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Clínica Escola de Psicologia

Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte


Unidade Antônio Carlos

Serviço de Psicologia Aplicada

Faculdade Pitágoras – BH

Camila Stephanie de Melo Kern

Relatório Final de Estágio Básico III

Relatório Final de Estágio correspondente


ao estágio para intervenções grupais em
contextos específicos como requisito
parcial para obtenção de créditos com fins
de aprovação.

Supervisor de estágio: Rafael Maurício


Moreira Horta

CRP: MG 04/5432-8

Belo Horizonte, 11 de Maio de 2022


Clínica Escola de Psicologia
Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte
Unidade Antônio Carlos
SUMÁRIO:

1. Introdução

2. Objetivos:
a. Objetivo Geral
b. Objetivos Específicos

3. Metodologia:
a. Revisão bibliográfica
b. Observação participante

4. Histórico do Campo

5. Identificação do grupo

6. Relatório das Intervenções

7. Desenvolvimento Teórico

8. Conclusão

9. Referência Bibliográfica
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INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por objetivo retratar a prática do estágio curricular obrigatório, estágio
básico III que se dedicou na realização de intervenções grupais em contextos específicos, a fim
de integrarmos teoria e prática, instrumentalizando de forma crítica a percepção e atuação das
alunas e alunos sobre fundamentos voltados às grupalidades e seus estudos interventivos e
analíticos. O presente documento consiste de um relato de experiência, sendo que o objetivo é
descrever a estrutura e a operacionalidade dos atendimentos em psicoterapia de grupo. Na
primeira parte do relatório, são encontradas informações gerais sobre o campo de estágio e os
objetivos do trabalho, bem como as atividades desenvolvidas ao longo do semestre. Na segunda
parte do relatório apresenta-se a identificação do grupo, bem como o relato das grupoterapias
seguido do desenvolvimento e articulações teóricas. Ao final segue-se a conclusão acerca do
trabalho realizado.
OBJETIVOS DO ESTÁGIO

OBJETIVO GERAL

O objetivo desse componente curricular é desenvolver no acadêmico competências gerais ou de


fundamento de área, de acordo com as unidades de ensino e conteúdos estudados durante o
curso, com foco nas habilidades e práticas necessárias para a atuação profissional.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Propiciar um espaço de escuta e acolhimento para o grupo.


 Realizar grupoterapia segundo os preceitos teóricos e éticos.
 Integrar teoria e prática a partir do grupo de supervisão.
 Interpretar a bibliografia sugerida buscando relacioná-la a pratica.
 Atuar de forma multiprofissional.
 Manter os princípios éticos no uso das informações confidenciais obtidas durante a
grupoterapia, nas supervisões e nos registros de atendimentos.
 Raciocinar de forma crítica e analítica.
 Escrever de forma clara e coesa.
 Trabalhar em equipe.
 Manter postura ética compatível com a responsabilidade do trabalho do estágio
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METODOLOGIA:

a. Revisão bibliográfica

Para a teorização do trabalho, utilizamos como metodologia a revisão bibliográfica que consiste
na busca pelo conteúdo em livros, revistas acadêmicas, artigos científicos entre outros.

b. Observação participante

A outra metodologia utilizada foi a de observação através de dinâmicas aplicadas pelas alunas
ao grupo. O contato face a face favorece que os indivíduos comparti- lhem experiências e
aprendam mutualmente. O conhecimento e aplicação adequada da dinâmica de grupo
possibilitam atuação estratégica de desenvolvimento, mudança e até mesmo resolução de
problemas dos grupos sejam eles grupos de trabalho, grupos de autoajuda, grupos terapêuticos.

HISTÓRICO DO CAMPO

O estágio específico III foi realizado via Serviço de Psicologia Aplicada da Faculdade Pitágoras –
BH. Local onde foi efetuada as práticas Avenida Pres. Antônio Carlos, 4157, Pampulha –
BH/MG.
A Terapia em grupo ocorreu todas as 6ª feiras, de 14:10 as 15:00, presencial na própria
Faculdade Pitágoras.

O Serviço de Psicologia Aplicada da Faculdade Pitágoras foi criado com os seguintes objetivos:
I. Prestação de Serviço: Oferecer atendimento psicológico aos prestadores de serviço da
Faculdade Pitágoras, dentro das normas sancionadas pelo Ministério da Educação no para
Serviços de Psicologia /clínicas-escola e de acordo com as modalidades de serviços oferecidos,
segundo suas próprias possibilidades, objetivando cumprir a função social do Ensino Superior na
Sociedade.

II. Ensino: O serviço de psicologia aplicada da Faculdade Pitágoras visa oferecer ao


discente a oportunidade de estágios programados de estágios programados e supervisionados
pelo corpo docente, assim como atividades complementares à sua formação acadêmica, com o
objetivo de assegurar o contato do aluno com situações reais da vida profissional. Dessa
maneira, propicia ensino e formação profissional destacando a importância da qualidade e do
compromisso ético junto a clientela atendida. Busca-se assim formar um profissional dotado de
competências, habilidades e atitudes que se concretizam em ações profissionais. Confrontado
com uma gama versátil de situações e um complexo campo de intervenções psicológicas
desenvolver suas habilidades intelectuais e científicas, sua postura ética e moral, e sua
capacidade de relacionamento interpessoal e interdisciplinar.
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IDENTIFICAÇÃO DO GRUPO

Funcionários do corpo administrativo da FACULDADE PITAGORAS do campus ANTONIO


CARLOS. Sendo homens e mulheres de idade variável de 21 a 50 anos, todos com carga
horária laborativa de 40 horas semanais, que trabalham em questões administrativas da
empresa, seja atendimento presencial ao público, suporte online, gerencia de biblioteca ou
suporte acadêmico operacional a funcionários e professores.

RELATÓRIO DAS INTERVENÇÕES

PRIMEIRO ENCONTRO – 29/04/2022.

Neste primeiro momento compareceram as alunas Ana Cláudia, Laila e Camila para aplicação
das dinâmicas e atendimento. A Supervisora Paula esteve presente nesse dia. Compareceram
para participar da dinâmica 14 pessoas, sendo 7 homens e 7 mulheres. Após breve
apresentação das alunas, e como ocorreria os trabalhos que elas estavam dispostas a aplicar,
foi solicitado que todo o grupo realizasse uma roda para aplicação da primeira dinâmica. Foram
realizadas duas dinâmicas ao todo.

A dinâmica nomeada pelas alunas como “Você ver”, consiste em forma uma roda com todos de
pé, e solicitar aos participantes que fechem os olhos e respondam algumas perguntas realizadas
por uma das alunas que estava conduzindo o atendimento. No caso, Camila ficou responsável
por realizar as primeiras perguntas, sendo que algumas delas foram:

 Quem está de vestido?


 Quem está de tênis preto?
 Quem está de camisa xadreza?
 Quem está de uniforme Pitágoras?
 Quem está de camisa social?
 Quem está de calça verde?
 Quem está de óculos?
 Quem está de sandália amarrada?

Algumas das perguntas foram respondidas com rapidez, todavia, algumas outras foram
respondidas de forma equivocada pelos participantes. No momento de responder, eles
identificavam a dificuldade de lembrar quem era a pessoa que estava com aquela vestimenta,
naquele dia especifico. Algumas perguntas foram respondidas com base em “costume” da
pessoa se vestir daquela maneira.

Quando aberto os olhos, foi questionado o que eles podiam concluir com aquele pequeno
procedimento realizado. Eles responderam que muitos não tinham memória, que era difícil
reparar em pessoas que não tinham costume de conviver perto todos os dias, e que só
reparavam nas pessoas que estavam por perto, e as quais havia alguma afinidade.
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Outros falaram que algumas perguntas eram fáceis, pois era característica da pessoa se vestir
daquela maneira, como por exemplo, as pessoas que estavam de vestido, sandália e calça
colorida. Identificaram que não é sempre que se percebe o outro, não só em questão de
vestimenta, mas também de como a pessoa está naquele dia, seja mais feliz, mais séria, mais
concentrada e etc. Relataram que às vezes vivemos a nossa rotina e esquecemos de perceber o
outro a nossa volta. Duração da dinâmica: 21 minuto.

Já na segunda dinâmica, denominada pelas alunas como “ Uma frustração/Problema”. Foi


solicitado a todos que se sentassem nas mesas. Foram entregues pedaços de papel e caneta. A
Camila conduziu novamente a dinâmica e pediu para que eles escrevessem, no papel, sem se
identificar, um problema/frustação que já haviam passado. Todos escreveram. Passado alguns
minutos, os papeis foram recolhidos e redistribuídos. E foi solicitado ao grupo que
respondessem como eles resolveriam ou se comportariam se passassem também por aquela
situação.

As primeiras manifestações foram sobre situações que o próprio grupo achou vago, como por
exemplo: Ficar rico e perder o avião. Os participantes não consideraram aquelas situações
problemas com grande problema de resolução, tanto que a turma questionou se havia seriedade
de todos para aquele trabalho que estava sendo aplicado pelas alunas ali presente. Logo em
seguida um dos integrantes informou que um problema seria lidar com a ansiedade para
resolver problema com outra pessoa que grita, que havia grande inconformidade para lidar com
aquelas situações. Foi relatado que em certa ocasião, ao procurar um superior para tirar uma
dúvida, o mesmo respondeu de forma ríspida. Que as pessoas devem praticar a forma que
falam com os subordinados, que precisa de diálogo e compreensão. Que pessoas com maio
poder de influência provocam mais medo. O grupo se posicionou no sentido que o ideal era
mostrar para aquela pessoa que determina forma de responder poderia gerar um bloqueio. Mas
ao mesmo tempo relataram que muitas das vezes é a forma da pessoa de falar, que ela não
está falando naquele tom para parecer nervoso ou algo do tipo, mas sim, que é a forma de
expressão. Todos concordaram que o ideal era praticar uma nova forma de conversa.

O outro problema lido foi em relação ao funcionário que esqueceu o tênis e foi trabalhar de
chinelo. Todos entenderam que a situação só seria um problema dependendo da empresa e do
cargo que ele trabalhava. Se a empresa fosse realizar algum procedimento que agravasse a
situação dele dentro do trabalho, como por exemplo, aplicação de advertência, seria melhor ele
voltar em casa, calçar o sapato correto e depois ir para o trabalho, mesmo que chegasse
atrasado. Já se a empresa não fosse realizar nada, seria melhor ele ir trabalhar daquela forma.

O último problema foi a perda do voo de avião, onde foi necessário comprar outra passagem de
avião. Todos entenderam que a solução seria comprar uma nova passagem e prestar atenção
para não perder o voo novamente. Não rendeu a situação. Finalizado os trabalhos, as alunas
agradeceram os participantes.
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SEGUNDO ENCONTRO – 06/05/2022

Neste segundo encontro estiveram presentes as alunas: Ana Cláudia, Laila e Camila, em
conjunto com a supervisora Paula. Houve redução no número de participantes, sendo eu
participaram do atendimento apenas 08 pessoas, sendo 04 homens e 04 mulheres.

Como o entendimento era de que os atendimentos aos funcionários do corpo administrativo da


faculdade Pitágoras não iria continuar, já que as alunas haviam decidido iniciar os trabalhos com
as crianças da escola, o encontro foi realizado em um ritual de encerramento. Foi solicitada a
formação de um círculo com as cadeiras. Quem conduziu o encerramento foi a Ana Cláudia. Foi
questionado aos ali presentes o que eles lembravam da semana passada e das dinâmicas
aplicadas. O primeiro a manifestar foi o Breno que respondeu que primeira dinâmica aplicada
sobre perceber o outro. Ele reportou que tinha facilidade de perceber as pessoas, tanto é, que
todos ali sabiam que ele era uma pessoa observadora, e que muito das vezes conseguia reparar
a exaustão dos seus amigos de trabalho.

A Lais reportou que ele realmente tinha essa facilidade, tanto é, que sempre percebia quando
ela estava cansada e exausta por sua rotina tão puxada e desgastante. Ela trabalhava e
estudava na faculdade, praticamente fica o dia todo dentro do campus, e isso era muito
exaustivo. A mesma quase não conseguia ter mais contato com a sua família. Kennedy reportou
que realmente era bem exaustiva a rotina de muitos funcionários ali, pois a faculdade era local
de trabalho e também local de estudo para eles. Aproveitou a fala para dizer que o mesmo
inclusive havia conversado com alguns colegas sobre as dinâmicas aplicadas, e sobre a falta de
seriedade de algumas pessoas na semana passada. Ana Cláudia questionou por qual motivo ele
achava que não havia tido seriedade. Ele deu como exemplo as perguntas que foram realizadas
na segunda dinâmica, como por exemplo: Ficar rico.

Ana Claudia conduziu para o entendimento de que até aquela simples pergunta poderia ser
desenvolvida com seriedade. Questionou ao grupo ali presente, o que era riqueza para eles?
Alguns responderam que era ter dinheiro. Ana Cláudia questionou que se eles tivessem o
dinheiro que eles pensaram o que eles iram fazer. Alguns responderam que iam viajar, sair do
país, largar o emprego, ajudar a família e etc. Quando questionado porque queriam sair do país,
alguns responderam que seria mais fácil, por questão de qualidade de vida.

Lais manifestou para declarar que aquela narrativa era ilusão. Quando ela viajou para fora, ela
sentiu mais dificuldade, pois precisou pedir para as pessoas ajuda. E ela tinha grande
dificuldade de pedir ajuda para o próximo. Questionada o motivo, ela respondeu que não
gostava de pedir ajuda para nada. Houve novamente uma interversão falando que pedir ajuda
era normal, pois maioria das vezes a gente precisa “aprender” algo que nunca teve contato.
Falaram que todo mundo só aprende algo com a ajuda do outro. Algumas pessoas descordaram
da fala, pois entenderam que havia sim possibilidade de aprender algo sozinho. Encerrado o
tempo de aplicação da atividade, foi informado que não haveria mais aqueles encontros por
questão de compatibilidade de horário, todos manifestaram desgosto com o a notícia, e pediram
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para que não fosse encerrado aqueles momentos, pois eles estavam se sentindo bem com os
encontros. As alunas informaram que não seria possível continuar, mas que iam analisar com o
professor alguma alternativa. A Paula se propôs em realizar os atendimentos, apenas para que
eles permanecessem sendo atendidos nas atividades grupais.

TERCEIRO ENCONTRO – 13/05/2022

Apenas para contextualizar. Quando no último encontro os participantes se mostram bem tristes
e descontentes com a informação de que não haveria mais os encontros semanais às sextas-
feiras para as atividades da terapia em grupo, as Alunas Ana Cláudia, Laila e Camila
conversaram com o professor Rafael e pediram para que elas continuassem com as atividades
para aquele grupo, sendo que, Laila e Camila também participariam das atividades da escola.
Foi autorizado pelo professor. Todavia, ocorre que por algum motivo os funcionários do corpo
administrativo da faculdade não receberam a informação, sendo assim, não compareceram no
dia para aplicação das atividades. A situação foi resolvida brevemente, e na próxima semana
ficou garantido que eles participariam. Sendo assim, nesse dia não houve nenhuma atividade,
tendo em vista que ninguém compareceu.

QUARTO ENCONTRO – 20/05/2022

Neste encontro estiveram presentes as alunas: Ana Cláudia e Camila, a Laila não compareceu
por questão de saúde. Estava presente a supervisora Paula. Participaram dessa dinâmica 9
pessoas, sendo 04 mulheres e 05 homens. Em primeiro momento a Ana Cláudia reportou que
ficou feliz em saber que os encontros iam permanecer, e todos concordaram e inclusive
agradeceram o esforço das alunas em permanecerem com os atendimentos, tendo em vista que
estavam gostando das dinâmicas e encontros.

Passado esse momento, com todos sentados em mesas, foi entregue metade de um papel com
uma caneta. Essa dinâmica foi conduzida pela Camila. Foi solicitado que todos desenhassem no
papel um meio de transporte aquático dentro da realidade deles. Alguns questionaram o
conceito de realidade, se era realidade financeira ou capacidade física. Foi reforçado apenas a
palavra realidade. Todos começaram a desenhar o meio de transporte. Essa dinâmica foi
denominada pelas Alunas como “Dinâmica do Barquinho”.

Desenhado os meios de transporte, Camila solicitou que eles numerassem quantas “coisas”
iriam caber dentro daquele barco. Sendo o mínimo de 5 coisas e o máximo de 30. Após
realizada essa etapa as folhas foram recolhidas e novas folhas em branco foram entregues. Na
nova folha em branco foi solicitado que eles escrevessem até 30 coisas que levariam dentro do
meio de transporte que foi desenhado.

Percebemos que houve vários tipos de embarcações desenhadas, a mais comum foi um barco e
a mais inusitada foi um submarino, muito bem desenhado por sinal.

O processo da dinâmica foi um pouco moroso, tendo em vista que algumas pessoas
simplesmente não conseguiam pensar em tantas coisas para levar. Após essa etapa foi
redistribuído os desenhos, sendo que ninguém podia ficar com o barco que havia desenhado. E
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foi solicitado que a pessoa passasse da lista que havia escrito as 30 coisas, as coisas essenciais
que cabiam dentro daquela embarcação que havia recebido: Exemplificando: A pessoa tinha
uma lista de 30 coisas, e o desenho que recebeu informava que dentro daquele meio de
transporte aquático só cabiam 15 coisas, sendo assim, da lista de 30 ela devia escolher 15 para
levar consigo dentro daquele barco.

Começaram algumas manifestações, uma vez que havia uma pessoa que desenhou um barco
com capacidade de levar apenas 7 coisas. Algumas pessoas informaram que não teriam
problemas, era só repassar a lista, pois a embarcação cabia as 30 coisas. Superada essa etapa,
solicitado que todos fizessem uma roda com as cadeiras.

Camila começou a narrar a história daquele barco, que ele era o único meio de sobrevivência
para o fim do mundo. Narrou que quando foi soado o alarme e todos foram para o barco, alguns
dos pertences que queriam levar foram deixados pelo caminho, sendo assim, solicitou que eles
riscassem da lista 5 coisas que estavam levando. Já eclodiu alguns comentários, e eles
reclamaram que teriam que deixar para trás algumas coisas para lazer.

Daniela informou que não sabiam porque eles estavam levando coisas de lazer, ela mesma
estava levando pouquíssima coisa, pois apenas o essencial importava, o que era peso, devia ser
deixado para trás. Reforçando a frase: “Tudo que pesa, a gente deixa para trás”.

Camila continuou a história, e informou que havia ocorrido uma onda muito violenta, onde as
pessoas que tinham acima de 10 coisas na embarcação tinham perdido os itens, restando
apenas 10 coisas dentro do barco. Foi solicitado que eles cortassem aqueles itens até sobrar
apenas 10 cosias. Breno comentou que estava deixando até o gerador de luz para trás, que
agora ele sequer saberia se conseguiria sobreviver. Rute informou que só havia pessoas, seu
cão, comida e água no barco.

Novamente Camila narrou uma história, onde no final, restaria no barco apenas 05 coisas. E
explodiu os comentários de que não era possível cortar mais nada de dentro do barco, se não
eles não sobreviveriam. As mulheres já reportaram de cara que só sobraria pessoas dentro da
embarcação delas. Já os homens não, a maioria, ainda teria itens matérias, exceto o Bruno, que
também estava levando seus familiares. Houve uma enorme dificuldade dos homens em cortar
as cosias que estavam levando. Kennedy havia ficado triste, pois até o cãozinho que havia
escolhido para ser seu companheiro de viagem, agora iria ficar para trás.

Camila informou que agora apenas 03 coisas ficaram no barco, sendo que, você era uma das 03
coisas. Muitas pessoas informaram que não haviam se colocado no barco, sendo assim, Camila
deu a oportunidade de “trocar”. Das 03 coisas que estão ai, você trocaria algo ou alguém para se
colocar na embarcação? Houve uma grande dificuldade das mulheres e do Bruno de realizar
esse procedimento, uma vez que foram os únicos ali que haviam deixado pessoas dentro do
barco. Daniela chegou a se sacrificar deixando os filhos na embarcação. Rute sacrificou o
marido, informando que ele não saberia cuidar das crianças como ela, sendo assim, preferia
deixar ele para trás. Bruno, após grande tempo, sacrificou ele para dar lugar para namorada,
com a narrativa de que seu pai teria aquela atitude com a mãe dele e que, poderia ocorrer da
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namorada está grávida, sendo assim, ele estaria salvando seu herdeiro ainda no ventre.
Terminado os procedimentos, pedimos as outras pessoas para relatar o que havia ficado no
barco, o restante dos homens não havia colocado nenhuma pessoa, apenas objetos, comida,
ferramentas e água. Quando questionados o motivo de não ter colocado algum parente,
informaram que não haviam lembrando dos pais, namorada e etc. E como eles não tinham filhos
ou família, também não tinham colocado. Que como o mundo ia acabar, eles tinham que focar
nos itens de sobrevivência, que não poderiam levar pessoas para morrer dentro da embarcação.
Quando tinham os 30 itens estavam levando itens de lazer e sobrevivência, como vídeo game,
gerador, antena, máquinas para gerar energia e filtrar a água, bombas, armas e etc.

Kennedy ficou sem graça quando comentaram que ele havia lembrado de levar um cãozinho de
companhia, animal esse que nem existe, pois ele não tem animal doméstico em casa, e
esquecido de levar a mãe, que mora junto com o mesmo.

As mulheres reportaram como a cabeça de uma mãe era diferente, elas haviam pensado
primeiro em seus filhos, maridos e pais. Que não tinham pensando em bens materiais. Que
estavam levando só as coisas básicas de sobrevivência daquelas pessoas. Terminado o tempo,
eles continuaram a conversar sobre a dinâmica pelos corredores da faculdade, quando
retornavam aos seus postos.

QUINTO ENCONTRO – 27/05/2022

Neste encontro estiveram presentes as alunas: Ana Cláudia, Camila e Laila, coma supervisão da
Paula. Não foi contabilizado exatamente o número de participantes. Retomado os trabalhos, as
conversaram caminharam, nos minutos inicias, para falar sobre a dinâmica da semana passada,
onde algumas situações foram comentadas por todos, inclusive pelas pessoas que não fazem
parte do grupo. O fato do Kennedy não ter colocado nenhum familiar em sua embarcação, foi
motivo de piada e brincadeiras entre os colegas. Assim que encerrado os comentários, iniciou o
início de mais uma dinâmica a ser aplicada ao grupo ali presente. Foi entregue, uma vez mais,
um pedaço de papel e uma caneta para todos.

Antes de passar as instruções, a Ana Cláudia contou a Sísifo, relatando, resumidamente, que se
trata de um rei grego muito inteligente e pouco sábio. Onde em diversas oportunidade tirou
vantagem e até enganou a morte por duas vezes, todavia, ao final da vida, por tudo que praticou
em vida, Aedes aplicou uma missão. Ele deveria subir com uma pedra ao pico de uma colina,
sendo que, quando conseguisse alcançar o pico, ele estaria liberto daquela sentença. Ocorre
que quando mais se aproximava do pico da Colina, mas a pedra ficava pesada, e o mesmo
nunca conseguia cumprir sua tarefa. Relatado isso, a mesma buscou informações sobre
planejamento na cabeça dos participantes, questionando se todos já havia traçado planos e
metas para a vida. Alguns responderam que sim. A mesma pediu para que eles escrevessem no
papel os planos para daqui 06 meses. Antes de iniciar a escrita, muitos relataram que teriam
dificuldade, pois nenhum desses planos iriam se concretizar em um espaço tão curto de tempo.
Quando finalizada a escrita, Camila questionou se havia dificuldade e o motivo? Responderam
que era difícil pensar em tão pouco tempo, pois os planos que tinham na cabeça eram a longo
prazo. Ana Cláudia questionou se os itens ali escritos poderiam ser considerados mais “meios”
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do que “fins” em relação as metas que eles tinham. A maioria respondeu que sim. Destaca que
nessa atividade havia participantes de 21 a 55 anos de idade. Essa dificuldade de escrita refletia
e variava em questão de gênero e idade, as mulheres preocupavam com os planos de casa, e
os mais velhos, para a rotina da aposentadoria.

Ana Cláudia pediu que fosse passado um traço na folha, e que eles agora escrevessem os
planos para daqui 01 anos (12 meses). Houve um comentário que agora ficaria mais fácil.
Terminado o tempo de escrita, novamente foi questionado por Camila acerca da dificuldade.
Eles reportaram que havia ficado mais fácil pensar, pois muito dos planos tinha esse lapso
temporal para serem consolidados, de acordo com o planejamento de cada um, e que muitas
dos planos já eram fim e objetivos cumpridos.

Novamente foi solicitado que um traço fosse passado, e agora eles escrevessem os planos para
daqui 03 anos. Alguns reagiram expressando dificuldade, outros ficaram alegres, informando
que agora era parte dos sonhos que queriam alcançar. E logo sem seguida foi solicitado que
escrevessem os planos para daqui 05 anos. Os mais velhos já manifestaram acerca de
aposentadoria, já os mais novos ficaram sem saber o que escrever, mas acabaram
desenvolvendo.

Acabada a primeira parte da atividade, com todos em roda, Ana Cláudia questionou se eles
eram acostumados a colocar os planos e metas em um papel, para conseguirem visualizar?
Todos informaram que não, que a situação ficava meio abstrata na cabeça e que eles não se
preocupavam em colocar isso ordenado em folha. Viviane se manifestou falando que havia
gostado muito do processo, pois ela tinha planos audaciosos para sua vida, e que colocar no
papel, tinha despertado a vontade de fazer acontecer. Questionada se ela queria compartilha um
desses planos, ela falou que em 06 meses queria divorciar-se do marido, e ter condições
financeiras e psicológicas de criar seu filho, e com a dinâmica ela tinha conseguido estruturar
meios para alcançar aquele fim, sejam no prazo de 06 ou 01 ano. Que ele pensou até na ajuda
da sua mãe. Todos bateram palmas em um momento de incentivo. O grupo incentivou com
palavras de apoio a mesma a cumprir aquilo que tanto queria.

Outros participantes manifestaram sobre as metas que haviam colocado, sendo apontado
situações como: Comprar a casa própria, ter dois empregos, concurso público, sair da casa da
mãe, ir morar sozinha, viajar para o exterior, isso tudo escrito no prazo de 06 meses.

Quando foram desenrolando para os prazos de 01 a 03, algumas questões repetiam, pois o
relato era, se não conseguissem alcançar com os 06 meses. As metas era mais questões
financeiras e conquistas pessoais. Além de alguns sonhos como: casar, ter filho, ser avó e etc.
Situações que dependem de ações de terceiros, e não apenas da pessoa.

Quando questionado sobre os 05 anos, todos falaram que tiveram dificuldade, mas que
colocaram estabilidade financeira e emocional, que o caminho que estavam passando agora os
levariam para dias mais tranquilos, que não queria tantas preocupações e compromissos como
tinham agora. Daniela informou que queria aposentar e ir morar na praia, uma vez que sempre
foi seu sonho, desde pequena.
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Questionado se todos se sentiam capazes de alcançar aqueles planos, todos responderam que
sim. Questionados se o momento que estavam agora era essencial para conseguir aqueles
sonhos, se eram o meio para alcançar o fim, todos responderam que haviam percebido que sim.
Que apesar da grande exaustão da rotina, principalmente por trabalhar e estudar, era
necessário, pois nada poderia se tornar real se eles não estivessem ali trilhando aquele
momento da vida deles. O planejamento para alcançar as metas do futuro era essencial, e eles
tinham que sempre lembrar o motivo de estarem passando o que estavam precisando viver
agora. Algumas mulheres falaram da importância de planejar, e também de pensar mais nelas,
as que tinham filhos, falaram que muito das metas dependiam de fatores externos como a ajuda
de terceiros e do marido. Por exemplo, Rute queria voltar para o curso de psicologia, só que,
depende do marido cuidar do filho pequeno que acabará de nascer, mas que era algo que
estava em sua lista, e que ela desejava muito cumprir e tornar real. Acabado o tempo,
questionaram se podiam levar o papel para casa, foi permitido, e Lais saiu falando que pregaria
o papel em seu quarto, para não esquecer dos planos que queria cumprir, mesmo que algo
mudasse, ela queria ter uma linha para seguir.

SEXTO ENCONTRO – 03/05/2022

Nesse dia fizemos a dinâmica do “elogio”. Nesse encontro estiveram presente a Camila e Layla.
A aluna Ana por motivos de saúde não pode estar presente. A preceptora Paula também estava
presente. Devido a algumas questões internas, tivemos poucos participantes. Apenas 4 pessoas
estiveram presentes. Dois homens e duas mulheres.

Para as poucas pessoas presentes, pedimos para que cada uma escrevesse no papel algum
elogio, alguma palavra de incentivo, algo que elas quisessem que fosse dito para elas próprias
ou que elas já escutaram recentemente. Depois foi solicitado para que elas escolhessem sua
dupla, como estava em poucas pessoas, cada uma escolheu a pessoa ao lado. Ruth foi dupla de
Breno e Kenedy de Daniela. Após isso, foi pedido para que cada um falasse as palavras que
escreveram para sua dupla. A maioria escreveu elogios relacionados ao trabalho. Fizemos
perguntas como: Vocês gostam de receber elogio? Vocês fazem elogios? Vocês acham que isso
pode mudar o ajudar o dia de vocês?

Durante a discussão os pontos altos foram a questão do elogio, que para alguns é algo difícil de
ser feito e receber. Difícil de ser feito pois, segundo eles, o mundo está difícil e hoje em dia você
não pode falar nada que já pode ser levado para outra conotação. Muitas vezes a pessoa que
você fala o elogio pode achar que você está soando falso, ou se for ambiente de trabalho pode
levar para o lado do assédio. Kenedy falou a seguinte frase: Você é responsável pelo que fala e
pelo que o outro escuta. Perguntamos se os demais concordam e eles falaram que sim. Visto
que eles trabalham com o atendimento ao público, eles falaram da necessidade de tomar
cuidado com tudo que falam.
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A respeito do elogio, Breno destacou que as vezes não percebemos isso nas pequenas coisas.
Por exemplo, a mãe quando faz almoço para ele, ele sempre elogia como uma forma de
agradecimento pelo que ela faz. Ruth compartilhou que não tinha o costume de elogiar, que
quando criança não era muito elogiada, sempre teve problemas de auto estima e que agora pós
filho piorou. Daniela compartilhou que sempre fica arrumada dentro de casa, que é algo que ela
se cobra por ela mesma. Perguntamos se mesmo após um dia estressante de trabalho ela faz
isso e ela respondeu que não é que ela se arruma, apenas não fica com qualquer roupa. O
outros relataram que não tem o costume de ficar arrumado dentre de casa, muitos ficam de
pijama e atendem a porta assim mesmo se for preciso.

Durante a conversa, todos elogiaram a Ruth ao ela reforçar seu problema de autoestima. O
próprio grupo deu apoio. Outros do grupo também foram elogiados por seus colegas de Grupo.
Durante um momento Ruth se apelidou de bobinha. Perguntamos o que é ser bobinha para ela
ou o que a faz ser bobinha na percepção dela. Ela respondeu que acha que faz tudo pelos
outros e aceita tudo para agradar e que as vezes chega até ser boba por isso. Dani falou que
não acha que seja boba por isso, apenas que seja boa e isso não quer dizer que seja ruim. Que
ela é assim e que se sente bem assim não devia mudar. Ruth ficou bem emocionada na hora.
Finalizamos perguntando se eles tinham gostado da dinâmica e eles afirmaram que sim. Todos
concordaram que foi bom para se atendar na questão do elogio com o próximo e que iam levar o
papel para colocar no espelho.

SETIMO ENCONTRO – 10/05/2022

Encerramento oficial.

Neste encontro estiveram presentes apenas as Alunas Ana Cláudia, Laila e Camila, a
supervisora Paula não esteve presente por questões de saúde. Iniciado os trabalhos foi
informado que seria o último encontro, pela questão do final do semestre. Solicitamos que todos
escrevessem em um papel uma dinâmica que havia gostado, e porque havia gostado. Assim
que todos escreveram, foi solicitado que passasse para o lado direito o seu papel. Quando
incentivados a falarem qual a dinâmica que havia recebido, o primeiro a manifestar foi o Breno,
falando que havia recebido da amiga Rute uma dinâmica que não havia participado, que foi do
elogio. Levamos para os participantes o questionamento se eles eram elogiados e se gostavam
de ser elogiados, hevenly falou que não gostava de receber elogios sobre sua aparência,
apenas sobre o trabalho, pois na questão física, por não se achar bonita, ela não acreditava que
os elogios eram sinceros, ela sempre se via no espelho e não gostava do que refletia, nunca se
achou bonita, desde pequena, e tinha um sério problema de insegurança com isso, pois não
acredita nem nos elogios de seu namorado, e acredita que ele poderia a deixar por alguma
mulher mais bonita. Levamos então a reflexão passada sobre o embelezamento ético e o
embelezamento estético, que o professor Rafael conversou na última aula de forma aleatório.
Todos reforçaram que as questões internas são mais importantes, até porque, no final da vida,
todo mundo ficará velho, enrugado e não tão bonito, então o ideal é que a gente comece a se
preocupar desde já com o que realmente importa. Todos elogiaram a Hevenly em questão de
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beleza, e falaram para ela não se apegar naquilo, pois ela era linda. Laila falou sobre a perfeição
do corpo que é funcional. Se temos um corpo saudável e completo, temos um corpo lindo, e não
temos que preocupar com padrões. Rute falou sobre o fato que esses padrões exigidos pela
sociedade quase a adoeceram, pois ela sofreu com muitos comentários maldosos sobre os eu
corpo, ainda mais depois que teve filho, e que foi difícil recuperar a autoestima de se olhar no
espelho e se considerar linda da forma que ela é. Após alguns outros comentários, falamos das
outras dinâmicas. Kenedy falou que havia recebido a dinâmica do planejamento, e que a pessoa
havia gostado, pois havia ajudado a colocar mapeado os planos que queria seguir, todos falaram
da importância daquela dinâmica. Eles acreditam que foi a dinâmica que mais influenciou e
impactou o grupo. Felipe discordou, pois acredita que a dinâmica do barco foi a que mais mexeu
em questões emocionais das pessoas ali envolvidas. No momento em que foi necessário “tirar
do barco” pessoas, ele pode perceber dificuldade e momento de reflexão. Chegando nos
minutos finais, perguntamos se eles gostaram do período que passamos juntos, e muitos
falaram que era essencial. Lais falou que já levantava na sexta-feira pensando que o dia seria
mais leve por conta dos 50 minutos de terapia em grupo que ia ter. O pedido unanime é que a
dinâmica permanece para os próximos semestre. Foi dado a ideia deles pedirem aos superiores
que permanecessem com o tempo livre, nem que seja meia hora, na sexta-feira para que eles
possam se encontrar e fazer alguma atividade em grupo, sendo que em cada semana um teria a
função de preparar alguma atividade. Eles gostaram da ideia, todavia, o pedido unanime era
para que as dinâmicas permanecessem.

DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

Os inter-relacionamentos são inerentes ao ser humano. Lembramos que desde o nascimento o


homem participa e convivem com diferentes grupos, sendo a busca da sua entre a busca de sua
identidade individual e a necessidade de uma identidade grupai e social, impulsionadores.

Sabemos que um conjunto de pessoas constitui um grupo, um conjunto de grupos e sua relação
com os respectivos subgrupos se constitui em uma comunidade, e um conjunto interativo das
comunidades configura uma sociedade. Há grande notoriedade de que todo indivíduo passa a
maior parte do tempo de sua vida convivendo e interagindo com distintos grupos.

De Pichon-Riviére, por meio da sua teoria do vínculo, elaborou a definição de grupo como um
conjunto de pessoas que possuem necessidades semelhantes e buscam a priori, o cumprimento
de uma tarefa específica. Para a efetivação e realização da tarefa que se propõem a cumprir,
esses indivíduos, deixam de ser um amontoado de pessoas, e cada um assume seu papel
enquanto participante do grupo, com um objetivo mútuo, mas ainda sim, cada qual com sua
identidade (Grossi; Bordin, (1992)).

As práticas grupais são fundamentais para o estudo dos grupos, sub-grupos e microgrupos
dentro de um todo, lembrando sempre que o ser humano é sociável, o qual se comunica com os
outros membros de sua sociedade, estando sempre inserido em grupos dentro de uma
sociedade, conforme aborda OSORIO, em sua publicação:
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A psicologia grupal tem como objetivo de estudo os microgrupos humanos,


entendendo-se por tal todos aqueles nos quais os indivíduos podem
reconhecer-se em sua singularidade (ou perceberem uns aos outros como
seres distintos e com suas respectivas identidades psicológicos), mantendo
ações interativas na busca de objetivos compartilhados (OSÓRIO, 2003, p.
11).

No primeiro encontro, principalmente na segunda dinâmica, podemos notar que houve uma certa
barreira a ser quebrada, tendo em vista que houve uma certa oposição e movimento do grupo
em não abordar temas tão profundos, escrevendo situações mais vagas e superficiais quando
solicitado para debatermos sobre um problema. Tal situação pode ser analisada com uma certa
resistência, a qual costuma ser definida como tudo o que, no decorrer do tratamento analítico,
nos atos e palavras do analisando, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente. Não podemos
definir com exatidão as razões que levaram o grupo a resistirem a dinâmica apresentada,
todavia, destaca algumas possíveis causas: Medo do surgimento do novo; Evitação da
humilhação e vergonha. Tendo em vista que se tratava ainda do primeiro encontro.

Todavia, destaca-se que os próximos encontros, a medida que o grupo foi debatendo e
interagindo mais, podemos observar o fenômeno da transferência, sendo que se trata de um
processo essencial estudado pela primeira vez por Freud, que considerou a situação como
resultante de “reimpressões e novas edições” de antigas experiências traumáticas psíquicas

Conforme abordado por David E. Zimeran em seu livro fundamentos básicos das grupoterapias:

“Atualmente, acredita-se que, no processo terápico, há transferência em


tudo, mas nem tudo deve ser entendido e trabalhado como sendo
transferência. Assim, há controvérsias acerca da concepção de qual é o
papel do terapeuta em tais situações. Para alguns autores, ele não é mais
do que uma mera figura transferência modelada pelas identificações
projetivas dos respectivos pacientes. Para outros, o terapeuta é também
um objeto real, com valores e idiossincrasias próprias, e, como tal, ele virá
a ser introjetado. Assim, cada vez mais, expressões como “a pessoa real
do analista” e “aliança terapêutica” estão ganhando espaço nos trabalhos
sobre transferência. Da mesma forma, vem ganhando força o ponto de
vista de autores que crêem que a atitude do analista é em grande parte
responsável pelo tipo de resposta transferência do paciente.

(...)

Habitualmente, em função de sua qualidade, as transferências são


classificadas como “positivas” ou “negativas”. No entanto, essas
denominações não são plenamente adequadas pelo fato de conotarem um
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juízo de valores moralísticos. Ademais, sabemos que muitas transferências
consideradas “positivas” não passam de conluios resistenciais, enquanto
que outras manifestações transferenciais de aparência agressiva rotuladas
de “negativas” podem ser positivas do ponto de vista terapêutico, desde
que bem absorvidas, entendidas e manejadas. (Aliás, a etimologia da
palavra “agredir” — ad (para a frente) + gradior (movimento) — mostra o
aspecto sadio da agressividade quando ela for bem utilizada pelos
indivíduos ou pelos grupos). Um exemplo comum deste último caso é o da
contestação veemente, mas sadia, de um adolescente.

A importância do processo da comunicação intra e intergrupal pode ser medida a partir do


princípio de que o grande mal da humanidade é o problema do mal-entendido. Na imensa
maioria das vezes, as pessoas pensam que se comunicam, mas, mesmo quando propõem um
“diálogo”, o que resulta são monólogos isolados, onde cada um não escuta (é diferente de ouvir)
o outro, porquanto eles comumente estão mais interessados em que o outro aceite a sua tese.

As grupoterapias, mais do que o tratamento individual, propiciam o surgimento dos problemas de


comunicação e, portanto, favorecem o reconhecimento e o tratamento dos seus costumeiros
distúrbios.

A comunicação se processa a partir dos seguintes quatro elementos: o emissor, a mensagem, o


canal e o receptor. Cada um deles, em separado ou em conjunto, pode sofrer um
desvirtuamento patológico.

Percebemos nas dinâmicas aplicadas muito a questão de valores que foram trazidas pelos
participantes, tanto em questão moral, ética e quanto à física. Podemos notar também algumas
questões voltadas ao grupo familiar, principalmente na dinâmica do Barco. Sabemos que o ser
humano é um ser em evolução, desde o seu nascimento seguindo por um processo linear de
desenvolvimento, conforme exposto por David no trecho a seguir:

Desde que nasce, até o pleno amadurecimento neurofisiológico, a evolução


biológica segue um mesmo processo linear e imutável em todos os
indivíduos da espécie humana. Assim, o bebê sente frio e calor desde o
nascimento. Começa a ouvir a partir das primeiras semanas e a ver por
volta do primeiro mês. Do sexto ao oitavo mês começa a reconhecer o
corpo do outro, e, só então, poderá se reconhecer, em espelho, como uma
unidade corporal. Desenvolve uma mais organizada motricida- de do
primeiro ao quarto ano, e a lateralidade (reconhecimento de direita e
esquerda, etc.) em torno do quinto ao sexto ano. Da mesma forma, as
noções de espaço, tempo, discriminação, causalidade, etc., obedecem a
uma definida seqüência temporal, sendo interessante assinalar, tendo em
vista o que se reedita na relação terapêutica, que a criança apresenta
condições de utilizar o “não” antes do “sim”. A qualidade do
desenvolvimento das funções egóicas vai depender intrinsecamente da
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inter- relação da criancinha com o seu meio ambiente, mais precisamente
de como se processa o seu apego inato (attachment) com a mãe.
Justamente por essa razão, o próximo capítulo estudará os papéis
desempenhados pela mãe dentro de um contexto com as demais pessoas
de um grupo familiar.

CONCLUSÃO

A Grupo terapia aplicada aos funcionários da Faculdade Pitágoras foi extremamente


enriquecedora para ambos os lados. O grupo conseguiu desenvolver um trabalho o qual eles
mesmo traziam as demandas e falavam sobre elas sem a necessidade do grupo terapeuta em
vários momentos.

Como estagiárias, conseguimos aprofundar em várias questões tanto pessoais quanto as de


trabalhos e as mesmas eram debatidas entre eles mesmos, precisando de nós em alguns
momentos para aprofundarmos e fazermos o movimento do indivíduo para o grupo e o grupo
para o indivíduo. O grupo passou a funcionar como um grupo em sua totalidade, onde os
mesmos se apoiam e se ajudam.

Ficou como sugestão para que eles continuassem o trabalho de forma que aliviasse a questão
da pressão do trabalho, visto que para muitos, os 50 minutos foram importantes e suficiente para
que de alguma forma se aliviassem da rotina que muitos enfrentam durante semana. Eles
refletiram sobre o assunto e viram que realmente isso possa vim a ser uma solução se a grupo
terapia não continuar no próximo semestre. Dando seguimento a essa sugestão, algumas
demandas vão se aliviar e o rendimento dos funcionários para com o seu trabalho só tendem a
melhorar.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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formulação do desejo.. São Paulo: Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2016

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FREIRE, José Célio. A Psicologia a serviço do outro: ética e cidadania na prática psicológica.
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ROTTER, Julian B. Psicologia clínica. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 167 p. (Curso de psicologia
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WANNMACHER, Lenita; FUCHS, Flávio Danni Terapêutica Baseada em Evidências - Estudos


de Casos Clínicos. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 03/2012

Assinatura Professor (a) Supervisor (a) Assinatura Estagiário


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RAFAEL MAURÍCIO MOREIRA HORTA ANA CLAUDIA DE MELO KERN

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