Nosso tempo vive a estima a privacidade. Esse valor se manifesta nas instituições jurídicas de vários modos. Em matéria de família, vale a pena citar como exemplo a rejeição do divórcio baseado na noção de culpa (Verschuldensprinzip) em troca da adoção do modelo baseado na deterioração factual e irremediável do casamento (Zerrusttungsprinzip). Essa forma moderna caracteriza a perda das funções da família (fenômeno conhecido como Funktionsverlust ou Funktionsentlastung) abriu um espaço intimista, pessoal e indevassável (a ser preservado para garantir a satisfação de necessidades fundamentais e intransferíveis). Reserva doméstica essa que passou a ser chamada de reprivatização da vida interior. De outro lado o aumento da consciência dos direitos individuais, especialmente sobre os menores, as mulheres, aos idosos e às minorias sexuais reunindo e estruturando componentes organizacionais, no espaço de privacidade assegurado ao grupo familial, que promovam uma ordem social igualitária, livre e humana. Duas tendências são os vetores do movimento legislativo recente em direito de família. Esse movimento de (revisão do direito constituído ou) reconstituição do direito de família tem uma dupla direção (em sentidos opostos). Uma centrípeta (corrige soluções inadequadas e preenche lacunas) – como a defesa do patrimônio familiar - outra centrífuga (retrai e autolimita par assegurar livre poder de regramento interno do grupo) - liquidação do pátrio poder, fim da proibição dos pactos pós-nupciais e abolição da culpa no divórcio. Perfil institucional de suficiência na família. A família pela família. Explícita e adequada expressão dos valores sociais relevantes. - O social e o privado na estrutura da família Não é coerente com o que foi exposto restringir a liberdade para estipular o conteúdo das convenções matrimoniais a nível inferior aos padrões sociais.