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ENSINO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Autor(a): Maria das Graças B de C. Rodrigues,


Licenciatura plena em Pedagogia, pelo
Instituto da Terra de Brasília.

Pós-Graduada em Ciências da Religião pela


Universidade Candido Mendes.

Pós-Graduada em Coordenação Pedagógica e


Supervisão Escolar, pela Universidade Candido
Mendes.

RESUMO

Este artigo científico trás como tema o Ensino, a Formação de professores e as


Práticas pedagógicas, baseado nos estudos dos autores: Paulo Freire Educação e
Mudança, Formação de professores para uma mudança educativa de C. M. Garcia, Os
professores como Intelectuais rumo a uma pedagogia crítica de aprendizagem de H.
Giroux, Os professores e sua formação de Antônio Nóvoa, saberes pedagógicos e
atividade docente de S. G. Pimenta, a competência de um professor universitário de
M.T Masetto e Saberes pedagógicos e atividade docente, S. G Pimenta.

Palavras Chaves: Ensino, Formação de Professores e Práticas Pedagógicas.


El RESUMEN.
Este artículo científico se centra en la Docencia, la Formación Docente y las Prácticas
Pedagógicas, a partir de los estudios de los autores: Paulo Freire Educación y Cambio,
Formación docente para un cambio educativo de CM García, Docentes como
intelectuales hacia una pedagogía crítica de aprendizaje por H. Giroux, Docentes y su
formación por Antônio Nóvoa, conocimiento pedagógico y actividad docente por SG
Pimenta, competencia de un profesor universitario de MT Masetto y SG Pimenta,
conocimiento pedagógico y actividad docente.

INTRODUÇÂO

Agente sabe que o ensino no Brasil tem sido acompanhado de inúmeras e


complexas mudanças desde o Brasil colonial, até os dias atuais. Foram vários impérios,
governos, domínios de todas as formas e de todas as maneiras, com isso mudando de
tempos em tempos as leis e os modos de se fazer educação. Não somente as políticas
de educação, mais também os muitos autores, de vários países com suas diversas
teorias da educação, tem contribuído pra se ter uma escola reflexiva, crítica,
emancipada e de qualidade que ofereçam para todos sem distinção de raças, cores,
origens e classes sociais uma educação de todos.

Portanto para se ter profissionais capacitados e comprometidos com a sociedade e


a educação, começaram a surgir universidades para formarem professores que iriam
ensinar a alunos em escolas, em uma instituição de ensino. Professor este que devia
seguir regras do governo e leis que fossem instituídas pelos mesmos para poderem
ensinar nas escolas brasileiras.

Foi aí que começaram a surgir universidades para formarem profissionais


em diversas áreas da educação no intuito de melhorar a educação do país. Em
1920, pelo Decreto nº 14.343, foi criada a primeira universidade do Brasil,
a Universidade do Rio de Janeiro. E desde então foram surgindo outras em vários
lugares do Brasil, no mesmo objetivo de formar professores para exercício da
docência.

DESENVOLVIMENTO

O PAPEL DA EDUCAÇÂO PARA MUDANÇAS DE SOCIEDADE

Hoje em dia a sociedade está mais exigente quanto a um professor capacitado que
acompanhe as mudanças da sociedade globalizada, moderna e tecnológica. Buscam-se
professores comprometidos, reflexivos, críticos e transformadores da realidade, que
sejam mediadores da aprendizagem e que não se sintam detentores do saber, como
antigamente que os professores repassavam os conteúdos aos discentes e que estes
deviam receber passivamente sem questionar.

Neste período em que a escola era chamada de escola tradicional liberal, na qual quem
liderava o ensino, ou seja, entregava o modelo de escola que queriam que existissem,
era os governos dominantes. Com isso a educação nesta época, reproduzia as
desigualdades sociais existentes dentro e fora da escola. A educação era elitista,
enciclopédica, os alunos deviam decorar todo o conteúdo que lhes era transmitido
sem polemizar, discutir, indagar.

Hoje não se pode mais falar de um ensino neste modelo de educação, pois o homem é
um ser pensante, que deve questionar a sua realidade, consequentemente no
ambiente escolar, os professores devem incentivar a crítica por parte dos alunos, e os
alunos repensarem suas realidades.

Paulo Freire nos fala no seu livro educação e mudança que nós seres humanos somos
seres humanos pensantes de modo que devemos refletir sobre nossa atuação no
trabalho como professores. Se estamos, sendo professores que a sociedade espera
que sejamos; transformadores, construtores do conhecimento, que levem os alunos a
repensarem a sua própria realidade e que dão vozes àqueles que ainda não tiveram
vozes diante das injustiças sociais e desigualdades ou ainda estamos sendo
tradicionais, somente repassando os conteúdos autoritariamente, como que
soubéssemos de tudo.

Mas, para que sejamos professores reflexivos, pensantes, críticos, precisamos assumir
um compromisso diante da sociedade, de que seremos responsáveis com a nossa
missão de docentes. Paulo Freire nos diz no seu livro Ed. e M:

A primeira condição para que um ser possa assumir um ato


comprometido está em ser capaz de agir e refletir. É preciso que seja capaz
de, estando no mundo, saber-se nele. Saber que, se a forma pela qual está
no mundo condiciona a sua consciência deste estar, é capaz, sem dúvida, de
ter consciência desta consciência condicionada. Quer dizer, é capaz de
intencionar sua consciência para a própria forma de estar sendo, que
condiciona sua consciência de estar. (P. Freire. E. M. 1979. 12° edição).

Sendo assim, entende-se que o homem precisa compreender que está no mundo e
faz parte dele, que o mundo é o resultado de suas ações nele, e que este pode
transformá-lo e moldá-lo segundo a sua vontade.

Pimenta também escreve: Todo ser humano reflete. Aliás, é isso que o
diferencia dos demais animais. A reflexão é atributo dos seres humanos.
Ora, os professores, como seres humanos, refletem. Pimenta S.G. em o
professor reflexivo do Brasil 4° edição 2006.
Em vista disto a reflexão deve ser uma ação constante na vida do ser humano,
refletir sobre seu passado e seu presente, ajuda a transformar o seu futuro. Se o
Homem não é capaz de refletir a respeito das suas ações, de seu agir no mundo, ele
jamais poderá transformar a sua realidade, ele jamais poderá realizar mudanças em
sua vida, porquanto sua vida será estática, parada. Veja o que Paulo Freire registou em
seu livro:

Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no mundo,


associada indissoluvelmente à sua ação sobre o mundo, não existe no
ser, seu estar no mundo se reduz a um não poder transpor os limites
que lhe são impostos pelo próprio mundo, do que resulta que este
ser não é capaz de compromisso.

Portanto o homem deve ser comprometido com o que faz, assim também como
não pode esperar que seus alunos recebam o que ele está transmitindo passivamente,
mas deve esperar que seus alunos sejam críticos, pensantes, reflexivos, e que saibam
que eles são os responsáveis pelas novas mudanças no mundo sobre o seu atuar e
viver nele. Na verdade um professor que é reflexivo e comprometido com uma
sociedade, fomenta a necessidade de seus alunos serem críticos pensantes, reflexivos
diante de suas realidades, e a não receberem os conteúdos passivamente, sem
questionar, sem problematizar, a fim de poderem reconstruírem juntos seus próprios
conhecimentos.

Visto que, para o professor assumir seu papel diante da sociedade, este precisa
está verdadeiramente comprometido com essa sociedade, sabendo que ele como
profissional de educação é responsável pelo ensino daqueles que lhe assiste como
aluno no ambiente escolar. Sabendo que a sociedade é mutável e que ele precisa ter
um conhecimento estável sobre estes alunos e seus contextos, e também uma
conhecimento sólido de sua área de saber, e não somente isto, mas deve está sempre
se atualizado em busca de mais conhecimentos, com isso comprometido em
transformar a realidade ao seu redor. Continuando nas palavras de Freire:

É exatamente esta capacidade de atuar, operar, de transformar a


realidade de acordo com finalidades propostas pelo homem, à qual
está associada sua capacidade de refletir, que o faz um ser da práxis(
Paulo F. Ed. e M. pág.8)

Assim o Homem não é objeto do mundo, mas sujeito dele, capaz de emancipar essa
sociedade em que vive, em que ele atua. Com isso fica claro que educação e mudança
andam juntos, pois desde os tempos antigos a sociedade vem se transformando
através da educação, é certo que, antes a escolas reproduziam as desigualdades sociais
e as pessoas não tinham direito de se tornarem o que quisessem, não podiam emergir
para que houvesse mudança de realidade, mudança de sociedade, somente os filhos
da hegemonia dominante, mas hoje não deve ser mais assim. As leis são bem claras
quando diz que a escola é direito de todos, e que através dessa escola, educação,
podemos ter nossos horizontes, novas oportunidades, novas realidades.

Destarte sabemos que quanto menos conhecimento uma pessoa tem, menos
conhecimento tem de seus direitos e deveres, e quanto mais conhecimento a pessoa
tem, mais consegue lutar pelos seus objetivos, mais consegue questionar, criticar,
refletir sobre a realidade ao seu redor, por isso a escola não pode ser mais um lugar de
apenas conhecimentos transmitidos, mas um lugar onde podemos fazer do
conhecimento conexão com a realidade e assim reconstruir saberes, abrir caminhos,
mudar vidas, realidades, sociedades e muito mais. No entanto só teremos esta escola,
educação se o professor for comprometido com a sociedade, se ele realmente estiver
interessado em promover mudanças nas vidas de seus alunos. A seguir Paulo Freire
menciona em seu livro um trecho muito interessante a respeito do verdadeiro
compromisso que o professor deve ter:

Este compromisso com a humanização do homem, que implica uma


responsabilidade histórica, não pode realizar-se através do palavrório, nem
de nenhuma outra forma de fuga do mundo, da realidade concreta, onde se
encontram os homens concretos. O compromisso, próprio da existência
humana, só existe no engajamento com a realidade, de cujas "águas” os
homens verdadeiramente comprometidos ficam “molhados”, ensopados.
Somente assim o compromisso é verdadeiro (Paulo Fr. Ed. e M. pág. 9).

Assim sendo, não basta falar que é comprometido, é preciso que este
compromisso seja real, verídico, capaz de se comprometer com a realidade da
sociedade e está disposto a colaborar para que essa educação produza mudanças,
emancipação, transformação.

É ai que entra a formação desse profissional da educação. De que maneira esse


profissional está sendo formado? Quais as competências que esse profissional deve
desenvolver para ser esse profissional compromissado, Como é esse lugar de
formação, é um lugar adequado? Quem são os professores desses professores? pois
não depende somente de um sujeito essa mudança de realidade, mas de vários
sujeitos envolvidos neste processo, Por isso Paulo Freire ainda frisa:

Quanto mais me capacito como profissional, quanto mais sistematizo


minhas experiências, quanto mais me utilizo do patrimônio cultural, que é
patrimônio de todos e ao qual todos devem servir, mais aumenta minha
responsabilidade com os homens. Não posso, por isso mesmo, burocratizar
meu compromisso de profissional, servindo, numa inversão dolosa de
valores. Paulo freire E. M. p. 10.

Por esse e por outros motivos devo saber como esse profissional está sendo
instruído para seu exercício da docência. Pois ser professor não é ser um robô, que
transmite algo como uma receita que deve ser seguida, que deve ser aceitado
passivamente, mas ser este profissional de educação, é trazer mudança, reflexão, é dar
esperança aos que chegam nesta instituição, escola sem esperança, sem muitas
perspectivas. Esperança essa que não seja vazia, mas firmada em situações concretas,
verdadeiras. Veja o que Paulo Freire Fala sobre a esperança:

Uma educação sem esperança não é educação. Quem não tem esperança
na educação dos camponeses deverá procurar trabalho noutro lugar. Paulo
F. Ed. e M. pág.15.

Ou seja, se eu ensino um alguém, mais no meu íntimo sei que esse alguém não é
capaz de aprender, porque no meu conhecimento este sujeito veio de um meio onde
costumeiramente as pessoas não se desenvolvem profissionalmente, ou por que este
discente é bagunceiro e não presta a devida atenção ao conteúdo repassado. Eu, no
entanto, não acredito na educação, e se eu não acredito na educação, o que estou
fazendo no lugar de educador? Logo o meu lugar não é ali, logo meu conhecimento
sobre aquele ser sujeito, aluno é alienado e ingênuo.

Devo crer que meu aluno, independentemente de onde ele veio, é capaz de
aprender, capaz de transformar sua própria realidade, por que, cada ser humano é
dotado de habilidades individuais, por conseguinte devo ser um agente crítico e
incentivar a crítica de meus alunos sobre suas realidades, a fim de que aquele aluno
deixe de ser apenas massa, para ser sujeito, para que aquele discente não seja alguém
que ver a história passar diante de seus olhos, mais que ele possa agir e fazer parte da
sua própria história como um agente que deixa sua marca na sociedade, no objetivo
de que reconheçam seus direitos e não sejam enganados pelas ideologias políticas
que acreditam que esse sujeito não é sujeito, mas objeto, massa, que estar sujeito as
ideias de governos e pessoas que se sentem donos da verdade. A respeito disto Freire
diz:

Quanto mais dirigidos são os homens pela propaganda ideológica, política


ou comercial, tanto mais são objetos e massas. Quanto mais o homem é
rebelde e indócil, tanto mais é criador, apesar de em nossa sociedade se
dizer que o rebelde é um ser inadaptado. Paulo F. Ed. e M. pág.17.

E como este aluno pode deixar de ser massa? Através do conhecimento. E quem é
o profissional mediador deste conhecimento se não o professor? Quanto maior for o
conhecimento, mas esse aluno será capaz de ser rebelde como diz Freire contra as
injustiças sociais, quanto mais forem os conhecimentos a respeito de seus direitos e
deveres, mas será cidadão de bem, e poderá lutar por seus direitos.

A final a educação não é algo que deve ser transmitido como se estivéssemos
domesticando alguém. Mas, ao ensinar, o profissional de educação jamais poderá
supor que o aluno sujeito seja um objeto que vai receber passivamente tudo que lhe é
transmitido, mas acreditar que ele é capaz de recriar, de construir seu próprio
conhecimento de acordo com aquele conhecimento que é mediado pelo professor.
Pessoas não são para ser adaptadas, pessoas são seres que criam suas próprias
histórias, suas próprias realidades.

MODELO DE FORMAÇÂO DE PROFESSORES

Por esse motivo como fiz algumas perguntas lá atrás, Faço novamente. De que
maneira esse profissional que está sendo incumbido de trazer mudança a sua
sociedade está sendo formado? Será que depois que ele recebe seu diploma ele
continua aprendendo, será que ele aprendeu a aprender? É um assunto complexo
quando se fala da formação inicial de professores, pois as universidades estão mais
preocupadas em encher os alunos formandos de teorias burocratizadas e
praticamente nada sobre ensino e aprendizagem. Creio ser esse o motivo de as
políticas educacionais falarem tanto nos últimos tempos de formação continuada.

Sobre esse aspecto Garcia (?1995, p. 54,55) ressalta que é necessário


compreender a formação de professores como um continuum. Apesar de
ser composto por fases claramente diferenciadas do ponto de vista
curricular, a formação de professores é um processo que tem que manter
alguns princípios éticos, didáticos e pedagógicos comuns,
independentemente do nível de formação em causa.

Ou seja, essa formação deve ser contínua, não deve ser apenas na universidade,
mas também no local de trabalho e deve ter muitos aspectos em comum
independente do nível de formação, pois só assim o professor será capaz de refletir
sobre seu trabalho e como resultado sobre a realidade em que ele está ins erido, e será
capaz de interferir na realidade de seus alunos. Na verdade este deve ser um
aprendizado continuo.

No artigo 62 da LDB 9394/96 § 1º disciplina que: A União, o Distrito Federal, os


Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação
inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.

Sendo assim os profissionais de educação devem ser formados. E não somente


formados, mas também devem participar da formação continuada de professores e
mais ainda, devem participar de capacitação de profissionais de magistério.

Garcia explicita:

Isso significa que o modelo de ensino e, consequentemente, o modelo de


professor assumido pelo sistema de ensino e pela sociedade tem de estar
presente. Este princípio implica também a necessidade de existir uma forte
interconexão entre o currículo da formação inicial de professores e o
currículo da formação permanente de professores. Nesta perspectiva
não se deve pretender que a formação inicial ofereça “produtos acabados”
encarando-a antes como a primeira fase de um longo e diferenciado
processo de desenvolvimento profissional. Garcia, 1995. p. 54,55.

Logo as universidades devem reformular seus modelos de currículos para que os


alunos formandos ao serem diplomados e ao ingressarem na sala de aula não se
sintam perdidos, sem rumos, como se não tivessem ouvido falar de práticas, pois é
sabido que teorias, não são práticas, e se elas não fizerem uma conexão entre uma e
outra, é certo que quando esses alunos se tornarem docentes, eles não saberão lidar
com a realidade em sala de aula.

Em vista disto os profissionais de educação devem encarar com seriedade a


formação continuada de professores, pois só assim poderão conhecer a realidade da
escola e levantar estratégias de soluções para resolver os problemas e conflitos
existentes no espaço escolar.

Diante do exposto, o professor deve compreender que não basta ser formado, ele
precisa está envolvido com o processo de ensino e aprendizagem que envolvam a
práxis, ou seja, ele precisa está em constante formação, procurando sempre conhecer
a realidade do local onde trabalha e seus pertinentes alunos e não somente isso mais
também tomar conhecimentos das exigências das leis e políticas de educação, pois um
bom professor deve ser também político, para que com maior facilidade ele possa
conhecer as verdadeiras necessidades deste alunado, para que este ensino tenha
progressos, tenha mudança, ganhe vida e seus alunos sejam atores ativos, pensantes,
críticos e desta forma reconstruam seus próprios saberes.

Sabendo que a prática pedagógica é um processo complexo:

(NÓVOA, ?995; GARCIA, ?999; IMBERNÓN, ?006) dizem o seguinte a


respeito: “como um elemento essencial para repensar e reconfigurar a
formação inicial e continuada. Defende-se a ideia de uma reconfiguração na
formação de professores tomando como eixo de articulação o contexto em
que os docentes desenvolvem o seu trabalho de maneira que sejam
priorizados nos currículos atividades que propiciem uma compreensão dos
elementos presentes nas dinâmicas escolares”.

Com isso, deve haver uma busca constante de resoluções de problemas e conflitos
do meio escolar, e essa busca deve ser um dos pontos relevantes do currículo a fim de
que sejam trabalhados constantemente, no objetivo de que o contexto dos alunos não
caiam no esquecimento e a escola fique preocupada somente com os conteúdos
sistematizados sem conexão com a realidade desse sujeito aluno.

Ainda falando de formação inicial e continuada de professores.


(GARCIA, ?999; IMBERNÓN, ?006; CANDAU, ?00?). Destacam que os
programas de formação ao tomarem a escola enquanto espaço de
formação estará considerando as necessidades que emergem do próprio
contexto escolar o que poderá contribuir para a melhoria da aprendizagem
dos alunos, qualidade do ensino e ampliar a participação dos professores
em ações de formação docente que estejam articuladas ao seu trabalho
pedagógico.

Em virtude dos aspectos abordados por estes autores acima a respeito da formação
continuada. A escola deve ser sim o principal espaço para se discutir os problemas das
aprendizagens desses sujeitos alunos, onde o professor poderá repensar a sua prática
pedagógica, de maneira que encontre as soluções, fazendo perguntas como: o que
estamos fazendo de errado? Por que o aluno tal não está aprendendo, onde não
estamos acertando? Onde podemos melhorar? Como fomentar a crítica dos alunos
quanto a sua realidade, como incentivar a reconstrução do conhecimento, etc. Os
docentes devem sempre se fazerem estas perguntas.

Veja a seguir o que Antônio Nóvoa tem a dizer a respeito da formação dos
professores. É bem interessando as suas ideias.

O que temos feito com o conhecimento produzido por Michael Huberman e


tantos outros autores? Nada, ou quase nada. Contrariamente aos médicos,
e a outros profissionais, os jovens professores são deixados à sua sorte nas
escolas, com pouco ou nenhum apoio, lutando sozinhos pela sua
sobrevivência. É preciso alterar este estado de coisas e construir políticas
públicas de indução profissional. . Antônio Nóvoa no seu Artigo os
professores e sua formação. P.9.

É curioso como Nóvoa fala sobre a formação de professores, para ele, deveria
haver um programa de residência para professores assim como existe para médicos e
outros profissionais, pois na visão dele, os professores são profissionais tão
importantes quanto os médicos, por isso não deveriam ser deixados à sorte, lutando
sozinhos.

É como se ele estivesse tentando dizer que se não houver treinamento na prática,
esses docentes não vão acertar ser professores capazes, compromissados, reflexivos
que reflitam sobre seu fazer pedagógico e assim consiga achar a solução dos conflitos
e problemas existentes em seu ambiente de trabalho.

Entretanto sabendo que não será possível que as políticas educacionais adotem
essa maneira de formação de professores, vamos salientar um pouco mais sobre a
importância de uma formação inicial sólida e uma formação continuada de
professores, onde eles não fiquem de modo estático e parem de aprender, portanto o
mais importante é que o docente continue aprendendo todos os dias.
Assim Nóvoa escreveu:

No meio de muitas dúvidas e hesitações, há uma certeza que nos orienta: a


metamorfose da escola acontece sempre que os professores se juntam em
coletivo para pensarem o trabalho, para construírem práticas pedagógicas
diferentes, para responderem aos desafios colocados pelo fim do modelo
escolar. Antônio Nóvoa no seu Artigo os professores e sua formação. p.11

Nóvoa quis dizer que a transformação da escola só acontece quando os


professores se reúnem para discutirem problemas existentes no ambiente escolar, é
sabido que nestas formações continuadas de professores são repassadas mui tas
atualizações de leis vigentes, de como deve acontecer o processo ensino
aprendizagem, documentos normativos que disciplinam a educação nas escolas,
atualizados, mas é claro, esse não seve ser o único objetivo das formações
continuadas.

Giroux é bem direto quando se fala de formações de professores e formação


continuada.

Os problemas desta abordagem são evidentes com o argumento de John


Dewey de que os programas de treinamento de professores que enfatizam
somente o conhecimento técnico prestam um desserviço tanto à natureza
do ensino quanto a seus estudantes. Em vez de aprenderem a refletir sobre
os princípios que estruturam a vida e prática em sala de aula, os futuros
professores aprendem metodologias que parecem negar a própria
necessidade de pensamento crítico. GIROUX, Henry. Aos professores como
intelectuais: 1997, 157-164.

Assim sendo os programas de formação de professores não podem ser


constituídos apenas de conhecimentos sistematizados, mas como um processo
dinâmico, dialético, coletivo, onde os professores possam dividir experiências de seu
trabalho uns com os outros e assim, aprenderem uns com os outros para poderem
refletir sobre suas praticas pedagógicas.

Giroux argumenta que, encarando os professores como intelectuais, nós


podemos começar a repensar e reformar as tradições e condições que têm
impedido que os professores assumam todo o seu potencial como
estudiosos e profissionais ativos e reflexivos. Acredito que é importante não
apenas encarar os professores como intelectuais, mas também
contextualizar em termos políticos e normativos as funções sociais
concretas desempenhadas pelos mesmos. GIROUX, Henry. Os professores
como intelectuais,1997, 157-164.

Sendo assim os professores não podem achar que são como máquinas que estão
programadas a realizarem certas atividades, mas como alguém que pensa, que refleti,
que constrói conhecimento, e leva a seus alunos a refletirem sobre sua própria
realidade e construírem seus próprios saberes através dos conhecimentos mediados
pelos professores.

Em parte, isto sugere que os intelectuais transformadores assumam


seriamente a necessidade de dar aos estudantes voz ativa em suas
experiências de aprendizagem. GIROUX, Henry. Aos professores como
intelectuais: 1997, 157-164.

Ou seja, os professores devem ensinar os alunos a jamais receberem os


conteúdos passivamente, mais criticamente, relacionando os conhecimentos
adquiridos com a própria realidade em que vivem, pois o ensino na escola deve ser
significativo, e pra ser significativo, deve ser dinâmico, vivo, válido.

AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Sabemos que muitos profissionais de educação não se preocupam com o contexto


dos alunos, se preocupam apenas com o conteúdo sistematizado em que ele é
designado a repassar. Portanto para estes, se o aluno consegue tirar uma nota
favorável, isto é o que importa, mas se o aluno não consegue acompanhar sua
metodologia, sua técnica, sua maneira de ensinar, logo ele desiste deste aluno. Como
esse profissional pode ser chamado de mediador do conhecimento, transformador? se
ele não se importa em metamorfosear, modificar a realidade ao seu redor? Em vista
disto este professor deve modificar suas práticas pedagógicas.

Práticas pedagógicas que não levam a sério o ensino e a aprendizagem de seus


discentes devem ser repensadas. Pois de que adianta a sua formação, e este professor
participar de formações continuadas se este profissional não está disposto a se
comprometer em mudar a realidade deste aluno? Este professor não pode ser
chamado de professor transformador.

Como relata Giroux:

Os intelectuais transformadores precisam desenvolver um discurso que una


a linguagem da crítica e a linguagem da possibilidade, de forma que os
educadores sociais reconheçam que podem promover mudanças. Desta
maneira, eles devem se manifestar contra as injustiças econômicas,
políticas e sociais dentro e fora das escolas. GIROUX, Henry. Aos
professores como intelectuais, 1997, 157-164

Quando Giroux fala de intelectuais transformadores, ele quer dizer que


professores que promovem mudanças, que se manifesta contra as injustiças sociais e
políticas, no ambiente e fora do ambiente da escola, ele pode ser chamado de, não
somente um simples professor, mas de um profissional que é transformador por que é
intelectual, pensador, letrado, sábio, erudito, e que é conhecedor do conhecimento e
sabe o poder que o conhecimento tem na vida das pessoas, de como este pode mudar
vidas, dar esperança, trazer novos horizontes, etc.

Esse sim, deve ser o papel desse professor, deve apresentar os problemas da
realidade deste alunado e não somente incentivar a crítica, mas também deve
apresentar possibilidades de transformação dessa realidade para que este discente
possa fazer a escolha de transformar sua própria história no meio em que vive.
Mostrar ao aluno que ele é capaz de se tornar quem ele quiser ser, não importa de que
circunstâncias ele tenha vindo, mas que através dos estudos poderá se formar e ser o
profissional que deseja. Isso não é ingenuidade, é crer que a educação pode
transmudar realidades inteiras e muito mais. Giroux expressa em seu estudo:

Apesar de parecer uma tarefa difícil para os educadores, esta é uma luta
que vale a pena travar. Proceder de outra maneira é negar aos educadores
a chance de assumirem o papel de intelectuais transformadores. GIROUX,
Henry. Aos professores como intelectuais: 1997, 157-164

Logo, como proceder nas práticas pedagógicas para que o aluno tenha uma
favorável aprendizagem? Qual o caminho devo seguir como profissional para que meu
aluno possa ter um ensino significativo? Qual didática devo utilizar? Qual minha
metodologia? A respeito disto veja o que Pimenta em seu livro saberes pedagógicos e
atividades docentes expressa: Os profissionais da educação, em contato com os
saberes sobre a educação e sobre a pedagogia, podem encontrar instrumentos para se
interrogarem e alimentarem suas práticas, confrontando-as. p.26

Assim sendo, é através dos conhecimentos dos professores e fazendo uma relação
com o contexto dos alunos, o professor produzirá técnicas, metodologias, práticas
pedagógicas aptas, adequadas para se desenvolverem em sala de aula, de maneira que
os alunos realmente aprendam como desejado.

No mesmo livro Pimenta exprime:

Nas práticas pedagógicas docentes estão contidos elementos


extremamente importantes, como a problematização, a intencionalidade
para encontrar soluções, a experimentação metodológica, o enfrentamento
de situações de ensino complexas, as tentativas mais radicais, mais ricas e
mais sugestivas de uma didática inovadora, que ainda não está configurada
teoricamente. p.27

Dessa maneira, de acordo com Pimenta há vários instrumentos que devem ser
levados em consideração a fim de que haja práticas pedagógicas eficientes de maneira
que os alunos aprendam, e para que sejam aplicados esses instrumentos, vários
fatores devem ser analisados.
Os saberes pedagógicos podem colaborar com a prática, sobretudo se
forem mobilizados a partir de problemas que a prática coloca, pois há
dependência da teoria em relação a prática, pois esta lhe é anterior, esta
anterioridade no entanto, longe de implicar uma contraposição absoluta
em relação a teoria, pressupõe uma íntima vinculação com ela. Pimenta. P.
28.

Assim sendo a prática tem sim uma estreita relação com a teoria, pois, sabemos que
antes de haver as teorias da educação, do ensino aprendizagem já existia a prática, a
teoria entretanto serve para aperfeiçoar a prática.

Se observarmos as teorias da aprendizagem de alguns autores como: Jean Piaget, Lev


Vygotsky, Herry Wallon, e outros. Observaremos que se fizermos uma mistura das
teorias destes, e usarmos cada uma delas para determinadas situações em particular,
de maneira que possamos entender a diversidade, e singularidade dos discentes no
ambiente escolar, com certeza melhoraremos nossas práticas pedagógicas em relação
ao ensino aprendizagem. E com mais facilidades poderemos conhecer os pontos fracos
de nossos alunos e como poderemos mediar os conhecimentos de ensino.

Com isso, veremos alguns fatores que devemos levar em conta pra termos práticas
pedagógicas eficientes de maneira que nossos alunos consigam aprender com maior
facilidade.

A primeira coisa que o professor deve fazer para se ter práticas pedagógicas
convenientes, que satisfaça as exigências de um novo modelo de ensino e por
conseguinte compraza a uma desejável aprendizagem por parte dos alunos, é
procurar conhecer, apreender, identificar o seu público aluno, individualmente,
particularmente, especificamente. Procurar conhecer seu contexto, seu cenário, sua
realidade. Quais os pontos negativos e positivos desse alunado, quais suas reais
necessidades, suas reais dificuldades, a fim de que o profissional da educação possa
desenvolver práticas pedagógicas capazes de transmutar a realidade deste aluno.

O professor também deve dedicar-se constantemente em renovar, remodelar,


reciclar, requalificar seus conhecimentos, para não se submeter ao perigo de se tornar
obsoleto em relação a outros que estão sempre e m busca de novos conhecimentos no
objetivo de obter melhorias para a educação. Sendo assim o professor não pode
cogitar que já sabe tudo, pois os tempos passam, alteram-se, e a escola, a sociedade
também estão em constante modificação. Porquanto as práticas pedagógicas devem
ser condizentes com a realidade desse aluno, dessa sociedade. E o professor não é
mais detentor do saber, mas mediador da aprendizagem.

Entretanto como diz Masetto M.T.

Não se quer com isso dizer que se começa a exigir menos do


professor quanto ao domínio da área em que ele leciona. Ao contrário, exige-
se dele pesquisa e produção de conhecimento, além de atualização e
especialização para que possa incentivar seus alunos a pesquisar. Masetto
M.T.

Logo não se deve confundir um professor que tenha práticas pedagógicas que
promovem mudanças na comunidade escolar, que é mediador do conhecimento e não
detentor deste, com alguém que não domina bem sua área de conhecimento, pois o
professor deve sim ter uma boa base teórica, a fim de que aplicando os conteúdos
curriculares obrigatórios ele possa fazer a conexão com a realidade do aluno.
Porquanto o professor deve ser sim especialista na sua área de conhecimento, ou seja,
deve dominar bem a sua área de atuação como docente.

CONCLUSÃO

Em vista dos argumentos apresentados, observamos algumas maneiras de como


deve ser encarada a educação nas escolas, como as universidades podem melhorar as
formações de professores, de maneira que esta não seja isolada da práxis (teoria e
prática) em sala de aula, de como deve ser encarada a formação continuada de
professores pelos profissionais de educação e como deve ser a performance das
práticas pedagógicas dos docentes. Em funções de metamorf osear a realidade da
sociedade. Lutando contra todas as formas de injustiças sociais e políticas. Não
importando de que contexto tenha vindo este aluno assistido. Porquanto a escola é
direito de todos e ninguém deve ser deixado para trás, independente de cores, raças,
origens e classes sociais.

REFERÊNCIAS:

-Paulo Freire, Educação e Mudança, 12°, Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1979.

-Garcia, C.M. Formação de Professores: para uma mudança educativa: Porto. Editora
1995.

-Nóvoa, A. os professores e sua formação, Lisboa e Portugal, 2019.

-GIROUX, Henry A. Professores como Intelectuais Transformadores. In: GIROUX, Henry


A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, 157-164.

-Professor reflexivo no Brasil : gênese e crítica de um conceito / Selma Garrido


Pimenta, Evandro Ghedin, (orgs.) - 4. ed. - São Paulo : Cortez, 2006
-Pimenta. Selma G. Formação de professores: Saberes pedagógicos e Atividade
docente. SP. Cortez 1999.

-Masetto, M. T. Competência Pedagógica de um Professor Universitário. São Paulo.


Summus 2003.

-LDB, Lei de Diretrizes e Base Nacional de Educação, Lei 9394/96, MEC.

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