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De Rousseau a Bolsonaro: uma leitura da vontade geral

em tempos de pandemia.
Em face do cenário atual pós pandêmico, nos dias que correm é pertinente a
retomada da obra “Do contrato social” escrito pelo filosofo iluminista Jean-Jacques
Rousseau. Dentre todos os assuntos dissertados apenas “a vontade geral” se torna
significativa no contexto já citado. Durante a pandemia do SARVS-CoV-2 (Covid-19)
os direitos no Brasil sofrem obstrução e charlatismo perante um vírus com alto índice
de contágio, que veio a registrar um total de 688.155 mortes até o presente momento
segundo o G1.
Rousseau define a vontade geral sendo:

“Enquanto vários homens reunidos se consideram como um corpo único,


sua vontade também é única e se relaciona com a comum conservação e o bem-estar
geral. Todas as molas do Estado são então vigoradas e simples, suas sentenças são
claras e luminosas; não há interesses embaraçados, contraditórios; o bem comum
mostra-se por toda parte com evidência e apenas demanda bom senso para ser
percebido.”
(ROUSSEAU, 2014, pág. 124)

Em outras palavras as vontade geral para Rousseau deve vir do povo para ele
mesmo, de maneira que todos sejam contemplados por ela. Usando termos
rawlsanianos podemos definir a vontade geral como um nó no pluralismo dos
indivíduos, onde seu papel deve refletir os princípios justos do Direito tais como uma
sociedade justa, estável e praticável, em outras palavras Rawls define como uma
utopia realista.
O Brasil reconhece a saúde como direito básico em um momento pós Segunda
Guerra Mundial, em meados do século XX. Diversos trados foram ratificados que
reafirmam esse direito, como básico e juridicamente protegido tais como a Carta das
Nações Unidas (1945); a Constituição da Organização Mundial de Saúde (1946); a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (1966) e a nossa própria Constituição Federal (1988)
que afirma em seu artigo 6º, art. 196, art.197, art.198 o direito a saúde:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (BRASIL,1988)
Dentro dessa perspectiva é notável a falta de empatia e humanidade do chefe
do executivo ao propagar em seus discurso que o vírus nada mais era que uma
“gripezinha” sua ironia com a morte de sua população alegando não ser um coveiro e
como se não bastasse, o presidente contradiz a medicina e seu próprio ministro sobre
um tratamento não comprovado a doença. Esse trabalho busca retomar as ideias do
filosofo Rousseau, como uma medida pertinente que deveria ter sido adotada na
pandemia. Dessa maneira não seriam negligenciadas tantas famílias e
consequentemente os números de mortos no Brasil poderiam ter sidos reduzidos.

Referências:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
DA SILVA FREITAS, Felipe; STANCHI, Malu; PIMENTEL, Amanda.
Desigualdades, Direitos e Pandemia.
Mortes e casos conhecidos de coronavírus no Brasil e nos estado. Portal G1.
Disponível em: <https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/estados-brasil-
mortes-casos-media-movel/>. Acesso em: 31 de out. de 2022.
ROUSSEAU, Jean. Do contrato social. Tradução de Ricardo Marcelino Palo
Rodrigues. São Paulo: Hunterbooks, 2014.
WERLE, Denilson Luis. Vontade geral, natureza humana e sociedade
democrática justa. Rawls leitor de Rousseau. Doispontos, v. 7, n. 4, 2010.

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