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Ação Ergonômica vol 3 nº. 1 (2007) pp. 01 - 18

SISTEMAS DE DESCIDA CONTROLADA


Em busca da padronização dos procedimentos de segurança para serviços em
fachadas prediais com exposição à altura através de sistemas de acesso e
posicionamento auxiliado por cordas

Rita Mello Magalhães


MSc. Engenharia de Produção/COPPE/UFRJ
sdc_rm@yahoo.com.br

Resumo

A publicação deste trabalho visa incentivar a colaboração dos atores do setor de


manutenção de fachadas prediais, que utilizam os sistemas de acesso e
posicionamento auxiliados por cordas, para que seja acelerado o processo de
regulamentação dessa atividade no Brasil.
Soma-se ao enfoque técnico, o tratamento ergonômico do tema. É analisado como
os evidentes aspectos de risco e desconforto inerentes aos postos de trabalho
influem de diferentes formas na organização da tarefa e no desempenho do
trabalhador. Observa-se que problemas associados ao tema vêm sendo
contornados e não tratados sistematicamente.

Abstract

In Brazil there are no national guidelines on Rope Access Systems for work at
heigh for industrial purposes yet. In this paper the author exposes a general view
of the subject and proposes systematic procedures of security focusing specially
the window-cleaning sector. In order to colaborate to the current regulation
process, minimum requirements to a Rope Access System are given.
It is observed how risk factor influences the work organization and the human
aspects in the development of the job in such special conditions of exposure.
1. Introdução através dos equipamentos e sistemas de
Abordamos aqui os sistemas de acesso segurança derivados da espeleologia e da
e posicionamento auxiliados por cordas no caso escalada: cordas e aparelhos de segurança
de estruturas prediais, em que não são específicos que oferecem como vantagem
utilizados estruturas como andaimes ou jiraus. principal facilitar o
Tratamos os aspectos de exposição a riscos acesso de forma "Flexível, leve e
como oportunidades de intervenção, inerentes a flexível, leve e ágil a ágil."
uma alternativa inovadora, o diferencial no pontos aparentemente
mercado. É notável o baixo número de inatingíveis de uma
acidentes no setor, atribuído principalmente à estrutura, que também
necessidade de boa formação do pessoal, pois podem ser locais
são necessárias habilidades e conhecimentos confinados, ou
muito específicos para o manuseio dos perigosos. Evita-se
equipamentos. As consequências de um erro assim a necessidade
são graves. As responsabilidades que impõem de andaimes e outras
as condições tão expostas de trabalho também instalações custosas.
concorrem para que haja muito melhor controle Reduzem-se custos e
dos processos e dos equipamentos. Neste tempos de instalação.
momento porém tratarei de aspectos técnicos, Reduzem-se acidentes apesar do risco
enfocando primordialmente a padronização dos potencial. Os baixos índices de acidentes, se
procedimentos de segurança pessoal e de comparados a outros setores da construção
terceiros. civil, derivam da atenção focada nos itens de
Para tornar a leitura agradável evitando segurança fundamentais: confiabilidade do
muitas definições ao longo do texto, apresento equipamento, treinamento do pessoal e
um glossário ao final, com apresentação de organização do trabalho. A padronização dos
exemplos e figuras. Mantenho as expressões procedimentos garante a execução mais eficaz
mais usadas entre os profissionais do setor, e portanto segura das tarefas.
mesmo quando se tratam de termos Neste artigo é tratado com mais detalhe o caso
estrangeiros, com a intenção de não induzir o da aplicação do SDC à manutenção de
leitor a erros devido à tradução. Assim todos os fachadas de edifícios, para serviços variados,
termos impressos em itálico estão explicados incluindo faces internas, externas e cúpulas.
nesse glossário. Fica em aberto a necessidade Tratamos aqui especificamente da manutenção
da consolidação de uma terminologia nacional de fachadas, o que inclui diversos reparos, e
para equipamentos e procedimentos no setor. comumente a limpeza, que pode ser manual ou
por hidrojateamento, e inspeções. Em relação
2. Sistema de Descida Controlada ao sistema de segurança do trabalho, a
legislação ou regulamentação brasileira para o
Sistema de descida controlada por caso específico do trabalho auxiliado por cordas
cordas, sistema auxiliado por cordas, sistema em fachadas de edifícios é ainda insipiente, ou
de acesso por cordas, ou ainda SDC, sigla mesmo equivocada em alguns casos. Até o
análoga à utilizada internacionalmente RDS momento a atividade não está listada entre as
(Rope Descent Systems), são algumas das operações insalubres ou perigosas, para o
Ministério do Trabalho. Mas o processo de
regulamentação está em andamento e diversos
interesses contribuem para a aceleração desses
trabalhos. O mercado se abre e se mostra
promissor.
As normas inglesas IRATA (Industrial Rope
Access Trade Association) são as reconhecidas
internacionalmente para os procedimentos de
trabalhos com tais sistemas de acesso, e são as
normas de formação e treinamento exigidas no
Brasil no caso dos trabalhos em plataformas
oceânicas, por exemplo. As normas britânicas,
diferentes denominações para um sistema de tradicionalmente fonte de inspiração das
acesso e posicionamento de um técnico em International Standard Organization , de âmbito
situações de exposição principalmente à altura, mundial, apresentam as BS EN 358:2000 . Mas
nenhuma das duas parece ter expressão no técnico em postos de trabalho de outra forma
momento no Brasil. dificilmente atingíveis, de maneira segura e
razoavelmente confortável.
A NR18, quando se refere à Cadeira
Suspensa, coloca: "Em quaisquer atividades em
que não seja possível a instalação de
andaimes, é permitida a utilização de cadeira
suspensa (balancim individual)."
Figura 1 - Exemplos de equipamentos de proteção. Há ocasiões em que a cadeira suspensa
ou o SDC é apropriada, e não a utilização de
Ainda relacionada aos serviços em andaimes. São equipamentos com usos
fachadas de edifícios, está a normatização distintos.
americana para Segurança em Limpeza de A título de ilustração do mal
Vidraças, aprovada pela ANSI (American entendimento desta questão de conceituação
Standard Institute). de "risco", e "segurança", transcrevo
Em relação ao equipamento de proteção literalmente o artigo 39.º, referente à "Utilização
utilizado (veja figura 1) recomenda-se que se de técnicas de acesso e de posicionamento por
observe a certificação UIAA (UNION cordas", do Decreto-Lei nº 50/2005 de 25 de
INTERNATIONALE DES ASSOCIATION Fevereiro de 2005, 40 - SÉRIE I-A, emitido pelo
D'ALPINISME) para cordas, talabartes, fitas, Ministério das Actividades Económicas e do
cordeletes, mosquetões, aparelhos de descida, Trabalho de Portugal:
ascensão e segurança, cintos de segurança "Artigo 39º. Utilização de técnicas de
(arnesses ou baudriers), capacetes e acesso e de posicionamento por cordas
ancoragens. 1 - A utilização de técnicas de acesso e
Os procedimentos apresentados neste posicionamento por meio de cordas deve ser
documento devem ser seguidos em quaisquer limitada a situações em que a avaliação de risco
trabalhos em que cordas sejam utilizadas para indique que o trabalho pode ser realizado com
facilitar o acesso ao local da intervenção e/ou segurança e não se justifique a utilização de
como meio de proteção. É admitido aqui que equipamento mais seguro."
todos os técnicos envolvidos estarão treinados Ficando indefinido o conceito de "mais
para desenvolver suas tarefas de acordo com seguro", destaco que as análises estatísticas
estes procedimentos, em seu nível de para os acidentes em casos do uso do SDC são
competência, o que será tema de uma próxima bastante satisfatórias em comparação às
publicação. O objetivo é garantir em primeiro formas tradicionais de acesso como andaimes e
lugar a segurança para técnicos e para outras plataformas, o que contradiz a referência
terceiros, todos os potencialmente afetados pela do texto do decreto ao parece ser referido como
intervenção, incluindo seus bens materiais. "mais seguro".
Assim, antes de se realizar um trabalho
3. Sistemas de Acesso e com o auxílio de cordas deve-se levar a cabo
Posicionamento Auxiliado por Cordas uma análise de riscos a fim de ponderar se o
SDC é o sistema mais adequado àquela
Os sistemas auxiliados por cordas determinada situação. Cada situação deve ser
(figura 2) tornam possível, então, o acesso a avaliada a fim de assegurar que todos os riscos
lugares à segurança de todos os envolvidos são
expostos à compreendidos e tomados em conta no
altura, momento do planejamento da intervenção e de
confinados, ou cada tarefa. O principal objetivo é planificar e
inusitados por gerenciar o trabalho de forma a minimizar esses
outros motivos, riscos.
onde a A empresa que oferece serviços
execução de suspensos auxiliados por cordas deve
estruturas de estabelecer procedimentos operacionais para
acesso se torna satisfazer as exigências de segurança, controle
custosa ou Figura 2 – Sistema de Acesso e e administração do trabalho. Devem estar
Posicionamento.
mesmo padronizados e documentados os
tecnicamente inviável. Os sistemas auxiliados procedimentos operacionais diários e
por cordas permitem o posicionamento do excepcionais de segurança. Medidas de resgate
e de primeiros socorros devem ser previstas. O para a situação específica de perigo prevista.
Plano de Trabalho e o Plano de Emergência,
descritos mais adiante, devem ser projetados A partir da análise de riscos pode ser projetado
caso a caso. o plano de trabalho com uma base mais sólida
O dimensionamento do sistema de de conhecimento para a montagem dos
segurança como um todo e de seus sistemas de segurança e para o manejo de
componentes deve ser criterioso, com grande pessoal de forma perfeitamente segura.
atenção às cargas limites e a todos os fatores Devem ser considerado: a necessidade de
estressantes tanto efetivos como potenciais. liberdade de movimentos, e ao mesmo tempo
Influem nesse dimensionamento, como veremos de estabilidade para o manuseio das
em mais detalhes no decorrer deste texto, a ferramentas e equipamentos e para a
utilização de equalizações, desvios, nós, as consecução das tarefas prescritas; o período de
variações das cargas e margens de segurança, tempo em que os técnicos estão expostos à
a idade e o histórico do equipamento, as situação de desconforto de seus postos de
condições climáticas, as condições da estrutura, trabalho, e escalas racionalizadas segundo as
entre outros. horas de calor e insolação direta; a
possibilidade de realizar resgates e operações
4. Plano de Trabalho de emergência caso necessário; a segurança
Um plano de trabalho documentado, de terceiros e a proteção de bens materiais; e
desenvolvido pela empresa contratada deve ser fatores agravantes segundo especificidades de
fornecido ao contratante para que este esteja cada caso. Observa-se então se o trabalho
ciente de quais setores da edificação em inclui a utilização de calor, a possibilidade de
questão estarão sendo abordados em que descargas elétricas que podem ser transmitidas
períodos e assim possa melhor planejar suas por uma corda molhada, o contato com
próprias atividades durante a empreitada, já que materiais abrasivos ou ferramentas cortantes,
normalmente as normas de segurança entre outros fatores agravantes dos riscos.
pressupõem o isolamento da área e arredores. Análise detalhada e criteriosa dos riscos deve
O plano deve incluir a identificação de zonas de ser feita no local.
risco, procedimentos gerais de segurança e de
emergência, por exemplo as áreas que 6. Aspectos Técnicos Práticos da
requerem proteção ao público, isolamento de Minimização de Riscos
estacionamentos, passagens públicas de Todo o pessoal deve obrigatoriamente
pedestres etc. Pelo menos uma inspeção prévia observar no mínimo o seguinte:
ao empreendimento feita pelo projetista é
indispensável, e fornece informações sobre as • A compreensão das tarefas em mãos, e
muitas especificidades de projeto como a a sua realização em completa segurança
existência de marquises, recuos, clarabóias, o é o principal objetivo de todos. A
que normalmente motivam as variações na avaliação dos riscos é necessária e deve
instalação do sistema de fixação do sistema de ser compreendida por todas as partes
cordas, equalizações e desvios. envolvidas.
As áreas que forem julgadas perigosas para o • Os supervisores de equipe devem
público, para outros trabalhadores do local, ou assegurar que todas as ancoragens são
para propriedades devem ser isoladas de forma perfeitamente seguras e de que os
eficaz e sinalizadas com o devido destaque. equipamentos, métodos de trabalho, e
sistema de segurança projetados são
5. Análise de Riscos apropriados para aquela situação
A análise de riscos consiste na especificamente.
identificação de todos os riscos potenciais de • Todos os movimentos do técnico devem
acidentes do serviço em questão, e na ser previstos, principalmente os
proposição de medidas no sentido de minimizar adversos, ou indesejáveis, como
a probabilidade da ocorrência efetiva desses eventuais pêndulos por exemplo.
acidentes. Isso inclui recomendações de • Todos os técnicos devem verificar seu
sistemas de trabalho, equipamentos, resgate e próprio equipamento e sistema de
treinamento de pessoal. Em um serviço cujo segurança individual, e obedecer os
risco é avaliado como alto, devem estar procedimentos padronizados pela
preparados procedimentos de emergência e empresa para inspeção e controle do
disponibilizado equipamento e pessoal treinado equipamento.
• Não deve haver nenhum risco de tarefa. Esse ajuste muitas vezes refere-se
abrasão, possibilidade de corte, contato simplesmente ao tamanhos de um talabarte ou
com produtos químicos ou calor, ou escolha do equipamento apropriado.
qualquer outro dano para o sistema de Para tanto a empresa deve fornecer a
cordas. seus técnicos formulários específicos buscando
• Todos os incidentes, acidentes e quase facilitar a redação de ocorrências, garantindo
acidentes devem ser obrigatoriamente que os dados estejam completos e
relatados em relatório, não importa o padronizando a informação. A padronização é
quão insignificante possam parecer. A importante para que esta informação seja útil
Empresa só poderá gerenciar riscos se em comparações, principalmente em análises
for informada pelo seu pessoal de estatísticas.
quaisquer falhas.
• Todos os técnicos devem obedecer 8. Plano de Emergência
rigorosamente todos os procedimentos No caso de qualquer emergência por
de segurança padronizados pela falha pessoal, no equipamento ou no próprio
empresa. sistema, procedimentos de segurança devem
estar previstos e pré-estabelecidos, e meios
Sabemos que os aspectos psicológicos disponibilizados para sua consecução. Deve
influem muito na aceitação das normas de haver sempre uma pessoa designada como
conduta pelos técnicos na minimização dos responsável por liderar uma operação de
riscos. A tendência à negação do "perigo" pode emergência caso necessário. Os técnicos de
transformar-se em negação às normas em uma nível 1 no padrão IRATA (nível básico) devem
atitude auto-afirmativa. Acidentes podem estar treinados em pelo menos um sistema de
decorrer de posturas negligentes assumidas resgate simples . O técnico de nível 2 entretanto
deliberadamente. O trabalhador que se adapta deve estar familiarizado com sistemas
ao SDC apresenta um caráter incomum, com alternativos e equipamentos apropriados.
características diferenciadas em relação à Ambos porém devem estar bem treinados na
aceitação do risco, a superação do medo. Mas prática.
são pequenas as distâncias entre o equilíbrio
psicológico, a coragem e a audácia, e menor 9. Níveis de Qualificação dos Técnicos
ainda entre a audácia e a imprudência. A gestão Os técnicos devem ser qualificados e
de pessoal é um tema importante, e nada trivial. levados a testar na prática regularmente seus
conhecimentos recebendo responsabilidades
7. Registro de Acidentes, Incidentes, segundo seu nível técnico. Relembro aqui a
Quase-acidentes e Efeitos sobre a conotação mandatória da expressão, quando
Saúde do Trabalhador digo "dever". O conteúdo de cursos e os
Para garantir a correção de falhas nos conhecimentos e habilidades requeridos para as
sistemas de segurança e de serviço, é tarefas em altura visam garantir a segurança de
fundamental que sejam reportados e todos, e satisfazer os requisitos exigidos pelas
devidamente registrados quaisquer incidentes normas aceitas internacionalmente.
ou quase acidentes, além obviamente dos Seguindo o padrão IRATA, há três níveis
acidentes ocorridos efetivamente. As causas de qualificação e experiência:
desses eventos devem ser relacionadas e
analisadas. Da mesma forma são considerados • O técnico de Nível 1 deve ser capaz
os problemas de saúde que possam sofrer os de realizar um número limitado de
técnicos, associados diretamente ou não ao tarefas com o auxílio de um sistema
trabalho em uma primeira análise. Muitas vezes de segurança com cordas, sob
essa associação não é tão óbvia e é necessário supervisão;
aprofundar-se um pouco mais a investigação. • O técnico de Nível 2 deve ser capaz
A exposição a sustâncias químicas de montar um sistema de segurança
voláteis, solventes e tintas, por exemplo, não com cordas, empreender resgates e
costuma ser identificada como causa de dores realizar tarefas com o auxílio de
de cabeças e náuseas, sintomas que são mais cordas, ainda sob supervisão; e
associados pelos trabalhadores à insolação. • O técnico de Nível 3 é capaz de
Isso deve ser verificado entre outros riscos à assumir a responsabilidade de um
saúde, como o ajuste do equipamento de projeto de trabalho; de demonstrar
proteção às características do operador e da suas habilidades e conhecimentos
necessários aos níveis 1 e 2; deve acidentes e problemas de saúde que possam
estar familiarizado com técnicas de sofrer os técnicos; inspecionar a produtividade e
trabalho e legislação; sistemas de aspectos técnicos do serviço prestado,
resgate avançados; deter um registrando observações em forma de relatório.
certificado atualizado de proficiência
em primeiros socorros e ter 11. Procedimentos Padronizados para o
conhecimento de métodos para Sistema de Segurança
certificação, entre outros o IRATA. Para que o sistema de procedimentos
padronizados de segurança descrito a seguir
O objetivo principal de um curso de venha a dar conta de todas as variações nas
formação de nível 1 deve ser garantir ao técnico situações de trabalho, servindo de referência
a realização de tarefas, em seu nível de para todos os níveis técnicos, é preciso que
treinamento, com total segurança, o que inclui esteja em constante atualização e ampliação.
necessariamente proficiência em sua proteção Novas necessidades de mercado e soluções
individual, sistema de suporte de segurança, e técnicas e tecnológicas surgem
operações de emergência; e a responsabilidade incessantemente exigindo que as
pela segurança de todos por toda a equipe e regulamentações sejam revistas ao mesmo
por terceiros. ritmo.
Um curso de formação de nível 2 visa Para a utilização do SDC, a premissa
aprofundar e ampliar o conhecimento das mais importante é a redundância (figura 3).
técnicas, proporcionar ao técnico o Vejamos como, em sua simplificação, a
desenvolvimento de soluções alternativas. legislação portuguesa citada anteriormente
Preparar o técnico para maiores sintetiza o SDC na sua forma mais genérica:
responsabilidades e autonomia. Já um curso de "(...) 2 - A utilização das técnicas de
formação de nível 3 deve preparar o técnico acesso e de posicionamento por meio de cordas
para supervisão da equipe, proporcionar deve respeitar as seguintes condições:
conhecimentos necessários para auxílio à a) O sistema deve ter, pelo menos, a
realização de um projeto. Um Nível 3 deve estar corda de trabalho a utilizar como meio de
apto a propor soluções de emergência. acesso, descida e sustentação, e a corda de
Veja o quadro com o resumo dos segurança a utilizar como dispositivo de
conhecimentos e habilidades requeridas pelo socorro, as quais devem ter pontos de fixação
padrão IRATA para os três níveis técnicos independentes;
apresentado em anexo. b) O trabalhador deve utilizar arneses
adequados através dos quais esteja ligado à
10. Supervisão corda de segurança;
Um supervisor será sempre um técnico c) A corda de trabalho deve estar
de nível 3. A formação da supervisão deve ser equipada com um mecanismo seguro de subida
apropriada ao trabalho e à equipe de técnicos e descida, bem como com um sistema
encarregada. A tarefa principal do supervisor é autoblocante que impeça a queda no caso de o
garantir que o serviço se desenvolva segundo trabalhador perder o controlo dos seus
os procedimentos movimentos;
padronizados da d) A corda de segurança deve estar
empresa e o projeto de equipada com um dispositivo móvel antiqueda
cada intervenção, de que acompanhe as deslocações do trabalhador;
forma perfeitamente e) Em função da duração do trabalho ou
segura. É de sua de restrições de natureza ergonômica,
responsabilidade: determinadas na avaliação dos riscos, a corda
manter a segurança no de trabalho deve possuir um assento equipado
local de trabalho para com os acessórios adequados;
técnicos, terceiros e f) As ferramentas e outros acessórios
propriedades; garantir utilizados pelo trabalhador devem estar ligados
uma atitude ao seu arnês ou assento, ou presos de forma
Figura 3 – Redundância na
responsável dos utilização das cordas: de adequada;
técnicos em serviço; trabalho e de vida, com g) O trabalho deve ser corretamente
registrar quaisquer balancim. programado e supervisionado de modo que o
incidentes ou quase trabalhador possa ser imediatamente socorrido
incidentes, além das ocorrências efetivas de em caso de necessidade.
3 - Em situações excepcionais em que serem auto-suficientes em sua segurança e na
se verifique que a utilização de uma segunda realização de suas funções.
corda aumentaria os riscos, pode ser utilizada Os técnicos devem vestir e montar seus
uma única corda desde que sejam tomadas as equipamentos de segurança, inclusive o
medidas adequadas para garantir a segurança capacete em lugar seguro e devem estar
do trabalhador." protegidos pelo sistema de segurança, ainda
que independente das cordas de descida, antes
Um SDC compreende basicamente: de estarem
suspensos. É
• Corda de trabalho e corda de obrigatório o uso
segurança, ou de vida. de capacete
• Ancoragens (cujo exemplo mais certificado (que
comum é a chapeleta da figura 4) deverá ter
são os pontos de sustentação do sempre suas tiras
sistema de cordas à estrutura Figura 4 – Elementos do SDC de segurança
predial. Exemplos de ancoragens.
fechadas) e
• Aparelhos de sustentação, opcionais, calçados
como o rigger da foto no pé desta apropriados.
página. Cuidados devem
• Capacete, cinto de segurança, ou ser tomados para
baudrier, ou ainda arness. evitar pontas
• Aparelho de descida e bloqueador soltas de roupas
(trava-quedas, veja figura no pé ou acessórios,
A ancoragem pode ser feita cabelos longos,
desta página). com fitas tubulares ou cordas
• Mosquetões e talabartes. de resistências apropriadas
anéis de fitas ou
• Ferramentas de trabalho. abraçando a estrutura. outro tipo de
material que
• Assento, ou balancim, opcional.
possa prender-se
ou chocar-se
O princípio da redundância na
inadvertidamente
segurança também se aplica à união do técnico
Ou com chapeletas. com qualquer
às cordas de acesso e de back up. Todo o
estrutura ou
sistema de trabalho e segurança utilizado deve
equipamento, causando o desequilíbrio do
prever sempre redundâncias, isto é, o técnico
técnico e possivelmente um incidente.
deve contar com dois sistemas independentes
Quando é usado um assento para tornar
que garantam a sua integridade. A montagem
a posição do técnico mais firme e confortável o
do sistema deve ser objetiva e prover os
baudrier permanece como a principal união do
recursos para a solução de situações de
técnico às cordas e aos dispositivos de proteção
emergência, facilitando o recuo do técnico caso
e descida.
seja necessário. O treinamento do pessoal nas
A aproximação à ancoragem deve ser
técnicas de segurança inclui a simulação de
feita já com o back up. Antes da montagem, o
resgates e todo o equipamento deve ser
operador, ou técnico, deve inspecionar todos os
regularmente inspecionado antes, durante e
componentes do sistema de descida, incluindo
depois da realização da tarefa.
cordas, baudrier, interfaces (cabos,
Aparelhos de descida e de back up
mosquetões, fitas etc), talabartes (ou solteiras),
devem ser unidos ao baudrier um
aparelhos de descida e todos as ferramentas e
independente do outro. Para prevenir que
seus cordinos de proteção. A inspeção deve ser
qualquer dos dois aparelhos passe pelo fim da
feita segundo recomendações específicas de
corda inadvertidamente se devem utilizar nós de
cada fabricante.
fim de corda.
Todas as descidas devem ser realizadas
Cada um que utilize um SDC deve ter
de forma cuidadosa e em ritmo lento, com
um parceiro no local de trabalho que também
movimentos equilibrados. Há que se manter
esteja ciente dos procedimentos de emergência
sempre a atenção para evitar pontas soltas de
e seja capaz de executá-los. Devido aos locais
roupas, cabelos longos, anéis de fitas ou outro
de acesso dificultado e da especialização das
tipo de material que possa prender-se ao
tarefas, o trabalho se realiza por equipes de no
aparelho de descida ou ao back up.
mínimo duas pessoas, ambas treinadas para
Enquanto suspenso o operador, deve • não seja necessário desmontar e re-
ser evitado a todo custo o movimento de montar ancoragens;
pêndulo e a queda, por menor que seja. Essa • as cordas de trabalho e de
recomendação vale especialmente com a segurança, independentes, devem
utilização de aparelhos como o rigger por ter sido montadas já prevendo-se o
exemplo. É proibida assim qualquer ascensão, deslocamento;
e bastante restringido o movimento lateral. • métodos devem ser utilizados para
Entendemos por ascensão o movimento em que prevenir abrasão e dano à corda em
o técnico eleva o seu centro de gravidade, seu natural deslocamento horizontal
localizado entre o abdome o tórax, acima dos em um pêndulo.
aparelhos de descida e back up, o que, no caso
de queda, ainda que pequena, ocasiona um Ainda assim o movimento horizontal
choque sobre os aparelhos. deve ser restrito à angulação segura no caso da
Descidas rápidas, paradas repentinas e formação de pêndulo.
movimentos excessivos são proibidos. Quando uma descida for da ordem de 40
Em toda descida, os passos iniciais metros ou mais, procedimentos de segurança
fundamentais são: especiais são necessários a fim de prevenir
contra riscos excepcionais relacionados a:
• Colocação do baudrier e talabartes;
• Inspeções no equipamento individual • a dificuldade de manuseio dos
e na ancoragem. aparelhos e por conseguinte de
• Proteger-se unindo-se à ancoragem funcionamento do sistema de
ou ao sistema/equipamento que dá descida por excesso de peso, o que
acesso à mesma, instalado exige maior esforço do operador;
especificamente para isso. • longo período de tempo em que
• Preparar a descida, jogando as ficam suspensos os operadores;
cordas, todas com nós para advertir • movimentos das cordas;
o final das mesmas; e unindo-se às providências para a estabilização
cordas através dos respectivos das cordas devem ser tomadas;
aparelhos de descida e back up. • a eventual necessidade de
• Inspeções da montagem das cordas ancoragens intermediárias;
e dos aparelhos. • a montagem de um resgate rápido
• Soltar-se da ancoragem e descida em uma emergência;
com um aparelho de descida em • possibilidade de súbitas alterações
uma corda e o acompanhamento de climáticas, canalizações de correntes
perto do back up na outra; de vento, entre outros fenômenos
• Realização das tarefas. meteorológicos.
• Desmontagem, Inspeção e
manutenção do equipamento. Operadores devem monitorar
continuamente as condições climáticas e a
Ao final do dia de trabalho ou de cada velocidade do vento durante a realização de
descida, deve-se inspecionar novamente todo o trabalhos suspensos. Devem ser observados os
equipamento antes de estocá-lo limites impostos pelas regulamentações
convenientemente. Deve-se ainda inspecionar especialmente sobre a velocidade do vento, que
todo o local de trabalho. não deve representar risco algum nem ao
O movimento horizontal do técnico está operador, nem ao público, nem à propriedade.
limitado a casos em que ocorram todas as Ao final de cada descida todo o
seguintes situações, simultaneamente. É equipamento deve ser inspecionado, seguindo
imprescindível que: as recomendações do fabricante com cuidado
com as especificidades de cada caso, antes de
• as cordas não estejam suspensas ser armazenado corretamente. Detalhes sobre
pelo rigger ou outro aparelho similar; uso, manutenção e inspeção são dados mais
• técnico não esteja em nenhum adiante, na página 3. Pode ser necessário
momento desligado de qualquer das algum cuidado antes da estocagem, como uma
duas cordas; lavagem e/ou secagem por exemplo.
Também o local de trabalho deve ser
inspecionado ao término de cada descida para
evitar perda de material e para garantir a Uma equalização tem a função de dividir
qualidade do serviço. a carga aplicada em um ponto de ancoragem
em mais de um ponto de fixação. Digamos duas
12. Superfície de Trabalho chapeletas "equalizadas" para a sustentação de
A superfície a ser trabalhada deve ser uma corda dividem o peso da corda e a carga
analisada a fim de montar um sistema de que será aplicada sobre a mesma.
segurança apropriado a suas especificidades O cálculo para o posicionamento dos
como parapeitos, varandas, marquises, recuos pontos de fixação para as equalizações deve
entre outras. As vizinhanças do percurso da considerar as cargas divididas, ou multiplicadas,
corda e de todo o sistema de segurança devem pelos ângulos de aplicação das forças. Se os
ser limpas para evitar quedas de objetos, danos ângulos entre as forças aplicadas aos pontos de
ao sistema ou às instalações do local, ou fixação forem grandes, têm efeito multiplicador
qualquer imprevisto. As superfícies de trabalho sobre as cargas, o que deve ser considerado
devem estar livres principalmente de nos cálculos da cargas permitidas de trabalho
substâncias escorregadias ou agressivas como (ver figura 5). O mesmo ocorre para desvios e
óleo e outros produtos químicos, e deve ser corrimãos.
observado se não há seções cortantes, Podem ser montados corrimãos ou ser
pontiagudas, arestas ou perfis afilados ou usados outros recursos para permitir uma
superfícies abrasivas ou quaisquer aproximação segura às cordas de descida.
irregularidades que possam causar dano ao Ninguém está autorizado a entrar na área de
equipamento e/ou ao operador. Cuidado risco, nem a utilizar tais recursos, de
extremo deve ser tomado quando houver nas aproximação à área, a não ser que esteja
imediações do trabalho cabos elétricos ou devidamente protegido e seja devidamente
fontes de calor. treinado.
Repito: as ancoragens para a corda de
13. Ancoragem trabalho, ou de acesso, e para a corda de
A superfície a servir de base para as segurança, ou back up, devem ser
ancoragens devem ser criteriosamente completamente independentes, desde os
inspecionada, deve ser detectada a presença pontos de fixação à parede: as chapeletas por
de armação no caso do concreto. A resistência exemplo, devem ser diferentes. Assim os
da estrutura à qual se fixa a ancoragem é técnicos de altura operando o sistema de
primordial. Evitem-se as chaminés, que são o descida pela corda estão permanentemente
exemplo da fragilidade! protegidos por um sistema de back up
totalmente independente do sistema de acesso.
Devem permanecer ligados aos dois sistemas
simultaneamente durante todo o decorrer da
tarefa, até que estejam outra vez em local livre
de quaisquer riscos. É expressamente proibido
desligar-se de qualquer um dos dois sistemas
durante a tarefa, sob qualquer hipótese. Esse
modelo é pensado para que no caso de
qualquer falha do sistema de acesso, o sistema
Figura 5 - Exemplos de ângulos entre os pontos
de back up garanta a segurança do operador.
de fixação de uma ancoragem e respectivos
efeitos multiplicadores de forças. Cada corda deve ser atada sem folga à
ancoragem.
Ancoragens e áreas a serem acessadas
A edificação deve ser equipada com um devem estar em linha, ou seja, a corda deve
sistema de ancoragem apropriadamente estar sempre na vertical, ou a no máximo 15
dimensionado para a carga e para o uso a que graus de inclinação, para evitar o movimento de
será submetido. O sistema, incluindo pêndulo. Esse movimento pode partir a corda
chapeletas, mosquetões e outras possíveis muito facilmente no caso de haver contato com
interfaces, deve ser absolutamente confiável e alguma esquina ou elemento cortante ou
ser no mínimo tão resistente quanto as cordas abrasivo.
utilizadas. Equalizações, desvios, corrimãos As ancoragens, quando possível, devem
podem tanto melhorar o sistema pelo contrario, ser montadas de maneira que as cordas se
reduzir sua confiabilidade com uma má pendurem livremente, com o objetivo de evitar
distribuição de cargas.
abrasão e contato com arestas, marquises, Aparelhos portáteis de sustentação que
canalizações ou qualquer outro fator de risco. utilizam a estrutura de parapeitos somente são
A ancoragem não deve ser de nenhuma admitidos se são apropriados (projetados para
maneira utilizada para fins imprevistos e esse fim e certificados), e se a estrutura da
medidas coibitivas devem ser tomadas. Devem edificação permite sua fixação satisfatoriamente
ser previstos vandalismo e roubo. em resistência e localização. Estes por sua vez
também são ancorados à estrutura fixa do
14. Ancoragem e Aparelhos de edifício, através de chapeletas por exemplo.
Sustentação para o SDC Esses aparelhos portáteis de
O sistema de cordas pode estar sujeito sustentação, como o rigger por exemplo, devem
por equipamentos e ancoragens permanentes, ser inspecionados pela pessoa competente
isto é, dedicados permanente e exclusivamente antes e depois de qualquer descida,
àquele local, ou por equipamentos móveis, ou diariamente, assim como todo o material em
portáteis, que são transportados de local para utilização. Deve-se no mínimo procurar por
local, de empreendimento para fissuras, dobras, e verificar se não faltam
empreendimento. O exemplo mais comum de elementos.
equipamento usado ancoragem fixa é a Tais aparelhos de sustentação, devem
chapeleta. No caso de equipamento móvel é o ser montados de acordo com as
rigger. recomendações do fabricante. Deve-se utilizar
Usam-se artifícios para proteção da no mínimo uma proporção de 4 para 1 de
corda no contato com superfícies abrasivas ou contrapeso, que não pode ser escoável. O
cortantes (ver figura 6). aparelho deve estar preso a uma ancoragem
Deve ser garantida a qualidade tanto do fixa através de cordas e/ou cabos de aço. Estes
sistema de fixação quanto da estrutura do devem ser no mínimo de mesma resistência da
edifício, e sua capacidade de suportar as cargas corda.
que lhe serão infligidas.
Deve ser testada a superfície em que é 15. Procedimentos com o Equipamento
fixada a chapeleta, componente mais comum da Todo o equipamento deve ser
ancoragem. inspecionado criteriosamente antes de cada
O processo de colocação da chapeleta descida, durante e após a mesma. A supervisão
deve ser observado atenciosamente. A rosca competente deve estar presente antes do início
não deve ser apertada além do limite. A posição de cada trabalho no momento das montagens
da chapa deve ser paralela e tangente à das cordas, além naturalmente do momento da
superfície. A chapeleta (recomendadas para colocação da própria ancoragem. O supervisor
trabalhos e resgates, segundo as EM 795) está deve checar cada corda e ponto de ancoragem
projetada para suportar cargas entre 15 e 25 e garantir que os técnicos sigam seus próprios
kN, dependendo do direcionamento do esforço procedimentos de inspeção do equipamento de
e do modelo da chapa. Observam-se sempre as proteção pessoal.
recomendações de uso do fabricante. A Os técnicos não são somente
chapeleta deve ter chapa e parafuso verificados responsáveis pela verificação diária de seu
antes e depois de cada uso. equipamento como da inspeção periódica, mais
É detalhada, para desgaste. A freqüência das
necessário o inspeções vai depender do tipo do equipamento
uso de um e das condições de uso. Sempre observando
conector recomendações do fabricante.
metálico para a Equipamentos, fitas e cordas devem ser
passagem da protegidos de parapeitos e esquinas através de
corda pela lonas e acessórios confeccionados com esse
chapeleta, a fim como mostrado anteriormente. Mosquetões
não ser no não devem ser usados diretamente sobre
caso de Figura 6 - Exemplo de proteção
esquinas, para evitar que sejam exigidos no
modelos para uma corda que passe por um sentido transversal, quando detêm carga de
especiais de parapeito com esquina cortante ou ruptura muito inferior. Também devem ser
placas de abrasiva. utilizados com fitas de largura compatíveis, para
bordas que suportem as cargas infligidas em direção
arredondadas que a eliminem essa exclusivamente longitudinal.
necessidade.
Cuidados especiais devem ser tomados apropriados, mas com outras restrições não
para que não se danifique equipamento com a usuais que devem ser cuidadosamente
movimentação com o vento, especialmente em verificadas junto ao fabricante antes de
longas descidas. Para evitar contato com calor qualquer experimento. Improvisações são
ou superfícies abrasivas, por exemplo, ou para proibidas.
evitar que se enrolem as cordas, desvios e As recomendações do fabricante para
ancoragens intermediárias são recomendados, conservação e uso dos equipamentos devem
além de outros recursos como fazer a descida ser obedecidas sempre. Cada equipamento ou
com a sobra de corda metida em uma bolsa por aparelho que seja identificado como defeituoso
exemplo. ou tiver sua vida útil esgotada deve ser
imediatamente marcado como PERIGOSO de
16. O equipamento de segurança forma a evitar o seu uso, e em seguida deve ser
Todo o equipamento utilizado em um retirado de serviço. Se uma reparação eficiente
SDC deve ser certificado e apropriado ao uso e autorizada não for possível, deve ser
específico que lhe será dado em cada ocasião. destruído. Repetimos: qualquer reparo
Itens que não cumprirem com as exigências de improvisado é expressamente proibido.
segurança são proibidos. Quaisquer adaptações Toda a informação disponibilizada pelo
e/ou reparações devem ser feitas fabricante deve ser facilitada ao técnico,
exclusivamente pelo fabricante. especialmente no caso de inovações e
A compatibilidade entre os reposições, quando pode haver modificação nas
equipamentos escolhidos para a segurança especificações.
deve ser assegurada. Nenhum componente do Todo o equipamento usado para o
sistema deve prejudicar o desempenho de acesso e a segurança requer qualidades de
outro. As interfaces devem ser observadas resistência e força estática e/ou dinâmica
atentamente. Por exemplo, atenção especial segundo suas especificidades de uso, que
deve ser dado aos mosquetões usados com o devem ser utilizadas com uma margem de
stop , que sofre muito desgaste pelo roçar da segurança adequada. Em geral os
própria corda. O roce entre fitas e cordas é equipamentos vêm marcados com sua carga
proibido. máxima de trabalho ou mínima de ruptura.
O controle dos equipamentos é parte Trabalha-se em geral com uma margem de
fundamental na garantia da segurança no segurança de cinco para um. No caso das
sistema de trabalho em questão. A qualidade, cordas de dez para um, considerando os efeitos
traduzida pela confiabilidade, nos equipamentos estressantes dos nós e do uso intenso, com
será função do tempo e das condições de uso, exposição a raios UV entre outros fatores que
de armazenamento, e de manutenção de cada podem afetar a carga limite de trabalho.
item. Carga limite de trabalho é a carga
Todos os componentes do sistema de máxima a que um componente do sistema de
segurança devem ser revistos continuamente, e segurança pode estar submetido antes de
suas condições monitoradas. Para tanto, esse romper-se. Contudo, é importantíssimo notar
equipamento deve ser rotulado de maneira a que apesar deste valor ser fornecido pelo
manter um histórico de uso e inspeção. fabricante para cada equipamento, esta é
Qualquer componente que esteja efetivamente bastante menor, porque na
freqüentemente sujeito ao desgaste intenso ou realidade devem ser deduzidas daí as perdas
a riscos especiais deve ser inspecionado com de resistência pelas condições reais de
maior frequência. Como riscos especiais utilização: a existência de equalizações,
entendam-se o contato com substâncias desvios, presença de nós e/ou aparelhos, entre
químicas perigosas, instrumentos cortantes, outros fatores redutores ou multiplicadores de
superfícies abrasivas, esforço intenso, entre forças. Assim as cargas admissíveis são bem
outros. menores na prática.
Todo o equipamento deve ter sua Qualquer equipamento escolhido para
utilização restrita ao recomendado pelo sustentar um técnico suspenso deve ser
fabricante, observadas cargas limites, projetado e utilizado de forma que não possa
compatibilidades e todas as restrições de uso. ser acidentalmente removido ou deslocado, ou
Também é importante verificar a ter sua trava de segurança removida, ou ainda
possibilidade do contato do equipamento com ser destacado da corda que o sustém. Isto se
materiais abrasivos, ou proximidade ao calor, aplica especialmente a aparelhos de descida,
pois existem materiais e equipamentos mosquetões, grigris, stoppers, trava-quedas,
baudriers e também a todas as conexões e inspeções diárias antes de cada uso têm que
interfaces. ser observadas obrigatoriamente.
Qualquer instrumento, ferramenta, ou Livros de registro completos devem ser
equipamento deve estar atado ao técnico de mantidos, contendo procedimentos, intervalos
forma a evitar uma possível queda. de inspeções, datas e assinaturas dos
responsáveis, substituições previstas e
17. Armazenamento do Equipamento de realizadas, entre outras informações relevantes
Segurança caso a caso.
O equipamento deve ser armazenado Em seu primeiro uso, todo equipamento
sempre limpo e seco, desembalado e protegido deve ser testado por pessoa competente, que
do efeito de quaisquer produtos químicos. O deverá repassar as instruções de uso e
local de armazenamento deve ser organizado, precauções de segurança do novo equipamento
limpo, amplo e arejado, de maneira a à equipe de técnicos.
proporcionar fácil acesso e segurança contra Todo o equipamento deve sofrer uma
acidentes no manuseio. O local deve ainda ser inspeção visual e tátil antes de cada uso, assim
escuro, e livre de umidade e calor, longe de como antes de ser guardado, para assegurar
tubulações de água e especialmente de fontes que está em boas condições, e funciona de
artificiais de calor como aquecedores ou forma correta e segura. Instruções devem ser
motores. dadas pelo fabricante de como fazê-lo.
Informações relevantes resultantes dessa
18. Inspeção e Controle de Equipamentos inspeção devem ser registradas e qualquer
de Segurança equipamento considerado defeituoso ou sobre o
Todo o equipamento de segurança (o qual haja alguma dúvida sobre suas condições
que inclui equipamentos de suporte, de trabalho deve ser retirado de serviço
ancoragem, cordas, aparelhos de descida e imediatamente.
ascensão, equipamentos de proteção A inspeção periódica deve ser feita
individuais, e todo e qualquer item utilizado para independentemente das inspeções diárias
proteção dos materiais de limpeza e obrigatórias.
manutenção, como cordeletes, tampas entre Todo o equipamento, ainda que não
outros) está sujeito à degradação, causada esteja em uso, também deve ser inspecionado
principalmente pela ação do sol, da abrasão, do periodicamente, pelo menos a cada seis meses,
contato com agentes químicos, e do esforço ou segundo recomendação do fabricante, ou
mecânico do próprio uso. Fibras e metais, seja ainda segundo o cronograma de inspeções
lenta ou rapidamente são danificados até o planejado pela empresa, considerando as
ponto de comprometer o uso seguro. Para condições ótimas de armazenamento.
reduzir esse desgaste se deve dar especial Procedimentos de inspeção devem ser
atenção não só ao uso, mas também ao padronizados para melhor controle. Um
armazenamento adequado. cronograma de fácil entendimento deve ser
No caso de equipamentos e elaborado e cumprido, relacionando itens de
componentes expostos por longos períodos ou equipamentos e períodos de inspeção. O
até permanentemente a céu aberto, as resultado dessas inspeções devem ser
substituições são mais freqüentes, sendo que registrados.
as inspeções devem ser feitas em espaços de Todo o equipamento deve ser mantido
tempo mais curtos também e especialmente limpo para evitar maior desgaste. Em caso de
antes do uso após um período de abandono. O necessidade, pontual ou periodicamente, pode
mesmo é o caso dos equipamentos que tiverem ser lavado com água doce, pura e fria, e secado
algum contato com substâncias químicas em ambiente arejado e escuro, livre de calor
perigosas. Regiões sujeitas à maresia expõem artificial.
o equipamento à acelerada oxidação e O equipamento que for utilizado em
degradação, o que exige que inspeções ambiente sujeito à maresia deve ser imerso em
minuciosas devem ser feitas em cada água doce por algumas horas, e em seguida
componente, observando-se o material de que é lavado e enxaguado profusamente.
construído e os tratamentos a que foi sujeito. As Todo material, têxtil ou metálico, que
inspeções e substituições devem ser tenha sofrido grande impacto, por tensão ou no
programadas para intervalos adequados, sob a caso de queda de algum objeto sobre o mesmo,
responsabilidade da pessoa competente. As deve ser retirado de serviço.
Todo equipamento que for retirado de perigosas. Não devem ser guardados de
serviço deve ser rompido ou danificado maneira comprimida.
definitivamente a fim de evitar o mal uso por Se é necessária a desinfecção do
terceiro. produto usar um desinfetante compatível com a
Cada tipo de equipamento e cada poliamida, o poliéster, o policarbonato, o PVC.
fabricante tem suas especificidades a serem Deixar de molho por uma hora em solução
consideradas em uso, limitações, cuidados e diluída com água e a uma temperatura máxima
também em relação a inspeções. A seguir de 20 graus. Enxaguar com água fria
damos diretrizes gerais que devem ser abundante. Deixar secar completamente, longe
observadas sempre. de qualquer fonte de calor direta.
A ferrugem especialmente tem efeito O material têxtil não deve nunca ser
enfraquecedor em nylon. Qualquer material em exposto a temperaturas acima de 50 graus
nylon que tenha contato com objetos oxidados Celsius.
deve ser lavado imediatamente.
Todo equipamento que tenha seu 20. Materiais metálicos: mosquetões e
desempenho prejudicado, ou possivelmente outros conectores, dispositivos de
prejudicado, deve ser retirado de serviço. Isso descida, ascensão e segurança
inclui especialmente ácidos e substâncias Anéis metálicos, mosquetões, fivelas do
cáusticas, por exemplo no caso de líquidos de baudrier, dispositivos metálicos em geral,
baterias, produtos de combustão e outros devem ser verificados em busca de fissuras,
químicos. Muitas vezes os danos causados não deformações, desgaste e qualquer outro dano.
são evidentes e facilmente identificados por Devem ser verificadas dobradiças, molas,
uma simples inspeção visual. Em caso de parafusos e rebites. Esse material também deve
dúvida, retira-se o equipamento de serviço. ser mantido limpo para evitar maior desgaste.
Partes móveis, quando secas devem ser
19. Materiais têxteis: Baudriers, fitas, lubrificadas com um óleo leve ou com silicone.
cordeletes e cordas Atenção para que o lubrificante não entre em
Cordas, cordeletes e fitas devem ser contato com fitas e outros têxteis.
passados entre os dedos, e dobrados e Alguns produtos químicos usados em
torcidos, em toda a sua extensão à procura de construção têm efeito corrosivo acentuado em
rompimento de fios, desgaste das fibras por alumínio. Informações devem ser checadas com
abrasão, rigidez ou dureza, sujeira ou grãos, ou os fabricantes.
ferrugem, piche ou marca de qualquer óleo ou Qualquer equipamento metálico deve
produto químico. ser sempre substituído em caso de queda forte,
Os maiores desgastes sofridos por esse a resistência inicial do equipamento pode haver
tipo de material são abrasão e cortes. Para sido reduzida e podem haver microfissuras
minimizar esse efeito pode-se lavar o internas não perceptíveis.
equipamento com água limpa pura e fria. Ou no O tempo de vida útil do equipamento
máximo com um sabão neutro leve, com pH varia segundo seu uso, mas não deve exceder
entre 5,5 e 8,5, e enxaguado profusamente. Se os três anos de sua fabricação, por
for usada uma máquina de lavar, o equipamento recomendação dos fabricantes.
deve ser colocado em uma bolsa, para evitar Deve-se manter um registro de
esforço mecânico. Nunca deve ser usada água quaisquer incidentes, da freqüência e do tipo de
quente. uso a que é submetido e sobre as condições de
Os materiais têxteis deve ser lavados a armazenamento e manutenção de todos os
mão ou à máquina com sabão neutro e elementos do sistema de segurança.
enxaguado com água limpa e nunca acima de A manutenção é feita através da limpeza
30 graus. Deve ser secado em lugar arejado e à com água potável, tíbia, eventualmente
sombra. Manchas de graxa podem ser retiradas adicionando-se um pouco de sabão neutro.
com tricloretileno. Deixar secar em local ventilado à sombra, longe
Também devem ser guardados em local de fontes de calor artificiais. A lubrificação das
seco, arejado e escuro, quimicamente neutro, partes móveis dos aparelhos e conectores
(evitar absolutamente ambientes salinos), longe metálicos deve ser feita com freqüência, com
de bordas cortantes e superfícies abrasivas, óleo à base de silicone. Evitar o contato do óleo
fontes de calor, umidade, substâncias com quaisquer partes têxteis. A lubrificação
corrosivas e outras possíveis condições deve ser feita depois de limpeza e secagem
completas.
Depois de limpos e lubrificados, 23. Sistemas de Iançamento de Cargas
aparelhos, mosquetões e outros conectores Utilizam-se sistemas de polias para o
devem ser guardados em local seco, arejado e içamento de carga elevada e para resgates. As
escuro, quimicamente neutro, (evitar polias (figura 7) utilizadas em associação
absolutamente ambientes salinos), longe de reduzem o esforço necessário para a elevação
bordas cortantes e superfícies abrasivas, fontes de uma carga. Existem polias específicas para
de calor, umidade, substâncias corrosivas e determinadas utilizações, como polias duplas,
outras possíveis condições perigosas. ou triplas, ou com travas blocantes,
unidirecionais ou bidirecionais etc, veja a figura
21. Ferramentas ao lado.
Treinamento apropriado deve ser dado
aos técnicos no uso das ferramentas e na 24. Restrição de percurso
realização das tarefas de forma perfeitamente É a utilização do equipamento para
segura. restringir os movimentos do técnico (figura 8),
É indispensável que a ferramenta seja de modo a evitar que este tenha acesso a
adequada ao serviço suspenso por cordas, isto zonas de exposição a quedas, veja a figura ao
é, não ofereça riscos à integridade do sistema. lado.
Dispositivos de proteção e transporte devem ser
utilizados sempre que necessário. 25. Proteção para Quedas
Todas as ferramentas devem estar Se há risco de queda outro sistema deve
unidas ao técnico ou ao seu baudrier através de ser montado para proteção do técnico, com
cordeletes. Na maioria dos casos aqui o maior absorvedores de energia, isto é, equipamentos
risco é a queda inadvertida da ferramenta. dinâmicos de segurança.
Medidas alternativas de segurança podem ser
utilizadas como uso de proteção extra, ou meios 26. Sistemas de Comunicação
alternativos de suportar o peso de uma Um sistema de comunicação eficiente
ferramenta de maior vulto ou cuja operação deve ser estabelecido entre a equipe de
exige grande esforço. Podem ser usadas desde técnicos e equipes de apoio, controle e resgate.
ventosas e cliffs até chapeletas fixas, por Especialmente se não se conta com recursos
exemplo. como telefones celulares e rádios. O rádio é útil
pelos difíceis acessos e grandes alturas, mas
22. Sistemas de Acesso e sinais manuais e de voz também são
Posicionamento do Técnico importantes como códigos de emergência.
Diversas alternativas à fixação de cordas
e ao equipamento escolhido podem tornar o 27. Considerações Finais
sistema de segurança mais eficaz. Os A importância deste documento está em
equipamentos escolhidos para um objetivo não trazer para o cenário da acadêmico uma
necessariamente cumprem os requisitos para problemática de importância crescente para a
outro. A eleição deve ser feita criteriosamente. Construção Civil, que representa boa
Na maioria dos casos de SDC além da oportunidade de intervenção ergonômica em
função primária de sustentar e posicionar o todo o seu âmbito de aplicação, passando tanto
técnico adequadamente para a realização da pelo aspecto do conforto e segurança dos
tarefa, o sistema é projetado para suportar postos de trabalho quanto pelos psicológicos
somente pequeníssimas quedas, limitadas em relacionados ao risco. A necessidade de boa
distância e carga, por exemplo a distância de formação dos trabalhadores, de uma boa
uma solteira, ou um talabarte. Este sistema não organização do trabalho e controle dos
dá conta de quedas de impacto superior a 6kN. processos e a especialização e a qualidade dos
Em alguns casos admitem-se equipamentos, como vimos, são condições
progressões sem a utilização de cordas, porém impostas pela utilização do SDC, que vêm a ser
com o uso de talabarte duplo. Acontece muito benéficas para a qualidade do negócio
principalmente em estruturas de ginásios, em diversos, senão todos, os níveis. Essa
fábricas, geralmente estruturas metálicas constatação justifica o atual crescimento da
aparentes, onde os deslocamentos são concorrência nesse setor específico e garante a
majoritariamente na horizontal ou em ampliação do mercado. A recente exigência de
suspensão em uma inclinação negativa. garantias de segurança de empresas na
contratação desses serviços vem gerando a
formação de uma série de cursos, quase
sempre ministrados por escaladores sem uma cordinos, utilizado na falta de equipamentos
especialização formal em segurança ou mais específicos como o jumar.
ergonomia. Rappel - descida através da corda, com
Acredito que este seja um momento a utilização de aparelho como o grigri ou o stop
para se consolidar conhecimentos e traduzi-los Rigger espécie de cavalete móvel, com
em regulamentações que orientem o contrapesos, utilizado para sustentar a corda
desenvolvimento das empresas do setor. sobre um parapeito, projetando-a para a
Contando com a sua crítica como especialista, descida vertical.
publico esse texto tentando facilitar a interação SDC – Sistema de Descenso com o
entre autor e leitor, misturando esses papéis no auxílio de cordas, ou Sistema de Descida
sentido da composição de um trabalho cada vez Controlada, através de cordas.
mais completo. Solteira - veja talabarte.
Stop - (ver figura) aparelho utilizado para
• Glossário rappel.
Ancoragem - é o modo e o local da Talabarte - (ver figura abaixo) fita ou
fixação das cordas à estrutura do edifício. "cordino" especificamente utilizados para unir o
Back up - expressão normalmente usada técnico aos aparelhos de segurança e descida
para referenciar a redundância no sistema de pessoais, à ancoragem ou à própria estrutura.
segurança. Por exemplo, em uma descida se Técnico ou operador - funcionário que
usa um aparelho como o grigri e o trava-quedas realiza em nosso caso qualquer tipo de tarefa
como back up. na qual necessita utilizar corda(s) ou cabo(s) de
baudrier - espécie de cinto de segurança aço para sua sustentação e segurança.
com alças para as pernas, permite a união do Travaquedas - aparelho de back up
técnico às cordas e a todo o equipamento (ver utilizado para ligar o técnico a sua corda de
figura ao lado). vida.
Cordelete - cordinhas padronizadas,
certificadas como todo o equipamento,
utilizadas em situações de emergência para o Anexo: Quadro-Resumo dos
prussik, e para unir o equipamento ao técnico, Conhecimentos Obrigatórios e Habilidades
inclusive as ferramentas. Específicaspara os três níveis técnicos exigidos
Dever - verbo de conotação mandatória, para os operadores do SDC, segundo o padrão
denota obrigatoriedade. IRATA.
Equalização - é a distribuição da carga
aplicada sobre a corda entre diferentes pontos Resumo dos Conhecimentos
de fixação em uma ancoragem, back up ou Obrigatórios e Habilidades Específicas
desvio. Essa distribuição tanto poderá reduzir para os três níveis técnicos exigidos
como aumentar a carga aplicada a cada um para os operadores do SDC, segundo o padrão
desses pontos, segundo sua geometria, por isso IRATA.
deve ser montada criteriosamente.
Fitas (tubulares ou planas) - certificadas Nível 1:
como todo o equipamento, utilizadas para unir
equipamentos ao técnico, inclusive as Conhecimentos Teóricos
ferramentas e em situações de emergência para
o nó autoblocante Marchard. • Riscos e Acidentes
Grigri - (ver figura ao lado) utilizado • Acidentes com mais ocorrências
normalmente para a descida, em substituição • Legislação relevante, diretrizes e
ao stop. equipamentos padronizados
Jumar - aparelho de ascensão. • Objetivos da padronização dos
Marchard - nó similar ao prussik, que procedimentos de segurança
permite a progressão pela corda por meio de • Procedimentos padronizados de serviço
fitas, utilizado na falta de equipamentos mais e segurança
específicos como o jumar. • Cuidados especiais para iniciantes,
Mosquetão - principal conector utilizado autoproteção na aproximação da
entre fitas e aparelhos, normalmente com trava ancoragem, proteção das cordas em
de segurança. Veja figura. arestas e parapeitos
Prussik - nó que também dá nome ao
método de progressão pela corda por meio de
• Procedimentos a serem tomados antes • saber utilizar diferentes sistemas de
do inicio dos trabalhos, isolamento da ancoragem, isto é, prender-se a
área, inspeções do equipamento diferentes formas de ancoragem, com
• Técnicas: nós, entendimento e utilização diferentes tipos de equipamentos
de ancoragens, equalizações e desvios, • montar em uma corda
rapel e ascensão • rapelar pela corda
• Equipamentos: Uso, manutenção, • ascender pela corda
inspeção, limitações, funcionamento • mudar a direção de progressão (trocar
• Cabos e cordas fixas aéreas de ascender para descender e vice
• Fatores de queda, cargas de trabalho, versa)
uso seguro do equipamento • ultrapassar nós intermediários em uma
• Substâncias perigosas e agravantes de corda, estando subindo ou descendo
risco através da mesma
• ultrapassar ancoragens intermediárias e
Responsabilidades requeridas para técnico de desvios na corda, idem
nível 1 • transferência de corda para corda
• travar o aparelho de descida para evitar
• responsabilizar-se por observar se está movimento acidental
sendo respeitada a sinalização das • travessia horizontal
áreas isoladas por motivo de segurança; • saída da corda pelo topo
• responsabilizar-se pela inspeção de seu • escalada artificial, na horizontal e vertical
equipamento pessoal de segurança; • Métodos de resgate, em um cenário pré-
• responsabilizar-se por sua própria montado:
segurança na aproximação da • no caso uma vítima inconsciente que
ancoragem e em todo o momento em esteja travada em um aparelho de
que esteja suspenso, tempo em que descida e/ou em seu back up
deverá estar permanentemente • prática com cordas auxiliares e sem
protegido; cordas auxiliares, quando o resgate é
• Habilidades requeridas para técnico de feito com a ascensão ou descida pelas
nível 1 cordas em que está suspensa a vítima;
• realizar um número mínimo de tarefas • o procedimento básico é: aproximar-se
que requerem a utilização de cordas, da vítima; coloca-la em boa posição;
sob a supervisão (um técnico de nível 1 retirar excesso de equipamentos de seu
não está autorizado a supervisionar baudrier; clipar a vítima junto a si da
outros técnicos); forma mais segura sem movê-la muito,
• auxiliar na montagem de operações não livrá-la do aparelho de bloqueio anterior,
triviais, sob a orientação de um técnico normalmente o grigri, mas não
de nível superior; necessariamente do trava-quedas; e
• saber efetuar resgates envolvendo descer pelas cordas de resgate com a
descenso de si próprio e estar vítima junto a si.
familiarizado com sistemas de • esses procedimentos têm que ser
içamento; realizados da forma mais rápida e
• conhecimento e desenvoltura na equilibrada que for possível. A prática é
aplicação das técnicas básicas de determinante no nível de eficiência.
segurança com cordas (definidas a
seguir). Nível 2:

Técnicas Básicas de Segurança de Nível 1 • Conhecimento Teórico


• Todo o conhecimento de nível 1, e mais:
• Montagem, ajuste e inspeção de seu • Legislação de segurança do trabalho,
equipamento pessoal de segurança. regulamentação, requisitos de
• Nós: oito, nove, borboleta alpina, segurança
pescador duplo, nó de fita, prussik, • Análise de Riscos
machard, nós de fim de corda • Teoria da Qualidade
• Manobras em um sistema pré-montado • Prática de procedimentos para a
de cordas: garantia da qualidade em seu trabalho
• Habilidades requeridas para técnico de Nível 3:
nível 2
• Familiaridade e desenvoltura nas Conhecimento Teórico
habilidades requeridas para o nível 1, e Todo o conhecimento dos níveis 1 e 2, e mais:
ainda dominar maior gama de soluções
técnicas. • Conhecimento profundo sobre inspeção
• técnico deve cumprir um mínimo de de equipamentos, uso, cargas limites e
horas de trabalho comprovadas, que cargas de segurança
devem incluir uma ampla variedade de • Conhecimento profundo sobre análise e
situações de exposição e técnicas, como gerenciamento de riscos.
em variadas estruturas, como planos • Competência para a supervisão das
inclinados e clarabóias. mais variadas técnicas e sistemas de
• Saber utilizar diferentes equipamentos e trabalho.
sistemas de ancoragem, móveis, fixos, • Proficiência nas técnicas e legislação
de expansão, químicos, cabos de aço relevantes para cada projeto.
e/ou cordas auxiliares. • Auxílio ao projeto;
• Uso de corrimãos e travessias, • Habilidades requeridas para técnico de
alternativas para limite de nível 3
deslocamentos, posicionamentos e • Todas as habilidades e conhecimentos
aproximação de ancoragens. requeridos para os níveis 1 e 2 e mais:
• Deve ser capaz de montar variados • Expressar-se por escrito de forma
sistemas de segurança, e realizar correta e objetiva.
resgates inclusive em casos de • Capacidade de auxiliar na fase de
travessias e cordas horizontais, sob projeto e planejamento do trabalho:
supervisão. redigir relatórios, estimar orçamentos e
• Certificado atualizado de primeiros cronogramas, dominar os recursos de
socorros. computação necessários para isso.
• Conhecimento sobre manutenção, • Capacidade de liderança e iniciativa.
inspeção, proteção e uso do • Capacidade de assumir total
equipamento, incluindo certificação e responsabilidade pela supervisão de um
etiquetagem para controle de histórico. projeto.
• Capacidade de estabelecer teórica e • Domínio sobre técnicas avançadas de
praticamente um sistema de acesso ao resgate na mais ampla variedade de
local das tarefas protegido para a equipe situações, e competência em sua
e para terceiros, baseado na supervisão.
identificação e avaliação dos riscos do • Experiência em ampla variedade de
local e da tarefa. ambientes e condições de trabalho.
• Nós avançados (de meio de corda e • Prática em sistemas de polias, pêndulos
para equalizações) controlados, progressão em técnicas de
• Ancoragens (colocação, utilização e escalada artificial vertical, horizontal e
variações), equalizações, desvios, negativa e tirolesa
ancoragens intermediárias • Ascensão em sistema artificial e livre de
• Ascensão e rapel, alternativas de escalada, pêndulos, tirolesa.
técnicas e equipamentos, em situações
diversas e adversas 28. Bibliografia
• Equipamentos avançados ANSI (American National Standard
• Sistemas de tensionamento Institute). Window cleaning Safety – An
• Identificação e avaliação de riscos e American National Standard. IWCA I–14.1-
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• Técnicas de resgate alternativas Association). International Guidelines on the use
• Sistema de polias e içamento of rope access methods for industrial purposes.
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Sítios da internet mencionados:
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