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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP.

Processo nº: xxxxxxxxxx

Mévio, brasileiro, solteiro, carteira de identidade número xxxxxxx , residente e


domiciliado na rua xxxxxxxxx, nesta capital vem respeitosamente à presença de V.Exa., por
intermédio de seu advogado, in fine assinado, com fulcro nos artigos 5°, inc. LXVI, da CF/88 e
310 e 312, do CPP.requer:

RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

Mévio, com seus amigos comemorou seu aniversário de 18 anos. Em virtude disso
ingeriu bebida alcoólica, assim, em tese, ficou com os sentidos alterados, mas ele, considerando
está apto a dirigir, pegou o seu veículo automotor de marca Porsche e foi embora para casa.
Todavia, no meio do caminho, estando em velocidade dentro do permitido, dormiu no volante e
subiu na calçada, atropelando duas pessoas que estavam no ponto de ônibus esperando para
irem trabalhar, infelizmente essas pessoas morreram no local. Na sequência, a Polícia Militar
chegou até o local e constatou que Mévio estava dormindo no volante, algumas testemunhas
no local que presenciaram o atropelamento conversaram com os policiais militares. Após Mévio
ter recuperado os sentidos, foi sugerido que ele fizesse o teste do bafômetro, entretanto ele se
recusou, mas ainda assim os policiais prenderam-no com base nos depoimentos de
testemunhas, bem como no argumento de que ele estava com forte odor etílico que estava
saindo de sua boca. Assim ele foi autuado em flagrante delito e encaminhado à audiência de
custódia que só ocorreu duas semanas após sua prisão.

DO DIREITO
ILEGALIDADE DA PRISÃO
Excelência, não há motivos para a manutenção da prisão do Requerente. Com efeito, a
prisão em flagrante imposta não atendeu às exigências legais, haja vista que não observou o
regramento do artigo 310 do CPP, no que concerne ao prazo máximo de apresentação do
acusado para realização da audiência de custódia. No caso em comento ela somente ocorreu
duas semanas após a prisão de MÉVIO. Assim, sedimentado no art. 5° da CF que ordena que em
seu inciso LXVI que a prisão ilegal deve ser imediatamente relaxada reitero que não existem
motivos para a manutenção da prisão do Mévio.

PRESCINDIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA

O Código de Processo Penal estipula expressamente que as medidas cautelares, dentre


elas a prisão preventiva, devem incidir em regra, para garantir a aplicação da lei penal ou
instrução criminal.
Trata-se de comando derivado do princípio da presunção da inocência, consagrado pelo
art. 5° da constituição federal.
Visando assegurar o caráter cautelar de tal medida, o art. 312 do código do CPP
determina que, para decretação da prisão preventiva, além de seus requisitos, devem estar
presente ao menos um de seus fundamentos, ou seja, a garantia da ordem pública,
conveniência da ordem pública, conveniência de instrução criminal, garantia de futura aplicação
de lei penal ou garantia da ordem econômica.
Dessa forma, o efeito de manter-se detido o autuado só deve ser prorrogado quando
presente um ou mais dos fundamentos que autorizam a prisão preventiva.
No caso em tela, a prisão preventiva não se faz necessária para garantia da ordem
pública, uma vez que o autuado não é pessoa de extrema periculosidade, o fato de uma pessoa
ser rica não traz nenhum risco social, para que seja mantido encarcerado, motivo pelo qual é
justa a concessão de relaxamento da prisão, para que possa responder ao inquérito policial e
eventual processo-crime em liberdade, comprometendo-se a não atrapalhar as investigações e
não se furtando à sua responsabilidade de comparecer a todos os atos.
Conclui-se, assim, que não estão presentes os fundamentos que autorizam a decretação
de prisão preventiva.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer vossa excelência:

A concessão do RELAXAMENTO DE PRISÃO ao autuado nos termos dos artigos 5° da CF, inc.
LXVI e o art. 312 do CPP, com a expedição do alvará de soltura

São Paulo, 06 de Abril de 2022


Advogado Xxxxxxxxx Xxxxxxxxxx
OAB/SP XXXXX.XXX

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