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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE


SANTA MARIA – RS.

CAMILLY BARCELLOS DA LUZ, MENOS IMPÚBERE, FABIO


DA LUZ BARBOSA, representando a menor e também
na condição de autor, brasileiro, casado,
comerciário, inscrito no CPF/MF sob o n.º
741.621.870-53 e CI RG 1055889751, expedido pela
SSP/RS, e LISIANE BARCELLOS DA LUZ BARBOSA,
Brasileira, casada, secretária, ambos residentes
e domiciliados na Rua Dourados n° 11, vila
oliveira, em Santa Maria – RS, representados
por seus procuradores firmatários, vem perante
Vossa Excelência, propor:

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS , MATERIAIS


E ESTÉTICOS,

contra Escola de educação infantil Renascer,


estabelecimento de ensino – Creche, empresa
jurídica de direito privado, com sede na Av.
Presidente Vargas, n° 1925, Bairro Centro em
Santa Maria - RS.

1- DOS FATOS

Em data de 19 de abril de 2007 a requerente foi levada


pelos pais até a Escola Infantil Renascer, já contratada, a
fim de utilizar os serviços de ensino, socialização e
entretenimento infantil que a mesma dispunha.
Cumpre informar que não foi dado via de contrato para os
requerentes, sendo que a contratação se comprova mediante os
recibos de pagamento (pagamento antecipado)ora acostados,
requerendo desde já, que a requerida apresente a via do
contrato, de acordo com a legislação vigente.

No entendimento dos genitores, se fazia necessário


colocar a única filha em uma escola, para que a mesma
iniciasse o processo de socialização/educação escolar, bem
como entretenimento e cuidados, a fim de que pudessem
trabalhar tranqüilos.

De fato, os mesmos pensaram que pudessem trabalhar com a


tranqüilidade de que sua filha única tivesse em um local
seguro.

A requerente tem apenas 1 (um) ano e 9 (nove) meses de


idade e, ainda precisa de cuidados extremos, pois começa sua
vida de brincadeiras e alegrias, principalmente da infância,
agora.

Ao contratar os serviços da empresa, era exatamente esse


o pensamento dos pais, que a filha estivesse em um local
seguro e apto para ensinar e divertir qualquer criança,
afinal se não fosse esse o propósito da requerida, porque
investir em tal estabelecimento???.

Ademais, os pais são pessoas responsáveis que precisam


trabalhar para ter melhores condições de sustento e conforto
para a filha, mesmo assim, jamais descuidaram da menina,
tanto que foram em busca de um local seguro e de ambiente
prazeroso pra a requerente, onde a mesma pudesse aprender,
brincar, e ter todas as atividades normais de toda a criança.

Acontece, excelência, que naquele dia, a requerente foi


vítima de completa negligência e imprudência da escola, posto
que foi deixada de lado pelos funcionários da mesma, sofrendo
assim uma queda que resultou em um corte na região frontal da
cabeça, lado esquerdo, e, foi tão forte a queda que, precisou
de sutura (cinco pontos).

Logo após o fato, a mãe da requerente, senhora LISIANE


BARCELLOS DA LUZ BARBOSA, foi comunicada por telefone,
LISIANE, impedida de se deslocar até a creche, ligou para seu
esposo, pai da requerente, senhor FABIO DA LUZ BARBOSA, que
lá compareceu.
Excelência, a menina não havia recebido nenhum cuidado
médico nem ambulatorial, estando com o ferimento exposto e
sangrando, até o momento da chegada do pai.

Importante que se traga a baila que, no local, nas


dependências internas da empresa, há um cartaz da “Protege”,
empresa que presta serviço emergencial e que conta também com
ambulâncias e pessoal especializado, no entanto, não foi
chamado nenhum serviço do tipo para dar os primeiros socorros
à criança e, esta ficou um longo tempo sem nenhum cuidado
específico e com o ferimento exposto a qualquer possível
infecção.

Vale ressaltar, que o pai da requerente teve de arcar


com todas as despesas médicas e ambulatórias necessários para
o mínimo de atendimento emergencial para a criança, o que
ainda ocorre até hoje, pois a criança tanto quanto os pais
ficaram com abalo psíquico fortíssimo por culpa da
negligência da requerida.

Utilizando-se inclusive de psicólogo para tentar superar


o trauma de terem sua filha única e com apenas 1 (um) ano e 9
(nove) meses de idade com um corte enorme na parte frontal da
cabeça, de ter chegado ao local (pai da requerida) e visto
sua filha com o ferimento exposto e sangrando, correndo sério
risco inclusive de infecção no local.

Este mesmo psicólogo precisará de muito empenho e muitas


seções para tentar tirar o abalo psíquico da menina que agora
fica resistente a qualquer escola ou local que venham, os
pais ter que matricula-la.

E mais, é sabido de todos que a sociedade hoje em dia,


valoriza em muito a parte estética das pessoas, o visual,
imagine como fica para uma menina, futura adolescente que
terá que conviver com uma cicatriz em seu rosto pelo resto de
sua vida, passando pelas fazes de namoro, festas, ou seja,
vida rotineira de jovens.

Também enfrentará problemas em possíveis entrevistas de


emprego, pois uma das exigências das grandes e médias
empresas é exatamente a inexistência de sinais pelo corpo.

Essa, a requerente não terá como omitir, ou tentar


disfarçar, pois vai ter estampado no seu rosto a falta de
responsabilidade, a negligencia de uma instituição de ensino
para crianças sem o mínimo de cuidado ou responsabilidade.

Por tudo isso, depreende-se a negligência da escola,


seja no trato com a criança, por ocasião dos cuidados que
devem ser dispensados as mesmas, Seja na parte física do
estabelecimento, onde não deve existir objetos cortantes,
escadas irregulares, degraus em salas etc...

Mas principalmente, não é crível que os responsáveis


pela escola naquele momento, não tenham chamado socorro
médico, limitando-se tão somente a comunicar os pais.

Ora, é quase inacreditável que pessoas “treinadas” para


“cuidarem” de crianças, deixem a menina esperando os pais com
um corte na cabeça.

Quanto tempo levaram para chamar os pais?? Quanto tempo


a criança ficou sofrendo com o corte na cabeça. Porque não
chamaram a protege para o socorro imediato???? Será
propaganda enganosa aquela placa colocada na entrada da
escola??? Teriam mesmo convênio com a protege???

É gravíssimo o que ocorreu, o autor não tem intenção de


que fechem a escola, não é essa sua ideia, mas pesa, e muito,
saber que pode ocorrer com outras crianças, o que ocorreu com
sua filha, é omissão pura e simples, negligência no sentido
mais amplo da palavra.

A dor de sua filha, o sofrimento experimentado no local


onde se fabrica sonhos, onde se vê amigos imaginários, onde
existe brinquedos maravilhosos, amigos e amigas para
partilhar, segurança para passar o dia, para ao final da
tarde, voltar para casa om os pais, feliz com os novos
aprendizados.

Tudo isso virou o que? Uma sala onde o pai e a mãe


deixaram-na a mercê das fatalidades, onde existem degraus que
machucam, onde existem pessoas descuidadas...

Quem não lembra com carinho do jardim da infãncia, da


primeira tia, da primeira professora? E quem lembra com
carinho daquela escola em que sofreu???

Aqui reside o dano moral, não só da menina, mas dos pais, do


susto e da decepção, e depois mo calvário ao ver a filha
sendo suturada.
O choro a noite, a indignação dos pais ao lembrarem do
fato.

Fatalidade???? E pode configurar fatalidade onde existe


negligência?? Não, a escola deveria não só ter evitado o
tombo, como providenciado socorro médico de urgência. Não o
fez, foi negligente, omissa.

Além de tudo isso, sequer a escola alcançou qualquer


valor para tratamento, sequer pagou o hospital, não dignou-se
a buscar informações acerca do estado de saúde da criança.

Mais uma vez, isso tudo é dano moral, que configura-se


no sofrimento da criança por ocasião do tombo, no seu
restabelecimento, também no susto dos pais, que tiveram de
colocar seus empregos em risco, precisando sair diversas
vezes depois do caso para tratamento da menina, para
psicólogo para a mãe, que não confia mais em nenhuma escola
por conta disso.

A criança é filha única, causa de maior apreensão dos


pais, de maiores diligências.

Assim, resta configurada a necessidade de reparar o dano


causado pela escola, ainda que nem um valor vá aplacar a dor
sentida pela criança naquele momento, a angustia dos pais
quando viram a criança, a indignação de sentirem-se
abandonados pela escola após o fato ocorrido.

2- DO MÉRITO

"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízos a outrem,
fica obrigado a reparar o dano." (Art. 159 do Código Civil
Brasileiro)

De todos os elementos colacionados para o processo,


depreende-se indiscutivelmente que a escola, ora ré, sendo
negligente, foi diretamente responsável pelo tombo e
consecutivamente o grave ferimento da requerente, em exame, o
que leva a Autora a fazer "jus" a uma reparação que restitua
o mais próximo possível ao estado anterior do fato, em face
do desfalque patrimonial, moral e estético que sofreram.
Não há como negar que a queda da criança, causada pela
negligência da requerida, representou uma grande perda para a
Autora e para seus pais, perda essa com reflexos materiais,
morais e estéticos de supremo significado.

O aludido acidente causou aflição no pai e mãe da menor,


além de prejuízos financeiros, pois tiveram que lançar mão de
valores para comparar remédios e consultas constantes em
psicólogos.

Os gastos somente com o atendimento emergencial alcança


em torno R$ 180,00 e mais R$ 25,00 a título de RX do crânio,
além de pagamentos de consultas psicológicas que tiveram e
terão, a requerente e seus pais em função do trauma causado
pólo fato.

O dano moral existe e tem que ser indenizado, este


desnecessário de comprovação.

No que tange à legitimidade passiva "ad causam", a


requerida está sendo acionada para responder por ato próprio,
eis que as funcionárias (professoras), foram omissas no
acidente em discussão, ademais, as professoras são
funcionárias da empresa, razãopela qual a empresa é legítima
para responder pelo dano causado.

DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR

Deve a requerida responder pelo dano causado, obrigando-se a


indenizar a requerente e seus pais dentro da Responsabilidade
Objetiva, eis que demonstrados os danos, cabe ação de
reparação conforme prescreve o Código Civil e demais
disposições legais e jurisprudenciais a respeito da matéria.

DO "QUANTUM" DA INDENIZAÇÃO

DO DANO MORAL

A questão do dano moral, cinge-se como conseqüência do ato


ilícito, que é elemento imprescindível na configuração da
responsabilidade civil, sem o qual não existe.

Como é de conhecimento de Vossa Excelência, os pressupostos


para que exista a responsabilidade civil são:
1) Ação ou omissão do agente;

2) Culpa do agente;

3) Relação de causalidade entre o comportamento do agente e o


dano causado;

4) Dano efetivo.

Todavia, de acordo com a responsabilidade civil objetiva,


bastam a ação do agente, o dano e o nexo de causalidade entre
o fato e o efeito.

Quanto à cumulatividade de
indenizações por danos materiais e
morais, não mais existe dúvidas quanto à
possibilidade, o que vem sido
reiteradamente afirmado pelos tribunais
pátrios:

"Responsabilidade Civil - Danos Moral e


Material - Cumulação; Indenização -
Cálculo - Critério.
Responsabilidade Civil. Indenização. Dano
Moral e Material (Súmula nº 37 - STJ).
Arbitramento do quantum devido em
conformidade com o nível econômico dos
Autores, bem como de sua falecida filha,
e ainda de acordo com o porte da empresa
Ré, não afastadas as condições em que
ocorrera o acidente. Recurso especial
conhecido e provido, em parte." (Ac. Un.
da 4ª T. do STJ - Resp. 6048-0 - Rel.
Min. Barros Monteiro - j. 12/05/92 - DJU
22/06/92, pg. 9760)

DANO ESTÉTICO

18. Em que pese não haver referência expressa quanto ao dano


estético advindo de um tombo de uma criança de 1 (um) ano e 9
(nove) meses, uma vez que esta veio a sofrer um profundo
corte na parte frontal da cabeça, lado esquerdo, fato que
deixara cicatriz para o resto de sua vida, além de abalo
psíquico em função da queda, de modo que deve ser indenizada.

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência o que segue:

1. A citação da requerida para que responda a presente, no


prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

2. A procedência do pedido para o fim de condenar o requerido


ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos pela
criança, e pelos pais da mesma, em razão dos fatos descritos
nesta peça, no seguinte percentual:

a) despesas hospitalares - R$ 210,00 (duzentos e dez reais),

b) danos estéticos - 20 (vinte) salários mínimos integrais


para a criança.

c) danos morais - 50 (cinqüenta) salários mínimos integrais


para a criança e seus pais, sendo outro o entendimento desse
juízo, que atribua o valor que entende de direito.

3. A produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial o depoimento do requerido, o que desde
já requer-se;

4- Protesta pela juntada de recibos hospitalares, consultas


médicas, remédios e demais documentos pertinentes ao caso.

4. A concessão do benefício da Assistência Judiciária


Gratuita, forte no disposto na Lei 1.060/50, por não ter o
acusado condições de custear o processo sem prejuízo de seu
sustento e de sua família, sendo pobre nos termos da referida
lei, o que afirma ciente das penalidades previstas na mesma;

Dá-se a causa o valor de Alçada

N. termos
P. Deferimento

Santa Maria, 24 de maio de 2007.


Alexandre Corrêa de Moraes Luciano Madeira Fernandes
OAB/RS 54.323 OAB/RS 62.029

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