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Data:
CURSO TÉCNICO DE QUÍMICA
Disciplina: Química Orgânica IV 21/09/2011
Prof. Rodrigo Moreira Verly
Objetivos: Analisar as propriedades organolépticas, físicas e químicas do leite, avaliando sua qualidade
perante os padrões pré-estabelecidos para consumo humano.
Materiais e reagentes:
Discussão e Conclusões:
- Cor: A cor característica do leite é branca a amarelada opaca. A cor branca é devido,
principalmente, à dispersão da luz pelas micelas de caseína, sendo que glóbulos de
gordura dispersam a luz, mas pouco contribui para a cor branca do leite. A cor amarelada
é devido à substâncias lipossolúveis, como o caroteno e a riboflavina. Dessa forma, é
possível verificar alguns tipos de contaminação, como por exemplo, microbiana, através
da cor do leite. Esse aspecto é muito importante para a comercialização do leite, já que o
consumidor observa principalmente a aparência do alimento. O leite analisado apresentou
coloração branca, indicando conformidade com os padrões estabelecidos.
- Odor: O leite possui odor suave, característico e agradável. Os principais elementos que
influenciam o odor do leite são provenientes de alimentos, meio ambiente, utensílios que
entram em contato com o leite, além dos microrganismos e da acidez. Odores
desagradáveis do leite podem ser eliminados durante a pasteurização, quando o produto
passar por um equipamento denominado aerador. Este também é um aspecto importante
para a comercialização do leite, já que o consumidor se preocupa com o cheiro do
alimento que está sendo consumido, cheiro este que muitas vezes mostra o estado de
conservação do alimento. O leite analisado apresentou odor característico e agradável,
indicando conformidade com os padrões estabelecidos.
- Aspecto: O leite deve ter o aspecto opaco, devido à gordura emulsionada, à caseína,
aos sais, etc. É também um parâmetro para comercialização. O leite analisado apresentou
aspecto opaco normal, indicando conformidade com os padrões estabelecidos.
- Consistência: A consistência deve ser fluida, como a de um líquido comum, não muito
viscoso. O leite analisado apresentou fluidez normal, indicando conformidade com os
padrões estabelecidos.
- Determinação de pH: O pH do leite varia entre 6,6-6,8, com média 6,7 a 20°C ou 6,6
a 25°C. No caso de ordenha com secreção após o parto (colostro), o pH varia de 6,25 no
1° dia até 6,43 no 3° dia. No caso de leite proveniente de animais com infecção no úbere
(mamite), este apresenta comportamento alcalino, podendo atingir pH 7,5.
O leite apresenta considerável efeito tampão, especialmente em pH entre 5-6, em razão
da presença de dióxido de carbono, proteínas, citratos, lactatos e fosfatos.
O leite analisado apresentou um pH de 6,71, 0,01 acima dos padrões estabelecidos, sendo
este erro ínfimo.
- Acidez titulável:
A acidez do leite fresco varia de 0,12 a 0,23% em ácido lático. Vários são os métodos
utilizados para a quantificação da acidez em leite e derivados. Todos eles, no entanto,
utilizam soluções de hidróxido de sódio como titulante e solução de fenolftaleína como
indicador, sendo assim, uma reação de neutralização (Ver equação 01).
A acidez é determinada pela porcentagem de ácido lático no leite. O leite possui acidez
natural que varia de 14 a 16° Dornic (um grau Dornic corresponde a 0,001g de ácido
lático contido em 10ml de leite, a 0,01% de ácido lático (g ácido lático/100g leite) e com o
desenvolvimento bacteriano, a temperatura, a forma como o leite é armazenado e as
condições de higiene aplicadas durante a manipulação do leite, podem acelerar o processo
oxidativo da lactose fazendo com que esta seja transformada em ácido lático,
aumentando, consequentemente, a acidez.
Volume de NaOH 0,1N: V1= 2,6mL; V2=2,5mL: Vm= 2,55 mL
Acidez = VNaOHxFcNaOHx0,9008/A
Acidez = 2,55 x 1 x 0,9008/10
Acidez = 0,2297% p/V ou 22,97ºD.
O resultado obtido está fora dos padrões estabelecidos pelo ministério da agricultura (16 a
20ºD), sendo maior que o esperado. Esse resultado pode ser fruto do tempo de
armazenamento do leite, 7 dias, ou devido à mudança de embalagem, que poderia estar
com alguns resíduos. Além disso, o leite foi descongelado com o auxílio de aquecimento, o
que acelera as reações de produção, por exemplo, do ácido acético.
- Teste de álcool: Através deste teste é possível estimar a estabilidade térmica do leite.
É um teste importante uma vez que o leite sofrerá tratamentos térmicos intensos na
indústria, como a pasteurização e UHT (ultra high temperature). A ocorrência de
coagulação ocorre por efeito da elevada acidez ou de desequilíbrio salino, quando se
promove desestabilização das micelas pelo álcool. As micelas são formadas pela
aglutinação das proteínas lácteas com o fosfato de cálcio e são responsáveis pela
estabilidade térmica do leite. Os resultados possíveis para este teste são os seguintes:
Coagulado – leite sem resistência térmica
Coagulação fina – leite com pequena resistência térmica
Sem coagulação – leite normal
O leite analisado não apresentou coagulação, o que significa que o mesmo apresenta uma
boa estabilidade térmica.
Figura 01 - Micela de Caseína (A: submicela, B: cadeias protéicas, C: fosfado de cálcio, D: kappa
casein, E: grupos fosfato).
- Prova de peroxidase: Este teste é utilizado para identificar se o leite foi aquecido
acima de 75-80°C, por mais de 20 minutos, temperatura em que a peroxidase presente
no leite é desnaturada, já que ela é termossensível. A peroxidase reage com o peróxido de
hidrogênio liberando oxigênio nascente e água. O oxigênio nascente reage com o guaiacol
(2-metoxi-fenol) transformando a sua forma na forma corada (oxidada). Quando a
pasteurização é bem executada, não destrói a peroxidase. Este teste apresenta melhor
desempenho quando feito com leite cru pelo fato de a enzima apresentar-se em maior
quantidade, pois não sofreu nenhum tratamento térmico.
Equação 02 - Esquema da reação onde a enzima peroxidase converte o guaiacol e o peróxido de
hidrogênio em tetraguaiacol (composto colorido).
Coloração branca – leite aquecido acima de 80°C.
Coloração discretamente rórea – leite cru ou leite pasteurizado.
O leite analisado apresentou coloração branca após o teste, o que indica que o leite foi aquecido
acima de 80°C e a enzima peroxidase foi inativada.
- Pesquisa de formol: Este teste baseia-se na reação de Leach, a qual emprega cloreto
férrico para a detecção do formol. O formol é adicionado ao leite para inibir o crescimento
microbiano, atuando como conservante e aumentando a vida útil do produto. O formol é
um composto muito tóxico e irritante, além de sua possível relação com o câncer e por
isso sua adição ao leite é ilegal.
Coloração violeta: positivo para formol
Coloração amarela: negativo
O leite analisado apresentou coloração amarela após o teste, sendo o resultado negativo
para formol.
- Pesquisa de ácido salicílico: Este método baseia-se na reação do ácido salicílico com o
ferro, formando um complexo. O ácido salicílico é utilizado, ilegalmente, para impedir o
crescimento de microrganismos e aumentar o tempo de prateleira do leite. O ácido
salicílico, contudo, apresenta uma ação corrosiva na parede do estômago, por isso não
pode ser adicionado ao leite.
O OH
O OH
-
O Fe O
O OH O O
OH OH
+ FeCl3 → + 3HCl
Equação 03 – Identificação da presença de ácido salicílico
- Prova do Alizarol: Este teste tem o mesmo princípio do “teste do álcool”. Neste teste o
alizarol atua como indicador de pH, auxiliando na diferenciação entre problemas de
coagulação por desequilíbrio salino e acidez (coloração tende a amarelo com a
intensificação da acidez) ou, ainda, servindo como indicador de mastite, diluição ou fraude
por adição de alcalinos ao leite (coloração tende a lilás com a intensificação do problema).
Em contato com o leite a alizarina apresenta diversas cores, se comportando como um
indicador ácido-base para o leite. Para leites básicos apresenta coloração violeta, para
leites ácidos coloração amarela e para leites normais coloração amarronzada. Isso
acontece porque a zona de viragem da alizarina é próxima ao pH natural do leite.
O leite em análise apresentou a coloração parda avermelhada, comprovando ser um leite
normal.
O leite analisado não apresentou coloração vermelha após o teste, indicando a ausência do
bicromato de potássio.
- Pesquisa de urina: Durante a retirada do leite a urina da vaca pode entrar em contato
com o leite, prejudicando a sua qualidade. Além disso, ela pode ser usada para regular a
densidade do leite após a adulteração com água. A presença de urina é indicada por uma
coloração rósea a violácea. A ausência da mesma é indicada por uma coloração amarela.
O leite analisado apresentou coloração amarela, o que indica ausência de urina no leite.
- Pesquisa de hipoclorito: O leite pode estar contaminado com hipoclorito graças ao seu
transporte ou armazenamento em latões que sejam lavados com esse tipo de alvejante.
Para identificar a presença de hipoclorito o teste se baseia na reação do Cl1+ sob o iodeto,
reduzindo o cloro e oxidando o iodeto, formando iodato que possui coloração alaranjada.
O leite analisado apresentou coloração vermelho tijolo, indicando que ocorreu a segunda
reação acima e, portanto, não há presença de cloreto de sódio.
- Conclusão final:
O Leite Salé Ultrafresh integral analisado é de boa qualidade se adequando em todos os
padrões regulamentados pelo governo, exceto ao de acidez livre, devido, provavelmente
ao manuseio no laboratório, estando, assim, apto para o consumo e classificado como leite
longa vida.
Referências Bibliográficas:
Silva, L. C. Disponível em:http://www.agais.com/telomc/b01007_caracteristicas_leite.pdf
Acesso em: 20/09/2011
MACHADO, A. M. R.; Química Orgânica Aplicada II. Curso Integrado 3ª Série. Belo
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