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Política (Aristóteles)

Livro III, seções 1-12

Bruna Alves, Jonathan Leite e Leandro Megna.

Filosofia Política
UFABC 2016
Seção 1. Definição de cidadão
“A cidade é, pois uma realidade composta, da mesma maneira que o são todas
as coisas que, não obstante possuírem diferentes partes, formam um todo
composto.” (p. 185)

MATÉRIA

SUBSTÂNCIA FORMA

SUBSTÂNCIA
COMPOSTA
Seção 1. Definição de cidadão
- parte-se para a necessária definição de cidadão:

- os que habitam a cidade;

- os que têm direito de acusação e defesa em um tribunal;

- o caso das crianças (incompletos) e dos velhos (eméritos).

“NÃO HÁ MELHOR CRITÉRIO PARA DEFINIR O QUE É O


CIDADÃO, EM SENTIDO ESTRITO, DO QUE ENTENDER A
CIDADANIA COMO CAPACIDADE DE PARTICIPAR DA
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA E DO GOVERNO” (p. 187)
Seção 1. Definição de cidadão
- Objeção: juízes e membros da assembléia não são detentores de cargos
públicos → magistratura indefinida (co-partícipes);

- “Convém notar que, em constituições não democráticas, não é o magistrado


de “estatuto indeterminado” que exerce cargos na assembleia e nos tribunais
mas sim o magistrado com competências determinadas.” (p. 189)

- éforos e gerontes (Esparta); magistrados (Cartago).


Seção 2. Continuação da definição do cidadão
- definição corrente de que cidadão é aquele cujo pai e cuja mãe são da
cidade; outros definem serem necessárias três ou mais gerações.

- Aristóteles identifica um paradoxo: os fundadores da cidade não seriam eles mesmos


cidadãos.

- outra dificuldade: cidadania adquirida por mudança de regime: Clístenes e as


tribos estrangeiras incorporadas → nesse caso, cabe a análise se tal
concessão foi justa ou injusta.

- se injusta, a cidadania obtida deve ser válida?


Seção 3. Definição de cidade
- Quando um determinado ato pode ou não ser considerado um ato da própria
cidade.

“ Também recusam outras obrigações da mesma natureza, alegando que alguns


regimes assentam na força e não no interesse comum.” página 193, linha 12.

- A Identidade da cidade: A que princípio devemos recorrer para afirmar que


uma cidade mantém ou não, a identidade anterior ou que adquire uma outra
identidade?
Seção 3. Definição de cidade
“Se a cidade é uma forma de comunidade (e uma comunidade de cidadãos num
regime) quando se altera a forma de governo, ficando diferente do que estava,
parece forçoso que a cidade deixe de ser a mesma, tal como dizemos de um coro
que é uma coisa quando é cômico e é outra quando é trágico, apesar de os seus
membros permanecerem os mesmos. Também dizemos que uma comunidade ou
unidade composta é distinta, quando muda a forma de sua composição.” (página 195,
linha 2)

“Se este é o caso, é óbvio que o critério para determinar a identidade da cidade é
o critério do regime, podendo-se-lhe atribuir um nome idêntico ou outro nome,
quer tenha os mesmos habitantes ou outros totalmente diferentes.” (página 195, linha 10)
Seção 4 - As virtudes do homem bom e do bom cidadão.

- Devemos considerar se a virtude de um homem bom e a de um bom cidadão


são idênticas ou diferentes.

“Assim como o marinheiro é um membro de uma comunidade, assim é o


cidadão.” (página 195, linha 20)

“É impossível que uma cidade se componha inteiramente de homens bons; no


entanto cada cidadão deve cumprir bem a função que lhe compete e é nisso que
consiste a sua virtude.” (página 197, linha 37)
Seção 4 - As virtudes do homem bom e do bom cidadão.

“ A virtude do bom cidadão deve pertencer a todos porque é esta a condição


necessária para a cidade ser a melhor; mas por outro lado, a virtude do homem
bom não pode pertencer a todos, já que não é necessário que sejam homens
bons os cidadãos que vivem na cidade perfeita, tanto mais que a cidade é
composta por elementos distintos.” (página 197, linha 42)

- Mas poderá coincidir em alguém a virtude do bom


cidadão e a do homem bom?.
Seção 4 - As virtudes do homem bom e do bom cidadão.

“Existe, todavia, uma autoridade que governa os que têm a mesma origem e os
que são livres. É a esta autoridade que podemos chamar ‘política’ e este é o
gênero de autoridade que o governante deve começar por aprender, sendo
governado.” (página 201, linha 8).

“ A virtude do cidadão consiste em reconhecer a autoridade dos homens livres,


sob os dois pontos de vista.” (página 201, linha 15).
Seção 5 - A classe de artesãos na cidade melhor.
“Uma destas formas de serviço é a dos trabalhadores manuais. Este serviço,
como o seu próprio nome indica, é feito por homens que vivem do trabalho com
as suas mãos, classe a que pertencem os artesãos. Esta é a razão pela qual, em
algumas cidades, os artesãos eram excluídos dos cargos políticos, até surgir a
forma extrema de democracia.” (página 199, linha 39).

“O homem bom, o político e bom cidadão não devem aprender as tarefas


desempenhadas pelos subordinados, exceto em ordem a satisfazer necessidades
pessoais; nesse caso, deixaria de existir senhor de um lado e escravo do outro.”
(página 201, linha 5).
Seção 5 - A classe de artesãos na cidade melhor.
“É verdadeiramente cidadão aquele que pode partilhar o poder ou devem os trabalhadores
manuais serem incluídos como cidadãos?” (página 203, linha 34)

Razão para a exclusão: “Incompatibilidade com as práticas da virtude.”

Motivos:

1. “a primeira assenta na falta de tempo. Segundo Ross, o artesão pode não ter tempo para se sentar

na assembleia soberana, mas isto não constitui razão para não possuir direito a voto.” (Ross, página

254, linha 40).

2. “Segundo Aristóteles, o trabalho manual humilha realmente a alma, tornando-o inapta à prática de

uma virtude esclarecida.” (Ross, página 255, linha 1)


Seção 6 - Diversidade de regimes de autoridade. A finalidade da cidade.
“Nas constituições democráticas o povo é supremo; pelo contrário, nas
oligarquias apenas alguns têm a supremacia. Por isso dizemos que estes dois
regimes são diferentes.” (página 207, linha 12).

“Apesar de não carecer de auxílio mútuo, os homens desejam viver em conjunto;


também é verdade que estão unidos pela utilidade comum, na medida em que, a
cada um, corresponde uma parcela de bem-estar. Este é o fim principal, quer da
comunidade quer de cada indivíduo.” (página 207, linha 19).

“A conclusão que se segue é clara: os regimes que se propõem atingir o interesse


comum são rectos, na perspectiva da justiça absoluta; os que apenas atendem
aos interesses dos governantes são defeituosos e todos eles desviados dos
regimes rectos. São despóticos, mas a cidade é uma comunidade de homens
livres.” (página 211, linha 17).
Seção 7. Os regimes correctos e respectivos desvios.

- Sobre o número e a natureza dos diferentes regimes.

“Quando o único, ou os poucos, ou os muitos, governam em vista do interesse


comum, esses regimes serão necessariamente rectos. Os regimes em que se
governa em vista do único, dos poucos, ou dos muitos, são transviados.” (página 211,
linha 28).

“Os três desvios correspondentes são: a tirania em relação à realeza; a oligarquia


em relação à aristocracia; a democracia em relação ao regime constitucional.”
(página 213, linha 5.)
Seção 8. Natureza da oligarquia e da democracia.

“ A verdadeira diferença entre oligarquia e democracia é a pobreza e a riqueza.”


(página 215, linha 40).

“ É que a riqueza é de poucos, enquanto a liberdade é de todos: estas são as


causas pelas quais uns e outros reclamam o poder.” (página 215, linha 45.)
Seção 9. A virtude como fim da cidade
TESE DO CAPÍTULO:

“Ambos os regimes [oligarquia e democracia] defendem uma


certa concepção de justiça, mas apenas relativa, e nenhum
deles se refere à justiça suprema na sua integridade.”

(pp. 215-216)
Seção 9. A virtude como fim da cidade

“os democratas revoltam-se contra os oligarcas porque julgam que, por serem a
maioria, o justo é que todos possuam exatamente o mesmo, devido ao facto de
todos serem igualmente livres; os oligarcas revoltam-se precisamente pelos
motivos a contrario, isto é, por serem poucos, julgam que o justo é que sejam
todos totalmente desiguais, devido ao facto de nem todos possuírem riqueza
igual.”

(NOTA 40)
Seção 9. A virtude como fim da cidade

“Uns presumem que a desigualdade num aspecto - por exemplo a riqueza -


implica a desigualdade em tudo; os outros acreditam que a igualdade num
aspecto - por exemplo a liberdade - significa igualdade em tudo.” (p. 217)
Seção 9. A virtude como fim da cidade
- distribuição proporcional da riqueza. Porém:

- a cidade não se identifica pela riqueza;

- a cidade não se identifica pelos acordos comerciais.

“A conclusão clara é de que a cidade que verdadeiramente cidade, e não


apenas de nome, deve preocupar-se com a virtude. Se assim não fosse,
a comunidade política decairia numa aliança que apenas se distinguiria
pela contiguidade local de outras alianças, em que os membros vivem a
uma certa distância uns dos outros. E a lei também tornar-se-ia um
simples convênio.” (p. 219)
Seção 9. A virtude como fim da cidade

“Todas essas condições [evitar a injustiça mútua e facilitar as trocas comerciais]


devem estar presentes para que a cidade exista, mas a sua presença não é
suficiente para a constituir. O que constitui uma cidade é uma comunidade de
lares e de famílias com a finalidade da vida boa e a garantia de uma
existência perfeita e autônoma” (p. 221)
Seção 10. As concepções oligárquica e democrática
de justiça

QUEM DEVE SER O DETENTOR DA SUPREMACIA?

1. a maioria?

2. uma minoria rica?

3. as classes superiores?

4. um único homem?

5. a lei?
Sessão 11 - Condições e limites do regime democrático.
“Com efeito, os muitos são indivíduos que, separadamente, não têm qualidades;
mas quando estão reunidos podem ser melhores do que os poucos com valor,
desde que não considerados individualmente mas em conjunto.” (página 225, linha 44)

“sobre quem deve ser exercida a supremacia dos homens livres e da massa dos
cidadãos?.” (página 225, linha 23).

“É que uma cidade onde existe um grande número de cidadãos sem honras e
sem riqueza deve, necessariamente, ser uma cidade cheia de inimigos.” (página 227,
linha 29).

“A alternativa que resta é deixar a multidão exercer funções deliberativas e


judiciais; e assim encontramos Sólon e outros legisladores conceder ao povo as
duas funções gerais de eleger os magistrados e de os chamar à
responsabilidade, não lhes permitindo, contudo, exercer individualmente esses
cargos.” (página 227, linha 32).
Sessão 12 - Igualdade e desigualdade da participação dos
cidadãos nas magistraturas.
“Mas uma questão que não pode ser ignorada é saber em que consiste a
igualdade e a desigualdade. Isto levanta uma dificuldade e implica uma filosofia
política.” (página 231, linha 22).

“É evidente que, em questões políticas, torna-se razoável que a aspiração às


magistraturas não se funde numa desigualdade qualquer.” (página 233, linha 9).

“É com razão que os bem nascidos, os livres e os ricos disputam as honras. Os


que ocupam uma magistratura devem ser necessariamente livres e pagar
impostos.” (página 235, linha 15).

“Sem a riqueza e nascimento livre é impossível a existência da cidade, e sem a


justiça e o valor guerreiro é impossível a boa administração.” (página 235, linha 20).

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