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CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO P/ POLÍCIA FEDERAL

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

AULA 9

DIREITOS E VANTAGENS

1 VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO

Como regra geral, não se prestam serviços à Administração Pública de forma


gratuita (art. 4º). Assim, há retribuição pecuniária ao servidor, ou seja,
contraprestação pelos serviços realizados.
A Constituição Federal de 1988 trata, em especial nos incisos X a XV do art.
37, de remuneração, vencimentos e subsídio. Coube ao Estatuto a
individualização de cada uma dessas expressões.
São seus artigos 40 e 41 que as definem:
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
cargo público, com valor fixado em lei.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
O artigo 49 especifica quais as vantagens que compõem a remuneração,
explicitadas pelos artigos 51 e 61, que serão vistos adiante.
Seguindo magistério do ilustre administrativista Diógenes Gasparini, temos
que:
Retribuição é a contraprestação a que tem direito o servidor público
por estar à disposição da Administração Pública ou de quem lhe faça
as vezes prestando-lhe serviço. Assim, todos os servidores da
Administração Pública direta (União, Estado-Membro, Distrito Federal
e Município) e indireta (autarquias, sociedades de economia mista,
empresas públicas e fundações públicas e privadas) têm direito a
uma retribuição a título de pagamento pelos serviços que prestam às
entidades que compõem essas espécies de Administração. Somente
alguns agentes públicos, em situação especialíssima, fogem a essa
regra.
Como exemplos de agentes que não fazem jus à retribuição, têm-se os
mesários durante as eleições o os jurados, sendo classificados como agentes
honoríficos.

1.1 SUBSÍDIOS

No que diz respeito aos subsídios, note-se que foi acrescido à CF/88 via EC nº
19/98, pois o texto original não previu essa forma de retribuição. Tal
modalidade de remuneração passou a ser conferida a certos cargos, e fixada

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em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,


abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.
Hoje a Carta Constitucional prevê um extenso rol de cargos remunerados por
meio de subsídio, entre eles, destaquem-se os seguintes: o membro de Poder, o
detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais (art. 39, §4º, da CF/88). Também contam com previsão
constitucional de recebimento por subsídios outras categorias, como membros
da advocacia pública e da defensoria pública (art. 135, da CF/88), bem assim
servidores da segurança pública (art. 144, § 9º, da CF/88).
O § 8º do art. 39 da CF/88 ainda estabeleceu que a remuneração dos
servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada como subsídio, e
assim tem feito a Administração Federal, que recentemente passou a adotar tal
espécie de estipêndio para diversas carreiras1.
Desse modo, tem-se boa parte daqueles que prestam serviços à Administração
Pública remunerados na forma de subsídio, que substitui os vocábulos
remuneração ou vencimentos, porém designando, de maneira equivalente, a
contraprestação pelos serviços prestados.
Isto posto, serão analisadas as características principais do vencimento e da
remuneração, deixando de lado os subsídios, que não são abrangidos pelo
Estatuto.

1.2 ISONOMIA E IRREDUTIBILIDADE

Vencimento é a parcela fixa devida ao servidor pelo exercício de cargo


público, tendo seu valor determinado em lei (art. 40).
O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter
permanente, é irredutível (art. 41, § 3º). É também comum utilização a
expressão “vencimentos”.
As garantias de salário mínimo2 e irredutibilidade do vencimento foram
previstas no art. 7º, IV e VI, da CF/88.
O parágrafo único do art. 40, que estabelecia que “nenhum servidor receberá,
a título de vencimento, importância inferior ao salário-mínimo”, foi revogado
pela MP nº 431/2008, convertida na Lei nº 11.784/2008, que passou a prever,
no art. 41, § 5o, do Estatuto, que “nenhum servidor receberá remuneração

1
Exemplifique-se, entre tantas outras, com as carreiras de Auditoria Federal, de Gestão
Governamental, do Banco Central do Brasil e de Diplomata, objeto da MP nº 440/2008.
2
STF, RE-AgR 369.010/SP, relator Ministro Joaquim Barbosa, publicação DJ 16/06/2006:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. PISO DE
VENCIMENTO INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO. POSSIBILIDADE. O Plenário desta Corte, ao
julgar os RREE 197.072, 199.098 e 265.129, firmou o entendimento de que o artigo 7º, IV,
combinado com o artigo 39, § 2º, ambos da Constituição, se refere à remuneração total
recebida pelo servidor em atividade e não apenas ao vencimento-base. Agravo Regimental a que
nega provimento.

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inferior ao salário mínimo”. Com isso, é o total da remuneração que não pode
ser inferior ao salário mínimo, e não mais o vencimento, como antes previsto.
Quanto à isonomia de vencimentos, é assegurada para cargos de atribuições
iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três
Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho (art. 41, § 4º). Era também conteúdo
expresso do art. 39, § 1º da CF/88, alterado pela EC nº 19/98, que deixou de
prever, por essa via constitucional, a garantia direta de isonomia. Contudo,
manteve-se a regra do inciso XII, art. 37, garantindo que o Judiciário e o
Legislativo, que tradicionalmente têm altos vencimentos, não poderão pagar
mais que o Executivo. Ademais, a alteração constitucional não exclui a
possibilidade de a Lei garantir esse direito aos servidores, mantendo-se,
portanto, a plena vigência do art. 41, § 4º do Estatuto, mesmo após a
promulgação da EC nº 19/98.
Na ausência de previsão legal, segundo o entendimento pacífico do STF e do
STJ, não é possível ao Judiciário a concretização do princípio da isonomia,
considerados os casos de atribuições iguais ou assemelhadas, posto que não
lhe compete “substituir o legislador ordinário para estender a servidores
vantagens e benefícios não previstos em lei”3. Assim, “a isonomia salarial
depende de ato legislativo específico que declare a similitude entre cargos e
funções, não cabendo ao Poder Judiciário implementá-la, a teor do disposto na
Súmula nº 339/STF”4, a saber:
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia.
Competente lição sobre o tema proferiu o ilustre Ministro relator, ao analisar a
questão, ainda sob a égide da redação original do art. 39, § 1º, da CF/88:
O art. 39, § 1º, da Constituição - "A Lei assegurará, aos servidores
da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário..." - é princípio
explicitamente dirigido ao legislador e, portanto, de efetividade
subordinada à sua observância recíproca pelas leis de fixação dos
vencimentos dos cargos de atribuições iguais ou assemelhadas: é
que a Constituição mantém a proibição, vinda de 1967, de
vinculações ou equiparações de vencimentos (CF 88, art. 37, XIII), o
que basta para elidir qualquer ensaio - a partir do princípio geral da
isonomia - de extrair, de uma lei ou resolução atributiva de
vencimento ou vantagens determinadas a um cargo, força bastante
para estendê-los a outro cargo, por maior que seja a similitude de

3
STF, RE 342.802 AgR/SP, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 14/02/2003 e ADI
1.782/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 15/10/1999.
4
STJ, ROMS 11.830/PR, relator Ministro Paulo Gallotti, publicação DJ 24/02/2003. Veja
também: ROMS 13.964/SP, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 19/08/2002 e
ROMS 14.216/SP, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 17/06/2002.

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sua posição e de suas funções. Daí que, segundo a invariável


orientação do STF, o princípio constitucional da isonomia do art. 39,
§ 1º não elide o da legalidade dos vencimentos do servidor público,
mas, ao contrário, dada a proibição pelos textos posteriores da
equiparação ou vinculação entre eles, reforça a Súmula 339, fruto da
jurisprudência já consolidada sob a Constituição de 1946, que não
continha tal vedação expressa.5
É relevante destacar que os direitos à irredutibilidade e à isonomia se referem
aos vencimentos (vencimento do cargo efetivo mais as vantagens de caráter
permanente), e não às vantagens não permanentes. Melhor esclarecendo, o
que se garante é o total recebido a título de vencimentos, independente de
suas parcelas, sua estrutura. Assim, pode ser extinto um adicional
permanente, desde que seja aumentado ou criado outro, de forma que o total
da remuneração não seja reduzido:
ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO. REDUÇÃO DE PERCENTUAIS.
Conforme jurisprudência do colendo Supremo Tribunal Federal, o
servidor público tem direito adquirido ao quantum remuneratório,
mas não ao regime jurídico de composição dos vencimentos. A
redução no percentual de cálculo da gratificação de regência de
classe por meio de lei, respeitada a irredutibilidade de vencimentos,
não constitui ofensa a direito adquirido.6
Portanto, para o STF, o princípio da irredutibilidade de vencimentos previsto no
art. 37, XV, da CF, não veda a redução de parcelas que componham os
critérios legais de fixação, mas não se pode diminuir o valor da remuneração
na sua totalidade7.
Os servidores que exercem as mesmas ou semelhantes atribuições, desde que
com previsão legal, receberão, a título de vencimento, o mesmo valor. As
demais parcelas que compõem a remuneração (gratificações, adicionais), além
de variarem mês a mês, aumentando ou reduzindo a remuneração, poderão
ter valores diferentes entre os diversos Poderes da União.
O servidor não pode opor-se à redução da remuneração. No mês em que fizer
jus à gratificação por desempenho de função, por exemplo, receberá os valores
a ela correspondentes. Noutro mês, em que não tenha esse direito, sua
remuneração será menor, e, repita-se, nada poderá ser argüido.
Em princípio, não se pode exigir isonomia entre essas gratificações devidas a
servidor de outro Poder, posto que, diga-se uma vez mais, a isonomia se limita
aos vencimentos, e não às vantagens como um todo. Ainda que isso não seja
nada pacífico, na prática verifica-se que a retribuição pelo exercício de função
de chefia no Poder Judiciário é muitas vezes superior à paga pelo Poder
Executivo. Se considerarmos que “vencimentos” é sinônimo de “remuneração”,

5
STF, ADI 1.776/DF, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 26/05/2000.
6
STJ, ROMS 15.546/MS, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 15/12/2003.
7
STF, RE 364.317/RS, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 21/11/2003.

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como diz o art. 41 do Estatuto, essa situação representa uma quebra patente
da isonomia.
A irredutibilidade também não alcança os tributos, que podem reduzir o valor
líquido recebido. Assim, o teto se refere ao valor bruto, sendo perfeitamente
possível que o valor recebido seja inferior ao teto, em face da incidência, por
exemplo, do imposto sobre a renda (artigos 150, II; 153, III e 153, § 2º, I,
CF/88).
Tal irredutibilidade, garantia constitucional, é modalidade qualificada da
proteção ao direito adquirido, na medida em que a sua incidência pressupõe a
licitude da aquisição do direito a determinada remuneração8. Assim, se o
acréscimo da remuneração advém de fonte ilícita, por óbvio que não cabe
exigir sua manutenção nesse patamar. Recentemente, decidiu o STF, embora
em decisão não unânime, que essa garantia abarca tanto o cargo efetivo
quanto o cargo em comissão9.
No que se refere à isonomia de reajustes, prevista no art. 37, X, CF/88, só
cabe quando efetivada com a finalidade de promover revisão geral anual, não
para corrigir distorções apenas de uma determinada categoria:
SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS. REAJUSTE. ISONOMIA.
SÚMULA STF Nº 339. ART. 37, X, DA CF/88. O princípio da isonomia
dirige-se aos Poderes Executivo e Legislativo, a quem cabe
estabelecer a remuneração dos servidores públicos e permitir a sua
efetivação. Vedado ao Judiciário estender aumentos que foram
concedidos apenas a uma determinada categoria. Precedente: RE
173.252. O recorrido editou várias leis de reajustes de vencimentos
aos seus servidores, sem a finalidade de promover uma revisão geral
de remuneração, mas para corrigir distorções. Situação que não se
confunde com a previsão do art. 37, X, da CF/88. Precedente: RE
307.302-ED.10

1.3 TETO REMUNERATÓRIO

Importantes alterações foram promovidas com a publicação, em 31 de


dezembro de 2003, da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de
2003. A chamada “reforma da previdência” aproveitou para alterar as regras
quanto ao teto remuneratório no serviço público brasileiro, já que, em face da
redação anterior, não foi possível estabelecer e implementar o teto.
O art. 37, XI, CF/88, fixava como limite único o subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal11. Por sua vez, art. 48, XV, CF/88,

8
STF, RE 298.695/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 24/10/2003.
9
STF, RE 378.932/PE, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 14/05/2004.
10
STF, RE 355.517/PR, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 29/08/2003.
11
CF/88, redação anterior do art. 37, XI: “A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de

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exigia, para fixação do valor, lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da


República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo
Tribunal Federal12, o que nunca aconteceu, por falta de acordo político entre
tais autoridades.
Alteraram-se, então, ambos os incisos, ficando assim a nova redação:
Art. 37, XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e
52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre: (...)
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153,
§ 2º, I.
Com isso, foram estabelecidos limites diferenciados entre os diversos entes da
federação:
I – Municípios: o subsídio do Prefeito;
II – Estados e Distrito Federal:
a) no âmbito do Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou
de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal.”
12
CF/88, redação anterior do art. 48, XV: “(...) fixação do subsídio dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.”

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b) no âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados


Estaduais e Distritais;
c) no âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento (90,25%) do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores
Públicos.
Note-se que, nos termos do § 12 do art. 37 da CF/88, acrescentado
pela EC nº 47/2005, para os fins do disposto no inciso XI do caput
desse art. 37, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar,
em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se
aplicando tal limite aos subsídios dos Deputados Estaduais e
Distritais e dos Vereadores.
No entanto, veja-se a notícia divulgada no Informativo 457 do STF,
sobre a decisão liminar proferida na ADI 3.854 MC/DF13,
suspendendo o subteto de remuneração a que estão submetidos os
membros da magistratura estadual:
Salientando-se o caráter nacional e unitário do Poder Judiciário,
entendeu-se que as normas em questão, aparentemente, violam o
princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput e I) por estabelecerem,
sem nenhuma razão lógico-jurídica que o justifique, tratamento
discriminatório entre magistrados federais e estaduais que
desempenham iguais funções e se submetem a um só estatuto de
âmbito nacional (LC 35/79), restando ultrapassados, desse modo,
pela EC 41/2003, os limites do poder constitucional reformador
(CF, art. 60, § 4º, IV). Asseverou-se que o caráter nacional da
estrutura judiciária está reafirmado na chamada regra de
escalonamento vertical dos subsídios, de alcance nacional, e
objeto do art. 93, V, da CF, que, ao dispor sobre a forma, a
gradação e o limite para fixação dos subsídios dos magistrados
não integrantes dos Tribunais Superiores, não faz distinção, nem
permite que se faça, entre órgãos dos níveis federal e estadual,
mas sim os reconhece como categorias da estrutura judiciária

13
STF, ADI 3.854 MC/DF, relator Ministro Cezar Peluso, publicação DJ 08/03/2007, noticiado no
Informativo 457: O Tribunal, por maioria, nos termos do voto do Relator, concedeu a liminar,
conforme o artigo 10, § 3º, da Lei nº 9.868, de 10.11.1999, para, dando interpretação conforme à
Constituição ao artigo 37, inciso XI, e § 12, da Constituição da República, o primeiro
dispositivo, na redação da EC nº 41/2003, e o segundo, introduzido pela EC nº 47/2005, excluir a
submissão dos membros da magistratura estadual ao subteto de remuneração, bem como
para suspender a eficácia do artigo 2º da Resolução nº 13/2006 e do artigo 1º, § único, da
Resolução nº 14, ambas do Conselho Nacional de Justiça.

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nacional. Considerou-se, ademais, manifesto o “periculum in


mora”, tendo em conta que já determinada a implementação do
teto remuneratório da magistratura estadual em sete tribunais,
estando outros oito no aguardo de decisão do CNJ para também
fazê-lo.
III – União: o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal. Este limite, além de vincular a União, é também geral,
valendo para todos os entes, que, como se viu, também têm limites
individuais.
Na vigência da redação anterior, o entendimento que vigorava, segundo o STF,
era o seguinte:
Não são auto-aplicáveis as normas do art. 37, XI, e 39, § 4º, da
Constituição, na redação que lhes deram os arts. 3º e 5º,
respectivamente da Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de
1998 porque a fixação do subsídio mensal, em espécie, de Ministro
do Supremo Tribunal Federal - que servirá de teto -, nos termos do
artigo 48, XV, da Constituição, na redação do art. 7º da referida
Emenda Constitucional nº 19, depende de lei formal, de iniciativa
conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal14.
Portanto, enquanto referida lei não fosse promulgada, não haveria imposição
do teto. Contudo, como se viu, deixou de ser exigida a lei de iniciativa
conjunta, passando a depender exclusivamente de lei de iniciativa privativa do
próprio STF (art. 37, X, CF/88), com a aprovação do Congresso Nacional, e a
sanção do Presidente da República (art. 48, XV, CF/88).
Segundo previsão do art. 8º da EC nº 41/2003, “até que seja fixado o valor do
subsídio de que trata o art. 37, XI, da Constituição Federal, será considerado,
para os fins do limite fixado naquele inciso, o valor da maior remuneração
atribuída por lei na data de publicação desta Emenda a Ministro do Supremo
Tribunal Federal, a título de vencimento, de representação mensal e da parcela
recebida em razão de tempo de serviço, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o
subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento da maior remuneração mensal de Ministro
do Supremo Tribunal Federal a que se refere este artigo, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos.”
Assim, em 05/02/2004 reuniu-se o STF em sessão administrativa, cuja Ata
teve o seguinte conteúdo parcial:

14
STF, Ata da 3ª Sessão Administrativa, realizada em 24 de junho de 1998.

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ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ADMINISTRATIVA DO ANO DE


2004, REALIZADA EM 05 DE FEVEREIRO DE 2004. Às dezessete
horas, reuniu-se o Supremo Tribunal Federal, em sessão
administrativa, presentes os Ministros Maurício Corrêa (Presidente),
Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Nelson Jobim, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Carlos
Britto e Joaquim Barbosa, para a apreciação da seguinte pauta: 1)
Processo 319.269 - Após analisar as inovações introduzidas pela
Emenda Constitucional n° 41/2003, o Tribunal decidiu, por maioria,
nos termos do voto do Ministro Maurício Corrêa Presidente, que o
valor do limite fixado pelo artigo 8° da referida Emenda corresponde
a R$ 19.115,19 (dezenove mil, cento e quinze reais e
dezenove centavos), maior remuneração atribuída por lei, na data
de sua publicação, a Ministro do Supremo Tribunal Federal, a título
de vencimento, representação mensal e parcela recebida em razão
de tempo de serviço e cuja composição é a seguinte: R$ 3.989,81
(três mil, novecentos e oitenta e nove reais e oitenta e um centavos)
a título de vencimento, na forma das Leis 10.474/02 e 10.697/03;
R$ 10.628,86 (dez mil, seiscentos e vinte e oito reais e oitenta e seis
centavos) a título de representação mensal, conforme
determinam os Decretos-Lei 2.371/87, 1.525/77 e 1.604/78; e R$
4.496,52 (quatro mil, quatrocentos e noventa e seis reais e
cinqüenta e dois centavos) a título de adicional em razão do
tempo de serviço, nos termos do artigo 65, inciso VIII, da Lei
Complementar 35/79. Vencido, nesse ponto, o Ministro Marco
Aurélio por entender que o valor corresponde a R$ 17.343,70
(dezessete mil, trezentos e quarenta e três reais e setenta
centavos), excluindo-se para tanto o adicional de 20% (vinte por
cento) da representação mensal devida ao Presidente nos termos do
Decreto-Lei 1.525/77. Sua Excelência consignou, também, que
considera inconstitucional a expressão "percebidos cumulativamente
ou não" contida no artigo 1° da Emenda Constitucional 41/03, no
que deu nova redação ao inciso XI do artigo 37 da Constituição
Federal, assim como o artigo 9° da referida Emenda. O Tribunal
fixou ainda, por unanimidade, nos termos do voto do Ministro
Maurício Corrêa, o entendimento de que, no caso específico da
acumulação dos cargos de Ministro do Supremo Tribunal Federal e
Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, determinada pelo artigo 119,
inciso I, letra ‘a’ da Constituição, não se aplica a cumulação das
remunerações para fins de incidência do limite estabelecido pelo
inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal. Foram consignados e
juntados ao processo os votos escritos dos Ministros Maurício Corrêa
e Marco Aurélio.(...) A sessão encerrou-se às dezenove horas e
trinta minutos, e dela lavrou-se esta ata, que vai assinada pelos
presentes.

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Mais recentemente, em 26/07/2005, o Presidente da República sancionou a Lei


nº 11.143, que fixou o subsídio mensal de Ministro do Supremo Tribunal
Federal, referido nesse art. 48, inciso XV, da Constituição Federal, em R$
21.500,00 (vinte e um mil e quinhentos reais) a partir de 1º de janeiro de
2005, e, a partir de 1º de janeiro de 2006, R$ 24.500,00 (vinte e quatro mil e
quinhentos reais). Em breve será promulgada nova lei, alterando o subsídio
para R$ 25.700,00, retroativo a 1º de janeiro de 2007.
Com a fixação do valor, todos os ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, os membros de
qualquer dos Poderes, os detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, de todas as
esferas, passaram a tê-lo como limite, inclusive os dos Poderes Executivo e
Legislativo, que tinham limitação aos tetos individuais de cada um dos
Poderes. Os Estados, Distrito Federal e Municípios, como já se viu, estarão
também limitados aos tetos individuais citados.
Com relação ao que está ou não incluído no cômputo do limite remuneratório,
a EC nº 47, de 05/07/2005, trouxe nova regra expressa. Assim, nos termos do
art. 37, § 11, não serão computadas as parcelas de caráter indenizatório
previstas em lei. O art. 4º da mesma Emenda acrescentou que, enquanto não
editada a lei a que se refere o § 11, não será computada, para efeito dos
limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput do mesmo artigo,
qualquer parcela de caráter indenizatório, assim definida pela legislação em
vigor na data de publicação da Emenda Constitucional nº 41, de 200315.
A aplicação do teto para os servidores do Poder Judiciário e para os
magistrados foi regulada pelo Conselho Nacional de Justiça através das
Resoluções nº 13 e 14, ambas de 21/03/2006, onde estão previstas a verbas
que estão sujeitas ao teto, bem assim aquelas excluídas. Assim, por exemplo,
não serão computadas as verbas indenizatórias como ajuda de custo, auxílio-
alimentação, auxílio-moradia e diárias. Também não se inclui no teto a
remuneração e provento de magistrado decorrente do exercício de magistério

15
Sob a vigência da EC nº 19/98, na 1ª edição desta obra, tive a oportunidade de me
manifestar no seguinte sentido:
“Com relação ao que está ou não incluído no teto, a regra supra deve ser interpretada em
consonância com a Reforma Administrativa (EC nº 19/98) e a jurisprudência do STF.
A previsão constitucional expressa é de que se incluem no teto as vantagens pessoais ou de
qualquer natureza, além de qualquer outra espécie remuneratória. No entanto, como dito, para o
STF, essas normas não são auto-aplicáveis, ou seja, dependem de regulamentação por lei de
iniciativa conjunta. Assim, seguindo entendimento do STF, as vantagens pessoais que
estão excluídas do teto, enquanto ausente regulamentação, são as decorrentes de
situação funcional própria do servidor e as que representem uma situação individual
ligada à natureza ou às condições do seu trabalho. E exemplifica: a gratificação de
gabinete, o salário-família, o adicional de função, os adicionais por tempo de serviço e por
tempo de guerra.
Por outro lado, as vantagens ligadas ao cargo exercido pelo servidor, e não à pessoa deste, não
são suscetíveis de exclusão do cálculo para efeito de apuração do teto remuneratório (STF, ADI
14, relator Ministro Célio Borja, publicação DJ 30/11/1989; RE 312.026/SP, relator Ministro
Ilmar Galvão, publicação DJ 14/12/2001; AO 524/PA, relator ministro Nelson Jobim, publicação
DJ 20/04/2001).”

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(art. 95, parágrafo único, I, CF/88) e o abono de permanência em serviço, nos


termos do art. 40, § 19, CF/88 (EC nº 41/2003). No âmbito do Ministério
Público, foi a Resolução do CNMP nº 09, de 05/06/2006, que fixou as regras
concernentes ao teto remuneratório de seus membros, posteriormente
alterada pela Resolução CNMP nº 15, de 04 de dezembro de 2006, e suspensa
pelo STF16, por afronta ao art. 37, XI, § 12, CF/88.
No que concerne aos servidores estatutários, desde a EC nº 19/98, ficou
revogado tacitamente o art. 42 do Estatuto, que previa que “nenhum servidor
poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer
título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal”.
O parágrafo único do mesmo artigo 42 excluía do teto de remuneração as
vantagens abaixo:
I – gratificação natalina;
II – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou
penosas;
III – adicional pela prestação de serviço extraordinário;
IV – adicional noturno;
V – adicional de férias.
Porém, com a nova ordem constitucional, essa regra deverá ser novamente
analisada pela jurisprudência ou legislação infraconstitucional, pois, a priori,
nada mais pode fugir ao limite atualmente imposto.

16
STF, ADI nº 3.831/DF-MC, relatora Ministra Cármen Lúcia, publicação DJ 03/08/2007: ADI.
RESOLUÇÃO CNMP N. 15/2006. AFRONTA AO ART. 37, INC. XI, § 12, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. 1. A Resolução n. 15, de 4 de dezembro de 2006, do Conselho Nacional do
Ministério Público, cuida dos percentuais definidores do teto remuneratório dos membros e
servidores do Ministério Público. 2. A Resolução altera outras normas de igual natureza,
anteriormente vigentes, possibilitando a) ser ultrapassado o limite máximo para a remuneração
dos membros e servidores públicos do Ministério Público dos Estados até agora fixado e b)
estabelecer-se novo padrão remuneratório para aqueles agentes públicos. 3. Descumprimento
dos termos estabelecidos no art. 37, inc. XI, da Constituição da República pelo Conselho
Nacional do Ministério Público, por contrariar o limite remuneratório máximo definido
constitucionalmente para os membros do Ministério Público dos Estados Federados. 4.
Necessidade de saber o cidadão brasileiro a quem paga e, principalmente, quanto paga a cada
qual dos agentes que compõem os quadros do Estado. 5. Possível inconstitucionalidade formal,
pois a norma expedida pelo Conselho Nacional do Ministério Público cuida também da alteração
de percentuais a serem aproveitados na definição dos valores remuneratórios dos membros e
servidores do Ministério Público dos Estados, o que estaria a contrariar o princípio da legalidade
específica para a definição dos valores a serem pagos a título de remuneração ou subsídio dos
agentes públicos, previsto no art. 37, inc. X, da Constituição da República. 6. Possível não-
observância dos limites de competência do Conselho Nacional do Ministério Público, que atuou
sob o argumento de estar cumprindo os ditames do art. 130-A, § 2º, da Constituição da
República. 7. Suspensão, a partir de agora, da eficácia da Resolução n. 15, de 4 de dezembro de
2006, do Conselho Nacional do Ministério Público, mantendo-se a observância estrita do quanto
disposto no art. 37, inc. XI e seu § 12, no art. 39, § 4º, e no art. 130-A, § 2º, todos da
Constituição da República. 8. Medida cautelar deferida.

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Por fim, algumas considerações importantes sobre o teto das remunerações e


subsídios:
I – engloba tanto os que recebem remuneração quanto os que recebem
subsídio; tanto os estatutários quanto os celetistas;
II – inclui servidores da Administração Direta, autárquica, fundacional
(art. 37, XI, CF/88), bem como os empregados das empresas públicas e
as sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
(art. 37, § 9º, CF/88). Note-se que no que se refere às empresas públicas
e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, a regra é própria.
Assim, só se sujeitam ao limite imposto, se receberem recursos estatais
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral;
III – o limite relativo ao subsídio do Ministro do STF vale para todos os
servidores dos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, bem como seus agentes políticos, sendo previstos limites
diferenciados para cada ente;
IV – as aposentadorias e pensões também estão limitadas aos tetos;
V – em caso de acumulação permitida, a soma das remunerações não
poderá ultrapassar os limites de cada ente. Note-se que, na sessão
administrativa retro transcrita, o STF fixou, por unanimidade, o
entendimento de que, no caso específico da acumulação dos cargos de
Ministro do Supremo Tribunal Federal e Ministro do Tribunal Superior
Eleitoral, determinada pelo artigo 119, inciso I, letra ‘a’ da Constituição,
não se aplica a cumulação das remunerações para fins de
incidência do limite estabelecido pelo inciso XI do artigo 37, CF/88.
Assim, receberão ambos os subsídios cumulativamente;
VI – as parcelas de caráter indenizatório, previstas em lei, não serão
computadas para cálculo do teto remuneratório (EC nº 47/2005).
O art. 43 do Estatuto estabelecia que o teto de remuneração não poderia ser
mais que quarenta vezes maior que a menor remuneração atribuída aos cargos
de carreira. Essa previsão foi revogada pela Lei nº 9.624, de 02/04/1998 e, em
04/06/1998, a EC nº 19 incluiu o parágrafo 5º ao art. 39, com o seguinte teor:
“Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá
estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores
públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI”.
Essa relação entre o menor e o maior valor da remuneração do servidor,
incluídos os ativos e inativos do Poder Executivo da Administração Direta,
autárquica e fundacional, estava estabelecido no art. 18 da mesma Lei nº
9.624/98. O maior era de R$ 8.000,00 e o menor, R$ 312,00, com fator de
25,64. Como já dito, o limite atual é somente o do subsídio do Ministro do STF.

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Importante: assuntos relativos à EC nº 41/2003, como este do teto, são de


presença quase certa em qualquer prova de constitucional ou administrativo.
Assegure-se de dominar bem esse tema.

1.4 REVISÃO GERAL ANUAL

Outra garantia constitucional é a revisão geral anual e na mesma data para


todos (art. 37, X, CF/88, com redação dada pela EC nº 19/98), sem distinção
de índices, não alcançando, no entanto, as empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas de direito privado. Assim, a partir dessa
emenda ganhou-se o direito, já reconhecido pelo STF, às revisões anuais. A
regulamentação do dispositivo mencionado veio somente em dezembro de
2001, através da Lei nº 10.33117.
Até a nova redação do art. 37, X, da Constituição, resultante da EC 19/98, o
entendimento do STF se sedimentara no sentido de que em sua versão
original, a Constituição nem assegurava revisão anual da remuneração dos
servidores públicos, nem, via de conseqüência, lhes fixara data-base para o
reajuste18.
Acrescente-se, ainda, que é constitucional a previsão do art. 3º da citada Lei,
que estabelece a possibilidade de dedução dos adiantamentos ou quaisquer
outros aumentos concedidos no exercício anterior19:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI FEDERAL
10331/01 QUE REGULAMENTA A REVISÃO GERAL E ANUAL DA
REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. ARTIGO 3º:
POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DOS ADIANTAMENTOS OU
QUAISQUER OUTROS AUMENTOS CONCEDIDOS NO EXERCÍCIO
ANTERIOR. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O inciso X do artigo 37 da
Carta Federal autoriza a concessão de aumentos reais aos servidores
públicos, “lato sensu”, e determina a revisão geral anual das
respectivas remunerações. Sem embargo da divergência conceitual
entre as duas espécies de acréscimo salarial, inexiste óbice de
ordem constitucional para que a lei ordinária disponha, com
antecedência, que os reajustes individualizados no exercício anterior
sejam deduzidos da próxima correção ordinária. 2. A ausência de
compensação importaria desvirtuamento da reestruturação aprovada
pela União no decorrer do exercício, resultando acréscimo salarial
superior ao autorizado em lei. Implicaria, por outro lado,
necessidade de redução do índice de revisão anual, em evidente

17
Art. 1º As remunerações e os subsídios dos servidores públicos dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário da União, das autarquias e fundações públicas federais, serão revistos, na
forma do inciso X do art. 37 da Constituição, no mês de janeiro, sem distinção de índices,
extensivos aos proventos da inatividade e às pensões.
18
STF, RE 412.383/DF, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 04/06/2004.
19
STF, ADI 2.726/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 29/08/2003.

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prejuízo às categorias funcionais que não tiveram qualquer aumento.


3. Espécies de reajustamento de vencimentos que são inter-
relacionadas, pois dependem de previsão orçamentária própria, são
custeadas pela mesma fonte de receita e repercutem na esfera
jurídica dos mesmos destinatários. Razoabilidade da previsão legal.
Ação direta improcedente.
Para aquele servidor investido em função ou cargo em comissão, a
remuneração será paga na forma estabelecida em lei específica (artigos 41, §
1º e 62).

1.5 PERDA DA REMUNERAÇÃO

O pagamento da remuneração é devido pelo efetivo exercício de suas


atribuições, com as exceções previstas nos artigos 97 e 102, em que não há
trabalho, mas são considerados como de efetivo exercício.
Nas seguintes situações, o servidor perderá a remuneração (art. 44):
I – do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado;
II – a parcela diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas e as
saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o
mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia
imediata.
Assim, se acontecer de chegar atrasado, ausentar-se ou sair mais cedo,
poderá, de acordo com as regras estabelecidas pela chefia, compensar até o
mês seguinte. Se não o fizer, perderá parte de sua remuneração. Antes da Lei
nº 9.527/97 que alterou o artigo referido, a perda só ocorria nos casos em que
a ausência fosse igual ou superior a sessenta minutos. Com a nova redação,
qualquer atraso ou saída antecipada, por menor que seja, deverá ser
compensada.
Outra possibilidade de redução é no caso de conversão da penalidade de
suspensão em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em
serviço, nos termos do art. 130, § 2º. Neste caso, perderá metade do valor
que teria direito a receber.
Além disso, as faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior
poderão ser compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim
consideradas como efetivo exercício (art. 44, parágrafo único). Como exemplo,
cite-se a ausência ao trabalho motivada por greve no transporte público
coletivo.

1.6 REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES AO ERÁRIO

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Inicialmente e em linhas gerais, registre-se que há reposição nos casos em que


o servidor recebe valores indevidamente. De outro lado, há dever de indenizar
sempre que o mesmo cause prejuízo à Administração.
As regras para reposições e indenizações ao erário estão no art. 46, que impõe
a atualização até 30 de junho de 1994 (época do Plano Real, quando
acabaram, em tese, as indexações de valores com a inflação). Ademais, serão
previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista,
para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a
pedido do interessado. O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão (art. 46,
§ 1º). Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do
processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única
parcela (art. 46, § 2º), como é o caso de erro em um pagamento, notado de
pronto, que deve ser integralmente descontado na folha do mês seguinte.
Se houver decisão judicial garantindo o pagamento, como é o caso de decisão
liminar, tutela antecipada ou sentença, que venha a ser revogada ou
rescindida, os valores recebidos serão atualizados até a data da reposição (art.
46, § 3º).
Destaque-se que, baseado na previsão do art. 2º-B da Lei nº 9.494/97, com
redação dada pela MP nº 2.102/2001, a sentença que tenha por objeto a
liberação de recurso, inclusão em folha de pagamento, reclassificação,
equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas
autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em
julgado. Assim, não pode o juiz conceder o pagamento antes do trânsito da
sentença, ficando sem utilidade o retro disposto.
Quando a reposição decorre de norma legal, é dispensável a manifestação de
vontade do servidor:
PROVENTOS - DESCONTO - LEIS NºS 8.112/90 E 8.443/92.
Decorrendo o desconto de norma legal, despicienda é a vontade do
servidor, não se aplicando, ante o disposto no artigo 45 da Lei nº
8.112/90 e no inciso I do artigo 28 da Lei nº 8.443/92, a faculdade
de que cuida o artigo 46 do primeiro diploma legal - desconto a
pedido do interessado.20
Havendo condenação do servidor a indenizar a Administração por prejuízo
advindo de culpa sua, poderá haver desconto mensal em folha de pagamento,
porém, precedido de expressa autorização do interessado21.
Se for extinto o vínculo entre o servidor em débito com o erário e a
Administração Pública, seja por demissão, exoneração ou cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, terá, o devedor, o prazo de sessenta dias
para quitar o débito (art. 47). A não quitação do débito no prazo previsto

20
STF, MS 24.544/DF, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 04/03/2005.
21
STF, MS 24.182/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 27/02/2004.

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implicará sua inscrição em dívida ativa (art. 47, parágrafo único), cuja
certidão, segundo o art. 585, VI, do CPC, constitui Título Executivo
Extrajudicial, que permite execução forçada em juízo, com citação para
imediato pagamento ou penhora de bens para fazer face ao débito.
O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto,
seqüestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos, resultante
de decisão judicial (art. 48).

1.7 COMPETÊNCIAS JUDICIAIS

Compete à justiça comum processar e julgar causas de interesse de servidor


público submetido ao regime jurídico e relativas a vantagens desse regime. No
entanto, se a relação jurídica litigiosa referir-se ao pagamento de diferenças
salariais relativos ao regime trabalhista (CLT), compete à justiça do trabalho
processar e julgar a causa22.
Com a promulgação da EC nº 45/2004, que alterou a redação do art. 114 da
CF/88, novamente se acendeu a discussão sobre as competências judiciais.
Assim, a Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE, propôs a ADI nº
3.395, alegando que poderia haver divergência na interpretação do comando
do inciso I do artigo 114, que assim dispõe, a partir da EC nº 45/2004:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Dessa forma, assim decidiu o STF, em decisão liminar, referendada pelo
pleno23:
A alegação é fortemente plausível. Há risco. Poderá, como afirma a
inicial, estabelecerem-se conflitos entre a Justiça Federal e a Justiça
Trabalhista, quanto à competência desta ou daquela. Em face dos
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e ausência de
prejuízo, concedo a liminar, com efeito 'ex tunc'. Dou interpretação
conforme ao inciso I do art. 114 da CF, na redação da EC nº
45/2004. Suspendo, ad referendum, toda e qualquer interpretação
dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC
45/2004, que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a “(...)
apreciação ... de causas que ... sejam instauradas entre o Poder
Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de

22
STJ, CC 3.652/SC e CC 3.302/SC, relator Ministro Jesus Costa Lima, publicação DJ
15/02/1993.
23
STF, ADI nº 3.395, relator Ministro Cezar Peluso, publicação DJ 09/04/2006.

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ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo”. Publique-


se. Brasília, 27 de janeiro de 2005.
Ainda segundo o STF, “a investidura do servidor em cargo em comissão define
esse caráter jurídico-administrativo da relação de trabalho”24.
No mesmo sentido, também se sujeitam a idêntico regime os servidores
admitidos em caráter temporário25.
Por justiça comum, entenda-se a não especializada. Assim, caberá à Justiça
Comum Federal as causas relativas aos servidores estatutários federais, e à
Justiça Comum Estadual as relativas aos das demais esferas.
Acrescente-se, por fim, que, nos termos da Lei nº 10.259/0126, art. 3º, § 1º,
IV, não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas que
tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores
públicos civis. Esse tipo de causa, então, deve ser julgada pela vara comum da
Justiça Federal, quando se tratar de servidor dessa esfera.

2 INDENIZAÇÕES

Em face de exigências do trabalho, por vezes os servidores se vêem obrigados


ao dispêndio de quantias para executá-lo, ou para atender ao interesse
público. A compensação ou restituição dos gastos é chamada de indenização,
ou seja, nada mais é que a devolução dos valores gastos pelo funcionário para
o exercício de suas atribuições. Os valores das três primeiras indenizações a

24
STF, Ag. Reg. na MC na Rcl 4.785/SE, relator Ministro Gilmar Mendes, publicação DJ
13/03/2008, noticiado nos Informativos 493 e 498: O disposto no art. 114, I, da Constituição da
República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja
vinculado por relação jurídico-estatutária, entendida esta como a relação de cunho jurídico-
administrativo originada de investidura em cargo efetivo ou em cargo em comissão. Tais
premissas são suficientes para que este Supremo Tribunal Federal, em sede de reclamação,
verifique se determinado ato judicial confirmador da competência da Justiça do Trabalho afronta
sua decisão cautelar proferida na ADI 3.395/DF. A investidura do servidor em cargo em
comissão define esse caráter jurídico-administrativo da relação de trabalho.
25
STF, Rcl 5.381/AM, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 08/08/2008, Informativos 499 e
514: No julgamento da ADI 3.395-MC, este Supremo Tribunal suspendeu toda e qualquer
interpretação do inciso I do artigo 114 da CF (na redação da EC 45/2004) que inserisse, na
competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e
seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo. Contratações temporárias que se deram com fundamento na Lei amazonense nº
2.607/00, que minudenciou o regime jurídico aplicável às partes figurantes do contrato.
Caracterização de vínculo jurídico-administrativo entre contratante e contratados. Veja também:
STF, RE 573.202/AM, relator Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento em 21/08/2008, Rcl
5.264/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, Informativo 523, e CC 7.201/AM, relator para o
acórdão Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento em 29/10/2008, Informativo 526.
26
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça
Federal.

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seguir, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em


regulamento (art. 5227).
Três são as hipóteses de indenização (art. 5128):
I – ajuda de custo;
II – diária;
III – transporte;
IV – auxílio-moradia.

2.1 AJUDA DE CUSTO

Se o servidor, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede,


com mudança de domicílio em caráter permanente, fará jus à ajuda de custo,
que se destina a compensar as despesas de sua instalação, inclusive com
transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e
bens pessoais (art. 53).
O valor é calculado sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em
regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3
(três) meses (art. 54). O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30
(trinta) dias (art. 57). Não havendo devolução, poderá ser descontado do
pagamento do servidor, de acordo com as regras do art. 46.
Havendo, então, remoção de ofício do servidor, terá ele todas as despesas por
conta da Administração, inclusive aquele que, não sendo servidor da União, for
nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio (art. 56).
Contudo, se o afastamento ou retorno ao cargo for em virtude de mandato
eletivo, não será concedida essa ajuda, pois não é no interesse do serviço e
sim no interesse do servidor que foi eleito ou que retorna ao seu cargo,
quando finalizado o mandato (art. 55).
Garante-se, ainda, à família do servidor que falecer na nova sede, ajuda de
custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de 1
(um) ano, contado do óbito (art. 53, § 2º).
Pode haver cessão de servidor para exercício de cargo em comissão ou função
de confiança em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
ou do Distrito Federal e dos Municípios (art. 93, I), caso em que a ajuda de
custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível (art. 56,
parágrafo único), ou seja, por aquele que receber o funcionário e quando
houver mudança de sede.

27
Com redação dada pela Lei nº 11.355, de 19 de outubro de 2006.
28
Lei nº 11.355/2006.

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Por derradeiro, é vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer


tempo, no caso em que o cônjuge ou companheiro que detenha também a
condição de servidor, venha a ter exercício na mesma sede (art. 53).

2.2 DIÁRIA

Em havendo necessidade de deslocamento do servidor da sede, em caráter


eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o
exterior, por razões do serviço, receberá indenização relativa a todos os custos
desse afastamento, ou seja, passagens e diárias destinadas a fazer face às
parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção
urbana, conforme se dispuser em regulamento (art. 58). Como regra, o
pagamento dar-se-á antes da viagem, só se admitindo pagamento posterior
em situações especialíssimas, justificadas por eventual urgência no
deslocamento.
Note-se que o deslocamento deve ser em caráter eventual ou transitório, pois
nos casos em que é exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a
diárias (art. 58, § 2º). Também não fará jus a diárias o servidor que se
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas,
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja
jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipótese em
que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do
território nacional (art. 58, § 3º). Este é o caso do oficial de justiça que faz
suas diligências ordinárias na região metropolitana de determinada cidade, ou
dos servidores lotados na fronteira, que desenvolvem suas atividades, muitas
vezes, dentro do território do país vizinho. Se não houver pernoite fora da
sede, não há que se falar em pagamento de diária.
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade
quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias
(art. 58, § 1º). Então, o valor é calculado dia a dia, mas, quando a viagem se
completa no mesmo dia, retornando o servidor à sua sede para o repouso,
apenas será devida metade da diária. Da mesma forma, será paga pela
metade se a Administração custear as despesas extraordinárias, como, por
exemplo, fornecer transporte ou alimentação.
Cabe ao regulamento estabelecer os valores devidos, de acordo com os gastos
comuns na cidade de destino. Assim, podem ser fixados valores diferentes
conforme o custo de cada cidade.
Se o servidor receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo,
ficará obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Havendo o deslocamento, porém retornando à sede em prazo menor do que o
previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no

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mesmo prazo (art. 59). Se não proceder à devolução, seguindo as regras do


art. 46, poderá haver desconto na remuneração do servidor.

2.3 INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE

A indenização de transporte é devida ao servidor que realizar despesas com a


utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em
regulamento (art. 60).
Os exemplos mais conhecidos são dos servidores externos da repartição, como
os já mencionados oficiais de justiça, fiscais, investigadores, quando usarem
veículos próprios no exercício de suas funções.
Não se deve confundir o § 2º do art. 58 com esta indenização. No primeiro
caso, não fará jus a diárias, nos casos em que o deslocamento da sede
constituir exigência permanente do cargo que, como visto, incluem pousada,
alimentação, deslocamentos. Se o trabalho exige permanentemente essas
viagens, curtas, e as fizer com meio de locomoção próprio, então receberá
indenização de transporte, e não diária. Assim, tal indenização se limita a
cobrir gastos com o deslocamento, mas não com pousada ou alimentação.

2.4 AUXÍLIO-MORADIA

Essa é uma nova indenização que passou a ser prevista para o servidor em
2006, através da promulgação da Lei nº 11.355, de 19 de outubro de 2006,
objeto da conversão da MP nº 301, de 29 de junho de 2006.
O art. 157 dessa Lei acrescentou ao Titulo III, Capítulo II, Seção I, da Lei no
8.112/90 a Subseção IV: “Do Auxílio-Moradia”.
O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente
realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação
da despesa pelo servidor (art. 60-A).
Os requisitos para concessão do auxílio-moradia ao servidor são os seguintes
(art. 60-B):
I – não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
II – o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;
III – o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido
proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de
lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que
antecederem a sua nomeação;

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IV – nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-


moradia;
V – o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo
em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de
Estado ou equivalentes;
VI – o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de
confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3º29, em relação ao
local de residência ou domicílio do servidor;
VII – o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no
Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em
comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a
sessenta dias dentro desse período. Para tal fim não será considerado o
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
relacionado no item V (art. 60-B, parágrafo único); e
VIII – o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou
nomeação para cargo efetivo;
IX – que o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 200630.
A cada período de doze anos, o auxílio-moradia não será concedido por prazo
superior a oito anos (art. 60-C31). No caso, não serão considerados os prazos de
recebimento do auxílio-moradia anteriores à vigência da Lei nº 11.355/2006,
nos termos previstos em seu art. 158, § 1º. Transcorrido o prazo de oito anos
dentro de cada período de doze anos, o pagamento somente será retomado se
observados, além do decurso dos doze anos citados, os demais requisitos
mencionados (art. 60-C, parágrafo único32).
Com relação ao valor do auxílio, limita-se ele a vinte e cinco por cento do valor
do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
ocupado (art. 60-D33).
A Lei nº 11.784/2008, objeto da conversão da MP nº 431/2008, ainda
acrescentou duas regras, a saber:

29
Região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios
limítrofes.
30
Esse requisito, previsto no art. 60-B, IX, foi incluído pela MP nº 341/2006, convertida na Lei
nº 11.490, de 20 de junho de 2007.
31
Artigo com redação dada pela MP nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº
11.784/2008. Compare a redação anterior: “O auxílio-moradia não será concedido por prazo
superior a cinco anos dentro de cada período de oito anos, ainda que o servidor mude de cargo ou de
Município de exercício do cargo”.
32
Parágrafo com redação dada pela MP nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº
11.784/2008. Compare a redação anterior: “Transcorrido o prazo de cinco anos de concessão, o
pagamento somente será retomado se observados, além do disposto no caput, os requisitos do
caput do art. 60-B, não se aplicando, no caso, o parágrafo único do citado art. 60-B”.
33
Artigo com redação dada pela MP nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº
11.784/2008. Compare a redação anterior: “O valor do auxílio-moradia é limitado a vinte e cinco
por cento do valor do cargo em comissão ocupado pelo servidor e, em qualquer hipótese, não
poderá ser superior ao auxílio-moradia recebido por Ministro de Estado”.

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Art. 60-D...
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e
cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou função
comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os
requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e
oitocentos reais).34
No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à
disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará
sendo pago por um mês (art. 60-E).
Por fim, previu o art. 158, § 2º, da Lei nº 11.355/2006 que “ficam
convalidados os pagamentos realizados a título de auxílio-moradia com base
no art. 1o do Decreto no 1.840, de 20 de março de 1996”.

3 GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS

A depender da atividade desenvolvida pelo funcionário, suas condições,


horários, locais ou responsabilidades, serão deferidas retribuições,
gratificações e adicionais. Também se enquadram aqui a gratificação natalina e
o adicional de férias.
Ressalte-se que, segundo o STF, a gratificação concedida de forma geral, a
todos os servidores em exercício em determinado órgão, autarquia ou
fundação, independente da natureza da função exercida ou do local onde o
serviço é prestado, devia ser também estendida aos servidores inativos, pois
não configura verba exclusiva dos servidores em atividade. Assim, eram
extensivos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade35. Contudo, com a EC nº 41/2003,
essa obrigatoriedade deixou de existir.
Isto posto, vejam-se as retribuições, gratificações e adicionais previstos no
Estatuto (art. 61):
I – retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
assessoramento;
II – gratificação natalina;
III – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou
penosas;
IV – adicional pela prestação de serviço extraordinário;

34
O art. 158 da Lei nº 11.355/2006 assim previa: “Até 30 de junho de 2008, o valor do auxílio-
moradia continuará sendo de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais)”.
35
STF, AI 437.175/PE, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 05/09/2003. Outros
julgados no mesmo sentido: RE 244.697/SP, publicação DJ 31/08/2001; RE 259.258/SP,
publicação DJ 27/10/2000; RE 244.081/SP, publicação DJ 10/11/2000.

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V – adicional noturno;
VI – adicional de férias;
VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho;
VIII – gratificação por encargo de curso ou concurso36.
Esse artigo previa ainda a vantagem relativa ao adicional por tempo de
serviço, revogada pela Medida Provisória nº 2.225-45 de 2001, ainda em vigor,
mas não convertida em lei.

3.1 FUNÇÃO GRATIFICADA

Como já mencionado em aula anterior, a função se refere a uma atribuição


específica dada pelo Poder Público a um agente, com acréscimo de algumas
atribuições. Tem ele suas atividades normais dentro do cargo que ocupa e
adquire mais algumas, como por exemplo, para ser chefe de uma seção,
possibilidade prevista no art. 37, V, da CF/88. Em contrapartida, há acréscimo
na remuneração. Também há retribuição pelo exercício de cargo em comissão
ou de Natureza Especial.
Assim, ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção,
chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
Especial é devida retribuição pelo seu exercício (art. 62). Lei específica
estabelecerá a remuneração dos cargos em comissão.
Importante destacar as diferenças conceituais entre as retribuições por função
e por cargo em comissão. Na primeira situação, exige-se que seu titular seja
servidor público efetivo, recebendo, em conseqüência, acréscimo à sua
remuneração ordinária. No segundo caso, a retribuição não é parte da
remuneração, pois não se exige que seja servidor. Assim, o titular de um cargo
em comissão recebe o valor correspondente ao cargo, e é essa a retribuição
prevista. Todo o valor recebido por este refere-se ao cargo em comissão. No
caso da função de confiança, parte do valor recebido por seu titular é devido
em face dela e parte em face de seu cargo efetivo.

3.2 GRATIFICAÇÃO NATALINA

A gratificação natalina, no serviço público, equivale ao décimo terceiro salário


da iniciativa privada, ressaltando que o servidor recebe apenas aquela, não
tendo direito a ambas (artigos 7º, VII, e 39, § 3º, CF/88).
Corresponde a 1/12 (um doze avo) da remuneração a que o servidor fizer jus
no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano, considerando-se
como mês integral a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias (art. 63).

36
Inserido pela MP nº 283, de 23/02/2006, convertida na Lei nº 11.314, de 03/07/2006.

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Aquele que iniciou suas atividades no dia 10 de agosto de determinado ano


fará jus a 5/12 (cinco doze avos) da remuneração a título de gratificação
natalina. Se houvesse iniciado no dia 20 do mesmo mês, receberia apenas
4/12 (quatro doze avos), pois o mês de início só é contado se o servidor
trabalhou no mínimo 15 (quinze) dias, inclusive. Essa será a mesma fórmula
de cálculo para o servidor exonerado, que perceberá sua gratificação natalina,
proporcional aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
da exoneração (art. 65). De igual forma, se a exoneração dá-se no dia 15 ou
posterior de certo mês, este será incluído na conta.
A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano
(art. 64).
Por não ser essa gratificação permanente, ela não será considerada para
cálculo de qualquer vantagem pecuniária, seja ela indenização, outra
gratificação ou adicional (art. 66).

3.3 TEMPO DE SERVIÇO

O art 67 trazia a seguinte previsão:


O adicional por tempo de serviço é devido à razão de 1% (um por
cento) por ano de serviço público efetivo, incidente sobre o
vencimento de que trata o art. 40.
Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em
que completar o anuênio.
Ocorre que esse artigo foi revogado através de diversas Medidas Provisórias
reeditadas ao longo do tempo, até a última edição, que levou o número nº
2.225-45, em 04/09/2001, ainda em vigor.
De qualquer forma, os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos
servidores abrangidos pelo Estatuto, ficaram transformados em anuênios (art.
244).

3.4 INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE E ATIVIDADE PENOSA

A Constituição Federal de 1988 previu, em seu art. 7º, XXIII, que os


trabalhadores receberiam adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei37.
Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-lei nº 5.452, de
01/05/1943, com redação dada pela Lei nº 6.514/1977):
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,

37
Lei nº 8.270/91, art. 12.

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exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos


limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade
do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na
forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho,
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o
contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de
risco acentuado.
Pode-se conceituar, resumidamente, como sendo insalubre o trabalho que
provoca riscos à saúde, perigoso aquele que causa risco à vida e penoso o
relativo ao local de trabalho, com condições impróprias para o desempenho
das funções, como em fronteira longínqua.
Então, seguindo o Estatuto, os servidores que trabalhem com habitualidade em
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas,
radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento
do cargo efetivo (art. 68). No entanto, se, a um só tempo, o servidor fizer jus
aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles
(art. 68, § 1º). Em qualquer caso, o direito ao adicional de insalubridade ou
periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram
causa à sua concessão (art. 68, § 2º).
No que diz respeito ao adicional de atividade penosa, este será devido aos
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas
condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em
regulamento (art. 71). Em todos os casos, deve haver permanente controle da
atividade de servidores em operações ou locais considerados penosos,
insalubres ou perigosos (art. 69).
Caberá à legislação específica estabelecer as situações a serem observadas na
concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de
periculosidade (art. 70), que valerão a partir desse regramento:
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR DE UNIVERSIDADE. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. LEI 8.112/90. REGULAMENTO. LEI 8270/91.
NECESSIDADE. O dies a quo da eficácia do adicional de
insalubridade é o da vigência da Lei nº 8.270/91, que efetivamente
dispôs sobre os percentuais a serem fixados, em regulamentação ao
art. 68 da Lei nº 8.112/90.38
Sobre a aposentadoria dos servidores em questão, diz o art. 186, § 2º do
Estatuto que, nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou
perigosas, a aposentadoria observará o disposto em lei específica.
São previstas também situações especiais de proteção à gestante ou lactante e
aos que operam com Raios X ou substâncias radioativas. Às primeiras será
garantido o afastamento, enquanto durar a gestação e a lactação, das
operações e locais inadequados, exercendo suas atividades em local salubre e

38
STJ, RESP 464.312/RS, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 09/12/2003.

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em serviço não penoso e não perigoso (art. 69, parágrafo único). Quanto aos
outros e seus locais de trabalho, ambos serão mantidos sob controle
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o
nível máximo previsto na legislação própria. Ademais, serão submetidos a
exames médicos a cada 6 (seis) meses (art. 72) e gozarão 20 (vinte) dias
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida, em
qualquer hipótese, a acumulação (art. 79).

3.5 SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO, HORÁRIO NOTURNO E FÉRIAS

Outros três adicionais são devidos ao servidor, também deferidos pelo texto
constitucional, em seu art. 7º, IX, XVI e XVII, estendidos aos servidores
públicos pelo art. 39, § 3º, CF/88.
Serviço extraordinário é popularmente conhecido por hora extra, e considera-
se como tal aquele realizado após o horário normal de trabalho ou antes de ele
começar. Será permitido apenas para atender a situações excepcionais e
temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada (art.
74) e será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em
relação à hora normal de trabalho (art. 73).
Isto posto, fica evidente que, em não havendo prévia autorização da
autoridade competente, o serviço extraordinário não será remunerado.
Considera-se noturno o serviço prestado em horário compreendido entre 22
(vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, computando-
se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos (art. 75).
Assim, durante esse período, a carga de trabalho efetiva é de 7 (sete) horas,
mas considerada como se fosse de 8 (oito) horas.
O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Se, além de
horário noturno, for também hora extra, o percentual incidirá também sobre o
adicional acima citado.
Se o valor da hora normal for de $ 200,00, teremos acrescidos os seguintes
valores de adicionais:
I – por serviço extraordinário (50%): $ 100,00;
II – por serviço noturno (25%): $ 50,00;
III – por serviço extraordinário e noturno (50% e 25%): $ 175,00.
Por ocasião das férias, o servidor receberá um adicional correspondente a 1/3
(um terço) da remuneração do período das férias, independente de solicitação,
calculado inclusive sobre a vantagem devida pelo exercício de função de
direção, chefia ou assessoramento, e também ao ocupante cargo em comissão
(art. 76).
O acréscimo desse adicional justifica-se pela necessidade de o servidor gozar
plenamente suas férias, precisando de mais dinheiro no período.

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3.6 GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO OU CONCURSO

Essa novidade, que veio batizada como gratificação, surgiu com a MP nº 283,
de 23/02/2006, posteriormente convertida na Lei nº 11.314, de 03/07/2006.
Tal Lei incluiu o inciso IX ao art. 61, como já citado em item precedente,
prevendo essa nova gratificação por encargo de curso ou concurso.
O regramento acerca dessa gratificação veio com a inclusão da Subseção VIII
no Capítulo II do Título III do Estatuto, com a seguinte redação:
Subseção VIII
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida
ao servidor que, em caráter eventual:
I – atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento
ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da
administração pública federal;
II – participar de banca examinadora ou de comissão para exames
orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas,
para elaboração de questões de provas ou para julgamento de
recursos intentados por candidatos;
III – participar da logística de preparação e de realização de
concurso público envolvendo atividades de planejamento,
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando
tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições
permanentes;
IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.
§ 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que
trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
seguintes parâmetros:
I – o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a
natureza e a complexidade da atividade exercida;
II – a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de
excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar
o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;

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III – o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos


seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico
da administração pública federal39:
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de
atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de
atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente será
paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo
forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o
servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na
forma do § 4º do art. 98 desta Lei.
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito
e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da
aposentadoria e das pensões.
Como se pôde notar, essa nova gratificação foi criada para remunerar os
servidores que desempenham atividades paralelas aos seus cargos, como
instrutores, examinadores, preparadores de concursos públicos, além daqueles
que participam da aplicação, fiscalização ou avaliação das provas de exame
vestibular ou de concurso público, é dizer, quando tais atividades não
estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes. Em face de suas
características peculiares, inclusive porque nem sempre tais serviços são
prestados por servidores estatutários, parece que a melhor opção teria sido a
remuneração autônoma desses serviços, mas o legislador optou pela
gratificação.
De qualquer forma, a Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente
será paga se tais atividades forem exercidas sem prejuízo das atribuições do
cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de
carga horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho. Nos
casos de atuação como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento
ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública
federal, ou participação de banca examinadora ou de comissão para exames
orais, caberá a concessão de horário especial, vinculado à compensação de
horário a ser efetivada no prazo de até um ano (arts. 76-A, § 2º e 98, § 4º40).
Então, se o servidor executar essas atividades durante o horário do
expediente, para fazer jus à gratificação, deverá compensar o horário de
ausência no serviço.

39
Com redação dada pela MP nº 359/2007, convertida na Lei nº 11.501, de 11/07/2007.
40
Com redação dada pela MP nº 359/2007, convertida na Lei nº 11.501, de 11/07/2007.

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Ademais, tal gratificação não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor


para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para
quaisquer outras vantagens (CF/88, art. 37, XIV), inclusive para fins de cálculo
dos proventos da aposentadoria e das pensões (arts. 76-A, § 3º).

4 FÉRIAS

Com o efetivo exercício da função pública, terá o servidor direito a gozar 30


(trinta) dias de férias anuais, exigindo-se, para o primeiro período aquisitivo,
12 (doze) meses de exercício (art. 77, § 1º). No caso de necessidade do
serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica, como o
operador de aparelho de Raios X, poderão ser acumulados até dois períodos de
férias (art. 77, caput).
Segundo a redação original do artigo 78, § 1º, era possível a conversão de 1/3
das férias em abono pecuniário, a chamada venda de 1/3 das férias. Essa
previsão foi revogada pela Lei nº 9.527/97, passando, em substituição, a ser
permitido o parcelamento das férias, em até três etapas, desde que assim
requeridas pelo servidor, e no interesse da Administração Pública (art. 77, §
3º). Nesse caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional previsto
no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal (adicional de férias), quando
da utilização do primeiro período (art. 78, § 5º).
É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço, ou seja, não é
possível faltar dois dias e depois tirar somente 28 dias de férias, para
compensar as faltas (art. 77, § 2º).
Quanto ao pagamento da remuneração das férias, deverá ser efetuado até 2
(dois) dias antes do início do respectivo período (art. 78).
O servidor, caso seja exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá
indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto,
na proporção de um doze avo por mês de efetivo exercício, ou fração superior
a quatorze dias (art. 78, § 3º). Assim, a cada mês trabalhado o servidor
acumula a duodécima parte de suas férias, considerando dessa forma a fração
de quinze dias ou mais como um mês completo. A indenização será calculada
com base na remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório
(art. 78, § 4º).
Por outro lado, ocorrendo vacância por posse em outro cargo inacumulável,
sem solução de continuidade no tempo de serviço, o direito à fruição das férias
não gozadas e nem indenizadas transfere-se para o novo cargo, ainda que este
último tenha remuneração maior41. Se é o caso de aposentadoria, terá direito à

41
STJ, REsp 494.702/RN, relator Ministro Jorge Scartezzini, publicação DJ 16/06/2003 e REsp
166.354/PB, relator Ministro Fernando Gonçalves, publicação DJ 21/02/2000.

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indenização pelas férias e licença-prêmio não gozadas, com fundamento na


vedação do enriquecimento sem causa da Administração42.
Como já mencionado, regra própria está prevista para proteção à saúde do
servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias
radioativas. Presente essa situação, deverá tal servidor gozar 20 (vinte) dias
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, sendo proibida,
em qualquer hipótese, a acumulação (art. 79).
O Estatuto prevê como possibilidades de interrupção das férias,
exclusivamente, as seguintes (art. 80):
I – calamidade pública;
II – comoção interna;
III – convocação para júri;
IV – serviço militar ou eleitoral;
V – por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do
órgão ou entidade.
Em havendo interrupção, o restante do período será gozado de uma só vez,
em data a ser oportunamente agendada (art. 80, parágrafo único).

5 LICENÇAS

As licenças que poderão ser concedidas ao servidor são (art. 81):


I – por motivo de doença em pessoa da família;
II – por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
III – para o serviço militar;
IV – para atividade política;
V – para capacitação;
VI – para tratar de interesses particulares;
VII – para desempenho de mandato classista.
Como regra para todas as licenças, aquela que for concedida dentro de 60
(sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será considerada como
prorrogação (art. 82).
Ressalte-se que essas licenças serão deferidas apenas aos titulares de cargos
efetivos, não abrangendo os cargos em comissão.
Além dessas aqui relacionadas, ainda estão previstas as licenças para
tratamento da própria saúde, à gestante, à adotante, paternidade e por
acidente em serviço.

42
STF, AI-AgR 594.001/RJ, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 06/11/2006.

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A seguir, serão analisadas, resumidamente, cada uma das licenças previstas


no Estatuto.
Nas hipóteses em que um ente da família seja acometido de enfermidade que
exija assistência direta do servidor e não puder esta ser prestada
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de
horário, poderá ser concedida a licença denominada de “licença por motivo
de doença em pessoa da família” (art. 83, § 1º), precedida de exame por
médico ou junta médica oficial (art. 81, § 1º).
Considera-se pessoa da família (art. 83):
I – o cônjuge ou companheiro;
II – os pais;
III – os filhos;
IV – o padrasto ou madrasta;
V – o enteado;
VI – o dependente que viva às expensas do servidor e conste do seu
assentamento funcional.
O servidor que estiver responsável pelos cuidados do ente adoecido receberá
sua remuneração do cargo efetivo apenas durante os primeiros trinta dias,
podendo ser prorrogada por até trinta dias, mediante parecer de junta médica
oficial. A partir daí, poderá ficar em licença por, no máximo, mais noventa
dias, porém, sem remuneração (art. 83, § 2º).
Se o cônjuge ou companheiro de servidor for deslocado para outro ponto do
território nacional, para o exterior ou para exercício de mandato eletivo dos
Poderes Executivo e Legislativo, poderá ser concedida licença, por prazo
indeterminado e sem remuneração, ao servidor para acompanhá-lo (art. 84).
Ressalte-se que, como se vê, a Lei prescreve que “poderá” ser concedida essa
licença; a Administração Pública não tem obrigação legal de conceder a
licença, ficando a seu critério o momento e os termos do deferimento.
Se o outro cônjuge ou companheiro também for servidor público, civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da
Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
exercício de atividade compatível com o seu cargo (art. 84, § 2º).
É o caso, exemplificando, do casal de servidores em que ele é policial federal e
ela fiscal do INSS. Se o primeiro for removido de ofício para Tabatinga, na
fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, sua esposa terá direito de acompanhá-
lo, podendo ser colocada em exercício provisório em outro órgão que seja
representado naquela cidade, no caso de não haver agência do INSS. Assim,
poderá, durante o tempo em que lá permanecer, exercer a função de fiscal da
Receita Federal, que lá tem representação. Não é aqui caso de provimento
derivado, posto que o exercício é apenas provisório, retornando às suas

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funções tão logo seja possível. Se não houver outro cargo compatível para ser
exercido, a licença será concedida sem remuneração.
Com a convocação do servidor para o serviço militar, terá ele direito à
licença, na forma e condições previstas na legislação específica (art. 85). Essa
licença refere-se, principalmente, à convocação extraordinária ou aos casos de
guerra externa. No que concerne ao serviço militar obrigatório, prestado por
todo jovem, cabe um breve comentário: ainda que a quitação com as
obrigações militares seja requisito básico para investidura em cargo público
(art. 5º, III), pode haver nomeação antes da convocação, caso em que
também faria jus à licença.
Uma vez concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias, sem
remuneração, para reassumir o exercício do cargo (art. 85, parágrafo único). A
licença para atividade política será concedida ao servidor candidato a
cargo eletivo, que tanto pode ser para Vereador, quanto para Deputado
Estadual ou Federal, Senador, Prefeito, Governador ou Presidente da
República.
A licença será concedida, sem remuneração, durante o período que mediar
entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo,
e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral (art. 86).
No entanto, a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao
da eleição, a licença será concedida, assegurando-se os vencimentos do
cargo efetivo (art. 86, § 2º). Porém, o pagamento está garantido durante o
período máximo de três meses, a partir do que, se tiver direito ainda à licença,
não mais haverá qualquer retribuição pecuniária.
Em sendo o servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha
suas funções e exercendo cargo de direção, chefia, assessoramento,
arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do
registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
seguinte ao do pleito (art. 86, § 1º).
A licença para capacitação poderá ser concedida ao servidor, no interesse da
Administração, para participar de curso de capacitação profissional (art. 87).
Somente será possível após cada qüinqüênio de efetivo exercício, e por até
três meses, com a respectiva remuneração. Esses períodos de licença não
são acumuláveis (art. 87, parágrafo único).

Essa licença, que foi inicialmente regulamentada pelo Decreto no 2.794/98, e


posteriormente pelo Decreto nº 5.707/2006, veio substituir a chamada
“licença-prêmio”, que previa a concessão de 3 (três) meses, a título de prêmio
por assiduidade, com a remuneração do cargo efetivo, mas sem qualquer
vinculação com cursos de capacitação. Foi revogada pela Lei nº 9.527/97.
A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de
cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para
o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos,
sem remuneração (art. 91). Em face das características peculiares dessa

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licença, ela poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor


ou no interesse do serviço (art. 91, parágrafo único).
Sendo no interesse da Administração Pública, não se pode conceder uma
licença desse tipo a um servidor que fará falta nos quadros da repartição. De
outro lado, se concedida e constatado o prejuízo para o serviço que o
licenciado está causando, deverá a Administração interromper e convocar o
servidor para que retorne ao efetivo exercício de seu cargo, o que deverá fazer
de pronto, sob pena de abandono de cargo (art. 138).
Alterou-se a redação do citado artigo através da Medida Provisória nº 2.225-
45, de 04/09/2001, que continua em vigor (art. 2º da EC nº 32/2001). A
redação original previa o prazo dessa licença de até dois anos, não podendo
ser concedida outra antes de decorridos dois anos do término da anterior.
Seguindo a regra atual, não poderá ser concedida nova licença dentro de 60
(sessenta) dias do término de outra, pois, nesse caso, seria considerada como
prorrogação, devendo levar em conta que tem prazo máximo de três anos (art.
82).
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, VI, garante ao servidor público
civil o direito à livre associação sindical. A licença para mandato classista
decorre de tal direito, assegurando ao servidor o direito a ela, sem
remuneração, para o desempenho de mandato em confederação, federação,
associação de classe de âmbito nacional43, sindicato representativo da
categoria ou entidade fiscalizadora da profissão (art. 92), conforme disposto
em regulamento (Decreto nº 2.066/96). A licença terá duração igual à do
mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, mas por uma única
vez (art. 92, § 2º).
Existe a limitação legal para concessão dessa licença para apenas dois
mandatos, mas não se impede que o servidor exerça atividade sindical por
quantas vezes for reeleito, apenas não fazendo jus à licença após a segunda
reeleição.
Para concessão da licença, devem ser atendidos os seguintes limites:
I – para entidades com até 5.000 associados, um servidor;
II – para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores;
III – para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores.
Porém, não é para qualquer entidade ou qualquer cargo que poderá ser
concedida. Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de
direção ou representação nas referidas entidades, desde que cadastradas no
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado - MARE (art. 92, §
1º).
O tempo de licença será considerado como de efetivo exercício, exceto para
efeito de promoção por merecimento (art. 102, VIII, ‘c’).

43
Sobre entidade de classe, veja o julgado do STF, MS 21.806/DF, relator Ministro Celso de
Mello, publicação DJ 16/02/1996.

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Na seção que trata do afastamento para exercício de mandato eletivo, garante-


se também ao titular de mandato classista, que não haja remoção ou
redistribuição de ofício para localidade diversa daquela onde exerce seu
mandato (art. 94, § 2º).

6 AFASTAMENTOS

O Estatuto prevê três possibilidades de afastamento, a saber:


I – para servir a outro órgão ou entidade;
II – para exercício de mandato eletivo;
III – para estudo ou missão no exterior.
A seguir, os principais detalhes de cada um desses casos.
Em determinadas hipóteses, o servidor poderá ser, em termos leigos,
emprestado ou cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios. As duas situações são as seguintes (art. 93):
I – para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
II – em casos previstos em leis específicas.
A cessão44 far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União (art.
93, § 3º).
A dúvida que normalmente faz-se presente é quanto à responsabilidade pelo
pagamento do servidor. Assim, no caso de exercício de cargo em comissão ou
função de confiança, sendo a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão
ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos,
como cessão para outro órgão ou Poder da União (art. 93, § 1o). Cessionária é
a entidade que recebe o servidor, quem o requisita. Por outro lado, cedente é
quem “empresta” o servidor. Na hipótese de o servidor cedido à empresa
pública ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade
cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou
entidade de origem (art. 93, § 2o45), ou seja, a cedente faz o pagamento e
será reembolsada pela empresa pública ou sociedade de economia mista onde
o servidor estiver trabalhando.
Essas regras valem também para a União, em se tratando de empregado ou
servidor por ela requisitado (art. 93, § 5º). Porém, as cessões de empregados

44
Regulamentada, entre outros, pelos Decretos nº 4.050/01, nº 4.273/02, nº 4.493/02 e nº
4.587/03.
45
Lei nº 11.355/2006.

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de empresa pública ou de sociedade de economia mista, que receba recursos


de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento
de pessoal, independem dessas disposições, ficando o exercício do empregado
cedido condicionado à autorização específica do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG), exceto nos casos de ocupação de cargo em
comissão ou função gratificada (art. 93, § 6º).
Como visto, os servidores cedidos pela União ou para ela, devem ser
remunerados segundos as regras expostas. A exceção existe no caso específico
de empregados de empresa pública ou de sociedade de economia mista que
são requisitados pela União, caso em que há necessidade de autorização
específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Quando o servidor retorna ao cargo efetivo de origem, não faz jus à percepção
do quantum remuneratório percebido no órgão ou entidade cessionária, posto
que não há falar-se em direito líquido e certo de continuar a perceber tal
valor46.
Outra regra de exceção foi prevista no art. 93, § 7º, in verbis:
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finalidade
de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e
entidades da Administração Pública Federal, poderá determinar a
lotação ou o exercício de empregado ou servidor,
independentemente da observância do constante no inciso I e nos §§
1º e 2º deste artigo.
Se houver necessidade de reorganização dos quantitativos de trabalhadores à
disposição de cada órgão ou entidade da Administração Pública Federal, poderá
o MPOG alterar o local de trabalho, tanto de servidores quanto de empregados
públicos.
Ressalte-se que as regras dos parágrafos 5º a 7º do art. 93 foram assim
previstas a partir da recente Lei nº 10.470/02.
Finalmente, mediante autorização expressa do Presidente da República, o
servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da
Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para
fim determinado e a prazo certo (art. 93, § 4º). A situação é bem delineada,
só cabendo no caso de órgão que não tenha quadro próprio de pessoal, sendo
a finalidade e o prazo determinados previamente.
No caso de servidor ser investido em mandato eletivo, ser-lhe-ão aplicadas
as regras do art. 38 da Carta Magna, repetidas no art. 94 do Estatuto:
I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado
do cargo;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;

46
STJ, ROMS 8.561/GO, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 17/05/1999 e
ROMS 9.572/GO, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 31/08/1998.

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III – investido no mandato de vereador:


a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu
cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
Visto isso, percebe-se que, de regra, o servidor ficará afastado do cargo.
Exceção existe apenas no caso de Vereador que, se houver compatibilidade de
horário entre o cargo público efetivo e o exercício da vereança, poderá
acumular ambos, recebendo também pelos dois.
Somente em dois casos poderá haver opção pela remuneração:
I – servidor eleito para Prefeito;
II – servidor eleito para Vereador, não havendo compatibilidade de
horários.
Naturalmente, esses casos se referem ao servidor na ativa. Se o mesmo for
aposentado, poderá acumular o subsídio do cargo eletivo com os proventos de
inatividade, qualquer que seja o mandato (art. 40, § 11, CF/88).
Ainda que afastado do cargo, o servidor contribuirá para a seguridade social
como se em exercício estivesse (art. 94, § 1º), posto que tal período é
considerado como de efetivo exercício (art. 102, V), contando também para a
aposentadoria.
Como garantia ao eleito, veda-se a remoção ou redistribuição de ofício para
localidade diversa daquela onde exerce o mandato eletivo, da mesma forma
que concedida ao titular de mandato classista (art. 94, § 2º).
O afastamento de servidor para estudo ou missão no exterior, com a
conseqüente saída do País, somente poderá ocorrer com a prévia autorização
do Presidente da República, do Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo ou
do Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 95).
São os seguintes os preceitos a serem observados:
I – ausência máxima de 4 (quatro) anos (art. 95, § 1º);
II – finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
permitida nova ausência (art. 95, § 1º);
III – não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse
particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada
a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento
(art. 95, § 2º);
IV – hipóteses, condições e formas para a autorização de afastamento,
inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
em regulamento (art. 95, § 4º);
V – o afastamento de servidor para servir em organismo internacional de
que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da
remuneração (art. 96).

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Em função das características próprias, os servidores da carreira diplomática


não estão submetidos a tais restrições (art. 95, § 3º).

PARA GUARDAR

9 Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público,


com valor fixado em lei.
9 O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter
permanente, é irredutível.
9 Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
9 Subsídio é modalidade de remuneração conferida a certos cargos e
fixada em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória.
9 O parágrafo único do art. 40, da Lei nº 8.112/90, que estabelecia que
“nenhum servidor receberá, a título de vencimento, importância inferior ao
salário-mínimo”, foi revogado pela MP nº 431/2008, convertida na Lei nº
11.784/2008, que passou a prever, no art. 41, § 5o, do Estatuto, que “nenhum
servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo”.
9 É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições
iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três
Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho.
9 Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.
9 Teto remuneratório:
I – Municípios: o subsídio do Prefeito;
II – Estados e Distrito Federal:
a) no âmbito do Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;
b) no âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Estaduais e
Distritais;
c) no âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores do Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
(90,25%) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos. Nos termos da decisão liminar
proferida na ADI 3.854 MC/DF, DJ 08/03/2007, suspendeu-se o subteto de
remuneração a que estão submetidos os membros da magistratura estadual,
pois entendeu-se que as normas em questão, aparentemente, violam o

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princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput e I) por estabelecerem, sem nenhuma
razão lógico-jurídica que o justifique, tratamento discriminatório entre
magistrados federais e estaduais que desempenham iguais funções e se
submetem a um só estatuto de âmbito nacional (Informativo 457).
III – União: o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal. Este limite, além de vincular a União, é também geral, valendo para
todos os entes, que também têm limites individuais.
9 Considerações importantes sobre o teto das remunerações e subsídios:
I – engloba tanto os que recebem remuneração quanto os que recebem
subsídio; tanto os estatutários quanto os celetistas;
II – inclui servidores da Administração Direta, autárquica, fundacional (art. 37,
XI, CF/88), bem como as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, CF/88). Note-se que no que
se refere às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, a regra é própria. Assim, só se sujeitam ao limite imposto se
receberem recursos estatais para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral;
III – o limite relativo ao subsídio do Ministro do STF vale para todos os
servidores dos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
bem como seus agentes políticos, sendo previstos limites diferenciados para
cada ente;
IV – as aposentadorias e pensões também estão limitadas a esses tetos;
V – em caso de acumulação permitida, a soma das remunerações não poderá
ultrapassar os limites de cada ente. Note-se que, em sessão administrativa, o
STF fixou, por unanimidade, o entendimento de que, no caso específico da
acumulação dos cargos de Ministro do Supremo Tribunal Federal e Ministro do
Tribunal Superior Eleitoral, determinada pelo artigo 119, inciso I, letra ‘a’ da
Constituição, não se aplica a cumulação das remunerações para fins de
incidência do limite estabelecido pelo inciso XI do artigo 37, CF/88. Assim,
receberão ambos os subsídios cumulativamente;
VI – as parcelas de caráter indenizatório, previstas em lei, não serão
computadas para cálculo do teto remuneratório (EC nº 47/2005).
9 A aplicação do teto para os servidores do Poder Judiciário e para os
magistrados foi regulada pelo Conselho Nacional de Justiça através das
Resoluções nº 13 e 14, ambas de 21/03/2006, onde estão previstas a verbas
que estão sujeitas ao teto, bem assim aquelas excluídas. No âmbito do
Ministério Público, foi a Resolução do CNMP nº 09, de 05/06/2006, que fixou as
regras concernentes ao teto remuneratório de seus membros, posteriormente
alterada pela Resolução CNMP nº 15, de 04 de dezembro de 2006, e suspensa
pelo STF (ADI nº 3.831/DF-MC, DJ 03/08/2007), por afronta ao art. 37, XI, §
12, CF/88.

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9 Há garantia constitucional de revisão geral anual e na mesma data para


todos, sem distinção de índices, não alcançando, no entanto, as empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
9 O servidor perderá a remuneração: I – do dia em que faltar ao
serviço, sem motivo justificado; II – a parcela diária, proporcional aos atrasos,
ausências justificadas e as saídas antecipadas, salvo na hipótese de
compensação de horário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser
estabelecida pela chefia imediata.
9 Compete à justiça comum processar e julgar causas de interesse de
servidor público submetido ao regime jurídico único e relativas a vantagens
desse regime (STF, ADI 3.395, DJ 09/04/2006), incluindo ocupantes de cargos
em comissão (STF, Ag. Reg. na MC na Rcl 4.785/SE, DJ 13/03/2008) e
temporários (STF, Rcl 5.381/AM, DJ 08/08/2008).
9 Hipóteses de indenização: I – ajuda de custo; II – diária; III –
transporte; IV – auxílio-moradia (Leis nºs 11.355/2006 e 11.784/2008).
9 Ajuda de custo: se destina a compensar as despesas de sua instalação,
inclusive com transporte do servidor e de sua família, compreendendo
passagem, bagagem e bens pessoais, quando o servidor, no interesse do
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em
caráter permanente.
9 Diária: indenização a que faz jus o servidor deslocado da sede, em
caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para
o exterior, por razões do serviço, para fazer face aos custos desse
afastamento, ou seja, passagens e diárias destinadas a fazer face às parcelas
de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana.
9 A indenização de transporte é devida ao servidor que realizar
despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de
serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo.
9 Auxílio-moradia: ressarcimento das despesas comprovadamente
realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
administrado por empresa hoteleira.
9 Retribuições, gratificações e adicionais: I – retribuição pelo exercício de
função de direção, chefia e assessoramento; II – gratificação natalina; III –
adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; IV –
adicional pela prestação de serviço extraordinário; V – adicional noturno; VI –
adicional de férias; VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho;
VIII – gratificação por encargo de curso ou concurso (Lei nº 11.314/2006).
9 A função se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um
agente, sendo o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao
agente. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção,
chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
Especial é devida retribuição pelo seu exercício.

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9 Importante destacar as diferenças conceituais entre as retribuições por


função e por cargo em comissão. Na primeira situação, exige-se que seu titular
seja servidor público efetivo, recebendo, em conseqüência, acréscimo à sua
remuneração ordinária. No segundo caso, a retribuição não é parte da
remuneração, pois não se exige que seja servidor. Assim, o titular de um cargo
em comissão recebe o valor correspondente ao cargo, e é essa a retribuição
prevista. Todo o valor recebido por este refere-se ao cargo em comissão. No
caso da função de confiança, parte do valor recebido por seu titular é devido
em face dela e parte em face de seu cargo efetivo.
9 Insalubre: trabalho que provoca riscos à saúde; perigoso: aquele que
causa risco à vida; penoso: o relativo ao local de trabalho, com condições
impróprias para o desempenho das funções.
9 Serviço extraordinário: é aquele realizado após o horário normal de
trabalho ou antes dele começar. Será permitido apenas para atender a
situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas)
horas por jornada e será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por
cento) em relação à hora normal de trabalho.
9 Horário noturno: serviço prestado em horário compreendido entre 22
(vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, computando-
se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos. Assim, durante
esse período, a carga de trabalho efetiva é de 7 (sete) horas, mas considerada
como se fosse de 8 (oito) horas. O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e
cinco por cento).
9 Gratificação por encargo de curso ou concurso (Lei nº
11.314/2006): criada para remunerar os que desempenham atividades
paralelas aos seus cargos, como instrutores, examinadores, preparadores de
concursos públicos, além daqueles que participam da aplicação, fiscalização ou
avaliação das provas de exame vestibular ou de concurso público.
9 Licenças que poderão ser concedidas ao servidor: I – por motivo de
doença em pessoa da família; II – por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; III – para o serviço militar; IV – para atividade política; V – para
capacitação; VI – para tratar de interesses particulares; VII – para
desempenho de mandato classista.
9 Considera-se pessoa da família: I – o cônjuge ou companheiro; II – os
pais; III – os filhos; IV – o padrasto ou madrasta; V – o enteado; VI – o
dependente que viva às expensas do servidor e conste do seu assentamento
funcional.
9 Possibilidades de afastamento: I – para servir a outro órgão ou
entidade; II – para exercício de mandato eletivo; III – para estudo ou missão
no exterior.

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