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Refrigeração e Ar Condicionado

Carga Térmica de Refrigeração

Filipe Fernandes de Paula


filipe.paula@engenharia.ufjf.br

Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica


Faculdade de Engenharia
Universidade Federal de Juiz de Fora

Engenharia Mecânica

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Introdução

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Introdução

I A carga térmica de refrigeração ou potência frigorı́fica é o calor, por


unidade de tempo, que deve ser extraı́do do ambiente refrigerado
para manter neste local a temperatura desejada;
I A carga térmica depende, em geral, de muitos fatores, que podem
ser divididos em:
I Carga de transmissão;
I Carga de produtos;
I Carga interna;
I Carga por ar infliltrado;
I Carga de equipamentos.
I A metodologia de cálculo da carga térmica para sistemas de
refrigeração e sistemas de condicinamento de ar diferem.

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Introdução

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Carga Térmica Por Transmissão

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Carga Térmica Por Transmissão

I O ganho de calor sensı́vel através de paredes, forro e piso varia com


o tipo e espessura do isolamento, área externa da parede e diferença
de temperatura entre espaço refrigerado e ar ambiente;
I A determinação da diferença entre as temperaturas externa e
interna é função das condições do ar ambiente e do interior;
I A taxa de calor transmitida para o espaço refrigerado pode ser
calculada como:
Q̇t = UA(Te − Ti ) (1)

I Q̇t é a taxa de calor transmitida para o espaço refrigerado;


I A é a área da parede;
I Te é a temperatura do ar externo;
I Ti é a temperatura do ar interno.

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Carga Térmica Por Transmissão
I O coeficiente global de transferência de calor U, pode ser calculado
por:
1
U= (2)
1 x 1
+ +
hi k ho
I Onde U é o coeficiente global de transferência de calor;
I x a espessura da parede/isolamento;
I hi é o coeficiente de convecção na parede interna do espaço
refrigerado;
I ho o coeficiente de convecção na parede externa do espaço
refrigerado.
I Os coeficientes de transferência de calor por convecção, hi e ho
podem ser estimados pela expressão:
h = 1, 66 + 0, 66u (3)

I Onde u é a velocidade do ar em m/s;


I Para condições internas, costuma-se considerar a velocidade nula.
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Carga Térmica Por Transmissão

I Para paredes espessas e de material de baixa condutividade, a


resistência térmica dada por x/k é predominante;
I Dessa forma, tanto 1/ho quanto 1/hi tem pouco efeito no cálculo
podendo ser omitidos;
I Como muitas vezes as paredes dos espaços refrigerados são
construı́das de várias camadas de diferentes materiais, pode-se
escrever:
1
U = x1 x2 x3 (4)
+ +
k1 k2 k3

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Carga Térmica Por Transmissão

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Efeito da Radiação Solar Sobre a Superfı́cie Exposta do
Espaço Refrigerado

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Efeito da Radiação Solar Sobre a Superfı́cie Exposta do
Espaço Refrigerado
I Se as paredes da sala refrigerada estiverem expostas aos raios de
sol, haverá necessidade de acrescentar uma carga térmica adicional;
I Para fins práticos, a temperatura pode ser ajustada para compensar
os efeitos da insolação, através da adição de um fator de
compensação ao valor da temperatura externa;
Q̇t = UA(Te − Ti + Tc ) (5)

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Carga Pelo Produto

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Carga Pelo Produto

I A carga térmica devido ao produto, que geralmente corresponde a


maior porcentagem da carga térmica de câmaras de resfriamento e
congelamento, é composta basicamente das seguintes parcelas:
I Calor sensı́vel antes do congelamento - Esta parcela é devida ao
calor que deve ser retirado do produto para reduzir sua temperatura
desde a temperatura de entrada na câmara até a temperatura de
inı́cio de congelamento, ou, no caso em que o produto somente vai
ser resfriado, a sua temperatura final;
I Calor latente de congelamento - É o calor retirado do produto
para promover seu congelamento;
I Calor sensı́vel após o congelamento - Esta parcela é devida ao
calor que deve ser retirado do produto para reduzir sua temperatura
desde a temperatura de congelamento até a temperatura final do
produto;

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Carga Pelo Produto
I Calor de respiração - Representa o calor liberado na câmara devido
ao processo de respiração de frutas frescas e vegetais. A liberação
deste calor de respiração, também conhecido como calor vital, varia
com a temperatura. Assim quanto mais frio o produto, menor o calor
liberado.
I Considerando todas as parcelas mencionadas, tem-se

Q̇prod = GM [cp,1 (Tent − T1 ) + hcg + cp,2 (T2 − T1 )]+


(6)
GT Qresp [kcal/dia]

I Onde:
I GM é a movimentação diária de um determinado produto na câmara,
em kg /dia;
I cp,1 é o calor especı́fico do produto antes do congelamento, em
kcal/kg °C ;
I Tent é a temperatura de entrada do produto na câmara, em °C ;

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Carga Pelo Produto
I T1 para câmaras de resfriamento é a temperatura final do produto e,
para câmaras de congelamento, é a própria temperatura de
congelamento do produto, em °C
I hcg é o calor latente de congelamento do produto, em kcal/kg ;
I cp,2 é o calor especı́fico do produto após o congelamento, em
kcal/kg °C ;
I T2 é a temperatura final do produto congelado em °C ;
I GT é a quantidade total de produtos na câmara, em kg ;
I Qresp é a quantidade de calor liberado pela respiração do produto, em
kcal/kg · dia.

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Carga Térmica Devido à Infiltração de Ar
Externo

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Carga Térmica Devido à Infiltração de Ar Externo

I A carga térmica devido à infiltração de ar está relacionada com a


entrada de ar quente (ar externo) e saı́da de ar frio da câmara
frigorı́fica, através de portas ou quaisquer outras aberturas;
I Cada vez que uma porta da câmara é aberta uma determinada
quantidade de ar externo penetra na mesma, a qual deverá ser
resfriada pelo sistema frigorı́fico da câmara, aumentando a carga
térmica;
I Assim, a quantidade de ar que entra em câmara pode ser estimada,
a partir do Fator de Troca de Ar (FTA) de uma câmara, sendo este,
por sua vez, dependente do volume e tipo da câmara;
I O FTA expressa o número de trocas de ar por dia (trocas/dia) da
câmara;

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Carga Térmica Devido à Infiltração de Ar Externo

I Uma vez que se conhece o volume de ar externo que entra na


câmara por dia, pode-se então determinar a carga de infiltração pela
equação abaixo:

Q̇inf = Vcam FTA∆H 0 [kcal/dia] (7)

Onde:
I Vcam é o volume da câmara (m3 );
I ∆H 0 refere-se ao calor cedido por cada metro cúbico de ar que entra
na câmara;

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Carga Térmica Devido à Infiltração de Ar Externo

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Carga Térmica Devido à Infiltração de Ar Externo

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Carga por Iluminação

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Carga por Iluminação

I Deve-se ao calor dissipado pelas fontes internas de iluminação e


pode ser calculada por:

Q̇i = Wi · Ap · Dto (8)

I Wi é a taxa de iluminação, em W /m2 ;


I Ap é a área do piso da câmara (m2 );
I Dto é fração de tempo (sobre um perı́odo de 24 horas) que a
iluminação estiver acesa.
I Como regra, a taxa de iluminação utilizada em projetos de câmaras
frigorı́ficas é de 10W /m2 .

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Carga por Ocupação

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Carga por Ocupação

I Decorrente da liberação de calor pelos ocupantes do espaço


refrigerado devido ao metabolismo do corpo humano;
I É função da temperatura do local, tipo de trabalho realizado, tipo
de roupa e tamanho da pessoa;
I Essa carga térmica pode ser estimada através da seguinte equação:

Q̇o = NP · Qeq · Dto (9)

I Np é o número de ocupantes do espaço refrigerado;


I Qeq é o calor equivalente dos ocupantes, em W /pessoa;
I Dto é fração de tempo (sobre um perı́odo de 24 horas) de ocupação;

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Carga por Ocupação

I O calor equivalente pode ser calculado através de:

Qeq = 272 − 6 · Ti (10)

I Ti é a temperatura do espaço refrigerado, em °C .

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Carga Devido a Motores Elétricos

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Carga Devido a Motores Elétricos

I O calor dissipado por motores elétricos pode ser obtido a partir da


sua potência e do seu rendimento;
I Na ausência de dados especı́ficos, podem ser utilizados os valores da
seguinte tabela:

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Carga Térmica Devido aos Motores dos
Ventiladores

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Carga Térmica Devido aos Motores dos Ventiladores

I Uma outra fonte de calor que está presente no interior das câmaras
frigorı́ficas são os motores dos ventiladores dos evaporadores;
I No entanto, somente é possı́vel determinar a potência dissipada por
estes ventiladores após a seleção dos evaporadores;
I Os evaporadores, por sua vez, somente podem ser selecionados após
o cálculo da carga térmica total da câmara, o que inclui o calor
liberado pelos motores dos ventiladores;
I Em geral pode-se considerar um acréscimo de 10 a 15% sobre a
carga térmica total.

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Carga Térmica Devido aos Motores dos Ventiladores

I Quando o evaporador é selecionado e portanto se conhece os


motores dos ventiladores, é preciso recalcular a carga térmica dos
ventiladores para verificar se a capacidade térmica resultante está de
acordo.
Ẇvent
Q̇vent = τ 632 [kcal/dia] (11)
ηvent
I Onde:
I Ẇvent é a potência total dos ventiladores, em cv;
I τ é o tempo de funcionamento dos ventiladores, em h/dia;
I ηvent é o rendimento dos ventiladores.

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Fator de segurança

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Fator de segurança

I Geralmente, um fator de segurança de 10% é aplicado à carga


térmica calculada para levar em consideração possı́veis discrepâncias
entre o critério de projeto e a operação real.

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Carga Térmica Total

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Carga Térmica Total
I A carga térmica total é obtida somando-se todas as cargas parciais
calculadas (em kcal/dia) acrescidas do fator de segurança;
I Esta carga calculada considera que o tempo de funcionamento da
instalação frigorı́fica seja de 24 horas;
I Devido à necessidade de descongelamento do evaporador a
intervalos frequentes, não é prático projetar o sistema de
refrigeração de modo que o equipamento deva funcionar
continuamente;
I Desta forma, o tempo de funcionamento do sistema vai ser função
do tipo de descongelamento empregado;
I Quando for utilizado descongelamento natural, o tempo de
funcionamento permitido é aproximadamente 16 horas em cada
perı́odo de 24 horas;
I Para os sistemas que empregam uma fonte auxiliar de calor para
realizar o descongelamento, o tempo de funcionamento máximo
passa para 18 a 20 horas.

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Carga Térmica Total

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Carga Térmica Total

I Desta forma, a carga térmica total, em unidade de potência, é


calculada por: X 
24h
Q̇tot = Q̇ (12)
T

I Onde T é o tempo máximo de funcionamento permitido ao sistema


de refrigeração, em horas.

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Degelo

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Degelo

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Degelo

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Degelo

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Degelo

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Degelo

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Exemplos

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Exemplos

I Exemplo 1 - Cálculo de carga térmica para uma câmara interna de


conservação de produtos congelados. Dados Preliminares:
I Temperatura externa: 35°C ;
I Temperatura interna: −18°C ;
I Umidade relativa: 60%;
I Dimensões internas: larg. 3m; comp. 4m; alt. 2,5m;
I Material da câmara: painel pré-fabricado;
I Isolamento: painéis de EPS (isopor) 200mm;
I Produto: peixe já congelado;
I Movimentação Diária: 3.000 kg/dia;
I Ocupação Total: 7.500 kg;
I Presença de motor ou fonte de calor: sim (motor do evaporador);
I Temperatura de entrada do produto: −8°C ;
I Número de pessoas: 2 permanecendo 3 horas/dia;
I Degelo: Elétrico.

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Exemplos

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