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INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 13

ROTEIRO DE AULA

Tema: Agentes públicos (continuação)

Dentro do tema “agentes públicos”, já foram estudados os seguintes tópicos:


1) Conceito de agentes públicos;
2) Agente público de fato;
3) Classificação de agentes públicos;
4) Regime jurídico único;
5) Cargos públicos;
6) Função pública;
7) Empregos públicos;
8) Vencimento, remuneração e subsídio;

RE 565089 – O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos vencimentos dos
servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera direito subjetivo a
indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, se pronunciar, de forma fundamentada, acerca
das razões pelas quais não propôs a revisão.

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RE 843112 - O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a
apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos
servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção.

RE 843112 – O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a
apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos
servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção.

O professor destaca que o servidor tem direito à revisão anual de seus vencimentos/subsídios, mas,
para isso, é necessária uma lei.
✓ A revisão não é sinônimo de aumento.
✓ O STF afirma que a revisão anual dos vencimentos do servidor não é direito subjetivo.

ARE 652777 – “É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração
Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias.”

Com o objetivo de dar transparência, a Administração resolveu dar publicidade sobre os


pagamentos dos servidores. Essa decisão, na época, gerou confusão entre os servidores.
O STF, em sede de repercussão geral, reconheceu a legitimidade dessa publicação em sites oficiais.

9. TETO REMUNERATÓRIO (Art. 37, XI CF)

CF, art. 37, § 11: “Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o
inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.”

✓ O teto é remuneratório.
✓ As indenizações podem superar o teto.

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Teto remuneratório é o valor máximo estabelecido na CF/1988 como limite de pagamento que
qualquer agente público pode receber a título de remuneração, vencimento, subsídio, na atividade
ou na inatividade, abrangendo, ainda, as hipóteses de acumulação remunerada.

Obs.: No serviço público, há o chamado “abate teto”.

Observações:
1ª) O teto é remuneratório. Isso significa que vantagens de natureza indenizatória não entram no
cálculo do teto.
✓ As indenizações (diária, ajuda de custo, auxílio moradia etc.) não entram no cálculo do teto
remuneratório.
✓ A indenização não remunera e, portanto, pode ser paga além do teto.

2ª) O disposto no art. 37, §9º da CF/1988 preceitua que se submetem ao teto remuneratório (art.
37, XI, CF) as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que receberem
recursos do erário para pagamento de despesas em geral.

Contrario Sensu, não se aplica o teto às sociedades de economia mista, às empresas públicas e às
subsidiárias que não recebam dinheiro do erário para custear despesas.
Exemplo: Petrobrás (sociedade de economia mista) não recebe dinheiro do erário para pagar seus
empregados, pois a atividade desempenhada permite que ela pague seus empregados e ainda
pague lucros e dividendos. Neste caso, ela pode pagar para seus funcionários um valor maior do que
o teto constitucional.

De acordo com art. 37, XI da CF, embora exista o teto geral do serviço público, o qual corresponde
ao subsídio mensal, em espécie, pago ao ministro do STF, existem tetos para cada nível federativo
(União, estados e municípios).

A. União – Para os servidores públicos da União, o teto remuneratório corresponde ao teto geral,
ou seja, equivale ao subsídio mensal, em espécie, pago ao ministro do STF.

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B. Municípios – No âmbito do município, o teto remuneratório é o subsídio mensal, em espécie,
pago ao prefeito.
✓ A Câmara Municipal fixa o subsídio do prefeito. Tal valor deve observar o teto geral, não
podendo ser superior ao subsídio mensal, em espécie, pago ao ministro do STF.

Observação 1: os vereadores não se submetem ao teto do prefeito, pois eles têm regra
constitucional própria de remuneração (art. 29, CF).

Observação 2: O procurador municipal não se sujeita ao teto do prefeito, mas sim ao teto do
desembargador do TJ.

C. Estados – O teto remuneratório no âmbito estadual é o que requer maior atenção do aluno, pois
ele varia conforme o Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário). Tais tetos abrangem os respectivos
servidores.

O teto remuneratório dos servidores do Poder Legislativo dos estados é o subsídio mensal, em
espécie, fixado para o deputado estadual (art. 27, §2º, CF1 - Até 75% do subsídio do deputado
federal).

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CF, art. 27, §2º: “O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia
Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie,
para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.”

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✓ Os deputados estaduais fixam o subsídio mensal que será pago a partir da próxima
legislatura.
✓ Nenhum servidor do Poder Legislativo estadual poderá receber além do subsídio do
deputado estadual.

O teto remuneratório dos servidores do Poder Executivo dos estados é o subsídio mensal, em
espécie, fixado para o governador do estado.
✓ Nenhum servidor do Poder Executivo estadual poderá receber além do subsídio do
governador.

O teto remuneratório dos servidores do Poder Judiciário dos estados é o subsídio mensal, em
espécie, fixado para o desembargador do estado.
✓ A CF/1988 preceitua que o Poder Legislativo do estado fixará o subsídio do desembargador,
observado o limite máximo de 90,25% do subsídio do Ministro do STF.

Observação 1: As funções essenciais à administração da justiça se submetem ao teto do Poder


Judiciário.
✓ São funções essenciais à administração da justiça: membros do MP, membros da
procuradoria dos estados, membros da defensoria pública.
✓ Assim sendo, há três carreiras que não integram o Poder Judiciário, mas se submetem ao
seu teto. Isso porque são funções essenciais à administração da justiça.

Observação 2: O art. 37, § 12 da CF2 preceitua que uma emenda à Constituição do Estado poderá
estabelecer naquele âmbito um teto remuneratório único para todos os servidores e este será o
teto do Poder Judiciário estadual.

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CF, art. 37, §12: “Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e
Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios
dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.”

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✓ Se o estado fizer a emenda à constituição estadual e fixar teto remuneratório único para
todos os servidores, tal teto não será aplicado ao deputado estadual, pois, neste caso, há
regra constitucional especial.

ADI 3854
“MAGISTRATURA. Remuneração. Limite ou teto remuneratório constitucional. Fixação diferenciada
para os membros da magistratura federal e estadual. Inadmissibilidade. Caráter nacional do Poder
Judiciário. Distinção arbitrária. Ofensa à regra constitucional da igualdade ou isonomia.
Interpretação conforme dada ao art. 37, inc. XI, e § 12, da CF. Aparência de inconstitucionalidade
do art. 2º da Resolução nº 13/2006 e do art. 1º, § único, da Resolução nº 14/2006, ambas do
Conselho Nacional de Justiça. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida. Voto vencido
em parte. Em sede liminar de ação direta, aparentam inconstitucionalidade normas que, editadas
pelo Conselho Nacional da Magistratura, estabelecem tetos remuneratórios diferenciados para os
membros da magistratura estadual e os da federal.”

Observação 3 :
O STF entendeu que o teto de 90,25% do Poder Judiciário estadual não se aplica a juízes e
desembargadores. A consequência disso é que todas as funções essenciais à administração da
justiça seguiram a mesma regra.

O art. 37, XI da CF passou a diferenciar o teto da União e o teto dos estados (subteto). Assim sendo,
passou a haver um subteto no âmbito estadual, inclusive para os membros do Poder Judiciário, pois,
como visto, o teto do Poder Judiciário do estado é limitado a 90,25% do subsídio do ministro do STF.
Por outro lado, o teto da União é o teto geral, ou seja, equivale ao subsídio do ministro do STF
(100%).
O STF decidiu que o Poder Judiciário é um só e não é possível admitir categorias diferenciadas de
juízes. Assim sendo, em uma interpretação abrangente do texto constitucional, o STF entendeu que,
para os membros do Poder Judiciário (juízes e desembargadores), o teto não é dado pelos estados,
mas se aplica a eles o teto dos Ministros do STF.

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✓ Desse modo, o teto do Poder Judiciário estadual (estabelecido em 90,25% do subsídio do
ministro do STF pela CF) não se aplica aos membros do Poder Judiciário estadual (nem às
funções essenciais à administração da justiça), pois a eles se aplica o teto da União.
✓ Os advogados públicos têm direito aos honorários advocatícios e estes também devem
observar o teto constitucional.

10. ACUMULAÇÃO REMUNERADA

A. Regra: as regras de acumulação remunerada estão no art. 37, XVI e XVII da CF3.
✓ A regra geral é a impossibilidade de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções
públicas.
✓ Obs.1: A vedação é sobre a acumulação remunerada. A CF/1988 não proíbe a acumulação
gratuita.
✓ Obs.2: A função pública pode ser de confiança ou a exercida pelo contratado temporário. A
função de confiança do art. 37, V, corresponde aos cargos de direção, chefia e
assessoramento e estes são, necessariamente, acumuláveis.

B. Exceções

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CF, art. 37: “(...) XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)”

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Excepcionalmente, observadas as condições e restrições impostas pela CF/1988, bem como o
interesse público, admite-se a acumulação remunerada.

Para acumular remuneradamente cargos, empregos e funções públicas, é necessário:


• Haver de compatibilidade de horário;
• Haver a observância do teto;
• Nas hipóteses constitucionais.

CF, art. 37, XVI: “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;”

Observação 1: O professor destaca que, onde se lê “cargos públicos” no art. 37, XVI da CF, pode ser
lido “cargos ou empregos públicos” e isso ocorre em razão do regime jurídico único.
Exemplo: Uma pessoa que é professora de Direito Administrativo do estado e procuradora do
estado pode acumular seus dois cargos/empregos públicos remuneradamente. Essa mesma pessoa
pode ainda ter cargos de professora na rede privada, pois estes não influenciarão no regime de
acumulação de cargos públicos.
✓ Não é possível acumular mais de 2 cargos públicos.

Observação 2: a lei pode restringir a possibilidade de acumulação. Exemplo: a universidade XXX faz
concurso público para professor de dedicação exclusiva. Neste caso, quem passar no concurso não
poderá acumular (cargos públicos ou privados), pois há uma imposição legal.

Observação 3: O art. 37, XVI, “c”, CF possibilita a acumulação de dois cargos ou empregos privativos
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

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Exemplo: “A” passou no concurso para um cargo de “apoio administrativo” do Hospital das Clínicas
de São Paulo. “A” não poderá acumular dois cargos ou empregos públicos, pois não é profissional
de saúde com profissão regulamentada.

CF, art. 42, §3º: “Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto
no art. 37, inciso XVI, com prevalência da atividade militar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 101, de 2019)”

✓ Atenção: Uma emenda constitucional recente possibilitou que militares estaduais e do DF


possam acumular cargos.

ARE 848993 – É vedada a acumulação tríplice de remunerações, ainda que decorrentes de


aprovação em concursos públicos em data anterior à vigência da EC 20/98.

Outra hipótese de acumulação remunerada diz respeito ao vereador e está disposta no art. 38, III
da CF:

CF, art. 38: “Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
(...)
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;”

✓ O servidor público pode acumular seu cargo com o de vereador municipal desde que haja
compatibilidade de horário.
Exemplo: um procurador do estado é eleito vereador de Belo Horizonte e há
compatibilidade de horário. Neste caso, é possível acumular.

ARE 1246685 – As hipóteses excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos públicos previstas


na Constituição Federal sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários,
verificada no caso concreto, ainda que haja norma infraconstitucional que limite a jornada semanal.

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RE 612975: “Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e
funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada
um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório
dos ganhos do agente público. (A mesma tese foi fixada para o Tema 384)”

Exemplo: “A” é médico do Hospital das Clínicas do estado e é médico do município xxx. Neste caso,
a acumulação é lícita e o teto remuneratório não observará a soma das remunerações, mas sim cada
um dos cargos separadamente.

Observações:
✓ O professor inicia o quarto bloco falando que, antes do ARE 1246685, o STJ possuía tese
consolidada falando que, nas hipóteses constitucionalmente acumuláveis, deveria ser
respeitado o limite de 60 horas semanais.
✓ O STF, entretanto, afirmou que não existe essa limitação de horários. A situação deve ser
verificada caso a caso.
✓ Em relação ao teto na acumulação, segundo o STF, cada um dos cargos deve ser verificado
individualmente. Exemplo: o Ministro do STF recebe o teto, mas pode acumular cargo de
professor de universidade pública, por exemplo. Neste caso, o teto é considerado em cada
um dos cargos.

CF, art. 38: “Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
(...)
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

11. SERVIDOR OCUPANTE DE CARGO ELETIVO (Art. 38 CF)


Este tópico versa sobre a hipótese de o servidor ser eleito para mandato eletivo.

CF, art. 38: “Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:

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I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,
emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão”

Hipóteses:
1ª) O servidor da Administração direta, autárquica e fundacional eleito para mandato eletivo
federal, distrital ou estadual ficará afastado de seu cargo, emprego ou função.
Exemplo: “A” é procurador do estado em MG e é eleito para cargo eletivo
federal/estadual/municipal. Nessas hipóteses, “A” se afasta de seu cargo efetivo de procurador do
estado, toma posse no cargo para o qual foi eleito e passa a receber o subsídio do cargo eletivo.

2ª) O servidor eleito para cargo de prefeito será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração.
Exemplo: “A” é procurador do estado em MG e é eleito para o cargo de prefeito. Neste caso, “A” se
afasta de seu cargo de procurador do estado, toma posse no cargo de prefeito e escolhe qual
subsídio receberá (o de procurador do estado ou o de prefeito). Neste caso, independentemente da
escolha, o pagamento será feito pelo município.

3ª) O servidor é eleito para cargo de vereador e, havendo compatibilidade de horários, perceberá
as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo. Não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma anterior (regra do prefeito).
Exemplo: “A” é procurador do estado e é eleito para o cargo de vereador. Neste caso, “A” pode
acumular as funções de seu cargo de procurador e de vereador, desde que haja compatibilidade de
horário.

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Se não houver compatibilidade de horários, A” se afasta de seu cargo de procurador do estado,
toma posse no cargo de vereador e escolhe qual subsídio receberá (o de procurador do estado ou
o de vereador). Neste caso, independentemente da escola, o pagamento também será feito pelo
município.

Obs.: Em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento.

12. DIREITO SOCIAIS DO SERVIDOR PÚBLICO


A CF/1988 reconheceu ao servidor alguns direitos sociais. São eles:

A. Livre associação sindical (Art. 37, VI CF4)


O servidor tem direito à livre associação sindical.
✓ O sindicato existe para defender os interesses da categoria e o principal interesse das
categorias, invariavelmente, refere-se aos salários.
✓ O STF afirmou que vencimento e subsídio se fixam por lei e, portanto, sindicato de servidor
não poderia negociar questões remuneratórias.

B. Greve nos termos e nos limites definidos em lei específica (Art. 37, VII CF5)
A CF/1988 assegurou ao servidor público o direito de greve, na forma e nas condições definidas em
lei específica, de forma a garantir a continuidade do serviço público.

✓ Trata-se de norma de eficácia limitada, pois depende de regulamentação por lei específica.
Enquanto tal lei não for feita, o direito não é concretizado.
✓ Ocorre que essa lei específica nunca foi feita e isso gerou uma série de problemas para os
servidores, que não sabiam como exercer o direito de greve e, para a Administração, já que
não era possível punir o servidor que entrava em greve.

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CF, art. 37, VI: “é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;”
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CF, art. 37, VII: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica;”

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MI 708 – STF: Aplica-se a Lei 7783/89 diante da inexistência de norma que discipline o direito de
greve do servidor público.

✓ A Lei 7.783/89 é a lei do Direito do Trabalho que disciplina a greve nos serviços essenciais.
✓ Assim, até que a lei específica de greve de servidores seja feita, segundo o STF, deve ser
aplicada a regulamentação trazida pela Lei 7.783/89 aos servidores públicos.
✓ Obs.: o direito de greve não alcança os policiais.

“É legítimo o ato da Administração que promove o desconto dos dias não trabalhados pelos
servidores públicos participantes de movimento grevista.” Tese consolidada pelo STJ
✓ Essa tese versa sobre a proibição do enriquecimento ilícito.
✓ O STF permite que haja a compensação de horários do servidor grevista.
✓ Se, entretanto, a greve se deu por comportamento ilícito da Administração Pública, não é
possível o corte do salário do grevista.

C. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de
admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Art. 39, §3º CF)

Cuidado: o art. 39, §3º da CF garantiu que alguns direitos sociais que todos os trabalhadores têm e
que estão no art. 7º da CF são extensíveis ao servidor público. São eles:

“IV - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX - Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

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XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da
lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.”

Observações:
1ª) Se o servidor for ocupante de emprego público, ele já tem todos os direitos sociais do art. 7º da
CF.

2ª) O contratado temporário não tem cargo, apenas exerce função. Assim sendo, em regra, ele não
faz jus aos direitos sociais do art. 39, §3º da CF.

3ª) Segundo o STF, os agentes políticos têm direito aos direitos ao 13º e 1/3 de férias.

RE 596478 – “É constitucional o art. 19-A da Lei 8.036/1990, que dispõe ser devido o depósito do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS na conta de trabalhador cujo contrato com a
Administração Pública seja declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público,
desde que mantido o direito ao salário.”

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RE 565714 – Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.

“Não compete ao Poder Judiciário equiparar ou reajustar os valores do auxílio-alimentação dos


servidores públicos.” Teses consolidada pelo STJ

✓ O Poder Judiciário não tem função legislativa, portanto, não pode proferir decisões que
alterem o pagamento do servidor.

13. ACESSIBILIDADES AOS CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS

A. Regra: art. 37, II da CF6


A regra de ingresso em cargos e empregos públicos é o concurso público de provas ou de provas e
títulos.

✓ Concurso público é apenas regra de ingresso e não define regime jurídico.

Obs.: Antes de 1988, conforme já estudado, concurso público não era obrigatório para todos os
cargos e empregos públicos. Além disso, naquela época, também existiam concursos públicos
apenas de títulos.
Após a CF/1988, é obrigatória a realização de concursos públicos para ingresso em cargos e
empregos públicos. Além disso, não é mais possível concurso apenas de títulos.

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CF, art. 37, II: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)”

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A abertura de concurso de remoção pela administração revela que a existência de vaga a ser
preenchida pelo servidor aprovado é de interesse público. Tese consolidada STJ.

B. Exceções à regra do concurso público:


Excepcionalmente, não haverá concurso público. São hipóteses em que ocorrem as exceções:

A. Cargos em comissão - art. 37. II da CF7.


B. Cargos eletivos nos termos da Constituição.
C. Contratados temporários - art. 37. IX da CF8
D. Hipóteses constitucionais no âmbito dos tribunais
✓ 1/5 dos desembargadores do TJ e do TRF não fazem concurso;
✓ 1/5 dos desembargadores do TRT não fazem concurso;
✓ 1/5 dos ministros do TST não fazem concurso;
✓ 1/5 dos ministros do STM não fazem concurso;
✓ 1/3 dos ministros do STJ não fazem concurso;
✓ Todos os ministros do STF não fazem concurso;
✓ 2/3 dos membros dos tribunais de contas dos estados e da União não fazem
concurso;
E. Agentes comunitários de saúde - art. 198, §4º da CF9

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CF, art. 37, II: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)”
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CF, art. 37, IX: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;”
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CF, art. 198, §4º: “Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público,
de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua
atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)”

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F. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a
Segunda Guerra Mundial - art. 53, I, da ADCT.

OBS: Atividade Jurídica


Algumas carreiras exigem atividade jurídica para a inscrição no concurso (exemplo: magistratura e
MP).
Em 2004, houve a emenda constitucional 45, a qual passou a exigir a atividade jurídica como
condição para a inscrição em concursos públicos da magistratura e do Ministério Público.
O que é considerado como atividade jurídica?
Resolução CNJ 75/2009 (disponível neste link)
Resolução CNMP 29/2008 (Essa resolução foi revogada expressamente pela Resolução 40/2009,
disponível neste link)
✓ Essas resoluções determinam, em suas respectivas áreas, o que é considerado atividade
jurídica.

A ADI 3460 determinou que a atividade jurídica é contada do dia em que o curso for concluído.
Estágio acadêmico não é atividade jurídica para fins de concurso.

Atenção: A CF/1988 não exigiu a atividade jurídica como condição para ingressar na Advocacia
Pública, entre outras carreiras. Entretanto, a lei específica de cada carreira pode definir como
critério para ingresso na respectiva carreira a comprovação de atividade jurídica.
✓ No caso da magistratura e do MP, a regra da atividade jurídica advém da CF/1988 e,
portanto, somente pode ser alterada por emenda constitucional. A legislação
infraconstitucional não pode alterar isso.

Entendimentos dos tribunais superiores:

RE 608482 - Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a
manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele
tomou posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial
de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.

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RE 632853 - Os critérios adotados por banca examinadora de um concurso não podem ser revistos
pelo Poder Judiciário.

RE 655265 - A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz
substituto, nos termos do inciso I do art. 93 da Constituição Federal, deve ocorrer no momento da
inscrição definitiva no concurso público.

RE 837311 - O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,
durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição
arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou
expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado
durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim,
o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes
hipóteses:
I - Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; II - Quando houver
preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; III - Quando surgirem novas
vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição
de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.

Teses consolidadas do STJ:

“A aferição do cumprimento do requisito de idade deve se dar no momento da posse no cargo


público e não no momento da inscrição.” Tese consolidada pelo STJ

“O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração Pública quanto os
candidatos.” Tese consolidada pelo STJ

“O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas
aos deficientes.” (Súmula 377 do STJ) Tese consolidada pelo STJ

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“A exigência de exame psicotécnico é legítima quando prevista em lei e no edital, a avaliação esteja
pautada em critérios objetivos, o resultado seja público e passível de recurso.” Tese consolidada
pelo STJ

“Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser submetido a nova avaliação,
pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa.” Tese consolidada pelo STJ

“A exigência de teste de aptidão física é legítima quando prevista em lei, guarde relação de
pertinência com as atividades a serem desenvolvidas, esteja pautada em critérios objetivos e seja
passível de recurso.” Tese consolidada pelo STJ

“É vedada a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de incapacidade
temporária, salvo previsão expressa no edital.” Tese consolidada pelo STJ

“É possível a realização de novo teste de aptidão física em concurso público no caso de gravidez,
sem que isso caracterize violação do edital ou do princípio da isonomia.” Tese consolidada pelo STJ

“O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude
da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado ou
extinta pela prescrição da pretensão punitiva.” Tese consolidada pelo STJ

“O entendimento de que o candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de
investigação social, em virtude da existência de termo circunstanciado, inquérito policial ou ação
penal sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da pretensão punitiva não se aplica aos
cargos cujos ocupantes agem stricto sensu em nome do Estado, como o de delegado de polícia.”
Tese consolidada pelo STJ

“O candidato não pode ser eliminado de concurso público, na fase de investigação social, em virtude
da existência de registro em órgãos de proteção ao crédito.” Tese consolidada pelo STJ

“O candidato pode ser eliminado de concurso público quando omitir informações relevantes na fase
de investigação social.” Tese consolidada pelo STJ

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“Nas ações em que se discute concurso público, é dispensável a formação de litisconsórcio passivo
necessário entre os candidatos aprovados.” Tese consolidada pelo STJ

“Nas ações em que se discute concurso público, é indispensável a formação de litisconsórcio passivo
necessário entre os candidatos aprovados quando possam ser diretamente atingidos pelo
provimento jurisdicional.” Tese consolidada pelo STJ

“O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança, na hipótese de


exclusão do candidato do concurso público, é o ato administrativo de efeitos concretos e não a
publicação do edital, ainda que a causa de pedir envolva questionamento de critério do edital.” Tese
consolidada pelo STJ

“O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado segurança, na hipótese em


que o candidato aprovado em concurso público não é nomeado, é o término do prazo de validade
do concurso.” Tese consolidada pelo STJ

“O encerramento do concurso público não conduz à perda do objeto do mandado de segurança que
busca aferir suposta ilegalidade praticada em alguma das etapas do processo seletivo.” Tese
consolidada pelo STJ

“O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo qa ser
nomeado no prazo de validade do concurso.” Tese consolidada pelo STJ

“A desistência de candidatos convocados, dentro do prazo de validade do concurso, gera direito


subjetivo à nomeação para os seguintes, observada a ordem de classificação e a quantidade de
vagas disponibilizadas.” Tese consolidada pelo STJ

“A abertura de novo concurso, enquanto vigente a validade do certame anterior, confere direito
líquido e certo a eventuais candidatos cuja classificação seja alcançada pela divulgação das novas
vagas.” Tese consolidada pelo STJ

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O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito
à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição na convocação, observada a
ordem classificatória. Tese consolidada pelo STJ

A simples requisição ou a cessão de servidores públicos não é suficiente para transformar a


expectativa de direito do candidato aprovado fora do número de vagas em direito subjetivo à
nomeação, porquanto imprescindível a comprovação da existência de cargos vagos. Tese
consolidada pelo STJ

O candidato aprovado fora do número de vagas previsto no edital possui mera expectativa de direito
à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso haja preterição em virtude de contratações
precárias e comprovação da existência de cargos vagos. Tese consolidada pelo STJ

Não ocorre preterição na ordem classificatória quando a convocação para próxima fase ou a
nomeação de candidatos com posição inferior se dá por força de cumprimento de ordem judicial.
Tese consolidada pelo STJ

A surdez unilateral não autoriza o candidato a concorrer às vagas reservadas às pessoas com
deficiência. Tese consolidada pelo STJ

Deverão ser reservadas, no mínimo, 5% das vagas ofertadas em concurso público às pessoas com
deficiência e, caso a aplicação do referido percentual resulte em número fracionado, este deverá
ser elevado até o primeiro número inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de
20% das vagas ofertadas, conforme art. 37, §§ 1º e 2º, do Decreto n. 3.298/99, e art. 5º, §2º, da Lei
n. 8.112/90. Tese consolidada pelo STJ

14. TERCEIRIZAÇÃO - Decreto 9507/2018


O Decreto 9507/2018 trata da execução indireta, mediante contratação, de serviços da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas públicas e das
sociedades de economia mista controladas pela União.

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• O Decreto 9507/2018 é válido somente para a União. Entretanto, as normas federais
constituem o parâmetro para o Direito Administrativo e, por esse motivo, tal decreto é
muito importante.

OBS: ADPF 324 – Considerou constitucional a terceirização de atividade-fim, mas não tratou das
peculiaridades da administração pública.

Exemplo: a Secretaria de Saúde precisa de mão-de-obra para limpeza, conservação, jardinagem, etc.
Neste caso, a Secretaria faz uma licitação e contrata empresa que fornecerá a mão-de-obra
necessária.

15. RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO


Este tópico versa sobre a responsabilidade pessoal/individual do servidor público.

A. Regra: a regra é a independência/incomunicabilidade das instâncias civil, penal e administrativa.

Exemplo: um servidor público pratica um ato com consequências jurídicas, gerando, para ele,
responsabilidades.
• Se o ato viola uma lei civil, nasce para o servidor a responsabilidade civil.
• Se o ato viola uma lei penal, nasce para o servidor a responsabilidade criminal.
• Se o ato viola uma norma administrativa, nasce para o servidor a responsabilidade
funcional/administrativa.
Entretanto, muitas vezes, uma mesma conduta gera, concomitantemente, várias responsabilidades.

O servidor que, nesta qualidade, pratique ato que, ao mesmo tempo, viole a lei penal, a lei civil e a
lei administrativa, em regra, responderá por cada uma dessas responsabilidades no âmbito próprio.
Isto é, o mesmo fato dá origem a três procedimentos diversos e independentes, ou seja, há a
incomunicabilidade das instâncias.
Em regra, o processo administrativo não precisa esperar a decisão criminal nem a decisão cível.

B. Exceção:

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Excepcionalmente, a decisão proferida no juízo criminal influencia na decisão administrativa, de
modo que esta não pode divergir daquela.

Exemplo: o servidor “A”, nesta qualidade, apropria-se de bem público. Essa conduta constitui crime
(peculato) e, portanto, o servidor responderá criminalmente. Essa conduta também viola o estatuto
do servidor, além de violar a lei civil, pois houve dano ao Estado.
Neste exemplo, há a abertura de três procedimentos distintos e independentes entre si. Haverá
uma decisão do juízo criminal; uma decisão do juízo cível e uma decisão no PAD (processo
administrativo disciplinar).

1º - Decisão condenatória
Exemplo: o servidor “A”, nesta qualidade, apropria-se de computador da repartição. É aberto um
processo penal por peculato. É aberto um PAD por crime contra a administração e, por fim, é aberto
um processo cível por dano.
✓ No juízo criminal, é proferida decisão condenatória quando se reconhece o crime e se
reconhece a autoria. Só haverá condenação criminal se ficar comprovado que o crime
ocorreu e que o agente/servidor é o autor.
✓ Se há a condenação no juízo criminal, não é possível que, no PAD, a autoridade decida que
o crime não ocorreu ou que o servidor não é o autor.
✓ A decisão condenatória proferida no processo criminal vincula a decisão da administração.

2º - Decisão absolutória fundada nos incisos I, IV e VI do art. 356 do CPP

CPP, art. 386: “O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26
e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;”

Se há absolvição, no juízo criminal, sob o fundamento de que o crime não ocorreu, não é possível
que a administração, no PAD, condene o servidor.

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A absolvição, no âmbito criminal, com o fundamento de que o servidor não é autor do fato também
vincula o âmbito administrativo.

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