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Assistência

Farmacêutica
João Paulo Manfré dos Santos
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Santos, João Paulo Manfré dos
S237a Assistência farmacêutica / João Paulo Manfré dos Santos, Flávia Soares Lassie.
Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
176p.

ISBN 978-85-522-1652-0

1. Assistência Farmacêutica. 2. Atenção Farmacêutica.


3. Farmacêutico no SUS. I. Lassie, Flávia Soares. II. Título.

CDD 615.1
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753

2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1
Histórico e evolução da assistência farmacêutica������������������������������������� 7
Seção 1
Contextualização da assistência farmacêutica�������������������������������� 8
Seção 2
Evolução da assistência farmacêutica no Brasil����������������������������19
Seção 3
Relações de medicamentos essenciais��������������������������������������������30

Unidade 2
O ciclo da assistência farmacêutica�����������������������������������������������������������47
Seção 1
Aspectos gerais do ciclo da assistência farmacêutica�������������������48
Seção 2
Seleção, programação, aquisição e armazenamento de
medicamento�������������������������������������������������������������������������������������59
Seção 3
Distribuição, prescrição, dispensação e processos finais�������������70

Unidade 3
Introdução à atenção farmacêutica�����������������������������������������������������������87
Seção 1
Introdução à atenção farmacêutica������������������������������������������������89
Seção 2
Métodos usados no acompanhamento farmacoterapêutico���� 101
Seção 3
Controle e prevenção de complicações relacionadas aos
medicamentos�������������������������������������������������������������������������������� 114

Unidade 4
Assistência farmacêutica no âmbito hospitalar������������������������������������ 135
Seção 1
Assistência farmacêutica em hospitais���������������������������������������� 136
Seção 2
Atividades do farmacêutico na assistência farmacêutica
hospitalar���������������������������������������������������������������������������������������� 148
Seção 3
Uso racional de medicamentos���������������������������������������������������� 160
Palavras do autor

C
aríssimo leitor, é com muita satisfação que lhe apresentamos esta
obra cujo tema central será a Assistência Farmacêutica, importante
para a formação profissional e para que se garanta o desenvolvimento
de competências e habilidades necessárias para uma atuação de destaque e
alinhada com as necessidades da sociedade.
Para isso trabalharemos com a compreensão do desenvolvimento histó-
rico da assistência farmacêutica até os dias atuais; passaremos pelas carac-
terísticas do ciclo da assistência farmacêutica e discutiremos como se dá a
atenção farmacêutica nesse contexto; isso tudo para alcançarmos, ao final, a
compreensão da assistência farmacêutica no ambiente hospitalar.
Na primeira unidade da obra, teremos os conteúdos da história da assis-
tência farmacêutica, como ela está inserida no Sistema Único de Saúde e os
medicamentos essenciais para realização da mesma.
Na segunda unidade, trataremos dos aspectos gerais do ciclo da assis-
tência farmacêutica, discutiremos sobre o processo de seleção, programação
e aquisição de medicamentos, os aspectos do armazenamento, distribuição e
dispensação de medicamentos, conceitos fundamentais para a compreensão
do material como um todo.
Já na terceira unidade, discutiremos sobre a atenção farmacêutica,
perpassando por normatização, experiências bem-sucedidas, métodos para
acompanhamento farmacoterapêutico e estratégias para controle e prevenção
de complicações relacionadas aos medicamentos.
Por fim, na quarta unidade da obra, debateremos a assistência farmacêu-
tica no âmbito hospitalar com foco na evolução dessa área; quais são suas
diretrizes nas atividades e atribuições; e como se dá o uso racional de medica-
mentos, elementos de farmacoepidemiologia e de farmacoeconomia.
Pois bem, você pode observar que teremos um material bem complexo,
robusto e interessante para sua formação. Desejo a você muito sucesso nesta
jornada e espero que este conteúdo venha a contribuir para a transformação
de sua vida através da educação. Dedique-se, aprofunde seus conhecimentos
e faça a diferença! Bons estudos!
Unidade 1
João Paulo Manfré dos Santos

Histórico e evolução da assistência farmacêutica

Convite ao estudo
O Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde pública brasileira são temas
recorrentes em todas as esferas de governo. Sobre isso convido-lhe a fazer
uma reflexão: quantas propagandas e materiais publicitários você já viu sobre
as ações envolvendo o SUS e a saúde pública? Creio que muitas, assim como
já deve ter ouvido, assistido ou lido críticas ao SUS e à saúde pública nos
últimos anos. Mas, para entendermos todo o processo evolutivo e sabermos
quais os próximos passos a serem seguidos, nada melhor do que olhar para
a história e refletir sobre as diferentes óticas e contextos do processo em que
estamos inseridos atualmente, principalmente no tocante ao Sistema Único
de Saúde e suas relações com a evolução da assistência farmacêutica.
Por isso, teremos como mote a compreensão sobre o desenvolvimento
histórico da assistência farmacêutica com seus principais marcos e caminhos,
os quais nos levaram até o modelo que temos atualmente. Esse tema
mostra-se relevante para que você seja capaz de atuar com uma visão ampla
sobre os princípios intrínsecos da assistência farmacêutica e de aplicar seus
conheciementos, de forma satisfatória e destacada, na promoção, proteção e
recuperação da saúde, não importando em qual contexto estará inserido, seja
ele público ou privado.
Para responder aos questionamentos que serão levantados, versaremos
sobre o histórico da assistência farmacêutica, das políticas públicas de saúde
no Brasil, e sobre as principais conquistas da assistência farmacêutica na
década 1990. Também teremos o modelo e a configuração da assistência
farmacêutica no SUS, a lei dos genéricos, a política nacional de medica-
mentos, os aspectos estratégicos e operacionais, bem como a análise e
discussão da relação de medicamentos essenciais.
Seção 1

Contextualização da assistência farmacêutica

Diálogo aberto
Estimado aluno, você talvez seja um dos milhares de brasileiros que
necessitam do SUS para ter atenção à saúde; mas, mesmo que não seja parte
desse contingente, certamente conhece alguém que necessite do SUS. E cito
isso para que você busque em suas memórias as dificuldades existentes e
reflita se este sistema está evoluindo adequadamente no contexto da assis-
tência farmacêutica.
Nesse sentido, apresentamos o caso de Alice, senhora viúva de 87 anos
de idade que é pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Seus proventos, como a maioria dos aposentados e pensionistas brasi-
leiros, não são suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos
por seu médico, considerando que ela apresenta uma série de comorbi-
dades que necessitam de tratamento farmacológico contínuo. Ao procurar
a Unidade Básica de Saúde (UBS) para verificar a possibilidade de obter os
medicamentos através do SUS, ela foi direcionada para o setor de triagem
do local, que identificou prontamente suas necessidades, realizou seu atendi-
mento e procedeu com os agendamentos necessários para, posteriormente,
encaminhá-la ao farmacêutico da Unidade. Durante a consulta, Alice ficou
pensando: desde quando havia aquele serviço no Sistema Único de Saúde?
Será que a Unidade de Saúde pode conceder qualquer tipo de medicamento?
E, por fim, ao conversar com o profissional responsável, Alice quis entender
melhor quais são os medicamentos obrigatoriamente cedidos pelo Estado e
quais são de responsabilidade da União.
Assim sendo, os questionamentos de Alice ao farmacêutico da Unidade Básica
de Saúde durante a consulta fizeram com que ele buscasse seus conhecimentos
relacionados à assistência farmacêutica para que pudesse proceder com as orienta-
ções necessárias, sanando, assim, as dúvidas da paciente. Mas, e você, futuro farma-
cêutico, saberia responder as perguntas de Alice? Aliás, você sabe sobre a evolução
histórica da assistência farmacêutica na saúde pública brasileira?
O que acha de usarmos os conteúdos relacionados ao histórico da assistência
farmacêutica e das políticas públicas de saúde no Brasil que levaram aos princípios
doutrinários do Sistema Único de Saúde? E que tal conhecermos a Política Nacional
de Medicamentos e entendermos a Política Nacional da Assistência Farmacêutica?
Com certeza, se alcançarmos esses objetivos, você notará uma clara compreensão
dos seus futuros desafios enquanto profissional da saúde e do seu papel social!

8
Não pode faltar

Para iniciarmos nosso processo de construção das respostas aos questio-


namentos de Alice, precisaremos retornar um pouco à história e às ações que
levaram aos modelos atuais de saúde, à configuração da assistência farma-
cêutica no Brasil e às políticas dela originadas.
Dentro desse contexto histórico, veremos que a assistência farmacêu-
tica é parte estratégica da Política Nacional de Saúde, que se justifica pela
sociedade em constante transformação e permeada por profundos debates
políticos e ideológicos inerentes à evolução social, e que tem como objetivo
maior dirimir as contradições, a desigualdade e a exclusão.
Você notará que a inclusão da assistência farmacêutica na saúde pública ocorreu
por programas isolados e desarticulados para a disponibilização de medicamentos,
fato que deixava alguns usuários sem cobertura. Apresentaremos a seguir os princi-
pais pontos históricos da assistência farmacêutica em ordem cronológica e com
menções às ações e atividades realizadas à época.
O marco histórico dos mecanismos de acesso da população aos medica-
mentos aconteceu com a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões
(IAPs), que possibilitavam aos beneficiários a compra de alguns medica-
mentos por preços especiais, menores do que os praticados no mercado,
tendo o Estado como cofinanciador e cogestor de um amplo sistema que, a
partir desta, passaria a assumir o dispêndio da atenção médica.
Em 1967, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) autoriza a
prestação da assistência farmacêutica pela previdência social em diferentes
modalidades, tais como o fornecimento direto de medicamentos, o finan-
ciamento parcial de medicamentos, o financiamento total para aquisição de
medicamentos, a consignação de medicamentos a empresas conveniadas e o
copagamento por beneficiários. Posteriormente a essa fase, em 1971, surge a
Central de Medicamentos (CEME), órgão ligado à presidência da República,
responsável pelo fornecimento mínimo de medicamentos à população
carente e que, em 1974, foi transferido para o Ministério da Previdência
Social, passando, em 1985, a ser parte do Ministério da Saúde com funções
reduzidas para aquisição e distribuição de medicamentos.
Concomitantemente, o fornecimento de medicamentos de alto custo pelo
serviço público se iniciou a partir da segunda metade da década de 1970
por pressões de associações de usuários e de médicos do Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), sendo realizada, na
época, pela CEME. Todavia, em 1982, houve a regulamentação para aquisição
de medicamentos que não estivessem na Relação Nacional de Medicamentos

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Essenciais (Rename), dependendo da natureza e da gravidade da doença, em
caráter excepcional, ainda sob responsabilidade do INAMPS.
Toda essa evolução na disponibilização de medicamentos à população
levou à realização de um evento, em 1988, que foi marcante na história da
assistência farmacêutica: o I Encontro Nacional de Assistência Farmacêutica
e Política de Medicamentos por meio do qual foram elaboradas propostas de
assistência farmacêutica que, mais tarde, embasariam o SUS (Sistema Único
de Saúde) com a presença de farmacêuticos em todas as fases.
Diante dos fatos, em 1990 surge a Lei nº 8.080, que rege o SUS e define
o compromisso público de garantia à assistência integral à saúde, inclusive
a farmacêutica, confirmando a garantia constitucional do direito à saúde.
A partir daí, a assistência farmacêutica torna-se elemento fundamental no
SUS e parte integrante da Política Nacional de Saúde (PNS), a qual garante o
acesso da população aos serviços farmacêuticos e a medicamentos e insumos.

Assimile
Portanto, podemos e devemos considerar que a assistência farmacêu-
tica traz a contextualização das concepções de estado, do mercado
farmacêutico e das políticas de saúde, perpassando historicamente a
assistência do farmacêutico à saúde das pessoas, o que acontecia nas
boticas até a fase da industrialização, da expansão do comércio e da
organização dos serviços de saúde. E mesmo com toda a evolução
vivenciada na área, inúmeros são os desafios, os quais vão desde dificul-
dades na infraestrutura e operação a dificuldades no atendimento da
demanda populacional por medicamentos. Todas essas considerações
apresentadas anteriormente visam a destacar o desenvolvimento da
assistência farmacêutica como parte estratégica da Política Nacional de
Saúde (PNS), fato que ficará cada vez mais claro no decorrer do material.

Dessa maneira, podemos inferir que a assistência farmacêutica com foco


em abastecimento de medicamentos auxiliou na promoção da cidadania em
alinhamento com o princípio constitucional do direto à saúde e da univer-
salidade do SUS. Além desse princípio constitucional, observamos também
outros princípios do SUS presentes no âmbito da assistência farmacêutica:
um deles é a descentralização, que se encontra mais visível nos recursos para
fornecer medicamentos à população; outro é o da integralidade, uma vez que
o fornecimento de medicamentos satisfaz as necessidades da população, o
que é exemplificado pela adoção e revisão permanente da Rename e pelo
Uso Apropriado de Medicamentos (UAM), sendo este de grande repercussão
econômica e relacionado à mudança de comportamento da população, de

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profissionais da saúde, de gestores e de consumidores. Além disso, a assis-
tência farmacêutica busca, dentro das suas ações, promover a equidade, ou
seja, fornecer medicamentos para aqueles que realmente necessitam pelo
prazo necessário para a solução do caso.
Outro marco histórico importante nesse mesmo ano é a promulgação
da Lei nº 8.142 que estabelece a participação da comunidade na gestão do
Sistema Único de Saúde e aborda aspectos da transferência de recursos finan-
ceiros intergovernamentais na área da saúde.
Já em 1993, houve a quebra do paradigma sobre o que se entendia por
medicamentos excepcionais e estabeleceu-se a primeira lista de medica-
mentos, que foi sendo ampliada ao longo do tempo. Em 1997, o Decreto
Presidencial n° 2.283 extingue a CEME, responsável pelo fornecimento
de medicamentos, até mesmo os excepcionais, para que, em 1998, fosse
promulgada a Política Nacional de Medicamentos através da Portaria
3.916, que estabelece a priorização do acesso universal aos medicamentos
essenciais e a promoção do uso racional destes. Assim, por ser consi-
derada um marco para a assistência farmacêutica devido a seu caráter
de instrumento balizador da política de medicamentos no Brasil, nela
destaca-se a Rename como um importante instrumento para elencar
os produtos necessários para tratamento e controle da maioria dos
problemas de saúde, promover o uso racional e orientar o financiamento
de medicamentos na assistência farmacêutica.
Aqui devemos aprofundar nossos conhecimentos sobre a Política
Nacional de Medicamentos e, consequentemente, sobre a Assistência
Farmacêutica, já que estão integradas aos princípios do SUS e já que esta
política objetiva garantir a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos
com a promoção do uso racional destes e a regulação do acesso da população
aos medicamentos essenciais através da ampliação da disponibilidade de
produtos no Sistema Único de Saúde.
A Política Nacional de Medicamentos promoveu o diálogo entre duas
grandes diretrizes da Assistência Farmacêutica, a Regulamentação Sanitária
de Medicamentos e a Garantia da Segurança, Eficácia e Qualidade dos
Medicamentos, marcado pela criação da Agência de Vigilância Sanitária
(Anvisa), pela Lei n° 9.782, de 1999. Assim, a Política Nacional de
Medicamentos também contempla a diretriz da Promoção do Uso Racional
de Medicamentos com ações individuais e articuladas que envolvem diversos
atores desse processo: paciente, profissionais de saúde, gestores e instituições
relacionadas à saúde e ao sistema de saúde.
Em resumo, podemos inferir que a Política Nacional de Medicamentos
serve como um instrumento orientador e transversal aos diferentes governos

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cujos interesses são totalmente antagônicos aos do mercado farmacêutico e
aos do sistema público de saúde.
Seguindo nesse processo evolutivo, em 2000, foram elaborados os
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que caminharam com
a assistência farmacêutica e estabeleceram as doenças que necessitavam de
medicamentos excepcionais.
Simultaneamente às evoluções relacionadas aos medicamentos excepcio-
nais, foi publicada, em 2002, a Portaria nº 1.318, que definiu os valores de
repasse do Ministério da Saúde aos estados para cada procedimento padro-
nizado, surgindo assim o termo “medicamentos de alto custo”. Porém, obser-
vou-se, na época, que os repasses não condiziam com o custo total desses
medicamentos, ficando aos estados a responsabilidade do restante do custeio
que, com o passar do tempo, foi tornando inviável a operação pelos elevados
custos operacionais (centros de referência, profissionais e medicamentos).
Em face da necessidade de inserir a assistência farmacêutica no contexto
das ações de saúde, em 2003, é criado o Departamento de Assistência
Farmacêutica (DAF). Nesse mesmo ano aconteceu a I Conferência Nacional
de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (CNMAF), a qual gerou a
Resolução nº 338 da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF)
como parte integrante da Política Nacional de Saúde. Nesse contexto, a
PNAF foi definida como sendo o conjunto de ações para promoção, proteção
e recuperação da saúde individual e coletiva, visando ao acesso e ao uso
racional do medicamento.

Exemplificando
A partir da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, diversos
programas foram originados, como o Programa Farmácia Popular do Brasil
(Decreto n° 5.090, de 2004) que garante o acesso a medicamentos e seu
uso racional, além do Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farma-
cêutica (Hórus), cujo objetivo é fornecer informações fidedignas sobre o
acesso, o perfil de utilização, a demanda e o estoque de medicamentos.

Em 2006, a Portaria nº 2.577 surge com o intuito de definir as regras para


execução do Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional
(CMDE) e as responsabilidades de cada gestor, entretanto essas regras não
ficam muito claras. Então, nesse mesmo ano, foi publicada a Portaria nº 399,
do Pacto Pela Saúde, que definiu os cinco blocos de financiamento do SUS
e estabeleceu um bloco específico para a assistência farmacêutica, o qual foi
dividido em três partes:

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• CBAF (Componente Básico de Assistência Farmacêutica): respon-
sável pela aquisição de medicamentos e insumos para atenção básica.
• Componente Estratégia da Assistência Farmacêutica: responsável
pelo financiamento de medicamentos para doenças endêmicas.
• CMDE (Componente de Medicamento de Dispensação Excepcional):
responsável pelo fornecimento de medicamentos de elevado
valor unitário.
Ainda seguindo nessa evolução, em 2009, a Portaria nº 2.981 define o
CEAF (Componente Especializado de Assistência Farmacêutica) como
substituto do CMDE, seguindo protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas
(PCDT) do Ministério da Saúde.
Visando regular as formas de acesso aos medicamentos disponibilizados
pelo SUS, em 2011, é editado o Decreto nº 7.508 e é criada a Lei nº 12.401,
que aborda a assistência farmacêutica e a incorporação de tecnologias em
saúde no SUS, além do Decreto nº 7.508, que altera a organização desse
Sistema, o planejamento, a assistência à saúde e a articulação inter-federativa.
Nesse contexto, em 2013, a Portaria nº 1.554 estabelece um novo marco
regulatório do CEAF com a inclusão de novos medicamentos, transferência
de medicamentos para o CBAF e a atualização dos valores de ressarcimento.
Encerrando a nossa trajetória histórica, em 2017, a Portaria nº 3.992
estabelece o financiamento e a transferência dos recursos federais para ações
e serviços públicos de saúde, o que impacta diretamente na organização e
operação da assistência farmacêutica. Veja na Figura 1.1 essa linha do tempo
com os marcos do fortalecimento das políticas farmacêuticas ao longo das
últimas décadas.

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Figura 1.1 | Marcos das políticas voltadas ao contexto da assistência farmacêutica no Brasil
JUN-71 CEME

SET-73 PNI

JAN-75 RENAME

JAN-77 LISTA MODELO DE MEDICAMENTOS DA OMS

SET-78 CONFERÊNCIA DE ALMA-ATA

JAN-87 PROGRAMA FARMÁCIA BÁSICA

OUT-88 SUS

JUL-97 FIM DA CEME

OUT-98 PNM

JAN-99 ANVISA

FEV-99 GENÉRICOS

MAI-00 CPI MEDICAMENTOS

JUN-03 DAF E CMED

MAI-04 CONFERÊNCIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

MAI-04 FARMÁCIA POPULAR

JUN-06 PNAF

MAI-09 PNPMF

ABR-11 DECIIS

JUN-12 CONITEC

AGO-14 LEI FARMÁCIA COMO ESTABELECIMENTO DE SAÚDE

Fonte: adaptada de BRASIL, 2018, p. 12. Disponível em:

Reflita
Observamos então que, ao longo do tempo, a assistência farmacêutica
vem se consolidando como um dos principais pilares do SUS e está em
contínuo processo de normatização, controle e evolução. Essa visão
mais ampla é necessária para compreendermos como estamos na atual
conjuntura e quais serão as prováveis evoluções nessa área. E você, caro
aluno, é capaz de enxergar os próximos passos do processo evolutivo da
assistência farmacêutica?

No Brasil, um ponto que merece muito destaque é a forma como vem sendo
implementada a assistência farmacêutica pela União, estados e municípios por
meio das pactuações nas Comissões Bipartites e Tripartites que definem finan-
ciamentos, eleição dos medicamentos, e formas de acesso a estes.

14
Por se tratar dos aspectos históricos que envolvem uma evolução de
aproximadamente 30 anos em um país com dimensões continentais, desigual
e complexo, que passou por inúmeras mudanças políticas, sociais e econô-
micas, a escolha dos recortes históricos partiu do pressuposto dos atos
regulatórios que expressam um esforço nacional de implementação, mas que
não garantem o sucesso futuro das ações voltadas à assistência farmacêutica.

Sem medo de errar

Vimos o caso de Alice: pensionista do INSS que buscou a Unidade


Básica de Saúde (UBS) para verificar a possibilidade de obter os medica-
mentos através do SUS. Lá ela foi atendida pelo farmacêutico e vivenciou a
experiência da assistência farmacêutica. Durante a consulta, fez uma série
de questionamentos sobre essa assistência, visando encontrar respostas para
questões que a intrigavam. Basicamente, para respondermos os questiona-
mentos de Alice, precisamos compreender a evolução histórica da assistência
farmacêutica na saúde pública brasileira e as suas relações com as políticas
públicas de saúde no Brasil.
Assim, temos que o processo de construção da assistência farmacêutica
inicia-se, basicamente, na década de 1930, porém somente nos últimos 30
anos é que foram observadas evoluções significativas e mais robustas, capazes
de garantir à população o acesso e o uso racional de medicamentos. Além
disso, precisamos compreender que, ainda que se trate de um aspecto político
e, por isso, esteja sujeito aos vieses ideológicos de cada gestão, a assistência
farmacêutica necessita ter salvaguardado o seu papel social de dirimir as
contradições, desigualdades e exclusões observadas na sociedade brasileira.
O início de seu processo de construção deu-se por meio de programas
isolados e desarticulados, mas que evoluíram para políticas mais abran-
gentes e amplas, como a Política Nacional de Medicamentos e a Política
Nacional de Assistência Farmacêutica, que corroboram com as diretrizes do
SUS. Atualmente, o foco está na maior eficiência operacional que garante
a equidade e universalidade do acesso à Assistência Farmacêutica, foco
este que necessita de um amplo esforço nacional para que possa garantir o
sucesso, no presente e no futuro, da assistência farmacêutica.

15
Avançando na prática

Farmácia Popular

Joaquina, após realizar consulta médica, teve prescrito para seu caso uma série
de medicamentos. Ao verificar a quantidade destes, buscou a Farmácia Popular
para proceder com a compra e, assim, iniciar seu tratamento. Porém, ao chegar à
Farmácia Popular, foi atendida pelo farmacêutico responsável pela unidade e desco-
briu que nem todos os medicamentos dos quais precisava estavam disponíveis, o
que a deixou intrigada. Durante a conversa com o profissional, dona Joaquina quis
entender como funcionava esse programa e quais os critérios de elegibilidade dos
medicamentos. Vamos auxiliar o profissional farmacêutico a responder os questio-
namentos de Joaquina? Para isso, vamos iniciar explicando sobre as principais
características do Programa de Farmácia Popular?

Resolução da situação-problema
O programa Farmácia Popular foi criado em 13 de abril de 2004, através
da Lei n° 10.858, posteriormente regulamentada pelo Decreto n° 5.090,
de 20 de maio de 2004. O programa tem por objetivo ofertar à população
mais uma alternativa de acesso aos medicamentos considerados essenciais,
com o intuito de atender a uma diretriz importante da Política Nacional de
Assistência Farmacêutica por meio de estabelecimentos credenciados que
requerem uma série de documentos às pessoas que desejem fazer uso desse
programa. Portanto, caso algum dos medicamentos prescritos para Joaquina
não esteja na lista de medicamentos essenciais (Rename), ela não conseguirá
no programa Farmácia Popular.

Faça valer a pena

1. A assistência farmacêutica está em constante processo evolutivo, no qual


observamos a descentralização, a universalidade e a equidade do acesso,
importantes para a aderência às políticas existentes e ao SUS. Nesse contexto,
analise as assertivas a seguir e se existe relação entre elas:
I. Até a década de 1990, a assistência farmacêutica era essencialmente
realizada por farmácias e drogarias privadas.
PORQUE
II. O governo federal criou o Programa Farmácia Popular e centralizou
apenas em farmácias estatais a oferta de medicamentos essenciais.

16
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
a. As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são falsas.

2. A assistência farmacêutica é considerada como um dos principais


elementos do Sistema Único de Saúde por permitir que suas premissas sejam
amplamente atendidas e as garantias constitucionais sejam realizadas.
I. A assistência farmacêutica desenvolve ações de promoção, proteção
e recuperação da saúde.
II. A assistência farmacêutica estimula o consumo de medicamentos
em todos os casos.
III. A assistência farmacêutica tem o medicamento como seu
insumo principal.
IV. A assistência farmacêutica realiza ações de uso racional de medicamentos.

É correto o que se afirma em:


a. Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
b. Somente as sentenças I, II e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I, III e IV estão corretas.
d. Somente as sentenças II, III e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças II e IV estão corretas.

3. Como a assistência farmacêutica está inserida no contexto do Sistema


Único de Saúde, suas ações estão totalmente alinhadas com as diretrizes que
norteiam o sistema público de saúde do Brasil. Com base nessas informa-
ções, relacione a coluna A dos princípios do SUS às características da assis-
tência farmacêutica na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
I. Princípio da universilidade 1. A assistência farmacêutica fornece medica-
mentos essenciais à população, até mesmo
os considerados de alto custo.

17
COLUNA A COLUNA B
II. Princípio da equidade 2. A assistência farmacêutica é acessível a
todos os cidadãos brasileiros.

III. Princípio da integralidade 3. A assistência farmacêutica tem em suas


ações o desenvolvimento da cultura do
uso racional dos medicamentos, para que
todos tenham as mesmas condições de
acesso.

Assinale a alternativa que associa corretamente as colunas.


a. I-1; II-2; III-3.
b. I-2; II-3; III-1.
c. I-3; II-1; III-2.
d. I-1; II-3; III-2.
e. I-2; II-1; III-3.

18
Seção 2

Evolução da assistência farmacêutica no Brasil

Diálogo aberto
Estimado aluno, seja muito bem-vindo à nossa seção de estudos. É com imenso
prazer que o convidamos para estudar os conceitos da assistência farmacêutica,
suas principais conquistas na década de 1990, as perspectivas trazidas pela lei dos
genéricos para a área e seus avanços no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Esses são conteúdos importantíssimos para a formação profissional, pois
inúmeras vezes somos expostos tanto aos benefícios da assistência farmacêutica
quanto aos desafios, seja como usuários, seja como cidadãos ou até mesmo como
profissionais, já que o desenvolvimento da sociedade passa pela necessidade de
garantirmos a toda a população direitos básicos, como é o caso da saúde.
Para discutirmos esses temas, voltamos à UBS onde um farmacêutico
local fazia o atendimento à paciente Alice, senhora viúva com várias comor-
bidades e em uso crônico de alguns medicamentos. Ela tem 87 anos, é pensio-
nista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e seus proventos não são
suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos pelo seu médico.
Durante o atendimento, o farmacêutico conversou bastante com a paciente
sobre a assistência farmacêutica. Particularmente naquele dia, o farmacêu-
tico da UBS estava recebendo a visita de um colega farmacêutico do Núcleo
de Apoio à Saúde da Família (NASF) e, antes de terminar o atendimento a
dona Alice nas dependências da farmácia da UBS, os dois colegas de profissão
conversaram brevemente sobre ela. No meio dessa discussão, o farmacêutico do
NASF levantou alguns pontos ao seu colega, pois tinha dúvidas como: quais seriam
as bases que fundamentam a assistência farmacêutica? Como se deu o processo
histórico e os avanços da assistência farmacêutica no contexto do Sistema Único de
Saúde? Qual a opinião do colega a respeito das perspectivas trazidas para a assis-
tência farmacêutica a partir da lei dos genéricos?
Como poderíamos ajudar o farmacêutico da UBS a esclarecer as dúvidas
do seu colega do NASF?
A compreensão e aprofundamento sobre os conteúdos desta seção
promoverão o desenvolvimento necessário das competências e habilidades
para destacada atuação na assistência farmacêutica, bem como permitirá a
tomada de decisão pautada nos desafios e necessidades sociais relacionadas
ao papel do farmacêutico dentro deste contexto.
Bons estudos!

19
Não pode faltar

Caro aluno, chegou o momento de discutirmos sobre os pontos levan-


tados em nossa situação-problema para estabelecermos um raciocínio que
seja capaz de aliar a compreensão dos conteúdos com o desenvolvimento
das competências e habilidades necessárias para uma atuação de destaque no
mercado de trabalho. Iniciaremos, então, discorrendo sobre os conceitos da
assistência farmacêutica.
Essa é uma área bem complexa e envolve a atuação de vários profissionais
do ramo da saúde, como o próprio farmacêutico. Possui por bases concei-
tuais a realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
seja ela no contexto individual, seja no contexto coletivo, as quais se voltam
principalmente para o medicamento e seu uso racional.
Essas bases conceituais são extrapoladas para todos os aspectos que
envolvem a assistência farmacêutica, seja na pesquisa, no desenvolvimento
e na produção de medicamentos e insumos, seja na seleção, programação,
aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade, acompanha-
mento e avaliação da utilização desses medicamentos e insumos.
Esses aspectos permitem que sejam obtidos resultados concretos que
balizam tomadas de decisão voltadas para a melhoria da qualidade de vida da
população e para o cumprimento do papel social do profissional farmacêutico.
Dessa maneira, podemos considerar que a atuação do farmacêutico no
contexto da assistência farmacêutica está voltada para os interesses sociais
que fomentaram o desenvolvimento de políticas e ações dessa área, princi-
palmente das observadas a partir da década de 1990 com a institucionali-
zação do Sistema Único de Saúde.
Essa atuação visa a formar novas posturas profissionais e institucionais
que estejam em sinergia com a quebra de paradigmas relacionados à assis-
tência farmacêutica existente até então, a qual tinha como principal propó-
sito a distribuição de medicamentos, ação contrária aos conceitos estabele-
cidos nas legislações que tratam do tema.
Diante disso, a assistência farmacêutica necessita ampliar a percepção da
atuação profissional, extrapolando a cadeia de gestão de medicamentos para
ter o usuário como centro das atenções e das ações.

20
Assimile
Assistência farmacêutica é um conjunto de ações voltadas à promoção,
proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva,
tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e
uso racional.

Isso nos leva a refletir sobre as conquistas obtidas pela assistência farma-
cêutica na década de 1990, na qual foi possível observar enorme esforço do
Ministério da Saúde para o fortalecimento do ramo através de medidas como a
capacitação dos recursos humanos, principalmente da classe dos farmacêuticos.
Observamos também que, nessa década, o princípio da integralidade do
Sistema Único de Saúde foi identificado como a grande resposta às necessi-
dades de saúde da época, o que ponderou todas as ações e políticas implan-
tadas, inclusive as de assistência farmacêutica.
Assim sendo, durante a década de 1990 a Anvisa instituiu as Boas Práticas
de Dispensação, com impacto direto sobre o uso racional de medicamentos.
Já em 1998 foi criado o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional
de Medicamentos, composto por representantes de várias instituições, redefi-
nido em 2013 e que desenvolveu ações de destaque, tais como o Congresso
Brasileiro de Uso Racional de Medicamentos, além de materiais educativos,
recomendações de órgãos regulatórios e campanhas.
A Anvisa também instituiu o Sistema Nacional de Farmacovigilância, que
contou com forte apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e
de grupos nacionais que defendiam o uso racional de medicamentos.
Ainda no final da década de 1990, podemos observar que algumas associa-
ções independentes surgiram no Brasil com o objetivo de promover o uso
apropriado dos medicamentos, além da realização de parcerias com organi-
zações internacionais de diferentes continentes. Nesse sentido, trazemos
como exemplos o Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF/ENSP/Fiocruz,
criado em 1998) e o Centro Colaborador da OPAS/OMS, que tem atuado em
temas relevantes relacionadas ao uso apropriado de medicamentos.
Dessa maneira, percebemos que a primeira década do Sistema Único de
Saúde foi marcada pelas perspectivas a longo prazo a partir da publicação da
Política Nacional de Medicamentos em 1998, com diretrizes específicas para
a promoção da produção de medicamentos e o desenvolvimento científico e
tecnológico da área.

21
Além disso, houve também outros grandes avanços como a aprovação
da política de genéricos (Lei n° 9.787/1999) e do projeto guarda-chuva, que
estabeleceu a produção de medicamentos antirretrovirais no contexto da
epidemia de HIV/AIDS.
Observe no quadro a seguir alguns eventos que marcaram a regulação da
assistência farmacêutico no Brasil na década de 1990.
Quadro 1.1 | Regulação Sanitária da Década de 1990 Relacionada à Assistência Farmacêutica
Regulação Características

Decreto nº 793/1993 Decreto presidencial que aborda impor-


tantes questões relacionadas aos genéricos
no Brasil.

Portaria MS/GM nº 1565/1994 Estabelece as diretrizes do Sistema Nacional


de Vigilância Sanitária (SNVS).

CPI (Comissão Parlamentar de Inquéri- Averiguação das falsificações de medica-


tos) 1999 mentos e a identificação da necessidade de
proposição de várias ações regulatórias.

Lei nº 9781/1999 Cria a Agência Nacional de Vigilância Sa-


nitária (Anvisa) com modelo de agência
autônoma.

Lei nº 9787/1999 Lei de genéricos que normatiza os aspectos de


qualidade e substituição de medicamentos.

Fonte: adaptado de Bermudez et al. (2018).

Reflita
A criação do Sistema Único de Saúde, regulamentado pelas Leis
Orgânicas da Saúde – Lei nº 8080/1990 e Lei nº 8142/1990 –, teve como
objetivos audaciosos assegurar os princípios de universalidade, integra-
lidade e equidade. Com base no que estudamos e nas evidências atuais,
questiona-se: esses princípios foram atendidos pela assistência farma-
cêutica? Quais os desafios futuros para garantir que o Sistema Único de
Saúde tenha o sucesso esperado no âmbito da assistência farmacêutica?

Com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde através de


insumos e medicamentos, em 1999 foi promulgada a lei dos genéricos (Lei
n° 9.787/1999), com o objetivo de ofertar medicamentos de qualidade e de
baixo custo, com vistas à garantia de maior acesso destes à população.

22
Essa lei determinou que os medicamentos e as prescrições médicas, no
âmbito do Sistema Único de Saúde, adotassem a denominação do princípio
ativo para que as compras do Sistema Único de Saúde dessem preferência ao
medicamento genérico, tendo em vista o menor custo relacionado ele. Veja
na Figura 1.2, como se deu a evolução da participação dos medicamentos
genéricos no mercado após a implantação da lei.
Figura 1.2 | Evolução dos medicamentos genéricos
900
800
700
600
MM US$

500
400
300
200
100
0
2001 2002 2003 2004 2005
genéricos 53 147 198 306 399
referência 833 517 385 403 406
similares 365 276 237 271 338

Fonte: adaptada de Quental et al. (2008). Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2008.v13su�


-
ppl0/619-628/. Acesso em: 10 set. 2019.

Boa parte dessa aceitação deu-se em razão da exigência regulatória de que


fossem realizados estudos de equivalência farmacêutica (demonstrando que
o genérico possui o mesmo fármaco, na mesma quantidade e forma farma-
cêutica que o medicamento de referência) e bioequivalência (demonstrando
que o genérico e o medicamento de referência, quando administrados nas
mesmas doses e condições experimentais, não apresentam diferenças estatis-
ticamente significantes em relação à biodisponibilidade).
Porém, um ponto que necessita de profunda reflexão está relacionado ao fato de
que o incentivo aos medicamentos genéricos não estimula a inovação de fármacos,
pois não existe a possibilidade de inovação incremental, já que esse medicamento
necessita ser uma cópia idêntica do medicamento de referência.
Assim, cabe a nós olharmos mais para o lado da experiência dos genéricos
dentro da articulação política de saúde como parte de uma estratégia mais
abrangente de ganhos de aumento da oferta e redução de preços.

23
Exemplificando
O estudo de Vieira e Zucchi (2006) exemplifica bem a redução de
preços que os medicamentos genéricos proporcionaram em relação
aos medicamentos de referência, redução esta que fica maior quando
existem mais laboratórios ofertando os mesmos genéricos, em face da
concorrência acirrada desse setor.

É possível notarmos os avanços alcançados pelo Sistema Único de Saúde


desde a sua criação, os quais envolvem os avanços científicos e tecnológicos,
especialmente os relativos a diagnósticos e tratamentos que contribuíram
para a relevância do uso de medicamentos na promoção e recuperação da
saúde e na prevenção de doenças.
Há que se destacar que muitos desses avanços estão na esfera da assistência
farmacêutica e refletem o esforço conjunto dos atores envolvidos na aplicação e
implantação dessa política no Sistema Único de Saúde. Um exemplo clássico desse
avanço está na grande presença de sistemas informatizados para a gestão da assis-
tência farmacêutica nos municípios, o que gera um desafio enorme relacionado à
integração em rede com os diferentes serviços de saúde.
Outros exemplos positivos são: a presença de serviços farmacêuticos
clínicos no gerenciamento da terapia medicamentosa, mesmo que de forma
incipiente; a institucionalização da assistência farmacêutica nos municípios brasi-
leiros, presentes nos planos municipais de saúde; e a existência da lista padronizada
de medicamentos.
Porém, persistem desafios importantes na ampliação e garantia do acesso
dentro das premissas do Sistema Único de Saúde, principalmente no tocante
à gestão e logística de insumos e medicamentos. Um ponto de destaque é a
situação sanitária desses medicamentos, cujas condições inadequadas de armaze-
namento podem impactar negativamente na qualidade, eficácia e segurança deles.
Dessa maneira, podemos determinar que a assistência farmacêu-
tica vem se consolidando e se aprimorando ao longo das últimas décadas,
estabelecendo, assim, uma mudança cultural importante para atingir seus
objetivos de promoção da saúde, prevenção de doenças e recuperação de
doenças e agravos, os quais estão focados na conscientização e na educação
da população através do uso racional de medicamentos. Diversas políticas
foram implantadas nesse processo e estão alinhadas com a necessidade de se
estabelecer as boas práticas da assistência farmacêutica, sem se esquecer das
lacunas e desafios que se apresentam e que devem ser mapeados para elabo-
ração de estratégias efetivas.

24
Sem medo de errar

No dia em que Alice estava em atendimento na Unidade Básica de Saúde,


o farmacêutico responsável recebeu a visita de um colega do NASF, com o qual
conversou bastante sobre a paciente. Entre os temas discutidos estavam algumas
dúvidas relacionadas aos serviços disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde,
como se as ações presentes hoje na Unidade Básica de Saúde sempre estiveram
presentes ou surgiram como resultado de modificações ao longo do tempo.
A assistência farmacêutica é resultado, principalmente, de ações desen-
volvidas na década de 1990 com a institucionalização do Sistema Único de
Saúde e de políticas voltadas para a assistência farmacêutica e o uso racional
de medicamentos, assim como para o desenvolvimento científico e tecno-
lógico, por exemplo, a política de genéricos. Como resultado da atuação de
diversos profissionais da área da saúde, com destaque ao papel do farmacêu-
tico, o centro das suas ações está alinhado ao uso racional de medicamentos
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e fazer cumprir
o papel social do farmacêutico. A Lei n° 9.787/1999 (Lei dos Genéricos)
buscou garantir maior acesso aos medicamentos através de produtos de
qualidade e de baixo custo, além de determinar outras ações no âmbito do
Sistema Único de Saúde, como a adoção da denominação do princípio ativo
deles, para que as compras do Sistema Único de Saúde dessem preferência ao
medicamento genérico em igualdade de preço e demais condições de aquisição.
Em resumo, os avanços obtidos na assistência farmacêutica refletem o
esforço conjunto de todos os profissionais envolvidos, como a presença de
serviços farmacêuticos clínicos no gerenciamento da terapia medicamentosa
e a existência de lista padronizada de medicamentos. Mas desafios também
se apresentam e necessitarão de elaboração de estratégias efetivas para gestão
e logística de insumos e medicamentos, por exemplo, nas condições de
armazenamento e na segurança dos fármacos.

Avançando na prática

Farmácia clínica e evolução da assistência


farmacêutica

Na UBS central de um município, o farmacêutico do NASF foi designado


para realizar uma palestra voltada aos técnicos de farmácia das outras UBSs
do município, e o tema era a farmácia clínica e a assistência farmacêutica. Durante

25
a palestra, as principais dúvidas dos técnicos foram sobre as atividades laborais,
tais como: a atribuição do farmacêutico clínico em farmácias privadas ou públicas
é exclusivamente dispensar medicamentos? O farmacêutico pode atuar em áreas
relacionadas à assistência farmacêutica, neste ou em outros segmentos?
Colocando-se no lugar do farmacêutico palestrante, como você respon-
deria a esses questionamentos?
Resolução da situação-problema
As transformações que a profissão do farmacêutico vem sofrendo ao
longo do tempo levaram-no do status que conhecemos hoje à farmácia
clínica, na qual a atuação do profissional aproxima o paciente/cliente da
equipe de saúde e possibilita o desenvolvimento das potencialidades relacio-
nadas à farmacoterapia, alinhado ao que é preconizado e estabelecido nos
conceitos da assistência farmacêutica, cujo objeto central passa pelas garan-
tias de fornecimento e uso seguro e racional de medicamentos, para que,
através da farmacoterapia, seja possível melhorar a qualidade de vida do
paciente/cliente.
Portanto, as atribuições do farmacêutico transcendem apenas a dispen-
sação de medicamentos e passa por inúmeras atividades de gestão e plane-
jamento, principalmente, quando o foco de trabalho é o Sistema Único de
Saúde e a assistência farmacêutica.

Faça valer a pena

1. Os medicamentos genéricos já são uma realidade no cotidiano da


população brasileira, e isso só foi possível devido à política que objetivou
democratizar o acesso aos medicamentos de referência. Com base nesse
contexto, analise a imagem a seguir, que apresenta a fonte de obtenção dos
medicamentos genéricos estratificado por classe econômica.

26
3,2 2,3 2,3
100

14,7 11,6
18,7
80,0

33,3
34,6
60,0
46,3
(%)

40,0

52,8
48,4
20,0
31,8

0
A/B C D/E

SUS Farmácia privada Programa Farmácia Popular Outra

Fonte: Bertoldi et al., 2016.

BERTOLDI, A. D. et al. Utilização de medicamentos genéricos na


população brasileira: uma avaliação da PNAUM 2014. Rev Saúde Publica,
Pelotas, v. 50, supl. 2, p. 11s, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf. Acesso
em: 16 set. 2019.
Assinale a alternativa que contenha a interpretação correta:
a. O Programa de Farmácia Popular apresenta-se como a principal fonte
de distribuição de medicamentos genéricos nas classes A/B.
b. O Sistema Único de Saúde apresenta-se como a principal fonte de
distribuição de medicamentos genéricos na classe C.
c. A farmácia privada apresenta-se como a principal fonte de distri-
buição de medicamentos genéricos nas classes D/E.
d. O Programa de Farmácia Popular apresenta-se como a principal fonte
de distribuição de medicamentos genéricos na classe C.
e. A farmácia privada apresenta-se como a principal fonte de distri-
buição de medicamentos genéricos nas classes D/E.

27
2. Os medicamentos genéricos vieram instituídos de uma missão:
ampliar a assistência farmacêutica e promover saúde à população. A imagem
a seguir apresenta os tipos de problemas de saúde, divididos em agudos ou
crônicos, tratados com medicamentos genéricos de acordo com a idade
dos usuários.
40,0

35,1 34,7
35,0

30,0 28,3
25,9
24,7 24,9 25,1
25,0 24,3
(%)

20,0

15,0

10,0

5,0

0
Agudo Crônico
Problema de saúde

0-9 anos 10-19 anos 20-59 anos ≥ 60 anos

Fonte: Bertoldi et al., 2016.

BERTOLDI, A. D. et al. Utilização de medicamentos genéricos na


população brasileira: uma avaliação da PNAUM 2014. Rev Saúde Pública,
Pelotas, v. 50, supl. 2, p. 11s, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf. Acesso
em: 16 set. 2019.
Assinale a alternativa que contenha a interpretação correta:
a. Na faixa de 0 a 9 anos, observa-se maior uso de medicamentos
genéricos no tratamento de casos agudos.
b. Na faixa de 10 a 19 anos, observa-se maior uso de medicamentos
genéricos no tratamento de casos crônicos.
c. Na faixa de 20-59, anos observa-se maior uso de medicamentos
genéricos no tratamento de casos agudos.
d. Na faixa de idade acima de 60 anos, observa-se maior uso de medica-
mentos genéricos no tratamento de casos crônicos.
e. Não é possível realizar inferência acerca do uso de medicamentos
genéricos baseados em casos agudos e crônicos.

28
3. O movimento sanitarista, junto com era democrática que vivemos desde o
final da década de 1980, culminou no desenvolvimento de políticas de saúde
que proporcionam aos cidadãos o direto à saúde. Nesse sentido, a assistência
farmacêutica se desenvolveu dentro desse contexto e, juntamente com ela,
outras políticas surgiram para consolidar as diretrizes do Sistema Único de
Saúde. Sobre isso, analise as assertivas a seguir e se existe relação entre elas:
I. A Política Nacional de Medicamentos foi lançada em 1998 com o
objetivo de reorientar a assistência farmacêutica no Brasil.
PORQUE
II. Em 1995, entrava uma nova categoria de medicamentos nas farmá-
cias brasileiras, a dos medicamentos genéricos.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

29
Seção 3

Relações de medicamentos essenciais

Diálogo aberto
O noticiário está repleto de informações relacionadas às dificuldades
enfrentadas pelo Sistema Único de Saúde para ofertar aos seus usuários os
medicamentos necessários para tratamento. Muitos desses problemas estão
ligados aos limitados recursos financeiros que obrigam o estabelecimento a
critérios de elegibilidade que visam a garantir tratamento farmacoterapêutico
às doenças mais prevalentes.
Temos como exemplo o caso de Alice, senhora viúva de 87 anos de idade
que é pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e cujos
proventos não são suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos
por seu médico para tratar uma série de comorbidades que apresenta e que
necessitam de tratamento farmacológico contínuo. Ao procurar a Unidade
Básica de Saúde (UBS) para obter os medicamentos através do SUS, foi
direcionada para o setor de triagem, que identificou suas necessidades e a
encaminhou ao farmacêutico da unidade.
Alice fez vários questionamentos para entender como funcionava a assistência
farmacêutica da unidade. Em um deles, a paciente quis saber se a responsabilidade
de fornecer os medicamentos a ela seria do município, do estado, ou da União.
Novamente, proponho que você se coloque no lugar do profissional e responda:
quais são os medicamentos essenciais para a atenção primária à saúde? Será que
realmente existe uma relação de medicamentos essenciais?

Não pode faltar

A Política Nacional de Medicamentos estabelece a implementação de


um novo modelo de assistência farmacêutica básica através do atendimento
das necessidades e prioridades locais. Consequentemente, as responsabili-
dades das esferas de governo nas políticas de medicamentos convergem para
assegurar o acesso da população ao tratamento farmacoterapêutico, sendo
que o Ministério da Saúde preconiza como essencial a descentralização da
aquisição e da distribuição destes medicamentos, com vistas a atender o
indicado pela Política Nacional de Medicamentos.

30
Porém, cabe destacar que essa descentralização não exime os gestores federais
e estaduais das responsabilidades relativas à aquisição e distribuição de medica-
mentos essenciais, pois as decisões tomadas por todas as esferas de governo devem
ser pautadas estritamente em critérios técnicos e bem estabelecidos.
Assim, para que as políticas de medicamentos alcancem os resul-
tados almejados, as três esferas gestoras do Sistema Único de Saúde devem
promover o contínuo desenvolvimento e capacitação de recursos humanos,
configurando mecanismos privilegiados de articulação intersetorial.
Todavia, o cotidiano evidencia o quanto é difícil assegurar à população o
acesso aos medicamentos, mesmo que este acesso seja um direito garantido
constitucionalmente aos usuários do Sistema Único de Saúde, o que deixa
evidente o abismo existente entre o SUS legal e o SUS real.

Assimile
É responsabilidade do Estado, dentro das suas três esferas de governo,
a garantia do direito à saúde (Constituição Federal de 1988), enfatizada
pela Política Nacional de Medicamentos, que trabalha em linha com a
Constituição e a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde como uma
política universalista e igualitária.

A Política Nacional de Medicamentos tem como objetivo garantir o


acesso da população aos medicamentos essenciais, diante disso, a Relação
Nacional de Medicamentos (Rename) assume papel de destaque por ser uma
das diretrizes e prioridades da Política Nacional de Medicamentos, tornan-
do-se um eixo estratégico da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
Em 1975, a Rename foi instituída por meio da Portaria nº 233, do
Ministério da Previdência e Assistência Social, com a proposta de ser perio-
dicamente revisada. A Rename é, atualmente, pautada na Prática Baseada em
Evidências, pois é através dessa relação que são procedidas as orientações das
ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica no Sistema
Único de Saúde, uma vez que essa relação de medicamentos serve como base
para elaboração e organização das listas estaduais e municipais.
De acordo com a Rename, os medicamentos ditos essenciais são aqueles
definidos pelo Sistema Único de Saúde para garantir o acesso do usuário ao trata-
mento medicamentoso, sendo que todos os medicamentos presentes nela estão
nos Componentes de Financiamento da Assistência Farmacêutica (Componente
Básico – CBAF, Componente Estratégico – CESAF e Componente Especializado
– CEAF), na Relação Nacional de Insumos Farmacêuticos, na Relação Nacional
de Medicamentos de Uso Hospitalar e nos fitoterápicos e homeopáticos.

31
A Rename busca proporcionar racionalidade à utilização de medica-
mentos através da eficácia, da qualidade e do custo-efetividade, que apresenta
como vantagens:
• Retirada de substâncias ineficazes ou tóxicas.
• Opção por medicamentos de melhor custo-efetividade em relação a
medicamentos equivalentes.
• Gerência mais eficiente de um estoque limitado de fármacos.
• Aderência ao que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS): eficácia, segurança, conveniência, qualidade e comparação
de custo.
Em face disso, a Rename é considerada como o eixo cíclico da assistência
farmacêutica, pois é a partir dela que as demais atividades de programação,
aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação são desenvolvidas.
Além do mais, é através da Rename que se abrangem medicamentos necessá-
rios para o tratamento e controle das doenças consideradas prioritárias, bem
como garante-se a melhoria no acesso, na equidade, na qualidade e na efici-
ência dos sistemas de saúde por meio da redução dos gastos desnecessários,
não sendo este um procedimento estático, mas para o qual se consideram as
novas evidências sobre os medicamentos e os tratamentos disponíveis.
Então, os medicamentos considerados na Rename são aqueles que:
• Apresentam menores riscos.
• Têm baixo custo.
• Têm prioridade aos medicamentos genéricos.
• Atendam quadro epidemiológico do país.
• Representam prioridades em saúde pública.
• Têm evidências de ensaios clínicos aleatórios, revisões sistemáticas
e metanálises.
• Apresentam aplicabilidade às condições nacionais.
Em face de tudo o que foi descrito, entendemos a seriedade de haver um
empenho multidisciplinar para que os prescritores possam notar a impor-
tância dessa lista e dar prioridade à Rename, pois é sabido que existem
problemas relacionados ao desabastecimento e à judicialização da assistência
farmacêutica, que, muitas vezes, indicam até medicamentos importados que
podem estar prescritos na farmacoterapia.

32
Assim, observa-se um grande desafio para garantir que haja ampla disse-
minação da Rename a todos os níveis de gestão pública da saúde, abrangendo
prescritores, setores acadêmicos, serviços de saúde e organismos profissionais.

Reflita
Se a Rename serve como base ao desenvolvimento científico e tecno-
lógico para produção de medicamentos, como podemos garantir que
esse desenvolvimento esteja voltado para o controle das enfermidades
prioritárias em saúde pública nos diversos níveis de atenção?

Estados também devem elaborar suas próprias listas de medicamentos


essenciais e, rotineiramente, atualizá-las com vistas a fortalecer o processo
de descentralização da gestão, além de priorizar e direcionar a aplicação de
recursos financeiros das três esferas de governo.
Assim, temos que a seleção dos medicamentos essenciais para os estados
compõe a Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme), que deve
utilizar a Rename como base, mas que pode incorporar medicações especí-
ficas e complementares, desde que sejam assumidos os financiadores respon-
sáveis. A elaboração da Resme segue critérios técnicos bem estabelecidos e
elaborados por uma eficiente equipe multidisciplinar.
Temos então os instrumentos de gestão utilizados nesta seleção, que são o
Plano Estadual de Saúde e o Relatório de Gestão, que estabelecem também a
forma de acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelo Estado
nos municípios.
A Resme existe com a finalidade de otimizar o acesso da população aos
medicamentos necessários e de fornecer tratamentos de maior qualidade e
segurança para o usuário. Essa relação é definida pelo gestor estadual com
base no perfil epidemiológico do estado e no elenco de medicamentos a
serem adquiridos diretamente por ele, entre os quais estão os medicamentos
do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Veja uma repre-
sentação esquemática desses componentes na Figura 1.3.

33
Figura 1.3 | Construção das relações de medicamentos

Políticas Públicas de Saúde


Política Nacional de Medicamentos

Pactuação entre as Atendimento de critérios


esferas de gestão técnicos, orçamentários,
envolvidos financeiros, administrativos
e legais

Situação Modelos
Seleção de Medicamentos
epidemiológica de atenção

Pedidos Pedidos
administrativos judiciais

Relação de medicamentos nacional,


estadual e municipal e outras listas

Fonte: Oliveira, Grochocki e Pinheiro (2011, p. 110).

Segundo o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais são as respon-


sáveis pelas pactuações nas Comissões Intergestoras Bipartite do Elenco de
Referência Estadual, de acordo com a necessidade local ou regional, finan-
ciada pelos recursos oriundos do Elenco de Referência Nacional. Para isso, as
Secretarias Estaduais devem encaminhar ao Ministério da Saúde o documento
resultante das Comissões Intergestoras Bipartites (resolução ou deliberação).
O Conselho Estadual de Saúde, dependendo da dinâmica de trabalho
no estado, participa do processo de discussão e/ou ratificação do elenco de
medicamentos essenciais e, como esse conselho permite a participação de
diferentes atores, este se torna um fator enriquecedor, podendo ser conside-
rado como fundamental para que o processo se realize.
Em resumo, o processo de revisão do elenco estadual se dá pela conso-
lidação da revisão do elenco no âmbito estadual, que gera a Resme e a
pactuação na Comissão Intergestora Bipartite, a qual emite a deliberação ou
resolução. Veja na Figura 1.4 esse processo.

34
Figura 1.4 | Processo de revisão do elenco estadual de medicamentos

Relação estadual de Consolidação da revisão do


medicamentos elenco no âmbito estadual
Estadual

Deliberação/Resolução CIB Pactuação na CIB

Fonte: adaptada de Oliveira, Grochocki e Pinheiro (2011, p. 117).

Já a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) é que


garante o acesso aos medicamentos da atenção básica nos municípios brasi-
leiros. Essa lista é baseada na Rename e considera a prevalência e incidência
de doenças e a organização dos serviços de saúde.
Os critérios mais utilizados pelos municípios para seleção, programação
e aquisição dos medicamentos são:
• Estar presente na Rename.
• Custo.
• Ser solicitado pelos prescritores.
Além disso, a adoção da Remume pelos municípios tem como aspecto
positivo a possibilidade de padronização e ampliação da capacidade geren-
cial deles. Porém, em casos de aquisição de medicamentos fora da Remume,
há o prejuízo de não possuir financiamento com recursos federais e estaduais.
Cabe destacar que a elaboração de uma Remume adequada pode propor-
cionar maior disponibilidade de medicamentos à população, evitar processos
judiciais, garantir maior diversidade de fármacos, ter maior aderência de
prescritores, reduzir gastos e evitar a duplicidade farmacológica.

Exemplificando
É papel do gestor municipal a elaboração da Remume baseada nas
necessidades decorrentes do perfil nosológico da população do
município. Porém, em casos de prescrição não padronizada, falta de
conhecimento do prescritor dos medicamentos disponibilizados e
diminuição do acesso dos usuários aos medicamentos essenciais, pode
haver dificuldades na padronização dos medicamentos na Remume.

35
Em resumo, as listas de medicamentos essenciais, sejam elas nacionais,
estaduais ou municipais, servem como importantes indicadores de qualidade
das prescrições, já que são concebidas a partir da epidemiologia e de critérios
de eficácia, segurança e qualidade de medicamentos. Por isso, suas atuali-
zações devem ser periódicas, realizadas por uma comissão multidisciplinar
que trabalhe conjuntamente à divulgação das listas aos prescritores e com o
abastecimento regular dos medicamentos.

Sem medo de errar

Alice, usuária do SUS, ao receber atendimento na UBS para obter os


medicamentos prescritos a ela, foi direcionada para o farmacêutico da
unidade. Como ela estava preocupada com a garantia de abastecimento
desses remédios para seu tratamento, perguntou se a responsabilidade por
eles seria do município, do estado ou da União. Com base nos questiona-
mentos de Alice, também foi proposto que você, aluno, refletisse sobre quais
são os medicamentos essenciais para a atenção primária à saúde. Existiria
uma relação de medicamentos essenciais?
Assim, fica evidente que é de responsabilidade do Estado, dentro de suas
três esferas de governo, a garantia do direito à saúde, sendo que a Política
Nacional de Medicamentos auxilia na garantia da oferta desse direito consti-
tucional por meio de uma política universalista e igualitária. Ela garante o
acesso da população aos medicamentos essenciais através da Relação Nacional de
Medicamentos (Rename), que serve de diretriz e prioridade para as demais listas.
A Rename é pautada na Prática Baseada em Evidências, pois é através dela que são
realizadas as ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica no
Sistema Único de Saúde, uma vez que essa relação serve como base para elaboração
e organização das listas estaduais e municipais.
Todos os medicamentos presentes na Rename estão nos Componentes de
Financiamento da Assistência Farmacêutica (Componente Básico – CBAF,
Componente Estratégico – CESAF e Componente Especializado – CEAF),
na Relação Nacional de Insumos Farmacêuticos, na Relação Nacional de
Medicamentos de Uso Hospitalar e nos fitoterápicos e homeopáticos. Diante
disso, a Rename é considerada o eixo cíclico da assistência farmacêutica, pois
é a partir dela que as demais atividades de programação, aquisição, armaze-
namento, distribuição e dispensação são desenvolvidas.
Dessa forma, os medicamentos considerados na Rename são os que
apresentam menores riscos, baixo custo, prioridade aos medicamentos
genéricos, atendimento ao quadro epidemiológico do país, prioridades em

36
saúde pública, evidências de ensaios clínicos aleatórios, revisões sistemáticas
e metanálises e aplicabilidade às condições nacionais.
Os estados também devem elaborar suas próprias listas de medicamentos
essenciais e, rotineiramente, atualizá-las, com vistas a fortalecer o processo
de descentralização da gestão e de priorizar e direcionar a aplicação de
recursos financeiros das três esferas de governo. A seleção de medicamentos
essenciais para os estados compõe a Resme, que deve utilizar a Rename como
base, podendo incorporar medicações específicas e complementares desde
que sejam assumidos os financiadores responsáveis.
Além disso, a nível municipal, temos a Remume, que garante o acesso
dos municípios brasileiros aos medicamentos da atenção básica, com base na
Rename, considerando a prevalência e incidência de doenças e organização
dos serviços de saúde.

Avançando na prática

Medicamento fora da Remume

O farmacêutico responsável pela assistência farmacêutica de um


município recebeu uma prescrição realizada pelo médico de Unidade Básica
de Saúde próxima, com a indicação de medicamentos que não estavam
presentes na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume).
O farmacêutico estava em dúvida se esses medicamentos deveriam estar no
estoque e se o médico poderia prescrevê-los. No lugar do farmacêutico, como
você resolveria essa situação?

Resolução da situação-problema
É possível, sim, que haja a prescrição de medicamentos inexistentes na
lista da Remume, ato que pode ser justificado pela inadequação da lista à
realidade e à necessidade de saúde da população, o que gera lacunas terapêu-
ticas. Além disso, não parece ser impeditivo aos prescritores a indicação de medica-
mentos não essenciais, mesmo com todo o regulatório que preconiza a prescrição
de medicamentos listados na Remume, de preferência os genéricos.
Nesse sentido, podemos determinar que parte dos medicamentos
prescritos não estão na Remume e, por isso, há necessidade de divulgar essa
lista para os profissionais que prescrevem medicamentos. Assim, para que
haja o sucesso da Remume, é necessária uma atualização permanente do

37
elenco de medicamentos, feita por uma equipe multidisciplinar, que garanta
o abastecimento regular de medicamentos na farmácia.

Faça valer a pena

1. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é que define a


lista de medicamentos que serão disponibilizados no Sistema Único de Saúde
para atender as necessidades epidemiológicas da população brasileira.
Tomando como referência a Rename, julgue as afirmativas a seguir em verda-
deiras (V) ou falsas (F).
( ) Todos os itens presentes na Rename devem estar presentes na Relação
Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme).
( ) Todos os itens presentes na Resme devem estar presentes na Relação
Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume).
( ) Todos os itens presentes na Remume devem estar presentes na Rename.
( ) Todos os itens presentes na Resme devem estar presentes na Rename.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a. V – F – V – F.
b. V – F – F – V.
c. V – V – F – F.
d. F – F – V – V.
e. F – V – F – V.

2. Em uma situação em que os dados epidemiológicos de duas cidades do


mesmo estado são bem divergentes, a assistência farmacêutica desses municí-
pios terá necessidades diferentes e precisará garantir o direito constitucional
da saúde às populações.
Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir:
I. A Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) dos
dois municípios, obrigatoriamente, precisa ser a mesma, pois são do
mesmo estado.
II. A Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme) deve ser
abrangente o suficiente para atender as demandas dos dois municípios.

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III. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) deve ser
abrangente o suficiente para atender as demandas dos dois municípios.
IV. A Remume dos dois municípios pode e deve ser diferente.

3. A assistência farmacêutica é uma das políticas do Sistema Único de Saúde


(SUS) e como tal é fundamental para a promoção e recuperação da saúde e
para a prevenção de doenças; ela possui como uma das principais caracterís-
ticas a garantia à população do acesso e do uso racional de medicamentos.
Com base na assistência farmacêutica, avalie as seguintes asserções e a relação
proposta entre elas.
I. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é
composta pelos medicamentos e insumos disponibilizados no SUS.
PORQUE
II. A Rename seleciona e padroniza medicamentos indicados para o
atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do SUS, com vistas
a garantir o acesso do usuário ao tratamento medicamentoso.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

39
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WHO Expert Committee. The selection of essential drugs. Geneva: WHO, 1977. (World
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docs/en/m/abstract/Js20185en/. Acesso em: 10 set. 2019.
Unidade 2
Flávia Soares Lassie

O ciclo da assistência farmacêutica

Convite ao estudo
A assistência farmacêutica, dentro da Política Nacional de Assistência
Farmacêutica, é parte integrante da Política Nacional de Saúde, que envolve
um conjunto de ações voltadas para promover, proteger e recuperar a saúde
da população por meio de ações importantes relacionadas ao uso racional
de medicamentos. Essas ações perpassam por uma série de atividades, que
vão desde a pesquisa e desenvolvimento dos medicamentos até a dispen-
sação destes, com atividades relacionadas também à garantia da qualidade
e análise dos resultados obtidos nos programas vigentes. Por se tratar de
um conjunto bem amplo de ações, torna-se necessária a compreensão desse
ciclo da assistência farmacêutica, como também conhecer e compreender as
estratégias e os aspectos fundamentais que fazem referência as suas etapas.
Além disso, é importante conhecer e compreender as ações que determinam
o acesso a medicamentos e serviços farmacêuticos de qualidade, para que
tenhamos capacidade de atuar nas etapas e processos do ciclo geral da assis-
tência farmacêutica com ênfase na gestão de processos e pessoas na prática
profissional.
Para atendermos aos objetivos da disciplina e desta seção de estudos,
teremos discussões sobre a gestão da assistência farmacêutica, quais aspectos
estratégicos e operacionais que determinam o ciclo da assistência farmacêu-
tica, a situação atual da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos no
contexto da assistência farmacêutica, como é realizada a seleção, progra-
mação, aquisição e armazenamento de medicamentos, bem como de que
maneira se dá a distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos, além
de compreendermos como é garantida a qualidade dos produtos e serviços.
Seção 1

Aspectos gerais do ciclo da assistência


farmacêutica

Diálogo aberto
Caríssimo aluno, é com muita satisfação que iniciamos esta seção de
estudos e aprendizagem! Ao assistir aos telejornais ou ao ler notícias de
revistas e de site de notícias da internet, provavelmente você já se deparou
com notícias relacionadas às pesquisas que indicam a necessidade de inclusão
de um medicamento na lista de disponibilização do SUS. Pois bem, toda essa
gestão é realizada pela assistência farmacêutica, um cenário bem complexo
que envolve processos e pessoas e que, por isso, está sob constante revisão
e adequação.
Seguindo nesse contexto, nesta unidade colocaremos como cenário
algumas situações da rotina de trabalho de um profissional farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica do município em que atua. Durante
as discussões para elaboração das estratégias de saúde, conjuntamente com
representantes de diversas áreas para participarem de uma reunião, houve
debates sobre as políticas de medicamentos e as políticas de assistência farma-
cêutica. Algumas reflexões surgem e é importante dedicarmos momentos
para análise e interpretação dessas questões, tais como: quais elementos
compõem essencialmente o ciclo de assistência farmacêutica? Como são
realizados esses processos?
Você, como profissional farmacêutico, auxiliou na análise situacional de
como se encontra a gestão da assistência farmacêutica no município? Quais
são os aspectos estratégicos que determinam o ciclo da assistência farma-
cêutica? Como se dá a operacionalização da assistência farmacêutica? Como
estavam as pesquisas e o desenvolvimento de medicamentos à luz da assis-
tência farmacêutica?
Para que possamos responder a todos estes questionamentos, precisamos
aprofundar nossos conhecimentos sobre o ciclo da assistência farmacêutica,
então, vamos lá? Bons estudos!

48
Não pode faltar

Estimado aluno, chegou o momento de debatermos amplamente sobre


todos os pontos levantados na reunião da secretaria e estabelecermos um
debate racional sobre os aspectos gerais da assistência farmacêutica.
Inicialmente, estabeleceremos um diálogo sobre a gestão da assistência
farmacêutica e o seu ciclo, apontada como um dos principais desafios para
a consolidação e aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde, fato eviden-
ciado pelas fragilidades da descentralização das ações e da capacidade de
gestão da assistência farmacêutica, as quais geram grande dificuldades para
se ofertar serviços farmacêuticos de qualidade.
O ciclo da assistência farmacêutica é um complexo de ações que se inter-
-relacionam e buscam integrá-la aos sistemas de saúde. Veja na Figura 2.1
o ciclo, sob a ótica da gestão técnica da assistência farmacêutica e a gestão
clínica do medicamento.
Figura 2.1 | Modelo lógico-conceitual do ciclo de assistência farmacêutica
Cadeia de abastecimento Aquisição
farmacêutico / Produção

Programação Gestão Técnica Armazenamento


da Assistência
Farmacêutica
Seleção
Distribuição

Nível assistencial
Dispensação Prescrição Avaliação Utente
Orientação Plano Terapêutico Diagnosticada Estado de Saúe

Antes do uso de medicamentos


Continuidade do cuidado Durante o uso de medicamentos
Avaliações periódicas
Problema de saúde não tratado
Indicações clínicas e Falha no acesso ao medicamento
objetivos terapêuticos Resolução Medicação não necessária
Desvio de qualidade do medicamento
Gestão clínica do Baixa adesão ao tratamento
Compreensão do medicamento Problemas Interação medicamentosa
utente e adesão Duplicidade terapêutica
terapêutica Discrepâncias na medicação
Falta de efetividade terapêutica
Efetividade e segurança Reação adversa ou toxicidade
da terapêutica Erro de medicação
Contraindicações
Outros...

Fonte: Correr; Otuki; Soler (2011, p. 5).

49
Assim sendo, para que esse ciclo ocorra, precisamos que a gestão da
assistência farmacêutica tenha em suas ações a elaboração e a aplicação
de medidas estruturantes, de modo que a gestão seja caracterizada pelas
diretrizes da participação, do controle social, da descentralização e da trans-
parência, norteado pelas diretrizes e normativas da legislação vigente que
visam garantir o acesso da população aos medicamentos.

Exemplificando
Você já ouviu falar do QUALIFAR-SUS? É um programa cujas ações
destinam-se à implantação, ao desenvolvimento, ao aprimoramento e
à integração sistêmica das atividades da assistência farmacêutica nas
ações e nos serviços de saúde, por meio de estratégias de qualificação
profissional e melhorias de estruturas físicas, tornando-as compatíveis
ao atendimento humanizado.
Além do QUALIFAR-SUS também temos o Sistema Nacional de Gestão
da Assistência Farmacêutica (Hórus), que apresenta a mesma função de
qualificação da gestão.

Sabemos que os programas de assistência farmacêutica buscam atender


aos pressupostos do Sistema Único de Saúde em todas as ações, entretanto,
estes só podem ser alcançados quando são realizados com planejamento
adequado, desde que tenham vínculo com a realidade e tenham a copartici-
pação dos conselhos de saúde. Com essas condutas, os gestores da assistência
farmacêutica estarão preparados para os desafios de se fazer gestão no Sistema
Único de Saúde, desenvolvendo assim as competências necessárias para reali-
zação de ações capazes de gerar os melhores e mais duradouros resultados.
As dificuldades apresentadas ao se realizar a assistência farmacêutica
estão associadas com a compreensão empírica atual que rege o modelo de
gestão, caracterizado como um conjunto de ações técnico-operacionais
delimitadas ao cuidado do medicamento e ao seu destino, mas com pouco
foco no destinatário. E, para que as ações de assistência farmacêutica tenham
como foco a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, as lacunas
existentes precisam ser preenchidas.
Em resumo, atualmente, observamos significativo descompasso entre o
que é proposto pelas normativas e o que se observa na realidade, evidenciado
pelos indicadores e fatores condicionantes da assistência farmacêutica.

Exemplificando

50
Muitos problemas da assistência farmacêutica ocorrem por sua
ausência nos planos de saúde do município, fato este que trava a gestão
e não permite a realização de planejamento adequado no contexto das
demais ações de saúde.

Nesse contexto, a Política Nacional da Assistência Farmacêutica traz que


a gestão deve ser descentralizada e articulada pelos municípios, estados e
União, por meio das pactuações na Comissão Intergestora Tripartite (CIT) e
na Comissão Intergestora Bipartite (CIB), que são as responsáveis por definir
o financiamento, atualizar os medicamentos essenciais elencados (RENAME
– Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e estabelecer o ordena-
mento na forma de acesso aos medicamentos.
Além desses fatores, a gestão da assistência farmacêutica contemporânea
trabalha com foco nas pessoas que fazem parte dos processos, e não nos produtos,
como era realizado antigamente. Ela atenta-se mais em como os profissionais
farmacêuticos colocam-se em relação ao usuário do sistema e o quanto esses
medicamentos precisam estar associados às pessoas, para que, dessa forma,
consigam integrar articuladamente os produtos, os serviços e o trabalho coletivo
de disponibilização, uso racional dos medicamentos, os resultados logísticos desses
processos, bem como seus resultados clínicos e sociais.
Para isso, uma ferramenta comumente utilizada na gestão da assistência
farmacêutica é o Planejamento Estratégico Situacional, que auxilia no plane-
jamento e na definição das ações a serem desenvolvidas para reverter os
problemas do cotidiano dos serviços de assistência farmacêutica.

Reflita
A assistência farmacêutica precisa ter clareza nas ações e no seu planeja-
mento. Isso requer a adoção de gestão estratégica de processos e de pessoas
para que as diretrizes do Sistema Único de Saúde sejam atendidas. Mas
será que essas premissas permitem atender a demanda por serviços de
saúde? Será que permitem atender programas ou ações estratégicas em
saúde? Quais pontos estratégicos do planejamento precisam ser conside-
rados para se atingir os objetivos da assistência farmacêutica no Sistema
Único de Saúde?

Também podem ser utilizados processos que apresentam excelentes


resultados na gestão da assistência farmacêutica:
1. Realizar escolhas fundamentadas no contexto técnico, social e político
da gestão.

51
2. Discutir as escolhas com diferentes atores deste processo.
3. Repensar sempre as escolhas considerando a assistência farmacêutica
em um processo contínuo e em constante aperfeiçoamento.
4. Possuir indicadores confiáveis e bem fundamentados.
Ao proceder com esse processo, garantimos ao ciclo da assistência farma-
cêutica a adoção de aspectos estratégicos que garantam o acesso da população
a esse serviço, a equidade nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de
assistência farmacêutica já existentes, a regulação e o monitoramento dos
medicamentos e sua articulação com programas estratégicos de saúde, como
os exemplos bem consolidados que temos da hanseníase e da saúde mental.
Aliás, por falar em programas estratégicos da assistência farmacêutica no
âmbito do Brasil, temos que esses são muitos e, ainda, apresentam destaque
internacional. Vamos conhecer alguns:
• Controle de Endemias:
– Tuberculose.
– Hanseníase.
– Malária.
– Leishmaniose.
– Chagas.
• IST/AIDS:
– Antirretrovirais.
– Sangue e hemoderivados.
– Imunobiológicos.
Como podemos observar, os programas estratégicos de Assistência
Farmacêutica necessitam do conhecimento sobre o perfil epidemiológico da
população para que as ações estratégicas tenham o resultado esperado, para
que os planejamentos de cuidado e atenção sejam bem elaborados e possam
atender às necessidades da população.
Porém, quando pensamos em municípios grandes, com alta capaci-
dade de investimento, podemos pressupor que uma boa gestão que faça
uso adequado de seus recursos é capaz de atingir os resultados esperados.
Todavia, também temos municípios menores, que não apresentam capaci-
dade de realizar boas compras e obter ganhos de escala, ficando, assim, com
suas ações mais limitadas. Como agir diante dessa situação?

52
Um modelo clássico para se contornar esse desafio é a formação de
Consórcios Intermunicipais de Saúde, os quais permitem aos municípios
menores usufruir do poder de compra e de uma infraestrutura melhor do
que poderiam ofertar sozinhos.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade dos medicamentos, que passam por maior
rigor na concessão de medicamentos, realização de permanente inspeção
nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica, pós-comercialização, farmaco-
vigilância, monitoramento da propaganda de medicamentos, investigação e
a abertura de canal de denúncia para uso da população.
Mesmo com todas essas opções estratégicas para se atingir a excelência na
assistência farmacêutica, observamos que muitos dos problemas enfrentados
pelos municípios brasileiros ocorrem por debilidade de infraestrutura, inefi-
ciência operacional e dificuldade na prestação do atendimento à população.
Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assistência
farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medicamentos
e precisam estar alicerçados em informações técnico-científicas para que,
assim, por esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade
de manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais. Como
consequência desse processo, teremos a adequada realização da assistência
farmacêutica, pois poderemos contar com as prescrições de medicamentos
relacionados na relação orientadora RENAME e a dispensação de medica-
mentos pelo processo informativo/educativo para o uso racional de medica-
mentos, fato que nos leva a entender a presença primordial do profissional
farmacêutico na atenção básica de saúde.

Assimile
A assistência farmacêutica não pode ser vista apenas como um setor
responsável pelo fornecimento de medicamentos com foco na aquisição
e distribuição, o que leva a uma fragmentação das atividades com
impacto na construção da prática centrada no medicamento, pois essa
é uma visão minimalista que traz prejuízos às atividades de supervisão e
orientação sobre o uso racional de medicamentos. Devemos entendê-la
como um programa que promove, protege e recupera a saúde por meio
de ações estratégicas e com alta eficiência operacional, voltadas para o
uso racional de medicamentos.

53
Diante de tudo o que foi exposto, ainda precisamos refletir sobre o ponto
relacionado à pesquisa e desenvolvimento no contexto da assistência farma-
cêutica, pois o atual cenário de desenvolvimento, produção e incorporação de
medicamentos à assistência à saúde está voltado para as grandes doenças que
geram maiores lucros. Isso demonstra a necessidade de se investir recursos
nas pesquisas e no desenvolvimento de medicamentos para programas de
saúde voltados para doenças negligenciadas, pois são justamente estas que
dispõem de poucas opções terapêuticas, caracterizadas pela baixa efetividade
e a alta prevalência de efeitos adversos.
Portanto, podemos considerar que o ciclo da assistência farmacêutica
em todos os seus aspectos de gestão, operacionais e estratégicos, necessita
estar associado no sentido da integralidade das ações nas relações entre as
pessoas que fazem parte desse processo, desde o acolhimento até a dispen-
sação, para que tenhamos um processo organizado com foco em seus três
grandes objetivos, que são a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
da população.

Sem medo de errar

Temos nesta seção o caso do profissional farmacêutico responsável pela


assistência farmacêutica do município que participou de uma rodada de
debates para elaboração de estratégias de saúde, na qual vários questiona-
mentos foram levantados: como estava a gestão da assistência farmacêutica?
Quais são os aspectos estratégicos que determinam o ciclo da assistência
farmacêutica? Como se dá a operacionalização da assistência farmacêutica?
Como estavam as pesquisas e o desenvolvimento de medicamentos à luz da
assistência farmacêutica?
Diante disto, temos que a gestão da assistência farmacêutica e o seu
ciclo são os principais desafios para a consolidação e aperfeiçoamento do
Sistema Único de Saúde, fato evidenciado pelas fragilidades da descentra-
lização das ações e da capacidade de gestão da assistência farmacêutica, as
quais geram grande dificuldades para se ofertar serviços farmacêuticos de
qualidade, principalmente pelo fato de o ciclo da assistência farmacêutica
ser um complexo de ações que se inter-relacionam e buscam integrá-la aos
sistemas de saúde.
A gestão da assistência farmacêutica precisa ter em suas ações a elabo-
ração e a aplicação de medidas estruturantes para que a gestão seja caracteri-
zada pelas diretrizes da participação, do controle social, da descentralização e
da transparência, norteada pelas diretrizes e normativas da legislação vigente
e com a garantia do acesso da população aos medicamentos.

54
Atualmente, observamos significativo descompasso entre o que é
proposto pelas normativas e o que se observa na realidade, evidenciado
pelos indicadores e fatores condicionantes da assistência farmacêutica, que
acontece devido ao fato dessa assistência contemporânea trabalhar com foco
nas pessoas que fazem parte dos processos e não com foco nos produtos.
Assim, temos o Planejamento Estratégico Situacional, que exerce a função
de auxiliar no planejamento e na definição das ações a serem desenvolvidas
para reverter os problemas do cotidiano dos serviços de assistência farmacêu-
tica, uma vez que uma boa gestão dessa assistência permite utilizar processos
que apresentam excelentes resultados em sua gestão, tais como realizar
escolhas fundamentadas no contexto técnico, social e político da gestão,
discutir as escolhas com diferentes atores desse processo, repensar sempre
essas escolhas considerando a assistência farmacêutica em um processo
contínuo e em constante aperfeiçoamento, além de apresentar indicadores
confiáveis e bem fundamentados. Ao proceder com esse processo, garan-
timos ao ciclo da assistência farmacêutica a adoção de aspectos estratégicos
que garantam o acesso da população a esse serviço de assistência, a equidade
nas ações de saúde, a qualificação dos serviços de assistência já existentes, a
regulação e o monitoramento dos medicamentos, bem como sua articulação
com programas estratégicos de saúde.
Outras ações estratégicas também se fazem necessárias para garantir a
maior eficiência da assistência farmacêutica, como as que são empregadas
para acompanhar a qualidade na concessão dos medicamentos, a realização
de permanente inspeção nos estabelecimentos da cadeia farmacêutica,
pós-comercialização, farmacovigilância, monitoramento da propaganda de
medicamentos, investigação e a abertura de canal de denúncia para uso da
população. Portanto, todos os aspectos operacionais relacionados à assis-
tência farmacêutica necessitam de conversão para o uso racional de medica-
mentos e precisam estar alicerçadas em informações técnico-científicas para
que, com esse modelo de gestão, seja possível a observação da capacidade de
manutenção e planejamento de recursos logísticos e gerenciais, consequen-
temente, adequada realização da assistência farmacêutica.

Avançando na prática

Ampliação da Assistência Farmacêutica

Você foi aprovado em concurso público para assumir as funções de farma-


cêutico da assistência farmacêutica e lhe foi passado o desafio de ampliar as

55
ações relacionadas a essa área. Considerando os aspectos gerenciais da assis-
tência farmacêutica, como contribuir para garantir a eficiência operacional
e financeira aliada à melhora positiva dos serviços de saúde? Como realizar
conjuntamente com os atores da assistência farmacêutica os direcionamentos
necessários para se atingir essa eficiência?

Resolução da situação-problema
Nesse caso, para que seja aplicada a eficiência operacional e financeira
integrada à assistência farmacêutica, é necessário que haja um trabalho
junto a todos os atores, desde os prescritores até a população, acerca do uso
racional dos medicamentos, deixando evidente que esse deve ser integrado às
demais políticas de saúde como parte do processo de cuidado e como parte
da rede de saúde, seja ela municipal, estadual ou regional.
Trabalho que só será possível se os principais atores que determinam os
direcionamentos que podem levar a eficiência operacional e financeira no
contexto da assistência farmacêutica estejam alinhados com esse fim, e isso
pode se dar com treinamentos e capacitações para garantir que todos estejam
alinhados a boas práticas de saúde.

Faça valer a pena

1. Preencha as lacunas do texto sobre a assistência farmacêutica.


O farmacêutico responsável pela gestão da assistência farmacêutica precisa
ter um papel de liderança _____________, para que possa realizar a
____________ das equipes, dos serviços de _________ e do controle social.
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas.
a. técnico-científica; qualificação; saúde.
b. cooperativista; centralização; internação.
c. cooperativista; qualificação; internação.
d. técnico-científica; centralização; saúde.
e. técnico-científica; qualificação; internação.

2. A assistência farmacêutica possui, dentro do seu espectro de planeja-


mento estratégico, a equidade e a qualificação dos serviços de saúde. Analise
as sentenças, em relação ao rol de programas estratégicos da assistência
farmacêutica.

56
I. Controle de endemias: tuberculose.
II. Controle de endemias: cefaleia.
III. Controle de endemias: hanseníase.
IV. Controle de IST: antirretrovirais.
V. Controle de IST: dengue.
Baseado na análise dos programas, quanto a estarem inclusos nas estraté-
gicos da assistência farmacêutica, é correto o que se afirma em:
a. Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
b. Somente as sentenças I, III e V estão corretas.
c. Somente as sentenças II, IV e V estão corretas.
d. Somente as sentenças I, III e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças II, III e V estão corretas.

3. Assim como as demais políticas que compõem o Sistema Único de Saúde,


a assistência farmacêutica tem ações específicas voltadas para atender as
diretrizes estabelecidas na legislação e, por ser responsabilidade do Estado,
necessita de regulação quanto a aspectos orçamentários e sobre o modelo de
financiamento.
Com base no financiamento da assistência farmacêutica, avalie as seguintes
asserções e a relação proposta entre elas.
I. O modelo de financiamento da assistência farmacêutica é tripartite.
PORQUE
II. É estabelecido pelas gestões e representações dos níveis municipais,
estaduais e nacional.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

57
Seção 2

Seleção, programação, aquisição e


armazenamento de medicamento

Diálogo aberto
Vivemos, atualmente, em uma geração altamente conectada e ciente de
seus direitos e deveres. Isso leva à necessidade cada vez maior da formação de
profissionais proativos e adaptáveis a mudanças que ocorrem em ritmos mais
velozes. Se analisarmos e aplicarmos ao contexto da assistência farmacêutica
toda essa evolução científica e tecnológica acelerada, torna-se necessário que
o profissional farmacêutico disponha de competências relacionadas à proati-
vidade e adaptáveis a mudanças, além de outras que se apresentarão durante
seu processo formativo.
Pois bem, o profissional farmacêutico responsável pela assistência farma-
cêutica de um município participa ativamente de muitas discussões e debates
das políticas e medicamentos e de debates e ações para aprimoramento da
aplicação das políticas públicas voltadas à assistência farmacêutica. Vamos
nos colocar em uma situação hipotética, em que você é o responsável pela
assistência farmacêutica do município e precisa alinhar junto aos órgãos
gestores quais medicamentos são necessários para atender as demandas de
saúde da população local. Para isso, você precisa responder alguns questio-
namentos: como é feito o processo de seleção de medicamentos? Como é
realizada a programação de medicamentos? Como é procedida a aquisição
desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de medicamentos?
Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os pontos de melho-
rias de todos esses processos?
A partir desses questionamentos faremos todo o processo de aprendi-
zagem de seleção, programação, aquisição e armazenamento de medica-
mentos no contexto da assistência farmacêutica, essenciais para que você se
torne um profissional de destaque e muito sucesso no mercado de trabalho.
Portanto, dedique-se e aproveite bem este momento!

Não pode faltar

Chegou o momento de aprofundarmos nossos conhecimentos relacio-


nados aos questionamentos apresentados. Iniciaremos com os aspectos gerais do
processo de seleção de medicamentos, que faz parte das etapas do ciclo básico e é

58
essencial para que todo o ciclo assistencial funcione adequadamente, pois é a partir
da seleção de medicamentos que se desenvolvem as demais etapas.
A seleção é caracterizada como sendo um processo de escolha de medica-
mentos baseada em critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos,
estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). Essa
comissão busca permitir a disponibilização de medicamentos e insumos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde,
de modo que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção e
políticas farmacêuticas.
Esse processo de seleção é definido, estabelecido e consensuado em
uma relação de medicamentos essenciais, de acordo com o perfil epide-
miológico da população local, para que sejam atendidas as necessidades
reais da população e seja contemplado o elenco mínimo obrigatório para a
atenção básica.
A seleção de medicamentos deve gerar um formulário terapêutico com as
informações técnicas e científicas mais importantes e atualizadas sobre cada
um dos medicamentos selecionados, para que possam ser utilizadas durante
a prescrição e dispensação de medicamentos. Vale destacar que esse processo
deve ser atualizado periodicamente, além de sempre contar com o auxílio da
comunidade científica.
É comum observamos a coordenação do processo de seleção sob
responsabilidade de profissionais farmacêuticos que atuam nas Secretarias
Municipais de Saúde, em Centros de Atendimento Psicossocial e em Serviços
de Atendimento Especializado, além de médicos, dentistas e enfermeiros. O
racional empregado é basicamente o seguinte: segue-se uma cadeia hierár-
quica na qual uma lista nacional é realizada primeiramente (RENAME),
depois é feita a lista estadual (RESME) e, então, a lista municipal (REMUME).
Alguns critérios podem e devem ser utilizados para a seleção de medica-
mentos, por exemplo: para a seleção de medicamentos na lista municipal,
este deve constar no Elenco de Referência do Componente de Assistência
Farmacêutica Básica das esferas federal e estadual; deve atender às doenças
prevalentes; deve ser analisada a facilidade de adesão e o custo e, além disso,
o medicamento deve ser a primeira escolha para tratamento. Assim como são
excluídos os medicamentos poucos prescritos e os já excluídos da RENAME.
Todavia, observamos também que alguns municípios não possuem
REMUME e fazem a seleção dos medicamentos através de processo licita-
tório, muitas vezes baseadas nas prescrições médicas e nos custos dos
medicamentos. Entretanto, vale frisar que, normalmente, o processo de

59
seleção dos medicamentos é realizado a partir da indicação de profissionais
da saúde, tendo influência do farmacêutico responsável, pois esse é o profis-
sional conhecedor dos medicamentos que utilizará a denominação genérica,
concentração, forma farmacêutica e apresentação, conforme recomenda
o Ministério da Saúde. Além disso, não se pode esquecer que durante o
processo de seleção é primordial considerar os recursos disponíveis.

Assimile
A seleção de medicamentos é considerada como eixo norteador de
ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica, para
garantir o acesso a medicamentos eficazes, seguros e efetivos para
todos os usuários do Sistema Único de Saúde.
Através da seleção é produzida a Lista Essencial de Medicamentos
(LEM), da qual deriva o formulário terapêutico e diretrizes clínicas, pois
ela é capaz de produzir resultados que orientem as condutas clínicas
e as atividades gerenciais relacionadas à disponibilização de medica-
mentos pelo Sistema Único de Saúde.

A etapa de programação assegura um serviço de assistência farmacêutica


confiável, com vistas a garantir a oferta de medicamentos efetivos e seguros.
Para isso, o planejamento é essencial para que sejam disponibilizados
oportunamente os medicamentos e consiste em um importante recurso para
tomada de decisão, como na definição de prioridades, na garantia da oferta
de medicamentos e insumos, bem como na condição de oferecer interven-
ções efetivas. Isso envolve a previsão de todos os fatores que possam estar
relacionados a falhas de planejamento e, consequentemente, afetar a confia-
bilidade da assistência farmacêutica.
Um dos principais fatores para boa programação é a observação da dispo-
nibilidade orçamentária, em razão da influência que exerce na definição
das prioridades e quantidade de medicamentos e insumos que poderão ser
comprados para o período programado. No Sistema Único de Saúde, temos
um instrumento denominado Programação Anual de Saúde, que visa estabe-
lecer o orçamento com projeção granular do consumo baseado nas necessi-
dades dos serviços de saúde, a fim de garantir o abastecimento de medica-
mentos e insumos com qualidade, além da quantidade requerida
A programação é orientada pela RENAME, que disponibiliza, de forma
padronizada, medicamentos de qualidade que propiciam ganhos terapêu-
ticos e econômicos para garantir que seu uso seja realizado de forma racional,
tanto na prescrição quanto no uso dos medicamentos.

60
Assim como nas demais etapas, na programação é necessário que haja uma
equipe de alto nível e bem treinada para o desenvolvimento desse processo,
além de um espaço físico específico, materiais administrativos e uma rede de
dados que forneça informações confiáveis para a tomada de decisão.
Assim, a programação consiste em estimar as quantidades necessárias
para atendimento à demanda de serviços, com vistas a evitar o desabaste-
cimento de medicamentos. As atividades de programação dependem de
informações gerenciais consistentes que permitem definir quando e quantos
medicamentos devem ser adquiridos, mas, para tanto, é necessário o estabe-
lecimento de preceitos e procedimentos com estabelecimento de metodo-
logia de trabalho, imputações, encargos e prazos, bem como instrumentos
apropriados (planilhas, formulários e instrumentos de avaliação), periodici-
dade e método.
O primeiro passo da programação perpassa pela identificação das neces-
sidades da população por meio de critérios técnicos para estimar a demanda,
como a carga da doença e sua prevalência, oferta de serviços disponíveis e
outras informações de sistemas de informação do Sistema Único de Saúde.
Precisamos destacar, no entanto, que o mais importante a ser considerado
para definição da quantidade de medicamentos é o perfil de morbimorta-
lidade. Além desses, outros elementos também são considerados indispen-
sáveis, tais como: a gestão de estoque, infraestrutura de recursos físicos,
humanos e de materiais, a disponibilidade orçamentária e financeira, os
protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas, o formulário terapêutico
nacional e o custo unitário de cada tratamento.
O método de programação parte de informações como: a descrição
detalhada das especificações do medicamento, a justificativa, o cronograma
de aquisição e entrega, a forma ou modalidade de aquisição, a pesquisa de
preço e o cálculo do custo.
Como a disponibilidade orçamentária é algo fundamental na progra-
mação da assistência farmacêutica, a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos criou o Coeficiente de Adequação de Preço, caracterizado
como um abatimento mínimo obrigatório incidente sobre o valor de fábrica
de alguns medicamentos nas compras executadas pela administração pública
(direta ou indireta) das três esferas de governo, o que possibilita otimizar a
utilização dos recursos disponíveis para aquisição de medicamentos.
Além disto, a etapa de programação necessita determinar critérios de
aceitação bem específicos, como: a data de fabricação até a data de entrega,
que não pode ter passado mais de 20% do prazo de validade do medica-
mento; a embalagem deve estar íntegra e em perfeito estado; o transporte

61
e o armazenamento devem ser realizados de acordo com as especificações
técnicas do produto, apresentação do laudo de controle de qualidade no
momento da sua entrega; cópia autenticada da licença de funcionamento ou
alvará sanitário; e cópia autenticada dos documentos emitidos pela Anvisa
(autorização de funcionamento do fabricante, autorização especial do fabri-
cante se o medicamento for de controle especial, registro válido do medica-
mento, certificado de boas práticas de fabricação e controle de medicamentos
válido por linha de produção, cerificado de boas práticas de distribuição e
armazenamento de medicamentos válido).
Assim, conclui-se que a programação permite a aquisição de medica-
mentos de qualidade e com menor custo.

Reflita
Se programar consiste em estimar a quantidade de medicamentos que
devem ser adquiridos para atendimento a determinada demanda da
assistência farmacêutica por determinado período de tempo, reflita
sobre como evitar aquisições desnecessárias, perdas e descontinuidade
na assistência farmacêutica.

Já o processo de aquisição de medicamentos é umas das principais ativi-


dades da assistência farmacêutica e está muito relacionada às ofertas de
serviços e cobertura de programas de saúde. Para se ter uma boa aquisição,
primeiramente deve ser feita uma seleção adequada do que, quando e quanto
comprar, sendo o principal fator o como comprar.
A aquisição de medicamentos pode ser realizada através de cooperação
entre municípios, pois existe a possibilidade de realidades de saúde comuns a
municípios de uma determinada região. Além disso, essas aquisições podem
ser feitas por meio de licitação, dispensa de licitação ou inexigibilidade de
licitação, processadas com laboratórios oficiais ou por meio do sistema de
registro de preços, obedecendo critérios técnicos e legais. Porém, a aquisição
não se restringe apenas a como comprar, mas deve-se levar em conta outros
fatores de planejamento e estratégia.
O processo de aquisição, quando acontece no setor público, é complicado
por envolver uma série de exigências legais e administrativas que necessitam
ser cumpridas e que só terão sucesso se houver prioridade na garantia do
medicamento e insumo à população. A forma de licitação vem sendo bastante
utilizada para a aquisição de medicamentos por permitir padrões de quali-
dade e performance abertamente definidos de maneira material no edital,
por determinar prazo mínimo de divulgação do pregão e por utilização de

62
vários meios de divulgação (diário oficial, internet e jornal de grande circu-
lação local).
Mas, para divulgar o edital, a administração pública precisa demonstrar a
necessidade de aquisição, o consumo médio mensal do produto e os estoques
para, posteriormente, definir o objeto e as condições, dentre outras informa-
ções que devem constar no edital para, em seguida, submeter à análise do
órgão jurídico.
Após a divulgação do edital é elaborada a Ata de Registro de Preços, que
fica à disposição da Administração Pública por 12 meses, para ser utilizada
quando for necessário efetuar a contratação. Em seguida, tem-se a fase de
aquisição, que é simples e rápida, pois já foi procedida a normalização do
processo de aquisição, os pedidos de compras já foram devidamente instru-
ídos, já foi realizada a reserva orçamentária, a contratação e a emissão da
ordem de fornecimento.
Entretanto, as aquisições sem licitação precisam manter a formalidade
processual, ou seja, apresentar a justificativa da necessidade de aquisição,
demonstração de que os preços são compatíveis com os praticados no
mercado, demonstração de recursos orçamentários, apreciação de minuta
de contrato pelo departamento jurídico, juntamente com as propostas e
documentos necessários, ato de dispensa ou inexigibilidade da licitação
devidamente fundamentado.
A aquisição é financiada com valor per capita destinado à aquisição de
medicamentos para atenção básica, transferida a estados, Distrito Federal
e municípios, conforme pactuação nas Comissões Intergestores Bipartite,
totalmente descentralizada, na qual os gestores estaduais e federais têm a
responsabilidade de financiamento como contrapartida aos recursos do
gestor federal. Já a aquisição de medicamentos de dispensação excepcional
segue sob responsabilidade dos estados e/ou Ministério de Saúde, e a dispen-
sação de responsabilidade, do estado.
Quando a aquisição e distribuição dos medicamentos é executada pelo
Ministério da Saúde, obedecem aos quantitativos programados pelos estados,
e o valor da tabela do medicamento será igual a zero.

Exemplificando
Uma forma de analisar o desempenho de processos relacionados à
gestão de compras é buscar o volume de compras e a pontualidade do
atendimento das requisições de compra.
O volume de compras é a razão entre o valor total das compras efetivas
pelo valor total previsto para compras. Assim como a pontualidade do

63
atendimento das requisições de compra é a razão entre o número total
de requisições no prazo pelo número total de requisições realizadas.

Além disso tudo, é necessário ainda que haja o adequado armazena-


mento desses medicamentos, pois somente assim será possível que seu uso
alcance sua finalidade no sistema de saúde. Para isso, pode-se contar com as
seguintes estruturas:
• Aparelho de ar condicionado.
• Armário com chave para medicamentos controlados.
• Refrigerador/geladeira para armazenamento exclusivo de medicamentos.
• Estantes ou prateleiras para o armazenamento de medicamentos e insumos.
• Termômetro digital.
• Higrômetro.
• Caixas tipo Bin para armazenamento desses medicamentos.
As condições ambientais devem ser garantidas tanto na área de armaze-
namento quanto nas áreas de dispensação, especialmente no tocante ao
controle de temperatura e umidade e sistema interno de circulação de ar.
O que se observa, todavia, é que as condições sanitárias em um contexto
geral são inadequadas e revelam que as recomendações do Ministério da
Saúde para orientar a estruturação das farmácias ainda são pouco seguidas.
Cabe destacar que o armazenamento dos medicamentos envolve uma série
de procedimentos técnicos e administrativos que reduz as perdas de medica-
mentos e é fundamental para manutenção da qualidade dos fármacos, uma
vez que sua qualidade e eficácia são diretamente relacionadas à manutenção
de sua estabilidade em relação às condições de armazenamento e manuseio.
Em resumo, os medicamentos são produtos delicados e sensíveis,
fabricados a partir de técnicas rigorosas e, portanto, requerem condições
adequadas de transporte, armazenamento e manuseio como parte do sistema
de regulação sanitária. Assim, a assistência farmacêutica tem como principal
objetivo garantir que seja promovida a saúde por meio do uso racional de
medicamentos essenciais.

Sem medo de errar

Temos uma situação hipotética, em que você é o responsável pela assis-


tência farmacêutica do município e precisa alinhar junto aos órgãos gestores

64
quais medicamentos serão selecionados. Para tanto, surgem algumas
questões: como é realizada a programação de medicamentos? Como é proce-
dida a aquisição desses medicamentos? Como se dá o armazenamento de
medicamentos? Além disso, quais são as boas práticas existentes e quais os
pontos de melhorias de todos esses processos?
A seleção de medicamentos é baseada em critérios epidemiológicos,
técnicos e econômicos, estabelecidos por uma Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT). Essa seleção visa garantir a oferta de medicamentos
seguros, eficazes e com bom custo/efetividade no Sistema Único de Saúde
para que seja possível racionalizar o uso desses medicamentos, harmo-
nizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição, produção
e políticas farmacêuticas. Ele segue alguns critérios, por exemplo: para a
seleção de medicamentos na lista municipal, o medicamento deve constar
no Elenco de Referência do Componente de Assistência Farmacêutica Básica
das esferas Federal e Estadual, deve atender às doenças prevalentes e deve
ser analisada a facilidade de adesão, o custo e se o medicamento é a primeira
escolha para tratamento.
Já a etapa de programação assegura um sistema de abastecimento de
saúde confiável, com disponibilização de medicamentos seguros e eficazes,
por meio de disponibilidade oportuna de medicamentos e, além disso,
consiste na base para definir prioridades, garantir a oferta de medicamentos
e assegura intervenções efetivas, observando a disponibilidade de recursos
financeiros.
Temos ainda o processo de aquisição de medicamentos, que é umas das
principais atividades da assistência farmacêutica e encontra-se muito relacio-
nada às ofertas de serviços e cobertura de programas de saúde. Assim, para
se ter uma boa aquisição, primeiramente deve ser feita uma seleção adequada
do que, quando e quanto comprar, sendo o principal fator o como comprar.
Importante destacar que essa aquisição de medicamentos pode ser reali-
zada através de cooperação entre municípios, e pode ser feita por meio de
licitação, dispensa de licitação ou inexigibilidade de licitação, processadas
com laboratórios oficiais ou por meio do sistema de registro de preços,
obedecendo critérios técnicos e legais. Porém, a aquisição não se restringe
apenas a como comprar, mas deve levar em conta outros fatores de planeja-
mento e estratégia.
Por fim, não devemos nos esquecer de que, após a compra, o adequado
armazenamento permite que o uso dos medicamentos alcance sua finalidade
no sistema de saúde. As condições ambientais devem ser garantidas, tanto
na área de armazenamento quanto nas áreas de dispensação, pois os medica-
mentos são produtos delicados e sensíveis, fabricados a partir de técnicas

65
rigorosas, que requerem condições adequadas de transporte, armazena-
mento e manuseio.

Avançando na prática

Ciclo da assistência farmacêutica

Você é o farmacêutico responsável pela assistência farmacêutica do


município, e recebeu um paciente com diagnóstico de infecção respiratória
com tratamento farmacoterapêutico prescrito por dez dias, utilizado três
vezes ao dia, trinta unidades no total. Como foi garantida a adequada dispen-
sação e disponibilização desse medicamento ao paciente? Quais aspectos
do ciclo da assistência farmacêutica evitam o desabastecimento de medica-
mentos no município?

Resolução da situação-problema
A disponibilização eficiente de medicamentos e o uso racional de medica-
mentos depende de todo o ciclo gerencial da assistência farmacêutica, desde
a efetiva interação e gerenciamento das finanças e orçamentos, utilização
precisa dos sistemas de informação, identificação e capacitação das equipes,
estabelecimento de sistemas de monitoramento e avaliação. Portanto, para
evitar o desabastecimento, é necessária a compreensão do ciclo e da estru-
tura organizacional.

Faça valer a pena

1. A seleção de medicamentos é uma das principais peças do ciclo da assis-


tência farmacêutica pois ajuda a evitar desperdícios de recursos escassos com
medicamentos desnecessários, inseguros e ineficazes.
Com base no exposto sobre a seleção de medicamentos, analise as
sentenças a seguir:

I. A seleção de medicamentos é baseada na prevalência de doenças.


II. A seleção de medicamentos independe de recursos orçamentários.
III. A seleção de medicamentos é baseada nas prescrições médicas.

66
IV. A seleção de medicamentos é baseada na relação de medicamentos
essenciais
Assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças I e II estão corretas.
b. Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I e III estão corretas.
d. Somente as sentenças II e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças I e IV estão corretas.

2. Preencha as lacunas sobre o processo de aquisição de medicamentos:


Um processo de aquisição garante que os medicamentos _____________
serão adquiridos por preços ___________, qualidade ___________ e no
momento correto.
Com base nas informações, assinale a alternativa que preencha corretamente:
a. selecionados; razoáveis; inverificável.
b. selecionados; razoáveis; aceitável.
c. disponíveis; elevados; aceitável.
d. disponíveis; elevados; inverificável
e. selecionados; elevados; aceitável

2. Como o processo de armazenamento é constituído com um conjunto de


procedimentos que envolvem desde o recebimento até a guarda/estocagem
dos medicamentos em locais seguros. Analise as assertivas a seguir e se existe
relação entre elas:
I. As condições de armazenamento devem ser as menos onerosas possíveis.
PORQUE

II. Os medicamentos são produtos delicados e sensíveis, fabricados a


partir de técnicas rigorosas, que requerem condições adequadas de
transporte, armazenamento e manuseio.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.

67
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

68
Seção 3

Distribuição, prescrição, dispensação e


processos finais

Diálogo aberto
Nos últimos tempos tem se tornado comum visualizarmos notícias
sobre falta de medicamentos de distribuição gratuita em diversos estados. É
alarmante, pois muitos pacientes/usuários do Sistema Único de Saúde ficam
meses sem o acesso aos medicamentos e, consequentemente, sofrem com
comprometimento do tratamento.
Seguindo o contexto de aprendizagem desta unidade, o farmacêutico
responsável pela assistência farmacêutica de um município se depara com
mais uma reunião de alinhamento e definições de diretrizes que se fazem
necessárias para cumprimento das políticas públicas de medicamentos e
assistências farmacêuticas no âmbito do SUS. Nessa reunião, a pauta dos
gestores da secretaria de saúde era sobre as adequações e melhoramentos
nos processos de distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos no
município, bem como formas de avaliar e garantir a qualidade dos serviços
farmacêuticos prestados à população. Você, no lugar do profissional farma-
cêutico, elencaria quais pontos para que esses objetivos fossem alcançados de
maneira satisfatória?
Para que possamos responder a esse e a outros questionamentos, traba-
lharemos nesta seção conteúdos inerentes aos processos de distribuição,
prescrição e dispensação de medicamentos, bem como procedimentos que
garantam a qualidade de produtos e serviços.

Não pode faltar

Dentro do contexto das ações de promoção, proteção e recuperação da


saúde, temos a assistência farmacêutica e seu ciclo com especial destaque,
uma vez que a ausência de medicamentos pode provocar interrupções do
tratamento e, assim, afetar a qualidade de vida dos usuários e a credibilidade
dos serviços farmacêuticos e do sistema saúde como um todo.
Como o Brasil apresenta dimensões continentais, temos, dentro do
processo de distribuição, a logística de transporte multimodal (aéreo e
terrestre) dos insumos considerados estratégicos para as políticas nacionais
de saúde, realizada geralmente por empresa contratada pelo Ministério da Saúde.

69
A distribuição de medicamentos necessita de uma análise acurada de todo o
processo, pois ela depende das características da região que se pretende atender
(quente, fria, longe, pobre, etc.), já que essas informações influenciam o planeja-
mento para as condições ideais de distribuição, desde a embalagem secundária ao
acondicionamento, bem como toda cadeia de logística envolvida nesse processo.
Um exemplo clássico da falta dessa informação é quando há medicamentos
necessitam de armazenamento em geladeira logo após seu desenvolvimento. Esse
tipo de medicamento necessitará de transporte em cadeia logística fria, que nem
sempre está disponível; assim como nem sempre os usuários disporão de geladeiras
para acondicioná-los.
Após a finalização da compra, os medicamentos e insumos são remetidos
ao Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do Ministério da
Saúde, das secretarias estaduais ou municipais de saúde, que providenciam a dispo-
nibilização dos medicamentos aos usuários do SUS.
A logística de distribuição de medicamentos inicia-se quando há falta ou
diminuição dos estoques dos medicamentos nos serviços de saúde do município.
Isso fará com que o diretor do serviço elabore uma lista de necessidades e, após
autorização do pedido, os produtos sejam retirados da Central de Abastecimento
Farmacêutica e posteriormente enviados para a unidade básica de saúde. Todo
esse processo é registrado no sistema Hórus (sistema informatizado, disponibili-
zado aos estados e municípios pelo Ministério da Saúde, para gestão da assistência
farmacêutica).

Assimile
A etapa de distribuição de medicamentos é caracterizada pelo supri-
mento às unidades de saúde em quantidade, qualidade e tempo
oportuno, ou seja, ela se inicia com a solicitação de medicamentos para
o nível de distribuição envolvido, com vistas a suprir as necessidades
desses medicamentos por um determinado período de tempo.

Como os medicamentos consomem considerável parte do orçamento desti-


nado à saúde, é justificada a adoção de medidas para o uso racional de medica-
mentos, assim como sua efetiva distribuição, baseada nas demandas da comuni-
dade. Para isso, o farmacêutico deve gerenciar cuidadosamente o intervalo de
tempo entre as distribuições, pois quanto menor a periodicidade, maiores são os
custos de distribuição.
E para que não haja desabastecimento nem custos excessivos com a distribuição,
faz-se necessário estabelecer um cronograma com fluxos, prazos de execução
e periodicidade da entrega, considerando a capacidade de armazenamento,

70
demanda, local, tempo de aquisição, disponibilidade de transporte e recursos
humanos. Para isso, é necessário dispor de dados consistentes sobre consumo de
produtos pelas unidades dispensadoras, perfil epidemiológico do município, oferta
e demanda de serviços de saúde, recursos humanos capacitados e disponibilidade
financeira.
Portanto, a adoção de Procedimentos Operacionais Padrões (POP), acompa-
nhada de instrumentos de controle, é imprescindível para orientar a execução de
tarefas de controle quali e quantitativo de medicamentos, que remetem a atividades
desde a recepção dos medicamentos até às movimentações realizadas.
Em resumo, é fundamental que a distribuição seja centrada no paciente/
usuário e não na estrutura administrativa, com pilares que permitam o acesso e
o uso racional de medicamentos. Pois a distribuição de medicamentos não deve
ser abordada apenas como um componente do ciclo da assistência farmacêutica,
mas sim como um importante instrumento para aumento da resolubilidade da
promoção integral à saúde.
Veja na Figura 2.2 um fluxograma que traz um padrão de distribuição de
medicamentos no contexto municipal.
Figura 2.2 | Fluxograma da distribuição de medicamentos em municípios

Fornecedor

Prefeitura
Municipal

Secretaria
Municipal de
Saúde

Distribuição

UBS1 UBS2 UBS3 UBS4

Fonte: adaptada de Paiva e Batista (2017, p. 18).

71
A prescrição como parte do processo de assistência farmacêutica necessita
da atuação ativa do farmacêutico, por ele ser o profissional capaz de interagir
com os prescritores e os pacientes, tendo a informação como alicerce dessas
relações. A prescrição deve ser elaborada por um profissional autorizado.
A avaliação da prescrição é realizada pelo farmacêutico de acordo com as
seguintes etapas:
1. Saber a quem a prescrição está direcionada.
2. Averiguar a legalidade e a legibilidade da prescrição.
3. Analisar a data da prescrição para saber se há reutilização da
prescrição.
Existem muitos documentos legislativos administrativos que regula-
mentam as prescrições. Os principais são:
• Boas Práticas de Prescrição da Organização Mundial de Saúde (OMS).
• Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998.
• Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973.
• Boas Práticas em Farmácia do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
• Resolução nº 308, de 2 de maio de 1997 do CFF.
De acordo com a Lei 5.991/73, o controle sanitário do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos estabelece que somente
deve ser atendida a receita escrita a tinta, em vernáculo, por extenso e de
modo legível, que contiver o nome e o endereço residencial do paciente, a
data e a assinatura do profissional, o endereço do consultório ou da residência
e o número de inscrição no respectivo conselho profissional. Já as receitas de
medicamentos de controle especial deve obedecer à Portaria nº 344/98.

Reflita
Baseado no que discutimos até o momento, quais são as principais ações
que o farmacêutico deve realizar durante a entrevista e orientação do
paciente que procura uma farmácia para adquirir medicamentos com
prescrição médica?

Caso o farmacêutico tenha alguma dúvida em relação à prescrição, ele


deverá entrar em contato com o prescritor para esclarecer problemas ou
dúvidas detectadas no momento da avaliação da receita.

72
Já a dispensação deverá seguir os princípios preconizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) na Declaração de Tóquio, os quais determinam
que o farmacêutico deve, além de entregar o medicamento, promover condi-
ções para que o paciente o use da melhor maneira possível, ou seja, deve aliar
o caráter técnico do procedimento de entrega que garanta o recebimento de
um medicamento dentro dos padrões de qualidade, segurança e orientações
que promovam o uso adequado e apropriado dos medicamentos.
No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de
Medicamentos (PNM), dá um caráter profissional à dispensação, tornando
o farmacêutico responsável pelo fornecimento do medicamento e pela orien-
tação para seu uso adequado, e inserindo essa atividade em um grupo multi-
profissional. E somente a partir da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
nº 44 de 2009 as atividades de dispensação e atenção farmacêutica foram
abordadas de forma criteriosa.
Assim, a dispensação pode ser um procedimento que representa a etapa
final que sintetiza todas as anteriores da assistência farmacêutica, assim
como pode ser o ponto de partida para o encaminhamento do paciente a
outros serviços de saúde, pois nesse momento o farmacêutico ouve o usuário,
esclarece dúvidas e complementa com informações fornecidas por outros
profissionais da saúde sobre o uso e a guarda do medicamento, com vistas a
garantir a eficiência terapêutica.
São elementos importantes da orientação na dispensação:
• Cumprimento do regime de dosificação.
• Influência dos alimentos.
• Interação com outros medicamentos.
• Reconhecimento de reações adversas potenciais.
• Condições de conservação do produto.
E a dispensação deve cumprir três requisitos básicos:
• Atender 100% dos usuários.
• Ser ágil e eficiente
• Estar integrado à rotina diária do profissional.
E para atingir esse modelo de dispensação é necessário dispor de equipe
de pessoas capacitadas, infraestrutura adequada e procedimentos descritos e
integrados à rotina do farmacêutico. O farmacêutico deve ter conhecimento

73
técnico, habilidade de comunicação com pacientes e outros profissionais da
saúde, liderança para coordenar equipe, saber acolher e ouvir, ser simpático.
Na Figura 2.3 é possível visualizar as ações que devem ser realizadas
durante a dispensação do medicamento.
Figura 2.3 | Fluxo de dispensação de medicamentos
Alguém solicita
o medicamento

não Não dispensa e


Há indicação
orienta
médica? (1)
sim
não
A prescrição segue
normas legais? (2)
sim

É o paciente/cuidador não Entrega o medicamento


quem solicita? (3) e a cartilha e orienta
sim
Possui alguma sim Encaminhar impede a sim Não dispensa
contraindicação ou dispensação? e orienta
para outros
alergia? (4)
serviços não
não
não
Sabe para que Orienta motivo
está usando? (5) do uso
sim
não não Encaminhar
É possível orientação para outros
É efetivo? (6) imediata? serviços
sim
Orienta intervenção
sim
não É possível orientação não Encaminhar impede a sim
É seguro? (7) imediata? dispensação?
para outros
sim serviços
sim não
Orienta intervenção Não dispensa
e orienta
Usa outros não
sim É possível avaliação
medicamentos Encaminhar impede a sim
e/ou
que sugerem orientação imediata? para outros dispensação?
interação? (8) sim serviços
não Não dispensa
não Orienta intervenção e orienta

não
Sabe uso correto? (9) Orienta uso correto

sim
não
Sabe precauções? (10) Orienta precauções
durante o uso
sim

Avalia integridade da caixa e prazo de validade entrega o


medicamento, reforça as orientações e registra.

Fonte: Angonesi e Rennó (2011).

74
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
tiverem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medicamentos
que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros, eficazes e de quali-
dade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde promovida, a ter doenças
prevenidas e recuperadas quando instaladas.
A garantia da qualidade dos produtos e serviços da assistência farmacêutica
necessitam basicamente da atenção a alguns fatores considerados importantís-
simos, dos quais destacamos:
• Garantia de recursos financeiros.
• Capacitação dos recursos humanos envolvidos na assistência farmacêutica.
• Capacitação dos gestores envolvidos na assistência farmacêutica.

Exemplificando
Para que o farmacêutico possa atingir o nível de qualidade esperado
para assistência farmacêutica adequada, ele primordialmente neces-
sita atender de forma humanizada os usuários do SUS, estabelecendo
vínculo e acolhendo-o, para que as orientações repassadas sobre o uso
racional de medicamentos tenham adesão dos usuários e sejam parte
do cotidiano na unidade de saúde.

Portanto, podemos determinar que, basicamente, a assistência farmacêu-


tica necessita ter medicamentos de qualidade em momentos oportunos para
garantir o acesso dos usuários à farmacoterapia, ter orientações assertivas e
coerentes quanto ao uso correto e racional dos medicamentos.
Além disso, a garantia da qualidade dos produtos e serviços também
abrange a farmacovigilância, que acompanha o desempenho dos medica-
mentos que já estão no mercado. Há diversas estratégias para o estímulo à
identificação, notificação e investigação de suspeitas de desvio de qualidade
dos medicamentos, tais como as Farmácias Notificadoras, a Rede Sentinela
e o Notivisa. Essa ação da assistência farmacêutica abrange, exemplificativa-
mente, a identificação de desvios de qualidade, a identificação de medica-
mentos falsificados, a verificação de comercialização de medicamentos por
empresas sem autorização de funcionamento da Vigilância Sanitária e efeitos
adversos ainda não relatados de medicamentos.
Para finalizar, compreende-se que o acompanhamento e a avaliação da
utilização de um medicamento encerram o ciclo da assistência farmacêutica
e isso tem por finalidade verificar a repercussão da política assistencial na
saúde da população.

75
Sem medo de errar

Seguindo o contexto de aprendizagem da seção, partimos da reunião de


alinhamento e definição de diretrizes para os as políticas de medicamentos
e de assistência farmacêutica no município, para a qual você convidado a
contribuir com informações sobre os pontos para que os objetivos de melhora
dos processos de distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos no
município fossem alcançados de maneira satisfatória.
O processo de distribuição de medicamentos em âmbito nacional utiliza
a logística de transporte multimodal (aéreo e terrestre) dos insumos conside-
rados estratégicos para as políticas nacionais de saúde, realizada geralmente
por empresa contratada pelo Ministério da Saúde. E como um processo
complexo, necessita de uma análise acurada de todo o processo, conside-
rando as características da região que se pretende atender (quente, fria,
longe, pobre). Após a finalização da compra, os medicamentos e insumos são
remetidos ao Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do
Ministério da Saúde, das secretarias estaduais ou municipais de saúde, que
providenciam a disponibilização dos medicamentos aos usuários do SUS.
Geralmente, a logística de distribuição de medicamentos inicia-se com
sua falta em um dos serviços de saúde do município, quando o diretor do
serviço elabora a lista de necessidades e a envia para Unidade Básica de
Saúde, na qual o farmacêutico analisa e autoriza o pedido. Em seguida, os
produtos são retirados da Central de Abastecimento Farmacêutica e essa
saída é registrada no sistema Hórus. E para que não haja desabastecimento
nem custos excessivos com a distribuição, faz-se necessário estabelecer um
cronograma com fluxos, prazos de execução e periodicidade da entrega,
considerando a capacidade de armazenamento, demanda, local, tempo de
aquisição, disponibilidade de transporte e recursos humanos. Para isso, é
necessário dispor de dados consistentes sobre consumo, perfil epidemioló-
gico, oferta e demanda de serviços de saúde.
A prescrição, como parte do processo de assistência farmacêutica, neces-
sita da atuação ativa do farmacêutico, e deve ser elaborada por um profis-
sional autorizado. O farmacêutico realiza a avaliação, analisando a quem está
direcionada, a legalidade e a legibilidade da prescrição, e a análise da data da
prescrição para saber se há reutilização da prescrição. As prescrições devem
seguir uma série de orientações para atender à legislação e garantir a oferta
adequada do tratamento medicamentoso.
E a dispensação determina quando o farmacêutico deve, além de entregar
o medicamento, promover condições para que o paciente o use da melhor
maneira possível, com a orientação para uso adequado, e inserindo essa

76
atividade em um grupo multiprofissional. Assim, a dispensação pode ser um
procedimento que representa a etapa final que sintetiza todas as anteriores
da assistência farmacêutica, assim como pode ser o ponto de partida para
o encaminhamento do paciente a outros serviços de saúde. É nela que o
farmacêutico garante o cumprimento do regime de dosificação, explica a
influência dos alimentos, interação com outros medicamentos, adverte sobre
potenciais reações adversas e explica as condições adequadas de conservação
do produto.
Se todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica forem adequadas,
passarem métodos e procedimentos padronizados, com políticas de medica-
mentos que garantam disponibilidade e acesso a medicamentos seguros,
eficazes e de qualidade comprovada, a população tenderá a ter sua saúde
promovida, a ter doenças prevenidas e recuperadas quando instaladas.

Avançando na prática

Ciclo da assistência farmacêutica para


programas estratégicos

Você é farmacêutico da Central de Abastecimento Farmacêutico e


recebeu algumas solicitações de medicamentos para tratamento de pacientes
com tuberculose. Como, atualmente, são observados grande número de
ações judiciais para o provimento de medicamentos, a gestora do município
questionou se haviam os medicamentos e quais as ações que podem ser reali-
zadas para evitar o desabastecimento. Como você responderia à gestora?

Resolução da situação-problema
Os medicamentos elencados na RENAME, RESME e REMUME são
usados tanto para atendimento da atenção primária quanto para a aquisição
de medicamentos para tratamentos de média e alta complexidade, caso da
AIDS e da tuberculose, por exemplo.
E basicamente para não haver desabastecimento há necessidade de
planejamento para aquisição dos medicamentos conforme demanda e
dados epidemiológicos, além da consideração da disponibilidade financeira,
comunicação eficiente, monitorização contínua e envolvimento da comissão
de farmácia e terapêutica.

77
Faça valer a pena

1. Quando faltam medicamentos para atender as demandas de saúde dos


usuários da atenção básica, inúmeros fatores pode ser os condicionantes para
desencadear este processo, sendo eles basicamente vinculados com o plane-
jamento dos serviços de assistência farmacêutica. Ao associar as competên-
cias e habilidades do farmacêutico com as atividades de planejamento para
evitar desabastecimento de medicamentos essenciais na assistência farma-
cêutica, entendemos quais atitudes podem contribuir para esse desfecho
desfavorável.
Com base no texto, assinale a alternativa que contenha os fatores que
geram desabastecimento de medicamentos.

a. Ausência de cronograma, baixa capacidade de armazenamento, alta


demanda por medicamentos e falta de capacitação dos recursos
humanos envolvidos.
b. Estabelecimento de prazos de execução, baixa capacidade de armaze-
namento, alta demanda por medicamentos e falta de capacitação dos
recursos humanos envolvidos.
c. Ausência de cronograma, alta capacidade de armazenamento, baixa
demanda por medicamentos e recursos, além de recursos humanos
capacitados.
d. Estabelecimento de prazos de execução, alta capacidade de armaze-
namento, baixa demanda por medicamentos e recursos, além de
recursos humanos capacitados.
e. Ausência de cronograma, baixa capacidade de armazenamento, alta
demanda por medicamentos e recursos humanos capacitados.

2. Todas etapas do ciclo da assistência são importantes para que seja garan-
tida a oferta de medicamentos e realizada as ações de promoção da saúde,
prevenção e recuperação de doenças. Considerando as informações apresen-
tadas, analise as afirmativas a seguir:
I. O farmacêutico deve entregar o medicamento e promover condições
para o que o paciente use da melhor maneira possível.
II. O farmacêutico deve promover o uso adequado e apropriado dos
medicamentos.
III. O farmacêutico não participa do procedimento de entrega dos
medicamentos.

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IV. O farmacêutica participa apenas do processo de entrega dos medica-
mentos.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

3. A Política Nacional de Medicamentos baliza as ações da assistência


farmacêutica estabelecendo parâmetros importantes voltados basicamente
para se garantir o direto à saúde estabelecido na Constituição Federal.
Com base na Assistência Farmacêutica, avalie as seguintes asserções e a
relação proposta entre elas.
I. A dispensação é um procedimento que representa a etapa final que
sintetiza todas as anteriores da assistência farmacêutica.
PORQUE
II. O farmacêutico ouve o usuário, esclarece dúvidas e entrega o medica-
mento conforme prescrição médica.
A respeito das asserções apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

79
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Rio Grande do Sul – RS. Rev. Bras. Farm., v. 91, n. 3, p. 141-8, 2010. Disponível: http://www.
rbfarma.org.br/files/06_rbfar91_3_29_08.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
Unidade 3
João Paulo Manfré dos Santos

Introdução à atenção farmacêutica

Convite ao estudo
Caríssimo aluno, seja muito bem-vindo a mais esta unidade de estudo. Se
fizermos uma rápida pesquisa em sites de busca, veremos inúmeros relatos
dos benefícios da atenção farmacêutica, por meio da prestação de serviço e
orientações adequadas para população, pois nesta última década observamos
uma quebra de paradigma relacionada à atenção farmacêutica, com foco no
paciente e na promoção, proteção e recuperação da saúde e do uso racional
de medicamentos, cujas ações envolvem o acompanhamento do estado de
saúde e a melhoria da qualidade de vida dos usuários de medicamentos.
Nesta unidade, portanto, teremos como objeto central de estudo a atenção
farmacêutica e esperamos que ao final você conheça e entenda a atenção
farmacêutica, os métodos de aplicação deste serviço farmacêutico e a impor-
tância da farmacovigilância no contexto da assistência farmacêutica, pautado
nas políticas públicas e normatizações que regem a atuação do farmacêutico
no Brasil para que você seja capaz de implementar ações e serviços farmacêu-
ticos que promovam, recuperem e protejam a saúde dos usuários de medica-
mentos, independentemente do contexto, seja ele público ou privado.
Para atingirmos estes resultados, trabalharemos com textos focados na sua
aplicabilidade prática, aliando a teoria com a prática e que assim possamos
desenvolver as competências e habilidades inerentes ao tema. Trabalharemos
com conteúdos densos que permitirão o adequado aprofundamento, focado
no que o mercado de trabalho deseja.
Inicialmente, passaremos por uma introdução à atenção farmacêutica,
com conceitos da atenção farmacêutica, as normatizações que possibili-
taram a implementação deste serviço no Brasil, a estrutura necessária para
implementação da atenção farmacêutica e as experiências bem-sucedidas em
atenção farmacêutica no Brasil.
Em seguida, trabalharemos com os métodos que são utilizados no
acompanhamento farmacoterapêutico, como o método SOAP, método
PWDT, método TOM e método Dáder, que servirão como instrumentos
importantes para atuação farmacêutica seja para elaborar planos, monitorar
resultados terapêuticos ou realizar o seguimento terapêutico.
Por último, trabalharemos com controle e prevenção de complica-
ções relacionadas aos medicamentos, abordando parâmetros de controle e
prevenção de complicações, programa de monitorização de medicamentos
da Organização Mundial de Saúde (OMS), como se dá a atuação farmacêu-
tica na farmacovigilância e o papel dos sistemas de notificação de reações
adversas e centros de informações de medicamentos.
Como você pode observar, temos temas interessantíssimos para traba-
lharmos juntos e, assim, conseguirmos prepará-lo para os desafios futuros
desta profissão apaixonante e desafiadora
Seção 1

Introdução à atenção farmacêutica

Diálogo aberto
Caríssimo aluno, seja muito bem-vindo a mais esta unidade de estudo. Se
fizermos uma rápida pesquisa em sites de busca, veremos inúmeros relatos
dos benefícios da atenção farmacêutica, por meio da prestação de serviço e
orientações adequadas para população, pois nesta última década observamos
uma quebra de paradigma relacionada à atenção farmacêutica, com foco no
paciente e na promoção, proteção e recuperação da saúde e do uso racional
de medicamentos, cujas ações envolvem o acompanhamento do estado de
saúde e a melhoria da qualidade de vida dos usuários de medicamentos.
Nesta unidade, portanto, teremos como objeto central de estudo a atenção
farmacêutica e esperamos que ao final você conheça e entenda a atenção
farmacêutica, os métodos de aplicação deste serviço farmacêutico e a impor-
tância da farmacovigilância no contexto da assistência farmacêutica, pautado
nas políticas públicas e normatizações que regem a atuação do farmacêutico
no Brasil para que você seja capaz de implementar ações e serviços farmacêu-
ticos que promovam, recuperem e protejam a saúde dos usuários de medica-
mentos, independentemente do contexto, seja ele público ou privado.
Para atingirmos estes resultados, trabalharemos com textos focados na sua
aplicabilidade prática, aliando a teoria com a prática e que assim possamos
desenvolver as competências e habilidades inerentes ao tema. Trabalharemos
com conteúdos densos que permitirão o adequado aprofundamento, focado
no que o mercado de trabalho deseja.
Inicialmente, passaremos por uma introdução à atenção farmacêutica,
com conceitos da atenção farmacêutica, as normatizações que possibili-
taram a implementação deste serviço no Brasil, a estrutura necessária para
implementação da atenção farmacêutica e as experiências bem-sucedidas em
atenção farmacêutica no Brasil.
Em seguida, trabalharemos com os métodos que são utilizados no
acompanhamento farmacoterapêutico, como o método SOAP, método
PWDT, método TOM e método Dáder, que servirão como instrumentos
importantes para atuação farmacêutica seja para elaborar planos, monitorar
resultados terapêuticos ou realizar o seguimento terapêutico.
Por último, trabalharemos com controle e prevenção de complica-
ções relacionadas aos medicamentos, abordando parâmetros de controle e

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prevenção de complicações, programa de monitorização de medicamentos
da Organização Mundial de Saúde (OMS), como se dá a atuação farmacêu-
tica na farmacovigilância e o papel dos sistemas de notificação de reações
adversas e centros de informações de medicamentos.
Como você pode observar, temos temas interessantíssimos para traba-
lharmos juntos e, assim, conseguirmos prepará-lo para os desafios futuros
desta profissão apaixonante e desafiadora.

Não pode faltar

O farmacêutico é um dos profissionais mais próximos da população e


isto traz a ele responsabilidades enormes pelo fato de a população confiar nas
orientações sobre o uso correto de medicamentos, a prevenção de doenças
ou melhora da qualidade de vida. Neste contexto, a atenção farmacêutica
se destaca não só pelos benefícios relacionados ao uso correto dos medica-
mentos, mas está relacionada também com a prevenção de complicações e
atuações em situações de emergência.
Para trabalharmos com esta temática, acompanharemos a rotina de
Fernando, farmacêutico que foi aprovado em um processo seletivo para
atuar como farmacêutico responsável em uma renomada rede de drogarias.
No momento de sua contratação, o gerente explicou que ele trabalharia com
atenção farmacêutica e seria o responsável por orientar os clientes da unidade
em que seria alocado e estabelecer a relação com eles, em seguida foi expli-
cado a ele que a rede fazia uso de métodos para acompanhamento farmaco-
terapêutico, com vistas a garantir junto aos clientes plena satisfação e alcance
dos objetivos terapêuticos. E, por fim, o gerente passou a Fernando como
eram realizadas as ações para controle e prevenção de complicações relacio-
nadas aos medicamentos comercializados nesta drogaria. Em face disto,
como Fernando pode contribuir para implementar ações que promovam
ainda mais a promoção, recuperação e proteção da saúde? As ações existentes
ainda apresentam lacunas ou o modelo já é o ideal para atenção farmacêutica
de qualidade?
Nesta primeira conversa de Fernando com seu gerente, pode-se notar a
busca por atendimento de qualidade, que promova a saúde e a melhora da
qualidade de vida dos usuários desta drogaria. Antes de iniciar suas ativi-
dades laborais, Fernando elencou algumas questões, visto que, para obter
os resultados esperados, é necessário ter respostas para elas. Dentre essas
questões, ele buscou compreender se a drogaria atendia a todos os pressu-
postos da normatização da atenção farmacêutica. Além disso, ele analisou
se a estrutura do local era adequada para implementação do serviço de

89
atenção farmacêutica. Fernando também conversou com colegas que já
atuam neste setor, indagando-os se estes possuíam experiências bem-suce-
didas em atenção farmacêutica. Como você, aluno, no lugar do farmacêu-
tico Fernando, resolveria essas questões antes de procurar implementar esse
serviço farmacêutico na drogaria?
Para conseguirmos responder a estes e outros questionamentos, traba-
lharemos com profundidade e assertividade nos conceitos da atenção farma-
cêutica, nas normatizações que possibilitam a implantação de atenção farma-
cêutica, na estrutura necessária para implementar a atenção farmacêutica e
conheceremos também algumas experiências bem-sucedidas deste serviço
no Brasil.
Muito interessante, não é? Então, vamos juntos desenvolver as habili-
dades necessárias para se destacar no mercado de trabalho? Bons estudos!
A atenção farmacêutica considera a relação entre o profissional farma-
cêutico e o usuário, por meio de ações voltadas para orientação, segurança
do medicamento e a eficácia terapêutica, cujo modelo de atuação é focado no
seguimento do tratamento farmacoterapêutico, na prevenção relacionada ao
uso inadequado do medicamento e na educação sanitária do usuário.
Tanto a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) quanto o Conselho
Federal de Farmácia (CFF) propuseram a atenção farmacêutica como um
modelo de prática farmacêutica realizada na assistência farmacêutica, que
trabalha de forma integrada com a equipe de saúde, pautada em valores
éticos, atitudes, comportamentos, habilidades, compromissos e responsabili-
dades. Nessa atividade, o farmacêutico interage diretamente com o usuário e
visa melhorar a sua qualidade de vida, objetivando a farmacoterapia racional,
de resultados definidos e mensuráveis, além de considerar as especificidades
biopsicossociais sob a óptica das ações de saúde.
No contexto histórico, este termo foi definido inicialmente por Hepler
e Strand em 1990, com a busca por um tratamento farmacológico respon-
sável capaz de melhorar a qualidade de vida dos usuários, conceito posterior-
mente expandido pela OMS que reconheceu no farmacêutico o profissional
que atua na atenção à saúde, ativamente na prevenção de enfermidades e na
promoção da saúde, junto de outros membros da equipe de saúde.
Existem alguns modelos/escolas de atenção farmacêutica, cujos desta-
ques são:
 Modelo criado no Estados Unidos da América na Universidade de
Minesota, por Cipolle, Strand e Morley: Pharmaceutical Care Practice.

90
 Modelo criado na Espanha na Universidade de Granada, por Dader,
Muñhoz e Martinez-Martinez: Atención Farmacéutica – conceptos, processos
y casos prácticos.
 Concepção brasileira, da Universidade Federal de Minas Gerais, por
Djenane Ramalho de Oliveira: Atenção Farmacêutica: da filosofia ao geren-
ciamento da terapia medicamentosa.
Sobre a concepção brasileira, destacamos os pontos que trazem a atenção
farmacêutica como uma prática generalista, cujos objetivos perpassam por
garantir que se utilize um medicamento apenas quando existir uma condição
clínica para seu uso, que o paciente esteja utilizando todos os medicamentos
que realmente necessita e na dose correta, para que seu tratamento farma-
cológico seja efetivo. Os objetivos devem ser alcançados por um modelo
de atuação face a face com o usuário, com métodos e sistemas de gestão de
prática bem definidos e voltados para promover a saúde e melhorar a quali-
dade de vida dos pacientes.
Se pensarmos dentro do campo do Sistema Único de Saúde (SUS), a
atenção farmacêutica ocorre pela Farmácia Popular, que possui postos de
distribuição direta e estabelecimentos privados terceirizados. Assim, vale
ressaltar que dentre as inúmeras competências e habilidades esperadas para
o farmacêutico, neste contexto, destacam-se a proficiência em Farmácia
Clínica, capacidade analítica das variáveis qualitativas do processo, princi-
palmente as que estão relacionadas com a qualidade de vida e satisfação
do usuário.
A atenção farmacêutica trabalha em torno de dois objetivos principais:
Responsabilizar-se junto do paciente para que o medicamento prescrito
seja seguro e eficaz, que a sua posologia seja a correta e o resultado do trata-
mento seja o desejado.
Minimizar possíveis reações adversas aos medicamentos e que possam
ser resolvidas imediatamente quando surgirem.
Veja na Figura 3.1 o processo de trabalho da atenção farmacêutica, de
acordo com o preconizado pela Organização Mundial de Saúde, que parte
das necessidades do usuário e apresenta caminhos distintos para encontrar
uma possível solução, dentro do contexto da atuação farmacêutica.

91
Figura 3.1 | O processo de trabalho em atenção farmacêutica

Usuário
Demanda por:

Medicamento Informação Outro serviço

Determinação Aquisição de
de parâmetros produtos
Receita Automedicação
Automedicação
fisiológicos e para a
bioquímicos saúde

Entrega Dispensação Atendimento farmacêutico

Fonte: adaptado de Possamai e Dacoreggio (2007).

Existem dois tipos de atenção farmacêutica:


• Atenção farmacêutica global.
• Atenção farmacêutica de grupos de risco: doentes crônicos, idosos,
pacientes em polimedicação.

Assimile
A atenção farmacêutica nada mais é que a atenção que um paciente
requer e recebe com garantias do uso seguro e racional dos medica-
mentos, com vistas a alcançar resultados satisfatórios na saúde, melho-
rando a sua qualidade de vida.
Ela é desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica, em uma
atuação interdisciplinar, para prevenção de doenças, promoção e
recuperação da saúde, composta por uma relação sinérgica entre o
farmacêutico e o usuário.
Desta forma, o exercício da atenção farmacêutica se dá por ações de
educação em saúde, orientação farmacêutica, dispensação de medica-
mentos, atendimento farmacêutico, acompanhamento farmacotera-
pêutico e registro sistemático das atividades.

E a atenção farmacêutica é regulamentada e citada em uma série de leis


e atos normativos administrativos, que vão desde a Portaria nº 3.916/1998
(Política Nacional de Medicamentos), passa pela Lei dos Genéricos (Lei n°
9.787/99), as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Farmácia (Resolução CNES n° 6/2017), as Boas Práticas em Farmácia (RDC

92
Anvisa n°44/2009; Resolução CFF n°357/2001 e Resolução CFF n° 357/2001),
a Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, o
Pacto Pela Vida do SUS e o Código de Ética de Farmácia.
Destaca-se neste rol a Resolução CFF n° 357/2001 que estabelece a atenção
farmacêutica como atividade exclusiva do farmacêutico, considerando a
abrangência de sua formação e o seu conhecimento analítico, administrativo,
social e biológico com ênfase clínico-patológica.
O Conselho Federal de Farmácia, em 2013, publicou a Resolução CFF n°
585/2013, que aborda as diferentes especialidades farmacêuticas, regulamen-
tando e classificando-as conforme sua linha de atuação.
Em 8 de agosto de 2014 foi promulgada a lei n° 13.021, que reconheceu a
farmácia como uma unidade de prestação de serviços de assistência à saúde,
ou seja, esta lei ampliou a oferta de serviços prestados por farmácias.

Reflita
A atenção farmacêutica vive uma realidade complexa no Brasil, pois está
inserida dentro do contexto do Sistema Único de Saúde e a legislação
e as políticas vigentes nos levam a crer que a atenção farmacêutica já é
parte integrante da atenção primária à saúde. Porém, observa-se ainda
falta de compreensão sobre o tema e o foco do profissional farmacêu-
tico. Assim, como buscar um consenso sobre a atenção farmacêutica?
Como acelerar a adoção de práticas clínicas no atendimento farmacêu-
tico?

Além das bases conceituais e regulatórias, foi criado pelo Ministério da


Saúde por meio da Portaria n° 1.214, de 13 de junho de 2012, o Programa
Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS
(Qualifar-SUS), que investe em treinamentos e na implementação de serviços
de atenção farmacêutica nas mais diversas cidades brasileiras.
O Qualifar-SUS é estruturado em quatro eixos:
1. Eixo estrutura: ações nas estruturas físicas;
2. Eixo educação: ações na capacitação dos profissionais;
3. Eixo informação: disponibilidade de informações;
4. Eixo cuidado: inserção da assistência farmacêutica nas práticas
clínicas.
A estrutura para implantação da atenção farmacêutica requer um local
exclusivo para a prestação do serviço, porém cabe reforçar que existem

93
formas alternativas de se promover o encontro com o paciente e a realização
do serviço, como nos casos dos atendimentos domiciliares ou até mesmo
com ações coletivas.
Outro ponto estrutural que precisa ser considerado é o acesso a
documentos clínicos, como os prontuários e laudos de exames laboratoriais,
pois sem eles informações incompletas podem chegar para o farmacêutico, o
que dificultará sua tomada de decisão.
Também precisamos considerar o acesso a fontes de informações sobre
medicamentos e formação dos recursos humanos (farmacêuticos e auxiliares)
como extremamente importantes, que são consideradas dentro da estrutura
de tecnologia da informação.
Como as condições estruturais impactam a organização da atenção
farmacêutica, estes pontos precisam ser vistos como impulsionadores estra-
tégicos para aliviar e normalizar a demanda por outros serviços de saúde,
quando identificados problemas relacionados ao uso de medicamentos.
Desta maneira, podemos inferir que para as farmácias executarem os
serviços farmacêuticos é importante que possuam estrutura adequada e
processos organizados, com recursos físicos, financeiros e humanos necessá-
rios para realizar as atividades de atenção farmacêutica. A RDC n° 44/2009
normatiza sobre as boas práticas farmacêuticas para o controle sanitário
do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da
prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, bem como
estabelece os documentos necessários no estabelecimento e estabelece em
seu parágrafo 3 que as farmácias e drogarias devem ter, obrigatoriamente, a
assistência farmacêutica de um responsável técnico durante todo o horário
de funcionamento do estabelecimento.
Basicamente, a estrutura das instalações físicas é formada por:
• Ambiente privativo para avaliação e orientação do paciente, que
acomode o farmacêutico, seus familiares e/ou cuidadores.
• Área administrativa para reuniões e treinamentos.
• Mobiliário para atendimento dos pacientes de maneira confortável.
• Acesso à internet disponível para o farmacêutico e a disponibilização
de softwares para gestão da informação.
E bons exemplos não faltam, como é o caso da cidade de Ribeirão Preto/
SP, que implantou o serviço Atenfar na rede pública de saúde, que incorporou
a atividade clínica nas ações dos farmacêuticos, promoveu o uso racional
de medicamentos e melhorou os indicadores epidemiológicos da região. As

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atividades empregaram um processo de cuidado cujo centro é o paciente,
alcançando maior adesão dos pacientes, redução de custos relacionados ao
consumo de medicamentos e insumos, redução do número de prescrições,
de internações e de medicamentos associados a reações adversas.

Exemplificando
A Atenfar é uma ferramenta de farmácia clínica que utiliza conheci-
mentos clínicos e humanísticos para prestar o cuidado ao paciente.
Ela exige que o farmacêutico seja sensível e capacitado para lidar com
questões físico-biológicas, psíquicas e sociais.
Ela pode ser executada com pacientes hospitalizados, em farmá-
cias comunitárias, em farmácias de unidades básicas de saúde ou em
domicílio.

Outro exemplo de sucesso na atenção farmacêutica deu-se no Hospital


Sanatório Partenon no Rio Grande do Sul, que criou um serviço de aplicação
e acompanhamento de pacientes em tratamento com interferon peguilhado
e ribavarina, fato que gerou melhoria no atendimento dos usuários daquele
hospital e permitiu a otimização dos recursos públicos.
Existe também a experiência bem-sucedida das farmacêuticas Melissa
Spröesser Alonso, Giovana Garofalo, Lais de Campos e Claudia Baseio que
desenvolveram um projeto sobre atenção farmacêutica no município de
Mauá, na Grande São Paulo, premiado no Prêmio Nacional de Incentivo
ao Uso Racional de Medicamentos, do Ministério da Saúde, na categoria
Experiência Bem-Sucedida de Profissionais nos Serviços de Saúde.
Em resumo, medicamento é assunto sério, é um produto farmacêutico
que possui um fim profilático, curativo, paliativo ou para fins de diagnós-
tico, portanto, a população necessita receber informações corretas e asser-
tivas sobre a utilização de medicamentos, pois se administrados incorreta-
mente podem acarretar em séries efeitos adversos, podendo culminar até na
morte do paciente. O núcleo fundamental da atenção farmacêutica é estabe-
lecido entre o farmacêutico e o paciente, que trabalham conjuntamente
para prevenir, identificar e resolver problemas de saúde, objetivando o uso
racional de medicamentos e a obtenção de resultados mensuráveis, voltados
para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Sem medo de errar

Fernando foi aprovado no processo seletivo para atuar como farma-


cêutico de uma renomada rede de drogarias. Ele trabalhará com atenção

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farmacêutica e será o responsável por orientar e estabelecer a relação com
os clientes da unidade onde será alocado. Você, no lugar do farmacêutico,
deverá propor a implantação de ações que promovam melhoria no serviços
farmacêuticos, mas para isso deveria primeiramente responder algumas
questões como: A droaria atendia a todos os pressupostos da normatização
da atenção farmacêutica? A estrutura era a adequada para implementação
da atenção farmacêutica? Quais são as experiências bem-sucedidas em
atenção farmacêutica?
A atenção farmacêutica é focada na relação entre o profissional farmacêu-
tico e o usuário, com ações voltadas para orientação, segurança do medica-
mento e a eficácia terapêutica, por meio de modelo de atuação baseado no
seguimento do tratamento farmacoterapêutico, na prevenção ao uso inade-
quado de medicamentos e na educação sanitária do usuário. O trabalho
ocorre de forma integrada com a equipe de saúde e deve ser pautado em
valores éticos, atitudes, comportamentos, habilidades, compromissos e
responsabilidades. Trata-se de uma prática generalista, que objetiva utilizar
um medicamento apenas quando existir uma condição clínica para seu uso
e na dose correta.
Toda ação da atenção farmacêutica inicia com o usuário, que pode
demandar por medicamento, informação ou outro serviço, e com base nisso
são realizadas as ações do farmacêutico, seja com atendimento farmacêutico,
dispensação, entre outras atividades.
A atenção farmacêutica nesta drogaria precisa seguir a Portaria nº
3.916/1998 (Política Nacional de Medicamentos), a Lei dos Genéricos (Lei
n° 9.787/1999), as Boas Práticas em Farmácia (RDC Anvisa n° 44/2009; as
Resolução CFF n° 357/2001 e Resolução CFF n° 357/2001), a Conferência
Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, o Pacto Pela Vida do
SUS e o Código de Ética de Farmácia. Isso ocorre porque a atenção farma-
cêutica é uma atividade exclusiva do farmacêutico, considerando-se a abran-
gência da formação e do conhecimento analítico, administrativo, social e
biológico com ênfase clínico-patológica do profissional, principalmente em
razão da Lei n° 13.021/2014, que reconheceu a farmácia como uma unidade
de prestação de serviços de assistência à saúde.
Porém, ainda permanecem lacunas entre: i) estabelecer um consenso
sobre quais seriam as ações de atenção farmacêutica e ii) apenas adotar
as práticas clínicas no atendimento farmacêutico, uma vez que é cultural
na área entender a farmácia como um estabelecimento cuja finalidade é
puramente comercial.
A estrutura para implantação da atenção farmacêutica requer um local
exclusivo para a prestação do serviço, mas quando se fizer necessário, pode

96
haver atendimentos domiciliares ou ações coletivas. A farmácia precisa
garantir que o farmacêutico tenha acesso a documentos clínicos e a fontes
de informações sobre medicamentos, além de uma área administrativa para
reuniões e treinamentos e acesso à internet disponível.
Os bons exemplos apresentados são o caso da cidade de Ribeirão Preto/
SP, que implantou o serviço Atenfar na rede pública de saúde, que incor-
porou a atividade clínica nas ações dos farmacêuticos, promoveu o uso
racional de medicamentos e melhorou os indicadores epidemiológicos da
região; o Hospital Sanatório Partenon no Rio Grande do Sul, que criou um
serviço de aplicação e acompanhamento de pacientes em tratamento com
interferon peguilhado e ribavarina, fato que gerou melhoria no atendi-
mento dos usuários daquele hospital e permitiu a otimização dos recursos
públicos e, por último, o exemplo das farmacêuticas Melissa Spröesser
Alonso, Giovana Garofalo, Lais de Campos e Claudia Baseio que desen-
volveram um projeto sobre atenção farmacêutica no município de Mauá,
na Grande São Paulo, premiado no Prêmio Nacional de Incentivo ao Uso
Racional de Medicamentos, do Ministério da Saúde, na categoria Experiência
Bem-Sucedida de Profissionais nos Serviços de Saúde.

Avançando na prática

Atenção farmacêutica na estratégia de saúde da


família

Uma pequena cidade apresentava altos índices de falta de eficiência da


terapia medicamentosa, por isso, você foi convidado a implantar, junto da
Secretaria Municipal de Saúde, no programa Estratégia de Saúde da Família,
um serviço de atenção farmacêutica aos usuários de medicamentos do
município. Pensando nesse projeto, se você fosse o farmacêutico incum-
bido de implementar esse serviço, quais pontos você deveria considerar para
garantir adesão dos usuários e bons resultados?

Resolução da situação-problema
A atenção farmacêutica na Estratégia de Saúde da Família tende a ter
bons resultados clínicos e econômicos, pois melhora consideravelmente a
qualidade de vida dos usuários por meio de ações que atuam diretamente na
problemática envolvida no tratamento farmacológico. Mas para que isto seja

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alcançado faz-se necessário estabelecer a atenção farmacêutica dentro de um
contexto multiprofissional, com ações voltadas para aprimorar e qualificar a
relação entre o farmacêutico, a equipe de saúde e os usuários.
Portanto, é fundamental proceder com a implantação, seguida de sensi-
bilização da equipe de saúde e dos usuários, bem como uma seleção e treina-
mento da equipe de farmacêuticos para que eles possam estabelecer metodo-
logias eficientes de acompanhamento de pacientes.

Faça valer a pena

1. A atenção farmacêutica é uma prática recente da atividade farmacêutica


caracterizada pela priorização de algumas atividades a fim de se obter ganhos
terapêuticos, econômicos e de qualidade de vida.
Sobre as atividades priorizadas, analise as apresentadas a seguir:
I. A orientação adequada do paciente/usuário no seu tratamento
medicamentoso.
II. A automedicação baseada na sintomatologia apresentada.
III. O acompanhamento do paciente/usuário durante e após o trata-
mento medicamentoso.
IV. O estímulo à polifarmácia com o objetivo de se obter os resultados
terapêuticos mais rapidamente..
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

2. No Brasil, alguns fatores dificultam a implantação da atenção farmacêu-


tica, fato que torna este modelo incipiente, principalmente, quando se analisa
o contexto da saúde pública brasileira. Na maioria dos países desenvolvidos,
a atenção farmacêutica já é uma realidade, mas no Brasil se esbarra em:
I. Universalidade do acesso ao Sistema Único de Saúde.
II. Unidades Básicas de Saúde sem a presença do farmacêutico.

98
III. Alto custo envolvido na instalação da atenção farmacêutica no
Sistema Único de Saúde.
IV. Formação de recursos humanos para atuação na atenção farmacêu-
tica.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

3. Durante o processo de atendimento farmacêutico, na atenção farmacêu-


tica, a relação entre o profissional farmacêutico e o paciente são a base para
se obter os ganhos terapêuticos esperados.
Com base nesta afirmação, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I. A atenção farmacêutica é a provisão responsável do tratamento
farmacológico.
PORQUE
II. A relação comercial é a que prevalece na atenção farmacêutica,
principalmente, nas orientações passadas pelos farmacêuticos aos
pacientes.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

99
Seção 2

Métodos usados no acompanhamento


farmacoterapêutico

Diálogo aberto
A farmácia vem expandindo as suas possibilidades de atuação no
mercado de trabalho nos últimos anos e o acompanhamento farmacote-
rapêutico vem assumindo grande destaque neste novo modelo de atuação,
com, por exemplo, o acompanhamento farmacoterapêutico realizado pelo
profissional farmacêutico na dispensação de quimioterápicos orais para o
tratamento de pacientes com câncer. Este acompanhamento, de acordo com
o que vem sendo observado atualmente, tem demonstrado a maior possibi-
lidade de adesão ao tratamento, maior racionalidade no uso e na segurança
do medicamento.
Seguindo na temática de estudos desta unidade de ensino, temos o
contexto, em que Fernando, farmacêutico que fora aprovado em processo
seletivo para atuar como responsável técnico de uma rede de drogarias.
Durante o processo de contratação Fernando foi informado que trabalharia
com atenção farmacêutica e que teria de aplicar métodos de acompanha-
mento da farmacoterapia dos clientes. Para isto, ele foi direcionado a parti-
cipar de uma capacitação oferecida pela rede, junto de outros farmacêu-
ticos de outras unidades. Ao iniciar a capacitação, o consultor farmacêu-
tico ministrante quis testar os conhecimentos dos ouvintes sobre o Método
SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano), Método PWDT (Pharmacist’s
Workup of Drug Therapy / Estudo Farmacêutico da Terapia Farmacológica),
Método TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring/Monitorização de
Resultados Terapêuticos) e Método Dáder, e pediu justamente que Fernando
falasse sobre as principais características, potencialidades, fragilidades e
possibilidades de utilização de cada método. Como você, aluno, no lugar do
Fernando, responderia ao consultor?
Para conseguirmos responder estes e outros questionamentos, traba-
lharemos com profundidade e amplitude nos conceitos dos métodos de
acompanhamento da farmacoterapia, com suas principais características,
potencialidades e fragilidades.
Com base nesse interessante e importante conteúdo para a formação
farmacêutica, vamos, então, juntos desenvolver as habilidades necessárias
para se destacar no mercado?

100
Não pode faltar

Nossos objetivos de aprendizagem perpassam pelo conhecimento


adequado das principais metodologias de seguimento da farmacoterapia
utilizados na atenção farmacêutica, a saber: SOAP, PWDT, TOM e Dáder.
Primeiramente, devemos contextualizar a importância de se realizar
o seguimento farmacoterapêutico utilizando instrumentos confiáveis e
voltados para as necessidades de cada condição/situação.
Iniciaremos nos métodos de seguimento, pelo método SOAP (Subjetivo,
Objetivo, Avaliação e Plano), que é muito utilizado pelos profissionais da
saúde, desenvolvido por Weed na década de 1970. Neste método, cada
termo faz referência a uma parcela do processo de atendimento do paciente/
usuário, com atividades específicas que são realizadas, anotadas em ordem
cronológica (com data de consulta e tempo), a saber:
• Subjetivo: procedimento de registro das informações obtidas com
os usuários ou com o cuidador e, se necessário, busca nos histó-
ricos de prontuários. Para a atenção farmacêutica, buscam-se infor-
mações relacionadas ao uso de medicamentos e suas relações com
as enfermidades.
• Objetivo: procedimento para obtenção de dados objetivos, tais como
os sinais vitais, resultados de exames de patologia clínica, testes
laboratoriais e exame físico.
• Avaliação: procedimento para identificar as suspeitas de problemas
relacionadas aos medicamentos, os quais podem ser utilizados na
resolução dos mesmos e quais abordagens farmacêuticas podem
ser utilizadas.
• Plano: procedimento para apreciação dos achados e do planejamento
terapêutico, em concordância com o perfil do paciente/usuário,
portanto, o farmacêutico estabelece um acordo com o paciente para
aplicação do plano e para monitoração dos resultados do plano. Se
houver a necessidade de avaliação do prescritor, o paciente deverá ser
avisado dessa necessidade, especialmente se existirem novas altera-
ções em prescrição de medicamento ou no quadro do usuário.
A aplicação do método SOAP não necessita de elaboração de formulário
específico, por outro lado isto exige maior experiência dos profissionais para
sua realização, uma vez que as informações não serão inseridas como como
padronizadas ou codificadas, ficando o texto livre para o profissional, assim
o hábito de avaliação do farmacêutico é desconhecida. Destacam-se, ainda,

101
como pontos positivos a simplicidade para documentar e registrar as infor-
mações, porém os pontos negativos estão relacionados à dificuldade para
consultas posteriores ou análise do plano terapêutico apresentado em um
contexto estruturado e lógico.

Assimile
Recomenda-se que a consulta realizada pelo farmacêutico, incluindo a
elaboração da SOAP, não ultrapasse 1 hora para que não se torne cansa-
tiva e prejudicial para a eficiência da atenção farmacêutica. Conforme o
farmacêutico adquire a prática, saberá dar prioridade para os principais
problemas do paciente, intervindo nos mais graves na primeira consulta
e deixando os menos graves para as demais.

Já o método PWDT (Pharmacists Work-up of Drug Therapy), desenvolvido


na University of Minnesota¸ também é utilizado no seguimento farmacotera-
pêutico e pode ser adaptado a qualquer contexto. Seus principais objetivos
perpassam por avaliar as necessidades do usuário/paciente em relação ao
tratamento medicamentoso e determinar ações para suprir as necessidades
e realizar o seguimento para que seja possível apontar os achados terapêu-
ticos encontrados.
Porém, assim como o método SOAP, o método PWDT necessita que
seja estabelecida uma conexão terapêutica restrita entre o farmacêutico
e o paciente, além, é claro, de considerar a necessidade de interação neste
processo de cuidado ao paciente.
Os principais componentes do método PWDT são:
• Análise de dados: caracterizada pela obtenção de informações e
distinção de ajuste, efetividade e segurança da terapia medicamen-
tosa, se é adequado para as necessidades dos pacientes/usuários e
identificar os agravos relacionados que interferem ou possam inter-
ferir nas metas terapêuticas.
• Plano de atenção: caracterizado pela elaboração de plano para
resolução de dificuldades identificadas na análise de dados, por
meio do estabelecimento de alvos terapêuticos e prevenindo possí-
veis problemas. Estes objetivos devem ser os mais claros possíveis,
passíveis de avaliação e verificação, e capazes de serem atingidas
pelo usuário.

102
• Monitorização e avaliação: caracterizadas pela verificação dos níveis
dos resultados terapêuticos estabelecidos no plano de atenção, reana-
lisando as necessidades do usuário/paciente quando necessário.
Estes componentes seguem, basicamente, sete passos fundamentais:
1. Coletar e entender adequadamente os dados relevantes do paciente/
usuário, com o objetivo de determinar se há problema relacionado ao
medicamento.
2. Identificar agravos relacionados aos medicamentos.
3. Delinear as metas terapêuticas.
4. Delinear as possibilidades farmacoterapêuticas disponíveis e passíveis
de serem utilizadas.
5. Eleger e individualizar o tratamento.
6. Implementar a decisão terapêutica.
7. Gerar o plano de monitoramento para garantir o alcance dos objetivos
terapêuticos.
Em 2004, os mesmos autores da versão que originou o método mudaram
o nome da metodologia para PW (Pharmacotherapy Workup), publicado no
livro Pharmaceutical Care Pratice: The Clinician’s Guide. Independentemente
da nomenclatura utilizada, o método utiliza a anamnese farmacêutica,
avaliação e interpretação dos dados e processos de orientação, com uma base
muito bem desenvolvida de planejamento de cuidados a serem ofertados aos
usuários/pacientes.
Este método pode ser aplicado para classificar a indicação, efetividade,
segurança e adesão de medicamentos, que permite a classificação dos
medicamentos em: medicamento desnecessário, necessita de farmacote-
rapia adicional, necessita medicamento diferente, dose muito baixa, reação
adversa ao medicamento, dose muito alta e não segue as instruções de uso.
Isto permite aos profissionais de saúde identificar usuários/pacientes em
risco farmacoterapêutico e assim evitar a morbimortalidade relacionada ao
uso de medicamentos. Veja no Quadro 3.1 a classificação estabelecida no
método PWDT.

103
Quadro 3.1 | Classificação do método PWDT
INDICAÇÃO
Medicamento desnecessário
Necessita medicamento adicional
EFETIVIDADE
Necessita um medicamento diferente
Dose muito baixa
SEGURANÇA

Reação adversa ao medicamento


Dose muito alta
ADESÃO/CUMPRIMENTO
Incumprimento/descumprimento

Fonte: Silva et al. (2013, p. 52).

Uma pesquisa realizada por Silva e colaboradores, em 2013, que analisou


o acompanhamento farmacoterapêutico em pacientes com dislipidemias em
uso de sinvastatina, por meio do método PWDT, mostrou que os agravos
comumente relacionados ao tratamento medicamentoso foram a indicação
de medicamentos desnecessários, a utilização de doses muito baixas ou muito
altas e o descumprimento do programa de tratamento farmacoterapêutico.
Para reduzir a ocorrência destes problemas, o PWDT objetiva facilitar o
aprendizado, a comunicação entre os farmacêuticos e entre os profissionais
de saúde, e permitir que se possa dar continuidade a um processo de segui-
mento farmacoterapêutico.

Reflita
O caráter mais estruturado de documentação e entrevista do método
PWDT facilita a aprendizagem e seguimento dos casos? Esta estrutu-
ração é capaz de alterar o tempo de consulta?

Outro método de seguimento muito utilizado e citado na literatura cientí-


fica é o método TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring ou Monitorização
de Resultados Terapêuticos), criado por Charles Hepler, na Universidade
da Flórida (EUA), com o objetivo de apoiar as atividades do farmacêutico
na prática.
Esse método é derivado do PWDT e compreende os seguintes passos:

104
• Coleta, interpretação e registro de dados importantes sobre o
paciente/usuário, obtendo os possíveis problemas farmacêuticos, por
meio de dados relacionados à utilização de medicamentos, agravos de
saúde, informações socioeconômicas, conceitos subjetivos e objetivos
da esperança do usuário frente a sua doença.
• Obtenção das metas terapêuticas de cada prescrição para analisar
a progressão dos resultados farmacoterapêuticos e, se necessário,
acionar o prescritor para clarear as metas terapêuticas.
• Análise da eficiência do plano terapêutico de acordo com objetivos/
metas da terapia medicamentosa voltada para as características
do usuário/paciente, suas esperanças e seu capacidade econômica.
Caso sejam identificados desvios significantes, o prescritor deverá
ser informado.
• Incremento do plano de acompanhamento para o usuário, ajustado
aos protocolos de tratamento para o agravo específico e para os
medicamentos utilizados.
• Dispensação do medicamento, verificação da compreensão do
paciente/usuário sobre o método correto de utilização e instrução
para seu uso racional.
• Implantação de plano de acompanhamento com agendamento de
nova consulta.
• Análise da evolução do tratamento farmacoterapêutico em relação aos
objetivos estabelecidos, pesando a possibilidade de eventos adversos
e a falha de tratamento.
• Resolução de agravos identificados ou notificação/encaminhamento
para o prescritor.
• Revisão ou atualização do plano de acompanhamento, quando for
realmente necessário.
Todavia, o método TOM é direcionado para aplicação em doenças
específicas e necessita do desenvolvimento de formulários para cada tipo de
atendimento que será realizado, com isso corre-se o risco de não considerar
o usuário/paciente como um todo. Todavia, serve como base para ações
centradas em uma doença específica. E o método TOM possui uma etapa a
mais, considerada como diferencial, em relação aos demais modelos, que é a
dispensação de medicamentos. A Figura 3.2 ilustra as etapas envolvidas no
método TOM.

105
Figura 3.2 | Método TOM

7. Avaliar o 8. Resolver os
progresso problemas
do paciente 1. Coletar, registrar e
interpretar a
informação do
paciente
6. Implementar o
plano de
monitorização 2. Identificar os
objetivos
terapêuticos
5. Dispensar
produto(s) e
4. Desenhar o 3. Avaliar o plano
orientar paciente
plano de terapêutico
monitorização

Fonte: Silva (2014, p. 16).

Em resumo, podemos estabelecer que o método TOM é uma forma


efetiva para melhorar a farmacoterapia em usuários/pacientes na atenção
farmacêutica.
Já o método Dáder serve como instrumento para o farmacêutico para
realizar o acompanhamento da farmacoterapia de forma sistêmica, para o
uso racional de medicamentos e o sucesso terapêutico dos pacientes. Esse
método foi criado na Universidade de Granada, na Espanha.
Basicamente, o método Dáder possui em sua estrutura:
• Oferta do serviço: consiste em explicar, de maneira clara e concisa, a
prestação dos cuidados que o paciente irá receber.
• Entrevista farmacêutica: é a base do seguimento farmacêutico e
por meio dela serão obtidas informações importantes como a visão
do paciente sobre os problemas de saúde, tratamento, entre outros
pontos. Cabe destacar que neste item a informação é bidirecional, ou
seja, o farmacêutico não deve se limitar a apenas ouvir o paciente,
mas também para desencadear ações de melhoria do estado de saúde
do paciente.
• Estado de situação: é um documento que mostra de forma resumida
uma fotografia do doente, ou seja, a relação existente entre os
problemas de saúde apresentados e os medicamentos do doente.

106
• Fase de estudo: é a etapa que permite a obtenção de informações
objetivas sobre os problemas de saúde e as medicações utilizadas, por
meio das melhores evidências disponíveis e focada na prática baseada
em evidências.
• Fase de avaliação: objetiva identificar os resultados negativos
associados à medicação que o doente apresenta.
• Fase de intervenção: objetiva criar e executar o plano de ação com o
doente, considerando todas as informações e os aspectos obtidos nas
fases anteriores.
• Resultados da intervenção: obtidos depois das entrevistas farmacêu-
ticas realizadas após a fase de intervenção, que fecham o processo de
seguimento do doente quando o paciente ou o farmacêutico decidem
abandoná-lo.
Os critérios utilizados na metodologia Dáder são:
• Quanto à necessidade: o medicamento deverá ser realmente neces-
sário com finalidade terapêutica, pois poderá causar problemas
relacionados aos medicamentos (PRM):
– PRM 1: indicação não tratada;
– PRM 2: medicamento desnecessário.
• Quanto à efetividade: o medicamento deverá atender ao objetivo
proposto, pois poderá causar problemas relacionados aos medica-
mentos (PRM):
– PRM 3: medicamento não é efetivo;
– PRM 4: doses subterapêuticas.
• Quanto à segurança: o medicamento deverá ser seguro ao paciente,
pois poderá causar problemas relacionados aos medicamentos (PRM):
– PRM 5: superdosagem;
– PRM 6: reações adversas, efeitos secundários ou intera-
ções medicamentosas.
A implantação do método Dáder estreita e enriquece o relacionamento
do farmacêutico com a equipe de saúde e proporciona maior qualidade na
prestação de serviços de atenção farmacêutica, assim como auxilia no estabe-
lecimento de vínculo com os pacientes.

107
Exemplificando
O método Dáder para ser aplicado necessita um roteiro padronizado e
sistematizado, previamente elaborado, que engloba a escuta ativa do
paciente/usuário, identificação das necessidades, análise da situação,
intervenção farmacêutica, documentação, educação em saúde e outros.

Assim, podemos estabelecer que o seguimento farmacoterapêutico é


parte integrante e essencial da atenção farmacêutica, pois por meio destes
métodos que a equipe de saúde consegue estabelecer os resultados almejados
e consequentemente a melhora da qualidade de vida.

Sem medo de errar

Temos o caso do Fernando, aprovado em processo seletivo para atuar


como farmacêutico de uma rede de drogarias, e que se vê diante de um
teste sobre seus conhecimentos sobre o método SOAP (Subjetivo, Objetivo,
Avaliação e Plano), método PWDT (Pharmacist’s Workup of Drug Therapy/
Estudo Farmacêutico da Terapia Farmacológica), método TOM (Therapeutic
Outcomes Monitoring/Monitorização de Resultados Terapêuticos) e método
Dáder. Fernando fora questionado sobre as principais características, poten-
cialidades, fragilidades e possibilidades de utilização de cada método citado.
Fernando explicou o que o método SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação
e Plano) é realizado pelo registro das informações obtidas com os usuários
ou com o cuidador ou até mesmo com históricos de prontuários; procedi-
mento para obtenção de dados objetivos, tais como os sinais vitais, resultados
de exames de patologia clínica, testes laboratoriais e exame físico; procedi-
mento para identificar as suspeitas de problemas relacionadas ao uso de
medicamentos, o que poderá ser realizado para resolver os agravos e quais
condutas farmacêuticas podem ser adotadas; e procedimento para inferência
dos dados e do plano farmacoterapêutico, em concordância com o perfil
do paciente/usuário e, se houver a necessidade de avaliação do prescritor, o
paciente deverá ser avisado, principalmente se existirem novas mudanças na
prescrição de medicamentos ou no quadro do paciente/usuário.
Seus principais diferenciais são a não necessidade de elaboração de
formulário específico, exigência de maior experiência dos profissionais para
sua realização, uma vez que as informações serão registradas livremente no
texto sem padronização ou codificação e assim a rotina do processo avalia-
tivo do farmacêutico é desconhecida. Ainda que o processo de documentar
e registrar as informações seja simples (configurando-se, portanto, como
ponto positivo), os pontos negativos estão relacionados à dificuldade que

108
existe para realizar consultas posteriores ou análise do plano terapêutico
apresentado em um contexto estruturado e lógico.
O método PWDT (Pharmacists Work-up of Drug Therapy) também
é utilizado no seguimento farmacoterapêutico. Ele avalia o que é neces-
sário informar para o paciente/usuário sobre medicamentos e determina
ações para suprir as necessidades e realizar o seguimento para que seja
possível apontar os achados terapêuticos encontrados. Para isto, o farma-
cêutico analisa os dados, por meio de coleta de dados e estabelecimento de
adequação, efetividade e segurança do tratamento medicamento, conforme
as necessidades dos pacientes/usuários, e encontra os agravos associados que
interferem ou possam interferir nas metas terapêuticas. Determina, ainda,
o plano de atenção, por meio de elaboração de plano para resolução de
problemas identificados na análise de dados, por meio do estabelecimento
de metas/objetivos farmacoterapêuticos e prevenção de outros problemas
que podem aparecer. Também realiza monitorização e avaliação por meio de
verificação dos níveis dos resultados terapêuticos estabelecidos no plano de
atenção, reconsiderando o que é necessário para o paciente/usuário quando
houver necessidade.
O método TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring/Monitorização de
Resultados Terapêuticos) apoia as atividades do farmacêutico na prática e
compreende os seguintes passos: coleta, interpretação e registro de achados
importantes acerca do paciente/usuário, encontrando os problemas farma-
coterapêuticos, por meio dos achados sobre uso de medicamentos, agravos
de saúde, informações socioeconômicos, aparências subjetivas e objetivas da
expectativa do paciente/usuário frente a sua doença; obtenção dos objetivos
de cada prescrição/tratamento, para analisar a evolução dos achados da
farmacoterapia e, quando necessário, acionar o prescritor para clarear as
metas terapêuticas; análise da adequação do plano de tratamento de acordo
com os objetivos da farmacoterapia, baseado nas características do usuário/
paciente, suas expectativas e sua capacidade econômica; desenvolvimento do
plano de monitoramento para o usuário, adaptado aos protocolos de trata-
mento, para a doença específica e para os medicamentos utilizados; dispen-
sação do medicamento, verificação da compreensão do paciente/usuário
sobre o meio adequado de utilização e instrução para seu uso racional;
implantação de plano de acompanhamento com agendamento de nova
consulta; estimativa da melhora do uso do medicamento frente aos objetivos
terapêuticos apresentados, estimando a probabilidade de eventos adversos
e a falha de tratamento; resolubilidade de agravos identificados ou encami-
nhamento/notificação do prescritor e revisão ou atualização do plano de
acompanhamento quando realmente for necessário. Este método necessita
do desenvolvimento de formulários para cada tipo de atendimento que será

109
realizado, com isso corre-se o risco de não considerar o usuário/paciente
como um todo.
Em resumo, podemos estabelecer que o método TOM é uma forma
efetiva para melhorar a farmacoterapia em usuários/pacientes na atenção
farmacêutica.
Já o método Dáder serve como instrumento para o farmacêutico para
realizar acompanhamento da farmacoterapia de forma sistêmica, para o uso
racional de medicamentos e o sucesso terapêutico dos pacientes. Utiliza os
critérios quanto à necessidade, ou seja, o medicamento deverá ser realmente
necessário com finalidade terapêutica, pois poderá causar problemas relacio-
nados aos medicamentos (PRM); quanto à efetividade, ou seja, o medica-
mento deverá atender ao objetivo proposto e quanto à segurança, ou seja, o
medicamento deverá ser seguro ao paciente.

Avançando na prática

Acompanhamento farmacoterapêutico em
unidade de terapia intensiva

Você foi contratado por um hospital de referência regional para realizar a


implantação de metodologias de seguimento farmacoterapêutico na unidade
de terapia intensiva. Durante sua reunião com o gestor clínico do hospital,
foi solicitada a apresentação dos principais benefícios envolvidos na implan-
tação de seguimento farmacoterapêutico na unidade de terapia intensiva,
principalmente, sobre quais são os aspectos que podem ser considerados
positivos. E quais os principais ganhos na implantação do seguimento farma-
coterapêutico? Como você responderia ao gestor?

Resolução da situação-problema
O acompanhamento farmacoterapêutico permite por meio de suas
diversas metodologias o acompanhamento e monitoramento da prescrição
médica referente a medicamento, dose, intervalo, via, diluição e adminis-
tração. Além disso, permite uma compreensão ampla e sistematizada
referente a incompatibilidades medicamentosas, riscos da utilização e reações
adversas, otimização terapêutica, identificação de padrões de administração
de medicamentos e elaboração de protocolos.

110
Outrossim, os problemas mais comuns observados em unidades de
terapia intensiva, no tocante ao acompanhamento farmacoterapêutico, estão
relacionados às informações ausentes na prescrição, dosagem maior do que
a correta e indisponibilidade de medicamentos. As recomendações mais
comuns elaboradas pelo farmacêutico clínico são relacionadas ao tempo de
infusão, adequação da dose e suspensão do medicamento.
Ou seja, o acompanhamento farmacoterapêutico realizado na unidade de
terapia intensiva é realizado com monitoramento dos medicamentos utili-
zados, identificação dos problemas relacionados aos medicamentos e foco na
segurança do paciente.

Faça valer a pena

1. O método SOAP possui em suas letras as características de cada elemento


que faz parte do processo de atendimento. Considerando que muitas das
indicações farmacêuticas são realizadas nos balcões, sem registro e acompa-
nhamento, o método SOAP colabora com a atenção farmacêutica. Assim,
considerando as características deste método de seguimento farmacotera-
pêutico, leia as sentenças a seguir e julgue as afirmativas como verdadeiras
(V) ou falsas (F):
( ) Tornar o atendimento farmacêutico metódico e sistematizado.
( ) Agilizar a consulta de registros relacionados ao atendimento farmacêu-
tico.
( ) Tornar complexa a análise das informações obtidas no atendimento
farmacêutico.
( ) Tornar mais burocrática a comunicação entre farmacêutico e paciente..
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a. V – F – V – F.
b. F – V – F – V.
c. V – V – F – F.
d. F – F – V – V.
e. V – F – F – V.

2. Entre as ferramentas utilizadas na prática da atenção farmacêutica, o


método Dáder é um dos mais utilizados e possui entre suas principais carac-
terísticas:

111
I. A abordagem dos problemas relacionados aos medicamentos.
II. A identificação dos problemas relacionados aos medicamentos e a elabo-
ração de planos de ação.
III. Aplicação para algumas situações e/ou doenças.
IV. Baseia-se nos problemas de saúde para identificar e resolver os problemas
relacionados aos medicamentos.
Considerando as sentenças apresentadas sobre o método Dáder, é correto o
que se afirma em:
a. I e II, somente.
b. I e III, somente.
c. I, III e IV, somente.
d. II, III e IV, somente.
e. I, II e IV, somente.

3. Derivado do método PWDT, o método TOM (Therapeutic Outcomes


Monitoring) ou Monitorização de Resultados Terapêuticos, foi desenvolvido
nos EUA para dar apoio ao farmacêutico nas suas atividades práticas. Consi-
derando esse contexto, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I. O método TOM realiza a dispensação do medicamento, verificando
se o paciente entendeu os procedimentos relacionados à utilização
do medicamento.
PORQUE
II. Possibilita avaliar o plano terapêutico e mudar, sem consulta ao
prescritor, caso o paciente não tenha compreendido como fazer o
uso racional do medicamento.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

112
Seção 3

Controle e prevenção de complicações


relacionadas aos medicamentos

Diálogo aberto
Sempre que um tratamento medicamentoso é iniciado, o paciente
deve ser orientado em aspectos como: a necessidade de se seguir à risca o
esquema terapêutico proposto, as possíveis interações do medicamento com
os alimentos ou outros medicamentos que já eram utilizados e a ocorrência
de possíveis eventos adversos que podem interferir no tratamento. As bulas,
as orientações repassadas pelo médico e pelo farmacêutico convergem para
o mesmo ideal: atingir os resultados positivos que se esperam a partir da
farmacoterapia instituída. Porém, nem sempre o paciente entende as orien-
tações e as seguem como guias para o sucesso terapêutico.
Neste contexto, voltaremos à rotina de Fernando, farmacêutico contra-
tado por uma grande rede de drogarias. Os gestores da rede contrataram uma
empresa de consultoria farmacêutica e mandaram o farmacêutico para um
período de treinamento, visando otimização dos processos para realização
das condutas dentro das diretrizes e cultura da rede. Durante esse período
de treinamento, os últimos dias foram voltados às atividades de controle
e prevenção de complicações relacionadas ao uso de medicamentos. Em
umas das dinâmicas do treinamento, o consultor responsável questionou
Fernando sobre como era a sua atuação em relação aos parâmetros de
controle e prevenção de complicações. Questionou ainda como deveriam
ser notificados os casos de reações adversas, que ainda não foram relatadas,
em relação a um determinado medicamento. Como você, aluno, no lugar do
nosso farmacêutico, responderia aos questionamentos do consultor?
Para trabalharmos com os pontos levantados e respondermos estes e
outros questionamentos, abordaremos conteúdos importantes para o pleno
desenvolvimento do tema de controle e prevenção de complicações relacio-
nadas aos medicamentos, desde os parâmetros utilizados até os sistemas de
notificação envolvidos.
Esse é um tema importante para sua formação e seu desenvolvimento,
portanto, dedique-se e aprofunde-se ainda mais sobre o assunto, realize
pesquisas que auxiliarão na formação da sua concepção sobre o controle e
prevenção de complicações relacionadas aos medicamentos. Bons estudos.

113
Não pode faltar

Quando um paciente inicia um tratamento medicamentoso, ele estará sujeito


a dois tipos de desfechos clínicos: os finais e os substitutos. Os desfechos finais
incluem morte, cura ou desenvolvimento de complicações da doença, enquanto
que os desfechos substitutos ou intermediários podem ser observados no curto e
médio prazos como resposta ao tratamento medicamentoso. E como esses desfe-
chos influenciam diretamente nas condutas terapêuticas realizadas, a atenção
farmacêutica assume papel de destaque na eficácia e segurança da farmacote-
rapia escolhida.
Neste contexto, cabe ainda citar que a atenção farmacêutica possui carac-
terísticas específicas conforme a condição do paciente, sendo que pacientes que
necessitam de tratamento longo por uma condição crônica passam a ter em seus
objetivos terapêuticos o controle e a prevenção de complicações relacionadas ao
uso de medicamentos.
A identificação de problemas relacionados ao tratamento medicamentoso
é fundamental para a atenção farmacêutica, fato evidenciado na literatura como
“diagnóstico farmacêutico”, portanto, a prevenção destes problemas é colocada
como uma das ações mais importantes do farmacêutico.
Sempre que existir um evento associado à farmacoterapia, devemos considerar
se existe uma relação direta de causa e efeito, para que sejam consideradas a adição
ou modificação da farmacoterapia para resolução ou prevenção desse evento.
Muitos destes problemas relacionados à farmacoterapia estão vinculados à
conciliação de medicamentos e a pacientes que sofreram transferência de nível de
atenção, como por exemplo, de pacientes que receberam alta hospitalar e retor-
naram às suas residências. Estas condições são consideradas especialmente frágeis,
pois podem apresentar discrepâncias de medicação, duplicidades terapêuticas,
reações adversas e falhas de adesão ao tratamento.
Portanto, durante o seguimento terapêutico, o farmacêutico precisa comparar
a evolução dos parâmetros terapêuticos em relação aos valores basais da avaliação
inicial do paciente, para avaliar nesses indicadores a efetividade e segurança da
farmacoterapia. Veja este exemplo: paciente realiza farmacoterapia com Enalapril
10 mg, duas doses ao dia; neste caso o controle pressórico passa a ser o indicador
de efetividade e a presença de sintomas como tosse ou transtornos gastrointestinais
passa a ser o indicador de segurança. Outro exemplo seria a utilização de parâme-
tros fisiológicos e bioquímicos, estes estão relacionados com indicadores de efeti-
vidade terapêutica.
Portanto, a utilização de parâmetros para controle e prevenção de complica-
ções deve estar bem estabelecida na declaração de serviço farmacêutico, com área

114
para anotação de resultados de parâmetros medidos e dos valores desejados. Os
indicadores mais comumente utilizados são:
• Frequência cardíaca;
• Temperatura corporal;
• Pressão arterial;
• Dor;
• Cansaço;
• Prurido;
• Glicemia;
• LDL-C;
• TSH;
• Eletrocardiograma;
• Densidade mineral óssea.

Assimile
Os medicamentos que pertencem às listas da Portaria nº 344/98 passam
por um controle mais rigoroso da vigilância sanitária: estes medica-
mentos necessitam de notificação de receita para sua dispensação,
este documento fica retido no momento da compra. Para esses medica-
mentos é obrigatória a identificação do prescritor e do comprador e
todas as informações em relação às quantidades dispensadas são infor-
madas a ANVISA por meio de um sistema informatizado que gerencia
essas informações, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos
Controlados (SNGPC).

E, neste cenário de controle e farmacovigilância, na década de 1960, surgiram


diversos grupos de farmacoepidemiologia na Europa e nos EUA e a Assembleia
Mundial de Saúde iniciou um programa internacional de monitorização de
reações adversas a medicamentos, o Programa Internacional de Monitorização de
Medicamentos da Organização Mundial de Saúde (OMS), o qual possui um centro
colaborador em Upsalla, na Suécia.
Este programa surgiu para coordenar as notificações de reações adversas a
medicamentos e a própria OMS divulgou a ferramenta VigiAccess que possibilita a
qualquer pessoa ter acesso às reações adversas de medicamentos registradas pelos
120 países-membros do programa.

115
A OMS considera como ponto vital para ações efetivas de monitoramento
um sistema de farmacovigilância que deve ser apoiado por organismo regulador,
que no modelo original é fortemente centralizado, apesar de muitos países atual-
mente preferem um sistema descentralizado, os dois modelos são semelhantes em
muitos aspectos.
O Brasil é membro do programa desde 2001, período em que a Anvisa criou o
departamento de farmacovigilância e favoreceu o surgimento do Projeto Sentinela,
que estabeleceu estratégia para vigilância de serviços e produtos no ambiente
hospitalar, registrando eventos adversos e queixas técnicas de medicamentos e
demais produtos submetidos à vigilância sanitária.
Assim, podemos considerar que as atividades de avaliação da segurança dos
medicamentos no Brasil ainda são recentes, promovidas pela Política Nacional de
Medicamentos e implantada como Programa de Segurança dos Medicamentos da
Organização Mundial de Saúde.
E como os farmacêuticos são profissionais que assumem papel diferenciado em
relação ao medicamento no modelo assistencial de saúde, cuja formação permite
orientar a respeito de medicamentos prescritos e dispensados, identificar as razões
dos tratamentos e promover a adesão a uma terapia farmacológica racional,
inúmeras ações do farmacêutico surgem na farmacovigilância:
• Notificar adulterações nos medicamentos, contribuindo para
segurança, qualidade e eficácia de medicamentos;
• Realizar acompanhamento sistematizado de ocorrência de reações
adversas a medicamentos, contribuindo para reduzir os riscos
derivados da utilização de medicamentos;
• Conhecer o perfil das reações adversas a medicamentos e os fatores
de risco;
• Estimular a preocupação e o interesse dos profissionais quanto ao
diagnóstico e à notificação de reações adversas a medicamentos;
• Evidenciar problemas na qualidade dos medicamentos;
• Notificar erros de prescrição, para promover o uso racional
de medicamentos;
• Elaborar manual de procedimento que contemple todas as ações
desenvolvidas pela farmacovigilância;
• Orientar sobre o uso racional de medicamentos.
O farmacêutico na farmacovigilância deverá realizar o que está disposto
na RDC n° 04/09 que dispõe sobre normas de farmacovigilância para os

116
detentores de registro de medicamentos de uso humano, a qual classifica
como eventos adversos:
• Suspeita de reações adversas a medicamentos;
• Eventos adversos por desvios de qualidade de medicamentos;
• Eventos adversos decorrentes do uso não aprovado de medicamentos;
• Interações medicamentosas;
• Inefetividade terapêutica, total ou parcial;
• Intoxicações relacionadas a medicamentos;
• Uso abusivo de medicamentos;
• Erros de medicação, potenciais e reais;
Já para as farmácias e drogarias, as diretrizes são estabelecidas pela Lei
n° 13.021/14, que dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades de
drogarias e em seu artigo 13 obriga o farmacêutico a notificar os profissio-
nais de saúde, órgãos sanitários competentes e laboratório industrial sobre os
efeitos colaterais, as reações adversas, as intoxicações voluntárias ou não e da
farmacodependência observada e registrada na prática da farmacovigilância.
As notificações devem ser realizadas nos seguintes canais:
• Notivisa – Sistema Nacional de Notificações para Vigilância Sanitária
(você encontra os links de cadastro e de acesso ao sistema ao final, na
listagem de Referências).
• Núcleo de Farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária de
cada Estado.

Reflita
As notificações apresentadas para apresentar queixas técnicas, reações
adversas e até mesmo erros de prescrição visam promover quais ações
de melhoria no uso seguro e racional de medicamentos? A Anvisa pode
intervir e ordenar mudanças que garantam maior segurança terapêu-
tica?

E como a notificação espontânea dos profissionais de saúde é a principal


ferramenta da farmacovigilância, os sistemas de notificação de reações adversas
causada por medicamentos ou mesmo de outros problemas relacionados aos

117
medicamentos como desvios de qualidade, perda de eficácia, abuso, intoxicação,
uso indevido ou erros de administração assumem papel fundamental na garantia
da plena evolução da farmacovigilância.
Basicamente, estes sistemas objetivam eliminar, minimizar ou prevenir riscos
envolvendo o uso de medicamentos, para isto:
Estabelecem e executam normas e procedimentos relacionados ao fluxo de
notificações de eventos adversos de medicamentos;
Recebem e analisam as notificações suspeitas de reações adversas a medica-
mentos recebidas por meio do sistema eletrônico de notificação (PERIWEB), para
que seja possível monitorar a cadeia de medicamentos;
Identificam e analisam os sinais de segurança provenientes dos relatórios
periódicos do sistema Periweb e comparam com as informações publicadas por
Agências Regulatórias Internacionais;
Executam inspirações de farmacovigilância com o Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária;
Executam programas de treinamentos de profissionais de saúde para desen-
volver atividades sistematizadas em farmacovigilância;
Propõem normas técnicas para melhorar os procedimentos relacionados com
os medicamentos;
Divulgam informações atualizadas e de segurança para profissionais de saúde
por meio de Boletins Eletrônicos de Farmacovigilância.
Portanto, podemos concluir que os sistemas de farmacovigilância são essen-
ciais nas políticas de regulação de medicamentos para garantir a segurança dos
pacientes na proteção aos eventos adversos a medicamentos.
Em âmbito nacional temos o Sistema Nacional de Farmacovigilância
(Sinaf), oriundo das atividades regulatórias de farmacovigilância organizadas
no Brasil a partir da criação da Anvisa denominado à época como Gerência de
Farmacovigilância (GFARM), cujas atividades contemplam também:
Subsidiar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária na identificação de reações
adversas ou efeitos não desejados;
Aperfeiçoar o conhecimento sobre os efeitos dos produtos;
Alterar recomendações sobre o uso de produtos e cuidados;
Promover ações de proteção à saúde pública por meio da regulação de produtos
comercializados no país.

118
Agora que já identificamos o fluxo de notificação e o papel dos sistemas de
notificação, apresento a Figura 3.3 que traz um fluxograma sobre o Sistema
Nacional de Farmacovigilância.
Figura 3.3 | Fluxo de dados e informações sobre casos de eventos adversos a
medicamentos encaminhados
Figura 3.3 | Fluxo de dados e informações sobre casos de eventos adversos a medicamentos
encaminhados ao Sistema Nacional de Farmacovigilância

Fonte: Mota, Vigo e Kuchenbecker (2018, [s.p.]).

O Sinaf induziu o estabelecimento de redes integrando as vigilâncias


sanitárias estaduais, regionais, municipais e do Distrito Federal, possibili-
tando o aumento na detecção de eventos adversos, a comunicação de alertas
e a capacitação de profissionais. Além disto, o Sinaf também é integrado aos

119
programas de saúde públicos oriundos de outros sistemas, como o Programa
Nacional de Controle da Tuberculose.

Exemplificando
As redes para vigilância dos eventos adversos associados a medica-
mentos são compostas por todos os atores que participam do processo
de notificações à Anvisa (Rede Sentinela, Vigilâncias Sanitárias
Estaduais, Regionais, Municipais e do Distrito Federal) e possibilitam
maior capacidade de detecção de eventos adversos, comunicações de
alertas e capacitações de profissionais. Essas redes conjuntamente com
o Sinaf caracterizam o que chamamos de farmacogovernança voltadas
ao sistema de saúde descentralizado que vigora no país.

Portanto, ao final desta seção podemos estabelecer que a segurança e


a efetividade de medicamentos dependem, essencialmente, de sistemas
de regulação e de farmacovigilância, pois o perfil de segurança de muitos
medicamentos é variável conforme as características de cada região/país,
considerando diferenças em incidências, padrões de uso, comportamentos
de riscos dos pacientes, meio ambiente e influências genéticas.

Sem medo de errar

Pois bem, temos o caso de Fernando contratado por uma rede de droga-
rias e que está realizando um treinamento em uma empresa de consultoria
farmacêutica. Dentre as dinâmicas dos últimos dias do treinamento, um
consultou questionou Fernando como era a sua atuação em relação aos
parâmetros de controle e prevenção de complicações. E como deveriam ser
notificados os casos de reações adversas, que ainda não foram relatadas, em
relação a um determinado medicamento?
Assim, para resolução desta situação-problema, um caminho para satis-
fazer os questionamentos levantados seria contextualizando a farmacovi-
gilância na identificação de problemas relacionados aos medicamentos,
as relações de causa e efeito e seu papel preventivo. Algumas situações são
comuns em gerarem reações adversas ou complicações relacionadas aos
medicamentos, como nos casos de pacientes que são transferidos de níveis
de atenção, pois estão mais sujeitos a alterações de medicações, duplicidades
terapêuticas e falha na adesão ao tratamento.
Alguns parâmetros são utilizados pelos farmacêuticos no controle
e prevenção de complicações, sendo os mais utilizados, os que estão

120
relacionados aos sinais vitais (como a pressão arterial e frequência cardíaca)
e exames laboratoriais (níveis glicêmicos).
A própria Organização Mundial de Saúde possui na Suécia um programa
de monitorização de medicamentos, que coordena as notificações de reações
adversas a medicamentos e permite assim uma visão ampla para todos as
pessoas sobre essas reações. O Brasil é membro deste programa desde 2001,
quando a Anvisa criou o departamento de farmacovigilância e surgiu o
Projeto Sentinela.
Neste contexto, o farmacêutico assume papel central na farmacovigilância,
pois sua formação o capacita a orientar sobre medicamentos, identificar as
razões de tratamentos e promover a adesão à terapia farmacológica racional,
portanto, suas ações perpassam por notificar adulterações nos medicamentos,
acompanhar ocorrência de reações adversas a medicamentos, evidenciar
problemas na qualidade dos medicamentos, notificar erros de prescrição,
elaborar manuais e orientar sobre o uso racional de medicamentos.
As notificações devem ser realizadas nos canais Notivisa e no Núcleo de
Farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária de cada estado. Em
âmbito nacional temos o Sistema Nacional de Farmacovigilância (Sinaf), que
trabalha em redes integrando as vigilâncias sanitárias estaduais, regionais,
municipais e do Distrito Federal, possibilitando o aumento na detecção de
eventos adversos, a comunicação de alertas e a capacitação de profissionais.
Essa abordagem seria uma maneira de responder às questões levan-
tadas, mas levantado, você ainda poderia imaginar outros caminhos para se
responder a esses questionamentos? Pense nisso!

Avançando na prática

Farmacovigilância na Unidade Básica de Saúde

Depois da tragédia da Talidomida, antes de um medicamento ser lançado


no mercado ele precisará passar por um período de pré-comercialização,
no qual ele é testado em seres humanos por meio de estudos ou pesquisas
clínicas, para que sejam verificadas a qualidade, a segurança e a eficácia do
medicamento. Porém, em razão do tempo de seguimento de uma pesquisa
clínica, nem sempre a segurança e eficácia do medicamento podem ser 100%
testadas, o que pode ocasionar o surgimento de reações adversas que nem
eram conhecidas até então.

121
Um farmacêutico de uma Unidade Básica de Saúde, durante suas ativi-
dades, atendeu um paciente que relatava uma reação adversa ao medica-
mento que estava usando, esta reação, porém, não estava discriminada na
bula do medicamento. Tratava-se de um medicamento considerado “novo”,
pois havia apenas três anos que o mesmo estava sendo comercializado no
Brasil. O paciente afirma que no momento não faz uso de nenhum outro
medicamento. Diante dessa situação, no lugar do farmacêutico, qual conduta
você adotaria?

Resolução da situação-problema
Em relação ao exposto, a conduta a ser tomada frente a esse caso seria,
investigar junto ao paciente quanto o grau de nocividade da reação apresen-
tada, visando garantir a segurança do paciente em relação à possíveis
complicações orgânicas envolvidas. Também deve sempre buscar informa-
ções sobre o medicamento, se houve adulteração, analisar a prescrição e a
forma de uso. O farmacêutico deve entrar em contato com o prescritor para
verificar a possibilidade de interrupção do tratamento. Em seguida, o profis-
sional farmacêutico deve acessar o sistema oficial de farmacovigilância do
Ministério da Saúde e documentar o fato ocorrido por meio de uma notifi-
cação formal no Sistema Nacional de Notificações para Vigilância Sanitária
(NOTIVISA). O farmacêutico deve zelar pelo compromisso ética da saúde
em geral, assegurando a eficácia e a segurança do tratamento medicamentoso
e, assim, promover a saúde através do bem-estar físico, social e mental.

Faça valer a pena

1. Os sistemas de farmacovigilância possuem como objetivos primordiais a


geração de informações sobre a segurança de medicamentos, avaliação das
relações de causa e efeito, e as reações adversas a medicamentos.
Analise as assertivas a seguir sobre os sistemas de farmacovigilância:
I. Após a notificação, cada medicamento é revisado por técnicos da
Anvisa.
II. As notificações limitam o planejamento e adoção de medidas regula-
tórias da Anvisa.
III. As notificações são realizadas estritamente por farmacêuticos.
IV. As notificações servem de base para retirada de medicamentos
de circulação caso sejam identificados problemas de qualidade e
produção..

122
Considerando as sentenças apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças II e III são verdadeiras.
b. Somente as sentenças I e IV são verdadeiras.
c. Somente as sentenças I, III e IV são verdadeiras.
d. Somente as sentenças II, III e IV são verdadeiras.
e. Somente as sentenças I, II e IV são verdadeiras.

2. As primeiras ações no Brasil que abordaram as questões relacionadas


a reações adversas ocorreram na década de 1970, confirmadas na Política
Nacional de Medicamentos em 1998, com o propósito de garantir a segurança,
a eficácia, a qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional de
medicamentos e o acesso da população aos medicamentos.
Sobre as ações de farmacovigilância, analise as sentenças a seguir:
I. As atividades de farmacovigilância envolvem as atuações das vigilân-
cias sanitárias.
II. As atividades de farmacovigilância ocorrem em redes de atuação.
III. As atividades de farmacovigilância ocorrem de maneira centrali-
zada em virtude do sistema de saúde vigente no Brasil.
IV. As atividades de farmacovigilância com as ações das vigilâncias
sanitárias permitem aumentar as ações básicas de controle, regula-
mentação, fiscalização e inspeção.
Considerando as sentenças apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças II e III são verdadeiras.
b. Somente as sentenças I e IV são verdadeiras.
c. Somente as sentenças I, III e IV são verdadeiras.
d. Somente as sentenças II, III e IV são verdadeiras.
e. Somente as sentenças I, II e IV são verdadeiras.

3. A Anvisa caracteriza a farmacovigilância como as atividades relativas à


detecção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou outros
problemas relacionados a medicamentos. Considerando esse contexto, avalie
as asserções e a relação proposta entre elas.

123
I. A farmacovigilância atua nas reações adversas aos medicamentos e
permite detectar problemas precocemente para a saúde da população.
PORQUE
II. A farmacovigilância trabalha com a suspeita de reações adversas a
medicamentos, de desvios de qualidade de medicamentos, de uso
não aprovado de medicamentos, de interações medicamentosas, de
inefetividade terapêutico total ou parcial, de intoxicações relacio-
nadas a medicamentos, de uso abusivo de medicamentos e de erros
de medicação.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

124
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Unidade 4
Flavia Soares Lassie

Assistência farmacêutica no âmbito hospitalar

Convite ao estudo
Seja bem-vindo à unidade de ensino que abordará a assistência farmacêu-
tica no âmbito hospitalar, tema extremamente importante para sua formação,
uma vez que as ações desta área impactarão nas atividades realizadas dentro
de um hospital. Apesar disto, são comuns as notícias relacionadas à má gestão
da assistência farmacêutica, que gera falta de medicamentos em hospitais,
falhas geralmente associadas a elementos tão conhecidos do ciclo de assis-
tência farmacêutica, como o armazenamento, controle de estoques, prazos
de validade, distribuição e dispensação.
E para conseguirmos atingir a proficiência necessária para uma desta-
cada atuação neste contexto, precisaremos conhecer e entender profun-
damente o papel do farmacêutico da assistência farmacêutica no contexto
hospitalar, com ênfase nas atividades relacionadas à logística, manipulação
e atividades com o paciente, norteados pelas normas vigentes que balizam
a atuação farmacêutica hospitalar. Ao final, você estará apto a desenvolver
e implementar ações que possibilitem atuar com qualidade nas atividades
farmacêuticas hospitalares.
E como atingiremos estes objetivos? Primeiramente, abordaremos a
assistência farmacêutica em hospitais, com conteúdos que perpassam pela
evolução e pelos objetivos da farmácia hospitalar no Brasil, a atuação da
assistência farmacêutica no contexto da farmácia hospitalar e as diretrizes
governamentais para assistência farmacêutica. Em seguida, passaremos pelas
atividades do farmacêutico na assistência farmacêutica hospitalar, com ativi-
dades logísticas, atividades de manipulação e produção de medicamentos,
atribuições voltadas ao paciente e a garantia da qualidade e relações interseto-
riais. Para por fim, trabalharmos com o uso racional de medicamentos, desde
os seus princípios, intervenções fundamentais até a utilização da farmacoepi-
demiologia e farmacoeconomia no uso racional de medicamentos.
Quanto conteúdo interessante teremos, não é verdade? Então, vamos
com foco e dedicação para conseguirmos atingir nossas metas ao final desta
unidade! Bons estudos!
Seção 1

Assistência farmacêutica em hospitais

Diálogo aberto
Há muito tempo se fala da falta de medicamentos nos hospitais públicos.
Nos últimos anos nos acostumamos a ler reportagens em portais de notícias
e atribuirmos ao poder público a responsabilidade pela ausência destes
medicamentos, todavia, problemas também são observados em hospitais
privados, muito em face de uma estrutura precária e inadequação da gestão
dos serviços farmacêuticos prestados a esses estabelecimentos. Sabemos que
muitas vezes isto ocorre mesmo por descaso dos governantes para com a
saúde pública, todavia, nem sempre a responsabilidade é toda dos gover-
nantes: muitas vezes observamos uma rede de erros e descuidos que geram
problemas graves para os usuários de hospitais. Dentro deste contexto, o
farmacêutico tem um papel fundamental na garantia dos medicamentos
necessários para o funcionamento do hospital, visto que a assistência farma-
cêutica no contexto hospitalar engloba atividades relacionadas à logística e
manipulação, ao controle de qualidade, à atenção farmacêutica e farmácia
clínica. Além disso, existem atividades intersetoriais, que requerem interação
com outros setores do hospital.
Para trabalharmos com a assistência farmacêutica no ambiente hospi-
talar, teremos o seguinte contexto: Fabiana é uma farmacêutica que assumiu a
gestão da farmácia hospitalar de um hospital de médio porte em uma cidade.
Você tem uma ideia de quais são as prioridades do farmacêutico gestor de
uma farmácia hospitalar, no âmbito da assistência farmacêutica neste para
este seguimento?
Assim, chegamos a situação-problema desta seção. Durante o diagnóstico
inicial das condições da assistência farmacêutica, Fabiana precisou conversar
com os colegas que já estavam no setor há algum tempo para compreender as
formas de atuação e, a partir deste diagnóstico, propor melhorias capazes de
otimizar a assistência farmacêutica deste estabelecimento de saúde.
E uma das primeiras atividades proposta por Fabiana foi um treinamento
para capacitação dos envolvidos nas atividades de assistência farmacêutica
da farmácia do hospital. No lugar da farmacêutica, quais premissas deveriam
ser discutidas na capacitação, para otimizar a resposta da sua equipe, em
relação às diretrizes da assistência farmacêutica no âmbito hospitalar?
Para lhe auxiliar, trabalharemos com os seguintes conteúdos: evolução
da assistência farmacêutica no contexto hospitalar no Brasil, os objetivos da

133
assistência farmacêutica hospitalar, como se dá a assistência farmacêutica
em um hospital e as diretrizes governamentais para assistência farmacêutica
em hospitais. Percebeu a importância de trabalharmos com muita dedicação
nesta seção de estudos? Com certeza ela te auxiliará a ser um profissional de
destaque no mercado de trabalho!
Bons estudos!

Não pode faltar

Para compreendermos a assistência farmacêutica no âmbito hospitalar,


precisaremos inicialmente definir o que é hospital. Trata-se de um estabele-
cimento integrado de saúde, que fornece à população uma completa assis-
tência à saúde preventiva e curativa, cujas funções permeiam a prevenção de
doenças, restauração da saúde, execução de funções educativas e promoção
de ensino e pesquisa.
Agora que temos esta definição, podemos adentrar nos principais marcos
históricos da evolução da farmácia hospitalar, que se inicia desde a Idade
Média e continua até os dias atuais, convergindo para um modelo focado na
integralidade das ações.
• No período compreendido entre a Idade Média e o século XVI a
farmácia hospitalar nasce na forma de boticas, que trabalhavam com
plantas medicinais;
• Em 1752 surge a primeira farmácia hospitalar em um hospital da
Pensilvânia e no Brasil as primeiras farmácias hospitalares foram
instaladas em hospitais militares e Santas Casas;
• Nas décadas de 1920 e 1930, observaram-se avanços na engenharia
química e na indústria farmacêutica, que permitiram a expansão da
produção de medicamentos e o tratamento para doenças até então
sem expectativas de cura;
• A partir de 1920, com a expansão da indústria farmacêutica, ocorreu
uma descaracterização das funções do farmacêutico e as farmácias
hospitalares converteram-se em canal de distribuição de medica-
mentos produzidos pelas indústrias;
• Principalmente nos Estados Unidos, o período entre 1920 e 1940 foi
marcado por um início de reorganização, em que ocorreu, principal-
mente, o estabelecimento de padrões para a prática farmacêutica;

134
• Em 1950, o professor José Sylvio Cimino do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP)
resgata a farmácia hospitalar no Brasil;
• Em 1975, as faculdades brasileiras começaram a incluir em seus
currículos a disciplina de farmácia hospitalar e é publicado o livro
“Iniciação à Farmácia Hospitalar” de José Sylvio Cimino;
• Em 1979, foi implantado o 1° serviço de farmácia clínica no Brasil;
• Em 1980, surgem os primeiros cursos de especialização em
farmácia hospitalar;
• Em 1982, o Ministério da Educação (MEC) realizou o primeiro 1°
seminário sobre farmácia hospitalar;
• Em 1990, foi realizado o 1° Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar;
• Em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar
(SBRAFH);
• Em 1998, foi criada a primeira residência em farmácia hospitalar;
• Na década de 2000, houve o reconhecimento dos farmacêuticos
hospitalares pelas equipes de saúde e gestores hospitalares;
• Em 2004, a FIOCRUZ divulgou sua pesquisa “Diagnóstico da
farmácia hospitalar no Brasil”;
• Em 2006, foi criada no Conselho Federal de Farmácia a Comissão de
Farmácia Hospitalar;
• Em 2008, tivemos vários eventos, como o lançamento da 2ª versão
dos Padrões Mínimos de Farmácia Hospitalar, criação de regionais da
SBRAFH, e a publicação da Resolução CFF n° 492/2008;
• Em 2009, a SBRAFH lançou o Guia de Boas Práticas em
Farmácia Hospitalar;
• Em 2010, a ANVISA publicou a RDC 02/2010, que abordou o geren-
ciamento de tecnologias em saúde em estabelecimentos de saúde,
lançamento da Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços
de Saúde, e o Ministério da Saúde publicou a portaria n° 2139/2010,
que instituiu grupo de trabalho para elaboração de diretrizes e estra-
tégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações
das farmácias hospitalares.
Depois te toda esta evolução, chegamos ao modelo atual de farmácia
hospitalar, caracterizado como uma unidade clínica e assistencial que

135
processa a assistência farmacêutica, orientada somente por um profissional
farmacêutico. Ela compõe a estrutura organizacional do hospital e é integrada
funcionalmente com as unidades administrativas e assistenciais do hospital.

Assimile
Neste milênio, o foco da farmácia hospitalar passa a ser clínico-assistencial,
atuando em todas as fases da terapia medicamentosa, para uma adequada
utilização nos planos assistenciais, econômicos, de ensino e de pesquisa.

Em face destas características e dos objetivos intrínsecos à assistência


farmacêutica podemos, portanto, estabelecer como objetivos principais a
serem alcançados pela atuação do farmacêutico neste segmento:
• garantir o uso seguro e racional de medicamentos;
• responder à demanda de medicamentos dos pacientes hospitalizados.
Estes objetivos estão bem estabelecidos nos princípios e diretrizes do
Sistema Único de Saúde e na Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
Desta maneira, a gestão da farmácia hospitalar precisa buscar garantir o
abastecimento dos medicamentos e insumos necessários, garantir a adequada
dispensação, o acesso, controle, rastreabilidade e uso racional de medica-
mentos e de outras tecnologias em saúde, para assim assegurar o desenvol-
vimento de práticas clínicas e assistenciais voltadas para avaliar o emprego
de drogas e outras tecnologias em saúde, otimizar a relação custo-benefício
os processos assistenciais, promover atuações de assistência farmacêutica
relacionadas e alinhadas com as diretrizes institucionais e participar do
contínuo aprimoramento das práticas das equipes de saúde.

Reflita
Se as ações da assistência farmacêutica na farmácia hospitalar têm
como um dos seus principais objetivos garantir a adequada assis-
tência clínica aos pacientes hospitalizados, podemos determinar que o
cuidado ao paciente passa a ser uma das principais ações realizadas na
assistência farmacêutica hospitalar? O foco no cuidado ao paciente é
capaz de contribuir com o ciclo da assistência farmacêutica hospitalar?

E como o ciclo da assistência farmacêutica tem como uma das princi-


pais ações a aquisição de medicamentos, como um insumo fundamental de
suporte às ações de saúde, o farmacêutico da farmácia hospitalar necessita
considerar primeiro o que deve ser comprado, quando e quanto comprar e,

136
principalmente, como comprar para garantir a adequada oferta baseado em
indicadores epidemiológicos.
Para isto é necessário definir uma equipe de trabalho composta por
diversos setores e responsáveis das redes de saúde, principalmente, pelos
profissionais que decidem o consumo de medicamentos.
Esta programação só será realizada se forem levantados os dados e as
informações relevantes ao processo de assistência farmacêutica, que vão
desde o consumo histórico de cada produto, a demanda real atendida e não
atendida, a oferta e a demanda pelos serviços de saúde hospitalares, o estoque
existente, a infraestrutura disponível no hospital, os protocolos terapêuticos
existentes, o custo unitário de cada tratamento e a disponibilidade orçamen-
tária e financeira.
Neste cenário, o farmacêutico é o profissional que está envolvido em
toda a cadeia logística de medicamentos, desde a etapa de aquisição com
a condução das atividades técnicas (padronização, especificação, parecer
técnico, visita técnica, qualificação de fornecedores, análise de histórico de
consumo e das variações sazonais) até as atividades de caráter administrativo
(programação, planejamento, definição da modalidade de compra, habili-
tação de fornecedores e gestão de estoque).
Assim, espera-se que a farmácia hospitalar desenvolva atividades clínicas
e relacionadas à gestão, que devem ser organizadas de acordo com as carac-
terísticas, o tipo e o nível de complexidade do hospital.
Aqui cabe distinguir a atuação da farmácia hospitalar com pacientes
hospitalizados daqueles com pacientes assistidos ambulatorialmente, pois as
estratégias e os alvos são bem distintos, uma vez que na assistência farmacêu-
tica hospitalar o fornecimento de medicamentos a pacientes hospitalizados
deve ser centrado no contato com a equipe de saúde.
Basicamente, a assistência farmacêutica hospitalar busca garantir o
funcionamento do fluxo do sistema de medicação, que envolve a prescrição
do medicamento (início do processo), recebimento pela farmácia do hospital
e organização para entrega do medicamento na quantidade e no horário
definidos, para adequada administração do medicamento. Os medica-
mentos são organizados em kits e entregues à equipe de enfermagem que
fará a administração.
Caso o medicamento não seja administrado, ele deverá ser justificado na
evolução do paciente pela equipe de enfermagem responsável. As reações e
anormalidades também devem ser registradas na ficha de evolução/prontu-
ário, bem como comunicá-las ao médico responsável.

137
Em resumo, podemos estabelecer que a assistência farmacêutica hospi-
talar trabalha com cinco grandes atividades, sendo elas atividades logísticas,
atividades de manipulação e produção, atividades focadas no paciente, ativi-
dades intersetoriais e garantia de qualidade.

Exemplificando
A atuação do farmacêutico na assistência farmacêutica hospitalar tende
a otimizar a relação custo-benefício, por meio de um sistema de distri-
buição de fracionamento e manipulação, Sistema de Distribuição de
Medicamentos por Dose Unitária.

Estas ações realizadas pela assistência farmacêutica hospitalar são


reguladas pelas normas estabelecidas na RDC n° 50 de 21 de fevereiro de
2002, da ANVISA e a Portaria n° 2 de 28 de setembro de 2017.
A Portaria n° 2 de 28 de setembro de 2017 traz que para um desem-
penho satisfatório da farmácia hospitalar sugerem-se aos hospitais atenção
a cinco pontos:
1. Promover estrutura organizacional e infraestrutura física para as
ações da assistência farmacêutica hospitalar, com vistas a viabilizar as
ações, por meio de modelo de gestão sistêmico, organizado, integrado
e coerente com as bases da administração moderna, com o objetivo de
melhora a qualidade e a resolutividade dos casos, e assim promover e
recuperar a saúde, bem como prevenir as doenças.
2. Considerar a Relação Nacional de Medicamentos (RENAME), os
Protocolos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde como
referência para seleção de medicamentos nos tratamentos realizados
no ambiente hospitalar.
3. Promover programa de educação permanente para farmacêuticos e
auxiliares envolvidos na assistência farmacêutica hospitalar.
4. Incluir a farmácia hospitalar no plano de contingência do estabeleci-
mento de saúde;
5. Habilitar a participação do farmacêutico de acordo com a complexi-
dade do estabelecimento, nas comissões que tenham interface com
a assistência farmacêutica hospitalar, como Farmácia e Terapêutica,
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e Comissão de Ética
em Pesquisa.

138
Outras ações também são preconizadas na Portaria n° 2/2017, como o
gerenciamento de tecnologias, que atribui à farmácia hospitalar o gerencia-
mento de tecnologias, a qualificação de fornecedores, o armazenamento, a distri-
buição e o controle de medicamentos e outros produtos para saúde, produtos
de higiene e saneantes utilizados em atendimento pré-hospitalar, pré-hospi-
talar de urgência e emergência, hospitalar e domiciliar, além do fracionamento
e preparo de medicamentos, sendo todas as atividades estabelecidas por um
equipe multiprofissional.
Ainda neste Portaria, temos um ponto importantíssimo que gostaria de
destacar, no qual é atribuída a responsabilidade técnica da farmácia hospi-
talar ao farmacêutico, que deverá estar devidamente inscrito no Conselho
Regional de Farmácia (CRF), de acordo com os termos da legislação vigente.
Enquanto que a RDC n° 50/2002 traz a assistência farmacêutica voltada
para receber e inspecionar produtos farmacêuticos, armazenar e controlar
produtos farmacêuticos, distribuir produtos farmacêuticos, dispensar
medicamentos, manipular, fracionar e reconstituir medicamentos, preparar
e conservar misturas endovenosas, preparar nutrições parenterais, diluir
quimioterápicos, diluir germicidas, realizar controle de qualidade e prestar
informações sobre produtos farmacêuticos.
O Guia de Referência para o Ministério Público Federal traz que é neces-
sária a criação de comitês de medicamentos e terapias em hospitais para
implementar intervenções que qualifiquem o uso de medicamentos. Que
seja feita uma avaliação econômica dos benefícios e dos custos em relação às
tecnologias já incorporadas no tratamento hospitalar.
Ou seja, a assistência farmacêutica hospitalar trabalha para garantir às
equipes de saúde o fornecimento adequado de medicamentos e insumos
necessários para a terapia proposta, bem como auxilia os pacientes a alcan-
çarem maior qualidade de vida e resolutividade baseadas no uso racional de
medicamentos, com processos que vão desde o início das ações no hospital
(fase pré-hospitalar) até as ações realizadas no momento da alta do paciente.
Desta maneira, podemos determinar que a farmácia hospitalar é um dos
principais alicerces do atendimento de saúde prestado no ambiente hospitalar.

Sem medo de errar

Fabiana assumiu a assistência farmacêutica de um hospital de uma cidade


de médio porte e conversou com os colegas que já estavam no setor há algum
tempo para compreender as formas de atuação para estabelecer diagnóstico

139
situacional e a partir dele propor melhorias capazes de otimizar a assistência
farmacêutica deste estabelecimento de saúde.
Fabiana ouviu de seus colegas que já atuavam no hospital que existem
lacunas a serem solucionadas e também potencialidades que precisam ser
exploradas para oferecer uma assistência cada vez melhor para os usuários e
assim melhorar os indicadores de saúde do hospital. Vamos auxiliar Fabiana
e seus colegas com as premissas destes conceitos e estratégias de assistência
farmacêutica no hospital?
A assistência farmacêutica hospitalar iniciou na Idade Média com boticas
e este modelo se manteve até o século XVI. Em 1752 surgem as primeiras
farmácias hospitalares no Brasil em hospitais militares e Santas Casas. Houve
sucessivos processos evolutivos até culminar no modelo atual de farmácia
hospitalar, caracterizado como uma unidade clínica e assistencial que
processa a assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por um farma-
cêutico, no contexto hospitalar. Ela compõe a estrutura organizacional do
hospital e é integrada funcionalmente com as unidades administrativas e
assistenciais do hospital.
Os objetivos principais a serem alcançadas pela atuação do farmacêutico
no hospital são garantir o uso seguro e racional de medicamentos e responder
à demanda de medicamentos dos pacientes hospitalizados.
Estes objetivos estão bem estabelecidos nos princípios e diretrizes do
Sistema Único de Saúde e na Política Nacional de Assistência Farmacêutica,
que levam a gestão da farmácia hospitalar buscar garantir o abastecimento
dos medicamentos e insumos necessários, garantir adequada dispensação,
acesso, controle, rastreabilidade e uso racional de medicamentos e de outras
tecnologias em saúde, para assim assegurar o desenvolvimento de práticas
clínicas e assistenciais voltadas para monitorar a utilização de medicamentos
e outras tecnologias em saúde, otimizar a relação custo-benefício e o reduzir
o risco de tecnologias e processos assistenciais, desenvolver ações de assis-
tência farmacêutica articuladas e sincronizadas com as diretrizes institu-
cionais e participar do contínuo aprimoramento das práticas das equipes
de saúde.
O farmacêutico é o profissional que está envolvido em toda a cadeia logís-
tica de medicamentos, desde a etapa de aquisição com a condução das ativi-
dades técnicas (padronização, especificação, parecer técnico, visita técnica,
qualificação de fornecedores, análise de histórico de consumo e das variações
sazonais) até as atividades de caráter administrativo (programação, planeja-
mento, definição da modalidade de compra, habilitação de fornecedores e
gestão de estoque). Para garantir o funcionamento do fluxo do sistema de
medicação, que envolve a prescrição do medicamento (início do processo),

140
recebimento pela farmácia do hospital e organização para entrega do medica-
mento em quantidade e horário definidos, para adequada administração do
medicamento.
Assim, podemos estabelecer que a assistência farmacêutica hospitalar
trabalha com cinco grandes atividades, sendo elas atividades logísticas, ativi-
dades de manipulação e produção, atividades focadas no paciente, atividades
intersetoriais e garantia de qualidade.
Estas ações realizadas pela assistência farmacêutica hospitalar são
reguladas pelas normas estabelecidas na RDC n° 50 de 21 de fevereiro de
2002, da ANVISA e a Portaria n° 2 de 28 de setembro de 2017.
Um ponto importantíssimo que gostaria de destacar trata da responsabilidade
técnica da farmácia hospitalar ao farmacêutico, que deverá estar devidamente
inscrito no Conselho Regional de Farmácia (CRF), de acordo com os termos da
legislação vigente.
A assistência farmacêutica hospitalar trabalha para garantir às equipes de saúde
o fornecimento adequado de medicamentos e insumos necessários para a terapia
proposta, bem como auxilia os pacientes a alcançarem maior qualidade de vida e
resolutividade baseada no uso racional de medicamentos, com processos que vão
desde o início das ações no hospital (fase pré-hospitalar) até as ações realizadas no
momento da alta do paciente.

Avançando na prática

Auditoria da assistência farmacêutica em


hospitais públicos

Um consultor farmacêutico, especializado em assistência farmacêu-


tica, foi contratado para realizar auditoria da assistência farmacêutica de
alguns hospitais públicos. Os hospitais avaliados possuem grande demanda
de atendimentos e de utilização de novas tecnologias e foram analisadas
as dimensões da assistência farmacêutica que refletem a qualidade do
serviço prestado.
Antes de iniciar o processo, a Secretaria Estadual de Saúde solicitou um
documento que apontasse quais dimensões seriam analisadas e como elas
podem influenciar nos serviços de saúde destes hospitais. Como você no
lugar do farmacêutico auditor realizaria a entrega deste documento?

141
Resolução da situação-problema
Para contemplar a solicitação, deve-se atentar que o serviço de farmácia
hospitalar é responsável por inúmeras atividades que impactam na assistência
e considerando a complexidade e variedade das necessidades apresentadas
em cada um dos hospitais, uma dimensão a ser analisada é a organização do
processo de assistência farmacêutica, quais indicadores gerados e analisados
são capazes de evidenciar os resultados dos serviços, pois a assistência farma-
cêutica hospitalar não realiza apenas o fornecimento de medicamentos.
Outro ponto a ser analisado é a presença de processos de gestão partici-
pativa focados na qualidade e nos resultados, demonstrada pela articulação
do serviço de farmácia hospitalar com os demais setores do hospital.
Também é verificada a presença de farmacêuticos no planejamento, na
elaboração do manual de normas e procedimentos e nas comissões multidis-
ciplinares. Assim como a presença de uma comissão de farmácia e terapêutica
no processo de seleção de medicamentos e na divulgação da lista de medica-
mentos essenciais, este processo de seleção deve ser crítico e sistemático.
Outro ponto a ser analisado é o método de controle de estoque, cálculo
de consumo médio e histórico. O processo de aquisição também é verifi-
cado, assim como os preços praticados, o tempo de entrega e as quanti-
dades encomendadas, que perpassa por seleção, avaliação e qualificação
de fornecedores.
Analisa-se também a estrutura e o processo de armazenamento, bem
como os inventários periódicos que indicam as perdas por deterioração ou
caducidade. São avaliadas as boas práticas de distribuição de medicamentos,
que permitem reduzir os erros de medicação, a racionalização do uso de
medicamentos, a redução de custos, o aumento da segurança e o controle
adequado da farmacoterapia.
Checa-se também se ocorre avaliação farmacêutica das prescrições de
medicamentos e a conferência dos medicamentos distribuídos, importante
para prevenir erros. E se há o seguimento farmacoterapêutico, para garantir
o uso seguro da farmacoterapia e a qualidade da assistência.

Faça valer a pena

1. Uma das principais atuações da assistência farmacêutica hospitalar é


focada no planejamento e garantia da distribuição de medicamentos quando
prescritos. Baseado neste planejamento da assistência farmacêutica hospi-
talar, analise os itens a seguir:

142
I. O planejamento de controle e estoque de medicamentos e insumos
utiliza dados de farmacovigilância na tomada de decisão.
II. A decisão de ressuprimento é baseada basicamente nas prescrições,
conforme a demanda surge.
III. A decisão de ressuprimento é baseada basicamente em dados
epidemiológicos, para que estejam disponíveis quando surgirem as
demandas.
IV. O planejamento de controle e estoque de medicamentos e insumos
é definido em reunião com equipe multidisciplinar, sem considerar
dados históricos.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

2. Considerando as finalidades e os objetivos da assistência farmacêutica


dentro do contexto hospitalar, analise as sentenças a seguir:
I. O planejamento serve para evitar a superposição de estoque.
II. O planejamento serve para evitar o desabastecimento do sistema.
III. O planejamento não está relacionado ao melhor acondicionamento
de medicamentos.
IV. O planejamento não considera a embalagem de medicamentos e
insumos.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

143
3. A assistência farmacêutica hospitalar possui objetivos diferentes da
assistência farmacêutica realizada na atenção primária, pois as relações são
diferentes, assim como a forma de dispensação.
Com base nesta afirmação de diferença entre estas duas formas de assistência
farmacêutica, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I. Um controle de estoque eficiente define a quantidade de medica-
mentos e insumos que serão necessários para atender às demandas
e evitar perdas
PORQUE
II. Faz uso de informações confiáveis de níveis e movimentações físicas
de medicamentos e insumos, além de considerar os aspectos finan-
ceiros envolvidos.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

144
Seção 2

Atividades do farmacêutico na assistência


farmacêutica hospitalar

Diálogo aberto
Fiúza (2019, [s.p.]) demonstrou as condições de fornecimento, controle e
distribuição de medicamentos no SUS e apresentou dados alarmantes como a
não identificação dos pacientes na retirada dos medicamentos, falta de alvará da
vigilância sanitária, ausência de controle de estoque e a presença de medicamentos
com prazo de validade próximo ao vencimento em um estado brasileiro. Isso
mostra que nos locais fiscalizados não havia presença do profissional farmacêu-
tico ou quando este profissional estava presente, há claras evidências de negligência
em relação à prestação da assistência farmacêutica por estes profissionais, nestes
estabelecimentos.
Neste contexto, estamos acompanhando a farmacêutica Fabiana, que assumiu
a assistência farmacêutica da farmácia de um hospital de médio porte. Agora mais
inteirada da situação atual da farmácia do hospital, ela irá propor melhorias capazes
de otimizar a assistência farmacêutica deste estabelecimento de saúde. Durante
uma reunião com os demais farmacêuticos, foram realizados uma análise e um
planejamento, visando melhorar as atividades farmacêuticas de logística, manipu-
lação e produção de medicamentos, àquelas voltadas aos pacientes, bem como
adequação das relações intersetoriais e otimização dos processos que garantam a
qualidade dos produtos e serviços prestados pela farmácia. Ao final da reunião,
Fabiana deveria apresentar ao gestor do hospital as ações que serão implementadas.
Quais propostas você apresentaria, no lugar da farmacêutica, considerando as
atividades farmacêuticas de logística, manipulação e produção de medicamentos,
as atividades voltadas aos pacientes, as relações intersetoriais e os processos de
garantia da qualidade dos produtos e serviços da farmácia do hospital?
Para lhe auxiliar e atingirmos nossos objetivos, trabalharemos com os conte-
údos das atividades logísticas na assistência farmacêutica hospitalar, atividades
de manipulação e produção de medicamentos, atribuições voltadas ao paciente e
garantia da qualidade e relações intersetoriais. E, para alcançarmos os resultados
esperados, precisamos do máximo de dedicação e empenho nos estudos!

145
Não pode faltar

A assistência farmacêutica hospitalar trabalha com características


peculiares que formam um sistema complexo e fundamental para que o
hospital atinja os melhores níveis de atendimento às necessidades de saúde
da população. E dentre essas características peculiares estão os aspectos
logísticos envolvidos neste processo de construção da assistência farmacêu-
tica dentro de um hospital.
A eficiência logística de abastecimento de um hospital é fundamental
para que a assistência farmacêutica hospitalar ocorra adequadamente,
todavia, como faz parte de um ciclo de processos complexos de serviços
amplos e diversos, envolvidos por uma multiplicidade de materiais e recursos
humanos empregados, torna-se um desafio crescente a organização deste
tipo de gestão.
A logística envolvida no ciclo do medicamento tem como principal
objetivo evitar o seu desabastecimento no hospital, fato que já destaca e
apresenta a necessidade de se evoluir sempre no processo, corroborado pelo
fato de absorver cerca de 20% dos recursos financeiros da saúde, por isso
requer um controle profissional e sistematizado.
Para isto, vamos voltar à definição de logística definida pelo Council of
Logistics Management (CLM) como parte do processo da cadeira de supri-
mento que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo de
estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem
ao ponto de consumo, visando atender as necessidades dos consumidores.
Trata também dos fluxos de informações que colocam os produtos em
movimento, para que sejam garantidos os serviços a um custo razoável.
A sequência de operações envolvidas na logística do medicamento
no hospital passa pela identificação do fornecedor, compra do medica-
mento, recebimento, transporte interno, acondicionamento e, finalmente,
sua distribuição.
A literatura científica se refere ao ciclo de compras de medicamentos
como uma das etapas mais importantes do processo, cujas etapas interme-
diárias estão relacionadas ao desempenho logístico, como o planejamento, a
execução, o monitoramento e as ações corretivas.
Outra função importante na logística é o controle de níveis de estoques,
uma vez que não é viável providenciar produção ou entrega instantânea de
medicamentos, por isso, é necessário manter estoques, que servem como
reserva de segurança entre a oferta e a demanda de medicamentos, uma
equação difícil de ser obtida uma vez que os níveis devem ser os mais baixos

146
possíveis ao mesmo tempo que devem garantir a disponibilidade de medica-
mentos necessária aos pacientes/usuários.
A busca pelo nível de estoque ideal influencia diretamente no aspecto
financeiro dos hospitais, pois o estoque imobiliza capital que poderia ser
empregado em outras áreas. Assim, a logística de medicamentos busca
agregar valor de lugar (transporte), de tempo (disponibilidade), de qualidade
(operação logística) e de informação (rastreamento).
Outro ponto de atenção na logística é sobre o tempo de reposição,
ou seja, aqui cabe o destaque de quão rápida será essa reposição, pois em
casos de hospitais públicos deve-se considerar o tempo de realização de
processos licitatórios.
Assim, podemos afirmar que para que exista um sistema logístico eficaz
é necessário que exista um suporte de informações ao processo decisório,
por meio de um sistema de informações sinérgico e efetivo, que garanta um
sistema hospitalar de dispensação de medicamentos nas formas de doses
coletivas, individualizadas ou unitárias.
A dose coletiva é um sistema que atende a um pedido pela unidade
solicitante: ela não é realizada em nome dos pacientes, as requisições são
feitas em nome de setores, o que torna a farmácia um mero fornecedor de
medicamentos, o que aumenta as possibilidades de erros de administração
de medicamentos e perdas.
A dose individualizada é caracterizada pelo recebimento das solici-
tações de medicamentos por meio de prescrição médica, sem esquema
posológico rígido. Essa forma de dispensação reduz a quantidade de perdas
e desvios, garante maior qualidade, todavia, erros de administração ainda
podem ocorrer.
Já a dose unitária é caracterizada pela dispensação de acordo com a
prescrição médica, ou seja, os medicamentos são separados e identifi-
cados pelo nome do paciente, o leito em que está e o horário que deverá
ser administrado o medicamento. Este sistema apresenta otimização na
segurança farmacoterapêutica e garante maior qualidade no processo.
Neste contexto, a portaria MS 4.283/2010, que regulamenta as ações e os
serviços no âmbito da farmácia hospitalar, recomenda a adoção de indica-
dores de gestão e logísticos. A farmácia hospitalar, portanto, depende de
logística adequada e bem implementada, para que não faltem os medica-
mentos a quem procura, razão que justifica a necessidade de ter em estoque
medicamentos adequados ao receituário prescrito. Além disto, merece
apontamento o elevado número de itens com padrões de demandas e

147
características diferentes, que conferem complexidade elevada e necessidade
de controle diferenciado.
Assim, o processo logístico da assistência farmacêutica hospitalar
visa garantir:
• Contínua oferta de serviços de saúde.
• Redução de custos aquisitivos, realização de pedido e manutenção
de estoques.
• Rotatividade dos estoques.
• Qualidade no atendimento.
• Qualidade dos materiais.
• Bom relacionamento com fornecedores.
• Controles cadastrais e conhecimento de mercado e fornecedores.
• Obtenção de máximo retorno.
• Centralização de controles com descentralização das atividades.
• Padronização do uso de materiais.
E para garantir estes objetivos, a logística pode e deve fazer uso de levan-
tamento e utilização de dados reais e mensuráveis de consumo de medica-
mentos e estoque mínimo e máximo de medicamentos.

Assimile
O farmacêutico participa de todas as etapas da cadeia logística do
medicamento, especificamente na etapa da aquisição que o farmacêu-
tico deve assumir a condução de atividades técnicas, tais como:
• Padronização.
• Especificação.
• Parecer técnico.
• Visita técnica.
• Qualificação de fornecedores.
• Análise de histórico de consumo.
• Variações sazonais.

A assistência farmacêutica dentro do contexto hospitalar engloba além


da logística farmacêutica, a manipulação e produção de medicamentos,
conforme exemplificação na figura 4.1.

148
Figura 4.1 | Assistência farmacêutica no âmbito hospitalar

Assistência Farmacêutica

Farmácia Hospitalar

Logística Manipulação
Farmacêutica

Garantia
de
Qualidade

Atenção Farmácia
Farmacêutica clínica

Fonte: Brasil (2019, p. 15).

Outro aspecto importante na assistência farmacêutica hospitalar é


a manipulação e produção de medicamentos, a qual objetiva oferecer aos
pacientes/usuários medicamentos seguros e de alta qualidade, voltados para
necessidade apontada, além da possibilidade de desenvolver fórmulas de
medicamentos e produtos de interesse estratégico ou mesmo econômico. Ela
é normatizada pela RDC Anvisa n° 67/2007, Boas Práticas de Manipulação
em Farmácia, que estabelece que a Farmácia deve possuir áreas para as ativi-
dades administrativas, armazenamento, controle de qualidade, dispensação
e salas exclusivas para pesagem e manipulação.
Dentre as suas características, destaca-se a possibilidade de fracionar e
diluir os medicamentos, para que seja possível racionalizar sua utilização e
distribuição. Para manipulação de produtos de características especiais como
antibióticos, radiofármacos e nutrição parenteral, a RDC 67/2007 deter-
mina que:
• Antibióticos, hormônios e citostáticos: as farmácias devem possuir
salas exclusivas (pressão negativa para proteger o manipulador e o
meio ambiente) para cada classe com antecâmara, sistemas de ar
independentes e eficiência comprovada. Medicamentos citostáticos
para terapia antineoplásica necessitam de área para paramentação e
cabine de segurança biológica Classe II B2 (RDC Anvisa n° 50/2002).
• Radiofarmácia: deve atender aos requisitos e parâmetros de insta-
lação e funcionamento da RDC Anvisa n° 38/2008, considerando

149
os aspectos de radioproteção, limpeza e esterilidade. E o farma-
cêutico deve atender às atribuições da Resolução CFF n° 486/2008,
que perpassam pela responsabilidade na aquisição e no controle de
insumos, preparação e fracionamento de doses, marcação com radioi-
sótopos de gerador ou precursores, marcação de células sanguíneas e
controle de qualidade em ambiente hospitalar.
• Nutrição parenteral: utiliza condições específicas e controladas, com
esterilidade, apirogenicidade e ausência de partículas, seguindo a
Portaria MS n° 272/1998. O farmacêutico é o profissional respon-
sável pela avaliação, prescrição, manipulação, controle de qualidade,
conservação e transporte da nutrição parenteral.

Reflita
Quais são as dificuldades encontradas em hospitais de pequeno porte
se a farmácia hospitalar necessita ter áreas específicas para armazena-
mento, controle de qualidade, dispensação, sala de pesagem e sala de
manipulação? Quais seriam os melhores caminhos, atualmente, a serem
seguidos por estes hospitais?

E o paciente desempenha o papel central no contexto da assistência


farmacêutica, independentemente do local são feitas as ações (ambulatorial
e hospitalar). E mesmo em um ambiente hospitalar, o aconselhamento sobre
o uso de medicamentos fortalece as habilidades do paciente na solução de
problemas, com vistas a melhorar a qualidade de vida, pois o principal papel
do paciente é conhecer seus próprios medicamentos, estimulado pelo profis-
sional de saúde a desenvolver habilidade para lidar com seus medicamentos
e realizar o autocuidado, considerando os aspectos socioculturais, físico,
psicológico, emocional e intelectual.
Assim, os profissionais de saúde, incluindo o farmacêutico, precisam
entender os princípios de comunicação e o papel do paciente no automoni-
toramento do seu tratamento, fatos que influenciam positivamente nos resul-
tados obtidos na farmacoterapia.

Exemplificando
O sucesso terapêutico depende da adesão do paciente ao tratamento
proposto. No caso da farmácia hospitalar, por exemplo, a adesão e o uso
racional de medicamentos tendem a ser maiores quando o paciente se
sente inserido dentro do processo saúde-doença-tratamento e possui
autocontrole e liberdade para conduzir sua própria vida, de acordo com
interesses, expectativas, conhecimentos e valores.

150
A garantia da qualidade da assistência à saúde perpassa por um programa
de administração de riscos capazes de causar danos aos pacientes. Mas os
processos na área da saúde apresentam particularidades como a intensa
intersetoriedade, assim como observarmos que os mesmos processos em
pacientes diferentes necessitarem de medicamentos com diferentes dosagens
e utilização de diferentes exames complementares.
E na farmácia hospitalar ações intersetoriais são capazes de reorganizar
as práticas de saúde com intervenção baseada em problemas, por meio
do conceito epidemiológico de risco, ações promocionais, preventivas e
curativas e intervenção sob a forma de operações. A operacionalização
atende os passos de microlocalização dos problemas de saúde pautados em
epidemiologia, planejamento e programação local de saúde, atividades que
requerem integralidade, intersetorialidade, efetividade e equidade.
Portanto, na farmácia hospitalar, a intersetorialidade é uma estratégia
integral das ações de saúde, cujo objetivo é fazer com as ações em saúde e
ambiente se efetivem e os resultados esperados sejam alcançados. Alguns
hospitais terão protocolos próprios com a tentativas de se alcançar a “acredi-
tação hospitalar”.
Assim, para se implantar um processo de garantia de qualidade será neces-
sário medir, avaliar, manter e melhorar a qualidade dos serviços prestados,
contemplando as etapas de:
• Identificação e avaliação do problema.
• Elaboração de planos de ação para corrigir deficiências.
• Implementação das soluções.
• Monitoramento.
• Documentação dos resultados.
A garantia da qualidade também é alcançada por meio de ações de
capacitação e ensino, como treinamentos realizados segundo resoluções e
portarias específicas que regulamentam os serviços de farmácia, capacitações
para otimizar o atendimento ao paciente e garantir o uso racional e seguro
de medicamentos.
Em resumo, as atividades do farmacêutico na assistência farmacêutica
hospitalar perpassam por todo o processo da cadeia logística do medicamento,
essencial para o bom funcionamento das demandas mínimas de pacientes
hospitalizados, atividades de manipulação sob o espectro de várias normas,
as atribuições voltadas ao paciente que garantem a qualidade dos processos

151
e as relações intersetoriais. Caso todos estes parâmetros sejam atendidos,
certamente outros coordenadores terão a experiência necessária para suprir
a ausência de líderes deste processo de construção do material didático.

Sem medo de errar

Fabiana assumiu a assistência farmacêutica de um hospital de uma cidade


de médio porte e ela irá propor melhorias capazes de otimizar a assistência
farmacêutica deste estabelecimento de saúde. As propostas que ela deverá
apresentar consideram as atividades farmacêuticas de logística, manipu-
lação e produção de medicamentos, as atividades voltadas aos pacientes, as
relações intersetoriais e os processos de garantia da qualidade dos produtos e
serviços da farmácia do hospital.
A assistência farmacêutica hospitalar trabalha com características
peculiares que formam um sistema complexo e fundamental para que o
hospital atinja os melhores níveis de atendimento às necessidades de saúde
da população. E a eficiência logística de abastecimento de um hospital é
fundamental para que a assistência farmacêutica hospitalar ocorra adequa-
damente, cujo principal objetivo é evitar o desabastecimento de medica-
mentos no hospital.
A sequência de operações envolvidas na logística do medicamento no
hospital passa pela identificação do fornecedor, compra do medicamento,
recebimento, transporte interno e acondicionamento e, finalmente, sua
distribuição. Assim, a logística de medicamentos busca agregar valor de lugar
(transporte), de tempo (disponibilidade), de qualidade (operação logística)
e de informação (rastreamento). Desta maneira, o tempo de reposição passa
a ser um elemento essencial na logística, no quão rápida será essa reposição.
Resumidamente, a logística da assistência farmacêutica hospitalar visa
garantir a contínua oferta de serviços de saúde; redução de custos aquisitivos,
realização de pedido e manutenção de estoques; rotatividade dos estoques;
qualidade no atendimento; qualidade dos materiais; bom relacionamento
com fornecedores; controles cadastrais e conhecimento de mercado e forne-
cedores; obter máximo retorno; centralizar controles com descentralização
das atividades; e padronizar uso de materiais.
E para garantir estes objetivos, a logística pode e deve fazer uso de levan-
tamento e utilização de dados reais e mensuráveis de consumo de medica-
mentos e estoque mínimo e máximo de medicamentos.
A manipulação e produção de medicamentos objetiva oferecer aos
pacientes/usuários medicamentos seguros e de alta qualidade, normatizadas

152
pela RDC Anvisa n° 67/2007, Boas Práticas de Manipulação em Farmácia, que
estabelece que o a farmácia deve possuir áreas para as atividades administra-
tivas, armazenamento, controle de qualidade, dispensação e salas exclusivas
para pesagem e manipulação. E para manipulação de produtos mais tóxicos,
a RDC Anvisa n° 67/2007 determina situações específicas para antibióticos,
hormônios e citostáticos, radiofarmácia e nutrição parenteral.
O paciente também pode avaliar e participar das decisões sobre as alter-
nativas de tratamento, para que possa participar do processo decisório que
lhe proporcione maior comodidade, qualidade de vida e satisfação.
Resumindo, a garantia da qualidade da assistência à saúde perpassa
por um programa de administração dos riscos capazes de causar danos
aos pacientes. E na farmácia hospitalar ações intersetoriais são capazes de
reorganizar as práticas de saúde com intervenção baseada em problemas, por
meio do conceito epidemiológico de risco, ações promocionais, preventivas e
curativas e intervenção sob a forma de operações.
Portanto, na farmácia hospitalar a intersetorialidade é uma estratégia
integral das ações de saúde, cujo objetivo é fazer com que as ações em saúde
e ambiente se efetivem, e os resultados esperados sejam alcançados.

Avançando na prática

Avaliação do serviço de assistência


farmacêutica-hospitalar

Você foi contratado para avaliar a qualidade do serviço prestado pela


farmácia hospitalar, para que a partir destes resultados fosse realizado processo
de reorganização da gestão. Durante o processo de verificação, o gerente do
hospital o chamou para questionar alguns pontos abertos para a gestão do
hospital sobre o processo de avaliação. Os apontamos do gerente foram no
sentido de entender quais ferramentas podem ser utilizadas para atuar na
avaliação dos serviços da farmácia hospitalar. A qualidade deste serviço pode
ser mensurada? É possível reorganizar a gestão da assistência farmacêutica
hospitalar? Como você responderia a esses questionamentos do gestor?

Resolução da situação-problema
A avaliação da assistência farmacêutica hospitalar é normatizada pela
Portaria MS n° 4.283/2010, que aborda diretrizes e estratégias para os serviços

153
de farmácia hospitalar em organização, fortalecimento e aprimoramento. Os
indicadores de qualidade podem ser obtidos dos grupos de conformidade da
assistência farmacêutica hospitalar, que são a gestão, seleção de tecnologias
em saúde, programação e aquisição, armazenamento, gestão de estoques,
dispensação e distribuição, farmacotécnica hospitalar, cuidados ao paciente,
infraestrutura física e tecnológica e recursos humanos.
A importância de se avaliar a qualidade dos serviços de farmácia hospi-
talar perpassa por entender e controlar os riscos imediatos à saúde ou ao
serviço de assistência farmacêutica e determinar um diferencial de qualidade
dos serviços de assistência farmacêutica.
Assim, a quantificação e o acompanhamento do processo de assistência
farmacêutica hospitalar devem ser baseados nas diretrizes do Ministério da
Saúde estabelecidas pela Portaria n° 4.283/2010, aplicável para hospitais de
diferente porte e perfis de cuidado, como ferramenta importante na gestão
da assistência farmacêutica.
A utilização de instrumentos para realizar a avaliação de estrutura,
processos e resultados desencadeia um processo contínuo de melhoria de
qualidade na prestação de serviços, permitindo o avanço na implantação de
protocolos clínicos e fomento de atividades educativas, promoção da quali-
dade da prescrição e implantação da relação de medicamentos essenciais,
que melhora a qualidade na aquisição de itens, auxilia no armazenamento
adequado e no recebimento de medicamentos.

Faça valer a pena

1. Dentre os problemas mais comuns relacionados a medicamentos temos


os erros de administração. No ambiente hospitalar, a assistência farmacêu-
tica desempenha papel de liderança para evitar estes erros e promover maior
segurança ao tratamento proposto pela equipe de saúde. Como sua atuação se
dá em um contexto multidisciplinar, analise as assertivas apresentadas a seguir:
I. A farmácia hospitalar precisa estar organizada para atender aos
pacientes, de acordo com as características do hospital, mesmo que
isto leve a se negligenciar o uso racional de medicamentos.
II. A farmácia hospitalar precisa dispensar os medicamentos por
prescrição médica e com identificação total do paciente das suas
necessidades e das suas carências.
III. A farmácia hospitalar está inserida em um ambiente de equipe
multidisciplinar para proporcionar aos pacientes maior conforto e
segurança durante seu tratamento.

154
IV. As atividades da farmácia hospitalar são restritas a orientar e servir
pacientes com medicação segura e oportuna..
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

2. Uma das cinco grandes atribuições do farmacêutico é a manipulação/


produção de medicamentos que deve seguir as diretrizes das Boas Práticas de
Manipulação em Farmácia, de acordo com RDC Anvisa n° 67/2007.
Sobre as atividades de manipulação e seus principais objetivos, analise as
afirmativas apresentadas a seguir:
I. Oferecer medicamentos seguros e de qualidade voltados para as
necessidades da população atendida.
II. Possibilita o fracionamento e diluição dos medicamentos para racio-
nalizar a utilização e distribuição.
III. A manipulação de nutrição parenteral segue os princípios básicos
da manipulação de medicamentos comuns, sem exigências especí-
ficas.
IV. A manipulação pode ser realizada na sala de armazenamento de
medicamentos provenientes da indústria farmacêutica.

Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:


a. I e IV apenas.
b. II e III apenas.
c. I e III apenas.
d. II e IV apenas.
e. I e II apenas.

155
3. As atividades logísticas envolvidas na assistência farmacêutica hospi-
talar têm a atuação do farmacêutico em todo o processo, com o objetivo de
garantir que as ações estejam alinhadas com as prerrogativas do uso racional
de medicamentos e a garantia da oferta de assistência.
Com base nesta afirmação, avalie as asserções e a relação proposta entre
elas.
I. A logística da assistência farmacêutica busca garantir os medica-
mentos estejam disponíveis em estoque quando prescritos para os
pacientes
PORQUE
II. A farmácia hospitalar precisa assegurar produtos farmacêuticos de
boa qualidade e em quantidades adequadas.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.


a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

156
Seção 3

Uso racional de medicamentos

Diálogo aberto
A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que os pacientes
devem receber os medicamentos em doses adequadas para as suas neces-
sidades individuais e suas condições clínicas, por um período adequado,
garantindo menor custo para si e para comunidade. Em tempos em que existe
cada vez mais demanda pelos serviços de saúde e a oferta não acompanha a
recomendação da OMS, o uso racional de medicamentos vem ao encontro da
garantia que todos tenham direito e acesso à promoção da saúde, prevenção
de doenças e reabilitação.
Nesta unidade, estamos acompanhando a Fabiana, farmacêutica respon-
sável pela assistência farmacêutica de um hospital de médio porte de uma
pequena cidade. No contexto desta seção, Fabiana recebeu uma demanda dos
gestores do hospital, com o objetivo de reformular ações que fortaleçam o
uso racional dos medicamentos na instituição. Considerando os objetivos do
projeto, como você, no lugar da Fabiana, atuaria para melhorar o uso racional
de medicamentos no hospital? Quais intervenções poderiam ser realizadas
para promover o uso racional de medicamentos no hospital, de maneira mais
efetiva? E como você consideraria os aspectos de farmacoepidemiologia e
farmacoeconomia neste processo?
Para que você consiga elaborar essa proposta, trabalharemos com os
conteúdos relacionados aos princípios do uso racional de medicamentos,
intervenções fundamentais para o uso racional de medicamentos, farmaco-
epidemiologia e farmacoeconomia.
E para alcançarmos os resultados esperados, precisamos do máximo de
dedicação e empenho nos estudos!

Não pode faltar

As políticas de medicamentos possuem como um dos seus elementos-


-chave o uso racional de medicamentos. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (Nairóbi, Quênia, 1985), entende-se que há uso racional
de medicamentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados
para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades
individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a
comunidade.

157
O uso racional de medicamentos perpassa pelo desenvolvimento de estra-
tégias de seleção de medicamentos, construção de formulários terapêuticos,
gerenciamento adequado dos serviços farmacêuticos, dispensação e uso
apropriado de medicamentos, além de ações de farmacovigilância, educação
continuada de profissionais de saúde e usuários de medicamentos, princi-
palmente no tocante aos riscos relacionados à automedicação, interrupção e
troca de medicamentos prescritos.
Outro aspecto importante que precisa ser considerado no uso racional de
medicamentos é o cultural, pois muitas intervenções que promovem o uso
racional de medicamentos geram desconfiança nos pacientes que têm suas
crenças reforçadas pelas propagandas que estimulam o consumo no lugar da
educação. Esse cenário é conhecido como “farmaceuticalização”, caracteri-
zado pela transformação das condições humanas, recursos e capacidades em
oportunidades de intervenção farmacêutica.
O uso de medicamentos não é motivado apenas pelas necessidades de
saúde da população. Observam-se nesta relação práticas e desejos não racio-
nais por medicamentos, muitas vezes oriundos da interação com pressões
culturais e sociais, principalmente influenciados pela indústria farmacêutica.
A promoção do uso racional de medicamentos tem em uma das suas
estratégias a implementação da lista de medicamentos essenciais, composta
por medicamentos que atendem às necessidades prioritárias da saúde da
população, os quais devem ser utilizados com racionalidade, seguindo crité-
rios de eficácia, segurança, conveniência, qualidade e custo-benefício.

Assimile
O uso racional de medicamentos busca maximizar os benefícios obtidos
pelo uso dos medicamentos, minimizar os riscos envolvidos no uso e
reduzir os custos da terapia para o indivíduo e a sociedade. Essa prática
objetiva favorecer os indicadores de saúde e, consequentemente, a
satisfação da população. Todavia, a quantidade de produtos farmacêu-
ticos existentes na atualidade, muitos deles desnecessários, apresen-
ta-se como um obstáculo na adoção de medidas que fortaleçam o
uso racional de medicamentos. Portanto, quanto mais informação
a população tiver, maiores serão as chances de êxito do uso racional
de medicamentos, bem como treinamentos e capacitações se fazem
necessários para se modificar a cultura de prescritores de não utili-
zarem a lista de medicamentos essenciais.

158
Porém, modificar comportamentos na prática médica cotidiana necessita de
superação de barreiras impostas e enraizadas na sociedade. Além disto, há que
se considerar que o profissional está sempre com a dificílima tarefa de escolher
métodos diagnósticos e tratamentos eficazes para seus pacientes, nos quais as
tomadas de decisão clínica são baseadas em princípios fisiopatogênicos, raciocínio
lógico, observação pessoal e intuição – a chamada experiência clínica do profis-
sional –, os quais são fatores que tornam a intervenção extremamente subjetiva e
de difícil extrapolação.
Para que as intervenções voltadas para promoção do uso racional de medica-
mentos tenham êxito, necessita-se identificar os possíveis problemas associados
ao uso não racional de medicamentos, como é o caso da polifarmácia, sobreuso
de medicamentos ou mesmo a utilização incorreta, pois o uso inapropriado de
medicamentos pode acarretar em eventos adversos sérios e até letais, como no
desenvolvimento de resistência bacteriana, farmacodependência, entre outros.
Ressaltam-se aqui intervenções com ótimos resultados na promoção
do uso racional de medicamentos, como a realização de cursos de farma-
coterapia nos programas de estudos universitários, baseados em problemas
concretos, educação continuada dos profissionais de saúde e da população.
Outra forma de intervir está no conhecimento das tendências de consumo
de medicamentos nos diferentes estratos populacionais, pois isso permite
a obtenção de um panorama do consumo de medicamentos da população
frente à realidade de cada região/localidade/estabelecimento de saúde.
Mas a intervenção mais sugerida na literatura científica é a de disponibi-
lizar informações ou orientações diretamente aos usuários dos medicamentos
e aos profissionais da saúde, não apenas em relação aos fatores associados
ao uso, mas também quebrar as amarras culturais voltadas para o consumo
excessivo de medicamentos.
A imagem 4.2 traz ações sugeridas para contribuir com o uso racional
de medicamentos de acordo com os achados da pesquisa de Leite, Vieira e
Veber (2008).

159
Figura 4.2 | Ações sugeridas para o uso racional de medicamentos

Número de
Sujeito envolvido Categoria da sugestão
estudos
Nenhuma sugestão 6

Ações educativas voltadas à comunidade 10

Ações educativas para profissionais 11


Todos os profissionais
da saúde Realização de estudos de utilização de
6
medicamentos

Fiscalização/Legislação/vigilância 4

Acesso e organização dos serviços de saúde 4

Nenhuma sugestão 21

Médicos Seleção para prescrição de medicamentos 4

Informação/orientações aos usuários 2

Nenhuma sugestão 19

Ações educativas individuais e/ou coletivas,


3
informações, orientações aos usuários
Farmacêuticos
Envolvimento em programas para uso racio-
2
nal de medicamentos

Atuação ativa na dispensação 2

Fonte: Leite, Vieira e Veber (2008, [s.p.]).

Reflita
Os progressos da indústria farmacêutica têm sido notáveis, influen-
ciando fortemente a redução de morbidade e mortalidade ao longo do
século XX e aumentando a expectativa de vida da população. A compe-
tição das indústrias farmacêuticas pelo mercado nacional pode influen-
ciar o uso racional de medicamentos de maneira negativa?

A farmacoepidemiologia é definida como a aplicação de metodologia e


raciocínio epidemiológico no estudo dos efeitos e do uso de medicamentos
em populações humanas, ligando duas grandes áreas, a farmacologia clínica
e a epidemiologia, além de se utilizar de conhecimentos de outras áreas como
as ciências sociais e a estatística.
A farmacoepidemiologia auxilia na tomada de decisão voltada para ações
de uso racional de medicamentos, pois ela é composta por duas vertentes

160
complementares que buscam conhecer, analisar e avaliar o impacto dos
medicamentos sobre as populações humanas, a farmacovigilância e os
estudos que analisam a utilização de medicamentos.
As abordagens farmacoepidemiológicas mais comuns são as provenientes
de estudos quantitativos, mas como a utilização de medicamentos é prove-
niente de um fenômeno completo, é comum observar estudos com aborda-
gens qualitativas, que estão voltadas para a geração de práticas profissionais
culturalmente mais apropriadas.
A utilização de pesquisas com abordagens qualitativas demonstra uma
preocupação do setor, mesmo que tímido e em estágio inicial, com o uso
irracional de medicamentos e suas motivações, privilegiando a perspectiva
dos atores sociais, suas ansiedades, expectativas, crenças, relação com a
saúde, entre outros.
Isto é reverberado pela questão da crença generalizada de que ações
pontuais baseadas em informações epidemiológicas quantitativas possam
dar conta desta tarefa de promover o uso racional de medicamentos, pois a
dimensão coletiva não esgota a questão individual, culturalmente mediados
e que precisam ser reconhecidas pelos profissionais de saúde que prescrevem
e atuam com o uso racional de medicamentos.
Outro ponto que precisa ser analisado é que por meio de estudos farma-
coepidemiológicos que são fornecidas quantidade e variedade de informa-
ções sobre os medicamentos, qualidade das informações transmitidas, quali-
dade dos medicamentos mais usados. Por isso, a OMS preconiza que estudos
sobre farmacoepidemiologia precisam ser prioridade na área da pesquisa e se
o Brasil não se adequar a esta realidade, estará cada vez mais distante do uso
racional de medicamentos.

Exemplificando
Estudos de farmacovigilância que utilizam aspectos da farmacoepide-
miologia podem contribuir e muito na identificação de novas restrições
ou até mesmo na retirada de medicamentos do mercado, caso sejam
apresentadas evidências que comprovem elevado risco na utilização
dos medicamentos.

Já a farmacoeconomia faz uso de análises de recursos no campo da assis-


tência farmacêutica, recursos esses que podem ser bens tangíveis (medica-
mentos) como podem ser intangíveis (uso racional de medicamentos).
As análises de farmacoeconomia consideram a utilidade total e marginal
do medicamento, ou seja, a utilidade de um medicamento está relacionada

161
com suas características intrínsecas (eficácia) ou extrínsecas (efetividade e
custo) capazes de satisfazer as necessidades de saúde dos indivíduos. Porém,
essa percepção é subjetiva, pois sofre influência de fatores como o conhe-
cimento adquirido e a própria necessidade do paciente: para uma pessoa
doente, a utilidade de um medicamento é muito maior do que para um
indivíduo são.
Esses conceitos de farmacoeconomia levam a uma constatação perigosa,
principalmente no caso de antibióticos, pois podem levar o usuário a fazer
seu uso de maneira irracional como a interrupção prematura do tratamento
por uma percepção de melhora. A imagem 4.3. traz uma exemplificação de
como isto pode ocorrer com os antibióticos.
Figura 4.3 | Utilidade marginal de antibiótico e sua relação com o uso racional de medicamentos

Medicamento Utilidade Utilidade


Nº de dias URM Estado de Saúde
prescrito Marginal Marginal
1 (3) 7 7 S Ruim
2 (6) 6 13 S Regular
3 (9) 5 18 S Regular +
Antibiótico A* em 4 (12) 4 22 S/N Bom
comprimido de 5 (15) 3 25 S/N Bom +
100mg; três vezes 6 (18) 2 27 S/N Ótimo
ao dia, durante uma 7 (21) 1 28 S/N Curado Totalmente
semana. 8 (24) 0 28 N Comprometido
9 (27) negativa decrescente N Comprometido

10 (30) negativa decrescente N Comprometido

* Considera a probabilidade de reação adversa igual a zero


**Baseado na autopercepção do paciente; () quantidade acumulada de comprimidos ingeridos;
S- sim e N- não
Fonte: Mota et al. (2008, [s.p.]).

E a farmacoeconomia permite realizar a análise de minimização de custos,


comparando o custo de duas ou mais opções que possibilitem o mesmo efeito
sobre a saúde (eficácia, efetividade, riscos e benefícios).
A farmacoeconomia permite também realizar a análise de custo-bene-
fício, comparando os custos e os resultados expressos em unidades monetá-
rias. Todavia, é extremamente desafiador instituir valor em termos econô-
micos para resultados como morte e sofrimento.
Outra análise que pode ser realizada é a de custo-efetividade, a qual
identifica e quantifica os custos e os resultados de opções terapêuticas para
o alcance do mesmo objetivo, em que os custos são expressos em unidades
monetárias e os resultados e em unidades clínicas de efetividade.

162
E é possível realizar a análise de custo-utilidade, a qual avalia interven-
ções terapêuticas a partir da análise de custo, em que os custos são expressos
em unidades monetárias e os efeitos sobre a saúde são expressos pela quali-
dade de vida.
Cada uma dessas análises pode ser realizada de acordo com as perspectivas
necessárias, seja da indústria farmacêutica, seja do hospital, seja do profissional de
saúde ou da sociedade. O que se pode afirmar a partir disto é que o farmacêutico
pode se apoderar dos dados provenientes da farmacoeconomia para promover o
uso racional de medicamentos, pois há uma relação conceitual interessante entre
farmacoeconomia e atenção farmacêutica, uma vez que os medicamentos têm
proporcionado redução da morbidade e mortalidade, mas que pode aumentar os
custos de uma intervenção terapêutica se for mal utilizada.
No ambiente hospitalar, a farmacoeconomia assume papel de maior destaque
pois pode subsidiar as decisões na prática clínica, auxiliar as decisões tomadas
pelos gestores do hospital através da definição de prioridades, além de permitir
racionalizar os recursos dispendidos no hospital.
E como a atenção farmacêutica impõe ao farmacêutico a responsabilidade pela
farmacoterapia em conjunto com o paciente, por meio de promoção do uso correto
e racional de medicamentos, minimizando os riscos da terapia medicamentosa, a
farmacoepidemiologia e a farmacoeconomia atuam como elementos sinérgicos
para melhorar e valorizar ainda mais a conduta terapêutica, considerando aspectos
clínicos e econômicos.

Sem medo de errar

Vimos da situação problema desta seção que Fabiana, farmacêutica de um


hospital de médio porte de uma cidade, recebeu uma demanda dos gestores do
hospital, com o objetivo de reformular ações que fortaleçam o uso racional dos
medicamentos na instituição. Como você, no lugar da Fabiana, atuaria para
melhorar o uso racional de medicamentos no hospital? Quais intervenções
poderiam realizadas para promover o uso racional de medicamentos no hospital
de maneira mais efetiva? E como você consideraria os aspectos de farmacoepide-
miologia e farmacoeconomia neste processo?
O uso racional de medicamentos, caracterizado pelo desenvolvimento de estra-
tégias de seleção de medicamentos, construção de formulários terapêuticos, geren-
ciamento adequado dos serviços farmacêuticos, dispensação e uso apropriado
de medicamentos, além de ações de farmacovigilância, educação continuada de
profissionais de saúde e usuários de medicamentos, principalmente no tocante

163
aos riscos relacionados à automedicação, interrupção e troca de medicamentos
prescritos são pontos fundamentais nesse estudo.
O uso racional de medicamento encontra dificuldades em ser implantado
pela desconfiança dos pacientes que têm suas crenças reforçadas pelas propa-
gandas que estimulam o consumo em vez de educar.
A promoção do uso racional de medicamentos tem em uma das suas
estratégias a implementação da lista de medicamentos essenciais, modificar
comportamentos na prática médica cotidiana, identificar os possíveis
problemas associados ao uso não racional de medicamentos, realizar cursos
de farmacoterapia nos programas de estudos universitários, baseados em
problemas concretos, educação continuada dos profissionais de saúde e
da população e conhecer as tendências de consumo de medicamentos
nos diferentes estratos populacionais, pois isso permite a obtenção de um
panorama do consumo de medicamentos da população frente à realidade
de cada região/localidade/estabelecimento de saúde. A intervenção mais
sugerida na literatura científica, porém, é a de disponibilizar informações ou
orientações diretamente aos usuários dos medicamentos.
A farmacoepidemiologia definida como a aplicação de metodologia e
raciocínio epidemiológico no estudo dos efeitos e do uso de medicamentos
em populações humanas, ligando duas grandes áreas, a farmacologia clínica
e a epidemiologia, se utiliza de conhecimentos de outras áreas como as
ciências sociais e a estatística, além de auxiliar na tomada de decisão voltada
para ações de uso racional de medicamentos.
As abordagens farmacoepidemiológicas mais comuns são as provenientes
de estudos quantitativos, mas como a utilização de medicamentos é proveniente
de um fenômeno completo, é comum observar estudos com abordagens quali-
tativas, que estão voltadas para a geração de práticas profissionais culturalmente
mais apropriadas.
Já a farmacoeconomia faz uso de análises de recursos no campo da assis-
tência farmacêutica, que permite ao farmacêutico se apoderar dos dados
provenientes da farmacoeconomia para promover o uso racional de medica-
mentos, pois há uma relação conceitual interessante entre farmacoeconomia
e atenção farmacêutica, uma vez que os medicamentos têm proporcionado
redução da morbidade e mortalidade, mas que pode aumentar os custos de
uma intervenção terapêutica se for mal utilizada.
Esses poderiam ser os caminhos para atender as perspectivas dos gestores,
mas você poderia indicar outras maneiras, vá em frente!

164
Avançando na prática

Uso racional de medicamentos em ambiente


hospitalar

Um gestor de um hospital precisa otimizar os serviços disponibilizados à


população e adequá-los à receita proveniente destes atendimentos. Durante as
análises dos procedimentos e levantamento das informações necessárias, notou-se
que alguns dados não estão condizentes com a política de uso racional de medica-
mentos empregada durante o início da sua gestão. Em face disto, o gestor resolveu
aplicar aos profissionais de saúde treinamentos para que essas diretrizes sejam forta-
lecidas e aplicadas no dia a dia do hospital. Mas para contemplar o treinamento, o
gerente do hospital solicitou ao farmacêutico chefe da farmácia do hospital a elabo-
ração do material das capacitações. Quais elementos você, no lugar do farmacêu-
tico chefe da farmácia, indicaria no material da capacitação para contemplar os
objetivos do treinamento?

Resolução da situação-problema
Em resposta à solicitação do gestor para o material do treinamento, é neces-
sário contemplar os conceitos de farmacoeconomia com os profissionais de
saúde, constatando o perfil de prescrição de medicamentos, muitas das vezes
não utilizando a lista de medicamentos essenciais e sem considerar os aspectos
farmacoepidemiológicos.
A adoção do uso racional de medicamentos fomenta as melhores práticas de
farmacoeconomia e farmacoepidemiologia, pois permite adotar condutas farma-
coterapêuticas voltadas para as necessidades dos pacientes, dentro do contexto
social e cultural em que está inserido, pela dosagem correta e pelo tempo neces-
sário para se obter os objetivos terapêuticos esperados. Além disto, é importante
seguir as diretrizes clínicas bem como fazer uso da prática baseada em evidências.
E como é impossível ignorar a abordagem econômica do tratamento medica-
mentoso, o uso racional de medicamentos assume papel central na escolha
das condutas terapêuticas, em um processo que se desenvolve de maneira
multidisciplinar.
Portanto, caberá à equipe de profissionais de saúde do hospital garantir que
os pacientes recebam a medicação adequada às suas necessidades clínicas, nas
doses correspondentes, durante um período de tempo adequado, ao menor custo

165
possível. Esse seria um caminho, você ainda poderá indicar outras possibilidades,
vá em frente!

Faça valer a pena

1. O farmacêutico clínico hospitalar trabalha para promover a saúde da


população, prevenindo e monitorando eventos adversos, intervindo e contri-
buindo na prescrição de medicamentos para que os resultados clínicos
positivos sejam alcançados e assim melhorando a qualidade de vida dos
pacientes.
Neste contexto, analise as sentenças a seguir:
I. O uso racional de medicamentos permite a obtenção dos melhores
resultados clínicos independentemente do custo envolvido na terapia
proposta.
II. O uso racional de medicamentos permite a obtenção da melhora
da qualidade de vida dos pacientes por meio do uso excessivo de
medicamentos.
III. O uso racional de medicamentos é estimulado por meio de ações
de educação continuada com os usuários a fim de promover uma
mudança cultural associada ao medicamento.
IV. O uso racional de medicamentos é estimulado por meio de ações
relacionadas ao uso de informações epidemiológicas pela equipe de
saúde..
Considerando as sentenças apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças I e II estão corretas.
b. Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I e III estão corretas.
d. Somente as sentenças II e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças I e IV estão corretas.

2. A intervenção farmacêutica ocorria por meio da análise de prescrições


médicas e quando identificado a não conformidade relacionada ao medica-
mento, o farmacêutico entrava em contato com o médico prescritor para
discutir o caso. Caso houvesse necessidade alterava a conduta e documentava
as adequações discutidas na prescrição médica e/ou prontuário do paciente.
Sobre o texto apresentado, analise as sentenças a seguir:

166
I. Apresenta condutas de uso racional de medicamentos na prática
hospitalar.
II. Considera as diretrizes culturais do estímulo ao consumo de medica-
mentos.
III. Estimula a assistência farmacêutica e preconiza aspectos de farma-
coeconomia.
IV. Trabalha com condutas de hierarquiza e manutenção da cultura de
manter as condutas médicas mesmo com evidências contrárias à
prescrição estabelecida.
Considerando as sentenças apresentadas, assinale a alternativa correta.
a. Somente as sentenças I e II estão corretas.
b. Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c. Somente as sentenças I e III estão corretas.
d. Somente as sentenças II e IV estão corretas.
e. Somente as sentenças I e IV estão corretas.

3. A utilização de farmacoeconomia e farmacoepidemiologia auxilia na tomada


de decisão clínica e favorece o uso racional de medicamentos no ambiente hospi-
talar. Considerando esse contexto, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I. Se um paciente estiver em tratamento com antibiótico e apresentar
melhora do seu quadro clínico, o tratamento medicamentoso deve
ser suspenso, considerando as diretrizes do uso racional de medica-
mentos, farmacoeconomia e farmacoepidemiologia.
PORQUE
II. O uso incorreto de antibióticos exerce papel crítico na seleção de
microrganismos resistentes e do risco de superinfecções.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica
a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.

167
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