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revista de
DESPORTIVA
Ano 14
informa
Bimestral
Número 06
Novembro 2023
www.revdesportiva.pt
A
TECNOLOGIA
É PARA
TODOS
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Medicina
revista de
DESPORTIVA
informa
Bimestral Novembro 2023
Ano 14 www.revdesportiva.pt
Número 06 Preço – 5.00€
Leio nesta edição um trabalho exaustivo e competente realizado pelo anterior Colégio de Especia-
lidade de Medicina Desportiva da Ordem dos Médicos. A realidade não me parece muito boa, mas
fomos nós que a construímos, seremos nós a melhorá-la. É um privilégio gerir a saúde e o ren-
dimento do atleta de alta de competição, é maravilhosa a oportunidade para prevenir e ajudar a
tratar doenças com a prescrição do exercício físico. O que li não vai ao encontro destes objetivos, dá
a entender que a especialidade de Medicina Desportiva é apenas mais uma que se conquista, que
se exibe e se esquece da sua prática. Assim, ela morrerá rapidamente, não na sua existência, mas
na sua intenção e utilidade. Nesta edição o Dr. Raul Maia Silva coloca o dedo na ferida, e parece ter
razão, somos especialistas apenas para tratar entorses e roturas musculares, temos dificuldade em
prescrever exercício físico. Não creio, contudo, que a culpa deva ser atribuída apenas aos especialistas
em MD, o sistema de saúde em Portugal ainda não reconheceu o grande valor que a MD tem para a
sociedade e teima em ignorá-la e excluí-la do sistema. O Censo que se publica nesta edição aponta
direções, mas quem as operacionaliza, quem aponta a direção, quem vai à luta? Não bastam discursos
bonitos, é preciso fazer acontecer. Onde andam os especialistas de MD, incomodados, que pouco ou
nada contribuem para esta Revista? Quando foi a última vez que construíram MD através da produção
de um texto, publicado aqui ou noutro local? Os temas submetidos para publicação são cada vez mais
escassos e sem conteúdos não há futuro para a Revista, a MD perderá e depois encontrar-nos-emos
num local qualquer para lamento. Basil Ribeiro, diretor
FICHA TÉCNICA | Diretor, Editor BASIL VALENTE RIBEIRO | Diretor adjunto NUNO POMBEIRO | Sub-diretor JOSÉ RAMOS | Editora-adjunta (SPMD) RITA TOMÁS | Gerentes JOSÉ VAZ, NUNO POMPEIRO
| Produção EDIÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE E DESPORTO, LDA | Design e Paginação JOSÉ TEIXEIRA | Fotografia da capa: CONNOR COYNE UNSPLASH | Impressão GRÁFICA JORGE FERNANDES;
R. Quinta Conde de Mascarenhas, 9 Vale Fetal – 2825-259 Charneca da Caparica | Sede do editor, sede da redação e propriedade LINHA ÚNICA – EDIÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE E DESPORTO,
LDA Rua Santos Dias, 1121 – M13 (Fil Park), 4465-255 São Mamede de Infesta | Telefone/Fax – 220135613 | E-mail: linhaunica.rmd@gmail.com | www.revdesportiva.pt | NIPC 515669423 | Detentores
com 5% ou mais do capital da empresa: PAZ – Consultoria e Gestão, Lda e Basil Valente Ribeiro | Periodicidade Bimestral | Tiragem 3000 exemplares | Depósito Legal 304182/09 | ISSN 1647-5534
| Publicação Registada no Instituto da Comunicação Social sob o n.º 125758 | A reprodução parcial ou integral de texto ou ilustrações da Revista de Medicina Desportiva Informa é proibida.
Conclusão
A especialidade de MD desem-
penha um papel fundamental
na promoção da saúde, preven-
ção de lesões, cuidados especia-
lizados para atletas e desen-
volvimento de programas de
exercício adaptado. A presença
de especialistas em Medicina
Desportiva no setor público é
essencial para garantir o acesso
do praticante desportivo aos
serviços especializados em
todo o país. Ao setor privado,
social e associativo cabe uma
parte importante na avaliação,
monitorização e acompanha-
mento adequado dos atletas,
nomeadamente da vertente
competitiva.
A implantação completa da
Medicina Desportiva no Serviço
Nacional de Saúde requer uma
análise mais aprofundada e
abrangente das necessidades
locais e recursos disponíveis.1
Estudos adicionais são necessá-
rios para determinar o número
Figura 1 – Calo da base Figura 2 – Eritema ab igne Figura 3 – Púrpura trau- Figura 4 – Pápulas piezo- Figura 5 – Hematoma
do 1.º metatarso e bolha do membro inferior mática do calcâneo génicas do calcâneo subungueal do hálux
em resolução na face
interna da articulação
metacarpofalângica
na faceta medial.
Existem ainda três bursas –
Glúteos Médios e Mínimo subglútea mínima, subglútea média
e subglútea máxima (figura 2).
Dra. Patrícia Pires1, Dr. Marco Pato2, Dr. Pedro Beckert3 Os músculos glúteos médio e
Interna de Formação Específica de Ortopedia; 2Assistente Hospitalar de Ortopedia: 3Diretor de Serviço de
1
Pain around the greater trochanter is a frequent clinical problem that may be secondary to a variety
of either intra-articular or periarticular pathologies. Medium and minimus gluteal tendon patholo-
gies are one of the primary causes of trochanteric pain, despite being still underrecognized. It is Epidemiologia
usual in athletes, especially runners. The diagnosis requires an high suspicion degree, as well as an
adequate anamnesis, objective examination and complementary investigation. Tendinopathy as a
A tendinopatia glútea é a causa mais
clinical syndrome and tendon disfunction, is often a chronical condition and an enigma. Treatment is
frequente de dor na região do grande
a challenge, since there isn´t a consensus founded on available evidence.
trocânter.6 A taxa de incidência varia
PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS de 1.8 a 3.29 casos/1000 pessoas-ano.5,8 A
Tendinopatia, dor trocantérica
incidência da dor trocantérica parece
Tendinopathy, trochanteric pain estar a aumentar nos jovens9, mas o
pico ocorre entre a 4ª e a 6ª décadas
de vida.10 É tipicamente unilateral e
Introdução o local de inserção de cinco tendões mais comum em mulheres (propor-
musculares (figura 1): ção aproximada de 3:1) de meia-
A dor à volta do grande trocânter é 1. o tendão do músculo glúteo -idade ou idosas. A obesidade e a
um problema clínico comum que mínimo insere-se na faceta ante- alteração da marcha são fatores pre-
pode ser secundário a uma mul- rior do grande trocânter e tipica- disponentes.11,12 A elevada prevalên-
titude de etiologias intra ou peri- mente tem forma triangular; cia nas mulheres relaciona-se com a
-articulares1, que incluem trauma, 2. o tendão do músculo glúteo médio sua configuração pélvica. Por outro
osteonecrose, infeção, fraturas de insere-se nas facetas súpero-late- lado, para além do macrotrauma
stress do colo femoral, dor irradiada ral (porção principal, forte, arre- direto, os atletas que fazem adução
da coluna, neuropatias por apri- dondada) e lateral (porção fina); das ancas para além da linha média
sionamento, bursite trocantérica e também estão predispostos: particu-
tendinopatias dos músculos glúteos larmente, os corredores de
médio e mínimo. Será sobre esta estrada expostos a fricção
última que vamos incidir. A patolo- aumentada sobre o grande
gia tendinosa glútea é uma das cau- trocânter e a banda ilioti-
sas mais frequentes de dor lateral da bial podem desenvolver a
anca.2,3 O ângulo através do qual o síndrome de dor trocanté-
tendão se aproxima da entese afeta rica no lado mais perto da
as forças de tensão e de compressão margem da estrada devido
no tendão. Desta forma, o grau de à inclinação desta para
coxa vara pode predispor ao desen- drenagem.10 A síndrome
volvimento da síndrome dolorosa do dolorosa do grande trocân-
grande trocânter.4 Assim, a avaliação ter associa-se a maior grau
da síndrome dolorosa do grande de disfunção, com menor
trocânter ou da dor lateral da anca tolerância para a atividade
depende da compreensão da anato- física e reduzida qualidade
mia regional dessa região, que inclui de vida13, contudo as tendi-
todas as estruturas exteriores à cáp- nopatias ocorrem tanto em
sula articular. A mais profunda des- Figura 1 – Inserções musculares na região trocanté- atletas como em populações
tas estruturas, o grande trocânter, é ricaa) sedentárias, apontando para
JuzoFlex
Genu Xtra ⋅ Perfeição no Detalhe
Máximo conforto com rebordos de compressão minimizada, zona de
descompressão na região popliteia e anel rotuliano ergonómico
http://lycee-bugeaud.fr/sport/volley/pages/46_volley_asl_bugeaud_stagliano.htm
Quadro 1 – Recomendações para o exercício nos idosos1 Quadro 3 – Prescrição do exercício físico no idoso1
Recommendations Classa Level b
Aerobic work
Among adults aged 65 years or older who are fit • Frequency: Moderate exercise for 5 days per week or vigorous
and have no health conditions that limit their exercise for 3 days per week.
I A • Intensity: 5-6 points (for the modified 10 point Borg scale) for
mobility, moderate-intensity aerobic exercise for
at least 150 min/week is recommended.212,214,215 moderate exercise or 7-8 points for vigorous
• Duration: 30 minutes per day for moderate or at least 20 minu-
In older adults at risk of falls, strength training
tes for continuous exercise.
exercises to improve balance and coordination on I B
at least 2 days a week are recommended.201,212,214,215 Strength training (all major muscle groups)
• Frequency: at least twice a week
A full clinical assessment including a maximal
• Number of exercises: 8-10
exercise test should be considered in sedentary
IIa C • Number of repetitions: 10-15
adults aged 65 years or older who wish to partici-
pate in high-intensity activity. Exercises for flexibility and balance
Continuation of high – and very high-intensity • At least twice a week
activity, including competitive sports, may be con-
IIb C
sidered in asymptomatic elderly athletes (master
athletes) at low or moderate CV risk.
embora sejam menos frequentes. Participation in most competitive sports involving low to mode-
rate intensity may be considered in individuals with a mild
Devido à sobrecarga de pressão e de IIb C
or moderately dilated LV with LVEF>50% and normal exercise
volume, a condição crónica causa Severe stress test.
tipicamente alargamento e hiper- Participation in any moderate – or high-intensity competitive
trofia do ventrículo esquerdo.3 Um sports is not recommended in individuals with severe AR and/or III C
terço dos portadores desenvolverão LVEF≤50% and/or exercise-induced arrhythmias
estenose ou regurgitação aórtica sig- © ESC 2020
nificativas na 5.ª década de vida.2 AR = regurgitação aórtica; LV = ventrículo esquerdo; LVEF = fração de ejeção do ventrículo
Pode não ter consequências esquerdo. a – classe de recomendação; b – nível de evidência; c – Para a valvulopatia mista, deve-
clínicas durante muito tempo1 e, -se seguir a recomendação da lesão predominante1
BR&ecd=mkm_ret_230907_uni-OUS_SPE- dade e previsões positivas e negativas 5. European Society of Cardiology. 2020. ESC
Guidelines on sports cardiology and exer-
CIAL_etid5190405&u=&utm_source=&utm_ de 86%, 99%, 75% e 99%, respectiva-
cise in patients with cardiovascular disease.
medium=email&utm_campaign=adhoc_ous_ mente. Neste estudo, as áreas de não
4
European Heart Journal. 2021; 42:17-96.
special-cardio_20230907_ann-emea&utm_
compactação ocorreram com maior doi:10.1093/eurheartj/ehaa605
content=5190405&utm_term=&sso=true.
Consultado em setembro de 2023.
frequência em todos os grupos estu-
dados nas regiões apical e lateral.4 Agradecimentos
De acordo com a ESC, “entre atle- Ao Prof. Doutor Hélder Dores pelo apoio
tas, a suspeita de NCVE só deve ser na produção deste texto
Exercise recommendations in considerada naqueles que cumprem
individuals with cardiomyopathies, nos exames ecocardiográficos crité-
myocarditis, and pericarditis rios para NCVE,
mas também
O ventrículo esquerdo (VE) não com- apresentam dis-
pactado (VENC) é caracterizado por função sistólica
trabeculações profundas (projeções do VE (FE < 50%),
em forma de dedo) na parede muscu- sintomas suges-
lar do ventrículo esquerdo, as quais tivos de doença
também podem ocorrer no ventrículo cardíaca ou histó-
direito. São recessos profundos que ria familiar posi-
comunicam com a cavidade do VE.1 tiva de VENC”,
A prevalência estimada é de 0,014% pelo que têm
a 0,17%1 ou igual a 0.045% no estudo indicação para
publicado pela Mayo Clinic em adul- a realização de
tos (18 aos 71 anos de idade).2 ressonância car-
Existe controvérsia sobre a patogê- díaca, ecocardio-
nese do VENC, não se sabendo se é grama de esforço
uma alteração congénita (figura) ou e monitorização Figura – Desenvolvimento embriogénico do VENC (teoria con-
adquirida durante a vida.1 Algumas por Holter.5 génita)1
106th Congresso Nazionale della 43rd Annual Meeting of the Israel Orthopaedic
Societ Italiana di Ortopedia e Association (IOA) 2024 Abril
Traumatologia (SIOT 2023) 31 jan – 1 fev: Telavive, Israel
9 a 11 de novembro: Roma, Itália 2024 AMSSM Annual Meeting – American
Medical Society for Sports Medicine
XIX Congresso Internacional de Medicina Fevereiro 12 a 17 abril: Baltimore, EUA
Desportiva da Sociedade Espanhola
7th IOC World Conference on Prevention of 24º Congresso Europeu de Medicina Física e
9 a 11 de novembro: Valência
Injury and Illness in Sport de Reabilitação – ESPRM 2024
12th IOC Course on Cardiovascular Evaluation 29 fev – 2 março: Monaco 23 a 27 de abril: Liubliana, Eslovénia
of Olympic Athletes
10 a 11 de novembro: Medellín, Colômbia
Parabéns!
Medica Medicine & Sports Conference O artigo publicado na última Revista de Medicina Desportiva, 2023;
15 a 16 de novembro: Dusseldorf, Alemanha 14(3):17-20, intitulado Emergência em Voo: Enquadramento da Atuação do
Médico Voluntário foi distinguido como o artigo mais destacado desta
Sports Medicine-Fitness and Physiotherapy
semana no Índex das Revistas Médicas Portuguesas (ÍndexRMP). Procura-
16 e 17 de novembro: Paris, França
mos dar este destaque a artigos que tenham um interesse transversal a
International Congress on Sports Science todas as especialidades médicas e, nesta altura do ano, o tema aqui abor-
Research and Technology Support (icSPORTS dado não podia ser mais oportuno. Parabéns, também ao seu autor, o Dr.
2023) Rui Pombal. Pode também ser comprovar esta distinção no site do Linke-
16 e 17 de novembro: Roma, Itália din e na homepage.
Dr. Jorge Crespo, diretor e editor do ÍndexRMP
9th International Conference on
Physiotherapy, Physical Rehabilitation &
Sports Medicine November
20 e 21 de novembro: Roma, Itália
Dezembro
18th International Conference on Orthopedics,
Osteoporosis & Trauma
4 a 6 de dezembro: Dubai, EAU