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Capítulo 7

Em todas as ciências e artes o fim é um bem, e o maior dos bens e bens no mais alto grau se
acha principalmente na ciência todo-poderosa; Esta ciência é a política e o bem em política é a
justiça ou seja o interesse comum; todos os homens pensam por isso que a justiça é uma
espécie de igualdade e até certo ponto eles concordam de um modo geral com as distinções
de ordem filosófica estabelecidas por nós a propósito dos princípios éticos; elas explicam a
justiça e a quem elas se aplica e que ela deve ser igual para pessoas iguais mas ainda resta uma
dúvida igual em que, e desigualdade em que? eis uma dificuldade que requer auxílio da
filosofia política. de fato, alguém talvez possa dizer que as funções mais importantes da cidade
deveriam ser distribuídas desigualmente, segundo a superioridade dos indicados em cada
qualidade, mesmo que não houvesse quaisquer outras diferenças entre os pretendentes, mas
todos fossem aparentemente idênticos, pois homens diferentes têm direitos em méritos
diferentes. se isto fosse verdade, os homens superiores em competição e estatura ou qualquer
outra qualidade deveriam ter alguma vantagem quanto a direitos políticos. O erro aqui parece
muito manifesto? Isto será ainda mais evidente se considerarmos outras ciências e qualidades.
Entre os flautistas igualmente bons em sua arte não há razões para dar vantagens aos
melhores por nascimento. Eles não tocaram melhor por isso, E os instrumentos superiores
devem ser dados aos artistas superiores. Se o que desejamos exprimir ainda não ficou
suficientemente claro, a evidência será maior quando nos afundarmos na indagação.
Suponhamos que alguém seja superior como flautista mas muito inferior em nascimento ou
em aparência.; Então, mesmo admitindo que cada um desses fatores - quero dizer nascimento
e beleza - é uma qualificação maior que o talento para tocar flauta, e mesmo que tais fatores
se sobrepõe ao talento para tocar flauta e proporção maior que aquela que o melhor sonho
autista se sobrepõe aos outros na arte de tocar flauta, ainda assim o melhor flautista deve
receber as melhores flautas, não que as vantagens de riqueza e nascimento contribuam para a
excelência da execução (mas não contribuam de modo algum). Além disso, segundo essa
teoria todas as coisas boas seriam com mensuráveis; com efeito, se ser de certa estatura
conferisse preponderância, então a estatura passaria a competir de um modo geral com a
riqueza e com a circunstância de ter nascido livre, de tal maneira que qualidades morais e,
falando de modo geral, se a estatura confere mais superioridade que as qualidades morais,
todas as coisas seriam comensuráveis; com efeito, se certa quantidade de uma coisa é melhor
que certa outra.

Uma vez, porém, que isto é impossível, é claro que em política aos homens, com boas razões,
não reivindicam o direito de exercer uma alta Função de governo com fundamento numa
desigualdade em tudo pois uns homens são mais lentos e outros mais velozes e isto não
contribui um bom fundamento para que uns mereçam mais e outros momentos do ponto de
vista político (Somente nas competições atléticas tal diferentes influiria no método). A
pretensão ao exercício de altas funções deve fundar-se Necessariamente Superioridade nas
qualidades essenciais a existência da cidade. Logo, é razoável a pretensão dos homens bem-
nascidos, livres e ricos, há honrarias inerentes ao exercício de altas funções pois deve haver
homens livres e deve haver contribuintes para o tesouro público, já que não poderia existir
uma cidade construída inteiramente de homens pobres, nem de escravos. Admitindo-se,
então, que isto seja necessário, evidentemente há também necessidade de justiça e talento
político, e igualmente indispensáveis à administração de uma cidade, com diferença de que
riqueza e liberdade são indispensáveis à própria existência da cidade enquanto a justiça e o
talento político são indispensáveis a sua boa administração. portanto, como pré-requisitos
para a existência de uma boa cidade todos, ao menos alguns desses fatores, parecem ter
pretensões justas a sua importância na mesma, embora com instrumentos de uma vida melhor
as pretensões mais justas sejam as da educação e do talento político (já dissemos estudantes).
Por outro lado, uma vez que as pessoas iguais em uma só qualidade não deve ser consideradas
iguais em todas, nem as desiguais a respeito de uma só qualidade de ser consideradas
desiguais em todas, segue-se que todas as formas de constituição fundamentadas numa
igualdade ou desigualdade generalizada são desvios da constituição ideal.

Já foi dito antes que todos têm uma pretensão de certa maneira justa, embora nem todos
tenham de maneira absolutamente justa: os ricos reivindicam porque detém a maior parte das
terras, e as vias em seus compromissos. E, os homens livres reivindicam pelas mesmas razões
dos bens nascidos, pois há afinidades entre eles, já que os nobres são cidadãos nos sentido
mais legítimo que os humildes, e ser bem nascido é sempre motivo de distinção para cada um
em sua cidade outra razão é a probabilidade de os nascidos de antepassados melhores Virem a
serem homens melhores, pois ser bem nascido é um mérito que temos de raça. Temos de
admitir que as reivindicações do talento político também são justas, pois sustentamos que o
mesmo é uma qualidade na vida política e traz consigo todas as outras qualidades; além dos
ricos e dos homens livres, a maioria também tem pretensões justa em comparação com a
minoria, portanto ela se mostra mais forte rica e melhor quando se compara a sua
superioridade numérica com a inferioridade numérica da outra. Supondo, portanto, que todos
estivessem numa cidade quero dizer os bons os ricos os bem-nascidos e também a multidão
dos demais cidadãos, haveria ou não uma disputa quanto a quem deve governar? É verdade
que soube cada uma das constituições mencionadas a decisão quanto a quem deve governar é
indiscutível (a diferença entre elas está na classe dominante: uma se distingue pelo fato de
governo se exercido pelos homens ricos, outras pelos homens melhores e as outras de
maneira similar); mas apesar disto estamos tentando saber como deveremos decidir-nos por
uma das classes, supondo que todas elas existiam simultaneamente na cidade.

Se, então, o número de homens bons for excessivamente pequeno, como devemos decidir?
Teremos de considerar o seu pequeno número em relação as respectivas incumbências e se
eles são capazes de administrar as cidades ou se seu número é suficiente para uma cidade? Há
também algumas dificuldades quanto às outras classes com pretensões as honrarias políticas
pode parecer destituída de justiça a pretensão dos que reivindicam o governo por causa de sua
riqueza, e o mesmo poderia aplicar-se aquelas cujas pretensões se fundamentam nas
circunstâncias de serem bem nascidos; com efeito, é claro que se, outros juntos, sendo o
mesmo princípio seria obviamente justo que tal homem governasse todos os outros; o mesmo
critério se aplicaria a um homem excepcionalmente bem nascido em comparação com os
demais pretendentes por ter nascido livre. Provavelmente acontecerá o mesmo no caso de um
governo aristocrático baseado no mérito; se houver um homem melhor que os outros homens
de mérito que governam a cidade pelo mesmo princípio de justiça tal homem será o líder. De
maneira idêntica, se couber realmente a maioria governar por ser melhor que a minoria, e
uma pessoa, ou mais de uma, porém menos que a maioria, for ou forem melhores que as
restantes, caberá a ela, ou a elas, e não a maioria exercer o poder supremo. Todas essas
considerações parecem provar, portanto, a inadequação de todos os princípios com base nos
quais os homens têm a pretensão de governar e manter os demais sobre o seu governo.
certamente mesmo contra os que reivindicam a liderança do governo com fundamento em sua
superioridade, e da mesma forma contra os que reivindicam por causa de sua riqueza a
maioria pode apresentar uma reivindicação justa pois nada impede que em certo momento a
maioria possa ser coletivamente melhor e mais rica que a minoria, embora cada um de seus
componentes de per si não ou seja.

Estas ponderações preparam antecipadamente a resposta a uma questão difícil de que se


ocupam algumas pessoas (elas perguntam se o legislador, desejando produzir as leis mais
corretas, deve legislar com vistas a beneficiar os melhores ou mais numerosos), nos casos em
que se configura a situação mencionada no fim do parágrafo anterior. A expressão abre
“corretas “deve ser entendida no sentido de equitativas, e significa corretas em relação ao
interesse de toda cidade e o bem-estar do cidadãos; cidadão, de um modo geral, é uma pessoa
que participa das funções de governo e é governado, embora ele seja diferente segundo cada
forma de governo. Em relação à melhor forma, cidadão uma pessoa adotada de capacidade e
vontade de ser governada e governar com vistas a uma vida com conforme ao mérito de cada
um.

Capítulo quatro
Foi dito antes que há várias espécies de constituições e qual é a causa dessa variedade;
mostraremos agora que as espécies diferentes tanto de democracia quanto de oligarquia. Essa
afirmação se torna evidente diante do exposto pois tanto o povo quanto os chamados notáveis
se constituem de várias classes uma das classes com componentes do povo, por exemplo é a
dos agricultores outra é a que se dedica às artes e aos ofícios, outra é a classe comercial
ocupada com os negócios de compra e venda, e outra se dedica às atividades ligadas ao mar,
está se divide em sub classes dedicadas à guerra naval, ao comércio marítimo, ao transportes
de passageiros e a pesca (uma destas sub classes é muito numerosa em várias regiões; em
adição a estas a classe dos trabalhadores braçais e daqueles que por poucas posses, não
podem dedicar-se ao lazer, e também dos que não são homens livres, descendentes de pais e
mães cidadãos, e outras classes similares entre o povo os homens notavam se diferenciam em
função da riqueza, do nascimento, do método, da educação e de distinções semelhantes.

A primeira espécie de democracia baseia-se principalmente na igualdade; nos termos da lei


reguladora desta espécie de democracia, a igualdade significa que os pobres não têm mais
direitos que os ricos e nenhuma das duas classes é soberana de maneira exclusiva, mas ambas
são iguais. Se, como alguns pensam, a liberdade e a igualdade são essenciais a democracia,
elas só podem existir em sua plenitude de todos os cidadãos gozarem da mais perfeita
igualdade política. Como o povo constituiu a maioria, e uma resolução aprovada pela maioria
soberana, tal governo deve ser necessariamente uma democracia. Esta é, portanto, uma
espécie de democracia onde as funções de governo são exercidas com base na qualificação
pelos bens possuídos, mas os bens classificadores são de pouca monta; quem tiver os bens
estipulados participar do governo, mas quem os perder não participará. Outra espécie de
democracia é aquela em que participam das funções de governo todos os cidadãos não
sujeitos a desqualificação, sendo a lei soberana. ainda há outra espécie de democracia na qual
todas passam das funções de governo desde que sejam simplesmente cidadãs, sendo a lei
soberana. Outra espécie de democracia é igual as demais em tudo com exceção de que as
massas são soberanas, e não a lei; isto ocorre quando decreto da assembleia popular se
sobressai às leis. tal situação é provocada pelos demagogos; em cidades governados
democraticamente e sobre o Império da Lei não aparecem demagogos, e as melhores classes
de cidadãos ocupam as posições mais proeminentes; onde, porém, as leis não são soberanas,
então aparecem os demagogos pois o povo se transformam numa espécie de monarca
múltiplo, numa unidade composta de muitos, já que os muitos são soberano não como
indivíduos, mas coletivamente. Não se percebe a espécie de democracia que Homero alude
quando diz que abre “ não é bom o governo de muitos “; não é claro se ele se refere à espécie
de que acabamos de falar, ou ao caso de um governo que deveria ser individualmente exercido
por muitas pessoas. um povo assim, transformado praticamente num monarca, procura
exercer um governo monárquico, impedindo que a lei governo, e se torna despótico, dando
ensejo a que aduladores passem a ser estimados. Uma democracia dessas espécie é análoga à
forma tirânicas da monarquia, pois seu espírito é o mesmo mesmo ambas exercem um
domínio despótico sobre as classes melhores, e os decretos votados pela assembleia são
comparáveis à ditos arbitrárias de uma tirania, e os demagogos e aduladores se igualam, a
ponto de ser confundidos (ambos têm grande poder: o adulador junto ao tirano, e o demagogo
na democracia da espécie que estamos descrevendo fecha parêntese. Estes homens fazem
com que as resoluções das assembleia sejam soberanas, e não as leis, submetendo todos os
assuntos da decisão do povo, pois eles devem sua ascendente ao fato de o povo ser soberano
em todos os assuntos; eles, possua vez são soberano sobre a opinião do povo, já que as
massas acreditam neles. além disso, aqueles que levantam acusações contra os magistrados
dizem que o povo deve julgar as causas, e o povo recebe o convite com prazer, e assim se
acaba com todas as magistraturas.

Parece uma crítica razoável dizer que tal democracia não é uma forma de constituição,
pois não há constituição onde as leis não governam; as leis devem governar tudo, enquanto os
mais magistrados devem cuidar apenas dos casos particulares, e devemos julgar que governo
constitucional é isto; se a democracia é realmente uma das formas de constituição, é evidente
que uma organização dessa espécie, em que tudo é administrado por decisões assembleia
popular, não é sequer uma democracia no verdadeiro sentido da palavra, pois decretos não
podem constituir normas gerais. Essas são as diferenças entre as várias espécies de
democracia.
Em todas as ciências e artes, o bem é o objetivo principal, sendo a política a

ciência que busca o bem comum, ou seja, a justiça. A justiça é considerada

uma forma de igualdade, mas surge a questão de em que aspectos deve haver

igualdade e em quais deve haver desigualdade. A filosofia política é necessária

para resolver essa questão. Um argumento comum é que as funções mais

importantes na cidade deveriam ser distribuídas de acordo com a superioridade

dos indivíduos em determinadas qualidades, mesmo que aparentemente todos

sejam iguais. No entanto, essa noção é contestada, pois a superioridade em

uma área não deveria garantir direitos políticos superiores. Da mesma forma, a

riqueza e o nascimento não deveriam influenciar a distribuição de poder

político.

A ideia de que todas as coisas boas são comensuráveis é questionada, pois se

fosse verdade que uma característica, como a estatura, conferisse

superioridade, então todas as qualidades seriam comparáveis. Na política, a

superioridade para exercer funções de governo deve se basear nas qualidades

essenciais para a existência da cidade, como justiça e talento político, em vez

de riqueza e nascimento. A existência de homens livres e contribuintes é

essencial para a cidade, mas a administração adequada requer justiça e talento

político. A educação e o talento político são considerados requisitos

importantes para uma cidade ideal.

Diferentes classes sociais, como os ricos, os bem-nascidos e a maioria da


população, reivindicam o direito de governar. A justiça das reivindicações

baseadas na riqueza e no nascimento é questionável, assim como a

necessidade das mesmas para a boa administração da cidade. A maioria

também tem a pretensão de governar, pois, em comparação com a minoria,

sua superioridade numérica é relevante. A cidade ideal seria governada pelos

melhores, que poderiam ser identificados por seu talento político. A decisão

sobre quem deve governar em uma cidade deve levar em consideração a

capacidade dos indivíduos de administrar de forma eficaz, em vez de se basear

exclusivamente na riqueza ou no nascimento. A justiça das reivindicações de

diferentes classes sociais para o governo é discutida, e a importância do

talento político é enfatizada como critério principal para a liderança política

adequada.

A questão de legislar em benefício dos melhores ou mais numerosos é

discutida, com a ideia de que a legislação deve ser equitativa e beneficiar o

interesse da cidade como um todo. O cidadão é definido como alguém que

participa do governo e é governado, sendo diferenciado de acordo com a forma

de governo. Em uma cidade ideal, o cidadão é alguém com capacidade e

vontade de ser governado e governar em prol do bem-estar de todos.


Foi explicado que existem várias espécies de constituições devido à diversidade de

classes na sociedade, e esse mesmo princípio se aplica às diferentes formas de

democracia e oligarquia. A primeira espécie de democracia é baseada na igualdade,

onde os cidadãos pobres não têm mais direitos do que os ricos e ambos compartilham

do poder de forma igual. Outra forma de democracia é aquela em que todos os

cidadãos aptos participam do governo, com a lei como soberana. Há também a

democracia em que as massas são soberanas e não a lei, o que pode levar à

influência dos demagogos. Esta forma de democracia é comparável à tirania, pois os

demagogos exercem um domínio despótico sobre as classes melhores, estabelecendo

decretos arbitrários similares aos de uma tirania. Nesse tipo de democracia, os

demagogos e aduladores ganham poder, influenciando as decisões da assembleia

popular e subvertendo o papel das leis.

Alguns argumentam que essa forma de democracia não é uma verdadeira

constituição, pois as leis não governam efetivamente, e a organização é dominada por

decisões da assembleia popular que não podem constituir normas gerais. Assim, essa

não seria uma democracia no verdadeiro sentido da palavra, pois ela não segue os

princípios fundamentais de um governo constitucional. Essas são as principais

diferenças entre as várias espécies de democracia existentes.

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