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2. CLASSIFICAÇÃO
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Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua função ou uso
principal (pois a maioria deles possui mais de uma utilidade) e também quanto ao tempo
de utilização no ato operatório. Dessa forma, distribuem-se em categorias de acordo
com os tempos operatórios em que são utilizados, que têm início a partir da diérese, que
apresenta como objetivo criar vias de acesso através dos tecidos por meio de bisturis e
tesouras. Criadas essas vias, faz-se necessária a manipulação de algumas estruturas, o
que é desempenhado durante a preensão, com as pinças de preensão. Segue-se, então,
com a hemostasia, que visa conter ou prevenir os sangramentos durante o ato
operatório, tendo como instrumentais principais as pinças hemostáticas. Concluídos os
tempos de diérese, preensão e hemostasia, o campo operatório encontra-se ideal para o
afastamento de estruturas, a fim de se possibilitar uma melhor visualização do mesmo, o
que ocorre durante a exposição com o auxílio dos afastadores.
Então, o cirurgião encontra-se apto para desempenhar os procedimentos
específicos da cirurgia, durante o tempo especial, no qual utiliza-se instrumentais
peculiares de acordo com a especialidade cirúrgica. Concluídos esses procedimentos, é
necessária que seja realizada a síntese, que visa unir os tecidos seccionados ou
ressecados durante a cirurgia, utilizando para isso os porta-agulhas.
Criar vias
Diérese Bisturis e tesouras
de acesso
Manipulação de
Preensão Pinças de Preensão
estruturas
Conter ou prevenir
Hemostasia Pinças hemostáticas
sangramentos
Expor o campo
Exposição Afastadores
operatório
De acordo com a
Especial Peculiares
especialidade cirúrgica
a) Bisturi
É utilizado para incisões ou dissecções de estruturas. Constituído por um cabo
reto, com uma extremidade mais estreita chamada colo, no qual é acoplada uma
variedade de lâminas descartáveis e removíveis. O tamanho e o formato das lâminas e
dos colos dos cabos dos bisturis são adaptados aos diversos tipos de incisões, sendo
principalmente utilizados os cabos de número 3 e 4. O cabo nº 3, por apresentar um colo
menor, é destinado a lâminas de menores numerações, de número 9 às de número 17,
utilizadas em incisões mais delicadas. Já o cabo número 4, com um colo mais alongado
é destinado às lâminas de maiores numerações, de número 18 a 50.
A lâmina deve ser encaixada no colo do cabo de bisturi com o auxílio de uma
pinça hemostática reta, mantendo a face cortante voltada para baixo.
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Figura 3.2: Lâmina sendo
encaixada no colo do
cabo de bisturi.
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Tesoura de Metzenbaum: pode ser reta ou curva, sendo utilizada para a diérese
de tecidos orgânicos, uma vez que é considerada menos traumática, por
apresentar sua extremidade distal mais delicada e estreita e sua porção cortante
menor do que sua porção não cortante.
Tesoura de Mayo: também pode ser reta ou curva, sendo utilizada para a secção
de fios e outros materiais cirúrgicos em superfícies ou em cavidades, uma vez
que é considerada mais traumática que a de Metzenbaum, por apresentar sua
extremidade distal mais grosseira, além de sua porção cortante ser proporcional
a sua porção não cortante.
a) Pinça de Adson:
A pinça de Adson, por apresentar uma extremidade distal estreita e dessa forma,
uma menor superfície de contato, é utilizada em cirurgias mais delicadas, como as
pediátricas. É encontrada em três versões: atraumática, a qual possui ranhuras finas e
transversais na face interna de sua ponta; traumática, com endentações e um sulco
longitudinal na extremidade; e dente-de-rato, com dentes na ponta que lembram os de
um roedor, sendo esta última utilizada para a preensão de aponeurose, uma vez que é
Figura 3.8: Pinça de Adson atraumática, pinça de Adson traumática e pinça de Adson dente-de-rato,
respectivamente.
b) Pinça anatômica
Com ranhuras finas e transversais, possuindo uma utilização universal.
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Figura 3.12: Cremalheira de uma pinça
hemostática em destaque.
a) Halstead
Destinada ao pinçamento de vasos de pequeno calibre, devido a seu tamanho
reduzido, que pode ser observado ao compará-la a outras pinças hemostáticas. Suas
reduzidas dimensões lhe atribuem uma segunda nomenclatura: pinça Mosquito.
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c) Mixter
Apresenta ponta em ângulo aproximadamente reto em relação ao seu corpo,
sendo largamente utilizada na passagem de fios ao redor de vasos para ligaduras, assim
como na dissecção de vasos e outras estruturas.
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de raça bulldog. Suas pontas podem ser curvas, retas ou anguladas.
a) Afastador de Farabeuf
Apresenta-se em formato semelhante a um “C” característico, com uma pequena
superfície de contato, sendo utilizado no afastamento de pele, tecido celular subcutâneo
e músculos superficiais.
b) Afastador de Doyen
Por se apresentar em ângulo reto e ter ampla superfície de contato, é utilizado
primordialmente em cirurgias abdominais.
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Figura 3.21: Afastador de Doyen.
c) Afastador de Deaver
Por apresentar sua extremidade distal em formato de semilua, que é análogo ao
desenho do contorno dos pulmões, é amplamente utilizado em cirurgias torácicas,
podendo também ser utilizado em cirurgias abdominais.
d) Válvula Maleável
Empregada tanto em cirurgias na cavidade torácica, quanto na cavidade
abdominal. Por ser flexível, pode alcançar qualquer tipo de formato ou curvatura, sendo,
portanto, adaptável a qualquer eventual necessidade que venha a surgir durante o ato
operatório. Outra importante função é a proteção das vísceras durante suturas na parede
da cavidade abdominal.
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Afastadores auto-estáticos: são instrumentais que por si só mantém as
estruturas afastadas e estáveis.
b) Afastador de Balfour
Uma adaptação do afastador de Gosset, acoplando-se ao mesmo uma Válvula
Suprapúbica, dessa forma, além de separar as paredes laterais, também afasta a
extremidade superior ou inferior. O afastador de Balfour é utilizado na parede abdominal
ou torácica. A Válvula Suprapúbica quando utilizada isoladamente, consiste em um
afastador dinâmico.
c) Afastador de Finochietto
Utilizado em cirurgias torácicas, possuindo uma manivela para possibilitar o
afastamento das costelas.
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Figura 3.26: Afastador de Finochietto.
d) Afastador de Adson
Pode ser utilizado em cirurgias neurológicas, para o afastamento do couro
cabeludo, bem como em cirurgias nos membros ou na coluna, para o afastamento de
músculos superficiais.
a) Pinça de Backaus
É também denominada de pinça de campo, devido sua função de fixar os
campos operatórios entre si.
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b) Pinça de Duval
Apresenta extremidade distal semelhante ao formato de uma letra “D”, com
ranhuras longitudinais ao longo da face interna de sua ponta. Por apresentar ampla
superfície de contato, é utilizada em diversas estruturas, a exemplo das alças intestinais.
c) Clamp intestinal
Apresenta ranhuras longitudinais (sendo este modelo pouco traumático) ou
transversais ao longo da face interna de sua ponta. É utilizado na interrupção do trânsito
intestinal, o que o classifica como instrumental de coproestase.
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e) Saca-bocado
Semelhante a um grande alicate, é utilizado na retirada de espículas ósseas em
cirurgias ortopédicas e neurológicas.
f) Fórceps
Utilizado em cirurgias obstétricas, apresenta ramos articulados, com grandes aros
em sua extremidade, para o encaixe na cabeça do concepto durante partos em que o
mesmo esteja mal posicionado ou com outras complicações. Quando desarticulado, é
utilizado em cesarianas, no auxílio da retirada do neonato.
g) Cureta de Siemens
Também chamada de Cureta uterina. É amplamente utilizada em procedimentos
obstétricos para remoção de restos placentários e endometriais da cavidade uterina
especialmente após abortos, onde resquícios da placenta podem permanecer na cavidade
uterina. Possui uma superfície áspera, a qual realiza a raspagem; e outra lisa, para que a
parede do útero não seja lesionada durante o procedimento.
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Figura 3.34: Cureta de
Siemens.
h) Pinça de Babcock
Possui argolas e cremalheiras. Na extremidade distal possui uma pequena
superfície de contato, o que a torna pouco traumática. Dessa forma, pode ser utilizada na
manipulação de alças intestinais e exérese de estruturas, como em apendicectomias.
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Figura 3.37: Pinça Peán.
k) Pinça Gruenwald
a) Porta-agulhas de Mayo-Hegar
É estruturalmente semelhante às tesouras e pinças hemostáticas, apresentando
argolas, para a empunhadura, e cremalheira, para o fechamento autoestático. É mais
utilizado para síntese em cavidades, sendo empunhado da mesma forma descrita para os
instrumentais argolados ou de forma empalmada.
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Figura 3.43: Mesa de instrumentação.
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tendo o primeiro auxiliar a sua frente e o instrumentador ao lado deste, a exemplo das
laparotomias infraumbilicais, a arrumação da mesa deve ser feita no sentido anti-horário,
podendo também apresentar a mesa de Mayo.
O papel do segundo auxiliar (ou assistente) durante a cirurgia é quase sempre
passivo. Estes devem ajudar nas manobras de afastamento; propiciar maior liberdade ao
primeiro auxiliar para exercer suas funções e substituir o primeiro auxiliar ou o
instrumentador durante o ato cirúrgico, se necessário.
Figura 3.44: Cirurgias supra-umbilicais- sentido Figura 3.45: Cirurgias infra-umbilicais- sentido
horário. anti-horário.
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Figura 3.46: Bisturi empunhadura
tipo lápis.
Fio para ligadura: com a face palmar da mão voltada para cima, estando os
dedos em semi-flexão. Durante a entrega desse material, também deve ser
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exercida uma leve pressão sobre a mão do cirurgião.
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Afastador de Doyen: deve-se imitar com a mão e o braço seu formato e
movimento de utilização.
Figura3.59: Solicitação do
afastador de Gosset.
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REFERÊNCIAS
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2009.
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