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1. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL
A revogada Lei 9.421/96- antigo Plano de Carreira dos Servidores Públicos do Poder
Judiciário, de 24 de dezembro de 1996, foi sancionada a referida norma que fixou a
remuneração dos servidores e estabeleceu em seu artigo 20, verbis:
Art. 20. O servidor dos Quadros de Pessoal a que se refere o art. 1° não poderá
perceber mais que a remuneração do cargo dos magistrados do Tribunal ou Juízo
em que esteja exercendo suas funções, excluídas desse limite apenas as vantagens
de natureza individual.
Art. 37(...)
(...)
XI - a lei fixará o limite máximo e a relação de valores entre a maior e a menor
remuneração dos servidores públicos, observados, como limites máximos e no
âmbito dos respectivos Poderes, os valores percebidos como remuneração, em
espécie, a qualquer título, por membros do Congresso Nacional, Ministros de Estado
e Ministros do Supremo Tribunal Federal e seus correspondentes nos Estados, no
Distrito Federal e nos Territórios, e, nos Municípios, os valores percebidos como
remuneração, em espécie, pelo Prefeito"
Constata-se, pois, que a redação original trazia um comando inflexível, qual seja,
limite máximo a ser observado seria a remuneração, em espécie, a qualquer título,
no âmbito judiciário, a do Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Ressalte-se que o dispositivo originário dirigia-se aos “servidores públicos” ou seja,
agentes administrativos, na classificação dada aos agentes públicos, pelo saudoso
Hely Lopes Meireles, não indicando em qualquer hipótese que a fixação ali contida
também se aplicaria ao “agente político” classificação em que se enquadra o
“magistrado”, entre outros, como o Procurador da República, Senadores, Deputados
Federais, Ministros dos Tribunais Superiores, Ministros do Supremo Tribunal
Federal, etc...
Robustecendo esta redação do inciso XI, do artigo 37 da Constituição, o artigo 17
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estendia o limite do teto
constitucional ao servidor inativo e vedava a argumentação da existência de direito
adquirido, litteris:
Art. 17:
Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os
proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a
Constituição, serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se
admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a
qualquer título.
A Lei 9.421/96 continuou sendo aplicada mesmo após a vigência da nova redação
do artigo 37 da CF/88, pela Emenda Constitucional 19 de 04 de junho de1998.
O artigo 3º da EC n.º 19/98, deu nova redação ao texto do art. 37, XI da Constituição
de 1988:
O inciso XII, do artigo 37, mantendo sua redação originária, alerta para que a
remuneração do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, não poderá ser superior
aos pagos pelo Poder Executivo.
Estabelece, assim, que a remuneração dos Ministros do STF, que serão
utilizadas como paradigma para a fixação do teto constitucional da
remuneração dos cargos do Poder Judiciário, não poderá ser superior à
remuneração (teto constitucional) fixado para os cargos do Poder Executivo.
Aplicando-se a mesma regra ao Poder Legislativo.
Decorre daí que no âmbito dos três Poderes o teto será delimitado pelo subsídio do
cargo máximo de cada poder.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja
com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.
Importante frisar, também, que o teto remuneratório dos Ministros do STF ainda não
foi fixado, prevendo o artigo 48, XV, com nova redação dada pela EC 41/2003:
...que não são auto-aplicáveis as normas do art. 37, XI, e 39, par. 4º, da Emenda
Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, porque a fixação do subsídio mensal,
em espécie, de Ministro do Supremo Tribunal Federal – que servirá de teto -, nos
termos do art. 48, XV, da Constituição, na redação do art. 7º da referida Emenda
Constitucional nº 19, depende de lei formal, de iniciativa conjunta dos Presidentes da
República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal
Federal. Em decorrência disso, o Tribunal não teve por auto-aplicável o art. 29 da
Emenda Constitucional n.º 19/98, por depender, a aplicabilidade dessa norma, da
prévia fixação, por lei, nos termos acima indicados, do subsídio do Ministro do
Supremo Tribunal Federal. Por qualificar-se, a definição do subsídio mensal,
como matéria expressamente sujeita à reserva constitucional de lei em sentido
formal, não assiste competência ao Supremo Tribunal Federal, para, mediante
ato declaratório próprio, dispor sobre essa específica matéria. (informativo 128
do STF).
Deliberou-se, também, que até que se edite a lei definidora do subsídio mensal a ser
pago a Ministro do Supremo Tribunal Federal, prevalecerão os tetos estabelecidos
para os Três Poderes da República, no art. 37, XI, da Constituição, na redação
anterior à que lhe foi dada pela EC 19/98, vale dizer: no Poder Executivo da União, o
teto corresponderá à remuneração paga a Ministro de Estado; no Poder Legislativo
da União, o teto corresponderá à remuneração paga aos Membros do Congresso
Nacional; e no Poder Judiciário, o teto corresponderá à remuneração paga,
atualmente, a Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Decisão