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A sala de aula

como contação
de histórias
Por Julci Rocha, fundadora e diretora da Redesenho Educacional.
Mestre em Educação: Currículo pela PUC/SP, pós--graduada em
gestão educacional, design educacional e educação inovadora.
Licenciada em Letras pela USP. Integra o time de docentes da pós-
graduação e extensão do Instituto Singularidades. Tem experiência em
gestão de programas inovadores em redes públicas e privadas, com
experiência em instituições importantes como Instituto Paulo Freire
e Fundação Lemann. Atua na formação inicial e continuada há 10
anos, com destaque para as metodologias ativas e cultura digital.
Introdução
»» A capacidade de imaginar, de pensar
simbolicamente e comunicar nossos
pensamentos é uma característica
exclusiva da nossa espécie.
Introdução
»» O contar histórias, ou storytelling em
inglês, historicamente, sustentou-se
de maneira fundamental como uma
arte lúdica e um poderoso instrumento
de formação da identidade cultural
e socioafetiva dos sujeitos.
Introdução
»» Um povo que escuta, conta e
reconta as mesmas histórias possui
valores e visões semelhantes; daí a
importância que uma boa história
possui para criar em nós uma
sensação de pertencimento ao grupo
e de identificação com o coletivo.
Introdução
É na criação e na contação de
histórias, derivadas de registros
orais e escritos, que nós,
humanidade, encontramos um
dos mais eficientes modos de
difundir nossos pensamentos e
de imprimir nossas marcas.
O termo storytelling
»» Na década de 1990, o storytelling passa a ser amplamente estudado nos
Estados Unidos como estratégia de comunicação. Os fundadores do Center
for Digital Storytelling desenvolveram um processo único de treinamento
e artes digitais, conhecido como Digital Storytelling Workshop.
O termo storytelling
»» O que nos interessa aqui é que o storytelling é uma estratégia
rica em elementos da narrativa cuja estrutura é muito viva para a
nossa sociedade e, portanto, diante do atual cenário educacional,
sua apropriação na esfera pedagógica torna-se indispensável.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d »» Contar uma história não é algo banal, assim como não é
qualquer pessoa que cria uma história ou faz uma contação
e
de forma eficaz. As narrativas pautadas no storytelling
seguem uma estrutura específica de apresentação dos
fatos. É possível criar histórias a partir de diferentes temas,
reais ou fictícios, desde que arranjados na ordem correta
e que, com eles, se saiba fazer uma boa costura.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d »» Assim como na estrutura narrativa aristotélica, os elementos
de uma história são facilmente reconhecidos tanto na tradição
e
oral, quanto no romance moderno ou no cinema. Como
são intrínsecos a nossa cultura, é algo que cativa. Por isso,
é praticamente impossível nos depararmos com estudos
de storytelling que não tenham base em Aristóteles.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [a] enredo
O enredo da história fala sobre a sorte ou o revés de uma pessoa e mostra
e como isso vai influenciar na superação de algum obstáculo ou desafio. O enredo
nos fala sobre mitos, enfrentamentos, necessidades e como as personagens
atuam para melhorar alguns aspectos de suas vidas. É a alma da história.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [b] personagem
É preciso saber quem são, quais as características, o porquê da sua existência
e e quais as suas escolhas e motivações. Por meio delas, é possível obter uma
compreensão empática das pessoas a quem as histórias se direcionam.
Não vamos apenas contar histórias para elas, mas também sobre elas.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [c] elocução / diálogo
É preciso tocar as pessoas com a fala, ir ao encontro das falas do
e outro. Portanto, é preciso adequar modos de se dirigir, escolher a
linguagem mais apropriada para atingir os objetivos da narrativa.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [d ] pensamento / tema
O tema evidencia o obstáculo a ser vencido ou o objetivo a
e ser alcançado e ajuda a manter o foco na narrativa.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [e ] espetáculo
É preciso surpreender. O espetáculo é algo que as pessoas querem que apareça
e na sua história, algo inesquecível, que vai gerar polêmicas, discussões e ideias.
b

a c De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”
f d [f] música / coro / trilha sonora
Para serem eficazes, suas histórias devem ter coro que ressoe com suas
e emoções e repúdios. O poder da narrativa geralmente reside na capacidade
de despertar emoções e motivar as pessoas a encontrarem uma solução.
De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”

»» No mundo contemporâneo, os roteiros de storytelling


estão pautados no conceito da Jornada do Herói ou
Monomito, de Joseph Campbell. O antropólogo, por meio
de amplos estudos de mitos e lendas, encontrou um
padrão repetido nas narrativas de diferentes povos. O
caminho comum da aventura mitológica é representado
pela sequência: partida > iniciação > retorno.
De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”

»» O herói começa sua aventura de mundo cotidiano em direção


a uma região de maravilhas sobrenaturais, enfrenta forças
fabulosas e consegue uma conquista decisiva. Ao final,
ele retorna de sua emblemática aventura com uma força
descomunal, com a capacidade de ofertar a seus irmãos
diferentes mimos, sonhos, esperanças e materialidades.
De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”

»» Em 1998, Christopher Vogler, então roteirista da


Disney, redigiu um memorando intitulado Um guia
prático para o herói de mil faces, como base para a
construção de um método de estrutura narrativa.
De aristóteles a campbell:
para além do “era uma vez”

»» O guia, conhecido como a Jornada do Escritor, tenta


relacionar as ideias dos autores às narrativas modernas
e expõe 12 etapas em que facilmente observamos os
elementos das estruturas vistas anteriormente:
O potencial educativo do storytelling :
o professor como storyteller

»» Ser professor envolve atuação e dramaticidade, assim como um


planejamento pedagógico que tem um conteúdo a ser narrado, com
começo, meio e fim. Numa “aula contada”, chamamos os envolvidos
a contribuírem com perguntas e respostas, fazerem sugestões,
acrescentarem ideias, tudo para que compreendam e se apropriem
dos conceitos apresentados e construam novos conhecimentos.
O potencial educativo do storytelling :
o professor como storyteller

»» Envolver os estudantes por meio do storytelling acrescenta


valor ao trabalho pedagógico, que se torna dialógico,
criativo e humanizado. Com ele, é possível:
O potencial educativo do storytelling :
o professor como storyteller

• ampliar os espaços para rodas de conversas e interações;

• auxiliar o estudante a dar sentido e a buscar novas leituras;

• incentivar o aluno a fazer releituras e criar suas próprias histórias;

• estimular o exercício espontâneo da escrita;


O potencial educativo do storytelling :
o professor como storyteller

• desenvolver a escuta ativa;

• despertar o desejo de interpretar textos e dramatizar ideias;

• incentivar a expressão e comunicação oral;

• desenvolver um trabalho de qualidade, com resultados


positivos, independentemente do nível de escolaridade.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias

Tempo estimado: 2,5 horas

Preparação:
Para a realização da oficina A sala de aula como contação de histórias, peça que
os participantes realizem as seguintes tarefas como preparação para o encontro:

• Leitura da matéria A sala de aula como contação de histórias


Revista Educatrix, nº 19 – 2020, páginas 20 a 25.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias

Tempo estimado: 2,5 horas

Preparação:
• Assistir à contação de histórias do Maratona.Edu – A outra história de Pedro e o
Lobo – disponível em https://youtu.be/R7q4z5Ur15g, ou outro à escolha da equipe.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias

Tempo estimado: 2,5 horas

Preparação:
• Assistir ao webinar EDUCAÇÃO INOVADORA #5 (2019) – Design Thinking e
Storytelling para educadores, disponível em https://youtu.be/_gd2WMzlTLQ.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias

Tempo estimado: 2,5 horas

Preparação:
• Assistir ao filme JoJo Rabbit (2019) – trailer disponível em
https://youtu.be/e3X6SuwSY84, ou outro à escolha da equipe.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias
*Coordenador(a): fica a seu critério a divisão e organização dos participantes
da oficina. Você pode organizá-los por disciplina ou mesmo por segmento. Caso
sua equipe seja muito grande, recomendamos que você realize esses encontros
divididos por disciplina e por segmento.

*Se possível, realize na sequência a oficina Técnicas inovadoras para aulas


inesquecíveis.

Abertura (10 minutos) – a critério do coordenador(a). Recomendamos,


se os participantes da oficina atuarem em turnos diferentes de trabalho,
que seja realizado um momento de apresentação deles. Pode-se preparar
também etiquetas ou crachás para que o nome de todos fique visível.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias
Apresentação (20 minutos) – Slides disponíveis em:

Download do arquivo
Oficina
A sala de aula como contação de histórias
O bs e r va ç ã o
Coordenador(a), a apresentação é apenas um momento para retomar a leitura que
os participantes já realizaram da matéria. Não é necessário levar muito tempo nela.

No entanto, vale que você faça relatos de situações que já vivenciou, se julgar
pertinentes ao tema, para incrementar esse momento.

Considere, também, alguns minutos para, ao final da apresentação, abrir espaço


para perguntas ou comentários dos participantes.
Oficina
A sala de aula como contação de histórias
Discussão em grupo sobre o filme JoJo Rabbit.

• Estimular que os participantes relatem impressões sobre o filme (30 minutos).

• A partir do quadro A Jornada do Pantera Negra em três atos


(Educatrix, p. 24), identificar os passos da Jornada do Herói
de JoJo Rabbit. (30 minutos).
Oficina
A sala de aula como contação de histórias
Ampliação (30 minutos)

• Discutir com o grupo como levar esses passos para a sala de aula e utilizar
o storytelling com os alunos. Se houver professores de história no grupo,
você pode usar o próprio exemplo do filme para extrapolar conceitos a
respeito da 2ª Guerra Mundial – a resistência da mãe de JoJo, a relação dele
com o “amigo imaginário” e como passou a repensar sobre os judeus.

Encerramento (30 minutos)

Retome com os participantes os principais pontos da narrativa


de histórias e como ser um storyteller incrementa as aulas.

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