
eles que me deixar dois quarteirões longe do bar. Não quero
que Rex me veja saindo de um táxi e tenha mais munição para
suas piadas “menina mimada”.

A noite estava fria, mas confortável. Coloquei minhas


mãos nos bolsos enquanto caminhava e imaginava no que
estava me metendo. Músculos do Rex vieram à mente
imediatamente, sua mandíbula forte e os olhos e a maneira
que ele resmungou em perguntas que ele não queria
responder. Havia algo magnético sobre ele que não conseguia
explicar.

Não havia ninguém fora do Drake, mas música derramava


das janelas escuras. Era uma música country que não
reconheci, ri para mim mesma como clichê era este bar por
tocar country ruim. Abri a porta e senti o ar interno mais
quente por cima de mim.

Dentro, o lugar era tão escuro e esfumaçado como da


última vez. Estava um pouco cheio, embora ainda era apenas
nove num sábado à noite. Observei as mesas de bilhar e
cabines, até que avistei Rex sentado sozinho no bar, no mesmo
lugar que sentei na última vez.

Atravessei a sala e vim por trás

— Ei, estranho. — Eu disse por causa da música.

Rex estava usando outra camisa preta justa e o mesmo


short rasgado. Ele virou olhando para mim, em seu rosto um
sorriso diabólico. Soltei um pequeno suspiro, quando vi o olho
preto e o vermelho fresco cortado ao longo de sua sobrancelha
direita.

— Oi, garota mimada. — respondeu.

Eu queria alcançar e tocar seu rosto, mas me contive.

— O que aconteceu? — perguntei.


Seu sorriso se transformou em um sorriso debochado.

— O que, isso? Cai da escada.

— Sério, parece ruim. Você está bem?

Ele acenou com a mão, dispensando a minha


preocupação.

— Estou bem. Sente-se. — disse e virou-se de volta para


sua bebida. Tomei o assento ao lado dele, e ele pediu um
uísque e Coca-Cola ao barman. Fiquei impressionada por ele
ter se lembrado.

— Sério, esse olho parece ruim. O que aconteceu? —


Senti-me mal de pressioná-lo, mas ele parecia seriamente
ferido. Notei que ambas as mãos estavam embrulhadas em
ataduras brancas.

— Não é nada. Parte do meu trabalho.

— Pensei que trabalhava aqui, no bar?

Ele me deu um olhar de lado que não podia ler.

— Sim, de certa forma.

— Pare de ser tão misterioso.

Ele deu seu sorriso perverso novamente.


— Não posso evitar. Pegue a sua bebida. — O garçom
colocou o copo na minha frente e assentiu com a cabeça para
Rex.

Levantei o copo para os meus lábios e provei. Ele


derrubou a cerveja dele e fez um gesto para outra.

— Qual é o seu trabalho, então? Parar carros com seu


rosto?

— Não carros. Caminhões. É difícil, mas paga bem.

Eu ri.

— Sim, embora não pareça valer a pena.

Ele não reagiu quando sua nova cerveja foi colocada na


frente dele. Pegou e bebeu metade em dois grandes goles.
Houve uma curta pausa em nossa conversa... quando minha
mente percorreu as possibilidades. Ele conseguiu outra briga
desde a última vez que o vi? Talvez fosse realmente muito
perigoso para mim, muito violento. Tive que admitir que o olho
roxo e punhos nas vantagens me aterrorizava, mas também
me emocionou.

Ele me deu um outro olhar.

— Você joga bilhar?

Tive um ex que jogava muito bem, e ele tentou me ensinar


uma vez. Eu era terrível.

— Sim, melhor do que você, aposto.


— Oh, você acha? Quer torná-lo interessante, então?

Dei de ombros, levando numa boa.

— O que tem em mente?

Ele pensou por um segundo.

— O vencedor poderá pedir um favor ao perdedor.

— Que tipo de favor?

— Qualquer tipo de favor que quiser.

Minha mente rodou com as possibilidades.

— Tudo bem, então, estou dentro.

Rex sorriu, pegou sua cerveja e então levantou-se. Peguei


minha bebida e segui-o. Acabamos de passar a pequena
multidão, voltando para as mesas de bilhar, e colocamos
nossas bebidas em uma borda lateral embutida na parede. Ele
escolheu dois tacos e arrumou as bolas. Assisti-o e fiquei
impressionada com quão precisos e suaves seus movimentos
eram. Sabia que eu estava prestes a perder, mas não me
importei. Notei que ele aliviava um de seus lados, como se suas
costelas estivessem incomodando, perguntei-me então que
outras lesões tinha que não conseguia ver, e o que tinha
acontecido com ele.

— Você pode desistir. — ele ofereceu. Balancei minha


cabeça.
— Só os perdedores desistem. — respondi. Ele riu e
alinhou o taco. Fez alguns movimentos curtos de teste e depois
bateu com o taco na pilha, bolas voando por toda parte. Ele
obviamente sabia o que estava fazendo, e uma bola caiu em
um buraco lateral.

— As suas são as listradas. — ele disse, alinhando sua


próxima jogada. Assisti-o por alguns minutos, seus cuidadosos
movimentos, tiros precisos, fiquei impressionada. Parte de
mim queria saber que tipo de favor ele pediria. Finalmente, ele
errou uma jogada e aproximei-me da mesa.

— Prepare-se para se surpreender. — disse. Ele


resmungou enquanto bebia sua cerveja. Alinhei um tiro com a
intenção de acertar uma bola listrada na caçapa do canto,
movimentei o taco algumas vezes, testando, e então bati com o
taco na bola errada, enviando-a a dispersar toda a tabela. Ele
riu alto.

— Isso é alguma séria habilidade. — ele comentou.

Dei de ombros e movi-me enquanto ele alinhou seu tiro.

— Só estou enganando você.

Jogamos assim nos próximos quinze minutos. Acertei


algumas bolas, mas o jogo foi ganho, após o primeiro intervalo.
Ele afundou a bola oito, apesar de minha provocação e
tentativas de distraí-lo. Quando a bola final rolou no buraco,
ele olhou-me com um sorriso.
— Parece que eu sou o vencedor.

— De alguma forma acho que você roubou.

Ele fingiu ser insultado.

— Eu nunca te enganaria na mesa.

— Bem, você venceu. Justo. Qual é seu favor?

Ele se aproximou de mim e envolveu o braço na minha


cintura, segurando o taco de bilhar no outro. Coloquei minhas
mãos em seu peito, o coração martelando. Olhei em seus olhos
verdes profundos, e ele olhou com uma cara séria. Eu esperava
algo sujo. Realmente esperava algo sujo. Eu precisava de algo
sujo, seu corpo duro pressionado contra o meu. Um arrepio
correu através de mim.

— Ainda não decidi. — respondeu. Eu beijei o peito dele


e ri.

— Eu pensei que você diria outra coisa. — Senti-me


corar.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Tipo o quê?

Balancei minha cabeça, tentando esconder o meu


embaraço.

— Não importa. O dobro ou nada? — Eu disse.


Ele riu, e antes que pudesse dizer mais, pressionou seus
lábios contra os meus. No começo fiquei surpresa que me
beijou bem no meio do bar, mas rapidamente encontrei-me
derretendo em seu abraço. Senti seu braço apertar minha
cintura e puxar-me mais perto quando seus lábios se
separaram. A língua dele encontrou a minha, e um parafuso
de excitação correu para baixo no meu estômago e meu núcleo.
Senti-me selvagem com uma necessidade dolorida e esqueci
tudo sobre as pessoas nas proximidades. O beijo terminou tão
rápido como começou, e quando ele puxou de volta, pude ver
que seus olhos estavam tão cheios de paixão como os meus
estavam. Olhamo-nos assim por alguns momentos, antes de
me soltar e virar para tomar um gole profundo de sua cerveja.

— Dobro ou nada — ele disse depois de terminar.

Concordei, tentando me recompor.

— Tente. — Respondi.

— Você perderá. Mais uma vez. — Ele sorriu para mim.

— Eu te disse, que eu estou te enganando. Prepare-se


para ver minhas habilidades.

— Se você tem alguma habilidade, definitivamente não


está em jogar sinuca.

Que idiota. Ele estava certo, no entanto.

Moveu-se para colocar as bolas no triângulo, um silêncio


caiu sobre a sala. Ele olhou para cima do que estava fazendo
e depois fiquei confusa. Segui seu olhar em direção a porta da
frente e avistei um grupo de três pessoas. Todo mundo estava
quieto, e a maioria dos olhos estava sobre o líder do trio. Ele
era o mais alto, e seu cabelo era longo e preto. Tinha uma
cicatriz irregular que seguia sua bochecha, e seus olhos eram
tão castanhos que pareciam quase pretos. Estava vestido de
jeans e uma jaqueta de couro com uma camiseta branca por
baixo. Os outros dois pareciam quase idênticos; também eram
altos, largos, todos músculos e suas cabeças foram raspadas.
Usavam calções e blusas com capuz. Da esquerda era um
pouco mais baixo que o da direita, mas caso contrário, eram
indistinguíveis um do outro.

Olhei para trás para Rex e vi com curiosidade seu olhar


triste. Mudei-me mais perto para ele.

— Quem são esses caras? — Perguntei baixinho.

Ele olhou para mim, cara ilegível.

— Esse é o meu chefe e seu músculo usual.

— Ele é o dono do bar?

— Não exatamente. Ele é, mas não é assim que ele é meu


chefe.

Não sabia o que ele quis dizer e queria fazer mais


perguntas, mas ele já tinha voltado para as estantes das bolas.
A atmosfera na sala tinha começado a voltar ao normal, e o trio
foi para o bar. Pensei que era melhor não empurrar,
especialmente considerando o olhar no rosto do Rex, vi-o
acertando as bolas. Ele era uma máscara de concentração
séria.

O jogo foi muito parecido com o primeiro. Rex fez tacada


após tacada, e ajeitou para que fosse impossível fazer a bola ir
em linha reta. Foi muito mais silencioso e não fez piada quando
tentei distrair seus lances. Ainda sorriu e resmungou, mas
percebi que havia algo errado. Ele era um pouco mais frio e
distante. Quando acertou a bola final, ele sorriu para mim.

— Vencedor. — disse ele e abaixou seu taco sobre a mesa.

Andei em torno da mesa e fiquei perto dele.

— Você é o vencedor. Então qual é o prêmio?

Ele sorriu para mim e em seguida, tomou alguns passos


em direção a barra.

— Bebidas, esse é o meu prêmio.

Senti-me um pouco confusa. Não era a reação que


esperava.

— Bebidas, então. — disse e segui-o até uma cabine


vizinha.

Sentei-me em um lado.

— Uísque e Coca-Cola, por favor.

Ele olhou para mim com um sorriso perverso.


— Na verdade, garota mimada, creio que fui o vencedor.

Olhei para ele, não entendendo.

— Bebidas estão por sua conta. — ele disse, ainda


sorrindo.

— Oh, você é um idiota. — Comentei e ri. Levantei-me de


volta.

— O que você quer?

— Só uma cerveja. E seja rápida.

Dei-lhe um olhar de vai se foder e virei-me para ir embora.


Quando dei meu primeiro passo, ele bateu na minha bunda,
uma palmada firme na minha bochecha. Doeu um pouco, e eu
olhei de volta para ele. Ele estava com seu maior sorriso, e eu
só balancei minha cabeça. Queria fazer-me de ofendida, mas
tive que admitir que gostei.

— Idiota — eu disse enquanto me afastava.

No bar, pedi uma cerveja e um whisky e Coca-Cola. Fiquei


lá esperando as bebidas, braços cruzados olhando ao redor
para os outros bebedores, quando o homem com a cicatriz em
seu rosto chamou-me a atenção. Ele sorriu, mas olhei para
longe rapidamente, sentindo-me desconfortável. Não queria
chamar a atenção para mim. A mudança de Rex era palpável,
depois que ele entrou, e Rex tinha chamado o cara de seu
chefe. Quando fui olhar para trás, o homem de repente estava
perto, em pé nas proximidades. Quase morri de susto.
— Ei, coisa linda. — ele disse baixo. Sua voz era profunda
e rouca, como se ele tivesse fumado durante anos. Seu corpo
com cheiro de suor, e sua respiração era forte. Lutei contra a
minha vontade de fugir e forcei um sorriso.

— Oi — eu disse.

— Bem, não seja tímida. Nunca te vi aqui antes.

— Não venho normalmente. — Respondi, olhando para


minha bebida. O garçom estava servindo a cerveja.

— Qual é seu nome?

— Darcy — disse.

— Bem, Darcy, eu sou Michael. Este é o meu bar.

Olhei de volta para ele. O sorriso dele era enorme, mas


não tocou seus olhos escuros. De repente percebi que estava
como medo dele. Meu pulso acelerado.

— É um lugar legal. — disse.

Ele riu e então tossiu.

— Não, Darcy, não é legal. Mas obrigado por dizer isso.

Bati meu pé, nervosa e com medo. O garçom voltou com


a cerveja e começou a fazer meu uísque e Coca. Quem me dera
que ele se apressasse, assim eu poderia ficar longe do homem
assustador. Senti outros olhos sobre nós, assistindo. Não
respondi ao comentário de Michael, apenas sorri.
— Não fala muito, não é? Acho que você não precisa, com
esse corpo e rosto bonito. — Ele ainda estava sorrindo, mas
havia algo sinistro lá.

— Desculpa? — Eu disse.

— Sem querer ofender, querida, só uma declaração do


fato.

O barman terminou minha bebida e colocou-a na minha


frente. Cheguei em minha pequena bolsa para colocar algumas
notas no balcão.

— Não há necessidade para isso. — disse Michael. Ele


assentiu com a cabeça para o barman.

Eu olhei atrás para ele, desesperada e com medo.

— Não, está tudo bem, eu posso pagar.

Ele balançou a cabeça.

— Garotas bonitas como você não pagam no meu bar.

Antes que eu pudesse responder, senti outra pessoa


aparecer ao meu lado. Olhei para cima e foi Rex, seu rosto
sombrio e sério. Ele assentiu com a cabeça para Michael.

— Ei, Michael, como vai? — Rex disse.

— Rex, meu rapaz, está tudo bem. Conversando com esta


boa jovem. — Michael respondeu e bateu na parte de trás da
cabeça de Rex. Ele vacilou no seu toque, e eu senti a tensão
do seu corpo. Rex colocou o braço ao redor de meus ombros, o
rosto ainda cruel.

— Esta é Darcy — ele disse ao Michael.

A cara de Michael se transformou em uma carranca por


um breve segundo. Meu terror cravado, e a única coisa que me
impediu de fugir era o braço forte e presença reconfortante de
Rex. Eu sabia que estava segura, mesmo que Michael fosse
assustador. Com o momento esticado em território perigoso,
desajeitado, Michael de repente quebrou o silêncio por rir em
voz alta. O rosto do Rex relaxou, e algumas das tensões
deixaram seu corpo. Michael bateu na parte de trás da cabeça
de Rex novamente e fingiu que não houve um momento
constrangedor.

— Assim é, então. — ele disse e então virou-se e começou


a se afastar.

Olhei para o Rex. Seu rosto era uma máscara de raiva


sinistra. Escorreguei meu braço ao redor de sua cintura e senti
os músculos em seu corpo flexionarem sob meu toque.

Antes de Michael dar mais alguns passos, ele virou e


olhou para o Rex.

— Muito bem ontem à noite, a propósito. Continue assim.


— Ele assentiu com a cabeça e depois continuou se afastando.

Escorreguei meu braço longe de Rex e agarrei as bebidas


quando ele nos guiou de volta para a cabine. Uma vez lá,
sentamo-nos novamente, e ele virou a sua cerveja, terminando
tudo de uma vez. Bateu com o copo na mesa, e senti a tensão
drenar lentamente da sala.

Meu corpo tremia e meu coração estava acelerado. Percebi


que estava cheia de adrenalina. Bebi minha bebida, tentando
me acalmar. Parecia um momento tão inocente à primeira
vista, mas havia claramente uma áurea de violência e perigo.
Não percebi isso, mas o sentimento era claro.

— Desculpa. — Rex disse calmamente.

Balancei minha cabeça, incapaz de responder.

Os olhos dele encontraram os meus.

— Fique longe dele se você puder.

Balancei a cabeça. Eu definitivamente poderia seguir esse


conselho.

— O que ele quis dizer sobre o bom trabalho ontem à


noite? — Perguntei.

Rex se recostou na sua cadeira, suspirou e olhou para


outro lugar.

— Eu tinha um trabalho ontem à noite — respondeu.


Terminei minha bebida... e senti o abraço quente,
reconfortante do uísque encher meu peito e o estômago.

— É onde você conseguiu o olho preto?


Ele olhou para mim então assentiu com a cabeça.

Segurei seu olhar, desesperada por ele.

— O que você faz, Rex?

Ele estava quieto um minuto e, em seguida, estendeu a


mão e pegou a minha. Pegou-me desprevenida, como suave
seu toque foi, completamente o oposto dos últimos minutos. A
expressão em seu rosto estava aflita.

— Luta. — disse ele.

— O que isso significa?

Ele suspirou e apertou minha mão.

— Vamos sair daqui.

— Espere, você não pode apenas dizer uma coisa dessas


e depois sair.

— Estou descontando o meu favor. Venha para minha


casa. Vou te contar o que quer saber, lá.

Senti a emoção de seu toque voltar para mim. Esqueci


tudo sobre Michael no bar e tudo sobre seu trabalho estranho.
Caí no fundo da piscina verde de seus olhos e seus lábios
macios.

— Ok, vamos lá.


Ele ficou em pé, e eu segui. Então, eu sabia que o seguiria
para onde ele me levasse.
Fui para a noite com Rex, não sei o que estava por vir,
não sei onde estávamos indo, mas me encontrei confiando
nele. Eu ainda estava sentindo a adrenalina, e embora
estivesse um pouco desconfiada do que estava acontecendo,
nada sobre Rex sugeriu que me machucaria de qualquer
maneira. Geralmente não sou do tipo que segue homens de
volta para o apartamento deles, especialmente homens como
Rex Latour, mas seu magnetismo estava me envolvendo
profundamente. Senti-me um pouco embriagada, mas não
bebi o bastante para fazer algo estúpido.

Caminhamos por alguns quarteirões, indo para o sul.


Segui de perto atrás dele, mas não nos falamos. Nosso
encontro com Michael ainda fresco.

As ruas estavam escuras, iluminadas apenas em grandes


intervalos por postes de luz amarelos fracos. Grande parte das
casas estavam na sombra, e quase senti que esta parte da
cidade foi abandonada. Respirei profundamente o ar fresco e
fingi que isto era o nosso bairro, e governava ao lado de Rex.
Ele era meu rei e eu era sua rainha, e essas ruas vazias,
escuras eram nossas ruas. Pessoas como Michael não
conseguiam nos incomodar, não no nosso reino das trevas. Dei
alguns passos rápidos e peguei a mão de Rex. Ele não olhou
para trás, mas apertou minha mão em resposta, e nós
andamos os dois últimos blocos de mãos dadas. Eu o coroei
esta noite e o fiz meu governador pela noite.

Finalmente, chegamos a seu prédio. Era como todos os


outros lugares na quadra, fachada de tijolo e uma porta de
madeira velha, pintada. Ele destrancou e empurrou, segui-o
para dentro. Subimos um lance de escadas onde ele
destrancou outra porta. Isto foi obviamente uma casa que
tinha sido transformada em dois apartamentos, um em baixo
e outro em cima. Adivinhei que o terceiro andar era outro
apartamento, mas ele não disse, e eu nunca verifiquei.

Dentro, o espaço estava escuro. Rex deu alguns passos,


em seguida, apertou um interruptor. Seu apartamento era
escasso. Havia uma cozinha para a direita, um grande espaço
para uma sala de estar e um quarto e um banheiro num
corredor curto. Não havia muito em termos de decoração. Ele
tinha equipamento de treino perto do sofá, uma televisão velha
solitária, uma mesa de café e não muito mais. Não esperava
um espaço decorado profissionalmente, mas era um pouco
estranho e vazio.

Ele atravessou a sala e se largou no sofá. Eu o segui, um


pouco hesitante.

— Lugar legal — disse.

— Não, não é. — Acariciou o assento ao lado dele


novamente. Andei até ele e me sentei.
— Eu gosto deste bairro.

Ele deu de ombros e se recostou, fechando os olhos. Olhei


para ele.

— Vazio — Eu disse.

Ele abriu um olho e sorriu para mim.

— Eu gosto de mantê-lo simples, apenas no caso.

— Apenas no caso do quê?

Deu de ombros novamente.

— Quer uma bebida?

— Claro, o que você tem? — Ele estava ficando muito bom


em evitar as minhas perguntas.

Ele se levantou e foi para a cozinha. Depois de um minuto,


voltou com duas bebidas, uma lata de cerveja para si e um
copo alto parecido com refrigerante.

— Uísque e Coca-Cola, assim como você gosta. — ele


disse.

Olhei a bebida.

— Isso é tudo que tem ai dentro?

Ele riu.
— Não preciso de drogas para você. Bebe, menina
mimada.

Tomei um gole e engoli, ele tomou um longo gole da sua


lata e colocou sua bebida na mesa do café.

— Tudo bem, estou aqui. Quer explicar a coisa da luta?

Ele suspirou, em seguida, mudou o seu corpo em minha


direção. Pegou o copo da minha mão e colocou-o na mesinha
ao lado dele. Olhando para mim, pegou meu rosto suavemente
em suas mãos e beijou-me longa e profundamente. Senti seus
braços se envolverem em torno de minha cintura, e mudei meu
peso para pressionar-me contra ele. Perdi-me em seu beijo pelo
que parecia uma hora, até que ele se afastou.

— É por isso que estou aqui? — Sussurrei.

— Não, eu só queria fazer isso antes que eu te dissesse.


— Ele se moveu, mas as mãos dele permaneceram na minha
coxa.

— Vamos despachar este segredo então, o suspense está


me matando.

Ele assentiu com a cabeça, rosto sombrio de repente.

— Luto para viver. — disse ele.

— Eu sei, você já disse isso. Mas o que isso significa?

— Você sabe o que é MMA? — perguntou.


— Não realmente. Acho que já vi no guia de TV ou algo
assim, mas nunca assisti.

— Bem, é como o boxe. Exceto que o MMA defende artes


marciais mistas, que significa que você pode lutar em qualquer
estilo que você quer. Há menos regras. É mais rápido, mais
forte e mais violento. Faço algo como MMA.

Concordei pensativamente.

— Então como Michael é seu chefe?

— Isso é um pouco mais complicado. Você tem que


entender, eu não luto em qualquer clube profissional. Acho
que ele é chamado de luta de rua. Michael comanda.

— Espere, portanto, um ringue ilegal? — Senti-me um


pouco confusa.

Ele assentiu.

— Exatamente assim. Michael fica com um monte de


lutadores locais, caras que não podem exatamente se envolver
nas competições de MMA oficiais. Pessoas colocam apostas
pelas pessoas de Michael e o dinheiro muda por ali. Luto
naqueles ringues.

Isso fazia sentido e explicava seus ferimentos.

— Mas por que está fazendo isso? Por que você não luta
em uma luta normal?
Ele suspirou e afastou as mãos. Olhou o apartamento,
olhos longe. Não sabia o que fazer, ou se eu deveria chegar até
ele. Os olhos dele voltaram aos meus, e queimaram-me.

— Devo a Michael um monte de dinheiro. Fui por um


longo tempo, uma pessoa muito terrível, envolvido
profundamente em drogas e outras merdas. Estou limpo há
um ano, e tenho lutado para saldar minha dívida desde então.

Isso me surpreendeu. Eu conhecia pessoas envolvidas


com drogas, e sabia como era difícil se manter limpo. Manter-
se mais de um ano foi uma conquista real, que era bem difícil
permanecer limpo. Rex não parecia ser um drogado, mas as
pessoas mudam muito em um ano. Além disso, havia a
questão de dever dinheiro a Michael. Quanto poderia
possivelmente ser a dívida? Deve ter sido muita coisa se ele
estava disposto a arriscar o seu corpo, talvez até mesmo sua
vida, a fim de pagar. Eu não sabia o que pensar e me senti
completamente fora da minha zona pela primeira vez desde
que nos conhecemos.

— Quem é esse cara? — Perguntei.

— Michael é um homem perigoso. Isso é tudo que você


precisa saber. — Ele fez uma pausa, mas seus olhos arderam
nos meus. — Olha, se você quer ir embora, eu entendo. Cansei
de mentir para as pessoas.

— Não quero ir embora. — As palavras saíam de minha


boca, e percebi que eram verdadeiras.
Seu corpo voltou em minha direção, e senti os lábios dele
pressionarem contra mim. Ele inclinou-se e me encostou no
braço do sofá. Seu peso e corpo sólido friccionados contra mim,
fixando-me contra a almofada, e sua boca me beijou
avidamente. Devolvi seu beijo e sua fome. Meu corpo cheio de
emoção, havia uma necessidade dolorida que não percebi
totalmente. Enrolei meus braços ao redor dele, as mãos dele
correram pelo meu corpo, pararam para saborear meus seios
cheios e mudaram-se para baixo ao longo de meus quadris. Ele
agarrou meu corpo firmemente e se apertou com mais força
contra mim, e eu senti seu pênis enorme se esfregar contra o
meu núcleo.

Soltei um pequeno suspiro, ele desceu os lábios ao longo


do meu pescoço. Seu quadril começou a moer-se lentamente
no meu, sua protuberância dura e um ponto brilhante de
prazer contra meu monte, e eu agarrei com mais força em suas
costas.

— Isto é o que você queria? — ele sussurrou no meu


ouvido.

Apertei-me com mais força contra ele e soltei um pequeno


'ah' quando seu pau duro pressionou com força contra mim.
Ele rosnou em resposta... e moveu-se para trás, longe de mim.
Colocou-me de pé e esmagou seu corpo no meu. Fiquei
espantada com a facilidade, puxou-me de pé reta, quase como
que por magia.
Puxou minha camisa e levantei meus braços para deixá-
lo removê-la. Senti seus olhos vagarem no meu peito, meus
seios cobertos pelo meu sutiã favorito, preto com babados.
Estendi a mão e tirei a camisa dele, e cada polegada de carne
exposta revelou um novo músculo. Ele me deixou passar sobre
a cabeça, então joguei a camisa do outro lado da sala, seus
olhos nunca deixaram os meus.

Quando meu olhar baixou em seus ombros largos e peito


bem definido, freei bruscamente quando avistei uma contusão
grossa, preta e azul ao longo de sua caixa torácica do lado
direito dele.

— Oh meu Deus — sussurrei e delicadamente passei a


ponta dos meus dedos por cima.

Ele sorriu.

— Não é nada, apenas uma cicatriz de batalha.

— Acho que suas costelas provavelmente estão


quebradas. Você precisa de um médico.

Ele balançou a cabeça, em seguida, envolveu seus braços


em volta de mim, puxando meu corpo contra o dele. Coloquei
meus braços em volta do pescoço.

— Não posso ver um médico, não há dinheiro para isso.


Vai curar.

— Não, Rex, sério — Tentei discutir, mas sua boca


esmagou contra a minha, e fiquei em silêncio. Senti sua mão
esquerda soltar meu sutiã, em seguida, se mover para
massagear meus seios. A mão direita desceu para dentro do
meu short, e levantei-me na ponta dos pés com prazer e
arqueei as costas quando dedos duros encontraram minha
calcinha molhada. Ele esfregou suavemente, mas com firmeza,
e eu senti o prazer chegar.

Os lábios dele encontraram meu pescoço novamente,


soltei um gemido suave. Seu braço esquerdo, moveu para
minhas costas e firmemente embrulhou ao redor de meus
ombros quando a mão direita escorregou para dentro de minha
calcinha para encontrar meu clitóris. Seus lábios beijaram
meu pescoço e garganta, e joguei minha cabeça para trás com
prazer, cada músculo do meu corpo esticando.

— Deus, isso é bom — Consegui dizer, e senti que ele


sorria.

— Você gosta assim, garota mimada?

— Foda-se — eu gemia de volta, joelhos tremendo com


seus dedos calejados passando ao redor do meu clitóris e
ondas de prazer tomaram conta de mim.

— Sei que você quer isso — disse tirando sua mão para
fora. Firmei de volta sobre os meus pés e escorreguei minhas
mãos de seu pescoço, deixando meu sutiã cair no chão,
mudando meus dedos para seu peito esculpido e abdômen,
desabotoei a braguilha. Ele deixou cair seus braços para os
lados enquanto eu puxava a sua bermuda para baixo, caindo
de joelhos. Estendi a mão e puxei para baixo sua cueca boxer
preta e vi como seu pau duro pulou para fora.

Estendi a mão e agarrei a base, chocada com seu


tamanho e grossura.

— Puta merda — disse baixinho e ouvi-o gemer de prazer


na minha reação. Olhando-o coloquei os lábios delicadamente
em sua ponta e seus olhos verdes profundos queimaram com
prazer. Tirei minha língua para fora passando ao longo da
ponta, e segui até a raiz e para cima, escorrengando seu pau
na minha boca.

— Merda, sim — ele rosnou e passou seus dedos em meu


cabelo. Chupei muito seu pau, sugando-o dentro e fora, em
seguida, tomei tanto em minha garganta, quanto podia.

— Oh, merda sim, sua mimada vagabunda — ele disse,


e eu senti uma emoção me encher. Trouxe-o de volta e suguei-
o duro, minha mão direita escorrendo em torno de seu eixo
enquanto minha mão esquerda acariciava seu abdômen duro.
Queria tanto que me chamasse de vadia de novo, então deslizei
seu pau em minha garganta e senti-me afogar.

— Você gosta disso não é, vadia mimada — disse


novamente, seus dedos no meu cabelo, mas não puxando. Ele
queria que eu fizesse o trabalho, e eu sabia. Puxei para trás e
fiz contato visual.
— Sim — Respondi, em seguida, mexi lentamente com
ele, com minha mão subindo e descendo no seu eixo longo e
grosso.

— Eu poderia dizer na primeira vez que nos encontramos


como você gostou — ele resmungou. — Pegue meu pau
novamente.

Sorri para ele, em seguida, lentamente, deixei seu pau


latejante entrar na minha boca e deslizar em minha garganta.
Resisti ao impulso de sufocar, segurei-o lá e ouvi-o gemer de
prazer. Puxei-o de volta com um estampido, respirando
pesadamente e trabalhando o seu eixo com a mão, o membro
dele todo úmido e pegajoso com minha saliva.

Ele baixou-se e puxou-me para os meus pés facilmente.


Beijou-me de novo e nossos corpos empurraram para o sofá.
Senti minhas costas contra a parede fria, e sua mão forte em
volta de mim. Pressionei minhas mãos contra o gesso quando
ele desabotoou meu short e escorregou-o abaixo em minhas
pernas. Senti minha boceta inchar, mais encharcada, quando
ele lentamente tirou a minha calcinha. Senti pressionar atrás
de mim e ouvi sua respiração pesada no meu ouvido. Os dedos
dele encontraram meu clitóris , abri minhas pernas mais
amplas para deixá-lo ter acesso. Mão esquerda encontrou
meus seios enquanto sua direita escorregava para cima e para
baixo em meu clitóris. Senti os dedos pressionarem dentro de
mim e eu gemia antes dele se mudar de volta para meu clitóris.
— Ah, me foda — eu disse meio sussurrado, meio gemido.
Senti o sorriso dele contra meu pescoço novamente.

— Gosto quando você implora — ele sussurrou, então


soltei um gemido baixo de alegria e prazer. Senti o calor do
corpo afastar-se por um segundo e o ouvi tatear as calças.
Olhei de volta quando tirou uma camisinha da carteira,
rasgou-a, em seguida, moveu-se para mim. Firmemente,
empurrou-me de volta para a posição e abriu minhas pernas
largas. Senti o corpo exposto, quente, suando, eu precisava
dele dentro de mim. Ele terminou de desenrolar e colocou suas
mãos na minha cintura.

Pressionou-se contra mim, seu pau grosso deslizando


profundo. Eu estava tão ensopada, mais molhada do que eu
jamais tinha estado, que me encheu facilmente. Soltei um
gemido alto quando ele trabalhou lentamente e mais profundo.
Senti seu corpo pressionar contra o meu, seus lábios
encontraram meu pescoço novamente quando ele começou
lentamente a mover seus quadris. Seu pau enorme encheu
cada polegada minha, quase fiquei cega pela incrível mistura
de prazer e dor que suas primeiras estocadas me trouxeram.

Sua velocidade aumentou em seguida senti uma das


mãos deixar meu quadril para esfregar meu clitóris com o
dedo. Meus joelhos começaram a tremer com o puro prazer e
eu delirava em abandono. Ele começou a me foder duro,
gemendo seu prazer.
— Você gosta de pegar o meu pau? — sussurrou no meu
ouvido, só pude chegar perto com uma das mãos pressionando
contra seu quadril. Ele tomou isso como minha aprovação e
empurrou mais para mim, sua mão esfregando suavemente,
mas com firmeza o meu clitóris, eu contrai meus quadris
contra ele, gananciosa por cada polegada. Senti-me chegar
perto, meus joelhos tremendo e meus músculos tensos.

— Sim, me fode, bem assim — eu gemia com ele


espalhando ainda mais as minhas pernas, apertando-se mais
fundo dentro de mim. Pressionei minhas mãos contra a parede
para me firmar enquanto ele me fodia áspero, com o orgasmo
se acumulando profundamente no meu núcleo. Ele resmungou
seu próprio prazer, e quando eu estava gozando, meus joelhos
começaram a tremer, cada músculo tenso, tendo espasmos.
Com minhas costas arqueadas senti sua mão me apoiar
quando ele continuou a bater em mim. Levei-o profundo e gozei
duro, mais duro do que já fiz antes, minha visão ficou quase
branca do prazer.

Depois que meu orgasmo chegou e começou a diminuir,


ele agarrou meus quadris com força e empurrou duro em mim.
Empurrei de volta para coincidir com seu ritmo, ainda
precisando dele, ainda em chamas, com o desejo e o prazer.
Ele resmungou, gemeu e impulsionou duro, e quando
alcançou o seu ritmo, eu vi e senti seu corpo inteiro tensionar,
ele gozou dentro de mim. Seus dedos escavaram meus quadris,
e eu gemia por ele, precisando-lhe para vir cada pedaço, com
fome por ele. Quando diminuiu o seu ritmo e sua respiração
acalmou, ele recuou e se afastou de mim. A ausência dele foi
como um martelo no meu peito, até que me virou de volta e
envolveu seus braços ao meu redor. Ele pressionou seu corpo
suado contra o meu e me segurou forte com ambos respirando
pesado e tentando recuperar nossos sentidos.

Ficamos assim, envoltos um no outro por alguns minutos,


enquanto relaxamos . Finalmente, ele se afastou. Passei meus
olhos ao longo de seu corpo nu, esculpido e senti mais fome
por ele, apesar de estar exausta.

O resto da noite moveu-se em câmera lenta. Nós


alternávamos entre leves brincadeiras, de conversa e pesados
toques suados. Adormecemos embrulhados em seus lençóis, o
fresco da manhã na Philadelphia atravessando suas janelas
entreabertas.
Na manhã seguinte, senti-me mal que eu tinha cancelado
com Amy. Eu sabia que nossa relação não era a melhor desde
que eu tinha me mudado para a cidade, mas não foi totalmente
culpa dela. Eu estava passando por algo que não conseguia
explicar exatamente e descontei nela.

Meus pensamentos estavam uma bagunça, quando fui


até o café. Na noite anterior, Rex e eu tínhamos caído no sono
juntos, mas de manhã ele parecia indiferente e distante. Eu
não podia permanecer muito tempo de qualquer forma, desde
que tinha planos com a Amy, mas foi estranho. Eu sabia que
desenvolver sentimentos fortes por aquele cretino era
provavelmente uma má ideia, mas podia sentir-me sendo
sugada para seu charme independentemente disso.

Ele não deu mais detalhes sobre sua vida após essa
primeira conversa. Eu tinha 1 milhão de perguntas para lhe
fazer, mas sabia que não era o momento de pressionar. Rex
disse que não queria mais mentir para as pessoas, mas ele
também não parecia animado para entrar em detalhes sobre
as coisas obscuras que estava envolvido. Não entendi por que
o Michael tinha tanto poder sobre ele. Rex devia dinheiro, mas
por que teve de se envolver em coisas perigosas, como lutas de
rua? Ele não conseguia arranjar um emprego e pagar os
empréstimos, pouco a pouco como a maioria das pessoas? Eu
sabia que parecia ingênuo e que estava faltando uma peça
crucial da história.

Por volta das 11:30, parei diante do Bom Cão, que era
onde eu encontraria a Amy para o café. Bom Cão era parte bar
e parte restaurante. Faziam uma comida fantástica e foram
nomeados, pelas centenas de fotos emolduradas de cachorros
que tinham em suas paredes. O lugar era escuro e um pouco
lotado, mas nós tínhamos reservas.

Não precisei esperar muito tempo por Amy. Depois de


alguns minutos, um carro parou na frente do prédio e ela
desceu da parte de trás. Eu não estava acostumada a ver Amy
com um motorista ao redor da cidade. Imaginei que ser noiva
de Shane Green tinha certas regalias.

Amy estava ótima. Radiante e feliz de uma maneira que


não via em anos. Nos abraçamos e ela deu um enorme sorriso.

— Pronta para comer? — perguntou.

— Sempre — respondi.

Entramos dentro no bar escuro e a anfitriã nos levou até


nossa mesa. Estávamos em um pequeno nicho com fotos de
filhotes de labrador preto. Quando a garçonete veio, Amy
ordenou a ambas um Bloody Mary.

— Pegará pesado hoje? — perguntei quando a garçonete


foi embora. Eu estava exausta, mas estranhamente não muito
com ressaca. Não bebi muito na noite anterior, embora tivesse
ficado acordada toda a noite a explorar as partes mais finas do
Rex Latour.

Amy riu e deu de ombros.

— Não fazemos isso muitas vezes, então estou levando


vantagem disso.

— Está certa. Desculpe-me se eu não tentei o suficiente


para passar tempo com você.

— Não, foi culpa minha. Desculpa. Eu tenho estado tão


envolvida com Shane e o casamento.

Foi muito bom resolver isso. Não éramos o tipo de amigas


que deixam as coisas apodrecerem. Se havia um problema
entre nós, mais frequentemente do que não, falaríamos sobre
isso imediatamente. Quem me dera que mais gente fosse
assim.

Eu ri.

— Alegro-me de que tiramos isso do caminho. Sinto falta


de você, garoto.

— Sinto sua falta também, Darcy.

A garçonete voltou com nossos Bloody Mary. Tocamos as


taças e bebemos.

— Então, fala-me do encontro pelo qual você me


abandonou. — Amy disse quando tínhamos acabado.
— Não sei se eu chamaria um encontro.

— Do que chamaria então?

Pensei por um segundo.

— Uma reunião de seres humanos mutuamente


interessados?

Amy riu.

— Parece um encontro. Dê-me detalhes!

Durante os próximos minutos contei-lhe a minha noite


com Rex. Ela parecia preocupada quando falei sobre o
encontro com Michael, mas ela não interrompeu. Era uma
coisa que amava sobre Amy: raramente interrompia e era uma
ouvinte fantástica. Mesmo se não concordasse com o que eu
estava dizendo deixa-me terminar antes de responder. Encobri
os detalhes do meu tempo no apartamento do Rex, mas eu
poderia dizer que Amy teve a ideia geral.

— Sexo no encontro dois, hein. — ela disse com uma


risada.

— Eu sei, eu sei. — Fiquei contente por não ter contado


a ela sobre o encontro no banheiro da semana anterior.

— Você tem que me dizer sobre isso.

Eu corei. Geralmente daria todos os detalhas, mas por


alguma razão, senti-me incapaz de falar sobre isso.
— Ele é incrível — disse a ela.

Amy pareceu entender e não pressionou.

— Vai vê-lo novamente?

— Não sei — respondi honestamente. Não tínhamos nada


definitivo para o futuro. Rex não parece ser o tipo de cara que
faz isso.

— Você quer?

— Sim, acho que quero.

Em vez de animada, preocupação caiu sobre seu rosto.

— Ele parece que está metido com algumas pessoas


muito assustadoras.

— Ele está tentando sair.

— Sabe quem é esse cara, Michael?

Balancei minha cabeça.

— Não, Rex realmente não entrou em detalhes sobre ele.


Só disse que era alguém que deveria ficar longe.

Amy assentiu com a cabeça e desviou o olhar.

— Qual é o problema? — Perguntei.

— Shane me disse algo sobre Rex que preciso te contar.


Soltei um suspiro. Shane e o seu misterioso conhecimento
sobre Rex estava começando a ficar chato.

— Eu sei que vocês não aprovam, Amy.

— Não é isso, sinceramente. Se você está feliz, estou feliz.


É só que, ele tem um passado muito intenso.

Eu estava ficando um pouco frustrada. Não estava


acostumada a Amy duvidando de minha escolha em homens.
Tive que admitir que entendi sua preocupação e até fiquei um
pouco assustada, mas sabia que Rex nunca me machucaria,
ou deixaria alguém me machucar. Mesmo se seu passado foi
intenso ou escuro, era tudo no passado.

— Eu sei, Amy. Mas estou bem.

— Deixe-me dizer o que sei, então prometo que pararei.

— Tudo bem, mas quero que entenda que estou a salvo.


Ele não é o que você acha que ele é.

Amy assentiu com a cabeça.

— Eu entendo. Mas escute. Shane disse-me que quando


seu irmão arranjou problemas naquela época, ele estava
envolvido nesta gangue irlandesa de drogas na cidade. Eles
roubaram carros, caminhões, esse tipo de coisa.
Aparentemente, Rex ainda está envolvido com essas pessoas.
Eu acho que Michael é o líder da gangue ou qualquer outra
coisa.
Isso me fez pensar. Ele não disse que estava envolvido
com uma gangue. Achei que Michael era um agiota de lixo ou
um agente de apostas, e por isso Rex lhe devia dinheiro. Sentei-
me em silêncio por um segundo, absorvendo esta nova
informação.

— O que quer dizer, uma gangue? A máfia?

Amy assentiu com a cabeça.

— Aparentemente, eles são muito perigosos. Shane disse


que você deve realmente ficar longe deles. Seu irmão se
aproximou e acabou na cadeia.

— O que seu irmão fez?

— Eu não sei dizer, mas foi ruim. Shane disse que ele
não sabe muito sobre Rex, só que ele e as pessoas com quem
está envolvido são da pesada.

— Disse-me que ele estava envolvido com drogas há


algum tempo, mas que estava limpo agora. Ele está tentando
pagar suas dívidas.

Amy estendeu a mão e pegou minha e apertou.

— Eu acredito em você. Só pensei que precisava saber


tudo sobre esse cara antes de se envolver mais.

Apertei sua mão sorrindo.

— Obrigada, garoto. Agradeço sua preocupação. Não sei


nem se ele ligará de novo, ou o quê. — Minha mente estava
vibrando com esta nova informação. Tive dificuldade em
colocar Rex junto com a máfia irlandesa, mas aparentemente
era verdade.

— Não há problema. Agora, diga-me tudo sobre o corpo


dele. — Ela retirou a mão dela e pegou um copo grande.

Eu ri.

— Diria que ele está em forma.

Amy sorriu quando virei minha bebida. O álcool aqueceu


meu estômago e o suco de tomate picante estava delicioso.

— Eu tenho algo sério para perguntar — disse Amy.


Fiquei um pouco surpresa e queria saber que coisas mais
sérias, ela tinha a dizer.

— Vá em frente, garoto.

— Então você sabe que eu me casarei.

Fiquei chocada.

— Casar? Eu nem sabia que estava namorando alguém!

Ela sorriu.

— Você será a minha madrinha?

Hesitei.

— Claro que sim, idiota!


Nós rimos juntas. Senti a velha alegria por estar em torno
de Amy me inundar e por um segundo esqueci a confusão e o
medo que tinha começado a agitar dentro de mim.

— Estou tão feliz. Prometo que você não precisa fazer


nada — ela disse.

— Eu farei tudo o que você precisa! Estou feliz que pediu.

Rimos novamente, fácil e confortável e terminamos


nossas bebidas juntas. Quando a garçonete voltou, pedimos
comida e outra rodada, confortável na nossa amizade.

Enquanto eu caminhava para casa depois do café, um


pouco alta, mas sentindo-me bem, minha mente vagava de
volta ao Rex. Pensei sobre sua transpiração, corpo esculpido,
seus lábios perfeitamente cheios e seu sorriso diabólico. Eu
queria ligar para ele, mas sabia que era cedo demais. Eu
praticamente tinha acabado de deixar o seu apartamento.

Fazia sentido que Rex estava envolvido com uma gangue


de drogas. De que outra forma pode ser executada uma luta,
ou fosse o que fosse de luta subterrânea? E aquele cara,
Michael, era verdadeiramente assustador. O verdadeiro
problema era se Rex na verdade queria sair ou não. Ele disse
que esteve limpo por mais de um ano, mas por que ele não
tinha pago as dívidas mais cedo?

A cidade de repente parecia enorme. Sabia que eu estava


fora da minha área, envolvida com coisas que não entendo
completamente. Eu estava à deriva, e o espaço ao redor de
mim, de repente ficou sinistro. Imaginei que cada pessoa que
passava por mim trabalhava para a máfia irlandesa, ou alguma
outra gangue igualmente violenta. Perguntei-me se poderia me
acostumar com o sentimento, ou se ficaria paranoica com o
tanto que sabia de Rex.

Mas toda vez que eu pensava sobre ele, sobre seu sorriso
arrogante e sua confiança e como continuamente ficou do meu
lado para me defender, não pude deixar de precisar dele. Senti-
me segura em momentos inseguros por causa dele. Seu corpo
perfeito envolvido em torno do meu, perdido no brilho do outro,
foi um dos momentos mais calmos da minha vida, e eu queria
experimentá-lo novamente.
Quarta-feira, eu já estava preocupada porque ele não
mandou uma mensagem. Estava pensando nele
constantemente e perguntei-me se ele sentia o mesmo. Todas
as informações sobre ele continuaram correndo pela minha
cabeça. No papel, ele obviamente não era alguém com quem
devia me envolver. Devia dinheiro a mafiosos perigosos e
estava lutando em jogos ilegais para pagar sua dívida. Ele
bebia, amaldiçoava e lutava quando queria. Era perigoso e
coberto de tatuagens.

Mas isso estava em desacordo como o vi como pessoa. Ele


era doce, gentil e protetor. Era engraçado e entendeu o meu
sentido de humor. Embora não amasse quando me chamava
mimada, consegui superar por ser tão arrogante e seguro de
si. Eu sabia que era um homem violento, mas não era
imprevisível. Pelo que vi, pareceu não se aproveitar da
violência, tanto como adotá-la como um último recurso. E
parecia sincero quando falou sobre o desejo de sair. Acreditei
quando disse que estava limpo e queria mudar sua vida.

O trabalho parecia um pouco mais chato do que o


habitual. O escritório era ainda brilhantemente colorido e
descontraído, mas era uma pálida sombra do que senti quando
estava no bar com Rex. Senti-me viva lá, enquanto senti-me
sufocada no escritório. Sabia que eu tinha um bom emprego e
uma vida confortável, mas algo estava faltando. Não senti isso
quando estava em torno de Rex.

Ao meio-dia, encontrei-me vagando pela rua no meu


intervalo de almoço, desesperada por algo novo. A cidade
estava em meados do verão e o sol batia na calçada. Eu suava
em meu vestido fino preto, com meus pequenos saltos batendo
alto na calçada. Sentei-me em um muro baixo na Praça
Rittenhouse Park e assisti um músico de rua tocar guitarra por
trocados. Inclinei-me para trás, olhei para o sol através das
folhas, senti a brisa gostosa na minha pele e senti-me bem pela
primeira vez em dias. Quando respirei fundo, meu celular
vibrou. Tirei-o da minha bolsa e verifiquei a mensagem.

— Quero ver você hoje à noite, garota mimada — li, sorri


e senti aquela emoção familiar correr na espinha. Eu estive
ansiosamente esperando pela sua mensagem, mas não
imaginei quão aliviada ficaria quando ele finalmente fizesse.
Parte de mim achou que nunca faria e que seria esquecida.

— Vê-lo no Drake? — Eu digitei volta.

— Não, encontre-me no Museu de arte às oito.

Isso era incomum. Não tínhamos ido em qualquer lugar


que não fosse seu apartamento e o bar. E tanto quanto sabia,
o Museu de arte fechava às sete. Rex era uma artista secreto?
Duvidei, mas não deveria questioná-lo.

— O que faremos lá?


— Você verá.

— Ok. Eu estarei lá.

Guardei meu telefone e olhei para o parque, podia sentir


o sorriso dominar meu rosto e não me deixou pelo resto do dia.

Corri para casa depois do trabalho, mudei de roupa, vesti


um vestido curto, sapatilha e uma jaqueta de couro leve. Lavei
o rosto, em seguida, refiz a minha maquiagem. Percebi que
estava meio nervosa me preparando. Ir para o bar era difícil,
mas pelo menos sabia o que esperar. Rex não disse o que
faríamos, o que fez parecer como um encontro de verdade. De
alguma forma sentar no Drake não era o mesmo que ir em
algum lugar público. Percebi que queria ser vista com Rex,
quero que as pessoas vejam seus braços fortes, tatuados, me
envolvendo. Havia algo de excitante sobre estar com Rex perto
de outras pessoas. Fiquei brevemente preocupada que
estivesse realmente misturando as coisas, mas sabia que
minha atração por ele não era porque ele parecia perigoso.
Queria ser vista com ele por causa de quão bonito ele era. Eu
queria mostrá-lo.

Ri de mim mesma enquanto ia até o Museu de arte.


Imaginei-me exibindo Rex, como se fosse uma esposa troféu.
Sabia que Rex não era o tipo de homem que gosta de algo assim
e quase senti-me mal com minha fantasia boba. Felizmente eu
morava a poucos quarteirões ao sul do Museu, então foi uma
caminhada fácil. Perguntava-me se Rex sentia o mesmo por
mim. Eu era bonita, mas não linda, tinha uma boa figura, mas
provavelmente não era a mais bem vestida. Não era talentosa,
mas era engraçada. Não sabia o que eu trouxe para nossa
relação ou o que ele gostava em mim, mas ele claramente viu
algo que não vi e queria descobrir o que era. Sentia-me mais
corajosa quando estava perto dele, mais segura e confiante.
Senti-me como a minha melhor versão.

Chegando mais perto do Museu de arte, não o vi. Andei


passando a fonte de latão grande com a escultura de um
homem em um cavalo e fui em direção à famosa escadaria. Era
uma das minhas partes favoritas da Filadélfia. O Museu de
arte ficava numa pequena colina no final do Parkway, que era
uma longa estrada arborizada e com bandeiras. Mais ao norte
ficava o Ancoradouro e a longa pista de corrida acompanhava
a Kelly Drive. O rio corria ao longo de tudo isso, e à noite os
barcos iluminados formavam lindas cordas brancas.

Atravessei a rua e comecei minha longa caminhada


subindo as escadas do Museu. Sempre quis correr até elas,
desde que vi Rocky, mas ainda não fiz. Meu pulso acelerou
imaginando Rex e minhas pernas moveram-se mais rápido, até
que eu estava em corrida total. Cheguei ao topo da escada, um
pouco sem fôlego, e saltei para cima e para baixo em sinal de
vitória. Em frente, sentado em um pedestal de pedra
pequeno, estava Rex. Ele sorriu para mim, quando parei,
sorrindo sem jeito.

— Ei, turista — chamou-me. Que idiota.

Corei, envergonhada. Eu era uma turista, mas não tinha


que apanhar-me agindo como uma.

— Olá, canalha. Estava se escondendo nas sombras?

Ele sorriu.

— Só um perigoso, assustador, homem tatuado


esperando por uma jovem confiante.

— Sim, tão assustador. Quase desmaiei quando o vi.

Ele riu, agarrou-me pelos quadris e puxou-me para perto.

— Eu sou um homem assustador — disse calmamente.


Olhei para seu rosto perfeito e não senti nem um pouco de
medo.

— Não acho — respondi. Ele inclinou-se e beijou minha


boca suavemente, seus lábios macios contra os meus, mas seu
aperto em meus quadris aumentou. Passei meus dedos pelo
seu cabelo enquanto ele me beijava.

Finalmente, ele afastou-se e senti-me sem fôlego tudo de


novo.

— É tudo o que você queria fazer? — Perguntei.


Ele deu seu sorriso diabólico e balançou a cabeça.

— Não, se fosse tudo que eu queria, você estaria no meu


apartamento.

Dei um soco no seu peito .

— O que estamos fazendo aqui, então?

Ele encolheu os ombros.

— Já que é nova na cidade, queria mostrar-lhe um dos


meus lugares favoritos.

Olhei em volta. Tive que admitir que fiquei um pouco


surpresa que na lista de Rex de lugares favoritos incluía o
Museu de arte, mas era uma área muito bonita.

— Bem, é bom aqui em cima.

Ele parecia confuso por um segundo e então balançou a


cabeça.

— Não aqui. Nós nos encontramos aqui. Siga-me.

Antes que pudesse protestar ele me levou pela mão e


começamos a caminhar para a esquerda, em direção a um
caminho que seguia para baixo ao lado da escadaria.

— Quem me dera ter visto isto antes de subir as escadas.


— Resmunguei.

— O quê e não ter seu momento Rocky?


Isso foi um bom ponto.

— Então onde é esse lugar de mistério?

Ele fez um gesto em direção ao Museu de arte.

— Por trás disto, ao lado do rio. Não é longe.

Entramos em silêncio, quando ele dobrou à esquerda para


a parte inferior do caminho e seguiu pela calçada que nos levou
em direção a parte traseira do Museu. Viramos à esquerda no
primeiro sinal e caminhamos até a entrada de trás do Museu,
em direção a uma fileira de estátuas. Um longo jardim, levando
para baixo em direção à água, espalhava-se ante nós,
pontuado por estátuas de famosos da Filadélfia. A maioria
deles eram heróis de guerra revolucionária, de acordo com
suas placas, mas não olhamos para todos eles. Rex levou-me
em direção a um edifício baixo, bege, descansando ao lado da
água.

— Esta é a companhia de água antiga da Filadélfia — ele


explicou, apontando para o edifício. — Era usado para abrigar
a água para toda a cidade, mas acho que parou há cem anos.
É um restaurante agora.

Fiquei impressionada. Era um edifício bonito, todo de


mármore e colunas romanas.

— Estou em uma turnê histórica agora?

Ele riu.
— Algo assim.

— Como você sabe essas coisas?

Ele olhou pensativo por alguns segundos, enquanto


continuamos a caminhar em direção ao lado esquerdo do
edifício.

— Quando você vive em uma cidade como Filadélfia toda


a sua vida, você aprende as coisas. Nunca me importei sobre
história ou qualquer outra coisa na escola, mas Filadélfia tem
tanta história só esperando. É difícil não absorver alguma.

Balancei a cabeça. Isso fez sentido para mim. Nova Iorque


era assim em alguns lugares, mas em Nova Iorque estavam
constantemente tentando atualizar tudo, para torná-lo mais
moderno. Filadélfia, usava sua história e tinha orgulho de suas
origens. Porém fiquei surpresa ao ouvir Rex falar assim. Não
pensei que era exatamente uma cabeça oca, mas ele parecia
ser o tipo de homem para deixar seu corpo fazer o pensamento.
Era, tanto quanto sei, um gênio com seu corpo. Percebi que
estava vendo um lado completamente diferente dele, que
provavelmente não podia me mostrar no Drake.

Continuamos, e ele disse-me um pouco mais da história


da área. Gostava de ouvi-lo falar. Sua voz era profunda,
genuína, e tudo o que ele disse me atraiu. Não sinto que
precisava responder-lhe, porque sua voz era meu único foco.
Além disso, ele mal falou todas as vezes que saímos, que foi
um prazer tê-lo levando a conversa para uma mudança.
Finalmente chegamos a borda da parede com vista para o rio
e ele parou de falar.

— Quase lá — disse ele. — Aqui em baixo.

Olhei em volta confusa.

— Para onde? Vamos nadar?

Ele apontou e segui seu olhar. Alguns metros longe estava


o que parecia ser o início de uma escada ou talvez uma
escadaria.

— O que é isso? — Perguntei. Ele me levou até a borda.


Era uma escada espiral longa, preta, de metal que atravessa o
caminho em direção a uma pequena saliência com vista para
o rio.

— Lá — disse ele e começou a descer as escadas.

— Está brincando? Quer descer essa coisa?

Ele riu, parando.

— É completamente seguro, olha. — Saltou para cima e


para baixo, e juro que tudo balançou e rangeu sob seu peso.
Não parecia seguro.

— De jeito nenhum. Desculpa. Não o farei.

— Vamos lá, sua covarde. Vamos lá. — Ele começou a


descer e desapareceu rapidamente.
— Rex! Espere! — Ele não respondeu e fiquei ali insegura.
Eu estava com medo da coisa, mas não podia deixá-lo ir sem
mim. Cautelosamente coloquei meu pé no primeiro degrau e,
em seguida, meu outro pé e fiquei ali. Sentia-se bastante
sólida. Agarrei-me ao corrimão e dei mais um passo, olhei para
a água acastanhada, iluminada por postes e casas e sabia que
se tratava de um ponto de virada para mim. Eu podia seguir
Rex abaixo nestas terríveis escadas, sair para um parapeito da
janela isolada ou poderia virar, ir para casa, me enroscar no
meu sofá, talvez chamar Amy e assistir a um filme. Posso voltar
à minha vida normal segura, meu trabalho bom e confortável
ou poderia lhe dar uma chance.

Tomei mais um passo, depois outro. Segui descendo as


escadas e finalmente cheguei na parte inferior, exultante e
apavorada, meu pulso batendo.

Rex sorriu para mim, encostado a uma árvore.

— Demorou bastante.

— Que lugar é este?

— Este é o cais dos pescadores.

Cais dos pescadores era talvez quatro metros e meio de


largura, no máximo, e tinha um único caminho de concreto
passando em seu centro. Árvores foram plantadas em ambos
os lados. À direita, havia uma parede de puro tijolos voltada
até o nível principal. À esquerda, o rio continuou a fluir,
preguiçoso e indiferente.
Rex começou a andar.

— Vamos, está logo à frente.

Corri para alcançá-lo e agarrei a mão dele. Ele sorriu e


apertou meus dedos. Não senti medo, mesmo que estávamos
completamente sozinhos, no escuro e junto ao rio.

Confiei em Rex. Eu fiz uma escolha e a seguirei.


Andamos ainda mais para baixo no trajeto. Esculturas de
peixes foram gravadas no concreto e adivinhei que era o porquê
deles chamarem cais dos pescadores. Andamos um pouco
mais e o caminho foi ampliado em uma área aberta. Para a
direita tinha dois bancos e para a esquerda era uma pedra
enorme saltando para fora sobre o rio. De pé ao lado da pedra
tinha uma placa.

Larguei a mão do Rex e caminhei até a placa plana de


bronze.

— O rio Schuylkill foi escolhido por William Penn em


1682 como o lugar que mais tarde se tornou Filadélfia. Tem
aproximadamente cinquenta e oito mil milhas de comprimento
e existe inteiramente na Pensilvânia.

Rex riu de mim.

— School-kill1 — ele disse.

Olhei confusa.

— O quê?

1
Matar aula.
Ele se aproximou e apontou para a palavra

— Schuylkill. Pronuncia-se School-kill. É uma daquelas


palavras nativas americanas estranhas que ninguém sabe
como se diz.

Ri e olhei para ele novamente. Eu tinha ouvido essa


palavra antes, quando as pessoas falavam sobre o rio, mas
nunca tinha visto isso escrito.

— Definitivamente não parece que deve ser pronunciado


assim.

Ele caminhou para a pedra e sentou-se nela, de frente


para o rio.

— As aparências podem enganar às vezes, menina


mimada.

Andei e sentei-me ao lado dele, ombro a ombro.

— Sim, isso é verdade.

Sentamos em silêncio por alguns momentos, com vista


para o rio. Refletindo novamente sobre quão bela era a área.
Quieto e vazio, eu quase conseguia imaginar que Rex e eu
estávamos nos tempos antigos da cidade, antes da luz elétrica,
sozinhos em um lugar grande, lindo. Foi assim que às vezes
queria que a cidade fosse: uma paisagem de movimento, luz e
som, mas vazio, exceto por aqueles que eu amava. Em certos
momentos especiais, senti-me assim comigo e entendi por que
as pessoas se apaixonavam por Filadélfia.
— As pessoas na verdade comem os peixes aqui?

Rex riu.

— Algumas pessoas sim. Mas não há muito para pegar.


Na maior parte apenas lama e corpos mortos.

Olhei surpresa.

— Sério, cadáveres?

Ele sorriu.

— Talvez sim ou talvez não. É o que todos dizem pelo


menos. O rio está muito poluído, então ninguém come o peixe
de lá.

— Você vem aqui muitas vezes?

Ele encolheu os ombros.

— Não muito mais. Realmente não há anos, na verdade.

Gostaria de saber quando ele finalmente trouxe alguém


descendo os degraus.

— Parece um bom lugar — comentei.

Ele assentiu.

— Realmente é.
— Então conte-me sobre crescer aqui — perguntei. Eu
não queria me intrometer, mas senti-me desesperada para
aprender sobre ele.

Rex ajustou-se ao meu lado.

— Não é uma grande história.

— Onde você morava?

Ele suspirou, olhos ainda na água.

— Meus pais morreram quando eu era jovem, então


cresci no sistema de adoção. Filadélfia é um lugar difícil de
viver quando você não tem muito.

Senti-me culpada.

— Merda, me desculpe.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Não é grande coisa. Foi há muito tempo e não foi tão


ruim, realmente. As pessoas eram bastante agradáveis, mas
tive que aprender a tomar conta de mim desde o início. Caras
que eu conheci acabaram muito pior do que eu, acredite ou
não.

— Não consigo sequer imaginar.

— A maioria das pessoas não consegue. Tive sorte no


entanto e fui adotado por uma família muito legal, quando eu
tinha dez anos. Era muito velho para ser adotado, mas acho
que eles gostaram de mim. Tentaram por anos conceber e não
podiam, finalmente meu pai adotivo bateu o pé e acho que me
adotaram depois disso.

— Como eram?

— Mitch foi o meu padrasto. Ele era um bom homem. Ele


me ensinou a lutar. Aparentemente, era um grande pugilista,
quando ele era mais novo. Era muito bom para mim. Fez-me o
homem que sou hoje, menos todas a coisa das drogas. Minha
madrasta estava menos interessada em mim.

— O que quer dizer, menos interessada? — Mudei-me


mais perto para ele. Podia sentir o calor crescente do corpo dele
e queria respirá-lo.

— Nunca descobri, mas sempre senti que Mitch era o


único que me queria. Ele tomou conta de mim, se certificou
que eu tinha o que precisava, me ensinou a lutar. Cindy não
estava por perto, na maior parte apenas trabalhava e fazia as
coisas. Ela estava mais interessada em seus programas de
televisão do que na tentativa de me criar.

— Você ainda os vê?

Ele balançou a cabeça.

— Quando eu tinha dezessete anos, Mitch morreu de


câncer.
— Sinto muito. — Não podia acreditar quão terrível foram
seus primeiros anos. O que me aconteceu foi nada comparado
com o que ele tinha que suportar.

— Foi difícil. Quando ele se foi, Cindy basicamente


desistiu. Ela parou de se importar, parou de funcionar, mais
ou menos se desfez. Um dia, acordei para a escola, e ela se foi.
Não faço ideia de onde ela foi, nenhuma nota ou nada.

— Ela simplesmente desapareceu? — Eu não posso


imaginar o tipo de pessoa que faria isso com uma criança.

— Tanto quanto sei. Depois disso, encontrei maneiras de


cuidar de mim. Caí muito rápido em uma merda muito ruim e
agora estou aqui. Fiz o que tinha que fazer para sobreviver,
mas eu não me orgulho muito disso.

Mal podia acreditar na história dele, mas sabia que


acontecia o tempo todo nas grandes cidades. Ainda assim, sua
vida foi bem mais difícil do que qualquer coisa que
experimentei. Não admira que caiu com as pessoas que ele
caiu. Nem posso julgá-lo por suas decisões, especialmente
quando teve que lidar com o que ele teve e em uma idade tão
jovem.

Cheguei até seu rosto, senti os pelos ao longo de sua


bochecha, antes de beijá-lo suavemente em seus lábios
carnudos. Ele me puxou mais perto e me beijou de volta, caí
em nosso abraço com fome. Nós nos separamos, senti minha
respiração acelerar, o desejo por ele intenso.
— Então qual é o significado do seu nome, se você não se
importa?

Ele riu.

— Significa 'Rei' em latim.

— É um nome de família?

— Não sei realmente, honestamente. O orfanato disse


que é o que minha mãe colocou na certidão de nascimento,
mas nunca tive a chance de perguntar a ela.

— Desculpe-me. É um bom nome.

Ele encolheu os ombros.

— De qualquer forma, isso é a minha triste história. —


Comentou baixo. — E você, menina mimada?

— Não há muito a dizer.

Ele ergueu a sobrancelha para mim.

— Sua vez de compartilhar agora.

Eu ri.

— Tudo bem, tudo bem. Acho que devemos começar com


as coisas grandes. Lembra-se, talvez há dez anos, aqueles
comerciais para o incrível Lucille?

Rex parecia confuso, mas então o reconhecimento


floresceu em seu rosto. Sabia que ele lembraria; a maioria
das pessoas da nossa idade se lembrava da incrível Lucille. O
cabelo loiro dela era enorme, seus cachecóis kitsch e bolas de
cristal e o jingle incrivelmente cativante eram difíceis de
esquecer. Fixou profundamente na minha mente desde tenra
idade, de qualquer forma. Aqueles comerciais fizeram parte da
infância da nossa geração, assim como Power Rangers e
Pokémon. Eles passaram todo o dia e a noite toda, e as pessoas
costumavam ligar a música a mim o tempo todo, especialmente
quando descobriram quem eu era. A incrível Lucille foi muito
popular por alguns anos e regularmente fizeram o circuito de
programa de entrevista. Ela foi, basicamente, em todos os
lugares.

— Sim, lembro. Ela era uma vidente ou algo assim, certo?

— Sim, Lucille foi supostamente psíquica. Ela era minha


mãe.

Rex riu.

— Está brincando? Era sua mãe?

Soltei um longo suspiro e assenti com a cabeça. Estava


acostumada a essa reação. As pessoas lembravam do que
viram na televisão, e na maior parte, viram coisas boas. Todos
pensaram que devia ser rica, porque minha mãe fez programa
de entrevista e comerciais. A verdade era que nós estávamos
muito confortáveis, por um tempo pelo menos, depois as coisas
ficaram ruins.
— Ela era. Meu pai era o gerente de negócios, e juntos
eles tocaram seu esquema por anos.

— O que quer dizer, seu esquema? — Perguntou.

— Você viu o comercial na TV ultimamente? Ouviu o


nome em qualquer lugar?

Ele balançou a cabeça, olhos em causa.

— Achei que não eram mais populares.

— Bem, lembra que eu disse que perdemos todo o nosso


dinheiro? Meu pai foi preso por fraude, o que destruiu a
carreira da minha mãe. Aparentemente, meu pai estava
tentando passá-la como o negócio real e estava dando
conselhos de ações aos homens de negócios com base em suas
previsões. As pessoas perderam dinheiro e os federais se
envolveram. Não vejo meu pai desde o julgamento. Ele esteve
preso desde que comecei a escola. Ficará lá por mais alguns
anos, pelo menos. Quanto mais, melhor.

— Isso é uma merda — Rex disse calmamente.

Balancei a cabeça.

— Muito ferrado. Basicamente, isso destruiu minha mãe.


Ela mora em um trailer na Flórida agora, limpa o motel
durante o dia e ainda dá leituras à noite.

— Ela é de verdade? Quer dizer, uma verdadeira vidente?


Dei de ombros. Eu fiz essa pergunta toda a minha vida e
ainda não tive uma boa resposta. A verdade era, Lucille poderia
fazer algumas coisas estranhas, e seu conselho às vezes estava
certo. Às vezes, porém, ela estava completamente cheia disso.
O julgamento de fraude destruiu qualquer reputação que ela
tinha e manchou sua imagem para sempre na minha mente.
Lembrei-me ainda das previsões assustadoras que realizou e
nunca soube ao certo. Parte de mim queria acreditar, mas
grande parte de mim queria esquecer que ela existiu.

— Honestamente não sei. Ela provavelmente não é, mas


nunca descobri com certeza.

— Não a vê muito?

Balancei minha cabeça.

— Praticamente desisti dos dois quando meu pai foi


preso.

Ele envolveu o braço em volta da minha cintura e me


puxou contra ele. O rio espalhado diante de nós enquanto eu
refletia sobre as nossas histórias. Ele teve um passado muito
mais difícil do que eu, isso era um fato, mas ambos somos
experientes em perder um pai, mesmo que tenha sido de
maneiras muito diferentes. Nossas histórias eram
estranhamente semelhantes, mesmo que acabaram em
lugares completamente opostos.

— Sinto muito sobre sua família — ele sussurrou.


— Tudo bem. Lamento sobre a sua.

Senti-o encolher os ombros, mas ele não reagiu.

— Posso te pedir uma coisa? — Perguntei.

— Vá em frente. — Eu não tinha certeza por que


precisava dizer isso em voz alta, mas senti-me estranhamente
compelida. Ele compartilhava e percebi que, em seguida, era
provavelmente o momento de perguntar.

— Você faz parte de uma gangue?

Senti seu corpo endurecer em resposta. Ele se afastou um


pouco e olhou para mim, seu rosto uma máscara de pedra. Eu
não podia ler a expressão dele.

— Quem te disse isso?

— Bem, minha amiga Amy. Ela é noiva do Shane Green,


acho que você conhecia seu irmão.

A expressão dele não mudou.

— Porra de Green.

— Eu só queria saber, eu acho. Para entendê-lo melhor.

Ele olhou para trás, para a água.

— Eu não chamaria de uma gangue, exatamente. É a


máfia irlandesa. Pelo menos é o que dizem.

— E o Michael é o chefe?
— Sim, ele é. É todas as coisas perigosas. E é por isso
que quero que fique longe.

— O que você quer dizer, ficar longe?

Ele me olhou, seus olhos tristes e implorando.

— Isto é uma péssima hora, Darcy. As lutas são cada vez


mais difíceis, e Michael está ficando mais sério sobre eu pagar
minha dívida. Não sei o que farei se eu perder.

— Você não deixaria algo ruim acontecer comigo.

— Está certa, eu não faria. Mas não posso controlar tudo


ao meu redor.

— Está dizendo que você não quer mais me ver?

Ele soltou um suspiro exasperado e rangeu os dentes.

— Eu quero vê-la, mas não quero colocá-la em perigo.


Isso não é merda de colegial, Darcy. Isso é sério.

— Eu sei que é sério. Eu não sou idiota.

— Talvez você seja, se você quer ficar comigo.

— Vai se foder. — Ele poderia ser um idiota às vezes.

Seu rosto suavizou.

— Não devia ter dito isso.

— Não, você não deveria.


Ele estava quieto novamente, então ficamos em silêncio.
Podia sentir a tensão irradiar de seu corpo e estava uma
confusão de emoções conflitantes. Ele parecia genuinamente
com medo de Michael, e obviamente estava cuidando da minha
segurança. Mas eu confiava nele e estava ainda mais atraída
pelo mundo dele, apesar do perigo. Olhando para a cidade,
sentada em uma rocha isolada, me senti mais viva do que em
anos. Seu corpo forte ao meu lado era mais sólido do que a
pedra que sentamos.

— Não quero ir a lugar nenhum. — Eu disse calmamente.

Ele me olhou, seus olhos ilegíveis na escuridão.

— Não quero que você vá a qualquer lugar também.

Antes que eu pudesse falar, ele inclinou-se e beijou-me


duro. Enrolei meus braços ao redor dele, seu corpo contra o
meu, beijando-me profundamente. Sua língua separou os
meus lábios e correu contra a minha, macia e suave. Ele
ajustou seu corpo e pressionou minhas costas. Senti sua
mudança de peso e quadris pressionarem contra os meus.
Estava deitada na pedra, seu frio prensando contra as minhas
costas com calor do Rex na minha frente. Senti minha paixão
subindo, subindo em minha espinha e suas mãos percorriam
todo meu corpo, enquanto ele continuou a me beijar. Seu
quadril começou a esfregar contra o meu centro e eu gemia
discretamente. Parte de mim tinha medo que fossemos pegos,
mas essa parte era minoria. Tudo que queria era Rex e o seu
corpo. Ele poderia ter-me onde quer que fosse.
Estava totalmente focada no movimento de nossos
corpos, quando o celular começou a vibrar. Tirei minha boca
longe dele.

— Isso é um brinquedo novo. — Eu disse. Ele deslocou o


peso e começou a cavar o telefone do bolso. Deu-me um sorriso
perverso.

— Não tinha considerado isso, talvez podemos tentar.

Observei enquanto ele verificou o quem chamava e seu


rosto foi imediatamente do lúdico para sério. Abriu o telefone
e atendeu.

— O que foi? — Olhei para trás em direção a escadaria


em espiral, mas não podia vê-la através das árvores e a noite.

— Agora? Tem certeza? Tudo bem. Eu disse tudo bem. —


Ele fechou o telefone.

— Está tudo bem? — Perguntei.

Ele parecia irritado.

— Tenho que ir.

— O que está acontecendo?

— Foi uma das pessoas de Michael. Tenho um trabalho.

— Você não só luta para ele?


Ele levantou e enfiou seu telefone no bolso. Eu podia ver
o contorno duro do pau dele empurrando contra seu short e
achei que ele não queria me deixar.

— Disse-lhe que trabalho para ele. Faço o que for preciso


fazer.

Levantei-me e segui quando ele andou rapidamente na


direção oposta da escada em espiral. No outro extremo do
caminho tinham grandes escadas de pedra que levavam em
direção a água, a obras de construção e suas colunas romanas.
Subimos as escadas rapidamente e então comecei a caminhar
em direção a Parkway. Ele não segurou a minha mão e eu tive
que trabalhar duro para manter o ritmo.

— Quando vejo você outra vez? — Perguntei.

Ele resmungou e balançou a cabeça.

Não queria pressioná-lo, mas odiava esperar entre vê-lo


sem qualquer palavra.

— Vejo você depois deste trabalho?

— Hoje não. — Seu tom era firme.

— O que estará fazendo, afinal?

Ele parou de andar e me enfrentou. Eu quase esbarrei


diretamente nele. Senti-me uma idiota tão carente,
pressionando-o, mas estava irritada que nós tínhamos sido
interrompidos e queria uma resposta direta dele.
— Escuta, não faça mais perguntas sobre o que faço para
Michael.

Olhei para seu rosto duro e percebi que o que estava


confundindo com raiva era medo.

— Você pode falar comigo. — Disse suavemente.

Ele balançou a cabeça.

— Não, eu não posso. Você não precisa ou quer saber o


que faço.

— Estou aqui para você.

— É muito cedo. Apenas, confie em mim. — Ele olhou ao


redor da área, carros passando à esquerda.

— Tenho uma bicicleta logo à frente. Precisa de um táxi?

Balancei minha cabeça.

— Não, eu posso andar.

— Ligo para você em breve. — Ele se inclinou e beijou-


me. Respirei seu cheiro e saboreei sua pele, com medo que
seria a última vez que o sentiria. Finalmente, nos separamos,
e ele correu para um bicicletário nas proximidades. Vi sua
bicicleta preta saltar e sair em velocidade no trânsito. Fiquei
ali por alguns minutos saboreando seu toque ainda
persistente, até que finalmente percebi que eu parecia louca
por sonhar acordada no meio da calçada. Corri em direção a
meu apartamento, frustrada e incerta.
Ainda não tinha ouvido de Rex no sábado. Estava
preocupada, mas sabia que ele me enviaria mensagem quando
fosse seguro. Ou talvez não me enviaria uma. Tudo o que ele
disse sugeriu que pensou que seria melhor não nos vermos.
Sinceramente não sabia o que queria. Se tentasse ser racional,
não queria nada com ele. Como Shane e Amy disseram, era um
homem perigoso envolvido com homens ainda mais perigosos
e estar perto dele me colocou em uma situação que não pensei
que podia controlar.

Mas havia algo puro sobre ele que não conseguia colocar
em palavras. Nós não poderíamos ter vindo de origens mais
diferentes e ainda senti que entendeu o que eu tinha passado.
O espectro do meu passado, que continuou a assombrar-me,
era uma parte de sua vida também mesmo se seus fantasmas
fossem diferentes dos meus. O dele pode ser mais difícil, mas
ambos percebemos o significado de se virar sozinho. Além
disso, quando estávamos juntos, não importa o que ele disse,
senti-me segura e protegida em seus braços. Ele fez algo ao
meu corpo que nunca havia sentido antes com ninguém.

O trabalho voou alternando momentos de puro tédio,


caracterizados por Marissa e suas monótonas histórias e
momentos de intensa ansiedade, definidos por meus
devaneios sobre qualquer trabalho perigoso que Rex estava
fazendo para o Michael. Sábado passou e sabia que precisava
de algum tipo de distração, então liguei para Amy.

— Ei garoto — Disse que quando ela atendeu.

— Como vai, Darcy?

— Olha, preciso de uma pequena noite de garotas. Talvez


um pouco de sorvete e Sex and the City?

— Isso é a coisa mais de clichê que já ouvi.

Ri.

— Eu sei, ok. Que tal vinho e reprises de Jerry Springer?

— Perfeito. Quando?

— Hoje à noite, se você puder?

Houve uma pausa.

— Parece bom para mim. Vejo você na sua casa?

— Venha às sete.

— Até, então.

Depois que ela desligou, refleti sobre essa pausa. Imaginei


que estava pedindo permissão a Shane, mas isso não foi justo.
O relacionamento deles era muito mais complexo do que
percebi originalmente, e porque estava muito mais
familiarizada com as relações complexas, decidi que
precisava de um desconto. Shane era um homem difícil de
estar, mesmo que cada polegada dele foi dedicada a fazer Amy
feliz. As questões de privacidade podem ter sido intensas, mas
eu tinha certeza de que ele tinha suas razões. Mais do que isso,
não sabia como era viver no seu mundo. Ela provavelmente
estava verificando com ele, o que era apenas uma parte normal
de uma relação regular e não um louco controlando as coisas.

Estive com meu quinhão de caras, mas tive poucos


namorados sérios a longo prazo, meu máximo foi de um ano e
pouco, e não acabou bem. Eu não sabia o que queria na
maioria das vezes. As pessoas muitas vezes pensam que minha
indecisão era uma fuga, mas eu estava realmente procurando
por algo que eu não tinha certeza. Estava cansada de me
contentar com homens que não me movem e me fazem dobrar
em todos os sentidos, em minha necessidade por eles. Estava
cansada de encontrar o suficientemente bom e o perto, mas não
muito. Queria o todo, o homem que queria ficar na cama por
dias, me enchendo com seu corpo como uma droga, não sendo
possível obter o suficiente. Eu queria o amor que não se
desvanece, mas se transforma em algo maduro e poderoso.
Talvez estivesse achando isso com Rex ou talvez seu corpo
incrivelmente quente me distraia da realidade. Não tinha
certeza, mas eu queria descobrir. Se ao menos ele me deixar.
Até agora, nossos encontros foram cristais de intimidade,
reluzentes e ásperos, mas comprimidos. Eles se destruíram tão
logo ele desaparecia novamente.
Amy apareceu às sete em ponto. Ela saiu do carro preto
do Shane e acompanhei-a até meu apartamento. Estava
radiante como sempre, seu sorriso enorme, sua pele saudável,
então percebi que realmente estava sentindo ciúmes pela
primeira vez desde que começou a namorar Shane. Se isso era
o que acontecia quando você estava em um relacionamento
totalmente satisfatório, era o que eu queria também.

Servi dois copos de vinho tinto e nos recolhemos no meu


sofá na sala/ quarto / cozinha.

— Você provavelmente não está mais acostumada a


apartamentos minúsculos — comentei rindo.

— Na verdade eu ainda tenho meu apartamento.

Isso me surpreendeu. Tanto quanto eu sabia, ela estava


morando com Shane em tempo integral. Foi uma indicação de
uma falha na armadura?

— É mesmo? Por quê?

Ela deu de ombros e tomou um gole de sua bebida.

— Não sei, honestamente. Acho que o mantenho por


hábito. Volto uma vez ou outra na semana, talvez, para
certificar-me que ainda não pegou fogo.
— Deve ser bom ter um pé no armário do quarto.

— Melhor do que viver em um.

Eu ri.

— Ei, isso é aconchegante e tudo o que eu poderia


encontrar em cima da hora.

— Eu sei. Para ser honesta, eu realmente gosto. Nunca


pensei grande nas fantasias.

Olhei em volta. Gostei do meu pequeno apartamento


também. Estava acostumada a lugares apertados, vindo de
Nova York. Poderia pagar maiores e melhores, mas a
localização era fantástica. Eu estava confortável, mesmo se
não fosse o lugar de mais alta tecnologia do mundo. Eu sempre
fui assim, encontro o que me faz sentir bem e vou com isso. A
parte mais difícil sempre foi encontrar aquela coisa certa para
começar.

— Como vai o planejamento do casamento? — Perguntei


mudando de assunto.

— Vai muito bem. — Ela fez uma pausa, em seguida,


tomou um gole de sua bebida. — Na verdade, isso não está
acontecendo.

— Qual é o problema? Você está bem?

— Oh não — Amy disse rapidamente. — Saiu errado.


Quis dizer que o planejamento não está acontecendo ainda.
Eu ri.

— Pensei que havia problemas no paraíso.

Ela balançou a cabeça.

— Não, as coisas entre mim e o Shane estão ótimas. É só


que planejar um casamento com ele é impossível. Ele quer algo
incrivelmente privado, o que realmente está limitando as
nossas escolhas. Acho que acabareee fugindo.

— Fugir! Isso seria fantástico! Embora, eu adoraria ver


um elegante casamento de Shane Green.

Ela suspirou e inclinou a cabeça no meu ombro.

— É um jogo de equilíbrio. Eu conseguirei.

— Sim, garoto, você canseguiá. E peça-me qualquer coisa


que precise.

Ela sentou-se e virou a bebida dela.

— Como está seu homem, a propósito?

Temia essa conversa. Não queria falar com Amy sobre Rex
porque sabia que não aprovava, mas também queria contar
cada detalhe. Como ela disse, foi um jogo de equilíbrio.

— Não ouvi dele nos últimos dias, na verdade.

Ela levantou-se e encheu seu copo.

— Por que isso?


— Não tenho certeza. Ele recebeu uma ligação sobre um
trabalho durante o nosso último encontro, ou fosse o que fosse,
em seguida, desapareceu. — Virei minha bebida, tentando
manter-me.

— Acha que coisas estão bem?

Balancei minha cabeça.

— Realmente não sei. Ele falou sobre não me ver mais


porque ele acha que é muito perigoso, mas pensei que eu tinha
o dissuado dessa ideia.

— Só quero que seja feliz — disse Amy.

Levantei-me e juntei-me a ela na cozinha. Enchi meu copo


e então segurei-a para um brinde.

— Aqui, a ser feliz. — Amy riu e batemos as taças.

— Então, o que fará se você não souber dele? — Amy


perguntou.

Dei de ombros.

— Realmente não sei. Não quero ser uma perseguidora


psicopata, mas não quero que ele fuja de mim também.

— Sim, eu te ouvi. Por favor, não se transforme numa


perseguidora psicopata.

Dei risada.
— Talvez aparecerei no seu apartamento com um rádio
tocando canções de amor sentimental, até ele sair.

— Ótima ideia. Homens adoram isso.

Virei-me e voltei para o sofá, cuidando para não derramar


o meu vinho. E se ele não me ligar? Estava começando a pensar
que era uma opção real, mas eu não tinha ideia de como
reagiria. Sabia que ele estava interessado em mim ou pelo
menos parecia que estava. Não podia imaginar que ele
quebraria laços porque não queria mais me ver. Se estava
tentando me proteger, teria que mostrar a ele que eu poderia
me cuidar.

Amy sentou no sofá e eu liguei a TV. Ela passou por


alguns canais antes de parar no reality de TV sobre lutadoras.

— Por que nós caímos por homens complicados? — ela


disse suavemente.

Aconcheguei-me contra ela. De repente senti exatamente


como na faculdade. Lá estávamos nós, sentadas no sofá juntas
bebendo vinho e assistindo TV ao falar sobre garotos. A
nostalgia do momento me bateu forte, mesmo que estávamos
apenas a um ano fora da escola.

— São sempre os que valem a pena — Respondi. Então


percebi o quanto é verdade, também.
Estive com o meu quinhão de caras legais e normais ao
longo dos anos, mas até Rex não senti realmente que lutaria
por algo.

— Quem me dera que relacionamentos pudessem ser


grátis e fáceis o tempo todo — ela disse.

— Eu também, garoto. Infelizmente, você decidiu se


apaixonar por um bilionário recluso.

Ela sorriu.

— Acho que não é tão ruim assim.

— De jeito nenhum. Enquanto isso, meu ex-drogado não


me liga, talvez porque foi espancado até a morte em algum
lugar, ou talvez porque só não quer mais me ver.

Ela pôs seu braço à minha volta, preocupação gravada na


cara dela.

— Ficará tudo bem, Darcy, prometo. Ele ligará.

— Sim, talvez ele ligue.

— E se não fizer, usarei o dinheiro do Shane para caçá-


lo.

Eu ri.

— Tenho certeza de que é exatamente onde Shane quer


usar seu dinheiro, à caça do antigo parceiro de crime do seu
irmão ou o que quer que fossem.
— Ah, ele nem notará alguns mil faltando.

— Provavelmente não. Deve ser difícil.

Respondeu rindo.

— Você sabe que não é sobre o dinheiro, certo?

— Sério, do que se trata? — Olhei para ela, querendo


saber.

Ficou quieta por um momento.

— É sobre ele, quem ele é — ela disse. — É sobre a forma


como ele entra numa sala e faz-me sentir. É, eu não sei, a
energia que põe para fora. É forte e confiante, mas há muito
mais nele. Ele me entende, ri das minhas piadas e me faz sentir
especial. É tudo sobre ele. Se ele fosse pobre, eu ainda o
amaria.

Entendi o que ela estava dizendo. Parte era o que eu


sentia por Rex, mas não podia estar apaixonada por ele, ainda
não. A forma que Rex entrou em uma sala, sua confiança e seu
equilíbrio, a forma como meu corpo se sentia debaixo dele,
tudo nele me fez querer mais. Estava acostumada a ter as
coisas negadas, ter que trabalhar duro pelo que queria,
costumava sentir medo e vergonha. Rex levou esses
sentimentos longe de mim. Durante o nosso breve tempo
juntos, nenhuma vez pensei em meu pai que apodreceria na
cadeia ou minha mãe trabalhando duro por sucatas. Nunca
me perguntei se ela realmente era vidente, ou não, porque
estava muito ocupada pensando como Rex poderia ler meu
corpo como um mapa. Entendi o que Amy estava dizendo por
que Rex levou um monte da minha dor.

— Eu quero sentir isso — Comentei.

Ela sorriu e socou meu braço.

— Você vai, não se preocupe.

Ficamos em silêncio, mas a semente de algo começou a


formar-se em minha mente. Não era exatamente um plano, ou
pelo menos não era um plano ainda, mas era uma ideia.
Precisava vê-lo novamente, ou pelo menos tinha que acabar
com ele. Eu não era o tipo louca, mas algo nele era também
poderosamente magnético para eu ignorar. Enquanto
sentamos em silêncio, assisti as lutas, as meninas chorando e
batendo umas às outras, imaginava Rex em algum lugar fora
da cidade, lutando por sua vida.
Mais tarde naquela noite, depois que Amy saiu, peguei
meu celular e digitei uma mensagem.

— Não tenho notícias suas há dias, adoraria vê-lo


novamente.

Fiquei , ligeiramente bêbada de vinho, debatendo por uns


vinte minutos se devia ou não enviar. Eu agonizava sobre o que
escrevi e preocupada que pode parecer demasiado formal.
Considerei adicionar algum emoji. Odiava ser o tipo indecisa,
preocupada sobre o que pensaria o rapaz, mas não pude evitar.
Estava profundamente em algo sobre o qual não tinha nenhum
poder. Isso tomou conta de mim e passou inteiramente em
outro lugar, o que pareceu normal. No final, preparei-me e
apertei 'enviar'.

Não houve resposta naquela noite, ou no dia seguinte.


Meio que esperava algo e continuei olhando meu telefone
várias vezes. Mas havia apenas o silêncio de Rex e seu silêncio
floresceu em mil perguntas em minha mente. Cada pergunta
gerou outra, até que senti como se estivesse em uma espiral de
confusão e raiva. Eu odiava que estava agindo como uma
adolescente cheia de angústia. Não estava acostumada a
suspirar por um homem assim, e não tinha ideia de como me
forçar a voltar para uma mentalidade normal.

Chegou segunda-feira, entrei no trabalho como sempre,


mas senti-me distraída, e meu trabalho parecia amontoar-se
em torno de mim enquanto lutava para permanecer à tona.
Marissa zumbia como de costume, e não me incomodei com
minhas respostas indiferentes. Isso pareceu intimidá-la um
pouco, porém.

Enquanto o dia passava, minha determinação começou a


reforçar. Eu tinha um plano, embora eu soubesse que meu
plano era maluco. Rex ainda estava me deixando sem escolha.
Senti de alguma forma que tínhamos assuntos pendentes,
como ele tinha se afastado de mim no meio de uma transação
importante, deixei algo com ele, e precisava disso de volta.
Mesmo se o rastrearia para terminar, pelo menos o término era
melhor do que o silêncio total.

Era louco e imprudente, mas eu ia até Drake naquela


noite. Queria sentar no bar, beber um pouco e esperar por ele.
Talvez apareceria, talvez não, mas adivinhei que seu povo lhe
diria sobre mim. A palavra voltaria para ele.

Era um grande plano.


Depois do trabalho naquela noite, corri para casa e me
troquei. Coloquei uma antiga camisa de banda cortada, meias
brancas, uma minissaia de cintura alta e velhos tênis
converse. Eu iria como velho e chique, e acho que consegui.
Melhor tentar me misturar com a multidão do Drake, pelo
menos. Além disso, era segunda-feira, não exatamente um tipo
de noite de balada chique.

No táxi a caminho de Drake, estava apavorada. Percebi


que não tinha ideia se Rex estaria por perto, muito menos se
queria me ver. Ele tinha me avisado para ficar longe do bar,
que seria perigoso para mim. Mas já tinha estado lá duas
vezes, e foi tudo bem naquelas vezes. Talvez isso foi porque ele
tinha estado comigo. Na pior das hipóteses, encontraria
Michael e seus capangas. Se isso acontecesse, sairia dali o
mais rápido que pudesse. Caso contrário, ficaria por um
tempo. Meu plano era sentar no bar e ignorar todos ao meu
redor, com sorte, Rex apareceria, e eu poderia falar com ele. Se
ele não queria me ver, então seria o encerramento que eu
precisava. Ficaria desapontada, talvez até um pouco triste,
mas pelo menos posso seguir em frente.

Paguei o motorista e dei uma gorjeta, então caminhei pelo


quarteirão em direção ao bar. Senti um breve momento de
alívio quando não vi ninguém à espreita lá fora na porta da
frente mal iluminada, parecia mais silencioso do que o normal,
então fiquei lá fora por um minuto, me recompondo. Era
completamente louco e irresponsável, mas tinha me sentido
insana e irresponsável por um tempo. Aquela noite foi mais
uma forma que tentei fazer-me sentir viva, o que senti quando
eu estava com o Rex. Após algumas respirações profundas,
empurrei a porta gasta aberta e entrei.

Estava muito vazio dentro. Havia algumas pessoas


sentadas em tamboretes ao redor do bar e um casal sentado
em uma cabine, caso contrário, estava tranquilo, então
caminhei até meu lugar de sempre. Sentei-me, coloquei minha
bolsa pequena no balcão do bar e pedi um uísque e Coca-Cola.
O lugar parecia do jeito de sempre: iluminado, mesas de bilhar,
um pouco sujo. Ninguém sequer se preocupou em olhar para
mim, o que era bom. O garçom voltou com minha bebida, e a
sorvi enquanto olhei meu telefone.

Sabia que estava no coração do território inimigo, embora


tivesse realmente uma dificuldade em compreender isso. Rex
queria fugir daquela gente e disse-me continuamente como
eram perigosos, mas eu ainda não tinha visto nada para provar
isso. Realmente, Drake parecia um bar local bastante
inofensivo, chato. Era verdade que Michael tinha me
assustado, mas não é como se fosse agressivo. Ok,
honestamente, isso me apavorava. Mas ainda assim, ele não
fez nada exatamente para merecer essa resposta.

Quando refleti mais sobre as últimas duas vezes que


tinha sentado no bar, a porta da frente abriu e entraram
alguns jovens. Reconheci um da frente do grupo: era Tadd, o
esquisito da outra noite. Mantive minha cabeça para baixo e
esperava que não me notasse, mas havia tão poucas pessoas
no bar que era impossível ele não notar. Eu dei uma volta
quando o grupo sentou em uma mesa próxima e peguei Tadd
olhando para mim, um grande sorriso no rosto. Rapidamente
desviei o olhar e tomei um gole do meu drink.

Seu grupo ordenou jarros e sentaram, rindo alto e


falando. Tentei ignorá-los, mas podia sentir os olhos de Tadd
queimando em minhas costas. Terminei minha primeira
bebida e senti o zumbido quente, reconfortante do álcool a
envolver-se em torno de meu cérebro. Assenti com a cabeça
para o garçom e pedi outro.

Antes de minha segunda bebida aparecer, eu senti um


corpo sentar perto de mim.

— Olá, Loira — disse Tadd. Olhei para ele e franzi a testa.


Sua cara de porco estava amassada e tinha este terrível,
sorriso suspeito em seus olhos.

— Oi, Tadd — Disse calmamente. O garçom voltou com


minha bebida.

— Rex não está em torno esta noite, loirinha?

Eu balancei minha cabeça em resposta.

— Só esperando por ele.


— Oh, você está esperando por ele, não está? Isso é
interessante. — Tadd tomou um gole profundo de sua cerveja
e moveu o seu corpo mais perto. Podia sentir seu fedor grosso
e recuei para longe tanto quanto eu poderia.

— Sim, ele deve estar aqui em breve.

O sorriso de Tadd cresceu maior.

— Ele estará aqui, neste bar?

— Isso é o que eu disse.

Ele se inclinou, seu cotovelo esquerdo na barra superior


e me olhou com curiosidade. Eu não conseguia ler a expressão
dele.

— Isso é muito interessante, loira. É muito interessante.


Diga, por que não vem se juntar a meus amigos e eu ali? Somos
muito amigáveis.

— Não, obrigada. Como eu disse, espero Rex. — Não


entendi porque ele não estava recebendo a dica.

Seu sorriso ficou ainda maior.

— Ok, ele pode se juntar a nós também.

— Não, obrigada. Estou bem aqui.

— Ora, loira. será divertido. Vou comprar bebidas.

Olhei para ele, tão a sério quanto eu poderia.


— Eu disse não, Tadd.

Seu rosto caiu.

— Você é uma puta mal educada, não é?

— Deixe-me em paz, você cheira a merda. — Meu coração


começou a martelar no meu peito.

Ele começou a rir.

— Rude e corajosa. Quando Rex chegará?

Senti minhas mãos começarem a tremer e o arrepio de


medo pelo meu corpo. Alguma coisa parecia fora da conversa.
Tadd tinha pavor de Rex na última vez que conversamos, mas
por algum motivo ele não estava recuando. De repente percebi
que ele sabia que eu estava blefando, mas era tarde demais
para voltar. Tive que convencê-lo que eu não estava mentindo,
e o Rex apareceria logo.

— Não sei. Eu ouvi esta manhã. Ele me encontrará aqui.

— Rex não vem aqui, não finja puta.

— Chame-me de puta novamente. — Queria arrancar


seus olhos nojentos.

Ele se inclinou mais perto, e pude sentir sua respiração.


Foi como naftalina e picles velhos misturados com álcool.

— Puta.
— Arrancarei suas bolas — disse, segurando a minha
bebida.

Ele inclinou-se de volta e riu novamente. Senti algumas


das pessoas no bar nos assistindo, mas ninguém parecia que
quisesse intervir.

— Venha, venha se juntar a mim e a meus amigos. Será


divertido. Vou tratá-la melhor do que o Rex tratou.

— Eu disse, me deixe em paz, Tadd. — Senti a minha


raiva começando a ultrapassar o meu medo.

— Não fique tão presa. Eu sou um cara legal.

— Eu só quero ser deixada em paz agora.

— Por que, então você pode encontrar com seu garoto


lutador drogado enorme e bonito?

— O que você sabe sobre Rex?

— Sei que Rex é um drogado. Sei que ele atirou milhares


de dólares em suas veias viciadas e patéticas, e agora Michael
é dono dele.

— Do que você está falando? — Sabia que Rex devia


dinheiro a Michael, mas ele nunca disse exatamente o que ele
fez para se endividar. Assumi que era um problema de jogo, ou
talvez ele tinha emprestado por algum motivo estúpido, mas
drogas? Sabia que o Rex era um viciado, mas não podia
imaginar que ele tinha usado tanto.
— O que, você não sabia? Rex é um viciado patético. Não
se engane com os músculos.

— Ex-drogado. Ele está limpo agora.

Tadd riu ainda mais duro, cabeça jogada para trás.

— É isso que ele disse?

— O que você quer, Tadd?

— Oh meu Deus, ele realmente disse que está limpo? Rex


é um mentiroso idiota drogado.

— Vai se foder, Tadd.

Seu rosto suavizou.

— Ah, não fique brava comigo. Não fiz Rex injetar todas
aquelas merdas. Não o fiz roubar carros ou lutar contra caras.

— O que você quer dizer?

— Rex é de Michael para o músculo. Ele costumava


roubar carros para as pessoas, quando era um inútil magrelo,
mas agora ele é todo músculos e tatuagens. E você sabe que
ele ainda está injetando esse lixo para fazer seu trabalho ir
mais fácil. Uma vez viciado, sempre viciado.

— Não acredito.

— Não precisa, mas é verdade. Rex e o seu parceiro


costumavam entrar em todo tipo de merda. Você deve ouvir as
pessoas contando histórias sobre ele. Aparentemente, usou
tanta heroína que deve a Michael milhares. Michael possui
basicamente a bunda dele agora. Rex tem que fazer tudo o que
diz ou Michael apaga a luz para ele.

Levei um segundo para absorver tudo. Não podia


acreditar no que Tadd estava dizendo, mas provavelmente
havia alguma verdade nisso. Acreditava que Rex entrou em
dívida de drogas, acreditei que ele provavelmente fez algumas
coisas ruins no passado, mas não acredito que ainda estava
usando. Nada sobre o homem que conheci sugeriu que não
estava limpo e tentando recompor sua vida. Sabia que Tadd
era espécie de imundície humana mentindo sobre alguém para
seu próprio ganho.

— Rex está limpo — comentei baixinho.

— Ele mentiu para você. Rex está provavelmente


escondido em alguma casa de crack agora, usando o máximo
que pode.

A imagem de Rex, seu corpo perfeito, musculoso e rosto


bonito, sentado num chão sujo de uma casa, cheirando crack,
saltou na minha mente, então tive que tomar uma grande dose
da bebida para me livrar do pensamento. Não conseguia ouvir
um cara como Tadd. Então, novamente, não tinha notícias de
Rex em dias. Não tinha ideia de onde ele estava, o que estava
fazendo, e era verdade que ficar limpo era realmente difícil para
um viciado. Estava dividida, e o silêncio de Rex na semana
passada não fez nada para me ajudar.
— Ele vem me encontrar aqui, idiota.

— Rex não vem hoje. Ele nem está nem na cidade, idiota.
Seu namorado não te contou isso?

Essa era minha chance. Tadd estava se contradizendo,


mas algo sobre isso soou verdadeiro para mim. Se Rex estava
fora fazendo algum trabalho em outra cidade, então isso pode
explicar por que não me enviou uma mensagem, e por que não
estava no bar naquela noite. Se eu pudesse convencer Tadd
que Rex estava na cidade e viria em breve, talvez ficasse com
medo o suficiente para se afastar.

— Ele voltou mais cedo. Por que acha que estou aqui? —
Dei-lhe meu melhor olhar de você-é-burro-idiota.

Isso deu uma pausa de Tadd. Ele pode ter sido um animal
nojento, mas ainda era capaz de formar um pensamento
coerente, mesmo que levasse algum tempo. Tive que ser
confiante e jogá-lo apenas para a direita, do contrário Tadd
veria através de mim, e quem sabe o que faria em seguida.

— Não sei disso.

— Por que você saberia sobre isso? — Senti minha


chance, estava levando, confiança cresceu dentro de mim e
interiormente acorrentei-a a mim.

— Acho que você está mentindo.

— Por que eu me sentaria aqui sozinha se Rex não viria?


Por que perderia meu tempo com idiotas como você?
Podia ver as rodas girando no pequeno cérebro de porco
de Tadd. Ele não era um gênio, mas ainda estava claramente
com medo do Rex. Adivinhei que mesmo que Rex não estivesse
na cidade, ele ainda teria algo a dizer para Tadd se ouvisse que
Tadd estava brincando comigo. Além disso, ele provavelmente
não era importante o suficiente para saber exatamente onde
Rex estava em todos os momentos. Tadd olhou em volta do bar,
e eu sabia que o tinha pego.

— Tudo bem, acalme-se, vadia sensível. Eu estava


brincando com você — ele disse.

Senti-me exultante, meu pulso batendo duro em corrida.

— Grandes piadas. Deixe me em paz.

— Qualquer coisa — ele murmurou, saindo do seu lugar.


— Diga a Rex que disse ‘e aí'.

— Sim, eu vou.

Tadd devolveu-me um último olhar então caminhou para


a mesa dele. Quando sentou disse algo e todos riram em voz
alta do que ele disse, provavelmente às minhas custas. Não me
importava; estava aterrorizada e tremendo e a um segundo de
desmaiar. Esperei um minuto ou dois, em seguida, levantei-
me e entrei no banheiro.

Que ideia estúpida. Rex tinha tentado me avisar, dizendo


que não podia estar sempre por perto para me proteger e ele
estava certo. Mas, novamente, tinha lidado com Tadd sozinha.
Tive que recorrer a usar o nome de Rex para fazê-lo, mas ainda
encontrei uma maneira. Joguei água no meu rosto, senti as
lágrimas em minha garganta, não costumava ter homens como
Tadd falando dessa maneira comigo. Queria gritar e arrancar
seus olhos, chutar o saco dele e dar um soco no nariz de porco.
Em vez disso, me olhava no espelho, esperei até que a raiva se
extinguiu.

Depois que eu tinha me acalmado, voltei para o salão


principal e me sentei no bar. Ignorei os olhares das pessoas ao
meu redor , terminei minha bebida. Mantive-me calma e
composta. Uma vez que terminei, paguei minha conta e
lentamente, sai do bar. Uma vez na rua, caminhei rápido rumo
ao primeiro canto, virei à esquerda e movimentei-me quase
para fora da Broad Street, onde peguei o primeiro táxi que vi.

Sentada na parte de trás do carro, relativamente certa de


que estava segura, com o medo e a adrenalina, desabei em
lágrimas. Felizmente, taxistas em Filadélfia não são os tipos
faladores, então chorei silenciosamente no banco de trás, a
frustração, a raiva e a aversão derramando fora de mim. Não
era o tipo de pessoa que chorava, mas percebi que precisava
liberar toda a energia dentro de mim. As palavras de Tadd
continuaram passando pela minha cabeça, mais e mais.

Uma vez viciado, sempre viciado.

Será que Rex realmente estava usando de novo? Não


podia estar com ele, se fosse esse o caso.
Mas por que eu assumiria que Tadd estava dizendo a
verdade, e Rex estava mentindo? Estava tão confusa e dividida.
Não podia desistir de Rex só porque um idiota nojento disse
algo ruim sobre ele. Sabia que ele tinha um passado difícil,
mas estava tentando fugir de tudo isso. Com minhas lágrimas
caindo, pensava por que ele não tinha ligado, ou sequer
enviado uma mensagem. Senti-me patética, sofrendo por um
cara que não me devia nada.

Tivemos uma conexão real, e não estava pronta para


desistir disso sem um encerramento. Tadd tinha dito que Rex
estava fora da cidade, acreditei nessa parte, especialmente
considerando que ele tinha comprado o meu blefe. Isso
significava que Rex não estava em uma casa de crack, mas
estava fazendo um trabalho para o Michael. Ainda, que o
trabalho fosse provavelmente ilegal, ou na melhor das
hipóteses semilegal, eu ainda tinha motivos para estar
preocupada. Mas lentamente foi tornando-se mais e mais uma
certeza que Rex não estava usando drogas e aquele Tadd
estava sendo um pedaço de merda.

Finalmente, quando o motorista parou em frente ao meu


apartamento, me controlei. Limpei o rosto, paguei a corrida e
pulei para a rua. Tomei algumas respirações profundas e ri do
absurdo da minha noite quando o carro se afastou. Tinha ido
à procura de um homem que mal conhecia num bar perigoso
e quase me envolvi com o tipo de canalha que tinha sido
advertida contra. Quem diria o que o Tadd faria comigo se não
tivesse conseguido enganá-lo? Ri da minha pequena vitória,
minha estupidez, insanidade e a pressa louca que senti ao sair
de lá inteira. Senti-me apavorada, irritada, frustrada e viva,
muito viva.
Estava um caco novamente na quarta-feira. Ainda não
tinha ouvido do Rex, mas eu definitivamente ficaria longe do
Drake. Não podia evitar me perguntar onde ele estava, o que
estava fazendo e por que não tinha me enviado uma mensagem
ainda. Felizmente, estava me segurando o suficiente para não
lotar seu telefone, mas eu realmente queria.

Em seguida, o texto veio no meio da tarde. Estava


voltando do almoço, esperando que a Marissa não estivesse por
aí, quando meu celular vibrou. Puxei-o para fora e meu
coração quase parou quando eu vi que era dele.

— Nos encontramos no cais hoje às 8, tenha cuidado.

Era tudo o que disse. Estava além de entusiasmada que


ele queria me ver, mas também me preocupava. Tentei não
esperar muito dele, mas foi difícil não fazer. Não tinha notícias
dele há dias e ainda o persegui no bar. Queria responder, mas
decidi que não. Ele foi vago e misterioso por uma razão,
imaginei que tinha a ver com a razão pela qual ele não esteve
em contato mais cedo.
O dia passou depois disso, encontrei-me vestida para vê-
lo, decidi sobre as mesmas meias e tênis converse, além de
shorts jeans curto desfiado e uma t-shirt justa azul marinho.
Meu coração estava acelerado quando sai do prédio e caminhei
em direção ao Museu de arte. Na última vez, ele estava
esperando no topo da escadaria, mas desta vez eu sabia onde
estava indo. Passei a fonte de metal de cavalo, fui direto em
direção a Kelly Drive e acabei meu trajeto por trás do Museu.
A área em que me senti mais assustada , sem Rex liderando o
caminho; tive a impressão de ser vigiada. Percebi que era
paranoia, mas não sabia por que. Imaginei que tinha a ver com
a mensagem misteriosa do Rex. Senti-me quase como um
espião, indo para um encontro secreto em uma área isolada.

A escadaria preta em espiral estava exatamente onde


deixei da última vez, mas eu me senti ainda mais assustada.
Hesitei no topo e respirei fundo. Precisava ter certeza que era
isto que queria, e era minha última chance de desistir. Rex era
um homem perigoso, envolvido com pessoas perigosas, e já
tinha quase me metido numa situação muito ruim. Não sabia
o que ele estava fazendo, mas era quase certo que não era algo
legal. Mais do que provável, era violento e sangrento. Ele pode
ainda estar usando drogas, pelo que sabia. Tadd era um ser
humano repugnante, mas poderia ter dito a verdade.

Olhei para a água, as luzes de Filadélfia, as pequenas


ondas e correntes , fazendo curvas nos edifícios refletidos.
Pensei nas mãos fortes do Rex na minha cintura, seus lábios
macios contra os meus, seu riso provocante e sua confiança
fácil. Pensei sobre me chamar de mimada e odiava admitir que
isso me excitou. Queria que ele me dobrasse, para me mostrar
um mundo que nunca tinha visto antes. Não ansiava o perigo,
mas ansiava por aquele homem. Dei um passo, depois outro,
e logo encontrei-me na parte inferior da escada, no caminho
mal iluminado passando pelas árvores esparsas.

Não havia ninguém lá, então comecei a andar.

— Rex? — Chamei, mas ninguém respondeu. Movi-me


lentamente, olhando para as sombras, mas me senti
completamente sozinha. Entrei na clareira com os bancos, a
grande pedra e subi até o ponto mais alto da pedra para dar
uma olhada ao redor.

Quando fiz a varredura da área, uma figura saiu por


detrás de uma árvore . Eu quase pulei a rocha com medo.

— Ei, sou eu — disse a pessoa.

— Rex? — Não tinha certeza. A figura andou mais perto


e retirou o capuz .

— E aí, menina mimada? — Antes que eu pudesse me


parar, saltei a rocha e corri direto para ele, envolvendo meus
braços ao redor de seus ombros fortes.

Não tinha ideia do que se passava com o estranho manto


e adaga, mas alívio ao vê-lo novamente se propagou através de
meu corpo.
— Oh, ei você — disse ele, rindo. Senti ele retribuindo
meu abraço, enquanto respirava seu perfume profundamente.
Percebi o quanto tinha sentido falta dele. A minha ansiedade e
medo de últimos dias desapareceram quando ele me abraçou
e riu. Finalmente, afastei-me e olhei para ele.

— Porque estava escondido?

Seu rosto suavizou.

— Desculpe-me, tenho uma boa razão para isso.

— E o que seria?

Aquele sorriso diabólico retornou.

— Primeiro, isto.

Ele se inclinou e beijou-me profundamente, seus lábios


pressionados contra os meus e eu derreti no seu abraço,
retornando o seu beijo. Percebi o quanto precisava do seu
toque, quanto tinha pensado nele e quanto era melhor ele em
pessoa do que em minha mente. Havia tão poucas pessoas no
mundo que corresponderam às minhas expectativas, muito
menos que as superou. Rex melhorou tudo o que imaginei.

Depois de um momento, ele se afastou, embora eu ainda


podia sentir seus lábios persistentes contra os meus.

— Sentiu minha falta? — perguntou com um sorriso


arrogante.
— Nada — Respondi, olhando para longe envergonhada.
Toda a minha preocupação e perseguição louca de repente
parecia trivial e infantil.

— Eu sei que você foi no Drake — ele disse.

— Fui.

— Escute, fique longe de lá. As coisas não estão bem com


Michael agora. Você precisa ficar longe deles.

Concordei, olhando para ele. Seu rosto estava sombrio e


indecifrável, mas seus braços permaneceram envoltos em
torno de meus quadris.

— Você está bem?

— Ficarei bem, só preciso me esconder por um tempo.


Isso é por que estamos aqui, e por não ter aparecido
imediatamente. Tinha que ter certeza que não foi seguida.

— Por que eu seria seguida?

— As pessoas têm nos visto juntos. E porque correu de


Tadd na outra noite, está ligada a mim agora. Usarão você para
se vingar de mim, se eles puderem, e quero mantê-la segura.

Meu coração começou a martelar no meu peito. Sabia que


ele estava envolvido com pessoas intensas e assustadoras, mas
eu não estive em perigo imediato, até aquele momento.

— Rex, se algo aconteceu, vamos à polícia.


Seu rosto estava como uma pedra.

— Sem polícia.

— Sério, Rex...

Ele me interrompeu.

— Sem polícia. Nunca deixamos a polícia cuidar de


nossos negócios. Vou me levantar e tomar conta disso.

Olhou-me por alguns instantes enquanto me perdia em


seus olhos verdes profundos.

— Tudo bem, nada de polícia.

Seu rosto suavizou.

— Lamento por que está envolvida nisso. Não podemos


ser vistos juntos.

— Não — Respondi, balançando a cabeça.

— Darcy, você não entendeu. Essas pessoas, eles te


machucarão.

— Você não deixará isso acontecer.

Senti seus braços me deixarem, quando afastou poucos


passos, e virou.

— Como sabe isso? Você mal me conhece. — Podia sentir


a raiva tensa irradiando do seu corpo.
Dei alguns passos mais perto.

— Você está certo. Mas não quero ficar longe de você.

— Cometi erros, Darcy.

Isso me fez fazer uma pausa. O que ele quis dizer com
“erros”?

— Você está usando outra vez?

Ele voltou para mim, seus olhos ferozes.

— Claro que não, eu não estou.

— Desculpe-me, Tadd disse algo, e aí você disse que


cometeu erros. Só perguntei.

— Foda-se o que Tadd disse. Estou limpo e ficarei limpo.

Vi seu olhar intenso e acreditei nele.

— Então o que você quis dizer com erros?

— As pessoas a minha volta se machucam.

— Não tenho medo.

— Você deve ter. — Ele moveu-se e sentou sobre a rocha.


Subi e sentei ao lado dele.

— O que aconteceu, por que está se escondendo de


Michael?

Ele soltou um suspiro, olhando para o rio.


— Tínhamos um trabalho em Nova York. Eles iam vender
alguns carros para uns russos. Eu estava como apoio,
músculos. O acordo correu mal e foi uma merda. Michael acha
que tive algo a ver com isso, como vingança ou algo assim.
Preciso me esconder até descobrirem que não fui eu.

Não sabia o que dizer. Este mundo era inteiramente novo


para mim; não sabia como ele ficaria escondido, muito menos
como limparia o seu nome

— Ficará tudo bem? Tem um lugar para ficar?

— Ficarei bem. Eu tenho um lugar.

Cheguei mais perto dele. Ele estava vestindo seu habitual


short jeans rasgado, tênis velho, além de jaqueta com capuz
preto. Tive que admitir, ele era um criminoso, embora um
incrivelmente charmoso e bonito.

— O que acontecerá?

— O controle de Michael sobre a máfia não é grande


agora. Ele prometeu-me que posso lutar para terminar de
pagar a dívida e estou perto. Duas lutas mais e estarei bem.
Ele não pode começar a voltar em suas promessas, senão
parecerá fraco diante de seus rivais. Preciso esperar, forçá-los
a descobrir quem realmente estragou o negócio, então preciso
ganhar minhas duas últimas lutas.

— Isso é um monte de incerteza.


Ele envolveu seu braço ao meu redor e me puxou para
perto.

— Tenho vivido neste mundo incerto por um bom tempo


agora e estarei fora em breve. Preciso passar por isso.

— Posso ajudá-lo.

Ele balançou a cabeça.

— Você não pode me ajudar. A melhor coisa que pode


fazer agora é ficar longe.

— Pare de dizer isso. — Não tinha planos para ir a


qualquer lugar, mesmo que o mundo tenha começado a
sangrar ao meu redor. Eu o queria e não me importava se
éramos mais ou menos estranhos.

Ficamos quietos depois disso, olhei-o e ele encontrou meu


olhar. Havia algo por trás de sua aparência, algo desesperado
e escuro. Apertei minha mão contra sua bochecha, senti os
pelos curtos, passei meu polegar em seus lábios. Ele soltou um
suspiro tranquilo, então, se aproximou do meu rosto. Beijou-
me duro, e eu abri a minha boca contra ele.

Ele ajustou seu corpo, pressionando-me contra a pedra,


senti a necessidade no meu núcleo, a emoção do desejo
correndo em mim, então soltei um pequeno gemido quando
senti seu calor imprensar contra as minhas pernas. Sua boca
estava carente e firme e eu estava com fome dele, morrendo de
fome por seu toque e seu corpo. Baixou uma das mãos e
desabotoou meu short, em seguida, escorregou seus dedos
entre minhas pernas. Soltei um pequeno suspiro quando seus
brutos e fortes dedos suavemente pressionaram contra o meu
clitóris, eu sabia que já estava molhada. Ele resmungou seu
prazer com o toque quando lentamente, mas firmemente,
esfregou meu monte e fiquei tensa com o prazer que isso
causava.

— Sou ruim para você — sussurrou no meu ouvido.


Senti-me ficar ainda mais molhada, excitação crescendo.

— Quero você de qualquer maneira — eu gemia de volta.


Peguei a sua jaqueta e puxei o zíper. Ele retirou sua mão do
meu shorts e tirou a jaqueta, revelando uma camisa branca
apertada, seus músculos e tatuagens, destacando-se contra o
algodão fino. Passei meus dedos nos contornos do seu peito
quando ele se abaixou e retirou meus shorts do meu corpo.
Minha calcinha preta de renda se destacou contra a pedra
cinza clara, quando ele empurrou meu corpo para a superfície
da nossa cama improvisada. Abriu bem minhas pernas e
beijou meu quadril, minhas coxas e a calcinha sobre meu
núcleo.

Deixei escapar um pequeno gemido quando ele beijou e


chupou o algodão e em seguida, empurrou-o de lado. Senti a
língua passar pelo comprimento e parou para pressionar
contra o meu clitóris. Movimentou-se em círculos, todo meu
núcleo inchado em necessidade, quando suas mãos fortes
agarraram minha cintura. Soltei gemidos suaves de prazer,
enquanto sua língua úmida, trabalhava no meu centro.
Passei meus dedos pelo seu cabelo, suas mãos me
apoiaram, joguei minha cabeça para trás e gemi. Estremeci e
ondas de prazer percorreram meu corpo, minha espinha, e
minhas pernas começaram a tremer em volta dele. Senti o
prazer chegando, ele afastou-se, para cobrir meu corpo com o
seu e beijou-me duro. Pude sentir o meu gosto nos seus lábios
e adorei, saboreando seu toque e sua necessidade. Baixei-me
e agarrei seu eixo rígido através das calças, ele rosnou
enquanto trabalhei suavemente seu comprimento.

— Quer que te foda aqui? — ele resmungou.

— Sim — sussurrei de volta. Amei a emoção do local


público e o medo de alguém nos pegar só aumentou minha
necessidade por ele.

Ele levantou-se, desabotoando o shorts. Mudei de posição


para ajoelhar-me diante dele, enquanto abaixou seu jeans e
sua cueca boxer. Cheguei para sua vara enorme, senti sua
rigidez entre meus dedos, olhei para cima, encontrei os olhos
dele e vi sua fome lá. Tirei minha camisa, depois peguei seu
pau, acariciando seu comprimento. Podia sentir os olhos em
meu corpo, contemplando meus seios expostos. Peguei a ponta
em minha boca, suguei forte e soltei um gemido longo e baixo.
Trabalhei com a minha língua, em seguida, apertei-o
profundamente na minha garganta enquanto ele resmungava
o seu prazer. Senti suas mãos na parte de trás da minha
cabeça, a combinação perfeita de pressão e força suave,
enquanto eu chupava subindo e descendo o seu pau enorme.
Segurei sua coxa com uma mão, o seu eixo com a outra, os
meus lábios de cima e para baixo. Puxei para trás com um pop,
trabalhei ao longo de seu comprimento com a mão, reunindo a
umidade da minha boca e esfregando-a.

Ele chegou para frente e me empurrou de volta. Agarrou


o shorts, puxou um embrulho do bolso, rasgou e então ele
desenrolou em seu comprimento. Escorreguei minha calcinha,
ele terminou, então foi entre minhas pernas. Senti seu pau
duro pressionar profundamente na minha fenda, soltei um
suspiro alto quando ele me encheu, prazer misturado com dor.

— Adoro o seu cheiro, o seu gosto, a sensação de você —


ele resmungou em meu ouvido.

Ele me esticou profundamente, entrando e saindo rápido,


uma das mãos embalando a minha nuca, outra em minha
perna.

— Espero que alguém esteja assistindo, quero que vejam


quão puta você é — sussurrou e eu gemia minha necessidade.
Pressionou-se contra mim com seus lábios encontrando meu
pescoço macio. Minhas mãos enrolaram ao redor de seu
tronco, cavei um pouco minhas unhas nas costas dele. Ele
rosnou em resposta... e empurrou mais duro em mim.

Quando me encheu, eu podia cheirar e ver somente seu


corpo. Estava perdida em seus braços fortes. Logo, senti que
estava chegando, mas antes que alcançasse o clímax, baixei e
empurrei os quadris dele longe de mim. Senti seu pau enorme
escorregar para fora e balançar no vazio. Antes que ele pudesse
falar, virei-o em sua parte traseira e envolvi minhas pernas em
torno de seus quadris. Ele sorriu para mim enquanto eu
desengatava meu sutiã, então correu os dedos fortes em torno
de meus seios, os dedos nos meus mamilos eretos.

Sentei e encontrei-o, depois desci meu monte embebido


em seu comprimento. Soltei um tremor e um gemido quando
ele me encheu novamente, sentia suas mãos fortes tomarem
meus quadris. Eu queria ele mais do que tudo, queria
trabalhar meus quadris em seu pau enorme. Deslizei para
baixo e apertei meus quadris contra ele, sentindo as ondas de
prazer rolarem em mim. Coloquei minhas mãos em seu peito
rasgado e trabalhei o pau dele dentro de mim. Continuei assim,
subindo e descendo, depois apertando, trabalhando meus
quadris, ida e de volta. Senti nossos corações batendo no ritmo
com meus quadris. Seus músculos duros flexionados quando
se moveu junto comigo.

Meus quadris trabalharam, deixando minhas pernas bem


abertas, desci mais profundo, o pau dele me enchendo
completamente. Movi-me mais rápido e com mais força, ele
rosnou de prazer e necessidade quando eu soltava pequenos
gemidos. Logo a pressão começou a construir novamente, e
desta vez eu queria mais do que tudo. Continuei apertando
meus quadris e cavalgando seu pau, as mãos no peito dele,
podia sentir os olhos dele apreciando meus seios,
pressionando suas juntas entre meus cotovelos. Continuei
empurrando, apertando, caindo em cima dele e logo o orgasmo
começou a ultrapassar-me. Arqueei minha coluna, joguei a
cabeça para trás, soltando um gemido longo, lento, então ele
me cercou. Não conseguia pensar ou respirar, só podia sentir
seus quadris batendo no meu, quando me perdi no orgasmo,
onda após onda de prazer profundo e dolorido rolaram através
de mim.

Logo depois, ele gozou e inclinei-me para frente, por cima


dele, beijando sua boca. Pequenos tremores pós orgasmo me
tomaram, enquanto voltávamos lentamente juntos.

— Quero que goze em mim — disse em seu ouvido.


Estava morrendo de fome por seu esperma dentro de mim.

Ele sorriu, pegou meus quadris e me puxou para cima


dele. Rolou para o lado, então sobre os joelhos e me pressionou
para baixo, meu núcleo embebido na frente dele. Soltei
pequenos suspiros, ele pegou meus quadris, apertou o pau
dele dentro de mim, enviando novas ondas de alegria e
começou a me levar. Ele pressionou profundo na minha fenda
e impulsionou duro, suas mãos fortes em meus quadris.

Ouvi seus grunhidos de prazer, e não pude deixar de


gemer. Ele chegou perto de mim, começou a esfregar meu
clitóris, além das estocadas , a pressão e a velocidade foram
perfeitas. Cheguei na borda da pedra com ele enchendo-me,
então mudamos de posição. O rio, a alguns metros, parecia
coincidir com seu ritmo, com seus gorgolejos macios. Senti sua
velocidade aumentar, mais duro e mais profundo, levando-me
por trás. O dedo no meu clitóris, misturado com o seu pau
enorme enchendo-me e a emoção de ser fodida em público,
construiu outro orgasmo em mim. Nunca tinha gozado duas
vezes tão rápido antes, mas ele tomou conta de mim, minhas
costas arqueadas novamente, e ondas menores, mas ainda
fortes, passavam por mim. No pico, senti as mãos dele
endurecerem na minha cintura, seus gemidos cresceram mais
altos. Seus impulsos aumentaram, mais duros e ele gozou
dentro de mim, seu corpo tenso. Meu orgasmo passou
enquanto ele lentamente parou, então saiu de mim e caiu ao
meu lado.

Aninhei-me ao lado dele, suando, apesar do ar fresco da


noite. Senti seu cheiro e sua bela forma dura, fiquei por baixo
dele apoiada em seus músculos.

— É por isso que não posso ficar longe de você —


Expliquei.

— É por isso que eu não deixarei você ficar longe —


respondeu sorrindo.

Ele olhou para mim, seus olhos verdes profundos,


verificando meu corpo, então me beijou. Ficamos assim, em
silêncio e curtindo a presença um do outro, pelo que
pareceram horas. A lua se movia lentamente pelo céu da noite
clara.
Nós nos vestimos, mas continuamos sobre a enorme
rocha, abraçados por um tempo, ambos não querendo acabar
com a noite. Eu sabia que seria a última vez que eu o veria,
talvez para sempre. As coisas eram incertas e confusas; nosso
desejo mútuo foi completamente substituído pela situação em
que Rex encontrou-se.

— Está ficando tarde — ele disse, quebrando o silêncio.


Tirou o cabelo longe do meu rosto.

— Sim, acho que está.

— Não estou te deixando.

Eu me aconcheguei mais perto de seu corpo esculpido,


magro e forte.

— Eu também não.

— Depois disso, não posso te ver até que tudo termine.

Ele deixou isso ficar entre nós e não respondi. Sabia que
era a verdade, esteve preparando-me para isso, mas ouvi-lo
dizer as palavras em voz alta era ainda difícil. Sabia que era
louco sentir-se tão fortemente próxima a ele, após um curto
período, mas ligamo-nos de uma maneira que eu não tinha
imaginado que fosse possível. Ele era engraçado, forte, rude e
comandava, tudo que eu precisava em um homem. Entendeu
minha vida familiar e aceitou-me apesar dela. Eu sabia que
tinha sido envolvido com coisas, violência e drogas, e o perdoei
por tudo, mesmo que ele não precisasse de perdão. A única
coisa que eu queria naquele momento era mais tempo para
sermos pessoas normais juntas, para conhecer cada polegada
e pensamento, ter o luxo da calma e tranquilidade que a
maioria dos casais tem. Não peço muito, mas sabia que era o
nosso destino ficar lutando contra aqueles que lhe queriam
fazer mal.

— Onde vamos a partir daqui? — perguntei, com medo


da resposta.

— Lugar nenhum.

— O que quer dizer?

Ele olhou para mim, seus olhos tristes.

— Vou me esconder, até que o calor cesse. Se alguém


perguntar, fingirá que não vemos mais um ao outro.

— Quem perguntará?

Ele suspirou.

— Está ligada a mim agora. É parte disso. Se alguém vier


até você, diga que terminamos. Diga-lhes o pedaço de merda
que sou, que bati em você ou algo assim. Tudo o que tem que
dizer para levá-los a deixá-la sozinha.
— Espere, espere. Você está me assustando. As pessoas
virão falar comigo?

— Não sei, talvez. Eles não te machucarão, não se


preocupe. Você ainda é uma civil, do lado de fora. Mas tem de
lhes dizer que terminamos.

Dei uma respiração profunda quando o medo passou por


mim. Imaginei Tadd em minha porta, aquele porco, com o
sorriso repugnante e odor do seu corpo flutuando no meu
pequeno apartamento. Imaginei ele me empurrando, no meu
espaço, profanando tudo ao redor dele. Estremeci.

— Ficará tudo bem — Rex disse baixinho, provavelmente


sentindo meu desconforto.

— Acredito em você — respondi, embora não tivesse


certeza.

Ele tocou meu rosto suavemente.

— Sei que não pediu nada disto. Se eu pudesse mudar


as coisas, faria. Mas o que não faria é voltar atrás e nunca te
conhecer.

Minha respiração veio irregular e profunda.

— Você realmente quer dizer isso?

— Sim. Quero mantê-la segura. Mas não me arrependo,


nem por um segundo.
Ele me beijou de novo e senti arrepios descerem pela
minha espinha.

— Tenho que ir — ele disse, se afastando.

Não queria que ele se fosse.

— Tudo bem, eu acho.

— Não me siga. Deixe-me sozinho.

— Quando te vejo outra vez?

— Eu telefono quando as coisas acalmarem. Prometo.

Agarrei sua mão e apertei quando ambos levantamos.

— Prometa-me novamente — pedi.

— Vou ligar. Espere alguns minutos e depois saia na


direção oposta.

Balancei a cabeça. Ele me beijou de novo, pôs seu capuz


na cabeça, apertou minha mão e então saiu em direção a
escada em espiral preta. Vi-o ir até que se evaporou nas
árvores e na noite, deixando-me completamente sozinha, em
pé sobre a rocha grande.

Olhei para o rio e pensei pela centésima vez sobre seu


corpo, seu cheiro, seu sorriso e seus olhos tudo girou ao meu
redor e se misturava com o grave perigo que ele corria. Eu
sabia que tinha que ser forte, para o bem pelo menos. Ele não
me repreendeu por tentar encontrá-lo no bar, e sabia que era
minha culpa que... eu tinha entrado mais profundo nesse
emaranhado. Se valesse de alguma coisa, ele tinha tentado
avisar para eu ficar longe, mais e mais e até mesmo
desapareceu por um tempo. Ainda assim, eu estava com medo.
Tinha mais que medo, fiquei apavorada, mas eu também
estava viva. Profundamente, intensamente, viva. A noite
parecia mais brilhante e mais alta do que já tinha sido antes.
Depois de alguns minutos, recolhi-me mentalmente e então fui
para casa, subi as escadas de pedra, ao redor do Museu de
arte e as ruas vazias, tarde da noite.

Os dias começaram a seguir como um filme antigo,


passando muito rápido. Toda noite fui dormir sonhando com o
toque do Rex, preocupada que poderia nunca mais o ver
novamente. Estava preocupada e ferida, preocupada que ele
foi preso, mas o pior de tudo, preocupada que ele decidiria que
eu não valia o risco. Trabalhar tornou-se um borrão maçante
de movimentos repetidos, inclusive ignorei Marissa o melhor
que pude. Amy percebeu que algo estava acontecendo, mas
estava muito ocupada com o planejamento do casamento para
ser intrometida demais. O que estava tudo bem comigo. Acho
que não poderia lidar com esse tipo de situação de qualquer
maneira. Eu sabia exatamente o que ela diria e eu não era boa
em mentir para ela.
Ainda assim, tentei passar o máximo de tempo possível
com Amy. Não tinha nada para me distrair do meu dia a dia e
continuei a temer pela segurança do Rex. Nunca me ocorreu
ter medo por mim, pois achava que ninguém sabia onde eu
morava. Não ouvi nada, não vi nada e tentei agir como se
estivesse interessada, quando Amy falou sobre seus planos de
casamento. Havia um local para escolher e convites para
enviar, além de planos de chamariz para alimentar a imprensa.
Foi tudo chato para mim, apesar de ser um evento de milhões
de dólares envolto em sigilo patenteado do Shane.

Três dias se transformaram em quatro e quatro se


transformaram em uma semana, e finalmente uma semana se
transformou em duas semanas antes que ouvisse alguma coisa
nova sobre Rex. Estava começando, genuinamente, a ficar
desesperada, convencida que ele tinha deixado a minha vida
para sempre. Era sábado à noite, abri uma garrafa de vinho,
com a intenção de ter uma noite tranquila de bebida e
programas de TV sobre realidade brega demais. Ainda podia
sentir seus lábios e suas mãos fortes em meus quadris e a
emoção profunda que senti ao ser tomada em um local público.
Eu usava short de algodão barato, uma camiseta velha de
acampamento e um roupão de veludo, quando alguém bateu
na minha porta. Levei alguns segundos para registrar o ruído,
porque normalmente eu não tive visitantes. Assumindo que era
um vizinho, caminhei até a porta e puxei-a aberta.

De pé lá fora estava Michael, ladeado por seus dois


lacaios. Encarei-os com a boca aberta, o medo em ondas de
choques passando pelo meu corpo. Eram as últimas pessoas
que eu imaginava que estariam em pé na porta do meu
apartamento. Tudo que Rex tinha dito sobre eles voltou, então
realmente temi pela minha segurança.

— Oi, querida, se importa de conversamos? — Michael


disse. Ele sorriu gentilmente e parecia gentil quase de forma
paternal. Estava completamente em desacordo em como ele
tinha atuado no bar quando o conheci.

— O que quer? — Perguntei.

— Vá, seja educada. Convide-nos para entrar. — Soou


mais como uma ordem do que um pedido e rapidamente me
movi de lado. Michael agradeceu com um assentimento com a
cabeça e entrou, seguido por seus dois lacaios. Estavam todos
vestindo jeans e camisa simples preta. Michael usava uma
jaqueta de couro, enquanto os outros dois tinham diferentes
jaquetas fechadas. Os dois soldados usavam luvas de couro
preto, que observei com alguma confusão.

Michael inclinou-se contra a mesa da cozinha, enquanto


os dois capangas espalharem-se e começaram a mexer nas
minhas coisas. Primeiro procuraram no banheiro e, em
seguida, verificaram debaixo do sofá e em cada gaveta.

— Ei, pare de mexer nas minhas coisas — Eu disse


fracamente. Eles me ignoraram.

— Não ligue para eles, Srta. Darcy, estão bem — disse


Michael. Ele me observava atentamente enquanto segurava
meu robe enrolado em meu corpo. Logo pararam de olhar e
acenaram com a cabeça a Michael. Senti-me violada, mesmo
que não encontraram nada particularmente interessante. Foi
mais a ideia de que poderiam entrar em meu espaço a qualquer
momento que queriam, rasgar as minhas coisas e não havia
nada que pudesse fazer sobre isso.

Brevemente considerei chamar a polícia. Mas no final,


pensei que faria mais mal do que bem. Potencialmente poderia
implicar Rex em algo e piorar a situação para ele. Mais do que
isso, se envolver a polícia, teria tudo, menos a garantia que me
deixariam em paz. Provavelmente não os colocaria na cadeia,
e isso com certeza os irritaria. Eu queria evitar trazer mais da
sua atenção para mim. Além disso, Rex me fez prometer, sem
polícia.

— Pequeno lugar você tem aqui — disse Michael.

— Por favor, se acabou saia.

— Temo que ainda não. — Ele andou para a parte da


cozinha e começou olhando as gavetas. Finalmente, ele parou
na frente de meu bloco de faca e pegou minha faca mais afiada.

— Melhor amiga da cozinheira, uma faca afiada —


comentou, correndo o dedo sobre a lâmina. Observá-lo segurar
uma faca enviou um pânico profundo na minha barriga e tinha
que lutar para manter a calma, porque estavam desarmados,
tanto quanto sei. Seus dois capangas brincaram com minha
reação.
— O que você quer? — Disse de novo. Eu sabia a
resposta, mas tive que jogar de desentendida. Estava tentando,
o máximo que pude, me manter parada quando tudo que
queria era correr para a porta gritando.

— Onde está o Rex?

— Não sei — respondi com sinceridade.

Michael suspirou e, em seguida, andou mais perto de


mim, ainda segurando a faca.

— Ele obviamente não está aqui, desde que esta caixa é


muito pequena para caber um homem do tamanho dele. Ainda
assim, sabemos que você é parte de sua vida e estamos
procurando por ele. Onde está ele?

— Não o vejo há semanas — expliquei.

— Por que não acredito em você? — Michael parou a meio


metro de mim, ainda correndo o dedo suavemente na borda da
faca. — Tem estado transando com ele todo esse tempo, não é?

Balancei minha cabeça.

— Ele pirou quando ouviu que fui procurá-lo em seu bar.


Chamou-me de puta perseguidora. Não o vi desde então.

Michael estava quieto por um segundo, em seguida,


olhou para seus capangas.

— O que vocês acham meninos, está dizendo a verdade?


O mais perto deu de ombros, mas nenhum deles
respondeu. Eram fantasmagóricos, quietos e intensos.
Estavam completamente em desacordo com a postura relaxada
de Michael. Pareciam prontos para atacar a qualquer
momento, duas fontes de energia física dispostos a
desencadear-se.

— Sem muita ajuda sua — disse Michael, sorrindo.

— É a verdade. Não o vejo tem semanas, eu juro.

Michael deu um passo mais perto, enchendo o pequeno


espaço entre nós. Podia sentir seu hálito quente no meu rosto
e cheirar seu almíscar grosso. Senti meus joelhos começarem
a tremer, a suar levemente e sentir a ansiedade passar pela
minha espinha. Rex tinha me avisado que isso aconteceria,
mas não tinha dito quão pavoroso seria. Eu mal conseguia
pensar, respirar . Não sabia o que faria se Michael tentasse me
machucar. Tive que dizer a mim mesma que não fariam nada
porque eu ainda era uma civil. Estavam apenas tentando me
assustar. Não arriscariam nada mais, pelo menos de acordo
com Rex. Tinha de confiar nele. Não tinha outra escolha.

— Escute-me, sua putinha — ele disse. Seu


comportamento educado e gentil de repente mudou, seus olhos
estavam duros e frios. — Se eu descobrir que está mentindo
para mim, cortarei você. Não te matarei, mas te machucarei,
ruim o bastante que você desejará que eu te matasse.
— Não estou mentindo — respondi. Eu mal podia ficar de
pé, meus joelhos estavam tremendo muito. — O maldito idiota
abandonou-me.

Ele sorriu para mim.

— Tudo bem, amor — comentou, então virou-se e andou


em direção ao bloco da faca.

Colocou a faca de volta em seu lugar, em seguida, virou-


se para mim, sorrindo. Abracei-me mais apertado.

— Obrigado pelo seu tempo hoje. Se você ouvir do nosso


amigo mútuo, venha me encontrar no Drake. Faça, pelo seu
bem.

Michael assentiu com a cabeça para seus dois capangas.


Deixaram meu apartamento sem mais uma palavra. Fechei a
porta, quando se foram e tranquei com o ferrolho.
Imediatamente, desabei no chão, tremendo de medo. Não podia
chorar, não conseguia pensar, podia apenas respirar lenta e
profundamente até que eu recuperei meus nervos.
Demorou algumas horas para a agitação parar. Fiquei no
sofá depois que se foram e, calmamente, bebi a garrafa de
vinho, eles não voltarão, rezava. Quando a noite avançava, e
eu fiquei bêbada, o medo passou e dormi um sono sem sonhos.

Na manhã seguinte, acordei com um começo de


desespero. Senti-me tonta e paranoica. Estava com medo de
que alguém me observava pelas janelas. Fechei as cortinas e
me embrulhei num cobertor. A imagem de Michael, seus olhos
duros, a faca na mão, pouco distante do meu rosto, continuou
passando pela minha cabeça. Continuei pensando sobre seus
lacaios remexendo minhas coisas e me senti suja, como se eu
tinha que limpar todas as roupas que podiam ter tocado antes
de usá-las.

Sabia que eu tinha que fazer algo, mas não sabia o quê.
Peguei meu telefone e passei os números até que encontrei o
de Rex. Olhei para ele por um tempo, pesando minhas opções.
Ele me disse para não entrar em contato, que estaria escondido
e que seria muito perigoso, mas a visita de Michael foi muito.
Senti-me verdadeiramente em pânico pela primeira vez e
precisava falar com alguém. Ele era o único envolvido que
realmente sabia o que estava acontecendo. Finalmente, toquei
no nome dele e coloquei o telefone no ouvido, mas não
aconteceu nada, só um sinal de ocupado. Liguei novamente, e
novamente um sinal de ocupado. Não tinha ouvido um sinal
de ocupado há muito tempo e me perguntei o que significava.

Guardei meu telefone e percorri as minhas opções


novamente. Chamar a polícia estava definitivamente fora. Isso
só pioraria as coisas. Poderia tentar ir ao apartamento de Rex,
mas eles provavelmente estavam monitorando, e além do mais,
eu sabia que ele não estava lá. Poderia ir para o bar, mas só
me colocaria direto no caminho de Michael. Tive de minimizar
a atenção deles, não me ostentar à frente deles. Senti que
estava presa, enjaulada no meu pequeno apartamento.
Vasculhei minha cômoda, joguei uma roupa limpa, coloquei
meu tênis, bati a porta e depois fui para a rua.

Não havia ninguém por perto, fora do meu apartamento,


e não parecia que alguém estava me seguindo, quando inventei
meu trajeto em direção ao Museu de arte. Mantive minha
cabeça para baixo, perdida em pensamentos. Poderia chamar
Amy e contar-lhe sobre o que aconteceu, mas ela insistiria em
envolver a polícia. Eu poderia ir direto para Shane, mas não
sabia qual seria a reação dele. Pelo que todos sabiam, Shane
Green tinha o maior poder para me proteger, mas também era
noivo da Amy. Ele tinha mais lealdade a Amy e provavelmente
faria tudo o que ela queria que fizesse. Não podia confiar que
ele ficaria longe da polícia.

Então, novamente, não sabia se precisava de proteção.


Michael já tinha jogado a mão comigo. Eles apareceram,
revistaram minha casa, me questionaram e agora acabou.
Rex tinha dito que não me machucariam se eu contasse a
minha história. Tudo o que eu tinha que fazer era continuar a
agir como se nada estivesse errado. Mas como faria isso
quando estava profundamente aterrorizada com cada canto
escuro e sombra?

Andei direito para Kelly Drive e me vi indo em direção a


doca dos pescadores. Fui até atrás do Museu de arte, tentando
manter minha cabeça para baixo, ignorando as pessoas ao
meu redor. Estava na borda da escada em espiral, mas não tive
coragem de descer. Por alguma razão, esse ponto foi manchado
pela memória de Michael e seus capangas. Olhei para água por
um tempo, pensando sobre Rex e a maneira que ele fez meu
corpo sentir. Não pude deixar de misturar a imagem de Michael
segurando uma faca, ameaçando-me no meu próprio
apartamento, com Rex estabelecido sobre a rocha. Eu pensei
que entendi no que estava me metendo, mas ver esses homens
na minha frente e sabendo o que fariam se isso significasse
receber o que eles queriam, tornou tudo mais real. Junto com
o medo que percorreu minha espinha apareceu outra emoção,
ainda fraca, mas mais poderosa a cada momento que passava.
Era raiva.

Percebi que nunca tinha estado tão irritada antes. Estava


com raiva que Michael e seus capangas violaram o meu espaço.
Estava zangada porque abriram minhas gavetas e mexeram
nas minhas coisas só porque se sentiram com vontade. Estava
com raiva de Michael porque ele achou que me intimidaria a
trair alguém com quem me importava. Mas acima de tudo,
estava com raiva que Rex foi forçado a ficar na posição que se
encontrava. Estava zangada com o mundo por dar-lhe uma
vida terrível, por deixá-lo se misturar com pessoas horríveis,
por forçá-lo a arriscar a própria vida e corpo a fim de sair da
dívida. Não estava zangada com o Rex por me colocar em uma
posição perigosa, porque eu fiz isso, forçando-o a isso. Estava
zangada com o mundo em si, por não corresponder às minhas
expectativas e por alguém com que me importava sofrer.

Sabia que eu não deveria desculpar as coisas que Rex fez.


Parte de mim sabia que ele não perdoa a si mesmo, e que a sua
luta e violência eram uma maneira de punir seu passado de
pecados. Eu não podia dizer isso com certeza, mas havia algo
gentil sobre ele, gentil e engraçado, algo quase o inverso de
violento. E ele ainda lutou. Ele lutou por sua vida, e lutou para
se libertar. Lutou para se livrar de seu passado e continuar em
frente. Talvez eu estivesse projetando meus próprios
sentimentos sobre Rex, mas naquele momento, de pé no topo
da escada em espiral, respirando o ar do Rio de Schuylkill e
com vista para os edifícios degradados do oeste da Filadélfia,
senti como se eu o conhecia. Fiquei ainda por um longo tempo
tentando imaginar a dor e frustração que Rex tinha sofrido por
anos, antes de finalmente virar e ir de volta para casa.

A cada novo passo longe do rio, a ira apaziguou e o medo


se intensificou. Instintivamente, puxei meu telefone e chamei
Amy. Antes que eu percebesse o que estava fazendo, ela
atendeu no terceiro toque.

— Ei, Darcy, o que houve?


— Ei, garoto, eu hã, o que estão fazendo agora? — Tentei
manter a minha voz sem tremer. Voltei a sentir medo, e
esperava que Amy pudesse me fazer sentir melhor. Não disse
nada sobre o que estava acontecendo, mas pelo menos poderia
falar com ela.

— Não muito. Há alguma coisa?

— Não, não. Gostaria de perguntar se você pode me


encontrar.

— É claro. Estou no Shane. Posso mandar um carro para


você.

— Não, sem problemas. Eu vou a pé.

— Tem certeza que não está acontecendo nada? — Houve


preocupação na voz dela e achei que ela estava vendo dentro
de mim.

— Sim, estou totalmente bem. Verei você em breve.

— Tudo bem.

Desligou, então virei em para a leste e comecei a caminhar


em direção a cidade velha. Sabia onde Shane vivia porque já
tinha estado lá, quando eu era nova na cidade. Eu não sabia o
que estava fazendo, ou o que diria a Amy, mas sabia que
precisava ficar longe do meu apartamento, pelo menos por
algumas horas. Enquanto caminhava, minha mente ficou
tonta com a confusão, a imagem de Michael segurando minha
faca repetindo várias vezes.
Toquei a campainha da casa de Shane. Imediatamente, a
porta zumbiu, e entrei. Olhei para o longo corredor, o chão
limpo de madeira, as antiguidades e senti uma estranha
sensação de segurança.

— Ei, Darcy! — Amy disse, colocando a cabeça do lado


de fora de uma porta à frente.

— Ei — respondi e caminhei em direção a ela. Passei um


monte de tempo procurando velhas pinturas, mas não me
emocionei olhando para a arte. A casa de Shane era bonita,
limpa e bem decorada, o tipo de lugar que você imaginou que
um bilionário possuiria. Entrei na cozinha e Amy envolveu-me
em um grande abraço.

— Porque isso? — Perguntei.

— Parece que você precisa.

Derreti no seu abraço e senti o medo e a ansiedade


acalmarem, pelo menos por um momento. Nós nos afastamos
e sentei-me na ilha da cozinha. Amy nos serviu um copo de
vinho.

— Então, como vai? — ela perguntou.


— Não muito bem. Não tinha vontade de ficar presa no
meu apartamento.

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim, entendo isso.

— Deve ser difícil passar seu tempo no luxo.

Ela riu.

— Você ficaria surpresa. Metade destas coisas é antiga,


e a outra metade vale mais do que eu ganho em um ano.
Praticamente não toco em nada, nunca.

Olhei ao redor para cozinha limpa, moderna e percebi que


era tão grande como o meu apartamento, se não maior. Senti
ciúmes de repente da vida da Amy. Não houve complicações,
além de questões de privacidade loucas de Shane, e tudo o que
ela precisava era ter cuidado. O lugar estava limpo e tinham
até um chefe particular. Era o oposto da minha vida, vivendo
em um apartamento e tentando fugir de bandidos de quadrilha
de drogas. A única coisa positiva que tive foi Rex, mas ele
estava ausente.

— Onde está o homem da casa?

— Trabalhando. Um lançamento de produto especial está


chegando.

— Ele trabalha muito?

Ela deu de ombros.


— Sim, ele trabalha, mas não é ruim, pois geralmente
estamos juntos. Na verdade, gosto de, às vezes, ter esta casa
para mim.

— Problemas no paraíso? — Estava tentando mantê-la


falando. Eu precisava de uma distração, mesmo se fosse
conversa sem sentido. Amy tinha um jeito de me acalmar, mas
naquele momento senti-me como se nada pudesse me acalmar.

— De jeito nenhum. As coisas são muito boas, na


verdade. É só que, ele tem uma biblioteca enorme, e quando
ele está em casa não tenho muito tempo para ler.

Eu ri.

— Deve ser horrível ter um homem tão atraente e rico,


constantemente precisando de seu corpo.

— Tem suas vantagens. — Ela sorriu.

Olhei em torno da cozinha novamente e tinha o desejo de


permanecer lá, repentino, irracional. Eu não quero mais ter
medo. Queria um marido, filhos e uma casa grande, braços
fortes e seguros e nada mais.

— Tem certeza que está tudo ok? — Amy pediu, então


percebi que eu tinha sido pega olhando para o espaço,
imaginando minha vida em uma casa como a do Shane. Olhei
de volta para Amy.

— As coisas estão estranhas, com Rex.


— Achei que era isso. O que aconteceu?

Eu balancei minha cabeça. Não disse a ela, mas queria.

— Não é uma coisa que você precisa se preocupar. É só...


as coisas estão complicadas.

— Eu entendo complicado.

— Realmente, não posso dizer. Rex não fez nada, se é o


que você está pensando. — Tomei um gole de meu vinho para
evitar olhar-lhe nos olhos. Senti-me culpada escondendo algo
dela.

— Tudo bem, Darcy. Mas se você está com problemas,


por favor, me diga. Shane e eu podemos ajudar, seja o que for.

Eu sabia que não importava o que acontecesse, Amy me


ajudaria. E Shane iria também; ele faria qualquer coisa por ela.
Senti a maior parte da ansiedade em mim escapar do peito.

— Obrigada, eu sei. Que tal você me dizer sobre o


planejamento do casamento?

Amy sorriu.

— Você está pronta para a saga completa?

— Não poupe detalhes — Respondi.

Enquanto Amy se lançou sobre planejadores de


casamento, topos de bolo e arranjos de flores... dei um outro
olhar em torno da cozinha. O que parecia reconfortante
momentos antes, quando minha ansiedade era mais poderosa
de repente parecia enorme e cavernoso. Era um espaço vazio,
e embora fizesse Amy feliz, sabia que nada tinha para mim.
Talvez fosse o que ela queria, o que a maioria das garotas
queria, mas não era algo que me satisfaria.

Isso foi o que eu tinha procurado desde que me mudei


para a cidade, a coisa que me satisfaria. E embora a vida de
Rex fosse violenta e perigosa, ele foi a primeira pessoa que
pensei que poderia ser bom para mim. Se nós pudéssemos
ultrapassar os mafiosos ameaçadores e a luta ilegal, pensei
que tínhamos uma chance de fazer algo muito bom juntos.

Conversamos por mais umas horas e terminamos a


garrafa de vinho juntas. Quanto mais ela falou, mais certeza
eu tinha de que queria voltar ao meu apartamento e continuar
à espera de Rex. Não era que sua vida era monótona ou triste;
pelo contrário, desde que ela conheceu o Shane, tudo que ela
fez foi incrível e confortável. Mas não era o que eu queria.
Eventualmente, depois de verificar o telefone dela, Amy disse
que Shane estava a caminho de casa, e levei isso como uma
indireta para ir.

— Você tem certeza de que não quer um carro? — ela


perguntou.

— Certo, certo. Tudo bem. Embora, só desta vez.

Ela riu.
— Isto vai mimá-la, confie em mim. Você nunca quererá
voltar a andar.

— Obrigada, garoto. Esta foi uma grande ajuda.

Ela assentiu com a cabeça, mas parece preocupada.

— Estou aqui para você sempre que precisar.

Eu a abracei.

— Obrigada. Agora, estou bem. Vejo você no trabalho.

Ela assentiu com a cabeça e depois foi chamar o carro.


Quando ele apareceu na frente, subi na parte de trás,
enquanto Amy acenou da porta de entrada. O carro foi-se
embora, saiu no tráfego de Filadélfia e senti um pouco de culpa
por andar em uma coisa chique, enquanto a maioria das
pessoas passaram. Ainda assim, era muito mais rápido, e a
cidade acelerou fora da janela. Tive um breve momento de
emoção, olhando as pessoas e os edifícios, e eu queria
experimentar tudo o que pudesse. Eu ainda estava com medo,
mas me senti rejuvenescida. Cheguei em casa mais cedo do
que percebi, então desci do carro. Do lado de fora do meu
prédio, no meu bairro, senti-me feliz e resolvida. Tomei uma
profunda respiração, subi as escadas e entrei no meu
apartamento.

Nada parecia diferente. A mancha estranha de Michael e


seus capangas tinha saído da minha mente. Eu ainda me
sentia ansiosa e com medo, mas não o deixei me paralisar. Ver
Amy, olhando para a maneira que ela vivia, era exatamente o
que eu precisava. Fez-me claro o que eu queria, em viver do
jeito que eu queria, mesmo que isso significasse que me
colocaria em perigo. Não podia mais ser complacente e passar
meus dias trabalhando, pelo tempo que eu não trabalhava
mais. Eu estava tomando o controle .

Coloquei roupas limpas, depois fui ao sofá para assistir


TV e descansar. Eu precisava de algum entretenimento
estúpido por algumas horas para me recarregar do dia
incrivelmente difícil. Um show misturou com o próximo, então
senti meus olhos pesados, ficarem exaustos do vinho e do
stress.

Batidas altas na minha porta me assustaram e


acordaram. Medo sacudiu pelo meu estômago e me senti
temporariamente paralisada com o terror que tive que me
esforçar para ficar consciênte. A televisão mostrou que eram
três da manhã, e não tinha ideia de quem poderia estar
batendo naquela hora. Eu achava que era Michael e seus
capangas, voltando para intimidar-me um pouco mais. Mas
isso não fazia sentido, porque nada mudou em um dia, desde
que estiveram ontem no meu apartamento. Medo, mas ainda
cuidadosa, passei pela sala nas pontas dos pés e olhei pelo
olho mágico para ver quem estava lá fora.
*INTERLÚDIO

A rua parecia mais escura do que o normal, quando fui


em direção do Drake. Foi uma ideia estúpida, mas eu não tinha
outra escolha. Eu precisava aparecer e ganhar a luta, caso
contrário estaria perdido e todo o meu trabalho teria sido em
vão.

Tanto quanto eu sabia, eles ainda pensavam que liguei


para os russos. A palavra na rua ainda era que Michael queria
acabar com a minha bunda por ferrar o negócio. Meu coração
estava batendo, mas eu estava fazendo por mais do que eu.
Envolvi Darcy no meu mundo de merda, e eu precisava tirá-la.
Eu poderia desaparecer, fugir, fugir da cidade. Seria muito
fácil, também. Conheci umas pessoas em Nova York. Até
mandei algum dinheiro, algo assim, mas não conseguia ir, não
com Darcy perto do perigo. Não podia fugir dela. Gostava de
proteger as pessoas que eu amava, não importa o que
acontecesse.

Não conseguia parar de pensar nela. Ela era fácil,


engraçada, despreocupada e sexy em uma maneira que eu não
tinha visto antes. Seu longo cabelo loiro ao luar quando
lentamente chupou meu pau, continuou a tocar na minha
cabeça. Se eu fosse honesto comigo mesmo, não foi só o corpo
dela. Foi a maneira que ela parecia entender-me. Viemos de
mundos tão diferentes, ela era uma criança mimada ex-rica,
mas ela entendeu a perda e a dor. Não como eu fiz, mas
também não estava com medo disso. Ela parecia mais viva do
que qualquer um que já conheci. Eu queria me perder em seus
olhos e seu toque. Tudo sobre ela fez meu corpo sentir como
se estivesse pegando fogo, e nunca conheci uma garota que me
fez tão insano antes. Eu precisava me afastar de Michael, se
queria tentar alguma coisa com ela, e isso foi minha principal
motivação.

O som dos meus tênis no concreto ecoou nas ruas


estranhamente vazias. Tinha me escondido em um porão
úmido pela semana passada e meus pulmões sentiam como
bolas de canhão no meu peito. Minhas costelas ainda não
estavam totalmente curadas da última luta, mas o tempo
acabou. Tentei não pensar muito sobre o que aconteceria,
sobre a dor e a violência, porque foda-se. Ou eu ganhava ou
ele ganharia. Para mim, é sem escolha. Eu acabaria com
aquele homem ou eu morreria. Os outros caras estavam
lutando por dinheiro. Eu estava lutando pela minha vida.

Pensei em todas aquelas noites que peguei dinheiro


emprestado de Michael, o fluxo constante de garotas e drogas.
Parte de mim pensava que era merda de graça, mas eu deveria
ter sabido melhor. Nada era de graça com ele, e tudo tem seu
preço. Uma hora tudo me apanhou, quando estava tentando
sair. Eu sabia que não era uma coincidência, mas não havia
nada que pudesse fazer sobre isso.

Havia os outros serviços que eu estava correndo para ele,


também. Como o trabalho que deu errado. Estava ferrado
desde o início, o local mudou de última hora, os bens eram
quase inúteis. Eu não poderia perder o sentimento de que algo
estava errado. E quando eles começaram a atirar, eu não tinha
nenhuma escolha além de revidar. Mal consegui sair com vida.
Claro, Michael tem coragem para colocar a culpa em mim,
como fui eu que decidi que queria matar um monte de
estranhos sobre a venda de alguns carros ou uma merda.

Foi quando soube quanto Michael não queria me deixar


ir. Ele não poderia sair e me matar, caso contrário ele perde a
confiança dos outros chefes. Em vez disso, ele provavelmente
tentou armar e inventou mentiras sobre eu estar em dívida.
Mas tudo o que eu precisava fazer era ganhar a luta e a
próxima depois disso, e ele não podia me tocar novamente.

Ao passar pelas árvores da cidade, pensei em Darcy um


pouco mais. Aquele dia na rocha no cais dos pescadores foi a
melhor noite da minha vida. Eu disse coisas a ela que não
partilhei com ninguém em anos. Escuro, os cantos frios do
meu passado. E ela não fugiu, não me chamou de aberração.
Ela não tinha medo de mim... como tantas outras pessoas
fariam. Era algo sobre como ela olhou para mim, seus grandes
olhos profundos e penetrantes, grandes e arregalados e
ferozes. Eu precisava de alguém como ela, firme e leal. Além
disso, era absolutamente linda, e nossos corpos encaixaram
juntos como um relógio. Ela me fez querer continuar lutando
por causa da maneira que continuou a avançar sozinha.
Sozinha em uma cidade em que não sabia nada, ela continuou
tentando melhorar, tentando encontrar algo maior que ela
mesma. Eu invejava sua liberdade, beleza e queria estar o
mais perto dela possível. Eu não era do tipo que fica assim
sobre uma garota aleatória, mas Darcy era diferente. Estive
com muitas garotas antes dela, putas e garotas legais e muito
mais, mas ela foi a primeira que estava disposto a arriscar-me.

Balancei minha cabeça, tentando não ficar perdido em


lembrar o corpo dela. Parecia uma eternidade desde a última
vez que a vi, o que era louco. Nós mal nos conhecíamos. Ainda
assim, havia algo inegável sobre nossa atração.

Em frente, Drake estava fechado. Era quase meia-noite, e


a luta deve começar assim que eu chegar lá. A porta da frente
estava trancada e fui para o interior. Dei um aceno ao Chuck,
o barman, e ele retornou, mas poderia dizer que ele ficou
surpreso ao me ver. A sala principal estava vazia, o que
significava que todos estavam provavelmente lá embaixo. Segui
pelo salão em direção ao banheiro. Abri uma porta “Apenas
empregados” e corri pelas escadas abaixo.

O ar quente e o barulho me bateram forte enquanto


descia. As pessoas gritavam e poderia dizer que alguma coisa
estava ficando fora de controle. O calor foi tingido com o suor
do corpo e sangue de partidas anteriores. Cheguei ao fundo
das escadas e virei.

A multidão era grande com viciados, loucos e bêbados.


Era a maior parte da gangue irlandesa, todas as pessoas certas
da Filadélfia. Eles eram ladrões, vigaristas, músculos,
impulsionadores, traficantes de drogas e bandidos. Eles eram
violentos e imprevisíveis, mas também leais e honrados em
sua própria maneira. As pessoas seguiam o seu código e
levavam a sério. Honestidade era valorizada em um líder,
acima de tudo, porque a honestidade era em suma fornecida
em todo o lado. A multidão estava gritando com alguém no
meio, e ninguém tinha me notado ainda.

Quando fui deixado sozinho, essas pessoas se tornaram


minha família. A rua foi a minha casa e eles eram meus primos,
irmãos, pais, tios e tias. Essas pessoas seriam meus salvadores
ou eles me amarrariam e estripariam sem pensar duas vezes.
Eu respirei fundo e estalei meu pescoço, me preparando
mentalmente para o que estava prestes a acontecer. Foi
praticamente um meio a meio, os palpites nesse ponto se eu
sobreviveria a noite ou não.

Seguindo em frente caminhei pela multidão em direção ao


centro. Quando passei, as pessoas começaram a murmurar
meu nome, e em breve o quarto estava silencioso. Eu
empurrei... e vi que Michael estava com outro cara, um pouco
musculoso, olhando o monstro de um cara de nariz quebrado.
Obviamente um lutador, por como ele se segurou. Michael
trocou olhares comigo e perdeu a metade de um fôlego.
Saboreei o olhar surpreso em seu rosto; ele ficou claramente
chocado que eu tinha coragem de enfrentá-lo. Michael sempre
esteve me subestimando, mas pensaria duas vezes a partir de
então.

— Vejam quem é, rapazes! — ele gritou, e a multidão


aplaudiu. Seus dois capangas, Clutch e Spud, apareceram por
trás dele. Pareciam gêmeos psicopatas tranquilos, e a única
coisa que gostavam de fazer era foder, lutar e cheirar cocaína.
Clutch e Spud eram tudo que eu desprezei sobre a gangue
irlandesa, ou pelo menos o que a gangue tinha se tornado. Sob
a liderança de Michael, eles tinham ido de protetores do povo
pequeno, os defensores do comércio local, para assassinos e
traficantes de drogas. Eu não tinha problema com drogas e
assassinato pelas razões certas, mas a única razão que
Michael tinha era dinheiro.

— Estou aqui para lutar, Michael — Eu disse em voz alta.


A multidão aplaudiu novamente, e Michael levantou suas
mãos pacientemente.

— Sei que você é jovem, mas há a questão desse último


trabalho — ele disse calmamente.

— Deixe-o lutar! — gritou um cara qualquer. Michael


deu-lhe um olhar, e a multidão aquietou.

— O que tem a dizer em sua defesa, hein? Por que tem


se escondido?

Eu me preparei para o que estava por vir. Aquele


momento decidiria o meu destino e, mais importante, o destino
de Darcy. Disse-lhe que não a machucaria, e era verdade. Mas
era verdade contanto que eu não fosse um traidor e ainda vivia
para protegê-la. Tinha medo que se não fosse bem sucedido,
eles a machucariam para acabar comigo. Isso não era algo para
o que eu estava preparado. Darcy só estava envolvida porque
ela decidiu que queria passar algum tempo comigo, por
qualquer motivo. Eu alternava em amaldiçoar-me por arrastá-
la para o meu mundo e agradecer que Deus estava cuidando
de mim por trazê-la perto. Se eu tivesse uma chance de voltar
para aquela primeira noite onde eu bati naqueles dois idiotas,
eu faria tudo de novo.

— Tenho me escondido porque você me enganou com


esse acordo, Michael.

Houve um silêncio morto perto de mim. Olhei para trás


para os rostos atordoados desafiadoramente. Não era uma
coisa pequena chamar Michael de mentiroso, mas lá estava ele.

— Está me acusando de alguma coisa? — ele disse


calmamente. Seus capangas pisaram, prontos para atacar em
sua palavra.

— Estou te acusando de querer me manter aqui —


Respondi, falando alto. — Todos nesta sala sabem que você me
quis como seu guarda-costas pessoal desde o primeiro dia, e
quando eu disse que não, as coisas ficaram ruins para mim.
Acho que você está tentando estragar tudo como vingança.

— Cuidado com o que diz, filho. — Michael parecia


irritado. Eu queria que ele ficasse. Precisava que estivesse fora
de seu jogo. Precisava dele agitado e confuso, caso contrário
ele daria a ordem de me matar e acabar com isso. Pode ser
suficiente para manter-me vivo se puder expor uma pequena
falha na sua armadura.
— Não, Michael, cuidado você. Olhe ao seu redor. Todo
mundo aqui sabe que o que estou dizendo é a verdade. Você
vem lidando com os russos em segredo durante anos, e todos
nós nos cegamos a isso porque todos estavam fazendo
dinheiro. Mas ultimamente, as coisas não têm ido tão bem,
elas têm?

A multidão começou a murmurar e senti uma emoção


correr ao longo do meu corpo. Sabia que eles estavam me
ouvindo, e mais do que alguns deles concordaram comigo.
Precisava que Michael escorregasse e admitisse. Ultimamente,
o dinheiro que estava fluindo no bolso das pessoas certas, dos
grandes negócios de droga, e as armas estavam começando a
secar. Michael tinha uma rivalidade com alguns dos chefes
menores russos, o que significava mais corpos se acumulando,
e menos lucro. Quando as coisas estavam pacíficas e
prósperas, as pessoas estavam dispostas a perdoá-lo por lidar
com uma máfia rival. Mas quando as pessoas estavam
perdendo suas vidas, ninguém estava mais interessado em
deixar Michael fazer suas guerras pessoais. Eu precisava
explorar esses sentimentos e obter a multidão ao meu lado.

— Como se atreve, seu merdinha. Após todas as chances


que lhe dei — ele rosnou, e percebi que estava agitado.

— Chega de merda, Michael. Você sabe que eu não tive


nada a ver sobre como aquele acordo deu errado. Deixe-me
lutar pela minha liberdade e resolveremos isso.
Michael olhou duro para mim e a multidão ficou
resmungando.

— Deixe-o lutar! — alguém gritou.

— Deixe a criança lutar! — outra pessoa pegou o grito e


a multidão de repente começou a gritar e cantar. Eu regozijava-
me no poder da multidão, todas as suas vozes, erguidas em
meu nome. Michael olhou ao redor, irado e confuso, quando
continuaram a cantar para mim e para ele ao mesmo tempo.
Finalmente, levantou as mãos, sinalizando silêncio. O ruído
morreu lentamente. Sabia que eu tinha ganhado.

Ele olhou duro para mim por alguns segundos.

— Tudo bem, seu merdinha. Deixare você lutar. Mas eu


estou aumentando as apostas.

Eu estava desconfiado, mas me senti bem. Não foi a


vitória reta que sempre desejei, mas era uma chance. Michael
poderia definir suas apostas em qualquer forma que queria.
Eu ganharia qualquer briga que ele colocasse no meu caminho.

— Qual é a aposta então? — Perguntei.

— Você ganha ou você morre. Não quero mais ficar em


dívida. Você ganha essas duas lutas, senão eu mesmo cortarei
sua garganta.

A multidão reagiu a isso. Olhei para Michael e ele


retornou meu olhar. Eu sabia que quis dizer sua ameaça, e ele
faria o que fosse preciso para me eliminar. Antes, se eu
perdesse uma luta, estaria em dívida com ele para sempre, as
chances não ficaram mais fáceis de sair. Eu seria preso nessa
vida, preso como seu guarda-costas pessoal. Eu realmente
preferia o novo acordo se fosse honesto comigo mesmo. Não
poderia viver assim, aconteça o que acontecer. Melhor para
Darcy também, se eu morresse. Eles não teriam nenhuma
razão para incomodá-la, comigo fora de cena.

— E se eu ganhar, vou embora. Livre. Sem merda.

— Se você ganhar, você está livre.

Olhei em volta.

— E todas as pessoas certas, ladrões e bandidos e mais,


ouviram o que ele disse. Se eu ganhar, eu estou livre, sem
merda.

A multidão gritou.

— Sim!

Michael

— Então nós temos um trato — disse calmamente.

Olhei-o de cima a baixo, meu corpo vibrando com a alegria


e a raiva. Esta era a oportunidade que eu precisava. Ele pensou
que tinha visto o melhor de mim, do que eu era capaz, mas
estava errado. Eu tinha dado socos leves, fáceis, deixei os meus
adversários acharem que poderiam acompanhar. Mas não
mais. Eu iria em seus lutadores com tudo o que tinha.
— Nós temos — disse.

Michael deu seu sorriso perverso então cruzou a sala e


ficou perto. Fiquei tenso, pronto para um truque.

— Fui ver sua menina bonita — comentou calmamente,


era só o que eu podia ouvir.

— Se você a machucar...

Ele me interrompeu

— Relaxe, filho. Ela está bem. Tudo que fizemos foi


verificar para ver se você estava lá. Nem mesmo fomos duros.
— Ele pausou e olhou para mim. — Mas eu sei onde ela mora.

— Seu filho da puta. — Levou tudo para não o atacar lá.


Isso significaria morte, mas quebrar o nariz de porco nojento
me deixaria feliz.

Ele sorriu e estendeu a mão. Levei-a, e nós apertamos


duro. Olhei-o e ele retornou meu olhar, sorrindo o tempo todo.

Finalmente, soltamos, e ele retornou ao seu lado do


círculo. Eu não tinha ninguém do meu lado, mas não
precisava. Tudo que eu precisava era a vontade de sobreviver,
e eu tinha muito disso.

— Bem, rapazes, quem quer ver uma luta! — ele gritou,


e a multidão ficou louca, alta na sede de sangue e medo.

Não foram muitas vezes que Michael fez um pacto de


sangue, como fez agora, mas tenho a certeza que fiz
especialmente a noite excitante. As pessoas estavam prontas
para alguma violência, e estava pronto para dar-lhes.

— Vamos ao que interessa então — ele gritou e depois


retirou-se para a borda do círculo.

Fiquei sozinho no círculo, enfrentando o monstro


musculoso, seu rosto passivo e seus olhos vazios. Tirei minha
camisa e olhei-o de cima a baixo, permitindo a respiração
acalmar e meus músculos relaxarem. As tatuagens em meus
braços e ao longo do meu tronco eram vivos lembretes,
cobertos em sangue e dor, da vida que estava sofrendo, e só os
fortes sobreviveram.

Eu era o mais forte.

Encherei este estranho de porrada. Baterei até que não


suporte, o vencerei com cada grama de energia que eu tenho
em meu corpo. Bater seu crânio para a lama por causa de
Darcy e por mim.

Cada um de nós deu alguns passos mais perto do outro,


e quando a multidão chegou a um tom frenético, ele atirou-se
para mim.
Eu olhei para a porta e imaginei milhares de cenários
diferentes para o que estava do outro lado. Era Michael, Shane,
era a polícia, era pior. Finalmente, tomei a coragem de olhar
pelo olho mágico. O que vi fez meu corpo tenso com choque.

Rex olhou de volta, seu rosto ensanguentado, seu olho


direito inchado, mas sua boca sorrindo com uma alegria
selvagem. Abri a porta e ele não podia se mover rápido o
suficiente.

— Rex! — Eu joguei meus braços ao redor dele. Ele


gemeu em resposta.

— Calma — disse ele. Parei e olhei-o. Ele estava


obviamente ferido, mas estava lá e estava vivo. Beijei
suavemente a boca dele, e ele me beijou de volta.

— Onde esteve? — Perguntei.

Ele balançou a cabeça.

— Para dentro.

Levei-o para dentro e fechei a porta atrás de nós,


rapidamente a trancando. Virei e o encontrei encostado na
parede, ainda sorrindo, mas cansado. Parecia abatido e com
dor, mas seu sorriso disse que estava de ótimo humor.

— O que aconteceu? — Fechei o espaço entre nós e


cautelosamente toquei seu olho inchado. Ele estremeceu, mas
não me afastou.

— Ganhei a minha luta — Respondeu.

— Você conseguiu?

Ele balançou a cabeça suavemente.

— Ainda não, mas quase. Tenho mais uma, na próxima


semana.

— Você lutará em uma semana a partir de agora?

— Sim e isso acabará.

— Mas não estará curado até então.

Ele encolheu os ombros.

— Não importa. Ficarei bem.

— Não, Rex. Você precisa ver um médico.

Ele balançou a cabeça. Os olhos pareciam tristes.

— Não posso ver um médico. Eles fazem perguntas,


talvez trarão problemas para mim. — Ele pausou e olhou para
mim, sério — Prometa que você não contará a ninguém sobre
isso — ele pediu.
Suspirei e depois beijei-o suavemente de novo.

— É claro. Para o sofá. Eu te darei um pouco de gelo.

Ele sorriu.

— Esse é o espírito. Seja minha enfermeira sexy.

Sorri de volta. Que idiota.

— Encontre-me um traje e o usarei.

Ele se afastou da parede e foi para o sofá.

— Não ache que não posso fazer isso acontecer.

Fui para a cozinha e peguei um pano de prato. Abri o


freezer e enchi com gelo. Torci a ponta e trouxe para ele. Eu
era uma confusão de emoções conflitantes. Tinha pavor de
Michael, temi por Rex e seus ferimentos, mas mais do que
tudo, eu estava mais do que feliz em vê-lo novamente. Percebi
que sua ausência só tinha aumentado meus medos, e que sua
reaparição fez tudo bem novamente.

— Espero realmente que isso aconteça. — Suavemente


coloquei o gelo contra seu olho, e seus dedos roçaram os meus
quando o pegou.

— Peço desculpa — ele disse.

— Pelo quê?
Ele parecia longe de mim, gelo contra seu rosto. Sentei-
me ao lado dele.

— Sei que Michael esteve aqui — comentou.

Não respondi. Não sabia o que dizer. Era verdade, mas eu


não culpo Rex por nada disso. Escolhi ser uma parte de seu
mundo. Eu sabia o que queria.

— Não é sua culpa — respondi.

— É minha culpa, maldição. Desculpe-me.

— Tomo minhas próprias decisões. Pare de agir como se


você controlasse o que eu faço.

Ele suspirou.

— Deus, se você não fosse tão sexy quando age como


uma criança mimada, eu ficaria chateado com você agora.

Enrolei meu braço suavemente em torno de seu ombro e


senti os músculos de seus braços. Beijei o pescoço suavemente
e respirei profundamente o cheiro dele. Ele era suor, sangue e
sujeira, mas tinha um cheiro perfeito.

— Não pode me proteger sempre. Você mesmo disse.

— Posso tentar — respondeu. Acreditei que ele faria.

— Então onde esteve este tempo todo?


— Fiquei com um amigo meu em Chinatown. Um porão
horrível, uma merda.

— Como você conseguiu isso, sair sem problemas?

Ele sorriu.

— O controle de Michael da gangue tem sido instável faz


um tempo. Tudo o que tinha de fazer era aparecer e chamá-lo
de merda. As pessoas me apoiaram.

— E o que, ele só deixou sair?

— Não, não exatamente. Embora, ele foi forçado a dar-


me uma chance.

— E agora?

Ele virou a cabeça e olhou para mim com o seu olho bom.
Golpeou-me fundo com aquele olhar verde piscina dele, mas
manchado pela contusão. Por um lado, ele foi além de “sexy”,
mas por outro lado, estava coberto de lesões. Perguntei-me se
poderia enroscar-me nele sem acidentalmente causar-lhe dor.

— Agora, me curo e preparo-me para ganhar o próximo


combate.

— O que acontece se você não ganhar?

Ele balançou a cabeça.

— Ganharei.
Encostei no pescoço e cheirei o suor dele novamente.

— Eu acredito.

Ele riu.

— Calma menina.

— O quê? — Sussurrei no ouvido dele, minha mão


subindo a coxa dele. — Só estou tentando ser sua enfermeira
sexy.

— Não sei se eu estou bem o suficiente fisicamente agora


para jogar duro.

— Quem falou em você fazendo o trabalho?

Ele virou a cabeça para mim, um pequeno sorriso no


rosto. Senti-o através de seu shorts e esfreguei lentamente o
seu comprimento. Beijei seus lábios suavemente enquanto eu
lentamente o trabalhava, então senti-o crescer duro na minha
mão.

— Sentiu minha falta, não foi? — ele disse.

— Sim — respondi, quando ele ficou mais duro.

— O que fará com isso?

— O que quer que eu faça?

Seu sorriso diabólico espalhou mais amplo.

— Levante-se.
Ri para ele, surpreendida por quão forte ele soava, então
sorri. Levantei-me na frente dele, sentindo-me excitada. Ele
abriu suas pernas e recostou-se de volta no o sofá.

— Agora tira.

Olhei para ele por um segundo, mas seu sorriso não


deixou seu rosto, e sabia que ele falando sério. Algo sobre seu
tom de comando me fez querer obedecer, e queria
desesperadamente o corpo dele. Puxei lentamente minha
camisa, e peguei seus olhos percorrendo avidamente ao longo
do comprimento do meu corpo. Sorri e virei as costas para ele
enquanto descia meu shorts lentamente. Ele soltou um
pequeno gemido enquanto me viu usando apenas meu sutiã e
tanga preta. Soltei os grampos em meu sutiã e escorreguei-o,
cobrindo meus seios completos com meus braços.

— Vire — ele disse.

Virei-me, ainda me cobrindo. Olhou-me com fome, e eu


podia ver o contorno do seu pau duro através do seu short.

— Não seja irritante — ele reclamou.

— Você gosta de me provocar — respondi. Coloquei um


dedo na minha boca e lentamente mudei meus braços,
deixando-o ter a visão total dos meus mamilos eretos cor-de-
rosa.

— É melhor — ele resmungou.


Mudei-me em direção a ele e então cai de joelhos na sua
frente.

— Isto é o que você quer? — Perguntei.

— Não fui capaz de tirar essa imagem da minha cabeça


— ele disse.

Sorri, a emoção do seu corpo funcionando por mim. Eu


estava encharcada, mas queria fazê-lo sentir-se bem mais do
que eu queria gozar. Algo sobre seu corpo quebrado me fez
precisar cuidar dele em todos os sentidos possíveis. Cheguei
para frente e puxei os calções para baixo, seguido por suas
cuecas boxer preta. Meus dedos passaram por cima de suas
coxas musculosas, e sua enorme rigidez pulou para fora sobre
o tecido da sua roupa. Respirei fundo por um segundo, tendo
esquecido quão grosso era. Cheguei para frente e lentamente
acariciei seu comprimento, e ele resmungou.

— Quero fazer você se sentir melhor — comentei.

— Você está fazendo um bom trabalho.

Cuspi na minha mão e esfreguei a umidade ao longo de


seu comprimento. Comecei a mexer a mão mais rápido,
enquanto os olhos dele estavam trancados em meus seios, sua
respiração irregular e grunhidos de prazer.

— Você gosta disso? — Perguntei.

Ele resmungou sua aprovação, mudei meu corpo para


frente e lentamente lambi-o da raiz até à ponta. Provei seu
sal e suor e adorei, excitação transbordando. Lentamente levei
sua ponta em minha boca e suguei forte, correndo a minha
língua em círculos ao redor dele. Ouvi-o gemer quando
coloquei-o ainda mais na minha boca. Tomei tanto dele quanto
podia, faminta e voraz por precisar mais, de cada polegada.

Afastei-me e corri minha outra mão ao longo de seu


comprimento, chupei seu pau e trabalhei-o com minha língua.
Ele gemeu e rosnou de prazer, então chupei e fui mais rápido.
Precisava dele e desejava que não estivesse tão quebrado.
Podia ver o ferimento no abdômen dele, cinzelado e só podia
supor como ruim suas costelas estavam. Toquei
cautelosamente as contusões com minha mão livre, movi seu
pau da minha boca e acariciei-o.

— Dói? — Pperguntei.

— Não mais.

Sorri e beijei seu hematoma. Ele sorriu, e voltei em


direção a seu pau, seu comprimento todo úmido e duro.
Envolveu seus dedos atrás da minha cabeça e colocou uma
pequena quantidade de pressão quando levei pau na minha
boca novamente. Amei o controle e poder que ele exerceu sobre
mim, gostei que me pressionou para baixo, mas não muito. O
que se seguiu não era agressivo ou cruel, mas cheio de energia
e paixão. Suas mãos eram excelentes no meu cabelo, a
sensação de seu corpo contra o meu e seus rosnados baixos,
gananciosos.
Levei-o totalmente e suprimi um engasgo pela
necessidade de provar o pau dele, para ele se sentir melhor.
Ele gemeu quando comecei a chupar duro e rápido,
trabalhando seu comprimento com minha outra mão. Movi-me
assim, chupando forte e rápido, então senti todo o seu corpo
endurecer em resposta. Senti-me tensa com suas mãos no meu
cabelo, então ele soltou um gemido baixo.

Provei seu esperma antes de perceber que ele estava


gozando. Gozou na minha boca em grandes jatos, e engoli tudo
com ele gemendo através de seu orgasmo. Eu continuava a
mover-me lentamente ao longo de seu comprimento com ele
gozando, quando terminou, lambi cada pouco de esperma e
saliva de seu comprimento. Queria cuidar dele, e queria limpá-
lo. Senti-me responsável de alguma forma bizarra por seus
ferimentos, e nada me trouxe mais alegria e prazer naquele
momento do que fazê-lo se sentir bem, mesmo que apenas por
alguns segundos.

— Porra, era o que eu precisava — ele disse.

Sorri. Seu rosto estava radiante e lindo, apesar do inchaço


e dos hematomas.

— Bom, estou contente — Respondi.

Ele abaixou-se e me puxou para o sofá. Fiquei surpresa


com a facilidade que podia levantar-me, senti o poder em seus
músculos, apesar dos ferimentos. Ele beijou-me
profundamente, apaixonadamente, e eu afundei-me em seu
abraço.

— Estou feliz por que você não correu — ele disse


calmamente.

— Estou feliz que você voltou.

Sentamos lá em outro abraço, não pensando sobre o


futuro ou sobre o passado, mas aproveitando a presença do
outro, nossa respiração tranquila e sincronizada.
Passamos o dia seguinte no meu apartamento. Decidi
pegar a semana seguinte de folga para poder gastá-la com Rex.
Nenhum de nós estava disposto a dizê-lo, mas pode ter sido
nossa última vez juntos se a luta não correr bem. Ele se
recusou a mencioná-lo, e não queria preocupa-lo mais do que
já estava. Além disso, o corpo dele foi destruído, e demorou
mais de um dia para que ele se sentisse bem o suficiente para
sair da cama e andar, para ir em qualquer lugar. Ele tinha
corrido na pura adrenalina pós luta quando ele apareceu no
meu apartamento.

Estava quieto sobre o sofrimento dele, mas eu sabia que


estava com muita dor. Mudei as ataduras e substituí o seu gelo
em meio a muitas piadas ruins de enfermeira sexy, mas ri toda
vez. Por algum motivo, não importa o que ele dissesse, me fez
sorrir.

Tínhamos um acordo tácito que ele ficaria comigo até sua


última luta. Eu tive um sentimento que ele tinha medo de me
deixar, ou talvez estivesse mais preocupado com seus
ferimentos do que deixou mostrar. Eu não me importava dele
estar perto; na verdade, me sentiria oca e solitária se ele não
tivesse. Estava ansiosa sobre o que Michael faria se soubesse
que Rex ficou comigo, mas achei que estávamos a salvo
enquanto ficamos lá dentro. Pelo menos ninguém parecia te-lo
seguido para a minha casa naquela noite, embora eu tinha a
sensação que estávamos sendo observados.

— Acha que podemos sair hoje? — Pedi-lhe alguns dias


mais tarde. A luta seria em apenas dois dias, e estava
começando a me sentir um pouco louca.

— Podemos sair sempre. Não precisa ter um motivo.

Eu ri. Típico dele minimizar o perigo, mas sabia que ele


estava fixo dentro de casa, pela mesma razão que eu.

— Bem, faremos uma viagem de dia. É bom sair um


pouco.

Ele parecia pensativo.

— Onde você quer ir?

Não tinha certeza. Ele tinha se sentido bem o suficiente


para se movimentar, o que significava que finalmente éramos
capazes ter relações físicas também. Estava morrendo de
vontade para tocá-lo novamente depois daquela primeira noite,
mas ele parecia muito quebrado para empurrar demais. Isso
me fez pisar em ovos.

— Sua escolha. Você é o local aqui.

Ele riu.
— Tudo bem, tenho uma ideia. Já foi ao Reading Terminal
Market2?

Balancei minha cabeça. Eu tinha ouvido falar dele, mas


nunca me preocupei em ir.

— Não, nunca estive.

— Vamos lá então. Um dos meus lugares favoritos na


cidade.

Adorava quando ele mostrava ao redor. Sempre passava


sobre a história da cidade, falando de lugares diferentes, que
poderíamos ir e seu significado. Ele mostrou um nível
totalmente diferente dele, algo completamente diferente da sua
aparência de miolo mole. Realmente amava a cidade e a
história, e às vezes era muito nerd nisso.

Nós nos vestimos, ele no seu usual shorts jeans e camisa


preta justa e eu em shorts de cintura alta e uma camisa vintage
com um casaco de linho bege claro por cima. Estava animada
para sair em público com ele; percebi que ainda não estivemos
perto de outras pessoas juntos. Estivemos no bar e no cais,
mas não saímos perto de pessoas normais, vivendo uma vida
comum. Parte de mim desejava ser normal. Eu queria ser
capaz de jantar com ele sempre que eu quisesse sem me
preocupar com uma gangue de mafiosos irlandesas tentando
nos matar. A emoção de estar com ele valia muito a pena.

2
Um tipo de mercado público.
Enquanto caminhávamos ao longo do mercado, por entre
a multidão de meio-dia, passando por homens em trajes de
negócios, crianças brincando na rua e mendigos com placas,
ele falou sobre a história do Reading Terminal.

— Nos primórdios da cidade, havia muito menos edifícios


por toda parte. Os mercados ao ar livre eram muito populares,
e as pessoas iam a eles para as coisas de sempre.

— Ainda existe algum?

— A cidade decidiu que eram anti-higiênicos, talvez


fossem. Para substituí-los, a cidade construiu mercados
fechados, como Reading Terminal. Pessoas poderiam alugar
espaço, e aparentemente alguns caras que ainda vendem lá
descendem dos donos de barraca.

— Isso é verdade? — Não podia dizer, quando às vezes


ele estava brincando.

Ele encolheu os ombros.

— Isso é o que dizem. Não faço ideia, sinceramente.

— Olha para ti, senhor “Sabe tudo sobre a cidade.”


Finalmente algo que você não pesquisou.

Ele sorriu para mim.

— Não posso ser perfeito, eu acho.

— O que mais você sabe sobre isso?


— Bem, costumava ter um grande chão refrigerado para
os fornecedores guardarem coisas, mas que foram
desmanchados na década de 50. Aparentemente, antes dos
subúrbios tornaram-se alguma coisa, Reading Terminal estava
transportando comida para todo o país.

— Por que não fazem mais?

— Basicamente, o Reading Terminal começou a declinar


durante os anos 60 e 70, porque toda a gente sairia para os
subúrbios, e não foi até meados dos anos 80 que decidiram
renová-lo. Agora, é basicamente um marco histórico, mas na
época era apenas mais um mercado.

— Isso é muito legal, eu acho. O que tem de tão especial


sobre isso?

— Você verá. Algumas das melhores coisas é do


Pennsylvania Dutch3 e do Amish4.

— Sério, existem Amish?

Ele sorriu.

— Oh sim. Eles fazem incríveis tortas de maçã e


manteiga.

3
É um grupo cultural formado por antigos imigrantes de língua alemã para a Pensilvânia e seus
descendentes.
4
Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos
por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones
e automóveis.
Andamos pelas ruas, e ele continuou falando sobre a
história. Fiquei surpresa novamente com seu conhecimento,
especialmente para alguém que passou grande parte de sua
vida fora do sistema escolar, vivendo com gangues e drogas.
Ele era uma pessoa naturalmente curiosa, e embora estivesse
alto na maioria das vezes, disse que estava lendo
constantemente e às vezes roubou livros de história da
biblioteca pública. Sentiu-se mal por causa disso agora, mas
eu não podia culpá-lo.

Caminhamos através de Broad Street em direção a 12th,


onde o Reading Terminal cruzava com Arch Street. Havia
grupos de pessoas em todo o lado enquanto andávamos pelo
Tribunal do distrito da cidade. Entramos em um grande túnel
com os trilhos do local acima dela e depois no Reading
Terminal.

Ele estava lotado. Tinha pessoas discutindo por toda


parte, e baias cobriam praticamente cada polegada quadrada
da superfície do solo. Os vendedores estavam vendendo tudo
de peixe fresco e carnes cruas. Havia vendedores de
especiarias, fabricantes de vela, vendedores de roupas e muito
mais. Pessoas vendiam sorvete à moda antiga, potes de geleia
e mel e móveis de madeira. Tinha vários restaurantes,
incluindo um clássico especializado em cozinha caseira de
fazenda. Fiz uma nota mental daquele lugar, Rex nos levaria
até lá mais tarde. Foi incrível, a enorme quantidade de pessoas
diferentes, todos se movendo em torno do mesmo espaço,
comprando comida e tudo o mais.
— Então o que estamos fazendo aqui? — Perguntei-lhe.

Ele se aproximou de mim e senti seus dedos pegarem os


meus.

— Vamos comer torta de maçã Dutch5.

Eu ri.

— Sério? Quão americano você é.

— Você está rindo agora, mas verá. É a melhor coisa


daqui.

Ele levou-me a uma barraca coberta de tortas. Havia


todos os tipos de tortas, e algumas não reconheci. As pessoas
atrás do balcão, todas estavam vestidas simplesmente, as
meninas em chapéus e vestidos e os homens com camisas
brancas com coletes pretos e calças pretas. Todos os homens
tinham pelos faciais, e os rapazes estavam obviamente
tentando crescer alguns também, embora pareciam franzinos
e sujos.

— Duas fatias de torta de maçã Dutch, por favor — Rex


disse.

A menina assentiu com a cabeça e afastou-se. Ele olhou


para mim e se inclinou para perto.

5
Em tradução literal seria holandesa, mas como se refere a cultura Pennsylvania Dutch que não tem um
tradução, deixei no original.
— Os Amish, como eles vivem e respiram — explicou.

— Não parecem estranhos.

Ele riu forte e balançou a cabeça.

— Naturalmente não, são completamente normais.

— Sim, mas não usam eletricidade.

Ele encolheu os ombros.

— Não, eles não usam. Mas ainda são pessoas.

— Sim, eu vejo o que diz. — Sempre tinha imaginado que


os Amish eram estranhos, quer dizer pessoas que desprezam
toda a tecnologia moderna, mas estes homens e mulheres
eram perfeitamente agradáveis e felizes. Eles riram, brincaram
com os outros e sorriam para todos que passavam.

Em breve, a garota voltou com nossas fatias e Rex pagou


por elas. Ele agradeceu a garota depois me levou para em
direção a uma seção de cadeiras e mesas. Pegamos um
assento.

— Aqui, vamos comer — Rex disse, segurando seu garfo.


Bati no dele com o meu, então cavamos nos pratos.

Foi a mais deliciosa torta que eu tinha comido. Não era


uma grande fã de torta, mas era rica, doce e picante, toda
canela, açúcar e maçã perfeitamente misturados. A crosta era
crocante e macia ao mesmo tempo. Era incrível.
— Caramba, isso é incrível — disse entre bocados.

Rex sorriu, mas não respondeu, estava demasiadamente


ocupado a demolir seu pedaço para responder.

Comemos o último de nossa torta em silêncio e depois


recostamos nas nossas cadeiras. Senti-me recheada.

— Muito legal o lugar — Comentei.

— Sim, é. Você deveria ver após o trabalho. Fica cheio.

Era aproximadamente 14:00 da tarde, e a multidão ainda


estava muito pesada. Eu não podia nem imaginar durante o
horário de pico. As luzes estavam fracas e as cores eram
vibrantes, me senti completamente em paz e completa sentada
com o Rex. Isso foi o mais calmo que tivemos juntos desde o
início de tudo, e eu estava saboreando o nosso tempo.

Virei-me para falar com o Rex, mas meu fôlego ficou preso
na garganta quando vi seu rosto. Seus olhos eram duros e seu
rosto estava sério. Ele estava olhando para fora através da
multidão, e podia ver a raiva rastejando em sua expressão. O
inchaço em torno de seu queixo e testa estava muito melhor,
mas as contusões eram ainda amareladas e roxas e que,
misturada com a raiva, o fez parecer horrível.

— O que está errado? — Finalmente disse. Sua atenção,


não estava comigo.

— Alguém está nos seguindo.


Bateu-me diretamente na barriga. Queria olhar em volta
e encontrar quem é e sair correndo.

— Não — disse Rex, antes que eu pudesse me mover.


Olhei para trás em seu rosto e voltei a minha cadeira.

— Quem é? — Perguntei.

— Uma das pessoas de Michael. — Seu olhar voltou ao


meu rosto.

— Quando eles vieram até você, o que lhes disse?

— Nada, juro. Eu não sabia onde você estava.

Ele balançou a cabeça.

— Eu sei disso. Mas sobre nós, disse a eles que


terminamos?

Eu assenti com a cabeça, pavor.

— Merda — disse ele baixinho. — Nós devemos sair


daqui.

— O que está acontecendo?

— Eles sabem que estamos juntos novamente, o que


significa que você está de volta em perigo.

— Merda — Eu disse calmamente.


— Vamos, vamos. — Ele levantou e eu o segui. Fomos
rapidamente em direção à saída, passos longos comendo o
espaço. Tive que correr para ficar por perto.

— Eu sou um idiota — ele disse uma vez que estávamos


do lado de fora. Eu corri ao lado dele e agarrei sua mão. Ele
apertou os meus dedos.

— Não é culpa sua, lembra. Pare de ser um idiota.

Ele olhou para mim, com raiva. Olhei de volta


desafiadoramente.

— Você é linda pra caralho quando você está tentando


ser forte — ele disse.

— Foda-se, Rex, isso é sério.

— Sim, eu sei que é.

— O que fazemos agora?

— Agora podemos ir para sua casa e esperamos lá.

Suspirei quando continuamos a andar. Depois de uma


quadra, Rex rapidamente puxou-me para uma loja vazia e me
prensou contra a porta.

— Espere um segundo — comentou, então enfiou a


cabeça para fora e olhou para trás no fim da rua.

— Ele está lá?


— Não posso vê-lo, mas ele definitivamente ainda está
seguindo. Ele pode ter trocado com outra pessoa quando
percebeu que vimos ele.

Esperamos mais alguns minutos, em seguida,


começamos a andar novamente. Meu coração estava acelerado
e fiquei apavorada, mas também me senti segura com minha
mão na sua. Sabia que com ele ao meu lado, ninguém me faria
mal. Não importa o que acontecesse, não importa quem veio
atrás de nós, Rex me protegeria. Desejei saber o que passava
pela sua cabeça, mas com base na sua expressão séria, poderia
adivinhar. Sabia que ele se culpou e estava com raiva, que me
arrastou para aquela situação. Quem me dera poder explicar-
lhe quão viva me senti quando ele estava por perto, mesmo que
me colocou em perigo. Quem me dera pudesse lhe dizer, sem
parecer absolutamente insana, mas era a verdade. Eu amava
ficar escondida nas portas com ele, com medo de ser seguida.
Adorei seu corpo e seu senso de dever. Amei quão forte ele era,
e como era protetor.

Enquanto andávamos para meu apartamento, meu


coração martelava em meu peito. Sabia que em breve tudo se
resolveria, para o bem ou para o pior. Entretanto, apesar do
perigo e da violência que espreita atrás de cada esquina, gostei
de estar perto dele, apreciei estar em alta velocidade juntos
pela cidade. Imaginei que éramos o centro do mundo e todos
os outros na rua caíram, exceto nós. Éramos as pessoas mais
importantes, e as ruas estavam lá para nós. Eu estava
apavorada, mas estava viva, respirando, animada e não podia
esperar para o que vinha a seguir.
Voltamos para o meu apartamento e trancamos a porta.
Rex passeava nervosamente ao redor da sala, até que consegui
distraí-lo. Felizmente para mim, naquele momento estava
curado o suficiente para algumas atividades mais vigorosas.

A noite caiu assim, alternando entre paixão e medo


paranoico. Estava perdendo-me em seu corpo, seu peito
finamente esculpido e seu sorriso incrivelmente atraente. Eu
me senti como um clichê, mas eu precisava dele.
Adormecemos, seus braços em minha volta.

Acordamos na manhã seguinte, grogues de nossa noite


ativa. Nenhum de nós falou quando fui para a área da cozinha
e comecei a cozinhar ovos. Na noite seguinte era a grande luta,
e era nosso último dia juntos. Pensei sobre chamar Amy, mas
sabia que nada de bom viria de contar-lhe sobre isso. Além
disso, já era tarde demais para ela e Shane fazerem qualquer
coisa para ajudar. A melhor coisa que podia fazer por Rex era
acreditar nele e tentar mantê-lo tão feliz quanto possível. Não
sabia que tipo de estado mental estava, mas achei que ele
estava ansioso.

Sorri para ele quando saltou para fora da cama, seu


cabelo horrível, mas ainda parecendo glorioso em apenas sua
cueca boxer preta. Ele sorriu para mim... e entrou no banheiro.
Ouvi o chuveiro ligar quando os ovos começaram a fritar.
Raspei a frigideira e mexi, deixando sua delicia amarela fofa e
firme. Eu era uma má cozinheira, mas pelo menos faço ovos
mexidos. Pensei sobre Rex no chuveiro, a imagem do corpo
molhado, brilhando de limpo e musculoso, deixou-me
animada. Pensei em desistir dos ovos e me juntar a ele, mas
desisti. Nenhum de nós tinha qualquer momento sozinho
desde a noite em que ele apareceu na minha porta há quase
uma semana, achei que ele queria pelo menos os poucos
minutos que levou para tomar banho sozinho.

Mexendo os ovos mais uma vez, ouvi algo bater à porta.


Assustada, eu dei um passo mais perto. De repente, o estouro
da porta abrindo, seguido por três caras enormes, todos de
preto.

Estilhaços da porta voaram para mim, e reflexivamente


ergui minhas mãos para proteger meu rosto. O primeiro
homem agarrou-me pelos ombros e me empurrou em direção
a porta, enquanto os outros dois homens se espalharam dentro
do apartamento. Eu mal conseguia pensar ou reagir. Eu tentei
gritar, mas o homem empurrou a mão na minha boca. Tudo
aconteceu em menos de cinco segundos.

— Se você gritar, porra, matarei você e seu namorado —


ele disse. Eu vi que ele apontou uma arma na outra mão.
Concordei, olhos bem abertos com terror.
O segundo homem através da porta fez um gesto em
direção ao banheiro. O homem segurando-me moveu sua mão
da minha boca e puxou um saco preto do bolso de trás,
empurrando-nos fora no corredor.

— Coloque-o sobre sua cabeça.

Olhei para ele, não compreendendo.

— Faça-o agora, puta ou os dois morrem.

Eu puxei o saco na minha cabeça. O mundo ficou


completamente preto.

Ouvi passos abafados, e fui empurrada mais abaixo no


corredor. O homem segurou-me pelos ombros e mais ou menos
me moveu em direção as escadas. Tropecei, apavorada e cega,
mal conseguia manter-me na posição vertical. Ouvi os dois
outros caras a seguir.

— Merda, mais rápido Clutch — disse um homem.

— Sai fora, ela está cambaleando como um bêbado idiota.

— Ele estará atrás de nós em breve, merda, mais rápido.

— Pegue a cadela.

De repente senti ombros baterem-me em meus joelhos e


em seguida levantar-me. Eu abafei um grito enquanto me
viravam de cabeça para baixo, e eu poderia dizer que um dos
homens tinha me apanhado em sua parte traseira. O sangue
correu para a minha cabeça, me deixando tonta. Estávamos
nos movendo muito rapidamente, e não poderia ter sido mais
do que vinte segundos quando atingimos a escada.

— Depressa, Spud.

Senti-me saltar contra o homem enquanto correram para


baixo as escadas. Orei silenciosamente que Rex ficasse longe,
no chuveiro. Eles tinham armas, e embora tivesse certeza que
Rex poderia lidar com esses caras, normalmente, não parava
balas.

Logo, chegamos ao térreo.

— Vai, vai, vai — um dos caras disse. Fomos para fora


pela porta da frente, então senti no meu corpo o fresco ar
exterior. Eu usava shorts curtos e uma porcaria de camisa
velha, não o suficiente para manter-me à vontade, mas não tive
exatamente tempo de trocar. Eles se moveram para a calçada
e senti-me novamente a bater contra o homem. Ouvi-o bater o
pavimento e eles começaram a correr.

— Jogue-a dentro.

— Ela é muito pesada.

— Foda-se — Disse sob minha respiração. Eu não estava


tão pesada. Antes que eu pudesse protestar mais, ouvi a porta
de um carro aberta, e fui empurrada para dentro. Ouvi outro
homem me seguir, e abriu as duas portas da frente.
Novamente, fecharam, já com o motor ligado, e depois
estávamos em movimento.
— As mãos para fora, puta.

Estiquei as minhas mãos, ainda cega. Minha cabeça


estava louca de ser transportada de cabeça para baixo. Senti
uma corda enrolar meus pulsos, apertado.

— Essa porra dói — disse.

— Cala a boca. — Ele apertou ainda mais a corda, em


seguida, atou o nó.

— Deite-se de lado. — Cumpri e senti o fundo de plástico


duro da van contra meu rosto. — Cruze os tornozelos. — Fiz e
ele envolveu outra corda em torno deles. Apertou e, em
seguida, ouvi-o sentar.

Cega e amarrada, deitei-me no chão da van, sozinha e


com medo. Queria chorar e gritar, mas sabia que só pioraria
as coisas para o Rex. Eu tinha que manter a calma.

— Onde você está me levando? — Perguntei.

— Cala a boca — disse o homem nas costas.

Lutei contra as cordas, então deitei de volta, desanimada.


Sabia que não havia nada que eu pudesse fazer além de
esperar Rex vir encontrar-me. Ele me encontraria, e ganharia.
Eu tinha que acreditar nele; caso contrário, estava frita. A van
continuou movendo-se através de tráfego, abrandando e
acelerando e meu corpo foi jogado em torno de seus caprichos.
Não sabia onde estávamos indo, mas tinha reconhecido o nome
Clutch. Sabia que era um dos caras de Michael, então
pensei que voltaríamos para Drake. Não sabia o que Michael
planejava fazer comigo, se me mataria para se vingar de Rex
ou se me usaria como isca, mas eu estava apavorada.

O sequestro aconteceu mais rápido do que pensei ser


possível. Eles eram, obviamente, profissionais e moviam-se
rápidos e tranquilos. Duvidei que Rex sequer ouviu alguma
coisa, que foi por isso que ele não tinha se envolvido. Isso foi
uma pequena vitória, pelo menos. Com o Rex lá fora, eu tive
uma chance. Se ele tivesse tentado salvar-me e tivesse sido
baleado, tudo acabaria. Eu seria morta.

Cruzei ao longo do chão duro e áspero da van,


silenciosamente comecei a chorar. Fiz o mais silencioso
possível. Eu estava apavorada, cega e amarrada, e não sabia o
que aconteceria comigo.
Finalmente, a van parou. Ouvi os homens saírem do carro
e abrir a porta dos fundos. Mãos ásperas me agarraram e me
puxaram, e então, senti-me levantar novamente, de cabeça
para baixo.

— Cuidado com ela — disse uma nova voz.

— Como correu?

— Sem problemas — disse que o cara me segurando.

— Bom. Coloque-a para baixo. — Eu achei que reconheci


a voz, mas eu não poderia dizer. Não tive mais tempo para
pensar nisso, porque o cara me carregando começou a se
mover novamente. Passamos por uma porta, pelas escadas
abaixo e em uma área de cheiro úmido, provavelmente um
porão. Puseram-me para baixo sobre um piso de concreto frio.
Adivinhei que estávamos no Drake, mas não tinha certeza.

— Fique aqui. Não faça nenhum barulho. Nós


voltaremos.

— Espere, por favor. Não me machuque. — Estava


tremendo quando a realidade da minha situação se tornou
mais clara.
— Nós não te machucaremos. Não faça nenhum barulho.

Ouvi metal tinindo e uma porta fechando, clicando no


lugar. Os passos do homem recuaram para longe, em seguida,
desapareceram a subir os degraus. Eu ainda estava
encapuzada e amarrada, então tudo o que podia fazer era me
recolher para o meu lado e chorar mais um pouco.

Nada parecido nunca tinha acontecido comigo antes. O


perigo mais imediato, em que eu já tinha estado, foi talvez uma
briga nas proximidades. Ninguém nunca quis me prejudicar, e
muito menos sequestrar-me do meu próprio apartamento e me
amarrar em uma gaiola de porão. Esses caras eram graves,
sem piada de criminosos e provavelmente fariam qualquer
coisa para chegar ao Rex. Eu esperava que eles fossem me
manter viva. Ou talvez queriam me matar como vingança. Eu
soluçava, com medo e ansiosa, pelo que pareceram horas.

Minha vida reconfortante, chata e repetitiva passou pela


minha mente. Tinha vindo fácil, nada muito ruim aconteceu
comigo. Talvez meus pais me foderam um pouco, mas quais
pais não? Eu me confundi com o Rex porque eu não estava
satisfeita, e ele representou um momento emocionante. Mas
havia mais nele do que isso, tinha uma profundidade toda que
eu mal tinha começado a arranhar. Eu estava desesperada
para conhecê-lo, sentir seu corpo, mas parte de mim estava
começando a acreditar que nunca veria seu rosto novamente.
Estava além do medo, tremendo e chorando, mas ainda não
estava completamente quebrada. Eu sabia que o Rex estava
vivo em algum lugar lá fora, e se ele ainda estava vivo, havia
esperança. Os caras que me levaram não atacaram Rex; caso
contrário, eu teria ouvido tiros. Eles entraram e saíram em
segundos.

Minha mente agarrou-se a ideia de que Rex apareceria e


salvar-me. Imaginava-o arrombando a porta da frente do
Drake e cuidando de cada pessoa na sala. Ele bateria no chão,
quebrando ossos com seu calcanhar e finalmente caminharia
impetuosamente para me tirar da jaula. Eu cuspiria em
Michael quando ele chorasse por misericórdia, mas Rex não a
mostraria. Senti-me um pouco infantil tendo fantasias de
vingança, mas não tinha mais nada para fazer. Tive que ficar
imaginando minha fuga, caso contrário afundaria no poço
mais profundo de desespero imaginável, e ficaria
completamente quebrada.

Eventualmente, ouvi a proximidade de passos. Eu


internamente gritei, mas só poderia gemer e chorar sem
lágrimas. Os passos se aproximaram e ouvi a porta da minha
cela desbloquear.

— Por favor, não me machuque — Disse, aterrorizada.


Eu não podia ver ninguém e por tudo o que sabia a pessoa
estava segurando uma arma na minha cara, prestes a puxar o
gatilho.

— Eu não te machucarei, moça. — Eu me encolhi quando


reconheci a voz de Michael.
— Por favor, deixe-me ir, não tenho nada a ver com isso,
eu juro.

Ele riu, e então o saco foi puxado da minha cabeça. Luz


inundou-se nos meus olhos, cegando-me por um segundo.
Num piscar de olhos o mundo lentamente entrou em foco.
Meus olhos levaram um minuto para ajustar totalmente para
a luz. Eu estava em um porão, em uma gaiola pequena no
canto de trás. Havia barris e caixas de álcool empilhadas por
todo o lado, então adivinhei que provavelmente estava certa
sobre estar no Drake. Percebi que era uma coisa boa, porque
Rex poderia me encontrar mais facilmente. A menos que isso
era exatamente o que queriam.

Michael se agachou na minha frente, seu sorriso irritante.

— Não posso te deixar ir, também.

— O que você quer comigo?

Ele suspirou e olhou para outro lugar. Não falou


imediatamente, e comecei a sentir-me ansiosa em seu silêncio.
Finalmente, ele disse devagar e claramente, mas baixo.

— Você sabe como consegui entrar neste negócio?

Não pude acreditar. Sério que ele contaria a história dele?


Não havia nada que eu queria ouvir menos.

— Não me interessa — Respondi.

Ele me olhou, olhos duros. Levantou e começou a andar.


— Você tem que tentar ser um pouco mais cuidadosa,
Darcy. Está amarrada em um porão com algumas pessoas
muito violentas, se você não sabe.

— Você disse que você não me machucaria.

— Eu menti. — Ele olhou para mim por alguns segundos,


senti meu corpo começar a tremer de medo. — Como eu estava
dizendo, entrei neste negócio em uma idade jovem.

— Quantos anos você tinha? — Decidi que estava na


minha melhor aposta jogar e fingir que me importei. Prefiro que
ele continue falando do que decidir que queria me bater . Tinha
que sobreviver, tinha que passar a noite, e amanhã Rex faria
as coisas direito.

— Oh, doze anos no máximo. Meu pai era um chefe aqui


perto, a poucas ruas, um pequeno bairro. Papai me trouxe em
meio período, para a limpeza da loja e contar a mercadoria.
Fazia pequenos roubos também, coisas pequenas. Foi a
maneira que funcionou, pai prestou homenagem ao chefe, algo
como 30% de seu lucro. Eles empurraram-lhe grande parte de
sua vida, mas as coisas eram diferentes naquela época. As
pessoas certas não estavam unidas, então os irlandeses eram
mais protetores e defensores da paz do que o que somos agora.
A máfia não era um povo temido e violento. Fomos amados
pelos clientes habituais em muitas maneiras, e desde de certos
serviços que os policiais e os idiotas do governo negligenciavam
quando havia buracos nas ruas, enchemos. Quando árvores
caiam ou janelas quebraram, ajudamos a corrigi-lo. Quando
idiotas tentaram empurrar um dono da bodega, nós cuidamos
deles. Se uma gangue queria empurrar em nosso território e
ameaçar o nosso povo, nós fomos para a guerra. Em muitos
aspectos, era mais simples naquela época. Foi no tempo do
meu pai, pelo menos. Então, finalmente, as coisas começaram
a mudar. Eu era mais velho, um chefe menor em meu próprio
direito, quando o pai morreu. Nunca descobri quem fez isso ou
porque, mas um dia acordei e ele foi afundado no fundo do Rio
Schuylkill. De qualquer forma, depois da morte do meu pai, eu
jurei que nunca ficaria intimidado. Levantei-me pelas fileiras o
mais rápido que pude, e isso era um negócio sangrento. Eu
cortava gargantas onde precisava e untava palmas quando
pudesse. Agora aqui estou eu, executando o programa, um
rastro de morte atrás de mim e apenas mais corpos sem cabeça
no futuro. Este negócio, é cheio de merdas, viciados, drogados
e pior. Naquela época, éramos uma força de proteção amada.
Agora, venderemos drogas e armas. Podemos aumentar com
carros e picá-los por dinheiro. É tudo sobre dinheiro hoje em
dia, porque as pessoas que nós costumávamos proteger estão
todos se afastando. Os bairros já não são irlandeses,
poloneses, chineses e coreanos. Mais pessoas diferentes
significam mais criminosos, embora ainda é nosso trabalho
manter os criminosos em cheque. Há uma paz agora porque
nós forçamos todos os locais, todas as pessoas certas, para
pagar o tributo sob a ameaça de violência. Mais do que isso,
temos dinheiro para distribuir de todos os trabalhos. Se o
dinheiro continua fluindo, as pessoas ficam felizes. De vez em
quando, porém, é necessário força.
Ele pausou e olhou-me nos olhos.

— Eu pareço um homem forte para você?

— Sim — Respondi. Estava disposta a dizer o que


quisesse. Precisava que ele continuasse falando.

— Claro que sim, moça. Você está amarrada. — Ele riu


suavemente, em seguida, começou a andar novamente. — É
verdade, meu poder vem desvanecendo faz um tempo agora.
Rex foi uma grande parte do meu apelo, naquela época. Ele
sempre foi um bom lutador e inteligente. Quando ele ainda
estava no meu bolso, era um dos meus melhores rendimentos.
Tentei pegá-lo para minha segurança pessoal, mas ele
recusou. Acho que ele gostava mais de correr pelas ruas,
roubar coisas e causar caos.

Ele riu, perdido em suas memórias. Odiava ouvi-lo falar


sobre Rex. Era quase como se ele contaminasse a história de
Rex, usando o nome dele.

— Então, um dia, alguma merda aconteceu que ele não


gostou, e ele ficou limpo. Não era um problema por si só.
Limpo, ele era mais confiável. Mas algo mudou nele. Ele não
tinha o gosto pela vida e ele não queria a violência e roubo
mais. Ele começou a ficar reticente em empregos, recusando,
e sua rebelião provocou outra merda. Foi uma coisinha, ele
recusar trabalhos e tal, mas foi o suficiente para fazer com que
os outros me olhassem duas vezes. Tentei discipliná-lo, mas
ele é um homem muito difícil. Eventualmente, joguei o cartão
de débito. Depois de anos usando minhas drogas e fodendo
minhas mulheres, comendo da palma da minha mão, ele me
devia dinheiro. Isso funcionou, até que ele forçou minha mão
na frente de uma grande reunião dos chefes locais. Ele lutaria
em meu ringue em troca de reduções da dívida, até que ele
estivesse livre. Isso é o que ele propôs e, por qualquer motivo,
os outros chefes o apoiaram. Eles não estavam nem aí e
provavelmente gostaram que alguém estava se impondo
comigo. Concordei, sob a condição de que se perder, ele era
meu. E o desgraçado não perdeu, não desde então. Nove lutas
difíceis em uma sequência. Ele se tornou uma espécie de grito
de guerra para aqueles que querem me ver cair. Sei que ele não
dá a mínima para a política do presente e que ele quer sua
liberdade, mas ele está preso nela, quer ele queira ou não.
Acolhi Rex, você sabe. Quando ele era um merda, sem-teto e
quebrado, cheirando todas as noites e implorando o dia todo,
dei-lhe trabalho. Dei-lhe um lugar para morar e um propósito
na vida. Virei-o do ouriço pequeno triste que ele era,
lamentando-se sobre a mãe cansar dele e seu pai adotivo
morrer. Fiz dele um homem e lhe ensinei tudo que sabe. Salvei
a sua pele miserável, e como ele me paga? Com esta merda de
adolescente rebelde? Não posso ter. Não posso deixá-lo ir.

— Por que está me dizendo tudo isso? — Perguntei,


genuinamente interessada. Embora ainda achasse que ele era
um merda violento, vi algo mais em Michael. Ele era um ser
humano, pelo menos, e estava lutando com suas decisões. Eu
queria vê-lo morto, mas pelo menos entendi suas motivações.
Ele suspirou e pareceu distante. Parecia confuso.

— Boa pergunta. É seguro, eu suponho. Não há muitas


pessoas para conversar quando você tem que ser forte
constantemente. Os meus aliados mais próximos estão
querendo minha posição. Eles acham que podem fazer as
coisas melhor. Algumas pessoas ainda querem nos trazer de
volta aos velhos tempos e parar de roubar carros, parar de
vender drogas. Mas não há volta agora que as pessoas tiveram
um gosto do verde e que tudo traz. Não há mais volta. Neste
negócio, se eu não manter o que tenho, estou morto. Não posso
dar o controle agora, não enquanto ainda sou jovem. Talvez
um dia eu possa me aposentar, mas agora é vencer ou morrer.

Não respondi, e ele continuou a andar. Parecia


genuinamente triste enquanto falava, como se os bons e velhos
tempos fossem uma coisa real que ele errou. Eu o vi mover-se
e vi a violência, a destruição em sua marcha. Sabia que ele era
uma pessoa perigosa, mas pior que isso, estava desesperado.
Queria ficar com o seu poder, mas se sentiu sitiado por seus
aliados. Ele era como um animal selvagem empurrado para um
canto, forçado a lutar com tudo que tinha. Em muitas
maneiras, ele era como Rex. Ambos se encontraram em uma
posição onde era vencer ou morrer. Só que Rex era forçado em
seu lugar por Michael e Michael estava fazendo o que fazia para
proteger seus próprios interesses. Rex queria ser livre, e
Michael queria controle.

— O que fará comigo? — Perguntei.


Ele parou e olhou para mim, um sorriso no rosto.

— Ah, finalmente ela faz a pergunta certa.

Ele se agachou na minha frente, podia sentir o cheiro doce


de qualquer colônia que usava e a comida podre em seu hálito.

— A verdade é provavelmente nada. Não podemos matar


alguém como você, com amigos, família e tal. Muito calor,
quando as pessoas começam a investigar. Você tem sorte, que
é uma pessoa normal; caso contrário, você seria facilmente
dispensável. Mas o Rex, posso matá-lo. Ele é um menino de
rua de merda, um drogado de merda.

— Ele está limpo agora — Disse calmamente.

Michael soltou uma risada longa e alta.

— Estou chocado que ainda está defendendo ele, o


homem que colocou você nesta jaula.

— Você me colocou aqui.

— Não, moça. Eu não a coloquei aqui. Nunca teria te


envolvido nisto. Rex, ele sabe que tipo de homem sou, e ainda
te trouxe para esta vida. Rex sabe o que estou disposto a fazer
para ficar com o poder e a ameaça que ele representa para
mim. Isso soa como um grande herói?

Não respondi. Michael não sabia o que estava falando.


Rex estava realmente limpo, vi por mim, e ele estava lutando
por sua vida. Ele tinha tentado de tudo para me afastar, e foi
minha culpa que tinha acabado em uma gaiola.

— Rex é um drogado, não esqueça nunca mais. E um


drogado fará de tudo para se manter seguro. Mesmo que ele
não está mais usando, será sempre um viciado. Para ele, você
é apenas mais um placar.

— Não acredito — respondi. Mas a dúvida foi plantada


lá, profundamente no meu âmago. Seria possível que Rex
estivesse me usando por um lugar seguro para ficar entre
lutas? Ele realmente pode ser tão cruel como Michael parecia
pensar que ele era?

— Acredite ou não, Darcy, não importa. Mas ele é a razão


de estar aqui. Eu só não posso perdoá-lo agora. Se as coisas
fossem mais estáveis com as pessoas certas, se meu poder não
estivesse diminuindo, eu provavelmente poderia deixá-lo ir.
Agora, ele colocou muito estardalhaço, me forçou. Eu preciso
ganhar contra ele, senão parecerei fraco para meus inimigos.
E uma vez que pareça fraco, eles atacarão. Com sorte, ele será
forçado a fazer algo estúpido hoje e me dar a desculpa que
preciso para matá-lo. E se não o fizer, espero que você vai
distraí-lo o suficiente durante a luta para meu cara vencer.
Tenho que admitir, o garoto é forte e um lutador muito bom.

— Então eu sou apenas isca.


— Isso é certo, bom trabalho! Você é apenas isca. — Ele
sorriu como se fosse da primeira série idiota que acertou uma
questão de ortografia, e deu-me vontade de vomitar.

— E você não me machucará.

— Não, eu não te machucarei.

Olhei para ele por muito tempo e naquele silêncio eu sabia


que era um mentiroso. Ele mesmo tinha dito. Havia algo na
cara dele que me disse a verdade: se Rex perder sua luta,
Michael nos mataria. Ele não podia me deixar ir, não com tudo
o que sabia. Precisava de mim contra Rex. Precisava de mim
para distrair Rex, tanto quanto possível. Tive que apertar o
cinto e permanecer forte.

— Foda-se então — Comentei. Fiquei enojada, irritada e


aterrorizada, mas Rex estava por aí, e Rex poderia resolver
tudo. Foi minha culpa que me misturei com essas pessoas,
mas Rex não era o tipo de homem para me deixar morrer. Ele
manteria a calma e venceria a luta. Eu tinha que acreditar
nisso.

Michael riu.

— Esse é o espírito. Tudo o que você precisa fazer é ficar


bem. Rex fará o resto sozinho. — Ele se esticou e sorriu para
mim.

Queria gritar com ele.


— Eu mandarei alguém com alguma água e comida. Fique
aí.

Ele trancou a cela novamente, mas ele não voltou a vestir


o capuz. Senti-me extremamente aliviada de ter a minha visão
de volta e percebi quão estressante e difícil era ser incapaz de
ver. Ele manteve as minhas mãos e meus pés atados, que
estavam começando a doer. Mesmo que Michael fosse
claramente um maníaco, pelo menos ele não era cruel o
suficiente para manter-me cega.

Michael acenou e depois desapareceu por uma escadaria.


Eu olhei em volta de minha cela e notei um colchão fino,
pequeno em um canto e um balde . Eu repassei a conversa na
minha cabeça e estava espantada com o quanto Michael tinha
me falado de sua vida. Deve ter suposto que eu não teria a
chance de dizer as pessoas sobre o que ele disse, ou pelo menos
que as pessoas não acreditariam em mim. Rex, claramente, foi
a última gota no tênue controle deste homem em sua gangue,
e a luta seria o momento decisivo para tudo. Não pensei que
me machucaria, porque eu valia mais para ele viva e inteira do
que se eu estivesse morta.

Sentei-me ali, sozinha e com frio em minhas roupas finas,


contra as barras de aço duras e continuei a imaginar Rex
quebrando a cara de Michael, mais e mais.
Não sei quanto tempo me sentei lá. O tempo foi difícil de
acompanhar sem um relógio ou o sol. Talvez, vinte minutos
depois que Michael saiu, as luzes piscaram então apagaram.
Ele tinha prometido alguma comida e água, mas nenhum deles
veio.

Tinha que ser pelo menos algumas horas. Senti rugir meu
estômago e eu estava com sede, mas eu não queria gritar.
Quanto mais ficar sem chamar a atenção para mim, era mais
seguro. Algumas horas em uma gaiola sem alimento ou água
era possível; eu sabia que era louco, mas eu estava totalmente
preparada para estripá-lo. Eu pensei sobre as horas que tive
com Rex, os dias que passamos juntos, dentro e fora da cama,
senti como se eu o conhecesse melhor do que antes. Sabia que
ele era minha melhor chance de sair da situação viva, e tudo o
que ele tinha que fazer era ganhar sua luta.

A última vez que o vi, Rex ainda não estava totalmente


curado. O inchaço maior passou, mas as contusões eram
ainda escuras e floresceram amarelas pelo seu corpo. Entre as
tatuagens e o sangue, seu corpo era uma lona manchada de
cores diferentes. Eu tinha que tomar cuidado quando iamos
para a cama. Ele não era o tipo de homem para levar as coisas
devagar, mas mesmo ele teve que admitir que era uma boa
ideia dar ao seu corpo esmagado um descanso.

Ele não estava em grande forma. Ele ainda estava com


dor mesmo quando executa tarefas simples. Pelos dois
primeiros dias tive que ajudá-lo a se despir e tomar banho, o
que eu não podia reclamar nem um pouco. Eu adorava puxar
sua camisa lentamente de seu corpo. Mas o hematoma
amarelo e azul ao longo de suas costelas sempre me acertou
bem no peito e tirou o fôlego. Eu não poderia nem começar a
entender o tipo de dor que ele sentia e o tipo de força que
precisou para ele continuar. Logo, estava se sentindo melhor e
foi por aí por conta própria, mas ainda conseguia ver o
sofrimento em seu rosto de vez em quando.

Estava preocupada. Ele tinha que ganhar, ele poderia


ganhar, mas estava vindo para o combate ferido. Quem
Michael colocaria estaria em perfeita forma e provavelmente
muito motivado. E se Rex perdesse? Eu sabia que Michael o
mataria, mas o que aconteceria comigo? Tinha medo dele me
manter aqui, me forçar a fazer parte da gangue. Imaginei
cenários horríveis, como me tornar uma escrava do sexo, ou
uma prostituta forçada de viciados em drogas. Mas ele não
podia fazer isso, ele podia? Eu tinha o Shane e a Amy, e não
me deixariam desaparecer. Shane Green tinha renda suficiente
sobrando para rasgar a cidade tentando me encontrar. Tive
que assumir que Michael e seu povo não sabiam sobre o meu
relacionamento com Shane, o que era uma coisa boa. Se algo
desse errado, eu precisava mandar uma mensagem para ele
e Amy. Eram os ases na manga, e desejei que não precisasse
envolvê-los.

Minha mente vagava sobre todas as possibilidades


horríveis enquanto o tempo lentamente passou. Meu corpo
estava rígido e uma dor subiu ao longo da minha espinha, mas
recusei-me ir para o colchão nojento. Além disso, não tinha
nada que pudesse fazer.

De repente, quando me perdi em outra fantasia onde


arranquei a espinha de Michael do corpo bruto, a porta para o
porão abriu, e desviou a luz. Ouvi botas descendo as escadas,
e a madeira rangeu sob o peso de alguém. A pessoa virou a
esquina. Reconheci-o imediatamente: ele era Spud ou Clutch,
um dos capangas pessoais de Michael. Ele repeliu-me
poderosamente quando se aproximou. Sua cabeça era raspada
e sua cara de porco enrolada em um sorriso nojento. Ele estava
segurando uma bandeja com um sanduíche e três garrafas de
água.

— Olá, menina — ele disse, e sua voz era um zumbido


agudo. Recuei ao som e percebi que nunca tinha ouvido ele
dizer nada antes. Eles estavam quietos quando me levaram do
meu apartamento.

Ele agachou à porta da minha cela, colocou a bandeja no


chão e olhou para mim.

— Empurrará isso? — perguntei, tentando evitar contato


visual.
— Ainda não decidi. — Ele continuou me encarando, o
sorriso doido não deixando seu rosto. Colocou as mãos sobre
as barras e inclinou a testa contra o metal, me encarando.

— O que você quer? — perguntei. Arrepios correram na


espinha.

— Nada — respondeu e continuou olhando. Ele era


irritante e misterioso, a maneira que quase não falava. Ele
passou os olhos por todo meu corpo e senti que tinham baratas
rastejando por cima de mim.

— Deixe-me em paz — disse baixinho.

— Eu gosto de você — respondeu. Ele levantou-se e


desbloqueou minha gaiola. Eu me contorcia longe dele tanto
quanto eu conseguiria, mas ele deu dois passos para dentro e
ficou a polegadas de mim.

— O que você quer de mim? — perguntei novamente.

Sorriu em retorno e depois estendeu a mão para tocar no


meu cabelo. Eu me encolhi e senti náusea. Ele pegou uma
mecha de cabelo e o cheirou, seu hálito nojento me cobriu.
Recuei longe e tentei fingir que ele não existia.

Quando parou de cheirar meu cabelo como um animal,


ele estendeu a mão e tocou meu rosto. Resmunguei e me
afastei, mas fiquei presa na parte de trás da cela. Ele se
aproximou e pressionou seu polegar sujo contra minha boca.
Senti sua unha encardida abrir meus lábios e pressionar
contra os dentes.

— Abra — ele disse.

Ele continuou a pressionar o dedo contra minha boca,


mas o rosto ficou zangado.

— Abra — disse novamente, e abri os meus dentes. Ele


colocou sua pele viscosa em minha boca. Quando eu senti o
gosto de sua sujeira e suor, eu mordi o máximo que pude.

Ele soltou um grito alto e forcei meus dentes para baixo o


máximo que pude. Ele puxou de volta, rasgou o polegar da
minha boca e foi para trás em direção à saída. Movi-me rápido,
saltei aos meus pés e comecei a mancar fora da gaiola.

Não sei o que eu estava pensando. Tudo o que sabia era


que tinha que fugir, ou pelo menos tentar. Eu não poderia ser
um capacho para bandidos de Michael foderem, não importa o
quê. Não consegui ir longe. Minhas pernas e mãos ainda
estavam amarradas juntas, e assim que liberei as portas da
gaiola, tropecei e cai em uma pilha de garrafas de licor. Eu caí
no chão e garrafas rolaram por todo o lado, fazendo um
barulho de vidro caindo. Deitei de costas, esperando o
inevitável. Depois de um momento, ele foi ao meu campo de
visão, pairando sobre mim e segurando seu polegar.

Não importa o que acontecesse, não pararia de lutar. Eu


não era fraca, e não era um capacho. Faria tudo o que tinha
que fazer para sobreviver.
— Foi ruim — ele disse.

— Vai se foder, porco.

Ele franziu a testa.

— Isso não é bom.

Afastou o pé dele para trás como se estivesse prestes a me


chutar, quando de repente a porta abriu lá em cima.

— O que diabos está acontecendo aí embaixo? — Ouvi


Michael gritar de cima.

O idiota cara de porco congelou, um olhar de pânico em


seu rosto.

— Nada — respondeu de volta.

Ouvi as escadas flexionarem sob o peso de Michael


quando ele desceu. Virou a esquina e me viu, deitada sobre as
garrafas, com o pé de porco assustador sobre mim.

— O que está fazendo, Spud? — perguntou.

— Nada — disse Spud. Ele claramente não era brilhante.

Michael avançou sobre Spud lentamente.

— O que eu te disse?

— Deixe a garota em paz.

— Sim, exatamente. E o que você fez?


Ele olhou para o Michael.

— Não a deixei em paz.

Michael balançou a cabeça tristemente, polegadas longe


de Spud.

— Rapaz, você não fez.

De repente, o punho de Michael bateu no intestino do


Spud, dobrando-o. Michael levantou os punhos acima de sua
cabeça e trouxe-os para baixo na parte de trás da cabeça do
Spud, batendo-o no chão. Spud gemeu.

— Desculpe, rapaz, mas você sabe as regras. — Michael


chutou Spud duro nas costelas uma vez, em seguida, duas
vezes e parou. Ele olhou para mim, e olhei para ele, meus olhos
com medo. — E desculpe a você também, moça. Estes animais
não conseguem se controlar, às vezes, quando veem uma
mulher como você, pelo menos.

Não respondi. Ele moveu-se para mim, agarrou minhas


mãos amarradas e arrastou-me para os meus pés.

— Não te machucou, sim?

Mentalmente, fui ao meu corpo. Minha bunda e costas


estavam um pouco magoadas, já para não falar que eu estava
morrendo de fome, sede, apavorada e eu estava completamente
enojada, mas sim eu estava bem. Eu balancei minha cabeça
em resposta ao Michael.
— Bom, então. Ele é inofensivo, honestamente. A maioria
do tempo.

Michael me moveu em direção a gaiola e gentilmente me


empurrou dentro.

— Agora pronto. — Empurrou a bandeja na minha


direção. — Espero que coma atum.

— Ele colocou o dedo na minha boca — Eu disse


estupidamente. Não sabia por que, eu disse isso, mas só saiu
da minha boca antes que pudesse parar. Eu não entendo por
que Michael estava me protegendo e machucando seu próprio
povo por minha causa.

Michael assentiu com a cabeça e pareceu entender.

— Eu não sou um monstro, mas tenho que trabalhar com


eles. Provavelmente ele não teria ido mais longe.

Retornei o olhar de Michael e, embora o detestasse com


cada polegada do meu ser, estava grata. Acreditei nele quando
disse que não era um monstro, ou pelo menos não era sempre.
Adivinhei que os anos de agir como chefe de uma violenta
multidão tinha entortado e torcido-o na coisa que eu vi naquele
dia.

— Coma. Trarei mais depois. — Com isso, ele virou e


puxou Spud em pé.

Spud rosnou e gemeu.


— Tudo bem, rapaz, tudo bem. Vamos subir — disse
Michael, e os dois foram em direção a escada. Assisti-os ir e
estava espantada em como Michael lidou com Spud. Nojento,
ambos eram seres humanos maus, mas vi algo mais profundo
nele. Os dois voltaram a subir os degraus e se foram.

Esperava que qualquer humanidade que Michael ainda


tinha fosse o suficiente para impedi-lo de matar-me no final de
tudo.

Mais do que isso, eu esperava que Rex fosse rasgá-los em


pedaços.
Ninguém me incomodou depois disso. Não sabia do que
gostava mais, as interações aterrorizantes ou a monotonia
lenta que era sentar sozinha em uma gaiola por horas. Comi a
comida que me deram, sentei-me no canto e esperei. Isso foi
tudo que pude fazer: passar o tempo.

Trouxeram-me outra refeição algum tempo após, e o cara


foi um homem que não reconheci. Ele não me respondeu
quando falei com ele e nem olhou para mim. Adivinhei que
ouviu sobre o que Michael fez a Spud.

Dormi no colchão. Não havia mais nada que eu pudesse


fazer. Ficava imaginando Rex esmagando a cabeça de Michael,
mas até isso perdeu seu charme depois de um tempo. Tinha
tantas maneiras para Michael morrer na minha imaginação
distorcida. Depois disso, tentei lembrar cada vez que Rex tocou
meu corpo, começando com a primeira noite no banheiro do
bar. Era estranho; o ponto mais baixo e um dos pontos mais
altos da minha vida ocorreram no mesmo bar.

Não houve nenhum sonho naquela noite. Eu esperava


pesadelos, mas não houve nada. Apenas uma escuridão
calmante, quebrada abruptamente quando o capanga de
Michael empurrou outro sanduíche e mais garrafas de água
sob as barras da jaula.

Ao meio-dia na tarde seguinte, o cheiro terrível quase


sumiu com o tédio. Não soube mais nada sobre Rex de Michael,
e só podia supor que ele jogou pelo seguro. Tinha uma parte
completamente irracional de mim que queria que Rex
quebrasse a porta da frente, armas em punho e me salvasse.
Mas sabia que esse era o tipo de besteira que você via nos
filmes. Nossa melhor chance era se ele vencesse a luta e ambos
forçarmos Michael a nos deixar seguir livres. Sabia que
nenhuma notícia era boa notícia nessa situação, mas era difícil
ver quando eu estava presa sem fazer nada.

Depois da minha terceira refeição do dia, percebi que a


luta tinha que estar perto. Então eu estava sumida por mais
de um dia, e me perguntei se alguém mais, além de Rex, notou.
Provavelmente não, percebi. A única pessoa que entrou em
contato comigo em qualquer horário regular era a Amy, mas
ela não tinha motivo para se preocupar se eu não me
comunicava por alguns dias. Às vezes não falamos por uma
semana, por nenhuma outra razão a não ser que estávamos
ocupadas. Isso era o que acontecia quando você fica mais
velha. Mesmo seus amigos mais próximos ficam à deriva.
Sentada na cela, refletindo sobre minha vida, jurei que Amy e
eu nunca perderíamos completamente o contato uma com a
outra.

Prometi um monte de coisas durante o meu tempo


naquela jaula, também. Foi difícil não refletir sobre todos os
erros que cometi ao longo dos anos, quando não tinha mais
nada para fazer além de pensar. Passei por todas as pessoas
que tinha injustiçado ao longo dos anos e prometi a mim
mesma que visitaria minha mãe mais vezes. Meu pai manteve-
se firmemente na minha lista negra, e nenhuma quantidade de
tempo de prisão ou tortura poderia mudar isso. Minha mãe,
era uma história diferente. Nunca acreditei completamente que
estava envolvida no esquema do meu pai, ou sequer sabia algo
sobre isso. Ela negou tudo desde o começo e sempre manteve
a história dela. As coisas importantes tornaram-se claras
quando minha vida estava em perigo, então descobri que
minha família era importante para mim, tudo o que restou pelo
menos.

Mais importante de tudo, percebi que não estava com


raiva ou chateada com Rex. Não o culpo pelo que estava
acontecendo comigo, se eu pudesse ter voltado e refeito tudo,
não teria mudado nada. Bem, talvez não o deixaria sair na
primeira noite no banheiro e depois no cais. Fora isso, não me
arrependi de nada. Desde que o conheci minha vida virou de
cabeça para baixo, mas eu estava tão feliz. Estive à deriva pelos
meus dias, mas ele fez tudo mais brilhante e mais vivo. Não
poderia desistir disso tudo, por nada.

Eventualmente, pessoas de Michael apareceram.


Começaram a pegar as caixas, barris e foram para a porta dos
fundos. Ninguém olhou para mim ou me disse nada, e pelo que
estavam preocupados, eu era invisível. Senti-me exposta em
roupas de dormir pequenas, sujas de usá-las por muito
tempo, mas ninguém parecia se importar. Adivinhei que todos
sabiam o que aconteceu com Spud. Ou talvez tivessem medo
de que eu morderia seus rostos.

Em breve, o porão foi completamente limpo exceto minha


gaiola. Uma vez que acabaram, Michael se aproximou de mim
com um sorriso de merda no rosto.

— Quase na hora para a grande luta, moça. — Sorriu


para mim.

— Estão me liberando?

— Sim, vamos. Não posso ter você sentada em uma


gaiola. Ruim para a moral.

Ele destrancou a porta e a abriu. Embaralhei meus pés e


segui para o porão. Quando estava fora, alguns de seus
homens esvaziaram o espaço e empurraram a gaiola mais para
trás em um canto.

— O que acontece agora? — Perguntei.

— Agora, vá ao banheiro e se limpe. — Ele pegou minhas


mãos ainda amarradas e arrastou-me subindo as escadas, no
banheiro das mulheres.

Dei uma rápida olhada no bar e vi que estava vazio.

— Tudo bem, mude de roupas. — Indicou para uma pilha


de roupas no chão.

— Espera que use isto?


Ele riu.

— Você está péssima. Limpe-se e troque de roupas.

Dei-lhe um olhar de nojo.

— Não posso com as minhas mãos e pés amarrados.

Ele suspirou e então começou a me soltar. A pele em meus


pulsos e tornozelos estava vermelha pelo atrito contra as
cordas por mais de um dia, e parecia incrível estar livre. Quase
quebrei e chorei ali mesmo no local, mas me forcei a ficar forte.

— Agora, se lave e vista. — Fcou parado, olhando para


mim.

— Um pouco de privacidade?

Ele virou as costas.

— É o melhor que você terá. Seja rápida.

Virei em direção a pia e comecei a lavar-me o melhor que


pude. Eu parecia horrível: exausta e suja. Lavei meu rosto,
minhas mãos e espirrei água em minhas axilas. Puxei uma
camiseta preta básica, da pilha de roupas, e um short jeans
que pareceu me servir. Tirei minhas roupas, cuidadosa ao me
certificar que Michael não espreitava ou se virou. As coisas
serviram bem o suficiente, tive que admitir que era melhor do
que a roupa que estava antes. Pela primeira vez desde que
tinha sido raptada, senti-me como um ser humano real.

— Tudo pronto — Avisei.


Ele virou de volta para mim.

— Você está radiante, querida.

— Vai a merda.

Ele riu, me pegou pelo braço e me arrastou para baixo a


passos rápidos. Mais pessoas foram chegando, e o porão tinha
talvez quinze homens de pé ao redor em um círculo solto.

— Onde está o seu lutador? — Perguntei.

— Ele estará aqui em breve. Fique com Clutch e Spud...


e não se mexa. Se for boa, eles não a incomodarão. Se você não
for, dei permissão a Spud para fazer o que quiser. — Ele me
deu um sorriso desconfiado, em seguida, empurrou-me para
os gêmeos porcos. Fui encostada na parede ao lado deles, mal
me deram uma segunda olhada. Michael assentiu com a
cabeça para eles e então desapareceu lá em cima.

Eu podia sentir a tensão no ar, quase imediatamente. As


pessoas eram sensacionalistas, mas também aterrorizavam.
Adivinhei que todos sabiam quão importante era a luta, não só
por Rex, mas para a máfia toda.

Ninguém prestou atenção em mim, o que me deixou olhar


livremente ao redor, para a multidão. Não reconheci todos, mas
eram pessoas muito perigosas. Muitas roupas largas e
tatuagens dominaram o espaço, e as pessoas fumavam
livremente. Notei que formaram grupos, de três e quatro, e o
quarto foi dividido quase na metade. Achei que eram as duas
principais facções na gangue de Michael, e notei que estava de
pé no lado ligeiramente maior. Mais pessoas lentamente
vieram pelas escadas até que a área estava cheia, salvo pelo
grande espaço circular no centro.

O barulho era alto com riso e xingamentos. Pessoas


bebiam, fumavam e brincavam, mas ninguém se incomodou
em olhar para mim. Percebi que eu não parecia mais como uma
prisioneira. Adivinhei que olhariam mal para Michael
mantendo uma garota em uma gaiola por mais de um dia, foi
por isso que ele me soltou e tinha me limpado. Olhei para o
Spud e ele sorriu de volta. Calafrios desceram pela minha
espinha quando percebi que estava me encarando. Prometi
mentalmente a mim mesma que me vingaria na primeira
oportunidade que encontrasse.

Não sabia que horas eram, ou quanto tempo tínhamos


estado ali antes que Michael andasse pelas escadas abaixo. A
sala aquietou-se quase imediatamente. Ele foi seguido por um
homem alto com músculos pesados e grossas tatuagens
correndo ao longo de seu corpo. O cara usava uma camiseta
apertada branca, de ginástica, e os nós dos seus dedos
estávamos embrulhados em faixas brancas. Olhando não era
particularmente perigoso ou enorme, mas eu poderia dizer,
pelo jeito que as pessoas reagiram a ele, que era um homem
duro. Todo mundo acenou com a cabeça e deu-lhe respeito
quando ele passou, mas ignorou todos além de Michael. Eles
vieram para onde Spud, Clutch e eu ficamos, e pude ouvi-los
falar.
— Você precisa matá-lo — disse Michael.

— Sim — respondeu o homem.

— Torne-o rápido e sujo. Envie uma mensagem.

— Ok.

— Mais sangue, mais pagarei a você. Lembre-se.

— Ok.

Eles não falaram mais nada depois disso. Não me


surpreendi com o que tinha ouvido. O homem começou a se
mover. Estava apavorada por Rex. Esse cara claramente
tentaria assassiná-lo, mas não sabia se Rex jogaria pelas
mesmas regras. Nunca estive em uma luta assim em toda
minha vida.

O tempo passou devagar quando o lutador de Michael se


moveu em torno do anel, se aquecendo. A forma como esticou
e sacudiu seu corpo fez claro quão rápido, e perigoso era.
Nunca tinha visto um homem tão tranquilo e seguro de si, com
exceção de Rex. Mas onde Rex tinha um sorriso animado e um
senso de humor, este homem era em branco e perigoso. Ele
não disse nada e não tinha nenhuma expressão em seu rosto.
Era como uma pedra humana, ou uma máquina de matar.

Também tive medo que Rex não aparecesse. Quase uma


hora se passou, e ele estava longe de ser visto. Michael ficou
olhando para mim com este sorriso horrível, como se estivesse
saboreando o que poderia fazer comigo se Rex não
aparecesse. Não podia imaginar que ele teria fugido e me
deixado lá com Michael, mas estava começando a pensar que
ficar era uma possibilidade. Estava cheia com a possibilidade
de Rex não vir. Já era tarde, ou pelo menos acho que era, e as
pessoas estavam começando a ficar com raiva.

Senti-me fraca e presa. Queria sair dessa situação


sozinha, mas sabia que estava cercada por todos os lados por
pessoas maiores do que eu. Se Rex vir, teria suas mãos
completas tentando sobreviver. Eu precisava encontrar a força
para me tirar da sala no final e não depender de Rex, salvando
o dia. Olhei para os meus dois guardas e como a multidão
pulsava em torno de nós, pensei em um plano.

De repente, o lugar começou a acalmar. Havia um rangido


nas escadas, e Rex apareceu, pelas escadas abaixo. Ele virou
a esquina e a multidão se separou para ele. Minha respiração
travou no meu peito: ainda estava ferido, mas não tinha
nenhuma contusão nova. Mancou no centro do ringue, rosto
sombrio e sério. Ele olhou para mim e reconheci os olhos
verdes profundos. Vi alguma coisa passar por sua expressão,
um tipo de raiva que eu nunca tinha testemunhado antes, mas
rapidamente desapareceu, e ele desviou o olhar. Não entendia
por que estava mancando, mas disse a mim mesma que
confiaria nele.

— Bem, bem, bem, ele apareceu — Michael disse em voz


alta. A multidão de repente quebrou em um alto rugido de
paixão. O nível de excitação na sala saltou em dez vezes.
Uma vez que o ruído se extinguiu, Rex entrou no centro
do círculo. Ele tirou sua camisa azul escura apertada e usava
apenas short curto, solto e tênis pretos. Os músculos e
tatuagens agitaram em seus braços, e os hematomas se
destacaram claramente. Ele estava se movendo lentamente,
embora eu soubesse que um dia antes ele estava se movendo
muito bem. Não sabia o que estava acontecendo e pensei que
talvez os homens de Michael o atacaram novamente para
amaciá-lo para a luta.

O homem de Michael parou na frente do Rex no centro do


círculo, e Michael se juntou a eles.

— Bem, rapazes, é isso, para todos os machos por assim


dizer. Rex, conheça Gunther, seu oponente. — A multidão
ficou selvagem com gritos e aplausos. Pensei que todos sabiam
quem era Gunther, e baseado na reação, ele não era
brincadeira. — Vocês sabem as regras. Você luta até que um
de vocês não possa lutar por mais tempo. Rex, se você ganhar,
você tem sua liberdade.

— A menina, também — Rex respondeu. Michael sorriu


e olhou para mim. — Ela é muito bonita, não é?

— Se você a tocou, arrancarei sua cabeça.

Michael olhou para Rex, seu rosto torcido em horror


simulado.

— Eu, tocá-la? Nunca o faria.


— Foda-se, Michael. Diga que a menina fica livre
também. — A multidão começou a murmurar.

— Claro, a menina fica livre. Ela sempre foi livre. Não


tenho razão para prendê-la.

— Vamos acabar com isso — disse Rex. Michael riu.

— Muito bem, rapazes, para os lados. Na campainha,


vocês começam. — Michael e Gunther afastaram-se e se
juntaram a Spud, Clutch e eu. Gunther ficou em direção ao
centro, rolando os ombros... Rex, retirou-se para o outro lado
do círculo.

Ficaram assim, olhando um ao outro, rasgados e


perigosos. Gunther tinha um pequeno sorriso no rosto e Rex
se movia lentamente, estremecendo com dor. Eu estava
apavorada e meu coração começou a esmagar no meu peito.
Adrenalina subiu por mim misturada com medo e antecipação.
A multidão começou a se animar novamente , e o nível de
energia disparou.

Quando começou a chegar no auge, a campainha tocou.


Rex moveu-se primeiro, um borrão de velocidade
perigosa. Todas as pretensões de mancar se foram quando
seus músculos flexionaram e ele voou no ringue. Gunther
hesitou por um segundo muito longo, surpreendido no
movimento de Rex e pegou uma série rápida de golpes em seu
rosto e corpo. Gunther rapidamente se recuperou e empurrou
Rex de volta, e eles começaram a circular entre si como
animais à espreita.

Todo o meu corpo estava tenso enquanto a multidão


gritou elogios em ondas. Não poderia dizer por quem estavam
torcendo; pensei que fosse mais para a violência geral entre os
dois homens do que para qualquer um especificamente. Eles
queriam sangue e não se importavam de quem era o sangue.
Por um segundo, entendi o dilema de Michael. Como você
controla pessoas assim? Michael tinha as mãos cheias,
constantemente em malabarismo de uma crise atrás da outra,
entre pessoas que não queriam nada mais do que magoar
todos ao seu redor.

Mais do que isso, entendo porque Rex queria ficar longe


de todos. Tão emocionante como era, não tinha uma única
pessoa decente naquela sala. Ficar cercado por toda essa
violência, raiva e morte pode mudar uma pessoa. Rex,
provavelmente, tentava sair antes que ficasse preso para
sempre. Fazia sentido que estava tão desesperado para
escapar. Ele provavelmente não conhecia outra vida, ou pelo
menos não por muito tempo. Deve ter percebido que suas
chances, de realmente sair, foram se tornando cada vez
menores.

Gunther simulou uma estocada para frente, e Rex deu um


passo para trás. Gunther, então, torceu e chutou o rosto de
Rex. Rex conseguiu escapar no último segundo, mas ele estava
fora de equilíbrio. Gunther usou seu impulso para se lançar
em Rex. Seus punhos pegaram Rex no queixo antes que ele
levantasse as mãos para se defender. Eles circulavam perto e
trocaram golpes como boxeadores, e eu não poderia dizer quem
estava ganhando. Sua velocidade era incrível e não tinha ideia
como qualquer homem poderia ainda aguentar, depois de
tomar um único soco, e ainda trocaram vários. Seus punhos
eram desfocados e moviam-se com incrível precisão. Nunca
tinha visto antes tais reflexos na minha vida. Durante essa
troca, Gunther provavelmente teve mais sucessos, mas Rex já
estava ferido antes que a luta começasse, e cada golpe levou
mais dele. Em breve, Rex atirou-se para frente e caiu em um
agarre, seus braços fortes, fechados em torno de si,
esforçando-se para o controle.

O suor de seus corpos rolou para o chão de concreto frio,


enquanto o ruído da multidão subia e descia em ondas. Por
um segundo, eu fingia que era em um parque de diversões,
montada em uma montanha-russa do som. Sangue rolou
lentamente do nariz do Rex e escorria sobre seu corpo. Nunca
tinha visto antes um homem obrigar outro a sangrar com as
próprias mãos. Minha fantasia de montanha-russa foi abalada
pela violência acontecendo na minha frente. O homem que eu
amava, o homem que eu era tão profundamente envolvida
estava sendo fisicamente atacado, possivelmente até a morte.
Senti um grito em meu estômago, mas o sufoquei. Não daria a
Michael o prazer de ouvir minha dor.

Depois de uma curta luta, Gunther conseguiu ter


vantagem sob Rex e jogou-o sobre seu quadril. Rex bateu no
chão com um baque suave, e Gunther estava em cima dele em
um flash. Imediatamente, Rex envolveu seus braços e pernas
ao redor do corpo de Gunther e o segurou, não permitindo a
Gunther a capacidade de agredi-lo. Eles começaram a lutar
novamente, seus músculos esticando, cada homem
procurando uma ligeira vantagem em poder e força. Não foi
excitante ou chamativo, mas posso dizer que sua luta era
incrivelmente perigosa. Um deles era capaz de matar o outro
com a menor abertura, ninguém estava ciente mais do que os
dois. Enquanto a luta não podia parecer tão emocionante como
os socos e chute foram, eu poderia dizer que era muito mais
perigoso.

Dei uma olhadela em Michael, e seu rosto estava


completamente impassível. Por um momento que poderia
decidir a sua vida inteira, ele estava levando como se fosse
outro programa de televisão ou algo assim. Não tinha
nenhuma expressão e ele olhou para os dois homens sem
pestanejar. Além de mim, Michael era o único na sala que não
torcia e gritava. Observei homens movendo-se através da
multidão com dinheiro, levando pequenas apostas sobre a
luta, e descobri que a aposta era o ponto alto das lutas. Além
disso, os homens pareciam gostar de lutas, principalmente os
homens como eles. Violência e apostas misturadas para criar
a atmosfera mais emocionante, pelo menos em alguns lugares.

Rex rolou para a esquerda quando Gunther tentou


rasteira, e deixou-o ficar livre do peso de Gunther. Este por sua
vez pulou no Rex, mas perdeu quando ele se esforçou para
seus pés. Gunther e Rex trocaram golpes , um por um. A
multidão ficou louca novamente, feliz que sua lenta luta tinha
acabado. Gunther deu um passo à frente para tentar pegar Rex
novamente, mas ele se escondeu então o chutou duro no
intestino. Gunther tropeçou, e Rex seguiu com uma boa direita
em sua mandíbula. Gunther caiu de volta no meio da multidão,
mas os homens lá o pegaram e empurraram de volta no Rex.
Gunther surgiu balançando e apontou enormes e poderosos
golpes no rosto do Rex, mas este foi muito rápido. Cada punho
perdido por polegadas, quando Rex se esquivou e teceu como
um profissional. Suas mãos eram borrões quando eles vieram
ao outro novamente, ambos sem problemas em bloquear os
contra-ataques.

Os dois homens pareciam exaustos, ofegantes e


sangrentos. A testa de Gunther estava aberta e o nariz do Rex
estava derramando sangue livremente. Eles atacaram o outro
novamente e voltaram para a mesma posição de luta.
Compreendi que estava assistindo um jogo entre dois
indivíduos extremamente talentosos, mortais, e que a menor
falta provavelmente decidiria a batalha. Tudo o que conseguia
pensar era meu Rex, seu corpo e sua liberdade. Ele era
ligeiramente maior, mas Gunther estava fresco, e novamente
Gunther ganhou vantagem. Desta vez, porém, ao invés de jogar
Rex, ele passou ao redor dele e envolveu seus braços em volta
do pescoço do Rex. Ele o segurou, braços em uma coleira e
flexionado.

A língua do Rex quase saiu da boca com a força de braços


de Gunther. A multidão ficou louca, e uma forte emoção de
medo correu em mim. As pessoas estavam gritando,
enlouquecendo, enquanto Gunther e Rex lentamente
afundaram para o chão. Rex foi fracamente batendo no rosto
de Gunther, lutando para sair do aperto, mas não conseguiu.
Gunther caiu de joelhos e Rex foi para baixo em seu lugar,
lentamente ficando azul. Eu podia ver o fim, Rex assassinado
diante dos meus olhos no meio de uma roda de homens
assassinos. Podia sentir outro grito crescendo pelo meu corpo.
Eu não podia acreditar que Rex perderia, que ele morreria. Não
conseguia acreditar que meu fim estava chegando, em um
porão de bar sujo.

Antes que eu pudesse me soltar, Rex chegou com sua mão


direita e pressionou seu polegar contra o olho de Gunther. Com
até a última gota de energia que ele provavelmente tinha
deixado, Rex pressionou o dedo no olho. Gunther gritou, mas
não o deixou ir imediatamente. Ele continuou a pressionar
com mais força, e Gunther continuou gritando, até que o
sangue começou a descer na mão do Rex. Gunther largou e
chicoteou para trás, segurando seu olho e gritando, fluxo
contínuo de sangue entre os dedos. Rex desabou sobre seu
estômago, tossindo e sufocando, mas vivo e respirando. Os
dois homens contorciam separadamente, tontos e com dor. A
multidão enlouqueceu com a visão de mais sangue, senti-me
doente, pronta para vomitar a qualquer momento.

Esperança substituiu o medo que tinha me enchido


quando Rex levantou lentamente a seus pés. Gunther ainda
estava de joelhos segurando seu olho sangrando. Antes que ele
percebesse o que estava acontecendo, Rex aterrou um chute
violento ao nariz, jogando a cabeça do Gunther para trás e
mandou o homem ao chão. Rex não hesitou. Ele
imediatamente pulou no Gunther e começou a bater-lhe com
os punhos. A multidão ficou louca, gritando e gritando, Rex
lentamente parou de bater em Gunther. Ele se levantou,
ofegante e sangrando, mas vivo. Gunther deitado no chão, não
se mexia.

A multidão ficou louca. Eles convergiram no Rex e o


ergueram no ar. Foi um caos completo na sala. Dei uma
olhadela em Michael, mas ele se foi. Olhei ao redor, mas não
conseguia encontrá-lo em todo o caos. Podia sentir Spud e
Clutch ainda perto de mim e decidi que era hora. Virei em
direção a Spud e sorri para ele.

— Foi incrível — gritei sobre a multidão. Spud sorriu para


mim. Cheguei um passo mais perto de Spud, fiquei na ponta
dos pés e coloquei meus lábios perto da orelha horrível dele. —
Espero que você nunca toque outra mulher novamente, seu
merda — Eu disse, e então o acertei nas bolas com todas as
minhas forças.

Spud imediatamente dobrou, segurando sua virilha, e


depois caiu para o lado . Chutei ele novamente, o corpo cheio
de adrenalina e raiva.

Clutch me olhou fixamente por um segundo e então deu


de ombros e desviou o olhar. Imediatamente olhei pela sala
procurando pelo Rex e o vi nas proximidades sendo felicitado
por um bando de homens diferentes. Empurrei indo em direção
a ele, pela massa gritando e aplaudindo, ele libertou-se e
encontrei-o diretamente. Joguei meus braços em volta do
pescoço e fui beijá-lo, antes que soubesse o que estava fazendo.
Puro alívio caiu sobre meu corpo quando o abracei, lágrimas
vieram aos meus olhos. Eu sabia que tinha ganhado, eu sabia
que o Rex estava livre e eu estava livre, e nós teríamos uma
chance juntos. Parte de mim pensou que tinha acabado, e só
conseguia pensar em quão injusto era que eu ficaria mais
tempo com ele. E ainda lá estávamos nós, abraçados, vivos e
vitoriosos.

Ele me beijou de volta, seus braços ao meu redor, e


quando nos separamos, rimos como nunca tínhamos rido
antes.

Finalmente a comoção se extinguiu, e Rex me segurou em


seus braços.
— Eles machucaram você? — perguntou.

— Não, estou bem.

— Desculpe mesmo, porra. Michael pagará por isso.

— Onde ele foi? — perguntei.

Rex olhou ao redor, mas não o encontramos. Ele agarrou


um homem nas proximidades, um cara gordo com uma barba
aparada intimidante e disse algo em seu ouvido. O cara acenou
com a cabeça para Rex, agarrou mais homens e subiu as
escadas. Notei que certos grupos de homens foram arrastando
os outros lá para fora, ou até o bar, ou ainda pela doca de
carregamento. Clutch e Spud estavam entre os homens sendo
arrastados. Eu não sabia o que estava acontecendo com eles,
e eu não quero saber. Fosse o que fosse, essas dois pedaços de
merda com cara de porco mereciam.

— Você acabou de dar ordem a eles? — perguntei.

Rex deu de ombros.

— Não realmente. Apenas sugeri encontrarem Michael


antes que ele fuja.

Eu ri e o beijei novamente.

Ele fez uma careta.

— Vamos sair daqui — comentou.


— E nunca olharei para trás — respondi. Ele sorriu para
mim. Ajudei-o a mancar em direção as escadas, até ao bar, e
para a porta da frente , senti que possuíamos nosso paraíso
pessoal de concreto, de pessoas e de ruído. Caminhamos
lentamente, inspirando a noite e um ao outro, feliz por
estarmos juntos e felizes por estarmos livres. Rex era dele
mesmo, e eu estava pronta para descobrir quem seria esse
novo homem. Estava feliz, e eu me senti mais viva do que
jamais imaginei ser possível, a noite inteira, viva e vibrante,
com energia e som, viva em meu coração, viva com o calor do
verão, viva com o corpo do homem que eu queria aqui para
sempre, viva com amor, luxúria e mais, viva com suor e
sangue, nosso futuro e nossa liberdade, mais viva, mais.
Estendi a mão e toquei a parede do penhasco áspero.
Senti o suor rolando em minhas costas com meus músculos
flexionados nos antebraços, fixando um aperto decente nas
pequenas rachaduras na rocha. Meus dedos entrincheirados,
e lentamente mudei meu peso para cima, alcançando com o pé
direito e braço esquerdo. Encontrei outro pequeno parapeito
com meu pé, escavei e então empurrei-me para cima.

Na cidade, não tinha nada para subir além de fachadas


de tijolo e escadas de incêndio. Senti o vento dar chicotadas
pelo meu cabelo, meus olhos viram as tatuagens em meus
braços, já não tão sem sentido quanto tiveram uma vez.
Naquela época, antes da minha vida mudar, cada uma
significou algo, um momento lembrado no tempo ou um aviso
para aqueles que olham para mim. Não odeio as tatuagens ou
lamento, mas lá no Colorado, longe de qualquer coisa que se
assemelhasse a minha vida anterior, no ar limpo a milhares de
pés acima do chão, elas eram apenas tinta na pele e nada mais.

— Como vai? — Chamei. Ajustei meu aperto com a mão


direita e olhei a pedra em cima de mim. Eu não estava muito
longe do topo.
— Bem e pare de perguntar — Darcy respondeu abaixo
de mim. Arrisquei um olhar para baixo para garantir que ela
realmente estava bem e vi que habilmente encostou na face do
penhasco, corpo envolvido no sistema de corda e arnês de
segurança que usamos. O último cravo foi uma batida na
parede, e estávamos na subida no final do dia.

Eu me senti um pouco tonto absorvendo a queda. Todo


mundo me disse para não olhar para baixo, mas não pude
evitar. Se ela estava abaixo de mim, eu sempre olhava para
baixo. As árvores pareciam verdes gotas a milhares de pés de
distância, e podia ver estradas e córregos à distância. Era
diferente de tudo o que já tinha visto na Filadélfia, e fez-me
sentir algo que não podia expressar completamente. Não podia
acreditar que estive escalando apenas por alguns meses e já
enfrentei tais paredes difíceis, mas Darcy era uma concorrente
incrível e muito atlética, como se viu. Ela tinha um desejo pela
emoção, quase tanto quanto eu. Saboreei o medo que corria
em minhas veias e me deu a força final que precisava para
continuar empurrando ainda mais.

Após a luta, eu estava quase morto. Finalmente cedi e vi


um médico, que aparentemente era pago por Shane Green. Eu
tinha três costelas quebradas, um pulmão perfurado, um nariz
quebrado, hematomas sobre todo o lugar e uma garganta
lacerada. O cara não fez perguntas, e adivinhei que dinheiro
extra foi dado para manter a boca fechada. Ele me disse que
meus dias de luta provavelmente acabaram, pelo menos por
um tempo. Concordei. Por um tempo.
Estendi a mão, agarrei a outra borda áspera e me levantei.
Meus pés facilmente encontraram tração, e hesitei um
segundo, meros pés de nosso objetivo. Respirei
profundamente, saboreando o cheiro limpo que fluiu em meus
pulmões e expirei. O sol estava brilhante, baixo e a brisa curta
era legal contra a minha pele úmida. Eu amava o ar livre, e
achei que era mais fácil tirar meus vícios para fora no espaço
limpo do Oeste. Não poderia dizer por que foi, mas percebi
meus demônios mais silenciosos.

Eles nunca encontraram Michael, ou pelo menos não


antes de Darcy e eu sairmos. Adivinhei que nunca iriam.
Michael devia ter um plano de fuga o tempo todo, e quando me
viu em pé sobre o seu lutador, ele sabia que era hora de cair
fora. O pedaço de merda desapareceu, embora eu não pudesse
culpá-lo por correr. Ele era um homem morto, se tivesse ficado.
Eu teria certeza disso. Às vezes me lembrei de seu sorriso e a
maneira como falou com Darcy fora do seu apartamento,
debaixo do meu nariz, senti meu sangue começar a ferver. Eu
faria qualquer coisa para encontrá-lo e fazê-lo pagar pelo que
fez com ela, mas sabia que nunca iria. Arruinado a sua vida e
sua posição teve que ser suficiente.

Demorou um pouco para Darcy superar o que aconteceu.


Dei-lhe o espaço que ela precisava, mas não estava pronto para
desistir dela completamente. Um dia, depois de um mês, ela
perguntou se eu queria fugir com ela. Uma semana depois,
juntamos tudo o que tínhamos guardado e estávamos dirigindo
em todo o país, ambos livres e prontos para colocar a
violência e a dor da cidade atrás de nós. Nenhum de nós tinha
deixado qualquer conexão, exceto pelos amigos de Darcy, Amy
e Shane. Finalmente fomos ao seu casamento, que foi
satisfatoriamente chique. Senti-me fora do lugar de smoking,
mas Darcy insistiu que eu parecia bem.

Dirigimos por semanas quando fugimos da cidade, mas


não sabíamos onde queríamos ir. Perambulamos de motel para
motel, aprendemos mais sobre o outro e exploramos o corpo
um do outro. Nunca conheci alguém tão inteligente, sexy e viva
como Darcy, ela me fez querer ser uma pessoa melhor.

Estendi a mão, agarrei a outra borda e subi. Podia ver a


extremidade, tão incrivelmente perto. Subi novamente, cheguei
e estendi meus dedos sobre a beirada. Eu a peguei e puxei,
com minhas pernas e corpo para suportar meu peso e deslocar
lentamente meu corpo subindo e descendo.

Eu me arrastei no planalto superior, em seguida, rolei


sobre minhas costas. Meu coração batia fora do meu peito com
esforço e adrenalina. Senti-me melhor do que nunca, deitado
no topo do penhasco, olhei para o céu azul bonito, limpo e
esqueci de mim mesmo e do mundo ao meu redor, perdido no
meu próprio sentido de realização e alegria.

Depois de dirigir, paramos no Colorado, perto de Boulder.


Não tinha nenhuma razão real para isso, a não ser de que
tínhamos ficado sem dinheiro, e estávamos prontos para
começar a criar raízes. Ambos adoramos as extensões lisas,
bonitas e o ar limpo da montanha. A vida era mais fácil para
nós no Colorado. Primeiro, Darcy trabalhou como garçonete,
até encontrar um emprego trabalhando para a Universidade do
Colorado em Boulder, fazendo Relações Públicas para eles. Não
pagava como Adstringo, mas ela adorava estar novamente no
campus da faculdade e amou seus colegas de trabalho. Eu
encontrei um emprego em um ginásio próximo, trabalhando
na recepção no início, mas rapidamente descobri que era bom
em motivar as pessoas a malhar. Minha carreira de
treinamento pessoal era sólida e satisfatória. Vivemos
confortavelmente em Boulder, entre os hippies e os
universitários.

Não luto mais. Eu podia, mas não precisava. Em vez


disso, nós canalizamos qualquer raiva ou tristeza que
podíamos ter sentido sobre o que aconteceu conosco, em
escaladas, caminhadas, snowboard e muito mais. Queríamos
viver, e não havia nenhum lugar melhor do que as vastas
planícies e montanhas enormes. Às vezes Darcy ainda tinha
pesadelos, eu a segurava em meus braços enquanto ela tremia
até ela se acalmar, e voltarmos a dormir. Eu estaria lá por ela
até o dia em que morresse.

Aves moviam em meu campo de visão, como me lembrei


novamente daqueles primeiros meses com ela, dirigindo em
todo o país. Tínhamos nada e nenhum lugar para ir, mas a
vida era perfeita. Dormimos quando queríamos, nos
levantamos quando queríamos, e fizemos o que queríamos. A
vida não podia continuar assim, claro, mas tínhamos
economias e nenhuma responsabilidade. Eu nunca estive
fora da área de Filadélfia antes, e o país se espalhava diante de
nós com uma gama de possibilidades infinitas. Apesar de tudo
ela estava lá, ao meu lado, descobrindo o que ela era e o que
queria. Eu sabia, bem antes que eu quebrasse a cara do
lutador de Michael, que eu estava me apaixonando por ela,
mas os dias na estrada fizeram isso mais real e mais profundo
do que eu poderia ter previsto. Nunca fui um cara emotivo,
sentimental, mas estava profundamente apaixonado por
aquela garota e sabia que sempre estaria.

Houve um arranhado na borda do penhasco, e de repente


apareceu a mão de Darcy. Podia ver a tensão pesada em seus
dedos, eu poderia ter facilmente a agarrado e puxado. Mas
sabia que ela poderia e queria fazê-lo sozinha. Ela puxou
lentamente, e fiquei maravilhado com seu cabelo loiro perfeito,
coberto de suor, quando seu lindo rosto apareceu. Os
músculos nos braços flexionados, fortes e tonificados, quando
ela se puxou sobre a borda. Finalmente, ela estava toda em
cima, olhei ao longo de seu corpo tonificado, perfeito e me
perguntei quando fiquei tão incrivelmente sortudo. Ela riu
descontroladamente, e eu sabia que ela estava sentindo a
mesma adrenalina e realização que acabei de sentir. Ela deitou
de costas, as pernas balançando sobre a borda do penhasco e
lentamente recuperou seu fôlego.

— Uma grande merda subir, hein — Falei finalmente.

Ela sorriu para mim, de cabeça para baixo.

— Nada mau.
Foi sem dúvida a escalada mais difícil e mais perigosa que
fizemos juntos até agora. Estava constantemente espantado
com sua habilidade. Ela trouxe o melhor de mim, e eu estava
sempre tentando acompanhá-la.

— Sim, não era um grande desafio — Eu disse, sorrindo.

— Você pareceu cansado, lá. Talvez esteja fora de forma.

Eu ri. Ela sorriu de volta, então saboreei o corpo, as


curvas magras de seus músculos, seus seios cheios e os lábios.
Não podia esperar para levá-la para casa e comemorar.

Ela olhou para trás, para fora na floresta, estendendo-se,


a terra completamente plana para milhas à frente. Podíamos
ver desníveis minúsculos, borrados, que eram os arranha-céus
no centro de Denver. Boulder e suas reservas se espalhavam à
nossa esquerda. Entramos em um confortável silêncio e
apreciamos o cume, o esforço e a beleza.

— Ei, eu te amo — Falei de repente.

Ela olhou para mim, sorrindo.

— Eu também te amo. De onde veio isso?

Dei de ombros, mudei o meu peso sobre meus joelhos e


inclinei-me para beijá-la. Houve um momento de vertigem,
quando nos beijamos tão perto da borda de um penhasco,
milhares de pés acima do chão, onde os humanos quase nunca
pisam, mas rapidamente passou quando caímos no sabor do
outro. Saboreei cada toque que compartilhamos, cada vez
que nossos corpos se uniram e temi um único momento,
quando o lutador de Michael Gunther envolveu seus braços ao
redor da minha garganta e o mundo começou a escurecer, que
eu nunca a sentiria novamente. Como o mundo esmaeceu em
torno de mim naquele momento, tudo o que vi foi o rosto
apavorado, e o conhecimento que eu tinha causado tanta dor
na vida dela me atingiu como um martelo. Foi o que pensei, o
que me obrigou a encontrar a força para levantar o braço e
finalmente vencer a luta, com todos os meios necessários.
Finalmente, sai do nosso abraço, cabeça cambaleando.

— Só queria que soubesse disso.

Ela sorriu novamente, e eu sabia que faria qualquer coisa


por aquele sorriso. Olhei para trás, para nosso mundo novo,
até a vasta distância marcada pelo espaço e forma repleta de
casas e estradas sinuosas como cobras e imaginei como seria
nossa vida no futuro. As diferentes possibilidades empilhadas
umas sobre as outras se misturaram em uma linha imensa,
como um mapa de um mundo imaginário impresso duas vezes.

Eu pensei que era perfeito.

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