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Análise Acórdão Nº 781/2013

Pontos 1-7

1. PR requereu à declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do que


consta dos artigo 8º/2 e 4º e 5º do anexo da Lei 74/2013 de 6 de Setembro que dizem
respeito a ser aplicável, ao recurso para o tribunal central administrativo, o disposto
no Código dos Processos nos Tribunais Administrativos quanto aos processos urgentes
e que os mesmos têm efeito meramente devolutivo e tem de ser decidido num prazo
de 45 dias.
➢ Esta declaração de inconstitucionalidade fundamenta-se na violação do artigo
20º/1, 268º/1 e 18º/2 da CRP que basicamente diz-nos que as normas
impugnadas podem restringir de forma desproporcional o direito de acesso
aos tribunais e a uma tutela jurisdicional efetiva.

❖ Tutela jurisdicional efetiva: consiste em que a cada direito


material corresponde uma reação processual eficaz contra a
ingerência ilícita de poderes públicos na esfera jurídica dos
particulares.

2. O PR fundamentou a sua posição argumentando que, pela lei 74/2013, a AR aprovou


a criação do Tribunal Arbitral Desportivo dizendo com isto que não há necessidade de
recorrer ao Código de Processos nos Tribunais Administrativos nem nos casos de
processos urgentes pois já existe uma entidade competente para este efeito.
➢ O artigo 8º/2 da Lei 74/2013 acabou por ser alterado para dizer que apenas
são passíveis de recurso as decisões dos colégios arbitrais que sancionem
infrações disciplinares previstas pela lei, as decisões que estejam em
conttadicao uma com a outra e das que sejam proferidas pela câmara de
recurso.
➢ Porém, continua inalterado o facto de a arbitragem necessária permanecer
necessária e devendo os litígios previstos na lei ser a ela submetidos,
independentemente da vontade das partes.

5. Com a lei 74/2013 de 6 de setembro foi criado o TRIBUNAL ARBITRAL DO DESPORTO. Esta
lei só entrou em vigor 90 dias após a instalação do mesmo tribunal a qual cabe ao comité
olímpico de Portugal promover. Mas isto não impede a apreciação do pedido porquanto
quanto à fiscalização abstrata sucessiva incide sobre normas já publicadas.

É defendido pelo PR que o principio constitucional do acesso ao Direito e aos tribunais visa
tutelar posições jurídicas subjetivas e a titulo individual, as quais não podem ser deixadas sem
proteção a pretexto de serem social ou juridicamente irrelevantes. O que o PR questiona é se
o recurso das decisões do Tribunal Arbitral do Desporto para os tribunais do Estado com a
excecionalidade do previsto no quadro da arbitragem necessária se mostra conforme com o
direito de acesso aos tribunais e com o princípio da tutela jurisdicional efetiva.

7. O Decreto foi reapreciado e devolvido ao PR depois de o ter vetado. Foi decidido que as
alterações propostas visaram “expurgar a inconstitucionalidade que o tribunal constitucional
encontrou”, mantendo-se no entanto a vontade de dotar o desporto nacional de uma justiça
mais célere, pronta e especializada.

• Arbitragem necessária: é forçada ou obrigatória sempre que a forma de resolução de


litígio por via do tribunal arbitral seja imposta por lei especial, que confia ao tribunal
arbitral a resolução de um litígio que, regra geral, cairia na jurisdição estadual.
• A arbitragem necessária, a meu ver, restringe a autonomia privada (405º CC) das
partes quanto à escolha da jurisdição ou entidade que irá julgar a causa. É necessário
garantias processuais acrescidas.
• Porém, também digo que a arbitragem necessária depende de um conjunto de fatores
que se convencionam no poder das partes de designarem os árbitros que julgarão a
causa, e sendo estes privados, nao se verifica na jurisdição estadual. Como as partes
nao têm o direito de escolher a jurisdição nem o juiz que julgará a causa, submetem-
se às regras de distribuição do processo a um magistrado, que, sendo um profissional
de um conjunto de magistrados que o Estado disponibiliza e confia a função de julgar,
e nao um particular, dispõe da transparência necessária para proceder ao julgamento
da causa.

Importa referir que o motivo para a declaração de inconstitucionalidade nao é a arbitragem


necessária em si, mas sim a forma adotada pela lei 74/2013 do tribunal administrativo do
desporto quanto ao recurso ao código dos processos nos tribunais administrativos sendo que
ja existem meios específicos para tal.

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